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Fundamentos gestão hospitalar

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FUNDAMENTOS DA GESTAO HOSPITALAR - MÓDULO 01 
Aula 1: Definição de um sistema de saúde 
Compreender um sistema de saúde envolve, antes de tudo, entender como a saúde se relaciona com o sistema 
social em que estamos inseridos. A percepção de saúde do individuo remete ao afastamento de uma pseudo 
normalidade. Reconhecemos saúde, em um primeiro momento, como ausência de doença. De uma forma mais 
refinada, podemos perceber saúde como: aumento de tempo de vida associando a um parâmetro qualitativo 
consensual em sociedade. 
Conceituar sistema de saúde envolve, assim, conceituar o que é saúde para o indivíduo. 
01 - Podemos, inicialmente, inferir que saúde não é um bem, no sentido de troca, mas um estado percebido de 
forma relacional ao grupo que estamos inseridos. 
02- Como sociedade, ainda podemos expandir essa noção para a dimensão de um direito do individuo em 
sociedade, o que possui desdobramentos a serem estudados em varias disciplinas ao longo do curso. 
Podemos então começar nossa visão com esta questão: O QUE É SAÚDE? 
Conceito de um sistema de saúde 
Como vimos até aqui, o conceito do que é saúde apresenta nuances e divergências entre diversos atores que 
participam do cenário mundial de saúde. Dessa forma a busca de um conceito do que deveria ser um sistema de 
saúde já é carreada de dificuldades inerentes ao próprio conceito. Vejamos alguns conceitos de Sistemas de Saúde 
aceitos como tal pela maioria das organizações de saúde: 
Esses conceitos representam a visão tradicional e normativa em vigor, mas a amplitude da ideia de um sistema de 
saúde é bem maior e pode ser representada por novas ideias de gestão em saúde que abordam outras dimensões. 
Considerar os sistemas que integram cuidados informais, a família, grupo sociais relacionados, às vezes é mais 
importante para o indivíduo do que os próprios sistemas de saúde oficiais. Incorporar essas ideias em nossas 
organizações é um caminho para ampliar a percepção em saúde e permitir novas formas de interação que 
possibilitem ganhos para todos. 
Modelos de escolhas estratégicas em saúde 
Argumenta-se muito que o ambiente pode ser mudado e manipulado por quem detém o poder (aqui podendo ser 
entendido o ator político envolvido na elaboração da política pública de saúde), o que evidencia a possibilidade de 
escolha estratégica. 
O ambiente que cerca a organização apresenta ameaças e oportunidades que evidenciam os parâmetros da escolha. 
Por outro lado, o próprio entendimento do limite ambiental afeta a extensão em que os atores acreditam ter para 
escolher entre as alternativas que se apresentam. 
Os diversos atores possuem autonomia limitada, mas podem tomar iniciativas externas, como entrar ou sair de 
ambientes, ou fazer rearranjos adaptativos na própria organização. 
Ou seja, a escolha estratégica é uma opção feita por um ator que detém poder em um contexto sistêmico e que 
escolhe entre as diversas alternativas estratégicas apresentadas em um determinado contexto e momento. 
Implicações para as organizações de saúde das definições de sistema de saúde e das escolhas estratégicas envolvidas 
1. Quando estamos inseridos em um modelo, muitas vezes não percebemos quanto estamos atrelados às 
decisões que motivaram a criação desse modelo. 
2. Perceber o que é decorrência das escolhas estratégicas efetuadas e que não estão sob o controle da nossa 
organização é essencial para o gestor se planejar e confrontar ameaças ou oportunidades decorrentes 
dessas escolhas. 
3. Modelar a gestão de forma a aproveitar ao máximo as escolhas estratégicas que favorecem nossa gestão e 
nossa organização é uma forma de buscar a eficiência na utilização dos recursos disponíveis. 
4. Na grande maioria das situações, o gestor não terá poder de, efetivamente, realizar as grandes escolhas 
estratégicas de um sistema de saúde, mas, sim, efetuar escolhas operacionais em seu planejamento local de 
sua organização. 
Modelos de escolhas estratégicas em saúde 
Um relacionado ao planejamento operacional da organização de saúde: envolve uma metodologia de análise 
ambiental e estabelecimento de ações de gestão visando alcançar resultados (objetivos) organizacionais. Outro 
envolvendo o desdobramento de políticas públicas em saúde iniciado pelos atores que efetuam as escolhas 
estratégicas de sistemas de saúde em âmbito nacional e global, onde os programas/ações vão atingir 
simultaneamente diversas organizações que convivem no ambiente. 
Aula 2: História das organizações hospitalares 
Quando pensamos em organização hospitalar, pensamos imediatamente na sua estrutura. O conceito de hospital 
contemporâneo nos remete a espaço físico, limitado geograficamente, denso em pessoas e tecnologia. Não demora 
muito a associarmos o conceito à indústria. A ideia de um processo de transformação onde entram doentes e saem 
curados é assustadoramente tentador. 
Perceber que nem sempre o homem olhou para o espaço de saúde dessa forma é um caminho para a construção de 
alternativas flexíveis, que permitam que a estrutura se molde ao conceito de saúde e não o contrário. Ao longo desta 
aula, vamos desdobrar conhecimento histórico que se alinha com a ideia conceitual de saúde como algo em 
transformação e, com isso, nos permitir a quebra do paradigma estrutural abrindo a gestão para novos modelos e 
relações estruturais em saúde 
Os dados existentes não nos permitem precisar na linha do tempo onde as primeiras referências reais se confundem 
com interpretações equivocadas. Como abordamos na aula anterior, o próprio conceito de saúde se mostra variável 
na linha do tempo próximo, o que podemos dizer de um “serviço de saúde” ou de uma “organização de saúde”? O 
QUE É UM HOSPITAL? 
O que é um hospital? 
Esta questão será fundamental nas aulas seguintes pois ao falarmos de gestão hospitalar, o conceito de hospital 
deve ser mais amplo do que aquele que estamos acostumados a perceber. Historicamente, este termo – “Hospital” é 
relativamente recente e não reflete a cultura nem história da ação em saúde. Mudanças de cultura, perda de 
conhecimento e a própria distância no tempo fazem com que muitas vezes seja até difícil traduzir o que uma 
determinada cultura considerava “ação em saúde”. Perceber ao longo da história que sob diversas óticas a busca da 
saúde se materializa em modelos de organizações que embora distintos buscam algo em comum: a saúde! Assim, 
desdobraremos breves relatos sobre algumas dessas percepções. 
Dificilmente encontramos, na Antiguidade, a denominação de um local específico, onde pessoas doentes fossem 
aceitas para permanência e tratamento. Provavelmente porque não compartilhavam com nossos conceitos. 
Um caminho interessante e seguido por diversos autores/pesquisadores é a busca pela etimologia das palavras. A 
palavra hospital origina-se do latim hospitalis, que significa "ser hospitaleiro", acolhedor, adjetivo derivado de 
hospes, que se refere a hóspede, estrangeiro, conviva, viajante, aquele que dá agasalho, que hospeda. > Esse 
conceito já se apresenta de forma bem recente no contexto de evolução da civilização e não reside há mais de 2.000 
anos de nossa era. 
Na antiguidade “...Ainda assim, os termos "hospital" e "hospedale" relacionavam-se com o grego e tinham a mesma 
 concepção de “nosocomium”, lugar dos doentes, asilo dos enfermos e “nosodochium”, que significa recepção de 
doentes. 
Podemos encontrar, na história, outros vocábulos que salientam os demais aspectos assistenciais: 
gynetrophyum = hospital para mulheres. 
ptochodochium, potochotrophium = asilo para pobres. 
poedotrophium = asilo para crianças. 
gerontokomium = asilo para velhos. 
xenodochium, xenotrophium = silo e refúgio para viajantes e estrangeiros. 
arginaria = asilo para os incuráveis. 
orphanotrophium= orfanato. 
hospitium = lugar onde hóspedes eram recebidos. 
asylum = abrigo ou algum tipo de assistência aos loucos. 
Da palavra "hospitium" derivou hospício, que designava os estabelecimentos que recebiam ou eram ocupados 
permanentemente por enfermos pobres, incuráveis ou insanos. As casas reservadas para tratamento temporário 
dos doentes eram denominadas "hospital" e hotel, o lugar que recebia pessoas "não doentes"...(LISBOA – 2006) 
Na antiguidade Dessa forma, podemos buscar evidências das organizações de saúde de uma forma mais aberta e 
ampla em civilizações anteriores aos romanos e gregos buscando a similaridade etimológica. 
Vários relatos bibliográficos indicam registros do exercício da prática médica na civilização assírio-babilônica. 
Especificamente, o Código de Hamurabi (2.250 anos a.C) possuía trechos que regulamentavam atos médicos, mas 
não fazia referência ao local onde eles eram realizados. 
Na antiguidade Novamente no relato, o local e a instalação não são detalhados. A questão pode, apenas, indicar que 
o valor do indivíduo, do profissional sobrepujava de tal forma a estrutura que o que realmente importava era ele e 
não onde ele atuava. 
"Os doentes eram conduzidos ao mercado, porque não existiam médicos. Os que passavam pelo doente 
interpelavam-no com o intuito de verificar se eles próprios tinham sofrido o mesmo mal ou sabiam de outros que o 
tivessem tido. Podiam, assim, propor o tratamento que lhes fora eficaz ou eficaz na cura de pessoas de suas 
relações. E não era permitido passar pelo doente em silêncio. Todos deviam indagar a causa de sua 
moléstia".(Heródoto apud Campos, 1944:10) 
No trecho acima, também de Heródoto, o local é citado de forma ampla como o Mercado. A referência aponta para 
uma localização genérica de referência aonde as pessoas iam. 
