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Coluna D
	Casal com filhos 575
	575
	Mulher sem cônjuge com filhos 1395
	1395
	
	Casal com filhos
	Mulher sem cônjuge com filho
	Até 1/4 de salário-mínimo 
	107
	343
	Mais de 1/4 a 1/2 salário-mínimo
	181
	343
	Mais de 1/2 a 1 salário-mínimo
	182
	170
	Mais de 1 a 2 salários-mínimos
	38
	57
	Mais de 2 a 3 salários-mínimos
	9
	0
	Sem rendimento
	59
	482
	
	Coluna B
	Cor – Branca
	1302.36
	Cor - Preta
	940.05
. (Commission for racial Equality, 1999 apud L
N
3
0
0
o projeto
	TABELA 5 – CRONOGRAMA
	Atividade Bimestrais
	Jan
	fev
	mar
	abr
	mai
	jun
	jul
	ago
	set
	out
	nov
	dez
	1- Contato com as participantes e realização de matrículas
	X
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	2- Planejamento e produção de planos de atendimento (atividades de lazer, artísticas; produção de material didático) por idade.
	
	X
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	X
	3- Formação e acompanhamento dos bolsistas formadores
	
	X
	X
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	X
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	X
	X
	X
	4- Oficinas de beleza negra 
	
	
	X
	
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	X
	
	
	5- Evento “Cozinha da África
	
	X
	X
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	6- Evento “Dança meu povo”
	
	
	
	X
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	X
	
	
	
	7- Reunião de avaliação parcial do projeto 
	
	
	
	
	
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	X
	
	8- Evento “O Profissional Negro”
	
	
	
	
	
	
	
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	9- Evento envolvendo os assuntos dos três bimestres anteriores
	
	
	
	
	
	
	
	
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	Mostra fotográfica sobre a trajetória das pessoas participante do projeto 
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
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	Reunião de avaliação final do projeto e produção de relatório
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	X
COELHO, Wilma de Nazaré Baía; MAGALHÃES, Ana Del Tabor (orgs.). Educação para a Diversidade: olhares sobre a educação para as relações étnico-raciais. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2010. 304 p.
GOMES, Ester, Ivanir de Oliveira, 2°, 4° e 5° Período: Tempo Universidade/ Tempo Comunidade. 2011-2012-2013 (mimeo). 
GOMES, Nilma Lino. Corpo e cabelo como ícones de construção da beleza e da identidade negra nos salões étnicos de Belo Horizonte. São Paulo:USP, 2002 (tese: doutorado).
GOMES, Nilma Lino. Educação, identidade negra e formação de professores/as: um olhar sobre o corpo negro e o cabelo crespo. Um olhar sobre a identidade negra: uma forma de articular cultura, educação e formação de professores, 2003,p.170.
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LARAIA, Roque de Barros. 2001. Cultura - um conceito antropológico.14 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,113p.
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MOURA, Clóvis. 1994. Dialética radical do Brasil negro- O negro urbano emergente: novos aspectos da questão racial. pp. 211- 215 1994.1ed. São Paulo: Anita Ltda, 249.
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SOUZA, Edileuza Penha de. Educação para a Diversidade: olhares sobre a educação para as relações étnico-raciais - Professoras negras – a escola como tessituras da territorialidade ancestral. 2010, p.138.
SOUZA, Irene Sales de. Negros, territórios e educação - Os educadores e as relações interétnicas na escola, 2000 p.139.
VALENTIM, Silvani dos Santos; PINHO, Vilma Aparecida de; GOMES, Nilma Lino. Relações étnico-raciais, educação e produção do conhecimento: 10 anos do GT 21 da ANPED. 1 ed. Belo Horizonte: Nandyala, 2012. 296p.
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WERNECK, Jurema. Mulheres Negras: um Olhar sobre as Lutas Sociais e as Políticas Públicas no Brasil - 2010 - organizadora. Rio de Janeiro: Criola, 88.
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CHAGAS, da Silva Santos, Walkyria. A mulher negra brasileira. Disponível em: <http://www.africaeafricanidades.com/>documentos/A_mulher_negra_brasileira.pdf .
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WERNECK, Jurema. Org. Mulheres Negras: um Olhar sobre as Lutas Sociais e as políticas Públicas no Brasil. Disponível. em <http://www.criola.org.br/pdfs/publicacoes/livro_mulheresnegras.pdf>. Acesso em 23/10/2013.
IV- Convocar Assembléia Geral Extraordinária, desde que em conjunto com, no mínimo, 1/5 (um quinto) do total dos associados(as);
Parágrafo único: Os impedimentos eventuais e as vacâncias de cargos serão preenchidos através de indicação do (s) substituto (s) pela Coordenação Geral do CFNTX e aprovação pela maioria simples da Assembléia Geral.
Art. 28- Compete a Coordenação Geral:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA
FACULDADE DE ETNODIVERSIDADE
CURSO DE LICENCIATURA E BACHARELADO
EM ETNODESENVOLVIMENTO
Ivanir Ester de Oliveira Gomes
Mulheres mães
negras vão à escola: acolhimento aos seus filhos como possibilidade de sua formação e permanência escolar 
Altamira, Pará 
2014 
Ivanir Ester de Oliveira Gomes
Mulheres mães negras vão à escola: acolhimento aos seus filhos como possibilidade de sua formação e permanência escolar
	
	Monografia apresentada ao curso de Etnodesenvolvimento, da Universidade Federal do Pará/Campus Altamira, como pré-requisito para obtenção do grau de Bacharelado e Licenciatura Plena em Etnodesenvolvimento, sob orientação da Profª. M.Sc. Francilene de Aguiar Parente.
Altamira – Pará
2014
Ivanir Ester de Oliveira Gomes
Mulheres mães negras vão à escola: acolhimento aos seus filhos como possibilidade de sua formação e permanência escolar 
	Monografia de conclusão apresentada ao curso de Etnodesenvolvimento da Universidade Federal do Pará - Campus Altamira UFPA, como requisito para obtenção do grau de bacharel e licenciatura.
Banca Examinadora 
_____________________________________
Profª. M. Sc. Francilene de Aguiar Parente
________________________________________
Profº. M.Sc. Assis da Costa Oliveira
________________________________________
Prof.ª. Drª Raquel Lopes
Trabalho apresentado e aprovado em: 15/08/2014
Dedicatória
	
