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1 Universidade Federal de Itajubá Campus de Itabira Disciplina: EMEi10 – Materiais de Construção Mecânica III Prof. Moisés Luiz Parucker Aula 3– Discordânicas e mecanismos de aumento de resistência Conteúdos da Aula/Objetivos 2 Unidade 3 – discordâncias e aumento da resistência mecânica. Objetivos: Descrever o movimento das discordâncias aresta e espiral a partir de uma perspectiva atômica; Compreender sistemas de escorregamento e a influência dos contornos de grão e das discordâncias no aumento da resistência dos materiais. A compreensão da natureza e do papel que as mesmas desempenham nos processos de deformação plástica permitem compreender algumas das técnicas empregadas para aumento de resistência e dureza dos materiais metálicos e ligas. Distribuição das discordâncias de um monocristal de LiF atacado quimicamente Possibilidade de adaptação das propriedades mecânicas dos materiais – tenacidade e resistência em uma liga metálica - Temos dois tipos de deformação: plástica e elástica A deformação plástica é relacionada com o movimento de um grande número de átomos em resposta a aplicação de uma tensão – ligações interatômicas devem ser rompidas e formadas novamente. Nos sólidos cristalinos, geralmente a deformação plástica envolve o movimento de discordâncias. Estudo das características da deformação plástica com relação às discordâncias e apresentação das técnicas para aumento de resistência de metais monofásicos, bem como processos de recristalização e recuperação de metais deformados. • Inicialmente os valores de resistências teóricas medidas eram discrepantes com relação aos obtidos experimentalmente. 1930 - Discordâncias 1950 – visualizadas por MEV Desde então foi utilizada para explicar muitos dos fenômenos físicos e mecânicos que ocorrem nos metais. • Dois tipos de discordâncias: aresta e espiral Com uma tensão de cisalhamento sendo aplicada perpendicularmente ao plano da discordância, verifica-se que a mesma é transferida de uma posição para outra. Antes e depois do movimento de uma discordância através de uma região específica do cristal, há um arranjo ordenado e perfeito de átomos – somente durante a passagem do semiplano extra a estrutura é rompida. Escorregamento: processo pelo qual uma deformação plástica é produzida pelo movimento de uma discordância. Plano de escorregamento Direção de escorregamento Uma distância interatômica A deformação plástica macroscópica corresponde simplesmente á deformação permanente que resulta do movimento das discordâncias, ou do escorregamento em resposta a aplicação de uma tensão de cizalhamento. Similar ao movimento de uma lagarta – movimento de discordâncias Densidade de discordâncias: comprimento total de discordâncias por unidade de volume. Metais deformados: 109 a 1010 mm-2. Cerâmicas: 102 a 104 mm-2. Metais e ligas: discordâncias introduzidas durante o processo de solidificação, deformação plástica ou devido a tensões térmicas por resfriamento rápido. Quando os metais são deformados plasticamente, cerca de 5% da energia é retida internamente, o restante é dissipado na forma de calor. A maior parte desta energia armazenada está associada com as tensões associadas às discordâncias. A presença de discordâncias promove uma distorção da rede cristalina de modo que certas regiões sofrem tensões compressivas e outras tensões de tração. • Os Campos de deformação se irradiam a partir da linha de discordância. As deformações se estendem aos átomos vizinhos e sua magnitude se reduz com a distância à discordância. • Os campos de deformação podem interagir promovendo o surgimento de forças sobre cada discordância. Duas discordâncias do mesmo tipo em planos diferentes: repulsão, pois geram campos repulsivos. Duas discordâncias de tipos diferentes em planos diferentes: equilíbrio, o reticulado cristalino volta a sua configuração original. • Estes campos de deformação e as forças associadas são importantes mecanismos de aumento de resistência dos metais. • Durante a deformação plástica, o número de discordâncias aumenta drasticamente: Discordâncias existentes, que se multiplicam; contornos de grão, defeitos internos e irregularidades da superfície: riscos, entalhes – aumentam a concentração de tensões e atuam como sítios para formação de discordâncias. Há um plano preferencial para o movimento das discordâncias e uma direção neste plano para este movimento – plano e direção de escorregamento. Plano de escorregamento: possui o empacotamento atômico mais denso – maior densidade planar. O deslizamento ocorre em planos e direções mais compactas pois nestes a distância de deslocamento da rede cristalina é reduzida. Este deslizamento pode ocorrer em diferentes direções e planos equivalentes – família de direções e planos. PARA ALGUNS MATERIAIS COM ESTRUTURAS CCC E HC - O ESCORREGAMENTO DE ALGUNS PLANOS SÓ SE TORNAM OPERATIVOS A ALTAS TEMPERATURAS No caso de materiais policristalinos, a direção de escorregamento varia de um grão para outro. O escorregamento vai ocorrer na direção que possui orientação mais favorável. Amostra de Cu policristalino – dois sistemas de escorregamento. Durante a deformação, a integridade mecânica e a coesão são mantidas ao longo dos contornos de grão: não se abrem ou rompem. Limitado pela vizinhança. • Antes da deformação: grãos equiaxiais – mesma dimensão em todas as direções. • Após deformação: alongamento dos grãos na direção de deformação. • Neste caso a deformação ocorre pela formação de maclas de deformação. • Este tipo de deformação é dependente da estrutura do cristal e ocorre em plano e direção específicos: CCC (112) e [111]. Geralmente busca-se ligas com altas resistências, com alguma ductilidade