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ANESTESIOLOGIA ODONTOLÓGICA: ANESTÉSICOS LOCAIS E VASOCONSTRITORES PROF. DRA DANIELA ALVES • Discutir sobre a importância da consulta inicial em Odontologia • Relembrar os mecanismos fisiológicos de transmissão do impulso nervoso • Conhecer o mecanismo de ação dos anestésicos locais, constituintes das soluções anestésicas locais, suas indicações e contra indicações, além do cálculo das doses máximas, critérios para escolha • Compreender a ação dos vasoconstritores nas soluções anestésicas locais, indicação e contra indicações, critérios de escolha OBJETIVOS A IMPORTÂNCIA DA CONSULTA ODONTOLÓGICA INICIAL A anamnese é a base da consulta odontológica, tem como objetivo coletar informações para formar hipóteses diagnósticas, além de permitir ao CD delinear o perfil do paciente que será tratado sob sua responsabilidade O CD deve sempre dirigir a anamnese: • Você é portador de alguma doença sistêmica? • Como está o controle atual da doença? • Você faz uso diário de algum medicamento? • Você tomou sua medicação hoje? • Você passou por alguma complicação recente? • Você possui alergia a alguma substância ou medicamento? A IMPORTÂNCIA DA CONSULTA ODONTOLÓGICA INICIAL O CD deve realizar o exame físico geral e local do paciente, observando-o e explorando os sinais presentes através da inspeção, palpação, percussão, auscultação A avaliação dos sinais vitais também deve fazer parte do exame físico geral na consulta odontológica inicial. Essa conduta demonstra que precauções quanto à segurança estão sendo tomadas, valorizando a relação de confiança entre paciente e profissional IDADE BPM BEBÊS 100-170 CRIANÇAS 2-10 ANOS 70-120 CRIANÇAS > 10 ANOS E ADULTOS 60-100 FREQUÊNCIA CARDÍACA (FC), EM REPOUSO, EM FUNÇÃO DA IDADE IDADE FR/MIN BEBÊS 30-40 1-2 ANOS 25-30 2-8 ANOS 20-25 8-12 ANOS 18-20 ADULTOS 14-18 FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA (FR), EM REPOUSO, EM FUNÇÃO DA IDADE Pressão arterial sistólica, diastólica (mmHg) JNC7 2017 ACC/AHA < 120 e < 80 PA normal PA normal 120–129 e < 80 Pré-hipertensão PA elevada 130–139 ou 80–89 Pré-hipertensão Hipertensão estágio 1 140–159 ou 90–99 Hipertensão estágio 1 Hipertensão estágio 2 ≥ 160 ou ≥100 Hipertensão estágio 2 Hipertensão estágio 2 CLASSIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL, EM ADULTOS, SEGUNDO A NOVA DIRETRIZ (AHA, 2017) CLASSIFICAÇÃO DO PACIENTE COM BASE NO ESTADO FÍSICO, PELO SISTEMA ASA, COM ADAPTAÇÕES PARA A CLÍNICA ODONTOLÓGICA (MODIFICADO) ASA I – Paciente saudável que, de acordo com a história médica, não apresenta anormalidade. Mostra pouca ou nenhuma ansiedade, sendo capaz de tolerar muito bem o estresse ao tratamento dental, com risco mínimo de complicações. ASA II – Paciente portador de doença sistêmica moderada ou de menor tolerância que o ASA I, por apresentar maior grau de ansiedade ao tratamento odontológico. Pode exigir certas modificações no plano de tratamento, para cada caso particular (exemplo: sedação por meios farmacológicos, posicionamento na cadeira odontológica, menor duração das sessões de atendimento etc.). Apesar de algumas precauções, o paciente ASA II apresenta risco mínimo de complicações durante o atendimento. A troca de informações com os médicos é recomendável. As condições para que os pacientes sejam incluídos nesta categoria são: - Ansiedade aguda, com história de episódios de alteração da consciência, mal-estar geral ou desmaio em tratamentos odontológicos anteriores; - Obesidade moderada; - Primeiros dois trimestres da gestação; - Hipertensão arterial controlada com medicação; - Diabetes tipo II controlada por meio de dieta, exercícios e medicamentos; - Desordens convulsivas, com uso contínuo de medicação anticonvulsivante e sem apresentar complicações recentes; - Asma brônquica, com uso ocasional de bronco dilatador