Curiosamente, encontramos farto material arqueológico relacionado à civilização Egípcia. No reino dos Faraós, a 
atividade de saúde era intensamente documentada, mas também sem a definição precisa do espaço físico. espaço 
físico. Escritos em papiros, compêndios médicos, classificação de doenças, descrições de intervenções cirúrgicas e 
uma abundante farmacopéia, com a catalogação - e respectivos empregos - de mais de 700 drogas, fascinam os 
estudiosos, sem falar das técnicas de preservação de cadáveres - mumificação - que ainda hoje admiramos. 
Os primeiros sinais de estruturas hospitalares 
“Em ordem cronológica, vários autores indicam a existência de hospitais: anexos aos mosteiros budistas, em 543 a.C. 
(Puech); existentes no Ceilão, entre os anos 437 e 137 a.C. (Garrison); vários hospitais mantidos em diferentes 
lugares, "providos de dieta conveniente e de medicamentos para os enfermos, preparados por médicos", por Dutha 
Gamoni, em 161 a.C (Robinson); 18 hospitais, providos pelo rei Gamari, no Ceilão, em 61 a.C. (Puech).Da mesma 
forma, aparecem as primeiras referências a enfermeiros (geralmente estudantes de medicina): eles deveriam ter 
"asseio, habilidade, inteligência, conhecimento da arte culinária e de preparo de medicamentos. Moralmente 
deveriam ser puros, dedicados, cooperadores" (Paixão, 1960:13). Na Índia existiam ainda hospitais reservados ao 
tratamento de animais. Dentre os médicos hindus sobressaem-se Chakara (primeiro século da era cristã), que se 
especializou no uso de drogas anestésicas e é autor de uma enciclopédia médica; e Susrata, cirurgiã, que realizava 
operações de hérnias, cataratas e cesáreas.” 
Em período correlato, temos os preceitos Hebreus que, se não tratavam de estruturas hospitalares, abordavam 
preceitos de higiene, aplicados não apenas ao indivíduo e à família, mas a toda a coletividade. As prescrições mais 
conhecidas referem-se ao contato com cadáveres, às mulheres durante a menstruação, à gravidez e ao puerpério, às 
doenças de pele, às doenças contagiosas e aos leprosos. 
Graças a uma melhor estruturação social, no Império Grego a saúde é vista de uma forma mais ampla e não tão 
secundária como no Egito, é dai que surge em Hélade construções especificas no tratamento dos enfermos. Essas 
edificações se adequavam a três tipos diferentes: 
PUBLICO - Pythaneé e o Cynosarge, construídas pelo Estado, eram utilizadas no tratamento dos idosos e os 
Xenodochuim que hospedavam estrangeiros de origem tebana, A HOSPITALIDADE ERA UMA OBRIGAÇÃO. 
PRIVADO - Composto pelas Iatreias que nada mais eram que casas de médicos onde se era proporcionada a 
assistência aos enfermos, seriam os consultórios dos dias de hoje. 
RELIGIOSO - A assistência era dada nos Templos consagrados a ASCLEPIOS (deus da medicina); lá os pacientes 
passavam por consultas com sacerdotes e depois eram submetidos a abluções (purificação pela água) e jejum. 
Passavam a noite e, ao amanhecer, rumavam para suas casas aguardando pacientemente a cura, daí surge o termo 
"paciente". 
Esses Templos tinham o plano típico com as seguintes características: No centro tinha uma estátua rodeada de 
pórticos sagrados, junto havia os tanques para abluções e, em volta, localizava-se o pórtico destinado a "incubação", 
por vezes com compartimentos fechados. 
No Oriente, a medicina chinesa, apresenta diferenças que perduram até os dias de hoje: o princípio das 
manifestações populares opostas, os cinco elementos e o culto dos antepassados atravessam toda civilização e 
impregnam o conceito de saúde e doença. Sobre o perfeito equilíbrio entre o princípio positivo masculino Yang e o 
negativo feminino, fundamentam-se a saúde, o bem-estar e a tranquilidade. 
“A influência da medicina chinesa chegou ao Japão, sobretudo através da Coréia, sendo que o hospital mais antigo 
de que se tem registro foi criado em 758 d.C. pela imperatriz Komyo. Dois aspectos se salientam: a utilização de 
águas termais e o grande incremento da eutanásia. Em 982 d.C., o livro Ishinho, escrito por Yasuyori Tamba, faz 
referências a hospitais exclusivos para portadores de varíola.” (LISBOA – 2006) 
Ao tempo da chegada dos navegantes portugueses, pouco restava da organização hospitalar, tendo sido São 
Francisco Xavier o responsável pelo estabelecimento de hospitais de tratamento gratuito à população 
(aproximadamente 1549 d.C.). 
O grande marco etimológico do Hospital surge como um desenvolvimento do conceito de "hospedagem", ou seja, 
atendimento de viajantes doentes, os “iatreuns”, lugares públicos de tratamento, servidos por médicos que não 
pertenciam à casta sacerdotal. 
Muitos não passavam de residência dos médicos e seus estudantes, que acolhiam enfermos. Outros representavam 
local de "internação" de doentes, sob a supervisão dos especialistas (medicina empírica, eivada de magia e feitiçaria, 
pelo menos nos primeiros tempos). De qualquer forma, os “iatreuns” passaram a funcionar também como escolas 
de medicina. 
“No século de Péricles (IV a.C.), surge um dos maiores médicos da humanidade - Hipócrates -, nascido na ilha de Cós 
(pertencente a uma das famílias supostamente descendentes de Apolo) e educado no templo de Asclépios, aí 
existente, por seu pai - médico -, pelos médicos-sacerdotes da região e pelo famoso médico Heródico (de quem 
recebeu ensinamentos na Trácia) cuja atuação, observando o ser biológico e sua vida interior, deixando de lado a 
divindade e os "mistérios", divide a história da medicina na Grécia em dois períodos: o pré e o pós-hipocrático.” ( 
LISBOA – 2006) 
Roma possui diferentes locais de atendimento chamados medicatrinas, uma transformação dos iatreuns gregos, 
assim como os tabernae mediocorum (consultórios médicos), surgidos em 290 a.C. 
Os valetudinários, datados do século I a.C., eram destinados a recolher e tratar de familiares e escravos privativos de 
grandes famílias, principalmente donos de terras. Existiam, ainda, os valetudinários abertos ao público em geral,como instituições com finalidades lucrativas (que alguns historiadores contestam, da mesma forma que afirmam não 
haver documentação que prove a existência de valetudinários municipais e estatais), servidos de médicos (medicus a 
valetuninario) e enfermeiros (geralmente escravos - como uma grande parte dos primeiros médicos - e poucas 
mulheres, denominados versus a valetudinario); os valetudinários das palestras cuja finalidade era atender a 
valetudinário. 
O início das estruturas organizacionais em saúde 
No exército romano, fonte de diversas novidades tecnológicas ainda hoje aproveitadas, os valetudinários militares 
representaram verdadeiros hospitais em tamanho, complexidade e pessoal. 
Valetudinário ao centro do forte romano. 
Inicialmente, incorporados aos exércitos, havia médicos militares, tratando tanto de soldados feridos quanto dos 
que se encontrassem doentes. Após as batalhas, casos considerados "leves" eram atendidos a céu aberto ou em 
tendas armadas para tal fim. Para os casos mais graves, dispunha-se de hospitais de campanha, que se tornaram 
cada vez mais completos. 
Ruínas dos valetudinários foram encontradas nas margens do rio Danúbio, em Viena, em Baden (Suíça) e em Bonn 
(Alemanha). 
Este último constitui-se "de construção de forma quadrada, com um pátio no centro. As alas do edifício medem 83m 
cada. Os feridos eram internados em salas com capacidade de três leitos cada, bem iluminadas e arejadas". As 
enfermarias se comunicavam com um pátio central quadrangular. "Havia lugar para os enfermeiros, médicos e 
depósito de medicamentos", assim como cozinha. "A localização norte-sul do edifício corresponde a critérios 
modernos". Alguns desses hospitais militares "tinham capacidade para 200 leitos, segundo a descrição feita por 
Vegezio (século IV d.C.). O hospital militar era supervisionado pelo chefe do acampamento e dirigido por um 
médico" (LISBOA 2006) 
Nas descrições e citações vistas até agora, além da constatação que a estrutura hospitalar, em sentido amplo, vem 
acompanhando a civilização há muito mais tempo que nos aparenta inicialmente, temos a validação do que vimos na 
aula anterior. 
A mutabilidade do conceito de saúde no tempo e no contexto reflete a mudança de percepção da estrutura. 
Equivocadamente, vamos ver, mais a frente, que a nossa “sociedade industrial” buscou enquadrar essa estrutura em 
um modelo pré concebido, circularizado e fechado em si mesmo como uma fábrica, onde entram pessoas doentes e 
saem pessoas curadas. 
Tal interpretação pode ser até mesmo enquadrada como equívoco histórico, pois nem na reconstrução histórica 
encontramos elementos que sustentem que a limitação do hospital ao seu espaço físico confinado tenha sido 
tendência ou preconização de um passado evolutivo. 
Idade Média 
Na idade Média, o leproso era alguém que, logo que descoberto, era expulso do espaço comum, posto fora dos 
muros da cidade, exilado em um lugar confuso onde ia misturar sua lepra à lepra dos outros. O mecanismo da 
exclusão era o mecanismo do exílio, da purificação do espaço urbano. Medicalizar alguém era mandá-lo para fora e, 
por conseguinte, purificar os outros. A medicina era uma medicina de exclusão. Michel Foucault 
O advento do cristianismo traz uma nova visão, alterando a organização social e as responsabilidades do indivíduo: 
desenvolve-se o conceito de serviços gerais de assistência aos menos favorecidos e aos enfermos, idosos, órfãos, 
viúvas, da mesma forma que aos viajantes e peregrinos, sustentados pela contribuição dos cristãos, desde os tempos 
apostólicos. 