	A todos e todas que contribuíram para a realização deste trabalho. De maneira especial ao Movimento Negro, causa e consequência de inspiração para a realização deste trabalho. 
Agradecimentos
	Quero agradecer, em primeiro lugar a Deus, pela força e coragem durante toda esta caminhada.
	À professora Francilene de Aguiar Parente, pela paciência na orientação e incentivo que tornaram possível a conclusão deste trabalho. Agradeço também a todo(a)s os professore(a)s que foram tão importantes para a realização deste curso e que me acompanharam durante a graduação, em especial a Professora Eliane da Silva Faria, que muito me ensinou nesses quatro anos; à professora Francilene Aguiar Parente, pelo rico domínio em repassar seus conhecimentos; à Professora Raquel Lopes e a importância da escrita; ao professor Assis da Costa Oliveira com os direitos, deveres e a relaxante dança do “chuá chuá”; ao professor Willian Domingues que me fez rescrever minha verdadeira história; ao professor Flávio Barros com os etnovalores das Comunidades tradicionais; professora Rosa Acevedo Marim com sua rica biblioteca de conhecimentos e todas e todos que fizeram parte deste quadro de docentes do Curso de Etnodesenvolvimento 2010, que durante muito tempo ensinaram e mostraram quanto estudar é bom. Meu muito obrigada! À Professora Jane Felipe Beltrão, que para mim foi uma referência dentro desse curso de Etnodesenvolvimento 2010. 
	Aos participantes do Movimento Negro com quem partilhei e recebi o apoio para a continuidade desse trabalho. Nossas conversas durante as reuniões e entrevistas foram fundamentais.
	À minha família: meu esposo João Alberto, minhas filhas Marília e Maíra e meu filho Vagner e ao afilhado/sobrinho Arthur, pelo incentivo e carinho em minha jornada universitária. À minha Mãe Ivonilda de Oliveira razão de minha existência e minha mãezinha (sogra) Hilma Garcia minha grande incentivadora nos estudos. À amiga professora Alcione Souza de Menezes, pelo incentivo e apoio.
	Aos meus amigos e colegas, pelas alegrias, tristezas e dores compartilhadas. 
	Aos Movimentos Sociais, Entidades e a todos que lutaram para que a Universidade Federal do Pará UFPA tornasse realidade a Faculdade de Etnodiversidade em Altamira. Aos colegas de curso de Educação do Campo e a todos os funcionários em especial aqueles que se dedicam limpeza, a segurança, enfim, a manutenção diária dos prédios e salas de aula. Valeu por tudo, muito obrigada! 
	