em aerossol; - Tabagismo, sem apresentar doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC); - Angina estável, assintomática, exceto em extremas condições de estresse; - Infarto do miocárdio, ocorrido há mais de seis meses, sem apresentar sintomas. Maloney WJ, Weinberg MA. Implementation of the American Society of Anesthesiologists Physical Status Classification System in Periodontal Practice. Journal of Periodontology 2008;79(7):1124-6. ASA III – Paciente portador de doença sistêmica severa, que limita suas atividades. Geralmente, exige algumas modificações no plano de tratamento, sendo imprescindível a troca de informações com o médico. O tratamento odontológico eletivo não está contraindicado, embora este paciente represente um maior risco durante o atendimento. São exemplos de ASA III: - Obesidade mórbida; - Último trimestre da gestação; - Diabetes tipo I (insulinodependente), com a doença controlada; - Hipertensão arterial, com níveis pressóricos situados na faixa de 160-194 a 95-99 mm Hg; - Episódios frequentes de angina de peito, com sintomas após exercícios leves; - Insuficiência cardíaca congestiva, com edema de tornozelos; - Doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema ou bronquite crônica); - Episódios frequentes de convulsão ou crise asmática; - Pacientes sob quimioterapia; - Hemofilia; - Infarto do miocárdio, ocorrido há mais de seis meses, mas ainda com sintomas, como dor no peito ou falta de ar. Maloney WJ, Weinberg MA. Implementation of the American Society of Anesthesiologists Physical Status Classification System in Periodontal Practice. Journal of Periodontology 2008;79(7):1124-6. ASA IV – Paciente acometido de doença sistêmica severa, sob constante risco de morte. Ou seja, apresenta problemas médicos de extrema importância para o planejamento do tratamento odontológico. Sempre que possível, os tratamentos eletivos devem ser postergados até que a condição médica do paciente permita enquadrá-lo na categoria ASA III. As urgências odontológicas, como dor e infecção, devem ser tratadas da maneira mais conservadora que a situação permita. Quando houver indicação inequívoca de uma pulpectomia ou exodontia, a intervenção deve ser efetuada em ambiente hospitalar, com a devida supervisão médica. São classificados nesta categoria: - Pacientes com dor no peito ou falta de ar enquanto sentados, sem atividade; - Incapazes de andar ou subir escadas; - Pacientes que acordam durante a noite com dor no peito ou falta de ar; - Pacientes com angina que estão piorando, mesmo medicados; - História de infarto do miocárdio ou de acidente vascular encefálico, no período dos últimos seis meses, com pressão arterial acima de 200/100 mm Hg; - Pacientes que necessitam da administração suplementar de oxigênio, de forma contínua. Maloney WJ, Weinberg MA. Implementation of the American Society of Anesthesiologists Physical Status Classification System in Periodontal Practice. Journal of Periodontology 2008;79(7):1124-6. ASA V – Paciente em fase terminal, cuja expectativa de vida não é maior do que 24 horas, com ou sem cirurgia planejada, invariavelmente hospitalizado. Nesta classe de pacientes, os procedimentos odontológicos eletivos estão contraindicados e as urgências odontológicas podem receber tratamento paliativo, como no caso de dor. Pertencem à categoria ASA V: - Pacientes com falência renal, doença hepática ou doenças infecciosas em estágio final; - Pacientes com câncer terminal. ASA VI – Pacientes com morte cerebral declarada, cujos órgãos serão removidos com propósito de doação. Não se aplica à clínica odontológica. OBS: O cirurgião-dentista deverá estar preparado para reconhecer e instituir medidas de pronto atendimento nas diferentes situações de emergência. É desejável que esteja habilitado a executar as manobras de suporte básico de vida (SBV) e de reanimação