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Livro Eletrônico
Aula 07
Noções de Direito Administrativo p/ PC-AL (Agente e Escrivão) Com
videoaulas
Herbert Almeida, Time Herbert Almeida
84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes
No›es de Direito Administrativo p/ PC-AL 
Agente e Escriv‹o de Pol’cia 
Teoria e exerc’cios comentados 
Prof. Herbert Almeida Ð Aula 7 
 
 
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AULA 7: Responsabilidade civil 
Sumário	
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO ............................................................................................................. 2 
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ................................................................................................................................... 2 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA ........................................................................................................................................ 3 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO DIREITO BRASILEIRO ...................................................................................... 9 
REQUISITOS PARA A DEMONSTRAÇÃO DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO ......................................................................13 
CAUSAS EXCLUDENTES OU ATENUANTES DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO ...................................................................20 
RESPONSABILIDADE POR OMISSÃO DO ESTADO ........................................................................................................22 
REPARAÇÃO DO DANO – ESTADO INDENIZANDO O TERCEIRO LESADO ............................................................................27 
DIREITO DE REGRESSO .......................................................................................................................................28 
PRESCRIÇÃO ...................................................................................................................................................34 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR ATOS NÃO ADMINISTRATIVOS ........................................................................37 
QUESTÕES EXTRAS ..........................................................................................................................................40 
QUESTÕES COMENTADAS NA AULA ................................................................................................................71 
GABARITO .......................................................................................................................................................93 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................................93 
 
Ol‡ pessoal, tudo bem? 
Nesta aula, vamos estudar o seguinte item do edital: Ò6.4 
Responsabilidade civil do Estado.Ó. 
Vamos ˆ aula, aproveitem! 
 
84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes
No›es de Direito Administrativo p/ PC-AL 
Agente e Escriv‹o de Pol’cia 
Teoria e exerc’cios comentados 
Prof. Herbert Almeida Ð Aula 7 
 
 
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RESPONSABILIDADE	CIVIL	DO	ESTADO	
Noções	introdutórias	
Quando se fala em responsabilidade, quer-se dizer que alguŽm dever‡ 
responder por algo que fez ou deixou de fazer. A responsabilidade, no 
Direito, representa a necessidade de alguŽm responder por algum dano que 
causou. Por conseguinte, a pessoa poder‡ sofrer uma restri‹o de liberdade 
por ter cometido algum crime ou uma contraven‹o (responsabilidade 
penal); um servidor pœblico poder‡ perder o cargo por algum il’cito 
disciplinar ou falta funcional (responsabilidade administrativa); ou alguŽm 
poder‡ responder com o pr—prio patrim™nio, devendo indenizar o dano 
causado (responsabilidade civil). 
Portanto, a responsabilidade civil Ž a obriga‹o de reparar os 
danos lesivos a terceiros, seja de natureza patrimonial ou moral. 
Cumpre frisar, desde j‡, que a responsabilidade do Estado pode ser 
contratual ou extracontratual. Na primeira situa‹o, h‡ um v’nculo 
contratual entre o Estado e o terceiro. Por exemplo, se a Administra‹o 
descumprir os termos de um contrato administrativo, a sua 
responsabilidade ser‡ contratual, regulamentada pela Lei 8.666/1993 e 
pelos termos do contrato. N‹o Ž esse o tipo de responsabilidade que 
estamos tratando nesta aula. 
Por outro lado, na responsabilidade civil do Estado, n‹o existe v’nculo 
contratual entre as partes, ou melhor, a obriga‹o de indenizar n‹o decorre 
de algum contrato firmado entre o causador do dano e o terceiro lesado. 
Por esse motivo, a responsabilidade civil do Estado tambŽm Ž chamada de 
responsabilidade extracontratual do Estado ou responsabilidade 
Aquiliana, que Ž a obriga‹o jur’dica que o Estado possui de reparar danos 
morais e patrimoniais causados a terceiros por seus agentes, atuando nessa 
qualidade. 
No Estado Democr‡tico de Direito, n‹o se pode cogitar a 
irresponsabilidade do Estado por seus comportamentos lesivos a terceiros. 
Todavia, nem sempre foi assim, existindo momentos hist—ricos em que o 
Estado era irrespons‡vel civilmente. Nessa linha, vamos estudar a evolu‹o 
hist—rica da responsabilidade civil do Estado. 
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No›es de Direito Administrativo p/ PC-AL 
Agente e Escriv‹o de Pol’cia 
Teoria e exerc’cios comentados 
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Evolução	histórica	
Teoria	da	irresponsabilidade	do	Estado	
A teoria da n‹o responsabiliza‹o do Estado, ou teoria regaliana, 
ocorreu durante o per’odo dos regimes absolutistas. Nesse per’odo, a 
autoridade do monarca era incontest‡vel e, por conseguinte, as a›es do 
rei ou de seus auxiliares n‹o poderiam ser responsabilizadas. Entendia-se 
que o rei n‹o cometia erros Ð decorre da m‡xima The king can do no wrong 
ou L Roi ne peut mal faire (o Rei n‹o pode errar). 
A ideia de irresponsabilidade do Estado era t‹o absurda e injusta que 
comeou a ruir no sŽculo XIX, dando lugar aos regimes democr‡ticos de 
Direito. Atualmente, essa teoria encontra-se totalmente superada, sendo 
que os Estados Unidos e a Inglaterra foram os œltimos pa’ses a abandon‡-
la, por meio, respectivamente, do Federal Tort Claim Act, de 1946, e do 
Crown Proceeding Act, de 1947. 
Com o enfraquecimento e supera‹o da teoria da irresponsabilidade, 
surgem as teorias civilistas. 
Teoria	(civilista)	da	responsabilidade	por	atos	de	gestão	
A ideia de responsabiliza‹o do Estado surge, inicialmente, com base 
no direito privado. Surgem, assim, as teorias civilistas, tambŽm conhecidas 
como teorias intermedi‡rias ou mistas. Neste momento, o Estado Ž 
equiparado ao indiv’duo, sendo obrigado a indenizar os danos causados a 
terceiros nas mesmas hip—teses em que os indiv’duos tambŽm seriam, ou 
seja, de acordo com as regras do Direito Civil Ð da’ o nome de teorias 
civilistas. 
Inicialmente, a teoria fazia a diferencia‹o de atos de impŽrio e atos 
de gest‹o. Naqueles, o Estado atuaria utilizando-se de sua soberania, 
como ocorre nas desapropria›es ou na imposi‹o de san›es; enquanto 
nestes o Estado se coloca em situa‹o de igualdade perante o particular, 
como em um contrato de loca‹o ou na aliena‹o de um bem. 
Assim, a teoria considerava que o Estado s— poderia ser 
responsabilizado pelos atos de gest‹o, ou seja, quando estivesse em 
condi›es de igualdade perante o particular. 
Essa teoria logo foi superada, tendo em vista a inadequa‹o de separar 
os atos de impŽrio dos atos de gest‹o, uma vez que o Estado Ž um s—. 
84095195851 - Geraldo Pedro Henrique Thomas Fernandes
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Teoria eexerc’cios comentados 
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Teoria	da	culpa	civil	–	teoria	da	responsabilidade	subjetiva	
Ap—s a supera‹o da distin‹o entre os atos de impŽrio e de gest‹o 
para fins de responsabiliza‹o do Estado, emergiu a teoria da culpa civil, ou 
da responsabilidade subjetiva. 
Por essa teoria, a responsabilidade do Estado dependia da 
comprova‹o de dolo ou, pelo menos, a culpa na conduta do agente 
estatal. Assim, a responsabiliza‹o do Estado, isto Ž, o dever de indenizar 
danos causados a terceiros, dependia da comprova‹o de dolo ou culpa 
(negligncia, imprudncia ou imper’cia), cabendo ao particular prejudicado 
o ™nus de comprovar a existncias desses elementos subjetivos. 
A teoria civilista da culpa ainda Ž adotada nos pa’ses do common law, 
como nos Estados Unidos e Inglaterra. Todavia, em outros lugares, como 
no Brasil, essa teoria foi superada pelas teorias publicistas, ou seja, 
aquelas fundamentadas na autonomia do Direito Administrativo. 
Teoria	da	culpa	administrativa	
A teoria da culpa administrativa, tambŽm conhecida como culpa 
do servio ou culpa an™nima (faute du servisse) Ž a primeira teoria 
publicista, representando a transi‹o entre a doutrina subjetiva da culpa 
civil e a responsabilidade objetiva adotada atualmente na maioria dos 
pa’ses ocidentais. 
Por essa teoria, a culpa Ž do servio e n‹o do agente, por isso que a 
responsabilidade do Estado independe da culpa subjetiva do agente. A culpa 
administrativa se aplica em trs situa›es: 
a) o servio n‹o existiu ou n‹o funcionou, quando deveria funcionar; 
b) o servio funcionou mal; ou 
c) o servio atrasou. 
Em qualquer uma dessas situa›es, ocorrer‡ a culpa do servio (culpa 
administrativa, culpa an™nima), implicando a responsabiliza‹o do Estado 
independentemente de qualquer culpa do agente. 
Com efeito, temos uma espŽcie de culpa especial da Administra‹o, ou 
seja, existe sim uma responsabilidade subjetiva, porŽm ela Ž do Estado. A 
particularidade Ž que n‹o se trata de uma culpa individual do agente 
pœblico, mas uma culpa an™nima do servio, que n‹o Ž individualizada 
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pessoalmente. PorŽm, caber‡ ao particular prejudicado pela falta 
comprovar sua ocorrncia para reclamar o direito ˆ indeniza‹o. 
Teoria	do	risco	administrativo	
Pela teoria do risco, basta a rela‹o entre o comportamento estatal 
e o dano sofrido pelo administrado para que surja a responsabilidade 
civil do Estado, desde que o particular n‹o tenha concorrido para o dano. 
Ela representa o fundamento da responsabilidade objetiva ou sem 
culpa do Estado. 
Essa teoria surge de dois aspectos: 
a) a atividade estatal gera um potencial risco para os administrados; 
b) Ž necess‡rio repartir tanto os benef’cios da atua‹o estatal quanto 
os encargos suportados por alguns, pelos danos decorrentes dessa 
atua‹o (solidariedade social). 
Nas palavras do Prof. Celso Ant™nio Bandeira de Mello, 
[...] entendemos que o fundamento da responsabilidade estatal Ž garantir 
uma equ‰nime reparti‹o dos ™nus provenientes de atos ou efeitos 
lesivos, evitando que alguns suportem preju’zos ocorridos por ocasi‹o ou 
por causa de atividades desempenhadas no interesse de todos. De 
conseguinte, seu fundamento Ž o princ’pio da igualdade, no‹o b‡sica 
do Estado de Direito. (grifos nossos) 
Dessa forma, se um particular for prejudicado pela atua‹o estatal, os 
danos decorrentes dever‹o ser compartilhados por toda a sociedade, 
justificando o direito ˆ indeniza‹o custeada pelo Estado. Nesse caso, n‹o 
Ž preciso cogitar se o servio funcionou, se funcionou mal, se demorou ou 
se n‹o existiu, uma vez que se presume culpa da Administra‹o. AlŽm 
disso, n‹o se questiona se houve culpa ou dolo do agente, se o 
comportamento foi l’cito ou il’cito, se o servio funcionou bem ou mal. Basta 
que seja evidenciado o nexo de causalidade entre o comportamento 
estatal e o dano sofrido pelo terceiro para se configurar a 
responsabilidade civil do Estado. 
Pode-se dizer ainda que se exige a presena de trs requisitos para 
gerar a responsabilidade do Estado: 
a) dano; 
b) conduta administrativa Ð fato do servio; e 
c) nexo causal. 
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Devemos destacar que o comportamento estatal pode ser l’cito, e 
ainda assim poder‡ gerar o dever de indenizar. Por exemplo, se um policial, 
durante a persegui‹o de um suposto criminoso, perder o controle da 
viatura e atingir o ve’culo de um terceiro, que estava corretamente 
estacionado, surgir‡ o dever de indenizar o dano sofrido pelo propriet‡rio 
do ve’culo. Nesse caso, mesmo que n‹o exista dolo ou culpa do policial, e 
ainda que a persegui‹o estivesse ocorrendo de forma l’cita, no exerc’cio 
dos deveres funcionais do agente pœblico, o Estado dever‡ indenizar o dano 
sofrido pelo particular. 
A teoria do risco pode ser dividida em teoria do risco administrativo e 
do risco integral, distinguindo-se pelo fato de a primeira admitir as causas 
de excludentes de responsabilidade, enquanto a segunda n‹o admite. 
Dessa forma, pela teoria do risco administrativo, o Estado poder‡ 
eximir-se da repara‹o se comprovar culpa exclusiva do particular. Poder‡ 
ainda ter o dever de repara‹o atenuado, desde que comprove a culpa 
concorrente do terceiro afetado. Em qualquer caso, o ™nus da prova caber‡ 
ˆ Administra‹o. 
Dessa forma, na teoria do risco administrativo, presume-se a 
responsabilidade da Administra‹o. No entanto, Ž poss’vel que o Estado 
comprove que a culpa Ž exclusiva do particular, eximindo-se do dever de 
indenizar; ou comprove que a culpa Ž concorrente, atenuando a obriga‹o 
de repara‹o. 
 