Posteriormente, em grandes centros culturais, as obras caritativas dos cristãos vão florescendo. São Basílio, por 
exemplo, construiu um dos primeiros e principais nosocomium na Capadócia, um complexo grande, com vários 
edifícios, escolas técnicas, manufaturas, residências para diáconos e diaconisas, que trabalhavam com doentes, e 
locais separados para leprosos – foco da ação dos religiosos influenciados por Basílio. 
 No oeste europeu, também se tem notícia de um xenodochium destinado a receber viajantes africanos que 
desembarcavam na Península Ibérica. O senador Pamaquio organiza em Hóstia (um porto de Roma), um grande 
senodóquio destinado, inicialmente, ao tratamento dos marinheiros e, mais tarde, da população local. 
Os mosteiros beneditinos serviram de modelo para outras ordens religiosas inclusive na questão de dedicação aos 
enfermos. Um exemplo típico é o mosteiro de São Galo, na Suíça (614), que possuía um hospital com enfermarias, 
unidades de isolamento, farmácia, banheiros, instalações para os médicos e ajudantes, assim como para a 
administração. Alguns aspectos são relevantes para citação: 
A morfologia estrutural (alojamentos) em forma de ferradura anexa ao edifício da capela. 
O acompanhamento diferenciado dos doentes de risco, com o abade-médico e próximo à farmácia. 
A separação das atividades de apoio e serviço da hospedagem e das áreas de tratamento. 
A segregação dos doentes por patologia. 
A preocupação com saneamento, iluminação natural e ventilação. 
Novas propostas 
Outra abordagem encontrada refere-se ao modelo hospitalar islâmico (mesquita-escola-hospital), conhecido como 
Bimaristan. A etimologia da palavra tem origem em bima, ou seja, pessoa doente, enferma, e stan, que significa 
casa. Ou seja, casa para pessoas enfermas. Sob a influência da religião, são separadas as áreas de atendimento de 
homens e mulheres. Em relação às doenças, as estruturas físicas segregam por grupo de patologia. 
O local de preparação de medicamentos (à base de ervas medicinais) ocupa posição de destaque. Cuidados com a 
higiene e a salubridade são percebidos e concorrem para uma preocupação em estabelecer estratégias de ventilação 
e de distribuição de água. 
A lepra encontra-se associada a várias instituições voltadas para o atendimento dos doentes. A localização dessas 
instituições era geralmente fora das cidades, vilas e depois burgos. Como não podiam deixar o recinto do hospital, a 
vida interna dos "leprosos" era organizada como uma autêntica sociedade fechada. 
É somente na Alemanha que se constrói, para eles, casas especiais, não para segregá-los, mas para assegurar-lhes 
tratamento. Cria-se, assim, o conceito de "quarentena" (isolamento dos doentes) e a construção de um tipo 
específico de instituição hospitalar, intitulada genericamente de "lazareto". 
Mudanças 
A prosperidade das cidades européias e o aumento da riqueza e poder da burguesia incentivaram as autoridades 
municipais a suplementar, no início, e depois, a assumir o encargo das atividades da Igreja. Vários fatores se 
congregaram para esse resultado: 
1. Hospitais e asilos religiosos passam a ser cada vez mais inadequados para fazer frente a uma concepção 
alterada de saúde/doença - a perspectiva medieval em que indigentes, desprotegidos e doentes, são 
necessários para a "salvação" dos que praticam a caridade, deixa de ser verdadeira. 
2. As circunstâncias econômicas e sociais entre os séculos XIII e XVI alteram o significado e a intensidade do 
número de pobres. 
3. A manutenção dos estabelecimentos hospitalares e similares dependia da caridade da população, assim 
como dos dízimos cobrados pela Igreja, o que fez com que o imenso patrimônio material começasse a 
"tentar seus administradores". 
4. O cerceamento de terras de cultivo, os preços cada vez mais altos, a intensidade do desemprego e outros, 
tornam o problema da "vadiagem" cada vez mais agudo e importuno. Sem meios de subsistência, muitos 
desses miseráveis, para poderem ser admitidos em hospitais (compreendidos na acepção de asilos), fingiam-
se de doentes e aleijados, onerando todo o sistema assistencial. 
O fato da administração dos hospitais e outras instituições de atendimentoterem passado para as autoridades 
municipais, não significa que o clero tivesse abandonado totalmente essas atividades ao longo dos séculos XIII a XVI. 
Somente com a Reforma e pela ascensão do Estado absolutista a separação se torna mais significativa, embora 
perdure pelos séculos seguintes. 
O planejamento das edificações sofre transformações. Melhoras nas condições de ventilação e iluminação, 
separação entre as funções de alojamento e logística e separação dos pacientes por patologia e sexo. O 
abastecimento de água passa a ser considerado. 
Nascimento do hospital moderno As transformações 
Muda o grupo social que controla e administra os hospitais. O clero vai saindo paulatinamente e as administrações 
locais se sedimentam. 
O curioso é que a estrutura tanto física quanto organizacional sofre poucas mudanças, além da ampliação da ideia de 
caridade para a de assistência. 
Observamos que as incorporações de tecnologia vão ocorrendo na medida em que a sociedade também mudava. 
Durante o Renascimento, as transformações econômicas e sociais alteram o caráter da inserção dos hospitais na vida 
urbana. A função do hospital para que viesse a atender um maior número de pessoas, em menor espaço de tempo, 
aumentando sua eficiência, mostra-se de duas maneiras: 
1. Inicio de especialização, com os hospitais assumindo prioritariamente as tarefas de cuidados aos enfermos, 
ao passo que outros estabelecimentos suprem funções asilares. (Séc. XVII) 
2. Estabelecimento de novo tipo de instituição sanitária: o "dispensário", consistindo em unidades hospitalares 
atualmente denominadas de "consulta externa". Esses "dispensários" têm como finalidade, de um lado, 
complementar novos hospitais construídos, evitando um número muito grande de solicitantes. De outro, 
oferecer cuidados médicos sem internação. (Séc. XVII) 
Além de "dispensário", também receberam o nome de "ambulatório", ressaltando sua característica principal: 
usuários que se locomovem por seus próprios meios, dispensando internação. (a palavra "ambulatório" designava 
originalmente as passagens encobertas existentes ao redor de um claustro ou as vias de procissão em torno do altar 
de uma basílica). 
Para Rosen (1980), o estabelecimento de hospitais modernos emerge da gradual conversão do hospital geral, 
decorrente da secularização das entidades cristãs de atenção às doenças, por intermédio de quatro elementos 
principais: 
Introdução da medicina profissional em sua área / Redefinição de seu perfil institucional / Especificação de suas 
atribuições terapêuticas/ Aproveitamento racional de recursos disponíveis 
Passemos ao exame de cada uma dessas evidências, analisando os fatores relacionados à introdução da medicina 
profissional como entendemos hoje: 
1. 1º - A reforma legislativa, promovida por Kaiser Sigismund, em 1439, incorporando a atenção médica aos 
deveres de assistência social, determinando a contratação de médicos municipais para atender aos pobres 
gratuitamente. 
2. 2º - No século XVI, a percepção de que a atenção médica possibilitaria a diminuição do "tempo médio de 
permanência dos doentes no hospital", o que poderia implicar "a redução de custos para o erário" (Antunes, 
1989). 
3. 3º - Uma nova postura, segundo a qual os hospitais deveriam servir como centros para o estudo e ensino da 
medicina e não apenas locais de abrigo e segregação do doente, para impedi-lo de disseminar seus males 
pela sociedade (séc. XVII). 
Nesse momento, evidenciamos o surgimento do hospital como local de transformação no processo doença-saúde. O 
perfil institucional do hospital altera-se substancialmente: sua função primeira agora é o tratamento do doente, a 
obtenção de sua cura. 
 “...Parte desta concepção se deve ao fato do poder ser detido pelo pessoal religioso que assegura a vida cotidiana 
do hospital, a "salvação" e a assistência alimentar dos indivíduos internados. Se o médico, chamado para os mais 
doentes dentre os doentes, isto nada mais é que uma garantia, uma justificação, e não uma atuação real. Portanto, a 
visita médica é um ritual, executado de forma esporádica, não mais do que uma vez por dia para centenas de 
doentes. Além disso, o próprio médico encontra-se sob dependência administrativa do pessoal religioso que, em 
caso de "conflito de interesses", pode inclusive despedi-lo...” (LISBOA 2006). 
A partir do momento em que o hospital passa a ser concebido como local de cura, sua distribuição do espaço torna-
se um instrumento terapêutico. O médico, que organiza a distribuição física, o arejamento, o regime alimentar, etc., 
pois todos são considerados fatores de cura. 
Dois aspectos se destacam nesse processo: 
A transformação do sistema de poder no interior do hospital. 
A responsabilidade pelo seu funcionamento econômico. 
Desse momento em diante, a mudança do foco organizacional já havia ocorrido. O espaço Hospital estava construído 
e aceito pela sociedade. 
Na sequência histórica, o desenvolvimento da medicina, especificamente da teoria bacteriológica (descobertas de 
Pasteur e Koch), o uso de métodos assépticos e antissépticos que diminuíram drasticamente o número de mortes 
por infecção (após 1870, com os esforços de Semmelweiss, Terrier e Lister), a introdução da anestesia, permitindo a 
realização de cirurgias sem dor e com mais possibilidades de êxito, e dezenas de outras conquistas ligadas ao 
desenvolvimento do conhecimento científico e tecnológico vão levar à corrida da Especialização e ao reforço da 
estrutura como a conhecemos hoje. 
