Buscar

Aula 4 - Psicologia Do Desenvolvimento Da Educação - Estácio

Prévia do material em texto

Pensamento e Linguagem
Linguagem é a propriedade da espécie humana que não tem nada de análogo no restante do 
reino animal: uso de signos linguísticos para a livre expressão do pensamento distingue o homem 
dos animais e das máquinas. 
É a propriedade responsável por termos história, cultura e diversidade.
A faculdade de linguagem é considerada "um órgão da mente" tal como o sistema visual, o 
aparelho digestivo, o sistema imunológico ou qualquer outro órgão, decorrente portanto, de uma 
dotação genética específica e exclusiva da espécie humana.
Como todos os demais órgãos, é um sistema internamente complexo, com subsistemas internos 
distintos (fonologia, sintaxe, semântica, pragmática, etc.).
O estado inicial da faculdade de linguagem - Language Acquisition Device (LAD) é compartilhado 
por toda a espécie humana.
A criança, inatamente dotada do Mecanismo de Aquisição de Linguagem, exposta à língua que é 
falada ao seu redor, utiliza o LAD para interpretar os dados linguísticos aos quais é exposta.
Da interação entre os dados e o LAD, a criança deduz a gramática da língua particular da sua 
comunidade (português, inglês, japonês etc.).
A caixa preta, aí, é a Gramática Universal, mas o seu input (dados primários) e o output 
(gramáticas das línguas particulares) estão disponíveis para o estudo, o que permite inferir muita 
coisa sobre o estado inicial que medeia entre os dados e a língua pronta.
A teoria sobre o conhecimento internalizado de uma língua chama-se gramática da língua.•
Dizemos que a gramática de uma língua gera as expressões possíveis na língua, e daí 
provêem o termo gramática gerativa.
•
O número de arranjos de unidades possíveis como sentenças, em qualquer língua, é infinito.•
Cada expressão gerada pela gramática tem som e significado. Cada uma contém instruções sobre 
como efetuar a pronúncia e a interpretação conceitual.
Os subsistemas que servem para saber como pronunciar e como compreender se chamam 
sistemas de desempenho (performance).
A guinada fundamental dada por Chomsky nos anos 50 aos estudos de linguagem, 
coincidentemente com a chamada “revolução cognitiva”, mudou a visão de língua de “objeto 
externo à mente” para “objeto interno à mente”, uma abordagem mentalista, que se propõe a 
estudar um objeto real no mundo, o cérebro, em seus estados e funções. Convergência entre 
estudo da mente e ciências biológicas.
Objeto externo a mente: O comportamento e seus produtos, falas, textos.
Aula 4
Objeto interno a mente: Mecanismos mentais envolvidos nos atos de linguagem.
Atenção e Desempenho
O transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) repercute na vida da criança e do 
adolescente levando a prejuízos em múltiplas áreas, como a adaptação ao ambiente acadêmico, 
relações interpessoais e desempenho escolar. 
Estes são denominados sintomas não-cardinais do TDAH, ou seja, embora não imprescindíveis 
para o diagnóstico, frequentemente, fazem parte das queixas do portador.
As repercussões do mau desempenho escolar (MDE) na vida do aluno com TDAH, como 
necessidade de turmas especiais de apoio, sofrimento pessoal e familiar, bem como a influência 
na vida adulta, justificam o investimento no diagnóstico e manejo precoces do problema.
O trabalho de Pastura procura revisar os dados da literatura a respeito da relação entre 
desempenho escolar e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), com o 
objetivo de fornecer informações aos profissionais da área de saúde e noções atualizadas.
•
Os dados da literatura demonstram que o TDAH, principalmente o tipo desatento está 
relacionado a mau desempenho escolar. 
•
Segundo a conclusão do autor, crianças com TDAH estão sob risco de mau desempenho 
escolar e devem receber cuidados especiais.
Galvão estuda a relação entre cognição e música, objetivando lançar novas perspectivas 
para uma ideia há muito tempo presente na pesquisa psicológica, de que a atividade musical 
tem importantes consequências para o desenvolvimento emocional e cognitivo da pessoa.
•
Estas novas perspectivas, no entanto, não são sempre positivas, já que processos de 
aprendizagem musical, da forma como são tradicionalmente desenvolvidos, podem também 
levar à frustração e ao adoecimento tanto físico como psíquico.