A teoria do risco administrativo1 Ž o 
fundamento da responsabilidade 
objetiva do Estado. 
Teoria	do	risco	integral	
A teoria do risco integral diferencia-se da teoria do risco 
administrativo pelo fato de n‹o admitir causas excludentes da 
responsabilidade civil da Administra‹o. Nesse caso, o Estado funciona 
como um segurador universal, que dever‡ suportar os danos sofridos 
por terceiros em qualquer hip—tese. 
Assim, mesmo que se comprove a culpa exclusiva do particular, ou nos 
casos de caso fortuito ou fora maior, o Estado ter‡ o dever de ressarcir o 
 
1 Nas questões de concurso, pode aparecer simplesmente “teoria do risco”. 
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particular pelos danos sofridos. Com efeito, alguns doutrinadores afirmam 
que a responsabilidade integral n‹o depende nem do nexo causal entre a 
conduta e o dano2. 
A teoria do risco integral Ž criticada pela maioria 
da doutrina administrativa. Segundo Hely Lopes 
Meirelles, essa teoria Òjamais foi acolhida entre 
n—sÓ. JosŽ dos Santos Carvalho Filho, por sua vez, informa que ela s— Ž 
Òadmiss’vel em situa›es rar’ssimas e excepcionaisÓ. J‡ a Prof. Maria 
Sylvia Zanella Di Pietro, inicialmente, n‹o faz a diferencia‹o entrerisco 
administrativo e risco integral, mencionando simplesmente a teoria do 
risco como fundamento da responsabilidade objetiva do Estado. Em 
seguida, porŽm, a doutrinadora faz algumas considera›es sobre essas 
duas modalidades de risco nos ensinamentos dos demais doutrinadores. 
De qualquer forma, o que podemos concluir Ž que a teoria do risco integral 
s— Ž admitida em casos excepcionais. No texto constitucional, a œnica 
hip—tese se refere aos acidentes nucleares (CF, 21, XIII, ÒdÓ). A 
doutrina menciona tambŽm os atos terroristas e atos de guerra ou 
eventos correlatos, contra aeronaves brasileiras como hip—teses da teoria 
do risco integral decorrentes da legisla‹o infraconstitucional (leis 
10309/2001 e 10744/2003). 
Outra situa‹o que enseja a responsabilidade civil objetiva, com base na 
teoria do risco integral, Ž a responsabilidade por danos ambientais. 
Cabe anotar, todavia, que essa regra Ž geral, sendo que qualquer tipo de 
entidade que cometer dano ambiental poder‡ responder objetivamente, 
independentemente de ser uma entidade estatal. Ademais, atŽ mesmo 
empresas estatais exploradoras de atividade econ™mica podem responder 
por dano ambiental de forma objetiva, com base no risco integral, uma 
vez que o fundamento, aqui, n‹o Ž o art. 37, ¤ 6¼, da Constitui‹o Federal. 
Por exemplo: uma empresa privada deixa res’duos t—xicos em seu 
terreno, expondo-os a cŽu aberto, em local onde, apesar da existncia de 
cerca e de placas de sinaliza‹o informando a presena de material 
org‰nico, o acesso de outros particulares seja f‡cil, consentido e 
costumeiro. Nesse caso, a pr—pria empresa privada responder‡ 
objetivamente pelos danos sofridos por pessoa que tenha entrado em sua 
propriedade e tenha sofrido, por conduta n‹o dolosa, queimaduras pelo 
contato com o material t—xico. Sendo uma empresa estatal, a pr—pria 
 
2 Carvalho Filho, 2014, p. 557. 
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empresa estatal responder‡ de forma objetiva pelo dano, tambŽm com 
fundamento na teoria do risco integral. 
Vejamos como este assunto pode ser cobrado em provas. 
 