cardiopulmonar (RCP), bem como manusear equipamentos auxiliares, administrar soluções injetáveise instituir outras medidas de suporte. Maloney WJ, Weinberg MA. Implementation of the American Society of Anesthesiologists Physical Status Classification System in Periodontal Practice. Journal of Periodontology 2008;79(7):1124-6. Anestésicos Locais “Dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a lesões reais ou potenciais ou descrita em termos de tais lesões” (IASP) Ai! gânglios das raízes dorsais Estimulo Nociceptivo Córtex SS Integração e percepção da sensação dolorosa Via Aferente nociceptiva Ascendente Excitatória Trato espinotalâmico Vias de projeção central ao tálamo Tálamo SP, Glutamato, CGRP * Estímulos nocivos térmicos, mecânicos ou químicos intensos diretos no nociceptor * Destruição ou lesão do tecido Liberação de mediadores químicos envolvidos no processo álgico (histamina, prostaglandinas, bradicinina, ETC). Interação com nociceptores periféricos. Transmissão do estímulo doloroso através de neurônios sensoriais por tratos ascendentes até o córtex somatosensorial. Percepção da dor. G E R A Ç A O D A D O R Os estímulos mecânicos, térmicos, químicos intensos induzem a ativação de canais de sódio das membranas dos neurônios sensoriais, permitindo o influxo do íon no neurônio – DESPOLARIZAÇÃO A despolarização representa a transmissão do impulso, e é seguida pela abertura de canais lentos de potássio, permitindo o efluxo desse íons do neurônio, com o retorno do potencial de membrana a valores negativos – REPOLARIZAÇÃO E HIPERPOLARIZAÇÃO. Os anestésicos locais (AL) são agentes que causam redução da sensibilidade, através do bloqueio reversível da condução nervosa, quando aplicados a uma região circunscrita do corpo, sem perda da consciência. Após sua remoção, há retorno completo e espontâneo da transmissão. ANESTESIA = AN (SEM, PREFIXO DE NEGAÇÃO); AISTHETOS (SENSAÇÃO) Mecanismo de ação Interação com receptores específicos nos canais de sódio voltagem dependentes, bloqueando os canais e a entrada de sódio após um estímulo. Bloqueiam a condução nas fibras nervosas de pequeno diâmetro (fibras a-delta e fibras C, nociceptivas) mais rapidamente. As fibras motoras (a-alfa, a-beta) são mais resistentes Histórico • Insensibilidade de lábios e língua observados por índios Sul americanos há séculos • 1860 Isolado o princípio ativo das folhas de Coca (cocaína) • 1880’ Estudo das propriedades da cocaína no SNC por Sigmund Freud • 1884 Karl Koller (oftalmologia) comprova os efeitos anestésicos locais da cocaína • 1904 Procaína protótipo dos AL. • 1943 Lidocaína (Lofgren). COCAÍNA Ações clinicamente desejadas: bloqueio da condução nervosa e vasoconstrição. • Potencial toxicidade (muito estimulante do SNC) e alto risco de induzir dependência e abuso • Impulsionou a busca por novas substâncias anestésicas locais, sem seus inconvenientes ANESTÉSICOS LOCAIS – ESTRUTURA QUÍMICA Porção lipofílica Porção hidrofílica RELAÇÃO ESTRUTURA ATIVIDADE ➢GRUPO AROMÁTICO – PROPRIEDADES LIPOFÍLICAS. ➢CADEIA INTERMEDIÁRIA – SEPARAÇÃO ESPACIAL ENTRE AS DUAS EXTREMIDADES E DEFINE A CLASSIFICAÇÃO: ÉSTERES E AMIDAS. ➢EXTREMIDADE AMINOTERMINAL SECUNDÁRIA OU TERCIÁRIA – HIDROSSOLUBILIDADE. • São bases fracas: (pKa de 8-9) pouco solúveis em água. Em combinação com ácidos, são apresentadas na forma de cloridrato (sais) para melhorar a solubilidade e aumentar a estabilidade em meio aquoso. • No tubete apresentam pH em torno de 4,5-6,0. Quando injetadas em pH 7,4 ocorre tamponamento ácido e liberação da base não ionizada do anestésico. • Quando o pH do meio está muito ácido, as bases se tornam ionizadas, menos lipossolúveis e com menor ação no nervo. Anestésicos Locais – É a forma não ionizada que atravessa as membranas para fazer o efeito • Os ésteres são mais alergênicos (metabólito é o PABA), mais