Os benefícios cada vez mais observados servem como reforço da ideia vigente, colocando o hospital não mais como 
um local de depósito para a morte e sim o local onde os enfermos podiam se curar. Em resultado disto: 
"pela primeira vez a gente rica começou a solicitar os serviços hospitalares a conselho de seus médicos. Os hospitais 
mudaram de objetivo e, em consequência, de clientela: de abrigo para os que dependiam da caridade pública 
passaram a ser o centro onde se dispensavam cuidados médicos" (LISBOA 2006). 
Aula 3: Evolução das organizações de saúde no Brasil 
O impacto da cultura hospitalar portuguesa na nossa própria história de gestão hospitalar se manifesta em diversos 
traços históricos bem como em aspectos culturais enraizados em nossa sociedade. 
Essas relações permeiam tanto os aspectos estruturais quanto os culturais ainda hoje presentes e, em muitas 
situações apresentadas, representam a própria história da organização. Perceber que ainda somos muito do que 
fomos é um caminho para a autocrítica e a busca da reconstrução de nossas organizações para que busquemos o 
conceito de contemporâneo. 
Referências médicas no século XVI 
Tecnicamente, a primeira referência médica no Brasil data 1500. O primeiro médico a aportar no país fazia parte da 
frota de Pedro Álvares Cabral sendo conhecido como "Mestre João“ .Mistura de físico e astrólogo, simbolizando a 
medicina da época, que, a despeito de todo o conhecimento, não era suficiente para determinadas ocorrências. 
Nessa altura, podemos visualizar a saúde sob a ótica indígena, centrada na figura do Pajé e sua relação íntima com a 
flora nativa e seus benefícios. 
Temos em 1542 a construção da Santa Casa da Misericórdia de Santos, o mais antigo hospital brasileiro, 
inaugurando-a em novembro de 1543. D. João III concedeu-lhe o alvará real de privilégios em 2 de abril de 1551. 
Religiosos jesuítas colaboravam com a instituição já em 1553. Nessa época, o Conselho Ultramarino, organismo do 
Estado português que controlava as colônias, criou, ainda no século XVI, os cargos de físico-mór e cirurgião-mór, que 
deveriam ser os responsáveis pela saúde no Brasil. Mas a vida difícil nos trópicos não entusiasmou os médicos 
lusitanos e os dois cargos permaneceram desocupadospor muito tempo. As Santas Casas, então, respondiam por 
todo o atendimento de saúde. Até o final do século XVI, haviam sido criadas Santas Casas também no Espírito Santo, 
Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. 
As Santas Casas atendiam tanto os colonizadores portugueses quanto os índios catequizados, que os jesuítas 
tomavam sob sua proteção. Mas o início do cultivo da cana-de-açúcar, trazendo o comércio de escravos africanos 
em situação sub-humana, apresentou novos – e grandes – problemas, como as epidemias, com destaque para a 
varíola. No caso desses hospitais ligados à Igreja, quase sempre nasciam como instituições destinadas a apoiar uma 
ampla variedade de excluídos: órfãos, mães solteiras, velhos, pobres e, claro, doentes. 
Em 1746, havia apenas seis médicos formados na Europa nas regiões que hoje formam os estados de São Paulo, 
Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. O preço alto das consultas e do atendimento dos boticários, os 
ancestrais dos farmacêuticos, popularizaram os remédios dos curandeiros indígenas e africanos 
Contra a varíola, porém, o recurso mais usado era isolar os doentes – que, quase sempre, morriam abandonados. 
Quando os entrantes adoeciam, o próprio meio natural lhes fornecia o remédio: banha de animal para o 
reumatismo; dentes de jacaré para os ares; limões azedos para as fraquezas e deficiências vitamínicas; casca de 
jabuticaba para os cursos de sangue; angu e batatas para os desfalecimentos (...). 
Já em 1727, começava a funcionar o primeiro serviço hospitalar militar do Rio de Janeiro, no Morro de São Bento, 
que daria origem ao Hospital Real Militar. De uma forma geral, a evolução histórica das organizações de saúde 
durante o Brasil colônia, ocorreu de forma similar àquelas vistas na aula anterior, em função da estrita dependência 
com a metrópole Portuguesa. 
O início do século XIX 
A chegada de D. João VI ao Brasil, em 1808, trouxe transformações. Para atender à essa elite transplantada de uma 
hora para outra aos trópicos, tornavam-se necessárias também modificações profundas no atendimento de saúde. > 
Logo eram criados os primeiros cursos de medicina no Rio de Janeiro e em Salvador. Já com o Brasil independente, 
em 1829, nascia a Imperial Academia de Medicina, órgão consultivo do imperador Pedro I, logo seguida pela Junta 
de Saúde Pública. Eram as primeiras instituições destinadas a pensar a saúde pública no país e aplicar soluções 
coletivas. Ao longo de todo o período do império, o processo de transformação das estruturas das organizações de 
saúde ainda é preponderantemente impactado, pelo que vimos na aula anterior, em relação ao mesmo período em 
outros países. 
Em 1892, era criado o Serviço Sanitário Paulista, que atuaria principalmente em São Paulo e no porto de Santos. No 
mesmo ano, nasciam, também em São Paulo, os laboratórios Bacteriológico, Vacinogênico e de Análises Clínicas e 
Farmacêuticas com o apoio de cientistas estrangeiros. 
Oswaldo Cruz (1872-1917) / Carlos Chagas / Adolfo Lutz / Emílio Ribas 
O Instituto Soroterápico de Manguinhos (RJ), fundado em 1899, levaria à capital os principais higienistas do país. E 
em 1903, surgia, em São Paulo, o Instituto Pasteur, voltado ao combate à raiva, transmitida por animais. 
Esse caráter polivalente aparecia, também, nos primeiros hospitais vinculados a comunidades estrangeiras, com 
destaque para as Beneficências Portuguesas. Eram, em geral, entidades criadas pelas famílias mais ricas de 
imigrantes, como centros de apoio – financeiro, social e médico – aos patrícios recém-chegados. 
O Real Hospital Português de Beneficência do Recife (PE) nasceu em 1855. Dois anos depois, era criado o Hospital 
Português de Salvador (BA). Em 1859, surgiram, quase ao mesmo tempo, a Beneficência Portuguesa do Rio de 
Janeiro e a Real e Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência em São Paulo. 
A criação de hospitais associados a comunidades estrangeiras foi mais forte em São Paulo, região que estimulou a 
vinda de centenas de milhares de imigrantes europeus e japoneses, em substituição ao braço escravo. O mesmo 
ocorreu no Sul do país, cenário de sólida colonização estrangeira, principalmente italiana e alemã. 
O início das grandes campanhas sanitaristas promovidas pelo Estado também levou à criação de hospitais públicos 
de porte, principalmente no Rio de Janeiro, a capital. 
Vários desses hospitais eram dedicados a especialidades desde seu nascimento. Era o caso do Hospital de 
Isolamento de São Paulo, inaugurado pelo poder público, em 1880, em pleno combate a um surto de varíola. > O 
hospital assumiria, anos depois, o nome do sanitarista Emílio Ribas (1862-1925), afirmando-se como centro de 
referência no combate a moléstias infecto-contagiosas. Nove anos depois da criação do Hospital de Isolamento, 
começava a funcionar, no bairro carioca do Caju, o Hospital São Sebastião, instituição pública também especializada 
no tratamento de doenças infecciosas. 
Alguns centros públicos seriam incorporados a Faculdades de Medicina, transformando-se em hospitais-escola. O 
Hospital das Clínicas de São Paulo, por exemplo, vinculou-se à Faculdade de Medicina da USP em 1944, dois anos 
antes da incorporação do Hospital São Francisco de Assis à Faculdade de Medicina, hoje integrante da UFRJ. 
O Hospital São Paulo, que abriu as portas em 1942, foi o primeiro nascido como hospital-escola em ligação com a 
Escola Paulista de Medicina. 
Na segunda metade do século XIX, em paralelo à implantação de hospitais públicos dedicados especificamente à luta 
contra doenças infecciosas, o Estado passou a intervir, também, na área de doenças mentais – tratadas então em 
rigoroso isolamento. 
O Hospício D. Pedro II foi inaugurado pelo imperador em 1852, no Rio de Janeiro. Em 1898 era aberto o Hospital 
Psiquiátrico do Juqueri, no atual município de Franco da Rocha (Grande S. Paulo), nome do médico que organizou a 
instituição, enquanto Porto Alegre ganhava o Hospital S. Pedro. O importante Instituto Philippe Pinel, do Rio de 
Janeiro, nasceria em 1937 com o nome de Instituto de Neurossífilis. 
A falta de estruturas no inicio do século XX mantinha as organizações de saúde no foco literário da época. 
Podemos considerar, para efeito de nosso estudo, que o período do final do século XIX ao início do século XX 
(década de 30) se posicionou como o que muitos autores classificam como período Higienista, onde os governos 
focavam medidas de controle de epidemias. Os hospitais mantinham-se na posição de locais de exclusão, 
notadamente para doentes crônicos, terminais ou que necessitavam de isolamento da sociedade. É interessante 
pontuar como ainda hoje temos resquícios dessas estruturas, muitas vezes hiperdimensionadas para “armazenar” o 
máximo possível de pessoas. 
Ressalta-se que a maioria dessas organizações praticava o assistencialismo e grande parte era focada nos alienados 
mentais. 