1. (Cespe - Ag Adm/PF/2014) Considere que, durante uma operação policial, uma 
viatura do DPF colida com um carro de propriedade particular estacionado em via 
pública. Nessa situação, a administração responderá pelos danos causados ao 
veículo particular, ainda que se comprove que o motorista da viatura policial dirigia 
de forma diligente e prudente. 
Comentário: pela teoria do risco administrativo, que fundamenta a 
responsabilidade objetiva do Estado, existirá o dever de indenizar o terceiro 
prejudicado independentemente de dolo ou culpa do agente público. Nesse 
caso, mesmo que o motorista estivesse dirigindo de forma diligente e 
prudente, o Estado terá o dever de indenizar o particular, uma vez que a 
sociedade deve suportar os encargos decorrentes da atuação estatal. 
Gabarito: correto. 
2. (Cespe - AJ/TRT 10/2013) A teoria do risco integral obriga o Estado a reparar 
todo e qualquer dano, independentemente de a vítima ter concorrido para o seu 
aperfeiçoamento. 
Comentário: pela teoria do risco integral o Estado tem o dever de indenizar 
todo e qualquer dano suportado pelos terceiros, ainda que resulte de culpa ou 
dolo da vítima. Dessa forma, não há nenhum tipo de excludente ou atenuante 
de responsabilidade, não importante o fato de a vítima ter contribuído ou não 
para o dano. Logo, o item está correto. 
Gabarito: correto. 
3. (Cespe - AJ/TRT 10/2013) Pela teoria da faute du service, ou da culpa do 
serviço, eventual falha é imputada pessoalmente ao funcionário culpado, isentando 
a administração da responsabilidade pelo dano causado. 
Comentário: a teoria da faute du servisse, também denominada de teoria da 
culpa administrativa, da culpa do serviço ou da culpa anônima, decorre de 
uma responsabilidade subjetiva atribuída ao Estado, ou seja, não há 
imputação pessoal ao agente. Assim, trata-se de uma culpa anônima do 
serviço, que ocorre nas seguintes situações: (a) o serviço não existiu ou não 
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funcionou; (b) o serviço funcionou mal; ou (c) o serviço atrasou. Dessa forma, 
a responsabilidade é atribuída ao Estado, sem necessidade de individualizar 
o agente. Dessa forma, o item está errado. 
Destaca-se, por fim, que cabe ao particular prejudicado pela falta comprovar 
sua ocorrência para reclamar o direito à indenização. 
Gabarito: errado. 
4. (Cespe - ATA/MJ/2013) A teoria que impera atualmente no direito 
administrativo para a responsabilidade civil do Estado é a do risco integral, segundo 
a qual a comprovação do ato, do dano e do nexo causal é suficiente para determinar 
a condenação do Estado. Entretanto, tal teoria reconhece a existência de 
excludentes ao dever de indenizar. 
Comentário: a questão descreveu a teoria do risco administrativo, essa sim é 
que impera no direito administrativo. Nesse caso, bastará a comprovação do 
ato, do dano e do nexo causal para a condenação do Estado, sendo 
reconhecida a existência de excludentes ao dever de indenizar. 
A teoria do risco integral, por outro lado, não reconhece a possibilidade de 
excludentes do dever de indenizar. 
Gabarito: errado. 
5. (Cespe - Analista/Bacen/2013) De acordo com a teoria da culpa administrativa, 
existindo o fato do serviço e o nexo de causalidade entre esse fato e o dano sofrido 
pelo administrado, presume-se a culpa da administração. 
Comentário: na teoria da culpa administração não se presume a culpa da 
administração. Deve o particular comprovar que o serviço não existiu, ou não 
funcionou, ou funcional mal ou que atrasou. Trata-se, ademais, de uma culpa 
anônima, uma vez que não precisa ser individualizada, bastante que se 
comprove a responsabilidade subjetiva do Estado. 
A existência do fato do serviço e o nexo de causalidade entre o fato e o dano 
sofrido são pressupostos da teoria do risco administrativo, em que se 
presume a culpa da Administração. 
Gabarito: errado. 
Responsabilidade	civil	do	Estado	no	direito	brasileiro	
No Brasil, vigora a responsabilidade objetiva do Estado, na 
modalidade de risco administrativo, nos termos do art. 37, ¤6¼, da 
Constitui‹o Federal, vejamos: 
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¤6¼ - As pessoas jur’dicas de direito pœblico e as de direito privado 
prestadoras de servios pœblicos responder‹o pelos danos que seus 
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de 
regresso contra o respons‡vel nos casos de dolo ou culpa. 
Essa modalidade n‹o alcana, porŽm, os danos decorrentes de 
omiss‹o da Administra‹o Pœblica, que, nesses casos, ser‹o indenizados 
conforme a teoria da culpa administrativa. 
Como se percebe, o dispositivo alcana as pessoas jur’dicas de direito 
pœblico e de direito privado prestadoras de servios pœblicos. Portanto, a 
abrangncia alcana: 
a) a administra‹o direta, as autarquias e as funda›es pœblicas de direito 
pœblico, independentemente das atividadesque realizam; 
b) as empresas pœblicas, as sociedades de economia mista, quando forem 
prestadoras de servios pœblicos; 
c) as delegat‡rias de servio pœblico (pessoas privadas que prestam 
servio pœblico por delega‹o do Estado Ð concess‹o, permiss‹o ou 
autoriza‹o de servio pœblico). 
Como se observa, a responsabilidade objetiva alcana atŽ mesmo os 
agentes de empresas particulares, que n‹o integram a Administra‹o 
Pœblica, quando prestarem servios pœblicos por delega‹o do Estado. 
Todavia, Ž imprescind’vel que a atua‹o decorra da qualidade de prestador 
de servio pœblico, n‹o alcanando atividades estranhas ao desempenho da 
atividade delegada. 
Dessa forma, se uma empresa fornecedora de energia elŽtrica causar 
danos ao patrim™nio de terceiros em decorrncia da presta‹o do servio 
pœblico, ter‡ o dever de indenizar, a n‹o ser que comprove o dolo ou culpa 
do prejudicado. 
Entretanto, essa responsabilidade n‹o alcana as empresas pœblicas e 
sociedades de economia mista exploradoras de atividade econ™mica, 
cuja responsabilidade ser‡ regida pelas normas do Direito Civil e do Direito 
Comercial. Por exemplo, se o Banco do Brasil causar preju’zos a terceiros, 
a sua responsabilidade n‹o ser‡ objetiva, devendo o particular comprovar 
o dolo ou culpa do agente dessa entidade (responsabilidade subjetiva). 
A norma permite ainda o direito de regresso, isto Ž, o direito de 
reaver do seu agente ou respons‡vel o que pagou ao lesado, quando aquele 
procedeu com dolo ou culpa. Para exemplificar, imagine que o Estado (ou 
uma entidade administrativa ou as delegat‡rias de servio pœblico) seja 
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obrigado a indenizar um dano causado por um agente. Posteriormente, se 
ficar comprovado que o agente agiu de maneira dolosa (com inten‹o) ou 
culposa (imper’cia, imprudncia ou negligncia), a quem realizou a 
indeniza‹o (Estado, entidade administrativa ou delegat‡rias de servio 
pœblico) caber‡ o direito de regresso contra esse agente, buscando reaver 
os valores gastos com a indeniza‹o. 
Quanto ˆ responsabilidade objetiva das pessoas jur’dicas de direito 
privado prestadoras de servio pœblico, o entendimento atual do STF Ž que 
ela alcana os usu‡rios e os n‹o usu‡rios do servio3. Nesse sentido, vale 
transcrever parte da ementa do RE 591.874/MS4: 
I - A responsabilidade civil das pessoas jur’dicas de direito privado 
prestadoras de servio pœblico Ž objetiva relativamente a terceiros usu‡rios 
e n‹o-usu‡rios do servio, segundo decorre do art. 37, ¤ 6¼, da Constitui‹o 
Federal. II - A inequ’voca presena do nexo de causalidade entre o ato 
administrativo e o dano causado ao terceiro n‹o-usu‡rio do servio pœblico, 
Ž condi‹o suficiente para estabelecer a responsabilidade objetiva da 
pessoa jur’dica de direito privado. 
Dessa forma, se o ™nibus de uma empresa que presta o servio pœblico 
de transporte municipal, por delega‹o do munic’pio, colidir com um 
ciclista, causando-lhe preju’zos, a empresa ser‡ responsabilizada 
objetivamente, ou seja, n‹o ser‡ necess‡rio comprovar dolo ou culpa do 
motorista, bastando o nexo de causalidade entre o ato administrativo e o 
dano causado ao terceiro, mesmo que o ciclista n‹o seja usu‡rio do servio. 
Vejamos com isso cai em prova. 
 
6. (Cespe - DP DF/2013) Segundo o ordenamento jurídico brasileiro, todas as 
pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado que integrem a 
administração pública responderão objetivamente pelos danos que seus agentes, 
nessa qualidade, causarem a terceiros. 
 