e tenacidade – normalmente sacrifica-se a ductilidade com o aumento da resistência. Existem várias técnicas de aumento de resistência e a seleção da liga depende da capacidade de um material em se adaptar as exigências mecânicas de uma certa aplicação. Comportamento mecânico x movimento das discordâncias A habilidade de um metal se deformar plasticamente depende da habilidade das discordâncias se moverem Como a dureza e a resistência estão relacionadas com a facilidade à deformação plástica, reduzindo-se a mobilidade das discordâncias pode-se alterar a resistência de um material. As técnicas de aumento de resistência se baseiam no princípio de restrição ou impedimento do movimento de discordâncias: Metais: redução do tamanho do grão, formação de ligas por solução sólida e encruamento A habilidade de um metal se deformar plasticamente depende da habilidade de as discordâncias se moverem redução tamanho do grão • O tamanho médio de um grão influe nas propriedades mecânicas. • Durante as deformações plásticas, o escorregamento ou movimento de discordâncias deve ocorrer através deste contorno comum. O contorno de grão atua como uma barreira ao movimento de discordâncias: Como dois grãos possuem orientações cristalográficas diferentes, a discordância terá de modificar sua direção – mais difícil quanto maior for a diferença na orientação cristalográfica; A fronteira é desordenada fazendo com que os planos de delizamentos sofram descontinuidades. Contornos de grão de alto ângulo promovem acúmulo de discordâncias e aumento de tensãoa frente dos planos de escorregamento – novas discordâncias. redução tamanho do grão Materiais com grãos menores apresentam-se mais duros e resistentes que aqueles com grãos maiores – diferença na área de contornos que impedem o movimento das discordâncias. • Relação entre o tamanho do grão e a tensão de escoamento: equação de Hall-Petch Constantes dependente do material Tamanho médio do grão O tamanho do grão pode ser alterado durante o processo de solidificação e com tratamentos térmicos apropridados. redução tamanho do grão solução sólida A introdução de impurezas seja por solução sólida intersticial ou substitucional promove um aumento na dureza e resistência dos metais. Metais com alta pureza geralmente são mais deformáveis e menos resistentes que ligas compostas deste metal base. O aumento de impurezas eleva o limite de resistência a tração e de escoamento. solução sólida A presença de impurezas promove uma distorção na rede cristalina. Ocorre a interação do campo de deformação da rede cristalina entre as discordâncias e esses átomos de impurezas – restringe o movimento das discordâncias. No caso de átomos intersticiais, promove deformações de tração na rede cristalina vizinha e os substituicionais – compressão. Menor tamanho - compressão Maior tamanho - tração encruamento Fenômeno no qual um metal dúctil se torna mais duro e mais resistente quando deformado plasticamente – endurecimento por trabalho ou trabalho a frio. A maioria dos metais encrua a temperatura ambiente. A porcentagem de trabalho a frio é dada por: A0 – área original Ad – área após a deformação encruamento Resistência a tração do aço, latão e cobre. O aumento na dureza promove uma redução na ductilidade do material. • Gráfico tensão-deformação para materiais com diferentes graus de encruamento. Valor relativo a porcentagem de encruamento Recuperação Recristalização Crescimento de grão Em resumo a deformação plástica produz alterações microestruturais e de propriedades nos metais que incluem: Alteração na forma do grão; Endurecimento por encruamento; Aumento na densidade de discordâncias; Propriedades como condutividade elétrica e resistência a corrosão podem ser alteradas em função da deformação plástica. Para recuperar a estrutura anterior a este processo de deformação utiliza-se tratamentos térmicos a temperaturas elevadas: recuperação e recristalização seguida de crescimento de grão. Recuperação: a altas temperaturas ocorre um aumento da difusão atômica e consequentemente das discordâncias promovendo uma liberação da energia armazenada na rede. Propriedades físicas como condutividade elétrica e térmica são recuperadas a seus estados anteriores. Recristalização: formação de um novo conjunto de grãos equiaxiais e livres de deformação com baixa densidade de discordâncias e característicos das condições anteriores ao processo de trabalho a frio. Este processo é gerado devido a diferença energética entre o material deformado e não deformado. Recuperação Recristalização Crescimento de grão Recuperação Recristalização Crescimento de grão A recristalização depende do tempo e da temperatura. Temperatura recristalização: temperatura na qual a recristalização atinge seu término em 1h. Ocorre mais facilmente em metais puros que em ligas. Recuperação Recristalização Crescimento de grão Figura: limite de resistência à tração e a ductilidade de uma liga de latão em função da temperatura para TT de 1h. Crescimento do grão: após o processo de recristalização, deixando-se a amostra exposta a uma temperatura elevada verifica-se o crescimento do novo grão formado. A medida que os grãos aumentam de tamanho, a área total do contornos diminui, promovendo uma redução na energia total – força motriz para o crescimento do grão. Os grãos crescem pela migração dos contornos de grão. Os grãos maiores aumentam as custas dos menores que se extinguem. Recuperação Recristalização Crescimento de grão O diâmetro do grão varia em função do tempo de acordo com a relação: Este crescimento é dependente do tempo e da temperatura. Recuperação Recristalização Crescimento de grão Cinética de crescimento do grão
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