instáveis, sofrem rápida hidrólise por esterases no plasma e tecidos, com menor duração do efeito. Estão em desuso na Odontologia, sendo usadas apenas como anestésicos tópicos. • As amidas são mais estáveis, menos alérgenas, sofrem biotransformação hepática, com duração do efeito maior. São as mais usadas atualmente. Aspectos Farmacocinéticos – Penetração: Lipossolubilidade/pH do meio/Concentração do AL. • Em tecidos inflamados (ambiente + ácido), o AL tende à forma ionizável (hidrossolúvel), não permeável. Observa-se menor efeito anestésico em tecidos inflamados. – Absorção: Alta principalmente em mucosas. • Agentes vasoconstritores (adrenalina, noradrenalina, fenilefrina, etc) diminuem a absorção, diminuem efeitos tóxicos sistêmicos, aumenta o tempo de ação no local e reduz a dose necessária, além de reduzir o sangramento. – Distribuição: Órgão de maior perfusão. • Saída da corrente sanguínea: lipossolubilidade e ligação às proteínas plasmáticas. – Biotransformação: Através de hidrólise enzimática • AL do tipo éster: rápida biotransformação por esterases plasmáticas e hepáticas. AL do grupo amida são metabolizados principalmente no fígado Efeitos colaterais e Tóxicos gerais: decorrentes geralmente de erro na técnica de injeção • SNC: Atua tanto sobre neurônios inibitórios quanto sobre excitatórios. Maior afinidade para os neurônios inibitórios geram inicialmente sintomas excitatórios (Confusão mental, agitação, tremores, convulsão), quando a concentração aumenta também age em neurônios excitatórios gerando sintomas de inibição do SNC (Inconsciência, coma, depressão respiratória, morte). • Cardiovascular: Depressão miocárdia (reduz força de contração – lidocaína tem efeito antiarrítmico) e vasodilatação, podendo causar queda de PA (exceção é a cocaína que gera vasoconstrição e aumenta frequencia cardíaca). • Hematológicos: Observados com o uso da Prilocaína ou Mepivacaína em altas doses, podendo converter a hemoglobina em metahemoglobina (menor transporte de oxigênio) CONTEÚDO DAS SOLUÇÕES ANESTÉSICAS • APRESENTAÇÃO EM TUBETES DE 1,8 ML • SAL ANESTÉSICO: PRILOCAÍNA LIDOCAÍNA. MEPIVACAÍNA ARTICAÍNA BUPIVACAÍNA • VASOCONSTRITOR: ADRENALINA NORADRENALINA LEVONORDEFRINA FENILEFRINA FELIPRESSINA • ESTABILIZANTES: BISSULFITO DE SÓDIO (antioxidante, impede a degradação do vasoconstritor pelo oxigênio) METILPARABENO (bacteriostático, indutor de alergia, seu uso não se justifica em tubetes de uso único) • VEÍCULO: SOLUÇÃO AQUOSA ISOTÔNICADE NaCl 0,9% Um bom agente anestésico local deve apresentar: • baixa toxicidade sistêmica; • não ser irritante aos tecidos • não causar lesão permanente às estruturas nervosas. • tempo para início da anestesia (latência) deve ser o mais curto possível • duração de ação suficiente para a realização do procedimento cirúrgico, com ação reversível (Faria; Marzola, 2001; Malamed, 2004) Sais anestésicos Lidocaína A lidocaína é considerada o anestésico padrão em Odontologia, com o qual todos os outros anestésicos são comparados. Foi o primeiro agente anestésico do grupo amida a ser sintetizado, em 1943 por Lofgren. É encontrada comercialmente principalmente na concentrações de 2%, associada geralmente à epinefrina, norepinefrina, fenilefrina ou sem vasoconstrictor. Possui ação vasodilatadora, que promove rápida eliminação do local da injeção. Por isso, não há indicação de lidocaína 2% sem vasoconstritor em Odontologia. Inicio da ação de 2 a 3 minutos. Quando associada a vasoconstritor, proporciona em torno de 60 minutos de anestesia pulpar e até 180 minutos em tecidos moles. Metabolizada no fígado, eliminadapelos rins. Tempo de meia vida=1,6 h. Dose máxima: 4,4 mg/Kg até o máximo de 300 mg. Exemplo de cálculo da dose máxima e número de tubetes de solução de lidocaína 2%, por sessão, para adultos e crianças ASA I LIDOCAÍNA 2% = 20 mg/ml 2 g do sal --------- 100 ml solução 