3 No RE 262.651-SP, 2ª Turma, o STF havia entendido que a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito 
privado prestadoras de serviço público alcançava somente os usuários do serviço, não se estendendo a outras 
pessoas que não ostentassem a condição de usuário. Todavia, esse entendimento foi superado. No RE 
459.749/PE, Pleno, o voto do Ministro Relator Joaquim Barbosa acenou para mudança desse entendimento, 
aplicando a responsabilidade objetiva também aos não usuários do serviço. Todavia, esse RE foi arquivado sem 
julgamento conclusivo, em decorrência de acordo entre as partes. Posteriormente, no RE 591.874/MS, o STF 
superou definitivamente o entendimento anterior, comprovando que a responsabilidade civil das pessoas 
jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários e não 
usuários do serviço. 
4 RE 591.874/MS. 
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Comentário: vejamos o conteúdo do art. 37, §6º, da CF: 
¤ 6¼ - As pessoas jur’dicas de direito pœblico e as de direito privado 
prestadoras de servios pœblicos responder‹o pelos danos que seus 
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de 
regresso contra o respons‡vel nos casos de dolo ou culpa. (grifos nossos) 
Portanto, no caso das pessoas jurídicas de direito privado, somente aqueles 
que prestam serviços públicos é que respondem objetivamente, ou seja, as 
empresas públicas, as sociedades de economia mista prestadoras de serviços 
públicos, assim como as delegatárias de serviço público por concessão, 
permissão ou autorização. 
As empresas públicas e as sociedades de economia mista exploradoras de 
atividade econômica não respondem objetivamente. 
Gabarito: errado. 
7. (Cespe - Adm/MIN/2013) Considere que determinado prefeito municipal, 
abusando de seu poder ao exercer suas atribuições, execute ato que cause prejuízo 
patrimonial a terceiros. Nessa situação, caberá ao município restaurar o patrimônio 
diminuído. 
Comentário: pela responsabilidade civil objetiva, é o Poder Público que possui 
o dever de indenizar, ou, nos termos do art. 37, §6º, da CF, as “pessoas 
jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços 
públicos”. Portanto, o prejuízo decorrente da atuação do prefeito deverá ser 
indenizado pelo município, que terá o direito de regresso contra o prefeito. 
Gabarito: correto. 
8. (Cespe - AnaTA/MJ/2013) Por ostentarem natureza pública, apenas as 
pessoas jurídicas de direito público responderão objetivamente pelos danos que 
seus agentes causarem a terceiros. 
Comentário: vejamos quem responde objetivamente pelos danos que seus 
agentes causarem a terceiros: 
a) a administra‹o direta, as autarquias e as funda›es pœblicas de 
direito pœblico, independentemente das atividades que realizam; 
b) as empresas pœblicas, as sociedades de economia mista, quando 
forem prestadoras de servios pœblicos; 
c) as delegat‡rias de servio pœblico (pessoas privadas que prestam 
servio pœblico por delega‹o do Estado Ð concess‹o, permiss‹o ou 
autoriza‹o de servio pœblico). 
Portanto, as pessoas jurídicas de direito privado também podem responder, 
desde que sejam prestadoras de serviço público. 
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Gabarito: errado. 
9. (Cespe - Ana/BACEN/2013) A responsabilidade civil objetiva do Estado não 
abrange as empresas públicas e sociedades de economia mistaexploradoras de 
atividade econômica. 
Comentário: exatamente! As empresas públicas e as sociedades de economia 
mista, quando exploradoras de atividade econômica, respondem na forma do 
Direito Civil e do Direito Comercial. Portanto, não respondem objetivamente. 
Gabarito: correto. 
10. (Cespe - AnaTA/CADE/2014) No direito pátrio, as empresas privadas 
delegatárias de serviço público não se submetem à regra da responsabilidade civil 
objetiva do Estado. 
Comentário: as delegatárias de serviço público, quando no exercício da 
atividade delegada (prestação de serviço público), respondem objetivamente. 
Logo, o item está errado. 
Gabarito: errado. 
Requisitos	para	a	demonstração	da	responsabilidade	do	Estado	
A responsabilidade objetiva do Estado exige a presena dos seguintes 
pressupostos: conduta, dano e nexo causal. Dessa forma, se alguŽm 
desejar obter o ressarcimento por dano causado pelo Estado, em 
decorrncia de uma a‹o comissiva, dever‡ comprovar que: (a) existiu a 
conduta de um agente pœblico agindo nessa qualidade (oficialidade da 
conduta causal); (b) que ocorreu um dano; e (c) que existe nexo de 
causalidade entre a conduta do agente pœblico e o dano sofrido, ou seja, 
que foi aquela conduta do agente estatal que gerou o dano. 
Dano	
Para que ocorra a responsabilidade civil do Estado, a pessoa dever‡ 
comprovar que sofreu algum dano Ð ou resultado. Esse dano deve afetar 
um direito juridicamente tutelado pelo Estado, ou seja, o dano deve 
ser jur’dico, e n‹o apenas econ™mico5. Portanto, a a‹o estatal deve 
infringir um direito do particular para que exista o dever de indenizar. Se 
 
5 Scatolino e Trindade, 2014, p. 817. 
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o dano sofrido n‹o representar um direito juridicamente tutelado, n‹o h‡ 
que se falar em responsabilidade estatal. 
Nesse contexto, o Prof. Celso Ant™nio Bandeira de Mello apresenta o 
exemplo da mudana de uma escola, de um museu, de um teatro, de uma 
biblioteca ou de uma reparti‹o que pode representar preju’zo para um 
comerciante do local, na medida em que subtrai toda a clientela natural 
derivada dos usu‡rios daqueles estabelecimentos transferidos. Nesse caso, 
n‹o h‡ dœvida sobre o dano patrimonial sofrido pelo particular. No entanto, 
n‹o h‡ um dano jur’dico, motivo pelo qual n‹o se fala em indeniza‹o. 
Com efeito, o dano pode decorrer de uma a‹o l’cita do Estado. 
PorŽm, quando gerar conflito de interesses ou de direitos, poder‡ gerar o 
dever de indenizar. Um exemplo de Lucas Rocha Furtado6 Ž interessante 
nesse ponto. No caso da constru‹o de uma represa que inundar‡ 
propriedades privadas, trata-se de uma a‹o l’cita do Estado Ð o que n‹o 
legitima uma a‹o para impedir a execu‹o dessa obra, haja vista ser l’cito 
ao Estado construir represas. No entanto, haver‡ clara viola‹o ao direito 
de propriedade privada, o que, aliado ao dano sofrido pelo particular com a 
destrui‹o dos bens, justifica o direito de pedir indeniza‹o. 
Portanto, no primeiro caso Ð mudana da escola e outras reparti›es Ð 
n‹o houve viola‹o a direito juridicamente tutelado; no segundo caso Ð 
constru‹o da represa que inundar‡ propriedades privadas Ð, ocorreu 
viola‹o ao direito juridicamente tutelado de propriedade. 
Com efeito, o dano a ser indenizado pode ser de natureza patrimonial 
(dano material) ou moral. Dessa forma, se uma fam’lia for humilhada 
por um agente pœblico durante o atendimento em uma reparti‹o pœblica 
ou se alguŽm for submetido a uma revista policial, de maneira vexat—ria, 
poder‡ ocorrer o dever de indenizar decorrente de dano moral. 
Vamos ver uma quest‹o sobre o tema. 
 
11. (Cespe - Analista/MPU/2013) A responsabilidade civil do Estado incide 
apenas se os danos causados forem de caráter patrimonial. 
 
6 Furtado, 2012, p. 858. 
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Comentário: a responsabilização civil do Estado pode decorrer de dano 
patrimonial (material) ou moral. Nessa esteira, vejamos os ensinamentos de 
Lucas da Rocha Furtado7: 
A possibilidade de propositura de a‹o de indeniza‹o contra o poder 
pœblico n‹o se restringe, todavia, ao dano patrimonial. ƒ pac’fico o 
entendimento de que o dano moral decorrente de conduta atribu’vel ao 
poder pœblico, que importe em viola‹o da propriedade, da intimidade, 
da honra, da imagem etc., igualmente legitimam a responsabilidade civil 
do Estado. 
Gabarito: errado. 
Conduta	
Para reclamar a indeniza‹o, o terceiro prejudicado dever‡ comprovar 
que houve a conduta de um agente pœblico agindo nessa qualidade. 
O primeiro ponto se refere ao conceito de agente pœblico, que, como 
vimos, deve ser considerado em acep‹o ampla, incluindo os agentes da 
administra‹o direta, das autarquias, das funda›es pœblicas; das 
empresas pœblicas e sociedades de economia mista, quando prestadoras de 
servio pœblico; dos delegat‡rios de servio pœblico. 
AlŽm disso, deve ser comprovado que a conduta foi praticada na 
qualidade de agente pœblico. Por essa raz‹o, alguns autores falam em 
oficialidade da conduta causal. 
Para fins de responsabilidade extracontratual do Estado, considera-se 
que a atua‹o ocorreu na qualidade de agente estatal n‹o somente no 
exerc’cio das fun›es Ð da competncia funcional do agente Ð, mas tambŽm 
fora do exerc’cio das fun›es, desde que a atua‹o decorra da qualidade de 
agente pœblico. Nesse sentido, diz-se que o Estado possui culpa in eligendo 
(culpa em escolher o agente) e culpa in vigilando (culpa em n‹o vigiar o 
agente). 
Nesse contexto, a 2» Turma do Supremo Tribunal Federal, no RE 
160.401/SP, considerou a incidncia da responsabilidade objetiva do Estado 
em decorrncia de agress‹o praticada por soldado, com a utiliza‹o de arma 
da corpora‹o militar. No caso em an‡lise, o STF ressaltou que, n‹o 
obstante fora do servio, foi na condi‹o de policial militar que o soldado foi 
corrigir as pessoas. Dessa forma, o que deve ficar assentado Ž que o 
preceito inscrito no art. 37, ¤ 6¼, da CF, n‹o exige que o agente pœblico 
 
7 Furtado, 2012, p. 858. 
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tenha agido no exerc’cio de suas fun›es, mas na qualidade de agente 
pœblico8. 
Em outro caso, porŽm, a 1» Turma do STF afastou a responsabilidade 
objetiva do Estado, em decorrncia de disparo de arma de fogo de policial, 
uma vez que o agente n‹o se encontrava na qualidade de agente pœblico9. 
A diferena para o primeiro caso foi que, nessa segunda situa‹o, o disparo 
decorreu de Òinteresse privado movido por sentimento pessoal do agente 
que mantinha relacionamento amoroso com a v’timaÓ. 
Dessa forma, o que define a responsabilidade, no caso de disparo de 
arma de fogo, n‹o Ž a origem da arma, mas a conduta na qualidade de 
agente pœblico. Na primeira hip—tese, mesmo em hor‡rio de folga e sem 
farda, o agente s— agiu por ser policial e, dessa forma, chamou a 
responsabilidade objetivado Estado. Na segunda situa‹o, por outro lado, 
a conduta decorreu inteiramente de sentimento pessoal, n‹o ocorrendo na 
qualidade de agente pœblico. 
Analisando os dois julgados mencionados acima, Lucas da Rocha 
Furtado conclui que restar‡ caracterizada a oficialidade da conduta do 
agente quando10: 
a) estiver no exerc’cio das fun›es pœblicas; 
b) ainda que n‹o esteja no exerc’cio da fun‹o pœblica, proceda como 
se estivesse a exerc-la; 
c) quando o agente tenha-se valido da qualidade de agente pœblico para 
agir. 
Por fim, outro questionamento importante se refere ˆ conduta 
praticada por agente de fato, ou seja, aquele investido na fun‹o pœblica 
irregularmente. Nesse caso, o Estado ser‡ responsabilizado objetivamente, 
desde que o Poder Pœblico tenha consentido ou, de algum modo, permita a 
atua‹o do agente de fato. 
Nesse caso, podemos mencionar o exemplo de uma grande cat‡strofe, 
em que o Estado permite que um particular auxilie o Corpo de Bombeiros 
no socorro a v’timas. Eventual conduta danosa praticada por esse 
 
8 RE 160.401/SP. 
9 RE 363.423/SP. 
10 Furtado, 2012, p. 863. 
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particular, decorrente da atividade de apoio a v’timas, poder‡ ensejar a 
responsabilidade extracontratual do Estado. 
Todavia, nas situa›es em que n‹o Ž poss’vel ao Poder Pœblico impedir 
que determinado indiv’duo se faa passar por servidor pœblico, n‹o haver‡ 
como responsabilizar o Estado por falta de nexo de causalidade11. 
Vejamos algumas quest›es. 
 