	“A Educação é o grande motor do desenvolvimento pessoal. É através dela que a filha de um camponês se torna médica, que o filho de um mineiro pode chegar a chefe de mina, que um filho de trabalhadores rurais pode chegar a presidente de uma grande nação.”
(Nelson Mandela)
Resumo
O trabalho objetiva a proposição de um projeto que apoie as mulheres mães negras que tiveram de “abandonar” a educação escolar para o cuidado dos filhos e do trabalho remunerado. Com a fundamentação de que o racismo imperante em nossa sociedade é sorrateiro e fatal para a efetiva formação escolar do povo negro, o projeto consiste em uma ação de (re)inclusão escolar de mulheres negras mães que queiram terminar ou iniciar seus estudos. O mesmo cria um apoio imediato e direto no cuidado aos filhos das mesmas, aliado à formação étnico cultural, para que elas possam se dedicar a sua formação intelectual. Além do aspecto da identidade cultural negra, subjaz em todo o projeto a questão da desconstrução da opressão de gênero, do racismo e da desigualdade social que marcam especialmente as mulheres negras.
Palavras-chave: Escolarização. Identidade Negra e Movimento Negro.
Sumário
Resumo	
1. O Início do Movimento Negro de Altamira	7
2. A Formação Escolar e a Valorização da Mulher Negra	12
2.1 O Racismo no Ensino Formal como uma das Causas da Evasão Escolar e do Subemprego Entre Negras	14
2.2 Mulheres Negras em Altamira	21
3. Objetivo Geral	26
3.1 Objetivos Específicos	26
4. Parcerias	26
5. Metodologia do Projeto	27
6. Cronograma	29
7. Metas	30
8. Orçamento – Materiais	31
9. Referências Bibliográficas	33
Anexos	35
1. O Início do Movimento Negro de Altamira
O Movimento Negro em Altamira iniciou com incentivo dos Agentes de Pastorais da Prelazia do Xingu. A igreja Católica na Região primou pela participação ativa na vida da sociedade local e no incentivo da organização popular. No dizer de uma das precursoras do Movimento Negro, Mariene Gomes de Almeida:
Os primeiros passos do Movimento Negro surgiu em 1987/1988, através da Igreja católica. Nos começamos a organizar com a ajuda do Centro de Estudo e Defesa do Negro do Pará (CEDEMPA) que vieram pra cá na época. Onde vieram várias pessoas de Belém fazendo encontro de formação, me lembro bem do nosso colega que mais organizava esse movimento, era o Antônio Rodrigues (já falecido), e nós nos organizamos para combater esse preconceito racial que era muito forte, depois o Pe. Chico também trabalhou com o teatro em 89, nesse teatro nós tínhamos 80 jogos e neles tinha uma ala específica sobre os escravos aqui no Brasil. Sobre como os nossos descendentes que vieram da África chegando aqui na condição de escravos, então, nos apresentamos em 89 na Assembleia do Povo de Deus. Depois, nos anos 90 nos apresentamos em Altamira e apresentamos em Placas, em Medicilândia e fomos trabalhando, com o tempo ele (Movimento Negro) se juntou mais com nosso Movimento de Mulheres, ai a Ir. Telma deu continuidade. Alguns membros foram saindo e outros foram ficando. Ai tem um grupo que está reorganizando esse grupo chamado Movimento Negro, dando continuidade a essa luta. (Entrevista de uma das pioneiras do Movimento Negro, professora Mariene Gomes de Almeida. Em entrevista ao segundo Tempo Comunidade1Período de retorno para a comunidade de pertença onde será realizado atividades previamente planejada de pesquisa, extensão e ensino, que são monitoradas pelos docentes do curso dando continuidade aos trabalhos que foram iniciados no período do Tempo Universidade. O Tempo Universidade e o Tempo Comunidade, constituem a Pedagogia da Alternância que é uma metodologia de ensino diferenciada; a mesma prevê que o estudante fique um período na Universidade e o restante do período na sua comunidade de pertença, permitindo que se faça uma troca de experiências, levando para a sala de aula pesquisas sobre a sua realidade na comunidade, que serão posteriormente trabalhadas e discutidas na universidade.
 ,2011).
Após esse período, por 16 anos o Movimento Negro permaneceu na luta junto a Igreja Católica e aos Movimentos Sociais,
tendo como uma de suas lideranças a professora Mônica Brito. Os Movimentos Sociais se uniam e de acordo a necessidade formavam um único grupo para lutar por melhorias, políticas públicas, lutar por seus direitos, direito do negro, da mulher, do índio, das crianças e adolescentes, de moradia, da saúde, da educação; lutando todos juntos por “Justiça” nos casos violência contra a infância e juventude em Altamira; da violência contra a mulher, que era muito comum na região. Foram criando novos grupos, formalizando sua associação a partir da necessidade como: Movimento de Mulheres; Fundação Viver Produzir e Preservar; Conselho do Direito da Criança e Adolescente; Conselho Tutelar; Conselho de Saúde; Associação de Bairros; mas recente o Xingu Vivo Para Sempre. A ideia era avançar cada vez mais na participação social. Assim surge o Centro de Formação do Negro (a) da Transamazônica e Xingu (CFNTX), conhecido como Movimento Negro, foi fundado legalmente no dia 13 de janeiro de 2006, é entidade civil sem fins lucrativos, sem vinculação político-partidária, podendo criar outras unidades de mobilização em diversos bairros, distritos e cidades da região onde haja uma concentração de negros (as) que justifique a implantação dessas unidades. 
Fundado na década de 1980 em meio às demais organizações sociais da região Transamazônica e Xingu apoiadas pela Igreja Católica, percebe-se que o Movimento Negro também se configura como reação coletiva, com recorte étnico e militância feminina, às condições adversas provocadas pelas ações insuficientes do Estado e pelo seu gradativo abandono do projeto e colonização. Podemos ratificar esta característica da origem histórica do Movimento Negro na análise abaixo:
Analisar o processo de formação dos movimentos sociais na região da Amazônia, como dissemos, aponta para a influência da Igreja Católica na capacitação de lideranças e para a crescente presença feminina nas mobilizações. Se hoje em dia é possível notar com facilidade a representatividade das mulheres nos movimentos sociais, isto é resultado de um processo cujas raízes remontam ao início das políticas de colonização implantadas na região [...]. A partir do caso da Transamazônica, pretendo discutir o processo 	de formação de uma militância feminina, cujos primeiros passos foram dados em paralelo à estruturação dos sindicatos e demais movimentos sociais locais. Atualmente, estima-se que na região da Transamazônica existam cerca de 100 organizações não-governamentais (ONG) formalmente constituídas, na avaliação da diretora da Fundação Viver, Produzir, Preservar (FVPP), Ana Paula Santos, entrevistada em maio de 2010. A contagem exclui organismos da Igreja Católica como a CPT, a Pastoral do Menor e as CEBs, que não são registradas como ONG. O Movimento de Mulheres Trabalhadoras de Altamira do Campo e da Cidade (doravante, Movimento de Mulheres), organizado no contexto da mobilização ‘regionalizada’ que discutimos, estimula desde então a multiplicação e associações nos municípios vizinhos (LACERDA, 2013, pp. 745-760). 
Apesar da legalização, o Movimento perde um pouco das suas lideranças como a Irmã Telma que foi para uma outra Região, a Mônica Brito, mesmo participante se focou mais no Sindicato dos professores e no Partido Político.
Meu contato com o Movimento Negro vem de muito tempo, mas em Altamira, foi em 2010. Havia recentemente entrado para o Movimento Negro de Altamira e tive a oportunidade de ser contemplada por uma política afirmativa ao meu povo negro com o Curso de Etnodesenvolvimento da Universidade Federal do Pará, Campus Altamira – UFPA, que me ajudou a entender a minha história pessoal e reencontrar minhas raízes, de maneira positiva, me ajudando ainda a compreender minhas frustrações e traumas dentro de um contexto histórico de racismo e descriminação que ao povo negro no Brasil é infligido de maneira especial à mulher negra. 
Ser contemplada por uma política afirmativa traz no primeiro momento a uma sensação mista de alegria e dúvida, eu realmente merecia? Tantas outras pessoas com a mesma situação minha e eu fui contemplada! Hoje consigo entender que também tenho de ajudar para que mais pessoas possam ter oportunidades parecidas e assim aumentar o número daqueles que lutam contra o racismo.
No meu município de origem durante meus vinte anos sempre fui engajada nos movimentos sociais (filha de liderança do município de Bujaru-Pa) ligados a Igreja Católica, participava assiduamente da Comunidade Eclesial de Base (CEBs) e assim de quase todos os movimentos ligados a Igreja, entre eles Movimento Negro que era Coordenado pela Ir. Fé Chaves, que nasceu na comunidade do Cravo um dos Quilombos de Bujaru, na época era grupo pequeno mais voltado aos jovens, onde pudemos conhecer dentro do município alguns antigos moinhos de cana construídos na época do trabalho escravo, como por exemplo Bom Intento, as histórias dos Quilombos de Bujaru por muitos anos me passou despercebida, pois só fui entender a riqueza destes lugares depois do meu curso de Etnodesenvolvimento, lá eram conhecidas como comunidade; nesse época conheci também o Sítio Moema no município vizinho Santa Izabel do Pará. No início da década de 1990, Ir. Fé foi fazer uma experiência na África e até hoje continua morando lá. Alguns anos depois, casei e passei a morar em Altamira.
O curso de Etnodesenvolvimento, ao lado da minha história de vida, levou-me à afirmação, ao reconhecimento de minha negritude e do entendimento de meu papel social como mulher negra. Muitas situações que sentia dificuldades em entender, mesmo com a própria família, consegui ao longo de quatro anos descobrir que não eram à toa, desde minha situação escolar com as minhas dificuldades no estudo e consequente desânimo de seguir em frente, de me achar capaz e de cursar o ensino superior. Não foi fácil me dissuadir de tantas inseguranças sedimentadas com discriminação e descaso, a maior dificuldade é discernir entre ser negra com todas condições de inferioridade imposta pela sociedade e ser negra enquanto significação que transcende qualquer condição para um povo diferenciado e culturalmente rico. Após cada disciplina estudada pude sentir a minha convicção de ser negra e de ser capaz.