2000 mg ----------- 100 ml 20 mg/ml Em 1 tubete há 1,8 ml Então: 20 mg x 1,8 = 36 mg de lidocaína em 1 tubete. DOSE MÁXIMA: 4,4 MG/KG Dose máxima para criança de 20 Kg: 20 x 4,4 = 88 mg 88÷36 = 2,4 tubetes Dose máxima para adulto de 60 Kg: 60 x 4,4 = 264 mg 264÷36 = 7,3 tubetes Dose máxima para adulto de 100 Kg: 100 x 4,4 = 440 mg (porém a dose máxima é 300 mg), então 300÷36 = 8,3 tubetes Prilocaína Sintetizada pela primeira vez em 1953 por Lofgren e Tegnér, tendo sido descrita apenas em 1960. Apresenta uma potência anestésica pouco menor que da lidocaína e um início de ação por volta de 2 a 4 minutos. Duração de 60 min (pulpar) e 180 min (tec moles) A concentração odontológica eficaz é de 3% ou 4% e possui menor atividade vasodilatadora. Comercialmente, só é encontrado na concentração 3% e tendo a felipressina como vasoconstrictor. É contra indicada em gestantes. É metabolizado mais rapidamente, no fígado e pulmões, e eliminada pelos rins. Tempo de meia vida=1,6 h. Menos tóxica que a lidocaína e mepivacaína, mas em caso de superdosagem, pode aumentar níveis de meta hemoglobina no sangue (cuidado com pacientes com deficiência de oxigenação). Dose máxima: 6 mg/Kg, até o máximo de 400 mg. Exemplo de cálculo da dose máxima e número de tubetes de solução de prilocaína 3%, por sessão, para adultos e crianças ASA I PRILOCAÍNA 3% = 30 mg/ml 3 g do sal --------- 100 ml solução 3000 mg ----------- 100 ml 30 mg/ml Em 1 tubete há 1,8 ml Então: 30 mg x 1,8 = 54 mg de prilocaína em 1 tubete. DOSE MÁXIMA: 6 MG/KG Dose máxima para criança de 20 Kg: 20 x 6 = 120 mg 120÷54 = 2,2 tubetes Dose máxima para adulto de 60 Kg: 60 x 6 = 360 mg 360÷54 = 6,6 tubetes Dose máxima para adulto de 100 Kg: 100 x 6 = 600 mg (porém a dose máxima é 400 mg), então 400÷54 = 7,4 tubetes Mepivacaína É amplamente utilizada no campo odontológico, sendo classificada como um anestésico de duração intermediária. Foi preparada por A. F. Ekenstam, em 1957 e introduzida na odontologia em 1960. Apresenta potência e toxicidade maior que a lidocaína, tendo o seu início da ação por volta de 1 ½ a 2 minutos. Duração de 60 min (pulpar) e 2 a 4 h (tec moles) Sofre biotransformação hepática, eliminado pelos rins, meia vida=1,9 h. Produz pouca ação vasodilatadora, então consegue ter um tempo maior de anestesia do que os outros anestésicos sem o uso do vasoconstrictor. Deve ser evitada em gestantes e crianças (risco de metahemoglobinemia) A concentração odontológica eficaz é de 2% (com vasoconstritor) e de 3% (sem vasoconstritor). Associada a adrenalina, noradrenalina ou levonordefrina Dose máxima: 4,4 mg/Kg, até o máximo de 300 mg Exemplo de cálculo da dose máxima e número de tubetes de solução de mepivacaína 2%, por sessão, para adultos e crianças ASA I MEPIVACAÍNA 2% = 20 mg/ml 2 g do sal --------- 100 ml solução 2000 mg ----------- 100 ml 20 mg/ml Em 1 tubete há 1,8 ml Então: 20 mg x 1,8 = 36 mg de mepivacaína em 1 tubete. DOSE MÁXIMA: 4,4 MG/KG Dose máxima para criança de 20 Kg: 20 x 4,4 = 88 mg 88÷36 = 2,4 tubetes Dose máxima para adulto de 60 Kg: 60 x 4,4 = 264 mg 264÷36 = 7,3 tubetes Dose máxima para adulto de 100 Kg: 100 x 4,4 = 440 mg (porém a dose máxima é 300 mg), então 300÷36 = 8,3 tubetes Articaína A articaína foi aprovada para uso nos Estados Unidos em abril de 2000, tendo como nome comercial Steptocaine 4% com 1:100.000 de epinefrina. Inicio rápido de ação (1-3 minutos). Potencia 1,5 maior que lidocaína. Toxicidade semelhante à lidocaína. Duração média de 180 min (pulpar) Apesar de ser do grupo amida, é metabolizada por colinesterases plasmáticas, gerando metabólito inativo e inerte, sendo eliminada rapidamente pelos rins. Por isso, é adequada para idosos e pacientes com disfunção hepática ou renal. Tempo de meia vida menor= 1 h Concentração ideal: 4% Dose máxima: 7 mg/Kg, até o máximo de 500 mg Exemplo de cálculo da