12. (Cespe - AnaTA/MJ/2013) Para configurar a responsabilidade civil do Estado, 
é irrelevante que o agente público causador do dano atue no exercício da função 
pública. Estando o agente, no momento em que tenha realizado a ação ensejadora 
do prejuízo, dentro ou fora do exercício da função pública, seu comportamento 
acarretará responsabilidade ao Estado. 
Comentário: para configurar a responsabilidade civil do Estado é necessário 
que o agente esteja no exercício da função pública ou que sua conduta pelo 
menos decorra dessa condição (atuar na qualidade de agente público). Assim, 
se um policial, em sua hora de folga, realizar um disparo de arma de fogo, 
ainda que da corporação, contra sua companheira, por causa de uma 
discussão pessoal, não se falará em responsabilidade do Estado. 
Por outro lado, se, também em sua hora de folga, o agente tentar amenizar um 
tumultuo, agindo na qualidade de agente público, e acabar ferindo particulares 
com sua arma de fogo, ocorrerá a responsabilidade objetiva do Estado. 
No primeiro caso, o policial não atuou na qualidade de agente público, mas no 
segundo sim. Logo, o exercício da função pública é relevante. 
Gabarito: errado. 
Nexo	de	causalidade	
O nexo causal ocorre quando h‡ rela‹o entre a conduta estatal 
e o dano sofrido pelo terceiro. Dessa forma, deve-se comprovar que foi 
a conduta estatal que causou o dano. 
Vamos dar um exemplo. Durante o socorro a v’timas de um acidente 
de tr‰nsito, a maca utilizada para transportar um dos feridos quebra e a 
 
11 Furtado, 2012, p. 864. 
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v’tima se choca contra o solo. Posteriormente, a pessoa vem a falecer. 
Entretanto, ficou comprovado que a queda n‹o teve rela‹o com a morte 
da pessoa, mas sim a pancada que ela sofreu na cabea no acidente de 
tr‰nsito. No caso, n‹o h‡ rela‹o entre a conduta estatal e o —bito, uma vez 
que a causa foi, na verdade, o acidente. 
Nesse contexto, ao se afirmar que a responsabilidade civil do Estado Ž 
objetiva, dispensa-se a comprova‹o do elemento subjetivo, ou seja, do 
dolo ou culpa. Entretanto, o terceiro que deseja obter indeniza‹o dever‡ 
comprovar o nexo causal. 
 
13. (Cespe - ATA/MJ/2013) Para a configuração da responsabilidade civil do 
Estado, é irrelevante licitude ou a ilicitude do ato lesivo. Embora a regra seja a de 
que os danos indenizáveis derivam de condutas contrárias ao ordenamento jurídico, 
há situações em que a administração pública atua em conformidade com o direito 
e, ainda assim, produz o dever de indenizar. 
Comentário: a licitude ou ilicitude do ato não é um dos pressupostos para a 
indenização. Nessa linha, mesmo diante da licitude, se configurado os três 
requisitos (dano, conduto e nexo causal), haverá o dever de indenizar. 
Nesse sentido, vejamos um trecho da ementa do RE 456.302-AgR/RR12: “É da 
jurisprudência do Supremo Tribunal que, para a configuração da 
responsabilidade objetiva do Estado não é necessário que o ato praticado seja 
ilícito”. 
A mesma linha é seguida no RE 113.587/SP (STF, 2ª Turma)13: 
I. A responsabilidade civil do Estado, responsabilidade objetiva, com base 
no risco administrativo, que admite pesquisa em torno da culpa do 
particular, para o fim de abrandar ou mesmo excluir a responsabilidade 
estatal, ocorre, em s’ntese, diante dos seguintes requisitos: a) do dano; 
b) da a‹o administrativa; c) e desde que haja nexo causal entre 
o dano e a a‹o administrativa. A considera‹o no sentido da 
licitude da a‹o administrativa e irrelevante, pois o que interessa, 
e isto: sofrendo o particular um preju’zo, em raz‹o da atua‹o estatal, 
regular ou irregular, no interesse da coletividade, e devida a indeniza‹o, 
que se assenta no princ’pio da igualdade dos ™nus e encargos sociais. II. 
A‹o de indeniza‹o movida por particular contra o Munic’pio, em virtude 
dos preju’zos decorrentes da constru‹o de viaduto. Procedncia da a‹o. 
(grifos nossos) 
 
12 RE 456.302 AgR/RR. 
13 RE 113.587/SP. 
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Gabarito: correto. 
14. (Cespe - Ana/CNJ/2013) No ordenamento jurídico brasileiro, a 
responsabilidade do poder público é objetiva, adotando-se a teoria do risco 
administrativo, fundada na ideia de solidariedade social, na justa repartição dos 
ônus decorrentes da prestação dos serviços públicos, exigindo-se a presença dos 
seguintes requisitos: dano, conduta administrativa e nexo causal. Admite-se 
abrandamento ou mesmo exclusão da responsabilidade objetiva, se coexistirem 
atenuantes ou excludentes que atuem sobre o nexo de causalidade. 
Comentário: no ordenamento jurídico brasileiro, aplica-se, em regra, a 
responsabilidade civil objetiva do poder público, adotando-se o risco 
administrativo. Essa teoria fundamenta-se na noção de solidariedade social 
ou de igualdade, motivo pelo qual os riscos decorrentes da atividade estatal 
devem ser compartilhados por todos. Nessa perspectiva, para que o lesado 
reclame a indenização, deverá comprovar os seguintes elementos: 
a) dano; 
b) conduta administrativa; e 
c) nexo causal entre o dano e a conduta. 
Por fim, a teoria do risco administrativo admite hipóteses atenuantes ou 
excludentes da responsabilidade, conforme observaremos no tópico seguinte 
desta aula. Portanto, a questão está correta. 
Gabarito: correto. 
15. (Cespe - Tec/MPU/2013)Considere que veículo oficial conduzido por servidor 
público, motorista de determinada autoridade pública, tenha colidido contra o 
veículo de um particular. Nesse caso, tendo o servidor atuado de forma culposa e 
provados a conduta comissiva, o nexo de causalidade e o resultado, deverá o 
Estado, de acordo com a teoria do risco administrativo, responder civil e 
objetivamente pelo dano causado ao particular. 
Comentário: novamente, a questão apresentou todos os elementos para gerar 
a responsabilidade civil objetiva do Estado, na modalidade de risco 
administrativo: conduta comissiva, nexo de causalidade e resultado (dano). 
Com efeito, a forma culposa é irrelevante para que o Estado responda 
objetivamente, mas isso não torna o item errado, pois, existindo ou não a 
forma culposa, ocorrerá a responsabilidade objetiva. 
Gabarito: correto. 
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16. (Cespe - Ana/BACEN/2013) Para que se configure a responsabilidade objetiva 
do Estado, é necessário que o ato praticado seja ilícito. 
Comentário: essa é para fixação. A responsabilidade civil pode decorrer de 
atos lícitos ou ilícitos. Portanto, a questão está errada. 
Gabarito: errado. 
Causas	excludentes	ou	atenuantes	da	responsabilidade	do	Estado	
A teoria do risco administrativo admite as seguintes hip—teses de 
exclus‹o da responsabilidade civil do Estado: 
a) caso fortuito ou fora maior; 
b) culpa exclusiva da v’tima; e 
c) fato exclusivo de terceiro. 
Cumpre frisar que essas hip—teses s‹o de exclus‹o da responsabilidade 
objetiva, mas admitem, em algumas situa›es, que o particular demonstre 
a responsabilidade subjetiva (dolo ou culpa), conforme veremos a seguir. 
Caso	fortuito	ou	força	maior	
Sem adentrarmos na diferencia‹o dessas duas situa›es, uma vez 
que h‡ grande divergncia na literatura, podemos considerar o caso fortuito 
ou a fora maior como eventos humanos ou da natureza dos quais n‹o 
se poderia prever ou evitar. Por exemplo: uma grande enchente que 
ocorreu repentinamente em um local em que esse tipo de evento nunca 
ocorreu; ou um grande terremoto fora de propor›es; ou ainda uma 
tsunami. 
Imagine, por exemplo, que uma grande enchente carregue um ve’culo 
pœblico, que veio a colidir contra uma propriedade particular. N‹o h‡ que 
se falar em responsabilidade objetiva do Estado, uma vez que o evento 
decorreu de caso fortuito ou fora maior. 
Todavia, o caso fortuito ou fora maior exclui a responsabilidade 
objetiva, mas admite a responsabiliza‹o subjetiva em decorrncia de 
omiss‹o do Poder Pœblico. 
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Para JosŽ dos Santos Carvalho Filho14, se o dano decorrer, em 
conjunto, da omiss‹o culposa do Estado e do fato imprevis’vel, teremos as 
chamadas concausas, n‹o se podendo falar, nesse caso, em excludente 
de responsabilidade. Assim, a responsabilidade do Estado n‹o ser‡ 
afastada, mas apenas atenuada. 
Portanto, a responsabilidade do Estado em consequncia de fen™menos 
da natureza Ž sempre do tipo subjetiva, necessitando a comprova‹o de 
omiss‹o culposa do Estado. 
Dessa forma, voltando ao exemplo da enchente, a v’tima dever‡ 
comprovar a omiss‹o culposa do Estado. Dever‡ demonstrar, por exemplo, 
que se a prefeitura tivesse realizado a devida manuten‹o de bueiros, os 
danos seriam inexistentes ou menores. 
Culpa	exclusiva	da	vítima	
A Administra‹o pode se eximir da responsabilidade se comprovar que 
a culpa Ž exclusiva da v’tima. Todavia, o ™nus da prova cabe ao Estado, 
que dever‡ demonstrar que foi o particular que deu causa ao dano. 
Nesse contexto, em um acidente de tr‰nsito, envolvendo um ve’culo 
oficial, se ficar demonstrado que foi o particular que lhe deu causa, ao furar 
um sinal ou ao ultrapassar em local proibido, por exemplo, o Estado ficar‡ 
isento da indeniza‹o. Da mesma forma, se um ve’culo oficial atropelar uma 
pessoa, mas ficar comprovado que ela se jogou contra o ve’culo, tambŽm 
ocorrer‡ a exclus‹o da responsabilidade civil do Estado. 
Deve-se destacar, contudo, que somente a culpa exclusiva do 
particular exclui a responsabilidade civil do Estado, sendo que a culpa 
concorrente ensejar‡, no m‡ximo, a atenua‹o dessa responsabilidade. 
Em qualquer situa‹o, porŽm, o ™nus da prova Ž da Administra‹o. 
 