Efeitos da guerra 
Com a entrada do Brasil na II Guerra Mundial no campo dos Aliados, grande parte das propriedades de empresas e 
cidadãos vinculados ao Eixo (Alemanha-Itália-Japão) foi confiscada. 
O governo nacionalizou hospitais comunitários, colocando em seu comando médicos brasileiros. O Hospital Alemão 
de Porto Alegre, por exemplo, foi rebatizado Moinhos de Vento, nome que conserva até hoje. O Umberto I, de São 
Paulo, passou a chamar-se N. Sra. Aparecida enquanto o Hospital Alemão ganhava o nome de Oswaldo Cruz. 
Ao longo desse período, temos inúmeros relatos desta transformação, como os relatos de evolução histórica do 
Hospital dos Servidores do Estado - HSE - localizado no centro do Rio de Janeiro, ou a evolução do Hospital Pedro II, 
de Recife. 
Sem dúvida, um dos maiores impactantes em nosso contexto atual refere-se aos diversos legados em saúde. Você 
poderá estudar, com maisdetalhes, os legados dos sistemas assistenciais em políticas públicas de saúde, mas, neste 
momento, vamos focar no legado estrutural: 
Estruturas físicas planejadas e construídas para a realidade da saúde do século passado, refletindo as organizações 
como espaços industriais de transformação de doença em saúde. 
Estruturas físicas que tiveram manutenção deficiente ao longo de década e que hoje possuem custos de manutenção 
elevados. 
Cultura organizacional do pessoal atuante enraizada com os conceitos estruturais de 40 ou 50 anos atrás. 
Esses três aspectos impactam diretamente na gestão das organizações: 
∙Custo elevado de manutenção. 
∙Custo elevado de adaptação. 
∙Resistência a mudanças por parte do grupo social. 
Aula 4: Determinantes organizacionais na organização de saúde atual 
A evolução histórica de nossas organizações evidencia impactos culturais perceptíveis em nossa realidade, como 
desdobramos nas aulas anteriores. A partir dessa reconstrução, podemos identificar as formas atuais, como nossas 
organizações se apresentam bem como os desafios que a gestão hospitalar vai enfrentar. 
Reconhecer que os limites físicos dessas organizações, notadamente aquelas classificadas como hospitais, nos 
permite recriar as estruturas em função do conceito contemporâneo de saúde e, com isso, aproximar esse conceito 
da relação com nosso paciente. Como determinantes chaves nessa relação, há ainda a forma com que o gestor 
hospitalar vai interagir nesse cenário, o que também deve ser objeto de estudo e reflexão. 
Modelos de organizações de saúde contemporâneas em funcionamento 
As organizações de saúde apresentam estruturas complexas, onde se exige conhecimentos específicos necessários 
para gerir diversos recursos (físicos e humanos). Buscamos, nos dias atuais, uma administração profissionalizada, 
executada por atores que detenham conhecimento de gestão e entendimento técnico do negócio em que estão 
envolvidos. Percebemos que os modelos de gestão atualmente aplicados a Organizações de Saúde vêm sendo 
incapazes de acompanhar a evolução pela qual passa a Saúde. 
Existem diversos desafios das Organizações de Saúde que motivam o repensar na modelagem. Podemos considerar 
como principais: 
 Garantia do cumprimento dos protocolos clínicos e assistenciais, com foco no controle de custos e busca de 
resultados. 
 Adequação contínua às exigências regulatórias 
 Gerenciamento do capital humano. 
 Estabelecimento de estruturas flexíveis e dinâmicas. 
 Manutenção da atualidade tecnológica em seus processos. 
Sobrevive a organização que produz melhores produtos, por meio de uma agressiva política de incorporação 
tecnológica e de um crescente aperfeiçoamento e controle de seus processos internos. Ou seja, o que melhor 
consegue gerir seus recursos. 
Em um primeiro momento, podemos identificar os modelos relacionados à nossa visão tradicional em saúde onde a 
relação saúde-doença é o grande paradigma a ser quebrado. 
Modelo Hospital Geral: 
 O hospital é uma das estruturas de organizações de saúde mais conhecidas de todos. Na própria história 
recente das organizações, pudemos ver que ele ocupa um espaço que se confunde com o próprio conceito 
de saúde sedimentado nos últimos duzentos anos. Dessa forma, o hospital não é só uma instituição essencial 
nos sistemas de saúde atuais, mas simboliza também um poder social explícito, representando a 
institucionalização dos conhecimentos médicos especializados. Pode ser construído como referência 
tecnológica ou de alta complexidade para ser porto seguro em situações em que a medicina curativa seja a 
chave da ação em saúde. 
Modelo Hospital Especializado: 
 O hospital especializado surge como uma forma de buscar economicidade em atividades de alto custo e de 
ciclo tecnológico limitado. A busca de economia de escala para a sustentação da atividade especializada, 
embora afaste esse modelo da integração do paciente ao sistema, como extensão de seu mundo, muitas 
vezes é condição para que o serviço economicamente possa ser oferecido, ainda que pelo governo, em uma 
política pública de saúde. 
Modelo Home Care 
 Esse modelo busca levar a estrutura hospitalar ao paciente, desonerando o espaço hospitalar, sem fragilizar 
a condição de qualidade de vida do paciente. O confronto do entorno família, onde o home care busca ser 
inserido, representa um ponto de suporte psicológico à relação familiar vivenciada de forma mais 
harmoniosa pelo paciente do que a relação. 
Modelo PSF 
 Esse modelo busca integrar o espaço da saúde com o ambiente de vivência do paciente, sem inserir o 
aparato de infraestrutura do “Home Care”. Aproximar o profissional de saúde do paciente nas condições de 
vida do dia a dia permite gerar a familiaridade que constrói laços de confiabilidade entre o paciente e o 
sistema de saúde. 
Modelo ambulatorial (de clinica e consultório 
 Nesses modelos, o foco de atenção é a relação profissional de saúde X paciente de confiabilidade mútua. O 
espaço torna-se referencial de segurança para o paciente ter acesso ao sistema de forma interativa com o 
profissional e é porta de entrada para o sistema. 
Modelo de posto de saúde 
 A busca da prevenção como forma de política pública associada à disponibilização de serviços de menor 
complexidade clínica e ações de atenção básica colocam esse modelo como um polo de possibilidades, 
muitas vezes quase inexploradas no contexto contemporâneo do conceito de saúde. O espaço de 
interatividade possível onde ações relacionadas à políticas preventivas podem ser estimuladas e 
experimentadas é um dos caminhos onde a ação em saúde pode encontrar o espaço de vivência do 
paciente. 
Reconhecer alternativas atuais para a gestão hospitalar 
Tratar tipologias implica, cada vez mais, descobrir que podemos ter novos modelos a mapear. Pensar em saúde na 
forma conceitual como discutimos nas aulas anteriores implica repensar a forma de olhar os modelos.Para a quebra 
desse paradigma, devem-se buscar modelos flexíveis o suficiente para que se adaptem às constantes mudanças 
ambientais a que estamos sujeitos. As organizações de saúde operam como organizações intensivas em 
conhecimento e, dessa forma, requerem que o conhecimento seja administrado como um recurso estratégico. 
Para tanto, as organizações necessitam de um processo contínuo de experimentação mútua: Organização X 
Paciente, o qual se vivencia em todas as atividades participantes da cadeia de valor da prestação do serviço. 
Gerir conhecimento em serviços de saúde significa alinhar pessoas, processos, dados e tecnologias para aperfeiçoar 
informações, colaboração, especializações e experiências com habilidade para impactar positivamente a 
performance organizacional. 
Isso deve ocorrer em prazo que possibilite um compromisso sustentável para a mudança da cultura nas organizações 
de saúde, tornando-as mais pró-ativas, colaborativas e transparentes. 
Realinhar a competição com o valor para o cliente, tornando a cadeia de valor como uma proposição do ciclo de 
serviços, é um dos caminhos que naturalmente ocorrem para gerar valor à organização. 
A revolução gerencial ocorrida a partir da gestão da qualidade foi, na essência, uma revolução a partir da mudança 
do acesso, do uso e da transferência da informação. A operação desse modelo é diretamente dependente dos 
sistemas de informação, os quais auxiliam na gestão da eficiência dos processos assistenciais. 
Considera-se, neste estudo, como “Tradicional” a organização de saúde que mantém o modelo de gestão com 
ênfase somente na informação. A gestão da qualidade tornou-se extremamente necessária, entretanto não 
suficiente. 
Para essa transformação, podemos, então, diferenciar as organizações de saúde segundo o estagio de transformaçãoem que se encontram como modelos a serem identificados. 
A organização de saúde tradicional 
No modelo da Organização de Saúde Tradicional, que observamos na maioria das organizações atuais, 
independentemente da tipologia que a classifica, a ênfase aparece centrada no resultado diretamente relacionado à 
informação que objetivou a entrada do paciente no sistema. 
Doença > Cura da doença 
As reais diferenças qualitativas para o mesmo tipo de tratamento, muitas vezes em organizações similares, não são 
valorizadas nem pelo paciente nem pelo cliente (fonte pagadora). Nesse modelo, ocorre uma disputa por quem vai 
pagar pelo quê entre as operadoras, as organizações hospitalares e o paciente. O resultado a empreender é buscado 
através da redução de custo. 
Esse paradigma frustra tanto a competição, que nem recompensa os melhores prestadores de serviço no sentido 
qualitativo e onde aqueles que não praticam a qualidade não vão à falência. Erra-se no foco e nos objetivos. A 
distorção no sistema como um todo decorre de uma visão distorcida do pagador (operadora ou eventualmente o 
próprio paciente). 