No início de 2011, houve a eleição para a troca da coordenação do Movimento Negro de Altamira, onde eu, a Negra Ivanir Ester de Oliveira Gomes fui eleita secretária do movimento e minha colega de curso Maria Elena de Araújo Silva eleita como Coordenadora. Tentamos desenvolver um trabalho mais participativo, efetivamos carteirinhas de participantes, reuniões e algumas confraternizações. Durante este período, percebemos que no Movimento Negro nos falta solidez e arrojo, durante todos esses anos de existência nunca tivemos um espaço próprio, no entanto a Igreja Católica nos tinha arrumado um local no centro da cidade por alguns anos, mas infelizmente este local foi pedido de volta. Atualmente, estamos sem sede própria, nos reunindo em locais itinerantes de nossos diversos parceiros, nossa última reunião, por exemplo, foi na sede do Xingu Vivo. O importante é não desanimar e continuar na luta agora também por uma sede própria. É desafiador ir às reuniões onde poucas pessoas participam. Buscar compreender e oferecer caminhos de fortalecimento da organização é uma das metas.
O Movimento Negro de Altamira tem em média 25 mulheres, 10 jovens e umas 10 crianças, a participação masculina é mais ocasional, os recursos financeiros são levantados de acordo com a necessidade do momento e com doação dos participantes. Até o momento não temos nenhum projeto ou fundo que venha nos ajudar financeiramente e não temos sede. No momento, após a perda do nosso espaço de reuniões, também perdemos o ritmo do trabalho e estamos há mais de seis meses sem nos reunirmos. No entanto, toda organização popular tem seus momentos de dificuldades, o que não invalida seus trabalhos e encaminhamentos anteriores.
Ao contrário do que se possa imaginar, o Movimento Negro em Altamira não é composto por muitas pessoas, mas consegue
articular e fazer manifestações em defesa da causa do Povo Negro. Por isso, uma das maneiras de buscar o fortalecimento do grupo é efetivar políticas e projetos que tenham como alvo o povo negro e a partir desses trabalhos incentivar os participantes a descobrirem suas responsabilidades enquanto negros em relação aos demais. A cada projeto realizado, o Movimento Negro conseguirá que mais pessoas se envolvam com a causa do povo negro fazendo o passo a passo para a grande conquista de aumentar o grupo dos que lutam contra o racismo criando condições concretas para sua superação. É também com esta finalidade que o projeto em tela, apostando na sensibilidade feminina e direcionado às mulheres mães negras, é proposto, pois acreditamos que o mesmo, de maneira simples e eficiente, se coloca no lugar certo que toda mulher mãe gostaria e precisaria contar: Um lugar seguro e formativo para seus filhos enquanto se capacita intelectualmente.
Por mais bem-intencionado que um projeto seja, ele deverá partir de um estudo de base, de uma consulta sobre sua necessidade. Este projeto vem de uma iniciativa do Curso de Etnodesenvolvimento da UFPA – Campus Altamira, com o objetivo de discutir na comunidade, junto ao Movimento Negro, propostas de intervenções sociais voltadas à comunidade de pertença.
Assim, as motivações para realização deste projeto se dão baseadas principalmente nos trabalhos de pesquisas socioeconômicas feitos durante os períodos dos Tempos Comunidades (TC), onde pude comprovar in loco que as famílias com menor índice de escolaridade tinham a renda menor. Na ocasião em que discutimos no Movimento Negro a iniciativa do curso, apresentei quatro propostas de intervenção, sendo que a de maior repercussão positiva entre os presentes foi a de se ter um local de apoio para acolher e educar a partir dos referenciais da cultura afro-brasileira os filhos das mães negras que precisavam retornar aos estudos. Alguns achavam que as propostas eram imediatas e já apontavam diversas pessoas que conheciam para participar. Em anexo segue a ata da reunião em que esta posição, provocada pela ausência de ações específicas para este público, fica evidente entre os participantes.
O Movimento Negro assumir o projeto na ocasião de sua aplicação como entidade responsável, o que condiz com sua linha de ação baseada em seu estatuto, segundo o qual, em seus artigos 2º e 3º, este movimento
visa a eliminação de todos os mecanismos que produzem descriminação racial, estimulando a conscientização, propondo políticas públicas para a população negra da região da Transamazônica e Xingu buscando a construção de uma sociedade equitativa e igualitária. [...] Denunciar todas as formas em que se expressam o racismo, preconceitos, descriminação e todos os tipos de violência na sociedade brasileira que têm condicionado a maioria da população negra a uma vida precária tanto ao nível econômico quanto social, político, cultural, agrícola, ambiental ou outro aspecto do viver social.
Estimular a população negra a criar e/ou participar de outras organizações de caráter profissional, cultural, esportivo, comunitário, etc., sempre incentivando a garantia de tratamento igualitário e equitativo nessas associações […] (ESTATUTO do CFNTX, 2006).
A educação é uma poderosa ferramenta que ajuda nas descobertas, na transformação e na libertação das amarras das pessoas, e este projeto caminha neste sentido, o do apoio à continuidade da escolarização das mães negras e da educação, no sentido da formação cultural, aos seus filhos e filhas.
2. A Formação Escolar e a Valorização da Mulher Negra 
O projeto “MULHERES MÃES NEGRA VÃO À ESCOLA” é uma iniciativa minha, acadêmica Ivanir Ester de Oliveira Gomes, na busca de solução para o problema apresentado pelo Movimento Negro de Altamira sobre a situação enfrentada por mulheres/mães negras que não podem estudar por não terem com quem deixar seus filhos.
A integração profissional da mulher negra na sociedade tem caminho difícil e tortuoso. Seu papel na sociedade ainda está vinculado aos estereótipos dos livros didáticos, como se ainda estivéssemos recém-saído da escravidão. Por não terem tido a oportunidade de estudar em idade apropriada é difícil para a mulher negra adulta e mãe integrar-se ao mercado de trabalho formal e por isso a mesma tem que se sujeitar às profissões domésticas com baixa remuneração e sem a garantia dos direitos2São exemplos de empregados domésticos: faxineiro; cozinheiro; babá; motorista particular; marinheiro particular; cuidador de idoso; jardineiro particular; e caseiro. A LEI Nº 5.859, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1972 que assegura o Trabalhador Doméstico no Direito Constitucional ao longo dos anos já sofreu inúmeras alterações tendo como última no ano de 2013 os direitos constitucionais dos trabalhadores domésticos, segundo Emenda Constitucional nº 72/2013: Onde os direitos constitucionais de aplicação imediata são: Salário mínimo; irredutibilidade salarial; décimo terceiro salário; repouso semanal remunerado; gozo de férias anuais renumeradas com terço constitucional; licença à gestante; licença-paternidade; aviso prévio; aposentadoria; proteção de salário na forma da lei; jornada de trabalho de 8 horas diárias e 44 semanais; hora extra com adicional mínimo de 50%; redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; reconhecimento das convenções e acordo de trabalho. Porém, mesmo havendo esta garantia legal isto ainda é pouco efetivado na prática que eu presenciei junto ao movimento no qual eu estou desenvolvendo a pesquisa.
 legalmente constituídos. Segundo Clóvis Moura,
[a]pós a Abolição, no entanto, houve um período no qual o negro não encontrava possibilidades de se integrar economicamente e encontrar a sua identidade étnica de forma não fragmentada e confusa. Daí uma fase onde ele, como o elemento mais onerado no processo de passagem da escravidão para o trabalho livre, desarticulou-se social, psicológica e culturalmente. Mas sempre procurou, em nível organizacional reencontrar-se (MOURA, 1994, p. 211).
Ainda hoje, os negros buscam nas suas organizações e associações o reencontro de suas raízes, buscando na sua própria cultura forças e propósitos que os ajudem a se firmarem social e economicamente na busca de cidadania. São várias as maneiras que utilizam para a superação e o enfrentamento das situações de discriminação. De alguma maneira se associam e enfrentam as dificuldades ora pela organização e articulação dos interesses de toda a classe buscando saídas políticas, ora se apropriando de valores da sociedade branca na busca de se destacar frente aos demais, como mostra Moura a seguir:
[e]ssa segunda forma de agressividade simbólica é, em última análise, uma introjeção (interiorização) dos valores brancos em uma camada negra que procura status de pequena burguesia ou mais raramente de alta burguesia e, para tal, de um lado despreza o negro marginal(izado) (sic), para com ele não se confundir ou ser confundida, mas, de outro, através de atitudes divergentes individuais, chamar a atenção para a sua, destacando-se pelo exótico e cria formas de agressão simbólica através das quais compensa o seu Ego negro através do Alter branco (MOURA, 1994, p. 215).
Muitas vezes o negro galga alguns degraus da sociedade capitalista e consegue ter estabilidade profissional e financeira, mas não consegue reconhecer ou, pelo menos, não admite discutir o racismo da sociedade chegando mesmo a se sentir superior aos demais numa atitude de autoafirmação. Buscar a formação escolar como forma de lidar com a discriminação não deverá ser o único objetivo deste projeto, de maneira paralela será trabalhado o reconhecimento étnico das famílias envolvidas para que as mulheres negras oprimidas de hoje não se tornem as opressoras de outras negras amanhã.
Segundo relato no texto de Eugenia Portela de Siqueira Marques, no livro “Relações étnico-raciais, Educação e Produção do Conhecimento: 10 anos do GT 21 da Anped” (2012),
[a] discriminação racial é a
operacionalização do racismo e do preconceito; é o tratamento diferenciado dado a certos grupos étnicos de forma a ignorar os seus direitos e a propiciar privilégios ao grupo que se coloca em posição de superioridade. No Brasil, tanto o preconceito quanto a discriminação racial produzem efeitos perversos na vida da população negra, os quais se manifestam desde a vida familiar, na infância, na adolescência, até a esfera da sociedade política, na educação e no trabalho. […] Os negros são discriminados pelos seus fenótipos (preconceito de marca) e, em toda a trajetória educacional, enfrentam o desafio de construir a sua identidade num universo assentado numa ideologia racial etnocêntrica (MARQUES, 2012, p. 120).
O projeto visa ser espaço socioeducativo mediador de um processo de desconstrução do racismo sistêmico da sociedade, que inflige às mulheres mães negras os trabalhos com menor remuneração em nossa sociedade atual e devolver às mesmas a dignidade, a autoestima e a possibilidade de uma participação ativa nas decisões da sociedade local. Destacamos, abaixo, os quatro pontos importantes que o projeto deverá contemplar: 
1) Aumentar a autoestima das mulheres mães negras e de suas famílias, para que elas mesmas possam mudar a realidade onde vivem. 