Para excluir a responsabilidade civil do 
Estado, a culpa deve ser exclusiva do 
terceiro afetado. 
 
14 Carvalho Filho, 2014, p. 568. 
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Ato	exclusivo	de	terceiro	
Por fim, o ato exclusivo de terceiro tambŽm exclui a responsabilidade 
objetiva da Administra‹o. Como exemplo temos os atos de multid›es, 
que podem provocar danos ao patrim™nio de terceiros. 
Novamente, o Estado pode ser responsabilizado, mas somente de 
forma subjetiva. Assim, o particular lesado dever‡ comprovar a omiss‹o 
culposa do Estado, como ocorreria em um tumultuo, em localidade com um 
grande nœmero de policiais que, evidentemente, nada fizeram para conter 
o dano. 
Responsabilidade	por	omissão	do	Estado	
No caso de omiss‹o do Estado (faute du servisse) a 
responsabilidade ser‡ subjetiva. 
Dessa forma, Ž necess‡rio que o lesado comprove a omiss‹o do Estado, 
que deixou de agir quando tinha obriga‹o. Entretanto, h‡ que se destacar 
que essa deve ser uma omiss‹o il’cita, ilegal, uma verdadeira falta de 
servio, isto Ž, o servio n‹o existiu, ou funcionou mal ou funcionou 
atrasado. 
A doutrina defende que a responsabilidade civil 
do Estado por omiss‹o Ž subjetiva. 
Contudo, Maral Justen Filho diferencia a 
omiss‹o genŽrica (impr—pria) da omiss‹o espec’fica (pr—pria). 
Esta ocorre quando h‡ uma determina‹o jur’dica de realizar a conduta, 
mas o Estado se omitiu de faz-la. Nessas circunst‰ncias, como ocorreu 
diretamente uma viola‹o ao que a lei determinou ao Estado, os efeitos 
ser‹o os mesmos da responsabilidade por ato comissivo. 
Por exemplo, quando a lei determina que o Estado exija a apresenta‹o 
de testes e exames para que seja deferido o registro de um medicamento, 
mas o registro foi deferido sem a apresenta‹o desses requisitos, ocorreu 
uma viola‹o pr—pria, pois existia um dever espec’fico de exigi-los. Nesse 
caso, o efeito da omiss‹o Ž o mesmo do ato comissivo. Logo, a 
responsabilidade do Estado ser‡ objetiva. 
Por outro lado, sabemos que o Estado tem o dever de fiscalizar a 
velocidade dos ve’culos em rodovias pœblicas. Caso ocorra um acidente 
de tr‰nsito, constatando-se que o motorista conduzia o ve’culo acima da 
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velocidade permitida, pode-se alegar a omiss‹o do Estado, contudo de 
forma genŽrica. Isso porque o Estado possui um dever genŽrico de 
fiscalizar as vias, mas n‹o h‡ determina‹o de fiscalizartodos os ve’culos 
que trafegam nas vias pœblicas (isso seria totalmente imposs’vel). 
Da mesma forma, a realiza‹o de obras para amenizar efeitos de 
enchentes n‹o se insere no dever espec’fico, pois cabe ˆs autoridades 
pœblicas quais pol’ticas pœblicas ser‹o realizadas em cada momento. 
Assim, o dever de realizar obras preventivas Ž genŽrico, n‹o se podendo 
alegar, em regra, a responsabilidade objetiva. 
Assim, nos dois œltimos exemplos, o Estado descumpriu um dever 
genŽrico (fiscalizar a velocidade de ve’culos em rodovias; realizar obras 
preventivas). Logo, a responsabilidade civil ser‡ subjetiva. 
 
 
A responsabilidade civil por omiss‹o Ž 
objetiva quando a omiss‹o Ž pr—pria e 
subjetiva quando a omiss‹o Ž impr—pria. 
De agora em diante, vamos falar apenas da omiss‹o impr—pria, sem 
necessidade de especific‡-la. Em regra, as quest›es n‹o ir‹o especificar se 
a omiss‹o Ž pr—pria ou impr—pria, pressupondo-se que se trata sempre de 
omiss‹o impr—pria. Portanto, se na quest‹o aparecer apenas 
Òresponsabilidade por omiss‹o do EstadoÓ, considere que a 
responsabilidade Ž subjetiva. 
Nessa esteira, pode-se dizer que a responsabilidade do Estado em 
decorrncia de omiss‹o fundamenta-se na teoria da culpa 
administrativa (culpa do servio, culpa an™nima ou faute du servisse). 
Os exemplos mais comuns de aplica‹o da responsabilidade subjetiva 
ocorrem nos atos de multid›es, de terceiros ou decorrentes de 
fen™menos da natureza, inclusive aqueles classificados como de fora 
maior. Nesses casos, caber‡ ao lesado comprovar que a atua‹o normal, 
ordin‡ria, do Estado seria suficiente para afastar o dano por ele sofrido. 
Deve, portanto, demonstrar uma omiss‹o culposa da Administra‹o 
Pœblica. 
Por exemplo, se um evento da natureza, totalmente imprevis’vel, 
derrubar uma ponte, constru’da dentro das especifica›es para as 
condi›es clim‡ticas do local e com a devida manuten‹o em dia, n‹o h‡ 
que se falar em omiss‹o do Poder Pœblico. N‹o se pode esperar, por 
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exemplo, que o Estado construa uma ponte que suporte um terremoto, em 
um local onde esse tipo de incidente nunca ocorreu. 
Por outro lado, no caso de uma enchente, se ficar demonstrado que 
todos os bueiros da cidade estavam entupidos, por falta de manuten‹o, e 
que isso gerou o alagamento, poder‡ o Poder Pœblico ser responsabilizado 
pelos danos. Nesse caso, porŽm, a responsabilidade Ž subjetiva, pois h‡ 
que ser demonstrada a omiss‹o ilegal do Estado. Se, por outro lado, todos 
os bueiros estavam limpos e em perfeitas condi›es, e mesmo assim a 
enchente causar danos aos particulares, n‹o se pode atribuir culpa ao 
Estado por omiss‹o, uma vez que suas obriga›es foram devidamente 
cumpridas, decorrendo o preju’zo exclusivamente do fen™meno da 
natureza. 
Nesse contexto, Ž interessante transcrever o RE 179.147/SP, em que 
o STF demonstra a diferencia‹o entre a responsabilidade objetiva por ato 
comissivo e a responsabilidade subjetiva em decorrncia de omiss‹o do 
Poder Pœblico15: 
I. - A responsabilidade civil das pessoas jur’dicas de direito pœblico e das 
pessoas jur’dicas de direito privado prestadoras de servio pœblico, 
responsabilidade objetiva, com base no risco administrativo, ocorre 
diante dos seguintes requisitos: a) do dano; b) da a‹o administrativa; 
c) e desde que haja nexo causal entre o dano e a a‹o 
administrativa. II. - Essa responsabilidade objetiva, com base no risco 
administrativo, admite pesquisa em torno da culpa da v’tima, para o fim de 
abrandar ou mesmo excluir a responsabilidade da pessoa jur’dica de direito 
pœblico ou da pessoa jur’dica de direito privado prestadora de servio 
pœblico. III. - Tratando-se de ato omissivo do poder pœblico, a 
responsabilidade civil por tal ato Ž subjetiva, pelo que exige dolo ou 
culpa, numa de suas trs vertentes, negligncia, imper’cia ou imprudncia, 
n‹o sendo, entretanto, necess‡rio individualiz‡-la, dado que pode ser 
atribu’da ao servio pœblico, de forma genŽrica, a faute de service dos 
franceses. 
Com efeito, como bem se observa do precedente acima, n‹o h‡ 
necessidade de se individualizar a omiss‹o culposa, pois Ž aplic‡vel a teoria 
da culpa administrativa (culpa an™nima), bastando que se comprove, 
genericamente, a culpa do servio pœblico. 
 