Como o modelo permite mobilidade sem gerar comprometimento, não há a preocupação com o procedimento 
futuro, mas apenas o foco no menor custo do procedimento atual. O paciente não é visto como um indivíduo 
interativo no tempo, mas apenas como um procedimento contábil gerador de custo. 
Por isso, o valor para a organização, na estrutura tradicional, é financeiro, de curto prazo e focado na redução de 
custos, evidenciando uma tentativa desenfreada de gerar tangibilidade nos resultados dos processos de saúde para 
poder efetuar a comparabilidade de rentabilidade financeira. Nesse modelo, como premiar a prevenção e a 
promoção da saúde, que tem ponto de resultado futuro e é intangível no momento presente? 
A entidade central do modelo tradicional é o serviço de internação, o qual está relacionado a atendimentos 
focalizados em intervenções agudas e na mensuração da permanência do paciente internado no hospital, o que gera 
a melhor relação financeira sobre o custo. 
1. O paciente representa uma obrigação assimétrica em relação à organização e à fonte pagadora. Segregam-
se as especialidades para facilitar a contabilização. 
2. Há dificuldade de sistematização das informações, bem como para coletar e armazenar os dados e para 
gerar relatórios que possam embasar ações de melhoria no sentido integrado de saúde. O conhecimento, 
basicamente, permanece no nível individual, e a comunicação não ocorre de forma sistêmica. 
3. O resultado da adesão do paciente ao processos é escassamente controlado uma vez que existe pouca 
mensuração integrada. Os estímulos para adesão são realizados mediantes recomendações 
multiprofissionais durante a internação, onde, nessas recomendações, são passadas informações para que o 
paciente as realize depois da alta hospitalar. Essas recomendações são realizadas do modo particular de 
cada profissional e não representam uma visão da saude do paciente como um todo. 
4. Nesse modelo, o vinculo do paciente é com o medico que o assiste e amanutenção da informação pela 
operadora (quando ocorre) é de caráter como histórico de transações, não gerando juízo de valor evolutivo 
na relação do paciente com a saúde. A fidelização do paciente é ao o médico estando eles educados para 
trabalhar nesse tipo de tradicional, sendo cultura voltados para a realização de interveçoes onde o foco é o 
hospital. 
A organização de saúde que aprende 
Depois de desdobrarmos o conceito de saúde nas aulas anteriores, evidenciamos que a manutenção do modelo 
tradicional não resolve a questão da saúde no indivíduo. Uma mudança a ser buscada nessa relação é promover o 
conhecimento como base de geração da saúde. Nesse modelo, a qualidade dos serviços prestados é função direta da 
qualificação da assistência. Gerir bem recursos, pessoas e processos em atendimentos de diferentes graus de 
complexidade e gravidade, conferindo eficácia no conjunto dos resultados é a garantia que o paciente vai receber o 
melhor no médio e longo prazo e não apenas resolver seu problema imediato. Fundamenta-se no aprimoramento da 
capacidade de mensuração integrada, é uma medicina de registros disseminados e reanalisados. 
Na concepção da política de saúde brasileira atual, temos diversos modelos de assistência e podemos buscar nestes, 
aquele que melhor se associa à visão da “Organização que Aprende”. E com isso, aproximarmos o modelo de 
organização de saúde à política pública vigente. 
Nesse momento, não buscamos escolher que modelo seja esse, mas refletir da possibilidade de integração com a 
política pública vigente e termos um norte de referência devidamente contextualizado na Constituição Federal de 
1988 e legislação decorrente. 
Passamos a ver o paciente a partir do vínculo que estabelece com o sistema, no qual interage ao longo do tempo. O 
paciente tem a possibilidade de participar da discussão de seu próprio diagnóstico e as recomendações, uma vez que 
o conhecimento médico encontra-se, cada vez mais, acessível pelos canais de comunicação e pela internet. A 
mudança de concepção estratégica inclui a adesão do cliente ao processo de transformação da saúde como uma 
consequência de todo o processo. 
O valor da organização passa a incluir o intangível, ou seja, o conhecimento passa a ser um dos maiores ativos da 
Instituição, valorizado como recurso estratégico e assim identificado na cadeia de valor. Essas ações são facilitadas 
se o cliente estiver vinculado ao sistema e tiver acesso às diversas organizações que compõe o sistema de forma 
integrada. Ou seja, o paciente está vinculado a um programa de saúde para redução de eventos futuros 
Assim, nesse modelo de “Organização que Aprende”, o paciente reconhece a capacidade de o sistema resolver seus 
problemas e, como consequência, ocorre o almejado bem-estar do cliente que é o que procura em um ambiente de 
assistência médica moderna, que participa ativamente por uma experiência de cocriação de valor. 
O conhecimento é compreendido, portanto, em função do resultado no longo prazo para o paciente, que se fideliza 
ao sistema e não ao serviço nem ao profissional. 
Reconhecer os diversos cenários em que o gestor de saúde pode atuar nestes diversos modelos 
Atualmente, a fonte pagadora não remunera ações que não estão dentro da permanência do paciente dentro dos 
diversos modelos de organização de saúde vistos, notadamente no hospital. A mudança se mostra como a 
transformação da margem receita menos custos (foco no custo) para a percepção da remuneração pela redução de 
eventos premiado pela manutenção do paciente vivo e sem gerar eventos de gastos. 
A organização libera leitos para pacientes com alta complexidade. 
A fonte pagadora diminui o custo do paciente e economiza na sequencia de eventos 
E o paciente tem menos problemas relacionados a saúde. 
Essa estrutura deveria ser remunerada por resultados de redução de eventos. 
A evolução da gestão hospitalar está diretamente relacionada à história dos hospitais e da própria medicina. Os 
hospitais no Brasil, como em qualquer outro país, foram administrados por religiosos, médicos, enfermeiros ou 
pessoas da comunidade, devido ao fato de historicamente não serem vistos como uma empresa e, sim, como uma 
“instituição de caridade”. 
Nem sempre o gestor conhecia a prática hospitalar, nem as técnicas de gerenciamento, pois a escolha ocorria de 
forma empírica. Na verdade, não existia a figura do gestor, mas, sim, a função do mantenedor da estrutura física e 
do cuidado com as despesas, frente aos poucos recursos existentes. 
Como podemos muitas vezes constatar, uma das dificuldades enfrentadas pelo gestor em processos de mudança 
organizacional é a forma com que os diversosatores de uma organização de saúde reagem e interagem com o 
processo de mudança. O gestor pode atuar nos seguintes cenários em relação às organizações de saúde: 
Públicas. 
Privadas. 
Que internam pacientes em suas instalações. 
Que fazem atendimento ambulatorial em suas instalações. 
Que vão até o espaço onde o paciente está. 
Que interagem com o paciente em seu próprio 
Que apoiam outras organizações de saúde sem ter contato com o paciente. 
Que apoiam outras organizações de saúde e que mantém contato com o paciente. 
Podemos acrescentar que o gestor pode atuar em diferentes organizações de saúde e desempenhando papeis 
diferentes em cada uma delas, muitas vezes de forma concomitante no mesmo momento do tempo. 
Aula 5: Determinantes de utilização de um serviço de saúde 
Uma organização de saúde não funciona por si só. Pode ter estrutura, equipamentos de última geração, profissionais 
altamente qualificados, mas sem pacientes... Esse é um dos pilares dos paradigmas que vem sustentando o modelo 
tradicional de organização que discutimos na aula anterior. Sem paciente, a organização não tem sentido, mas, com 
isso, como vimos, consideramos que a organização de sucesso é a que mais atende com resultados financeiros... 
Na verdade, a motivação do acesso ocorre sob diversas circunstâncias pelo paciente. Conhecer essas motivações e 
fatores de influência permite ao gestor perceber como as suas decisões podem afetar essa relação organização 
versus paciente. 
Entender o que leva o paciente a buscar uma organização de saúde é abrir um canal para perceber a forma como ele 
deseja se relacionar com o sistema. Antecipar esse conhecimento representa estar melhor preparado na sua 
chegada e permitir a geração de experimentação agradável durante todo o processo. 
Entender essa dinâmica permite acompanhar o paciente dentro e fora da organização, entendendo que ele, 
independente de onde esteja, faz parte do sistema desde que decide experimentá-lo. 
 
Motivação – busca da cura 
Segundo Leonardo Boff (2004), o termo cura a partir da origem latina, provém de coera, raiz da palavra 
contemporânea “cuidar”, isto é, processo de curar como expressão de desvelo, preocupação, inquietação e implica 
responsabilidade frente ao objeto de cuidado. 
Essa percepção implica o “pré-conceito” de ter identificado antes da busca que existe (ou poderia existir) uma 
doença.Na maioria das vezes, o paciente percebe a doença de forma explicita ou interior. Podemos indicar que essa 
é a “porta de entrada” da medicina curativa e, se o gestor estiver inserido nesse contexto, irá realizar ações para 
encontrar os pacientes que busquem a “cura” em sua organização. 
Prevenção de alguma moléstia que vir a acontecer > O medo se manifesta de forma antecipada ao sintoma.O ponto 
chave aqui diz respeito ao momento no tempo em que esta ação vai se iniciar: conhecimento adquirido, experiência 
familiar de doença, identificação de situação de risco, etc. Estimular a capacitação em saúde, nesse caso permite a 
redução das situações de “ida desnecessária”. 
Atendimento de uma politica publica de saúde > Nessas situações, o cidadão é compelido por campanha 
governamental e sua motivação é funcionalmente dependente do grau de risco associado em não aderir a um 
benefício futuro, materializado em pela promessa da campanha. 