2) Apoiar a capacitação deste grupo de mulheres mães negras, incentivando-as à escolarização formal para que possam buscar dentro do mercado de trabalho melhores oportunidades de trabalho.
3) Responder à discriminação e à violência que atingem estas mulheres e seus filhos oferecendo com o projeto, possibilidades de superação através da criação de possibilidades para a continuidade da formação escolar e da formação a partir da cultura negra.
4) Desconstruir o racismo possibilitando que as mulheres negras e seus filhos/as ajam socialmente contra situações que lhes discriminem.
O projeto será desenvolvido na sede do Movimento de Mulheres Trabalhadoras de Altamira - Campo e Cidade3Situada na Rua da União, 2208 Bairro Boa Esperança Altamira Pará.
 (MMTA-CC), e assumido oficialmente pelo Movimento Negro. O mesmo funcionará de segunda a sexta-feira. A utilização do local da acolhida dos filhos e filhas das mulheres negras acontecerá no contra turno do trabalho das mães negras.
2.1 O Racismo no Ensino Formal como uma das Causas da Evasão Escolar e do Subemprego Entre Negras 
O trabalho manual no Brasil é mal remunerado e o trabalho que é valorizado é o intelectual. Sabe-se também que há uma relação direta entre a pouca escolaridade das famílias de pessoas negras, reforçada por percursos escolares mal sucedidos, e a ocupação de postos de trabalho menos remunerados. Essa situação se desenha já na infância ou mesmo na adolescência, quando ocorrem diversas situações que empurram os alunos para fora da escola,
[e]m geral, a evasão escolar da criança negra é comprovadamente decorrente do preconceito e da discriminação que ela vivencia, como podemos verificar [...] as crianças negras repetem de ano mais que as crianças brancas e frequentam os piores cursos: as crianças negras tendem a ser empurradas pelo sistema para escolas menos equipadas, com menos recursos pedagógicos e turnos mais curtos (SOUZA, 2000, p. 139).
Ao longo desses quatro anos do curso de Etnodesenvolvimento, tanto no Tempo Universidade4Período intensivo de aula na Universidade Federal do Pará – Campus de Altamira, que inicia nos meses de janeiro/fevereiro; julho/agosto, onde os universitários participam das disciplinas curriculares em regime intervalar. 
 (TU) como também no Tempo Comunidade (TC), percebeu-se que os negros além de sofrer com a questão do racismo em si, também sofrem com o racismo institucional. Este tipo de racismo inviabiliza o acesso à cidadania plena, dificultando aos negros o acesso às escolas bem equipadas, à educação superior, até mesmo ao acesso à Justiça que sabidamente devido à origem histórica e social do direito ocidental e suas leis constitutivas privilegia os mais abastados. O racismo institucional é um outro nome para
[a] incapacidade coletiva de uma organização em prover um serviço apropriado ou profissional às pessoas devido à sua cor, cultura ou origem étnica. Ele pode ser visto ou detectado em processos, atitudes e comportamentos que contribuem para a discriminação através de preconceito não intencional, ignorância, desatenção e estereótipos racistas que prejudicam minorias étnicas. […] O racismo institucional é, segundo definição presente num dos mais importantes documentos do reino Unido sobre o tema, o relatório MacPherson, a incapacidade coletiva de uma organização em prover um serviço apropriado ou profissional às pessoas devido à sua cor, cultura ou origem étnica. Ele pode ser visto ou detectado em processos, atitudes e comportamentos que contribuem para a discriminação através de preconceito não intencional, ignorância, desatenção e estereótipos racistas que prejudicam minorias étnicas (LOPES e WERNECK, 2010, p. 17).
É certo que as bases discriminatórias desses mecanismos têm sua origem na escola e no material didático que subsidia a educação. No entanto, a socialização escolar não racista, as condições adequadas para que as mães continuem seus estudos e a consequente permanência dessas mulheres negras até o término da escolarização será um dos caminhos para a construção de uma identidade positiva em cada estudante. Por isso o projeto “Mulheres mães negras vão à escola” visa ajudá-las, de maneira simples, mas eficaz, acolhendo os seus filhos por um determinado período do dia para que possam estudar. E, assim, apoiar essas mulheres negras que tiveram a sua formação escolar interrompida pelo racismo, pela gravidez indesejada; necessidade de trabalhar para o autossustento ou mesmo para o sustento da família; ou pelas várias formas de violência sofrida. Com este apoio, acreditamos ser possível que estas mulheres retomem a sua formação intelectual, tenham melhores fontes de renda e condições de empregabilidade, bem como acreditamos que com esta ação seus filhos e filhas tenham também melhores condições de lidar com o racismo institucional que certamente encontrarão em suas experiências escolares atuais e/ou futuras.
São muitos os motivos que fazem a menina, adolescente ou mulher negra, desistirem de seus estudos, dentre eles estão os estereótipos culturais que elegem o que é considerado belo e bom. Conforme nos relatam os autores do livro “Experiências étnico culturais para a formação de professores” de Nilma Lino Gomes e Petronilha B. Gonçalves e Silva (2002), no tópico “Das (im)possibilidades de se ver como anjo,” uma menina negra de somente 3 anos não quis mais estudar pelo fato de “saber” que não poderia ser um anjo por causa de sua cor. Quem disse à menina? Ninguém, ela simplesmente captou que sua negritude não condizia com a descrição de um anjo. 
Estas formas discriminatórias acabam por serem reforçadas quando não se cumpre ações de Estado capazes de promover o reconhecimento da cultura e da imagem do negro na sociedade. Segundo Suzana Kalckmann et al. (2007. p. 4),
[a]pesar de recentes leis antidiscriminatórias e da melhoria da imagem do negro, sua real condição na sociedade brasileira ainda é de desvalorização. [...] Assim, pressupõe-se que a sociedade brasileira contemporânea permanece racista e esse racismo também está presente no Estado e, consequentemente (sic), nas instâncias governamentais (nos aparelhos formadores, nos serviços de atenção aos cidadãos, nas políticas públicas, dentre outros). O governo, ao não dar a devida visibilidade às desigualdades raciais existentes na sociedade, ao não ter uma política explícita de combate ao racismo, colabora para a sua institucionalização.
Na nossa sociedade, o racismo não é apregoado claramente. Ele é disfarçado, mas, está presente de maneira mais eficiente e cruel do que se imagina. Ele se propaga de maneira mimética, da mesma forma eficiente que a mídia e o marketing costumam funcionar para vender uma ideia/produto: através de mensagens subliminares. Ou seja, de maneira
disfarçada, sutil com imagens e conceitos intimamente ligados a um determinado contexto, parecido com o qual faz fundir uma lata de cerveja com um corpo de mulher, transformando em segundos um objeto cilíndrico e metálico em algo voluptuoso e desejado, algo que de maneira inconsciente (a ser adquirido) lhe trará prazer, alegria e companhia.
Podemos afirmar que a mídia, de maneira geral, ao mesmo tempo que recebe conceitos racistas também os propaga influenciando toda a sociedade, como é o caso da programação das emissoras de televisão brasileiras: 
Podemos dizer que as telenovelas brasileiras (como os filmes) são uma forma de expressão de grande valor simbólico (expressão de conteúdos inconscientes). 
[…] Para as mulheres eram reservadas papéis de Tia Anastácia ou a negra de índole escrava e resignada; “a escrava imoral, robusta e tarada (Xica da Silva) … A mulata sedutora, lasciva, símbolo da sensualidade e da abundância da flora e da fauna brasileiras” (este estereótipo se consolida nos romances de Aluísio de Azevedo e serão atualizados pelos personagens femininos de Jorge Amado) (SANTOS, 2004, p. 56).
A figura atual da mulata sedutora e lasciva é a midiática “Globeleza”, que caricatura a mulher negra brasileira, como é até comum se ouvir dizer: “a mulata tipo exportação”. Infelizmente é um jeito de vender novamente o negro como mercadoria de exportação. Nesse momento em que a mulher negra coberta somente com tinta expõe o corpo aos olhares cobiçosos, de uma certa maneira, lembra os negros na história do Brasil quando eram expostos nus para serem vendidos aos senhores de engenho que lhes escolhiam de acordo com suas características físicas, mera mercadoria ao dispor do capital. 
De maneira subliminar, liga-se algo a um conceito ou um produto como bom ou positivo, ou também, pode-se ligar como algo ruim ou negativo como os esteriótipos dos personagens de novelas. Até recentemente a televisão não veiculava negros em personagens interpretando profissionais de destaque ou de alta rentabilidade, sempre encenavam empregadas domésticas, motoristas, amantes. Assim os conceitos subliminares são trabalhados no inconsciente coletivo de toda uma sociedade. Atualmente já vemos galãs negros seja pelo motivo da luta do povo negro, seja por uma mera questão de mercado.
Segundo Santos (2009), é possível verificar que o preconceito resulta em salários mais baixos para os negros em relação aos brancos, incluindo o item gênero, infere-se que o homem negro ocupa patamar abaixo da mulher branca quanto ao rendimento salarial. Mas as mulheres negras se encontram ainda mais abaixo na pirâmide ocupacional. 
A trabalhadora negra é inserida muito cedo no mercado de trabalho e ao mesmo tempo a última que sai, consequência da escolarização insuficiente, por sua vez, efeito da entrada precoce no mercado de trabalho. Mesmo quando sua escolaridade é similar à escolaridade da mulher branca, o salário é em média 40% menor. 
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), as mulheres negras têm um índice maior de desemprego em qualquer lugar do país. A taxa de desemprego das jovens negras chega a 25%. Uma entre quatro jovens está desempregada. 
O Instituto ainda aponta que as mulheres negras estão em maior número nos empregos mais precários. 71% das mulheres negras estão nas ocupações precárias e informais; contra 54% das mulheres brancas e 48% dos homens brancos. Conforme o trecho abaixo: 
[n]o que diz respeito a escolaridade, pesquisa realizada em 2006, revela que entre as mulheres negras com 15 anos ou mais, a taxa de analfabetismo é duas vezes maior que entre as brancas, no que tange ao trabalho doméstico infantil, 75% das trabalhadoras são meninas negras (SANTOS, 2009, p. 2).