dose máxima e número de tubetes de solução de articaína 4%, por sessão, para adultos e crianças ASA I ARTICAÍNA 4%= 40 mg/ml 4 g do sal --------- 100 ml solução 4000 mg ----------- 100 ml 40 mg/ml Em 1 tubete há 1,8 ml Então: 40 mg x 1,8 = 72 mg de articaína em 1 tubete. DOSE MÁXIMA: 7 MG/KG Dose máxima para criança de 20 Kg: 20 x 7 = 140 mg 140÷72 = 1,9 tubetes Dose máxima para adulto de 60 Kg: 60 x 7 = 420 mg 420÷72 = 5,8 tubetes Dose máxima para adulto de 100 Kg: 100 x 7 = 700 mg (porém a dose máxima é 500 mg), então 500÷72 = 6,9 tubetes Cloridrato de Bupivacaína Apresenta 5 X mais potência e 4 X mais toxicidade absoluta do que a lidocaína, mas tem toxicidade relativa menor, pois é usada em menores concentrações. Encontrado na concentração de 0,5% (com ou sem vasoconstritor) Inicia sua ação por volta de 6 a 10 minutos. É anestésico de longa duração, e a anestesia pode persistir de 4 a 9 horas. Metabolizado no fígado, eliminada pelos rins. Meia vida=2,7 h. Os estudos sobre sua toxicidade mostram que ocorrem devido à superdosagem ou por injeção acidental do anestésico nos vasos sanguíneos, não sendo essas reações diferentes das que ocorrem com os outros anestésicos locais. Não é recomendada para < 12 anos pelo risco de mordedura lábios e língua, gestantes, idosos, hepatopatas, nefropatas. É mais útil para controle da dor pós operatória apenas nas primeira horas pois parece aumentar as concentrações de PGE2 24 h após procedimento, no local da aplicação, aumentando a intensidade da dor. Dose máxima = 1,3 mg/Kg até o máximo de 90 mg Exemplo de cálculo da dose máxima e número de tubetes de solução de bupivacaína 0,5 %, por sessão, para adultos e crianças ASA I BUPIVACAÍNA 0,5% = 5 mg/ml 0,5 g do sal --------- 100 ml solução 500 mg ----------- 100 ml 5 mg/ml Em 1 tubete há 1,8 ml Então: 5 mg x 1,8 = 9 mg de mepivacaína em 1 tubete. DOSE MÁXIMA: 1,3 MG/KG Dose máxima para criança de 20 Kg: 20 x 1,3 = 26mg 26÷9 = 2,8 tubetes - NÃO É INDICADO EM CRIANÇAS Dose máxima para adulto de 60 Kg: 60 x 1,3 = 78 mg 78÷9 = 8,6 tubetes Dose máxima para adulto de 100 Kg: 100 x 1,3 = 130 mg (porém a dose máxima é 90 mg), então 90÷9 = 10 tubetes Benzocaína Único anestésico do grupo éster disponível no Brasil. Empregado apenas como anestésico tópico. Na concentração 20% promove anestesia da mucosa superficial após 2 minutos. Diminuindo a dor à punção da agulha. Embora as reações alérgicas a anestésicos locais sejam raras, sua maior incidência é com o uso de ésteres. Por isso , não é muito utilizada. Vasoconstritores Todos os anestésicos locais possuem ação vasodilatadora, que promove sua rápida absorção para a corrente sanguínea, limitando o tempo de duração da anestesia e aumentando o risco de toxicidade. A associação de vasoconstritores a anestésicos locais possibilita que o sal anestésico permaneça por mais tempo no local da injeção, em contato com as fibras nervosas, prolonga a duração da anestesia, reduz o risco de toxicidade e ainda produz hemostasia, pela redução do calibre dos vasos, reduzindo o sangramento em procedimentos cirúrgicos. CLASSIFICAÇÃO DOS VASOCONSTRITORES AMINAS SIMPATICOMIMÉTICA • EPINEFRINA (ADRENALINA) • NOREPINEFRINA (NORADRENALINA) • CORBADRINA (LEVONORDEFRINA) • FENILEFRINA FELIPRESSINA ATUAM COMOAGONISTAS DE RECEPTORES ALFA E BETA ADRENÉRGICOS. A AÇÃO VASOCONSTRITORA É EXERCIDA PELA INTERAÇÃO COM RECEPTORES ALFA 1 ANÁLOGO SINTÉTICO DA VASOPRESSINA (ADH). PROVOCA VASOCONSTRIÇÃO POR SUA AÇÃO EM RECEPTORES V1 DA VASOPRESSINA, COM MAIS EFEITO NA MICROCIRCULAÇÃO VENOSA DO QUE NA ARTERIOLAR. POR ISSO TEM MENOR EFEITO SOBRE A HEMOSTASIA. EPINEFRINA: É o vasoconstritor mais utilizado no mundo. É o agente de primeira escolha para a maioria dos procedimentos odontológicos na maioria dos pacientes, incluindo crianças, gestantes e idosos. A epinefrina tem afinidade por receptores alfa 1 dos vasos das redes arteriolar e venosa, promovendo vasoconstrição. Ao ser absorvida, também interage com receptores beta no coração (aumento da força e frequência cardíacas). Pode provocar também dilatação das artérias coronárias e grandes vasos, aumentando o fluxo sanguíneo para o miocárdio. Em pacientes com doenças cardiovasculares a dosagem de epinefrina deve ser reduzida. Concentrações disponíveis: 1:50000 (1 g:50000 ml) – Maior concentração, provoca isquemia intensa e pode gerar vasodilatação rebote, com perda de sangue após a cirurgia. 