17. (Cespe - AJ/TRT 10/2013) Todos os anos, na estação chuvosa, a região 
metropolitana de determinado município é acometida por inundações, o que causa 
 
15 RE 179.147/SP. 
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graves prejuízos a seus moradores. Estudos no local demonstraram que os fatores 
preponderantes causadores das enchentes são o sistema deficiente de captação 
de águas pluviais e o acúmulo de lixo nas vias públicas. 
Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente. 
De acordo com a jurisprudência e a doutrina dominante, na hipótese em pauta, caso 
haja danos a algum cidadão e reste provada conduta omissiva por parte do Estado, 
a responsabilidade deste será subjetiva. 
Comentário: no caso de omissão do Estado, a responsabilidade será 
subjetiva, ou seja, o lesado deverá comprovar a omissão culposa do poder 
público, aplicando-se a chamada teoria da culpa administrativa, também 
conhecida como culpa do serviço ou culpa anônima (faute du servisse). Este 
é o entendimento majoritário da doutrina e da jurisprudência. 
Gabarito: correto. 
18. (Cespe - Adm/MIN/2013) O caso fortuito e a força maior não possibilitam a 
exclusão da responsabilidade do poder público, visto ser objetiva a responsabilidade 
do Estado. 
Comentário: o caso fortuito ou força maior, genericamente denominados de 
“eventos imprevisíveis”, representam hipótese de excludente de 
responsabilidade do poder público. Portanto, o item está errado. 
Lembrando, porém, que, nesses casos, poderá existir as denominas 
concausas, ou seja, o dano decorreu simultaneamente do caso imprevisível e 
de uma omissão culposa do Estado. Nessa situação, teremos a 
responsabilidade subjetiva, sendo que o dever de indenizar será atenuado. 
Gabarito: errado. 
O	Estado	como	“garante”	
A posi‹o de garante ocorre quando alguŽm assume o dever de guarda 
ou prote‹o de alguŽm. No Poder Pœblico, aplica-se quando h‡ o dever de 
zelar pela integridade de pessoas ou coisas sob a guarda ou cust—dia do 
Estado. Nessa linha, podemos mencionar como exemplos a guarda de 
presos ou o dever de cuidado sobre os alunos em uma escola pœblica. 
Nessas situa›es, a responsabilidade Ž objetiva, com base na teoria 
do risco administrativo, mesmo que o dano n‹o decorra de uma atua‹o de 
qualquer agente. Presume-se, portanto, uma omiss‹o culposa do Estado. 
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Isso porque existia o dever de garantir a integridade das pessoas ou coisas 
sob cust—dia da Administra‹o. 
 
Quando o Estado atua como garante, sua 
responsabilidade Ž objetiva. 
Dessa forma, a responsabilidade subjetiva por omiss‹o ocorre 
como regra, mas admite a forma objetivano caso em que o Estado 
atue como garante. 
ƒ exemplo o caso de um aluno de escola pœblica que, dentro das 
dependncias da institui‹o e durante o seu hor‡rio normal de 
funcionamento, vier a sofrer les›es em decorrncia de agress‹o de outro 
aluno ou de qualquer pessoa que n‹o seja do quadro funcional da escola. 
Nesse caso, a les‹o n‹o decorreu de a‹o de agente estatal, mas existir‡ a 
responsabilidade civil objetiva, na modalidade de risco administrativo, uma 
vez que a institui‹o tinha o dever de manter a integridade f’sica do aluno. 
Situa‹o semelhante ocorrer‡ com o preso que, dentro da 
penitenci‡ria, sofrer les›es durante uma briga com outros detentos. Mesmo 
n‹o existindo envolvimento de agente pœblico, o Estado possu’a o dever de 
prover os meios para garantir a integridade do preso, gerando a 
responsabilidade civil objetiva. 
Ademais, aplica-se o risco administrativo, ou seja, Ž poss’vel que o 
Estado comprove que era imposs’vel evitar o dano, como numa situa‹o 
decorrente de fora maior. 
 
19. (Cespe – ACE/TC-DF/2012) A responsabilidade do Estado por danos causados 
por fenômenos da natureza é do tipo subjetiva. 
Comentário: a responsabilidade do Estado em decorrência de fenômenos da 
natureza é sempre do tipo subjetiva, uma vez que caberá ao particular 
comprovar a omissão culposa do Estado. 
Gabarito: correto. 
20. (Cespe - ACE/TCE RO/2013) É objetiva a responsabilidade da administração 
pública pelos danos causados por fenômenos da natureza. 
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Comentário: agora ficou de graça! A responsabilidade do Estado pelos danos 
causados por fenômenos da natureza é subjetiva. 
Gabarito: errado. 
21. (Cespe - AJ/TRT 10/2013) Todos os anos, na estação chuvosa, a região 
metropolitana de determinado município é acometida por inundações, o que causa 
graves prejuízos a seus moradores. Estudos no local demonstraram que os fatores 
preponderantes causadores das enchentes são o sistema deficiente de captação 
de águas pluviais e o acúmulo de lixo nas vias públicas. 
Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente. 
Caso algum cidadão pretenda ser ressarcido de prejuízos sofridos, poderá propor 
ação contra o Estado ou, se preferir, diretamente contra o agente público 
responsável, visto que a responsabilidade civil na situação hipotética em apreço é 
solidária. 
Comentário: o cidadão prejudicado deverá interpor ação contra o Estado, 
somente. Dessa forma, não se admite que ele mova ação direta ou 
simultaneamente contra o agente público. 
Caberá ao poder público, se condenado a indenizar, verificar se houve dolo 
ou culpa do agente e, se for o caso, mover a ação de regresso. Por 
conseguinte, o item está errado. 
Gabarito: errado. 
Reparação	do	dano	–	Estado	indenizando	o	terceiro	lesado	
A repara‹o do dano poder‡ ocorrer de forma amig‡vel ou por meio de 
a‹o judicial movida pelo terceiro prejudicado contra a pessoa jur’dica de 
direito pœblico ou de direito privado prestadora de servio pœblico. Dessa 
forma, o particular lesionado deve propor a a‹o contra a Administra‹o 
Pœblica e n‹o contra o agente causador do dano. 
Nesse contexto, se Fulano de Tal, servidor pœblico da Uni‹o, causar um 
dano a terceiro, agindo na qualidade de agente pœblico, a a‹o dever‡ ser 
movida contra a Uni‹o, e n‹o contra Fulano de Tal. 
 
A a‹o de indeniza‹o Ž movida contra a 
pessoa jur’dica de direito pœblico ou de 
direito privado prestadora de servio 
pœblico. 
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Dessa forma, o entendimento atual na jurisprudncia Ž de que n‹o Ž 
cab’vel a‹o direta contra o agente pœblico, conforme podemos perceber 
pela leitura do RE 327.904/SP do STF16: 
O ¤ 6¼ do artigo 37 da Magna Carta autoriza a proposi‹o de que somente 
as pessoas jur’dicas de direito pœblico, ou as pessoas jur’dicas de direito 
privado que prestem servios pœblicos, Ž que poder‹o responder, 
objetivamente, pela repara‹o de danos a terceiros. Isto por ato ou omiss‹o 
dos respectivos agentes, agindo estes na qualidade de agentes pœblicos, e 
n‹o como pessoas comuns. Esse mesmo dispositivo constitucional 
consagra, ainda, dupla garantia: uma, em favor do particular, 
possibilitando-lhe a‹o indenizat—ria contra a pessoa jur’dica de direito 
pœblico, ou de direito privado que preste servio pœblico, dado que bem 
maior, praticamente certa, a possibilidade de pagamento do dano 
objetivamente sofrido. Outra garantia, no entanto, em prol do servidor 
estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante 
a pessoa jur’dica a cujo quadro funcional se vincular. Recurso 
extraordin‡rio a que se nega provimento. (grifos nossos) 
Dessa forma, o particular n‹o pode mover a‹o de indeniza‹o contra 
o agente pœblico, nem mesmo se for simultaneamente, em litiscons—rcio, 
com a pessoa jur’dica. 
Por fim, o valor da indeniza‹o deve abranger o que a v’tima 
efetivamente perdeu e o que gastou para obter o ressarcimento Ð por 
exemplo, os valores com advogado Ð, bem como o que deixou de ganhar 
em consequncia direta do ato lesivo causado pelo agente Ð os 
denominados lucros cessantes17. 
Dessa forma, se um ve’culo oficial colidir contra um taxista, danificando 
totalmente o ve’culo de trabalho deste, a indeniza‹o dever‡ cobrir o 
preju’zo material (como o custo de repara‹o do ve’culo), os gastos 
realizados para obter o direito (como os custos do advogado), bem como 
os meses em que o taxista ficar impossibilitado de trabalhar. Se houver 
eventual morte da v’tima, a indeniza‹o dever‡ cobrir tambŽm os custos 
de sepultamento, bem como a presta‹o aliment’cia devida pela a quem o 
falecido devia, durante o per’odo apurado de expectativa de vida. 
Direito	de	regresso	
Analisando o ¤6¼, art. 37, da CF, podemos perceber que existem dois 
tipos de responsabilidade: 
 