O caminho da escola, principalmente quando esta não discrimina, é sem dúvida um caminho para a transformação social, mas não basta simplesmente reverter o fator financeiro e profissional. É muito importante para a sociedade como um todo sentir esta diferença; ver que não é algo abstrato e isto se tem que começar pelas próprias mulheres negras em se reconhecerem como tal. Jesus (2000) nos alerta que: “[a]lém da necessidade ou da pobreza, o que é perpassado na educação pode levar meninas negras a determinadas profissões, como é o caso dos estereótipos existentes nos livros didáticos, que são absorvidos por crianças e adolescentes.” Para esse processo é necessário que todas as disciplinas contemplem a temática do racismo. No entanto,
[e]ssa modificação exigiria um esforço concentrado de todas as áreas do ensino fundamental e a participação desde o professor de Educação Física, passando pelo de Ciências e alcançando o de Educação Artística. Isso demandaria uma reeducação desses profissionais, para que muitas das posturas racistas e discriminatórias sejam deixadas de lado. Para tanto, os professores passariam por cursos de atualização, o que lhes geraria instrumentalização para poder entender e discutir, de forma adequada, frases como “cabelo ruim ou neguinho fedido”. Não se pode construir uma pedagogia plurirracial no mesmo espaço onde são reproduzidos esterótipos (SILVA, 2000, p. 99-100).
Na escola, é importante que se busque cumprir a Lei 10.639/035A Lei 10.639/2003 altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira-LDBEN) e estabelece as Diretrizes Curriculares para a Educação Nacional no sentido de incluir no currículo oficial das redes de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. Posterior a mesma, a promulgação da Lei 11.645/2008 também promoveu uma alteração na LDB e, além das temáticas relatadas também incluiu como obrigatório também para as instituições de ensino superior o repertório cultural indígena. É nítido e notório que a referência cultural indígena é de suma importância para a formação da população brasileira, com tudo a partir de um posicionamento político, mas cuja intenção é destacar por conta do movimentos negros, pelo uso da Lei 10.639/2003.
	Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm. Acessado em: 03/08/2014.
 e a 11.645/2008, durante todo o período letivo e não somente em datas comemorativas como a abolição da escravidão no Brasil ou no dia da Consciência Negra; buscar na transversalidade das disciplinas elementos que ajudem o negro a se reconhecer como tal, e de forma positiva com apoio na História e Cultura Afro-Brasileira. Até mesmo porque,
[...] não é mais possível identificar a herança cultural negra apenas como o lado exótico que faz o Brasil um país festivo, alegre, explorando o mito da democracia racial, o qual tem sido utilizado com eficiência pela mídia, pelo governo e pela escola. Dessa forma, pergunta-se: qual importância tem sido dada pelas instituições escolares ao tema das relações étnico-raciais? Percebe-se a necessidade de os(as) professores(as) apropriarem-se no âmbito das ciências da Educação – dos conceitos de raça, etnia, diversidade cultural, comunidade negra, consciência negra, discriminação racial, preconceito racial, racismo institucional e ações afirmativas, bem como dos objetivos insertos na legislação, sobretudo na Lei 10.639/2003. […] certo é que a cultura negra não pode ser evidenciada tão somente em datas específicas, pois, dessa maneira, reforçar-se-á o mito da democracia racial. Isto posto, infere-se a necessidade de conscientização dos discentes, por meio de políticas públicas que valorizem a história dos africanos e afrodescendente e que, concomitantemente, considerem a realidade atual dos mesmos (VALENTIM e SANTOS, 2012, p. 42-43).
Características como a cor da pele, o formato do nariz e o cabelo são importantes para o reconhecimento das origens e contribui para a construção da autoimagem e da autoestima. É a partir do cabelo, do nariz ou da cor da pele que surgem as primeiras percepções diferenciais da raça em relação as demais. O cabelo para toda mulher é sinônimo de cuidado e valorização de sua beleza. O jeito negro de ser tem que levar isto em conta seja
para autoafirmar-se, seja para se reinventar sem negar a identidade étnica. Conforme o trecho abaixo:
[o] cabelo do negro na sociedade brasileira expressa o conflito racial vivido por negros e brancos em nosso país. É um conflito coletivo do qual todos participamos. Considerando a construção histórica do racismo brasileiro, no caso dos negros o que difere é que a esse segmento étnico/racial foi relegado estar no polo daquele que sofre o processo de dominação política, econômica e cultural e ao branco estar no polo dominante. Essa separação rígida não é aceita passivamente pelos negros. Por isso, práticas políticas são construídas, práticas culturais são reinventadas. O cabelo do negro, visto como “ruim”, é expressão do racismo e da desigualdade racial que recai sobre esse sujeito. Ver o cabelo do negro como “ruim” e do branco como “bom” expressa um conflito. Por isso, mudar o cabelo pode significar a tentativa do negro de sair do lugar da inferioridade ou a introjeção deste. Pode ainda representar um sentimento de autonomia, expresso nas formas ousadas e criativas de usar o cabelo (GOMES, 2002, p. 03).
Em face a todo o enquadramento discriminatório abordado por Gomes, é fácil perceber como a vida das mulheres negras é marcada por dificuldades e superações nas diversas etapas da vida. As que não conseguem a superação da discriminação, do preconceito e do racismo durante o período escolar acabam, em geral, abandonando os estudos. Outro fator que influencia fortemente é quando elas evadem das escolas por motivos de outras formas de violências, como o estupro ou mesmo a gravidez precoce. Consequentemente, a deficiência do ensino escolar acarretada pela evasão não as permitirá ter um bom preparo profissional, obrigando-as a aceitarem o trabalho informal, sem garantias legais.
Como nos confirma Santos, 
[…] as mulheres afrodescendentes são alvo de duplo preconceito, o racial e o de gênero. Ascender socialmente é algo muito difícil para a mulher negra, são muitos obstáculos a serem superados. O período escravocrata deixou como herança o pensamento popular, que elas só servem para trabalhar como domésticas ou exibindo seus corpos (SANTOS, 2009 p.02).
Cabe ao projeto, aqui proposto, contribuir para a superação desse duplo preconceito, oportunizando formação escolar no sentido de apoiar as mulheres negras altamirenses facilitando o acesso à escolarização, bem como, ao longo desse tempo oferecer a convivência das mulheres negras e seus filhos/as com o Movimento Negro como uma possibilidade de conscientização a respeito de raça e de gênero, bem como de incentivo cultural à continuidade do processo de escolarização enquanto possibilidade de melhor inserção no mercado de trabalho e geração de renda com autonomia.
2.2 Mulheres Negras em Altamira 
No Estado do Pará, segundo a pesquisa do Instituto do Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (IDESP, 2013), são fortes os traços discriminatórios em relação à mulher negra e alguns trabalhos são verdadeiros “guetos” como as de empregadas sem carteira assinada, empregadas domésticas informais, em suma, com baixos salários e sem a devida proteção legal. De um contingente de 198.630 pessoas do sexo feminino na ocupação de empregada doméstica, 84,11% são mulheres negras, chegando ao número de 167.068 trabalhadoras.
De acordo com o IDESP, a discriminação racial é um fator que se reflete na renda. Esta afirmação é amparada pelo rendimento médio de uma pessoa de cor branca que recebe a média de R$ 1.019,65, enquanto que as de raça negra é de somente R$ 517,44, ou seja, ganham a metade do que as de cor branca. No Estado do Pará, essa discriminação é menor do que a média nacional, mesmo assim ela se faz presente.
Altamira não foge à regra nacional e estadual embora os dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE, 2010) não contemplam a mulher negra especificamente, podemos observar que, sistematicamente, quando os dados se refiram às mulheres ou as pessoas de cor preta são desfavoráveis aos mesmos, configurando a discriminação que a sociedade altamirense tem em relação às mulheres e aos negros. De acordo com Walkyria Santos,
[a] mulher negra, por diversas vezes têm se mostrado a mantenedora da família, não só no contexto atual, em que sozinha cria e educam seus filhos, como também no passado. Isso por que (sic), após a abolição e a imigração europeia, não havia mercado de trabalho para o homem negro, coube a mulher negra o sustento da família, trabalhando nas casas dos ex-senhores ou vendendo quitutes (SANTOS, 2009, p. 3).
Podemos supor que uma pessoa com o menor índice de escolaridade tenha um menor índice salarial, visto que, com a menor escolaridade estará menos preparada para o mercado de trabalho. Foi o que pude verificar nos trabalhos de pesquisas durante o TC. Assim, analisando os dados do IBGE do censo de 2010, são várias as situações desfavoráveis, comecemos a analisar pelos aspectos familiares, onde mulheres sem cônjuge são maioria, recaindo sobre elas a sobrecarga de responsabilidades no cuidado e na educação dos filhos, vejamos que os números indicam uma desproporção de 243%: 
	TABELA 1 – AMOSTRA 2010 – FAMÍLIAS EM ALTAMIRA
	Casal com filhos 
	575
	Mulher sem cônjuge com filhos
	1395
	Diferença em percentual
	242,61%
	Fonte: IBGE Censo Demográfico 2010. Altamira – Pa
O apoio na criação dos filhos repercute fortemente no aspecto social familiar. Podemos observar quantitativamente através dos dados do IBGE, que apontam as famílias sem rendimento com cônjuges em menor número que as famílias chefiadas somente pela mulher. Podemos observar na segunda tabela, na página a seguir, as mulheres com filhos e sem companheiros são desfavorecidas em todos os aspectos. Por um lado, são a maioria quando os ganhos são inferiores a meio salário-mínimo. Mas à medida que o ganho é maior, a participação delas vai diminuindo. Mas o que impressiona nos dados é a diferença numérica superior a 800% quando se trata de famílias sem rendimentos cujas mulheres sem cônjuge estão na chefia familiar. Por isso, o projeto destina-se a esse público-alvo: mulheres negras com filhos e que não têm com quem deixá-los.
	TABELA 2 – AMOSTRA 2010 – FAMÍLIAS EM ALTAMIRA
	Renda
	Chefia compartilhada/só a mulher
	Tipo chefia
	per capita- Até 1/4 de salário-mínimo 
	Casal com filhos famílias: 107 
Mulher sem cônjuge com filho famílias: 343
	321%
	per capita- Mais de 1/4 a 1/2 salário-mínimo
	Casal com filhos famílias: 181 
Mulher sem cônjuge com filho famílias: 343
	190%
	per capita- Mais de 1/2 a 1 salário-mínimo
	Casal com filhos famílias:182 
Mulher sem cônjuge com filho famílias: 170 
	93%
	per capita- Mais de 1 a 2 salários-mínimos
	Casal com filhos famílias: 38
Mulher sem cônjuge com filho famílias: 57 
	150%
	per capita- Mais de 2 a 3 salários-mínimos
	Casal com filhos famílias: 9 
Mulher sem cônjuge com filho famílias: 0 
	