1:100000 (1 g:100000ml) – É a mais indicada. 1:200000 (1 g: 200000 ml) – Possui menor concentração de epinefrina Epinefrina 1:100000 1g de epinefrina em 100.000 ml de solução 1000 mg -------- 100000 ml 1 mg -------------- 100 ml 0,01 mg/ml ------ 0,018 mg/tubete (1,8 ml) Dose máxima segura • Pacientes saudáveis: 0,2 mg por sessão (equivale a 11 tubetes de 1,8 ml à concentração de 1:100000 • Pacientes com doença cardíaca (ASA III ou ASA IV): 0,04 mg (equivale a 2 tubetes à concentração de 1:100000) Pode elevar a glicemia. Evitar em pacientes diabéticos descompensados. NOREPINEFRINA: Atua em receptores alfa e beta, com predomínio em receptores alfa (90%). Não apresenta nenhuma vantagem sobre a epinefrina e a maioria dos relatos de reações adversas a vasoconstritores ocorre com o uso de norepinefrina, como cefaleias intensas, elevação de pressão arterial, necrose e descamação tecidual. Em função disso, seu uso em Odontologia está sendo abolido. CORBADRINA OU LEVONORDEFRINA: Atua estimulando diretamente receptores alfa (75%) e beta (25%). Possui menor atividade vasopressora e não apresenta nenhuma vantagem sobre a epinefrina Dose máxima: 1 mg por consulta para qualquer paciente (11 tubetes) Concentrações disponíveis: 1: 20000 1 g ------------ 20000 ml 1000 mg -------20000 ml 1 mg ----------- 20 ml 0,05 mg/ml ------------0,09 mg/tubete FENILEFRINA: Vasoconstritor sintético. É um alfa estimulador, com pequena atividade em receptores beta. Na concentração empregada, promove vasoconstrição prolongada. Os efeitos adversos, quando na sobredosagem, também são mais duradouros. Não apresenta vantagem sobre epinefrina. Dose máxima: 4 mg por consulta para pacientes saudáveis (5,5 tubetes) e de 1,6 mg para pacientes ASA III e ASA IV (2 tubetes) Concentrações disponíveis: 1: 2500 1 g ------------ 2500ml 1000 mg -------2500 ml 1 mg ----------- 2,5 ml 0,4 mg/ml ------------0,720 mg/tubete FELIPRESSINA (OCTAPRESSINA): Vasoconstritor sintético análogo da vasopressina (ADH). Por sua semelhança com a ocitocina, pode induzir contrações uterinas, sendo contra indicada para grávidas. Não possui efeitos sobre o miocárdio e influencia pouco a pressão arterial. Presente em soluções em que o sal anestésico é a Prilocaína. Dose máxima: 0,27 UI por consulta para pacientes ASA III e ASA IV (5 tubetes). Em pacientes saudáveis, a dose máxima é maior. Concentrações disponíveis: 0,03 UI/ml 0,054 UI/tubete Articaína Epinefrina • As soluções anestésicas locais de uso odontológico apresentam grande margem de segurança clínica. Reações alérgicas graves são muito raras, principalmente com a utilização de anestésicos do grupo amida. • As principais causas de efeitos adversos graves são a sobredosagem absoluta (injeção de um volume excessivo de anestésico) ou sobredosagem relativa (injeção de doses adequadas, porém dentro do vaso sanguíneo). • A sobredosagem de vasoconstritores é menos comum, mas pode gerar aumento brusco da PA e hemorragias intracranianas • É muito importante que o profissional conheça as doses máximas dos sais anestésicos, realize a injeção somente após aspiração negativa e de forma lenta (1 ml/minuto), ou seja, aproximadamente 90 segundos para cada tubete Doses máximas para os anestésicos locais disponíveis no Brasil (Sem vaso) OBS: • Não há necessidade de utilizar