16 RE 327904/SP. 
17 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 778.. 
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a) a responsabilidade objetiva do Estado perante os terceiros 
lesados; 
b) a responsabilidade subjetiva dos agentes causadores de dano, 
amparando o direito de regresso do Estado, nos casos de dolo ou 
culpa. 
No primeiro caso, temos a responsabilidade civil do Estado, conforme 
estudamos ao longo da aula. Entretanto, se ficar comprovado dolo ou culpa 
do agente causador do dano, assegura-se o direito de regresso do Estado 
perante esse agente, ou seja, a Administra‹o Pœblica poder‡ reaver os 
custos da indeniza‹o do dano. 
Dessa forma, podemos fazer o seguinte esquema sobre as a›es de 
ressarcimento: 
 
AlŽm da necessidade de comprovar o dolo ou culpa do agente pœblico, 
o Estado Ð ou delegat‡ria de servio pœblico Ð dever‡ ter sido condenado 
ao ressarcimento do dano. Nessa linha, existem dois pressupostos para a 
Administra‹o ingressar com a a‹o regressiva18: 
a) ter sido condenada a indenizar a v’tima pelo dano; e 
b) que tenha havido culpa ou dolo por parte do agente cuja atua‹o 
ocasionou o dano. 
MarceloAlexandrino e Vicente Paulo 
destacam quatro aspectos sobre a a‹o 
regressiva19: 
a) a obriga‹o de ressarcir a Administra‹o Pœblica (ou delegat‡ria de 
servios pœblicos), em a‹o regressiva, por ser uma a‹o de natureza 
c’vel, transmite-se aos sucessores do agente que tenha atuado 
com dolo ou culpa, porŽm atŽ o limite do valor do patrim™nio 
transferido (CF, art. 5¼, XLV) Ð assim, mesmo ap—s a morte do agente, 
os seus sucessores podem ser chamados a responder pelo valor da 
indeniza‹o; 
 
18 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 780. 
19 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 780-781. 
Terceiro 
lesado 
Resp. 
objetiva Estado 
Resp. 
subjetiva 
Agente 
(dolo ou culpa) 
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b) pelo mesmo motivo Ð ter natureza c’vel -, pode a a‹o regressiva ser 
ajuizada mesmo depois de ter sido alterado ou extinto o v’nculo 
entre o servidor e a Administra‹o Pœblica; assim, nada impede que o 
agente respons‡vel, ainda que tenha pedido exonera‹o, esteja 
aposentado, ou em disponibilidade, seja responsabilizado pelo 
ressarcimento em a‹o de regresso; 
c) as a›es de ressarcimento ao er‡rio movidas pelo Estado contra 
agentes, servidores ou n‹o, que tenham praticado il’citos dos quais 
decorram preju’zos aos cofres pœblicos s‹o imprescrit’veis; destaca-
se que somente a a‹o de ressarcimento Ž imprescrit’vel, mas o il’cito 
n‹o; 
d) Ž inaplic‡vel a denuncia‹o da lide pela Administra‹o e seus 
agentes. 
Sobre este œltimo ponto, h‡ not—ria contradi‹o na doutrina, porŽm o 
posicionamento dominante Ž o que se demonstrou acima. Na 
jurisprudncia, por outro lado, vem se desenvolvendo o entendimento de 
que a denuncia‹o da lide n‹o Ž obrigat—ria, porŽm poder‡ ser feita 
em determinadas situa›es. 
A denuncia‹o da lide est‡ regulada no art. 70, III, do CPC, nos 
seguintes termos: ÒA denuncia‹o da lide Ž obrigat—ria: [...] III - ˆquele 
que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em a‹o 
regressiva, o preju’zo do que perder a demandaÓ. Trata-se, portanto, de 
uma interven‹o de terceiros, no processo civil, por meio da qual o rŽu (no 
caso o Estado) busca garantir, caso seja condenado, que ser‡ ressarcido 
pelo denunciado (o agente que atuou com dolo ou culpa), em virtude do 
direito de regresso. 
Dessa forma, j‡ na primeira a‹o Ð ou seja, na a‹o movida pelo 
terceiro lesado em face do Estado Ð a Administra‹o buscaria demonstrar 
que o agente agiu com dolo ou culpa, garantindo o seu direito de regresso. 
Essa medida poderia retardar sobremaneira a indeniza‹o do 
particular, uma vez que, alŽm de discutir a responsabilidade objetiva do 
Estado perante o particular, tambŽm se discutiria a responsabilidade 
subjetiva do agente pœblico, na mesma a‹o. Por esse motivo, tal medida 
Ž contestada pela doutrina. 
Com efeito, o STJ, no EREsp 313.886/RN, n‹o Ž obrigat—ria e, 
portanto, n‹o est‡ obrigado o julgador a process‡-la, se concluir que a 
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tramita‹o de duas a›es em uma s— onerar‡ em demasia uma das partes, 
ferindo os princ’pios da economia e da celeridade na presta‹o jurisdicional. 
Por conseguinte, a Corte manteve decis‹o que indeferiu a 
denuncia‹o20. Na mesma linha, no AgRg no AREsp 139.358/SP, o STJ 
confirmou novamente que Òa denuncia‹o da lide ao agente causador 
do suposto dano Ž facultativa, cabendo ao magistrado avaliar se o 
ingresso do terceiro ocasionar‡ preju’zo ˆ economia e celeridade 
processuaisÓ. 
Em resumo, podemos concluir, de forma um pouco diferente do que 
consta na doutrina, que a denuncia‹o da lide Ž cab’vel, mas o 
magistrado dever‡ analisar se o ingresso do terceiro n‹o 
prejudicar‡ a economia e a celeridade processual. 
Por fim, especialmente para os servidores estatut‡rios federais, a Lei 
8.112/1992 estabelece que (art. 122, ¤2¼) ÒTratando-se de dano causado 
a terceiros, responder‡ o servidor perante a Fazenda Pœblica, em a‹o 
regressivaÓ, demonstrando que, em regra, n‹o ocorrer‡ a denuncia‹o da 
lide, pois o servidor pœblico dever‡ responder por meio de a‹o de regresso. 
Outro ponto relevante Ž que mover a a‹o regressiva Ž uma obriga‹o 
do Estado, em decorrncia do princ’pio da indisponibilidade do interesse 
pœblico. No caso espec’fico do Governo Federal, a Lei 4.619/1965 determina 
que os Procuradores Repœblica s‹o obrigados a propor as competentes 
a›es regressivas, que dever‹o ser movidas no prazo de sessenta dias a 
partir da data em que transitar em julgado a condena‹o imposta ˆ 
Fazenda. O decurso desse prazo n‹o causa extin‹o do direito de regresso 
(uma vez que as a›es de ressarcimento do Estado s‹o imprescrit’veis), 
mas poder‡ gerar a responsabiliza‹o funcional do agente que deveria 
prop™-la. 
 
22. (Cespe - Ag Adm/SUFRAMA/2014) Um veículo da SUFRAMA, conduzido por 
um servidor do órgão, derrapou, invadiu a pista contrária e colidiu com o veículo de 
um particular. O acidente resultou em danos a ambos os veículos e lesões graves 
no motorista do veículo particular. 
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item que se segue. 
 
20 EREsp 313.886/RN. 
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Provado que o motorista da SUFRAMA não agiu com dolo ou culpa, a 
superintendência não estará obrigada a indenizar todos os danos sofridos pelo 
condutor do veículo particular. 
Comentário: como se trata de responsabilidade civil objetiva, não importa se 
houve dano ou culpa, a Suframa terá o dever de indenizar todos os danos 
sofridos pelo condutor do veículo particular. Nesse caso, a única coisa que a 
Suframa não poderá fazer é mover a ação regressiva contra o seu agente. 
Em resumo: a responsabilidade do Poder Público independe de dolo ou culpa 
(nos atos comissivos); a ação regressiva – o direito do Estado de reaver os 
recursos gastos com a indenização – depende da comprovação de dolo ou 
culpa do agente. 
Gabarito: errado. 
23. (Cespe - Ana/BACEN/2013) Os efeitos da ação regressiva movida pelo Estado 
contra o agente que causou o dano transmitem-se aos herdeiros e sucessores, até 
o limite da herança, em caso de morte do agente. 
Comentário: no caso de morte do agente, os efeitos da ação regressiva 
persistem contra os herdeiros e sucessores, até o limite do valor do 
patrimônio transferido (herança). Aquilo que exceder ao valor da herança não 
poderá ser exigido, por força do art. 5º, XLV, da CF. De qualquer forma, o item 
está correto. 
Gabarito: correto. 
24. (Cespe - ATA/MDIC/2014) Considere que o motorista de um veículo oficial de 
determinado ministério, ao trafegar em velocidade acima do limite legal, tenha 
colidido contra um veículo de particular que estava devidamente estacionado. 
Nessa situação, embora o Estado seja obrigado a indenizar o dano, somente haverá 
o direito de regresso do Estado caso se comprove o dolo específico na conduta do 
servidor. 
Comentário: o direito de regresso pode ocorrer em caso de dolo ou culpa.

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