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Aula 02 Tópicos Especiais da Comunicação

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Matéria: Tópicos Especiais em Comunicação
Aula 02: Revisão Teórica
A Comunicação como processo
Quando falamos em Comunicação temos que ter em mente tratar-se de um processo, o que por si só define alguns parâmetros evidenciando que não tem princípio nem fim bem definidos e que o receptor tem percepções e configurações diferenciadas do ato comunicacional.
A Comunicação é um processo, precisamente porque se desenvolve em um contínuo espaço temporal, aonde coexistem e interagem, permanentemente, múltiplas variáveis.
Os elementos do processo de Comunicação podem ser compreendidos como variáveis exatamente porque variam e porque apresentam contínuas mudanças no tempo, enquanto interagem uns com os outros.
Vários fatores podem influenciar o processo de Comunicação processo este, cuja recepção envolve a percepção, a interpretação e a significação. A percepção, em grande medida, depende da expectativa e do envolvimento (Bordenave, 1984).
Modelos de Comunicação
Luis Martino (2009) diz que “um dos primeiros modelos para o estudo da Comunicação foi proposto por Harold D. Lasswell, em 1948”. Segundo ele, Laswell tomou como ponto de partida estudos sobre mídia e política e desenvolveu sua concepção a partir de uma ampliação do modelo de Comunicação de Aristóteles exposto na Arte Retórica.
EMISSOR – MENSAGEM – RECEPTOR
A partir daí, Laswell formula sua hipótese:” Uma maneira de estudar o processo de Comunicação é perguntar Quem?; Diz o quê?; Em que canal?; Para quem?; Com que efeito?. Laswell desmonta a Comunicação em partes simples, relacionando o estudo de cada uma delas com uma proposta específica de comunicação: ao “quem?” corresponde um estudo de produção; “diz o que?” volta-se para a análise de conteúdo; “em que canal?” focaliza o estudo da mídia; “para quem?” pesquisa audiência e “com que efeitos?” o que acontece com a audiência diante da mensagem. (MARTINO, 2009, p.23)
Modelo de Comunicação desenvolvido por Laswell:
Uma alternativa foi proposta, em 1954, por Charles Osgood e Wilbur Schramm. O modelo linear, emissor – mensagem – receptor, para eles, tinha a desvantagem de deixar de lado um dos “aspectos fundamentais de todo o processo comunicativo: a possibilidade de uma reformulação da mensagem e uma resposta pelo receptor”. (2009, p.26). “(...) É impossível não deixar de reagir a uma comunicação. Desse modo, a premissa de um modelo linear precisava ser complementada ou mesmo modificada para incluir em si o espaço para a resposta”. Nesse novo modelo, a ideia fundamental é de interação.
Modelo de Comunicação desenvolvido por Charles Osgood e Wilbur Schramm:
Robert Merton e Paul Lazarsfeld deram continuidade aos estudos a partir da observação do comportamento do público em relação aos meios, Merton e Lazarsfeld identificaram três principais funções da mídia na sociedade: de fato, para eles, a mídia tem a capacidade de jogar com a sociedade, de provocar transformações e efeitos tanto maiores quanto maiores forem os vínculos com a cultura. (MARTINO, 2009, p.28)
As ideias de Adorno, Horkheimer, Benjamin e Habernas, da Escola de Frankfurt, foram apropriadas pelo campo da Comunicação. “A expressão “indústria cultural” foi usada pela primeira vez em um ensaio de Horkheimer intitulado “Arte e cultura de massa”, de 1940. O autor identificava que a cultura era criada conforme as exigências de um modelo de produção”. (2009, p.47). Esse conceito é resultado de uma elaboração teórica sobre as relações entre a cultura e a modernidade. De acordo com Adorno e Horkheimer, a cultura era o lugar da “resistência contra a técnica”.
Artes e humanidades eram o polo de crítica ao projeto moderno... a modernidade encontraria seu equilíbrio no contraponto entre arte e técnica. E teria sido assim se, no final do século XIX, a própria cultura não tivesse sido apropriada pela técnica. Os meios de comunicação provocaram uma alteração sem precedentes no cenário cultural. A cultura, transformada pela tecnologia, poderia chegar a todos os lugares. Mas Adorno e Horkheimer não compartilhavam desse otimismo. Ao contrário, a cultura, transformada pela técnica, tornava-se um produto. Onde a modernidade imaginava o conhecimento como liberdade, os dois pensadores enxergavam um elemento de dominação. Dominada pela técnica, as produções da mente se organizavam na forma de uma indústria cultural. (MARTINO, 2009, p. 48)
Como conceito, podemos definir então indústria cultural como “conjunto das instituições sociais vinculadas à produção e distribuição de bens simbólicos... É quase impossível identificar algum lugar onde a indústria cultural não esteja presente no cotidiano”. (2009, p.49). “Os mecanismos de apropriação da indústria cultural atuam no sentido de adaptar elementos culturais, o quanto for necessário, em nome do sucesso imediato”. (p.51). O conceito destes dois autores, muitas décadas depois de sua formulação, ainda permanece atual.