mais que 3 tubetes de bupivacaína na prática • Em pacientes com ICC, insuficiências respiratórias ou sanguíneas, reduzir a dose de prilocaína para 2,5 mg/Kg. • O fator limitante para a dose máxima é o sal anestésico, e não o vasoconstritor, exceto para epinefrina 1:50000 e fenilefrina 1:2500, cujo máximo total é de 5,5 tubetes. CONTRAINDICAÇÕES DO USO DA EPINEFRINA Há poucas contra indicações à administração de vasoconstritores nas concentrações de uso em Odontologia, sendo necessário avaliar o risco e os benefícios de seu uso. • Hipertensão (PA sistólica >160 mmHg ou diastólica > 100 mmHg) • História de IAM, sem liberação para atendimento odontológico • Período < 6 meses após AVE • Cirurgia recente de ponte de artéria coronária ou instalação de stents • Angina do peito instável • Insuficiência cardíaca congestiva não controlada • Hipertireoidismo não controlado • Feocromocitoma • História de alergia a sulfitos • Pacientes em uso contínuo de anfetaminas • Usuários de drogas ilícitas como cocaína, crack, metanfetaminas, ecstasy) CRITÉRIOS DE ESCOLHA DA SOLUÇÃO ANESTÉSICA Avaliar a condição sistêmica do paciente, e considerar o tempo de duração da anestesia e grau de hemostasia exigidos para cada procedimento. Há várias opções de soluções anestésicas que podem ser utilizadas: Procedimentos de curta e média duração que demandem anestesia pulpar > 30 minutos • Lidocaína 2% com epinefrina 1:100000 • Mepivacaína 2% com epinefrina 1:100000 • Articaína 4% com epinefrina 1:100000 • Prilocaína 3% com felipressina 0,03UI/ml Procedimentos mais invasivos ou de maior tempo de duração (tratamento endodôntico, exodontias, implantes, enxertos, etc) • Lidocaína 2% com epinefrina 1:100000 • Articaína 4% com epinefrina 1:100000 ou 1:200000 • Bupivacaína 0,5% com epinefrina 1:200000 CRITÉRIOS DE ESCOLHA DA SOLUÇÃO ANESTÉSICA Na contra indicação absoluta ao uso de epinefrina Procedimentos de curta e média duração que demandem anestesia pulpar de até 30 minutos • Mepivacaína 3% sem vasoconstritor • Promove anestesia pulpar de 20 a 40 minutos. Procedimentos que demandem anestesia pulpar com duração > 30 minutos • Prilocaína 3% com felipressina 0,03 UI/ml Situações especiais: • Pacientes com problemas cardíacos e hipertensão controladas: Utilizar no máximo 2 tubetes de Lidocaína com epinefrina ou Mepivacaína com epinefrina (1:100000) que é menos vasodilatador, ou Prilocaína com felipressina (influencia menos na PA). • Casos de hipertensão severa (PAS > 180 mmHg): não tratar no consultório, encaminhar para atendimento hospitalar. • Se houver contra indicação absoluta ao uso de vasoconstritores (situação rara), usar Mepivacaína 3% sem vasoconstritor. • Lembrar que o mais importante em pacientes saudáveis e com comprometimento sistêmico é controlar a dor e ansiedade, que podem elevar a liberação de catecolaminas endógenas. O uso de anestésicos sem vasoconstritor reduz a duração da anestesia, requer suplementação, aumenta o estresse e a toxicidade. Situações especiais: • GESTANTES:Preferência para Lidocaína 2% com epinefrina 1:100000, no máximo 2 tubetes. Evitar Prilocaína e Mepivacaína (risco de metahemoglobina) e felipressina (induz contrações uterinas). • DIABÉTICOS: Dar preferência para Prilocaína 3% + felipressina. Evitar o vasoconstritor epinefrina pelo risco de aumento da glicemia. • IDOSOS E PACIENTES COM DISFUNÇÃO RENAL OU HEPÁTICA: A articaína é também metabolizada por colinesterases plasmáticas gerando metabólitos inativos e inertes, eliminados pelos rins. É o anestésico ideal para esses pacientes. • CRIANÇAS: Preferência por Lidocaína 2% com epinefrina 1:100000. O maior cuidado deve ser em relação à dose, para não provocar sobre dosagem, em função do peso corporal. “Curar quando possível, Aliviar quando necessário, Consolar sempre” Hipócrates
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