•
Música
Os temas apresentados a seguir, têm como foco a aprendizagem expert de instrumentos musicais 
da tradição clássica como uma aprendizagem permanente. 
Isto envolve o desenvolvimento e refinamento constante de habilidades metacognitivas e 
autorreguladoras, bem como uma capacidade para superar obstáculos emocionais oriundos do 
tipo de investimento necessário ao alcance e manutenção da expertise musical.
O estudo de um instrumento musical parece envolver, entre outras dimensões, um plano 
cognitivo e uma prática física para sustentá-lo e promovê-lo. 
Um processo de aprendizagem deste tipo é um típico exemplo da resolução de problemas em 
nível expert.
Músicos aplicam diferentes estratégias para resolver problemas, criam representações 
elaboradas e desenvolvem suas habilidades por meio de estudo intenso e prolongado.
•
Seus processos de memorização estão em acordo com a teoria dos níveis de processamento.•
Procedimentos de agrupamento estão na base da aprendizagem e são subjacentes a 
resultados de estudo.
•
No estudo deliberado de um instrumento musical, há a preocupação com a criação de uma 
regra procedimental capaz de permitir a execução de uma passagem do começo ao fim 
como uma unidade. 
•
Isto é atingido gradualmente a partir da resolução de problemas específicos, que 
intermediam a unificação da passagem.
Segundo o autor há uma memória de produção que seria responsável pela automatização 
de movimentos. 
•
Conhecimento, que é inicialmente declarativo, torna-se procedimental por meio de um 
processo de procedimentalização que envolve uma redução em verbalização na medida em 
que a automatização aumenta.
A memória procedimental açambarca estruturas de objetivos hierarquicamente organizados 
que por sua vez codificam planos de ação.
•
Assim, o objetivo particular de tocar uma sequência musical a torna uma fonte forte de 
ativação, que vai de encontro às regras de produção orientando a ação como um todo, 
prescindindo da ação dirigida.
Deve-se, no entanto, destacar que, no momento, teorias de expertise, modelos 
computacionais e simbólico interacionistas de terceira geração oferecem respostas somente 
parciais para o fenômeno da expertise musical.
•
Em música, como em qualquer área de expertise, o estudo deliberado tem por objetivo atingir 
respostas automáticas, proficientes. 
Entretanto, a pesquisa sobre aprendizagem indica que o modo como músicos abordam problemas 
parece também automático.
Isto é, músicos parecem possuir um repertório de resolução de problemas adaptável a diferentes 
problemas e uma capacidade para monitorar a adequação de respostas, modificando estratégias 
para atingir objetivos frequentemente reavaliados enquanto a aprendizagem progride. 
No entanto, isto está longe de significar que músicos, mesmo profissionais, solucionam problemas 
de modo eficiente. 
Pelo contrário, de acordo com as pesquisas citadas, frequentemente objetivos são apenas 
parcialmente atingidos.
Uma razão para isto talvez sejam as limitações do repertório de resolução de problemas. 
Por outro lado, deve-se considerar que, apesar das usualmente citadas similaridades, problemas 
musicais não são como problemas matemáticos.
Em música, problemas são caracterizados como mal definidos, o que permite, em certas 
situações, que muitas respostas possam ser consideradas corretas, a depender de perspectivas 
específicas.
A escolha de estratégias de estudo parece influenciada por significados particulares que peças 
têm para músicos. 
Estes são até certo ponto cognitivos, mas parecem interagircom repostas intuitivas sobre o que 
sabemos muito pouco.
Isto implica investigar o conhecimento em um outro nível cuja natureza pode ser mais afetiva do 
que cognitiva. 
Devido às suas demandas físicas, afetivas e cognitivas, a aprendizagem da música instrumental 
talvez seja uma das mais complexas aventuras humanas, o que certamente tem implicações para 
o desenvolvimento cognitivo, cujos limites ainda não somos capazes de apontar.
Vimos nesta aula que estudar um instrumento envolve uma experiência humana multifacetada e 
multidimensional. 
Compreender as diversas dimensões que compõem tal processo de aprendizagem pode fazer 
avançar não somente o nosso conhecimento sobre música, mas sobre a mente humana como um 
todo.

Continue navegando