Busca de estética em relação a algum aspecto físico que o incomoda, mas sem associa-lo a doença > A associação 
requerida é relacionada a aspectos culturais do que ser ou não belo em uma cultura. A busca da estética como 
reflexo do conceito de beleza em sociedade norteia situações como essa. 
O paciente esta em tratamento e busca a manutenção deste estado visando a cura > Essa também seria uma forma 
relacionada diretamente ao que foi falado sobre a busca da cura. 
Fatores que determinam a procura – demografia 
Essa variável aparece em todos os cenários propostos, tendo o envelhecimento como uma das características 
centrais desde o último terço do século XX. 
Queda na mortalidade infantil e redução da fecundidade = Envelhecimento da população 
Por exemplo, a população de 65 anos e mais demanda até quatro vezes mais internações que a média da população. 
Fatores que determinam a procura - perfil epidemiológico 
Desde o final do século XX, observamos uma mudança no perfil: 
- Redução da mortalidade por moléstias infectocontagiosas (a velha agenda); 
- Aumento da mortalidade ocasionado pelas doenças crônico-degenerativas e causas externas (a nova agenda – as 
chamadas DANT – doenças e agravos não transmissíveis); 
- Reaparecimento de enfermidades que faziam parte da agenda antiga (como a dengue, a tuberculose e o cólera, 
denominadas reemergentes); 
- Surgimento da "novíssima agenda", representada por enfermidades infectocontagiosas emergentes (AIDS, 
hantaviroses, doença espongiforme humana, além de bactérias ultra resistentes a antibióticos). 
Esse novo perfil de morbidade e mortalidade, associado à potencialização de outros elementos, deságua em maior 
utilização de ações e serviços de saúde e em demanda por serviços cada vez mais complexos. 
 
Fatores que determinam a procura – tecnologia 
Depois da segunda metade do século XX, observamos uma busca contínua por novas drogas, equipamentos e 
soluções. As novidades continuam chegando e gerando sua própria demanda, porque são melhores, mais caras, dão 
mais lucro, salvam mais vidas, contribuem para aumento da qualidade de vida ou qualquer outra razão, lembrando 
que, na saúde, a existência da inovação não implica a substituição da tecnologia anterior. 
No final do século XX, a indústria farmacêutica dizia que um novo medicamento custava para ser lançado quinhentos 
milhões de dólares. Já na primeira década do século XXI, diz-se que custa oitocentos. Esses aumentos de custos, 
reais ou alegados, frente à necessidade e à demanda por novos fármacos, acabam por justificar qualquer preço. 
Como incorporar tecnologia de maneira eficaz, voltada para necessidades e não apenas para atender demandas ou 
aproveitar oportunidades de negócio? Medicina baseada em evidências e avaliação de tecnologia têm sido 
propostas, mas pouco utilizadas. 
Há centros que fazem avaliação tecnológica, mas seus resultados, mesmo considerados acertados, nem sempre são 
seguidos. Entre as explicações para a incorporação acrítica da tecnologia estão: 
- Falta de integração intra-sanitária para definir o que deve ou não ser incorporado; 
 - Ações judiciais voltadas ao direito às novas descobertas, incentivadas por alguns stakeholders; 
- Falta de definição política do que deve ser oferecido; 
- Fisiologismo e corrupção, que levam as esferas deliberativas a facilitar a vida de bons fornecedores, uma vez que, 
quando existem, os critérios técnicos são pouco levados em conta, etc. 
Fatores que determinam a procura – medicalização 
Esse termo pode ser entendido como a confusão entre o consumo de atos ou produtos da área da saúde com saúde 
propriamente dita. Pouco se tem feito com relação a ela, que tem forte impacto sanitário sobre a sociedade 
moderna e sobre o custo da assistência à saúde. 
Um aliado poderoso para seu crescimento é a voracidade por ganhos de diversos players do sistema. A baixa 
frequência da utilização da promoção da saúde reforça o papel do médico e sua imagem mítica como aquele que 
cura ou salva vidas. A contenção da medicalização poderia ser feita com o co-pagamento, que levaria o cidadão a 
perguntar "Por quê?" e a educação sanitária, que levá-lo-ia a querer saber "Para que?". Há discussões no sentido de 
transformar o cidadão em parte da equação e não deixá-lo paciente. 
Fatores que determinam a procura – custo 
A despeito de todos os insumos diretos e indiretos envolvidos na assistência impactarem em custos, aindaexiste 
uma inflação intrínseca do setor. 
O fenômeno é bastante reconhecido: os preços do setor saúde crescem mais que os da economia em geral, talvez 
por causa da demanda crescente, frente a: 
 oferta que não consegue acompanhar o crescimento; 
 pressão pelo uso da tecnologia, para amortizar o investimento realizado e par viabilizá-la junto ao mercado; 
 necessidade de produzir mais valia, etc. 
 
 
 
Fatores que determinam a procura – papel do cidadão 
Movimentos recentes no mundo criaram uma nova consciência nos cidadãos de diferentes países. A Constituição 
Brasileira de 1988, o Código de Defesa do Consumidor, o Ministério Público e o SUS criaram condições para que os 
cidadãos tivessem mais poder real na sociedade e passassem a exibir um perfil de não sucumbência a direitos. 
Somente no estado de São Paulo, existem, em 2006, cerca de dez mil pacientes recebendo medicamentos graças a 
ordens judiciais. 
Essas possíveis distorções não devem ser motivo para restringir o acesso, mas obrigam a pensar no aperfeiçoamento 
da legislação ou num diálogo mais competente entre Executivo e Judiciário. Tanto na França quanto na Itália 
,existem documentos legais que apontam para aspectos semelhantes (os direitos dos doentes e as cartas de 
cidadãos). 
Fatores que determinam a procura – legislação 
Existe uma discussão em todo o mundo sobre o tamanho mais adequado para o estado e sua capacidade de intervir 
sobre a sociedade e suas práticas. Essa disputa se dá como se pudesse ser definida numa esfera divina e não como 
resultante do jogo político e, portanto, das relações existentes dentro da própria sociedade. 
As causas alegadas para essa insatisfação são: 
 ingerência sobre preços; 
 padrões de oferta de serviços; 
 organização da produção; 
 interferência no mercado. 
A ação regulatória atua em mais de uma direção na construção do cenário: se, por um lado, orienta as condições de 
competição e de oferta de produtos e serviços, por outro ela participa das pressões sobre os custos do setor, 
regulamentando aumentos de preços de insumos e controlando reajustes na prestação de serviços. 
Fatores que determinam a procura – equidade 
É um componente muito debatido, em discussões baseadas mais em opiniões que em conhecimento, pois a noção 
da equidade como princípio do sistema de saúde brasileiro resulta do alto grau de exclusão social vigente. Não há 
mais espaço para filas cartesianas, por "ordem de chegada", desde as esperas para atendimento em unidades de 
urgência/emergência até aquelas para transplantes de órgãos. 
Por exemplo, a mortalidade materna entre as mulheres negras é seis vezes superior à das brancas em São Paulo 
(42/100.000 contra 265/100.000). É impossível não oferecer medidas diferenciadas para modificar essa realidade, 
como já foi feito com relação à assistência farmacêutica na AIDS e à mudança da regra para a fila dos transplantes, 
demonstrando que a sociedade/o Estado sabem como fazer. Equidade, afinal, também é dar respostas diferentes a 
distintas necessidades. 
Fatores que determinam a procura - hospitalocentrismo e regionalização 
Essa discussão tem profundas implicações econômicas na medida em que se estima que setenta por cento dos 
gastos do SUS são destinados a hospitais. Consequências da assistência prestada sem necessidade em hospitais são o 
desperdício de recursos, já escassos, e a perda de qualidade, entre outros motivos, pela possibilidade de acidentes 
iatrogênicos. O município de São Paulo cresceu, entre 1995 e 2005, à razão de 0.88% ao ano; porém, certos bairros 
chegaram a ter crescimento de 14%. Observou-se, em 2006, que, em várias regiões da cidade com o porte de 
municípios grandes não há a oferta de um leito hospitalar sequer, forçando a população da periferia a grandes 
deslocamentos para tentar a sorte na região central. 
A regionalização, por sua vez, é resultado de um processo de urbanização desregrado e da falta de um olhar 
planejado sobre as manchas urbanas em nossa realidade. No Brasil, existem três esferas autônomas de gestão 
política, de difícil integração. 
Desrespeitando os limites jurídico-administrativos de estados e municípios, há cerca de 44 regiões metropolitanas 
no país que não estão sob responsabilidade clara de ninguém. O município de São Paulo interna em sua rede 
hospitalar 15% de cidadãos de outras cidades. Esse fato não mereceu qualquer ação planejada por parte das 
diferentes esferas de governo. Esse somatório de indefinições leva à ineficácia e ineficiência. 
Fatores que determinam a procura – fracionamento do cuidado 
Esse componente reflete o corporativismo no âmbito dos serviços de saúde e o privilégio dado aos hospitais nas 
políticas sociais e de saúde. Mesmo que haja mais unidades básicas e ambulatoriais disseminadas pelo território, o 
modelo assistencial ignora a necessidade de integração de ações e da integralidade dos cuidados, gerando 
intervencionismo e medicalização. 
Fatores que determinam a procura – oferta de leitos 
Os problemas de planejamento urbano influenciam a disponibilidade de leitos. Parcela importante dos hospitais 
brasileiros oferece leitos de baixa capacidade resolutiva, frente ao padrão de financiamento da saúde, que não tem 
proposta adequada para aprimorar este subatendimento. 