Walter Benjamim, outro membro dessa Escola, tem um de seus textos mais conhecidos e estudados: A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica. “A obra de arte sempre pôde ser reproduzida. No entanto, o número de cópias era limitado a uns poucos exemplares e o acesso do público às obras de arte era restrito”. (p.54) A técnica muda esse panorama a partir do século XIX; mudanças na imprensa e a invenção da fotografia permitiam a reprodução da obra de arte milhares de vezes.
Habermas tem dois estudos ligados ao campo da Comunicação: Mudança estrutural da esfera pública e Teoria da ação comunicativa. O primeiro é um estudo sobre a formação e o declínio da “esfera pública burguesa”, tendo na imprensa um de seus pontos mais importantes. A expressão “esfera pública” liga-se diretamente a “espaço público” e “opinião pública”. Os meios de comunicação de massa surgem como o novo espaço público de debates. Em seu outro estudo, Habermas se preocupa com a linguagem e não considera seu uso livre de interferências. “A Comunicação é um elemento central nos processos históricos e sociais, em sua forma mais abstrata e elementar, como atividade da vida cotidiana”. (p.62)
Jornalismo
O Jornalismo é uma área da Comunicação humana que veio da prática, se instalou na sociedade e daí partiu para o ambiente acadêmico. Por isso, devemos entender que os estudos sobre os meios de se publicar notícias ainda são muito recentes.
As novas tecnologias vêm transformando a relação social assim como a TV o fez. Contudo, conforme NelsonTraquina (2001) descreve, em uma era em que as transformações ainda são recentes, não podemos, como muitos teóricos, pensar no futuro do Jornalismo, ainda não temos base suficiente para tal. Mas olhar para as teorias que puderam construir o Jornalismo que se configurou até hoje é de suma importância para nosso estudo.
Uma das primeiras teorias do Jornalismo é a do espelho.  Dentro dos preceitos dessa teoria podemos imaginar que a explicação para as notícias se apresentarem na forma que vemos ou lemos, é de que são reflexos da realidade. Ou mais ainda, porque nascem da sociedade, são puramente representações fiéis dos acontecimentos. Pensando nesse processo, e tomando como base os conceitos de Traquina (2001), temos um profissional e uma profissão que se desinteressa ideologicamente pelo que comunica.
Quando falamos em análises do Jornalismo, um dos primeiros estudos que surgiu dentro da literatura acadêmica da Comunicação foi o do gatekeeper.
De acordo com Traquina (2001, 2005) o termo surgiu, na verdade, para referir-se à pessoa que toma uma decisão entre uma sequência de outras, e foi introduzido pelo psicólogo social Kurt Lewin, onde, em um artigo de 1947, ele disserta sobre as decisões domésticas ligadas à escolha dos alimentos para casa.
Foi nos anos 1950 que Manning White usou, pela primeira vez, o termo aplicado à Comunicação, depois disso, essa teoria originou “uma das tradições mais persistentes” e prolíferas quando pensamos em pesquisa sobre as notícias. Segundo ela, a produção das notícias passa por uma série de gates (do inglês, “portões”), ou seja, situaçõesde decisões onde o jornalista, o gatekeeper, precisa escolher o que virá a ser notícia. Caso seja escolhida ela passa pelo portão e, assim, vai por uma série de portões até ser publicada ou caso seja negativa não o será, pelo menos dentro de um determinado veículo. (TRAQUINA, 2001, p. 69)
Uma importante teoria, no início dessa década, é a teoria do Agendamento, a partir dos trabalhos de McCombs e Shaw. Nela, “os consumidores de notícias tendem a considerar mais importantes os assuntos que são veiculados na imprensa, sugerindo que os meios de Comunicação agendam nossas conversas.” (PENA, 2008, p. 142) 
Portanto, os veículos midiáticos diriam aos indivíduos o que falar e estabeleceriam as relações sociais. Pena aborda que (2008, p. 142) “A influência da mídia nas conversas dos cidadãos advém da dinâmica organizacional das empresas de Comunicação, com sua cultura própria e critérios de noticiabilidade.” Portanto, os indivíduos tendem a relacionar tudo aquilo que é do seu próprio conhecimento com o que os grandes meios de Comunicação trazem em seu conteúdo.
O modelo comunicativo, proposto em 1948, indica que o ato da comunicação resume-se em responder às seguintes perguntas: 
QUEM? (EMISSOR)
DIZ O QUÊ? (MENSAGEM)
ATRAVÉS DE QUE CANAL? (MEIO)
COM QUE EFEITO? (EFEITOS/RESPOSTA)

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