	per capita- Sem rendimento
	Casal com filhos famílias: 59
Mulher sem cônjuge com filhos famílias: 482
	817%
	Fonte: IBGE Censo Demográfico 2010. Altamira – Pa
Podemos representar com o seguinte gráfico abaixo para melhor visualização dos dados:
Um aspecto que vem corroborar a necessidade de intervir nessa desproporção econômica é a discrepância dos dados em relação a etnia dos indivíduos. Apesar de não ser análise específica do gênero feminino a que os dados se referem diretamente, podemos afirmar que as mulheres e a etnia negra são desfavorecidas economicamente, pois a análise feita dos dados até aqui sobressai o gênero feminino como o grande prejudicado. Logo adiante, na tabela 3 com dados do IBGE, relativo ao resultado da amostra por característica da população, podemos obter uma diferenciação salarial entre brancos e negros, veremos sobressair a etnia negra no quesito de menor remuneração. O rendimento do trabalho remunerado é comparado entre os de cor branca e os de cor preta, mostrando que a diferença entre os salários das pessoas brancas
e os das pessoas negras é de 72,18%. Os dados revelam a discriminação que a sociedade altamirense tem em relação aos negros no mundo do trabalho e da profissionalização. 
	TABELA 3 – RAÇA 
	Cor
	Faixa salarial 
	Diferença - rendimentos
	- Branca
	R$ 1.302,36
	72,18%gráfico
	- Preta
	R$ 940,05
	Fonte: IBGE Censo Demográfico 2010. Altamira – Pa
Podemos afirmar, com base em trabalho de campo, tendo por base a tabela abaixo, que quanto maior a escolarização do indivíduo maior será a sua remuneração. 
	TABELA 4 – ESCOLARIZAÇÃO
	Rendimento faixa escolaridade
	valor
	%
	Sem escolarização e fundamental incompleto
	R$ 750,61
	332,84
	Fundamental completo e médio incompleto
	R$ 814,63
	306,68
	Médio completo e superior incompleto
	R$ 1.204,18
	207,47
	Superior completo
	R$ 2.498,33
	