Com base apenas nas disposições legais sobre oferta de internações (portaria MS 1.101 de 12/06/2002), é possível 
dizer que não faltam leitos no país, nem no setor público nem para a medicina privada. Porém, cada município quer 
ter seu hospital, o que requer financiamento. Se fossem internados 10% da população (o SUS interna em torno de 
7%), com uma média de permanência de cinco dias e uma taxa de ocupação de 80%, seriam necessários, para os 180 
milhões de brasileiros, cerca de 310 mil leitos. No Brasil, há 404 mil leitos. Desses 310 mil leitos, segundo a literatura 
especializada, cerca de 10% (31 mil) deveriam ser de UTI. Em setembro de 2006, apenas 9 mil têm esta 
característica. As diferenças se acentuam quando se analisa por setor (público e privado) e por região. 
Condicionantes geográficas que distinguem a motivação quando comparadas áreas locais distintas 
 O espaço-território, muito além de um simples recorte político-operacional do sistema de saúde, é o locus onde se 
verifica a interação população-serviços no nível local. 
Caracteriza-se por uma população específica, vivendo em tempo e espaço singulares, com problemas e necessidades 
de saúde determinados, os quais, para sua resolução, devem ser compreendidos e visualizados, espacialmente por 
profissionais e gestores das distintas unidades prestadoras de serviços de saúde.Esse território apresenta, portanto, 
muito mais que uma extensão geométrica, também um perfil demográfico, epidemiológico, administrativo, 
tecnológico, político, social e cultural que o caracteriza e se expressa num território em permanente construção. 
Facilidade de acesso 
Focando agora no universo espacial do paciente como entidade que acessa uma organização, sem dúvida, a busca 
pela facilidade do acesso é um dos pontos focais. Muitas vezes a situação espacial vivenciada afeta os desejos de 
atendimento em determinada localidade. Fatores relacionados à questão demográfica impactam diretamente na 
decisão de escolha e acesso às organizações de saúde. 
Esses fatores podem afetar diretamente a decisão do paciente em relação a sua interação com o sistema e provocar 
a substituição de uma organização de saúde por outra em que ele possa ter mais acesso. 
 
 
Aula 6: Conceitos de planejamento aplicados a gestão hospitalar 
Organizações de saúde são complexas e carregadas de incertezas em suas atividades. Do leque de organizações de 
saúde existentes, as organizações hospitalares são as que apresentam umamaior rede de relacionamentos internos 
e externos, ampliando sua complexidade. 
Gerir uma organização de saúde deste tipo requer aplicação de conhecimentos relacionados a planejamento além 
de conhecermos muito bem o ambiente que a cerca. Focar neste tipo de organização de saúde para construir o 
conceito de gestão mais abrangente, permite que lidemos com múltiplas situações a definir e complexidades a 
equacionar. 
Nesta aula, inicialmente iremos construir a definição de organização hospitalar, caracterizá-la em relação ao 
ambiente que a cerca e inserir conceitos gerais de planejamento para estruturarmos o pensamento estratégico 
organizacional. 
Tipos de organização hospitalar 
A organização hospitalar é parte integrante de um sistema coordenado de saúde, cuja função é prestar à sociedade 
completa assistência no que se refere à saúde, materializou a Organização Mundial de Saúde (OMS). 
Considerando o hospital como a representação do conceito abrangente de organização hospitalar, a estrutura 
organizacional vigente evidencia a maneira pela qual a organização define e divide as funções e modela seus 
processos. 
Nesse sentido, a estrutura organizacional pode ser construída utilizando os focos a seguir: 
 Estabelecimento dos requisitos dos clientes; 
 Identificação dos elementos estruturais onde os processos irão ocorrer; 
 Rede de mecanismos de controle que vão monitorar as relações de interdependência; 
 Padrões de modelos de tomada de decisão que serão utilizados. 
Esses elementos serão a chave para que a hierarquia, a rede de responsabilidades e autoridade dos indivíduos, os 
mecanismos de comunicação e o fluxo de informações sejam construídos e implementados. 
Uma das chaves da identificação das tipologias é a função que uma organização hospitalar tem para a sociedade. Em 
outras palavras, não é o hospital que é modelado para uma sociedade, mas ele é um reflexo do que a sociedade 
deseja de uma organização hospitalar. 
As funções mais observadas em nossa sociedade contemporânea em relação ao que esperamos de uma organização 
hospitalar, como cultura social são: 
 Prevenir doenças; 
 Oferecer assistência e vigilância à população; 
 Contribuir para a educação sanitária e a higiene no trabalho; 
 Restaurar a saúde, realizando diagnóstico e tratamento curativo de enfermidades em geral; 
 Promover a pesquisa e a educação continuada. 
De forma exemplificativa, podemos então perceber que algumas formas observadas de organizações hospitalares 
podem identificar uma tipologia correlacionada com as funções identificadas acima: 
1. HOSPITAIS GERAIS São aqueles em que o nível de atenção se restringe às especialidades básicas da medicina 
(clinica médica, cirurgia geral, gineco-obstetricia e pediatria) - é a maioria, sendo que nestes recursos pode-
se resolver mais de 80% de todos os problemas da população. São também chamados de hospitais 
secundários. 
2. HOSPITAIS ESPECIALIZADOS OU TERCIARIOS São aqueles com grau de complexidade maior, envolvendo 
subespecialidades, por exemplo: dentro da cirurgia geral – cirurgia torácica, urologia, vascular, cabeça e 
pescoço; dentro da clinica medica – endocrinologia, reumatologia, cardiologia, de doenças transmissíveis, de 
doenças nervosas, psiquiátricos, maternidades, de doenças crônicas etc. 
3. HOSPITAIS DE REFERENCIA NACIONAL OU QUETERNARIOS São aqueles em que existem subespecialidades e 
grupos específicos para tratamento de doenças raras ou centros de estudo e pesquisa. Por exemplo, o 
hospital das clinicas de São Paulo, que é referencia nacional em diversas patologias. 
4. HOME CARE É um modelo de atendimento à saúde que surgiu em Genebra, na Suíça, em 1920, por iniciativa 
da Cruz Vermelha. Sem precisar sair de casa, o paciente recebe todo o atendimento necessário, contando 
com profissionais especializados como médicos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, 
fonoaudiólogos, dentistas, nutricionistas, psicólogos e assistentes social, além de toda a estrutura hospitalar 
convencional. 
5. HOSPITAIS DE PRONTO SOCORRO São estruturados para prestar atendimento a situações de urgência e 
emergência, garantindo todas a manobras de sustentação da vida e condições de dar continuidade à 
assistência no local ou em outro nível de atendimento referenciado. 
6. HOSPITAIS DE ENSINO É o hospital que, além de prestar assistência à saúde da população, desenvolve 
atividade de capacitação de recursos humanos. 
7. AMBULATORIOS Conjunto de consultórios, com várias especialidades médicas, preparadas para pronto 
atendimento em pequenos procedimentos (suturas, pequenas cirurgias, etc.) e consultas. 
8. DAY HOSPITAL É uma unidade voltada para realização de procedimentos cirúrgicos de pequeno e médio 
porte, que demandem curta permanência de internamento do paciente, no máximo 12 horas, após a 
realização da cirurgia. 
O hospital como um dos focos principais de atuação da gestão 
Considerando que as organizações hospitalares são um subsistema das organizações de saúde, como temos visto ao 
longo das aulas, podemos situá-los no nível econômico terciário. As organizações hospitalares dependem de 
profissionais altamente especializados, em todas as suas dimensões, principalmente na gestão. 
Nas organizações hospitalares, a precisão dos equipamentos, a tecnologia e a técnica misturam-se com processos de 
intervenção em tempo real e com o paciente, que além de fazer parte do próprio processo de transformação, não é 
plenamente estruturado; pelo contrário, cada um desses pacientes é único e trazem em si suas expectativas, 
necessidades, além da patologia a que veio ser tratado. 
O hospital convive com relações e interações permeadas pela subjetividade e com comportamentos que exigem 
liberdade para escolha do modo de produzir. 
Assim sendo, não se pode deixar de considerar a organização hospitalar como um centro forças instituídas de 
marcantes graus de liberdade para a ação dos atores institucionais, de negociação e construção de complexas e 
fluidas redes de contratualidades, de conflitos, de configuração de coalizões e grupos de interesse e disputa. 
Embora tenhamos diversas organizações de saúde não enquadradas como organizações hospitalares. Nota-se que a 
complexidade organizacional explicitada em interdependências, bem como o volume de gasto associado a este tipo 
de organização de saúde nos impele a tratar as organizações hospitalares como um objeto peculiar de estudo em 
gestão. 
A boa prática de gestão em saúde aponta para um ponto focal de busca de economicidade neste tipo de organização 
em saúde, o que pode reverter de benefício para as demais no caso da saúde pública, ou melhor, atrativo ao 
empreendedor no caso da saúde suplementar. 
 
 
O cenário e a interação hospital – ambiente 
Como organização interativa, o hospital se relaciona recorrentemente com o ambiente que o cerca. Definirmos 
claramente este limite é uma das tarefas que o gestor hospitalar deve fazer e refazer constantemente. 
Como sistema, definimos o que pertence a uma organização como o conjunto de variáveis controláveis pelo sistema. 
Deste conceito depreendemos que ambiente por exclusão é tudo aquilo representado pelas variáveis que o sistema 
(a organização) não controla. 
Dessa forma por construção conceitual, o cenário é de forte interação, turbulência e pressão constante em ambas as 
direções. Se já não é fácil pensarmos em gerenciar recursos e atingir objetivos, como então fazer isto em meio à 
forte turbulência? Esse é o grande desafio do gestor! 
O planejamento estratégico como ferramenta de gestão e de mudança em saúde 
Antes de começarmos a falar sobre planejamento estratégico, reflita sobre essas perguntas: 
Planejar é a arte de elaborar antecipadamente processos de mudança. Compreende

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