	Fonte: Tempo Comunidade, 2011 – Gomes, Ester de Oliveira - Altamira – Pa
As pessoas sem instrução escolar ou com o ensino fundamental incompleto ganham em média 332% menos que outras com o ensino superior completo; e as com ensino fundamental e nível médio incompletos ganham em média 306% menos que as pessoas que têm o ensino superior completo. Já as com o ensino médio completo e superior incompleto ganham em média 207% menos do que as que têm o ensino superior completo. Podemos perceber gradativamente a diferença diminuir na medida em que o grau de escolaridade aumenta até o ensino superior.
Os dados acima, colhidos em minha pesquisa de campo durante Tempo Comunidade (GOMES, 2011-2013), sobre a situação econômica de famílias negras no Bairro Boa Esperança em Altamira, mostrou que a educação é um fator preponderante quando se trata do aumento da renda e da consciência sobre os direitos à cidadania. Este projeto é uma forma de intervenção na realidade de discriminação contra as mulheres negras e busca oferecer subsídios teóricos e práticos para desconstruir as bases discriminatórias do racismo na cidade de Altamira pelas mulheres negras altamirenses.
Este projeto obteve o total apoio dos participantes durante a reunião do Movimento Negro, ocorrido no Centro de Formação do Negro da Transamazônica e Xingu, por estar voltado a questão social e educacional da mulher negra que com certeza, tem mais dificuldade de maneira geral em voltar ou a começar os estudos. Mesmo sabendo que com o estudo poderiam ter a oportunidade de uma renda maior, acabam protelando sua formação para um momento oportuno e partem em busca de empregos que na maioria das vezes são de baixa remuneração, e a maior causa disso é a necessidade econômica imediata a que se vê submetida. Não poder continuar os estudos por causa de suas responsabilidades domésticas e as condições que empregos e subempregos as remetem, acaba por lhes imprimir uma baixa estima dificultando ainda mais o seu retorno ao estudo formal. 
Apoiar as mulheres mães negras na continuidade da escolarização formal, não é somente oferecer condições de estudo, é também dialogar com elas sobre a necessidade da volta aos estudos. Conforme nos mostra o trecho abaixo:
[…] ao discutirmos a relação entre cultura e educação, é sempre bom lembrar que a educação não se reduz à escolarização. Ela é um amplo processo, constituinte da nossa humanização, que se realiza em diversos espaços sociais: na família, na comunidade, no trabalho, nas ações coletivas, nos grupos culturais, nos movimentos sociais, na escola, entre outro (GOMES, 2003, p. 170). 
Entre os processos culturais construídos pelos homens e pelas mulheres na sua relação com o meio, com os semelhantes e com os diferentes, estão as múltiplas formas por meio das quais os sujeitos se educam e transmitem a educação para as futuras gerações. Segundo Roque de Barros Laraia (2001, p. 67) “[a] nossa herança cultural, desenvolvida através de inúmeras gerações, sempre nos condicionou a reagir depreciativamente em relação ao comportamento daqueles que agem fora dos padrões aceitos pela maioria da comunidade.” É principalmente por meio da educação que se reproduz e se faz introjetar nos indivíduos a cultura, seus sistemas de representação e as lógicas construídas na vida cotidiana, acumulados (e também transformados) por gerações e gerações. Assim, a vivência de outros sistemas de representação em que a cultura negra seja apresentada e sentida em seu viés positivo por meio de ações socioeducativas destinadas às mães negras e suas crianças ao lado do cuidado com as mesmas, reveste-se de possibilidade concreta de afirmação da identidade negra e mediação da transformação social a partir da ação destas mães e seus filhos/as. 
3. Objetivo Geral
	Criar espaço de apoio às mães negras que necessitam estudar em escolas e universidades públicas e não tem local seguro para deixar os filhos.
3.1 Objetivos Específicos 
	Acolher filhos de mulheres mães negras no momento em que elas estão estudando, como incentivo à continuidade e permanência dessas mães na escola.
	Proporcionar a estas crianças lazer durante momentos de permanência na sede do projeto.
	Oferecer momentos educativos multidisciplinares para essas crianças no sentido de reforçar os conhecimentos através de momentos de valorização da cultura negra.
	Incentivar a identificação e a afirmação de negritude das crianças com oficinas de educação artística apoiada na cultura afro-brasileira.
	Promover a inclusão social das mulheres negras que queiram continuar seus estudos e de seus filhos.
4. Parcerias
	UFPA – Universidade Federal do Pará:
Ceder ou incentivar, através de bolsas de estágio, alunos e profissionais do curso de Etnodesenvolvimento, Pedagogia, Letras, que tenham o perfil para trabalhar com estas crianças com um planejamento de atividade em equipe e o acompanhamento da etnogestora responsável pelo projeto: Ivanir Ester de Oliveira Gomes.
	Movimento Negro de Altamira Transamazônica e Xingu: 
Acompanhar e indicar mulheres com o perfil para este projeto: mulheres mães negras que querem dar continuidades aos seus estudos. Ajudar nos trabalhos de recuperação de autoestima e pertença étnica. Oferecer oficinas sobre assuntos étnicos.
	Movimento de Mulheres Trabalhadoras de Altamira – Campo e Cidade (MMTA-CC): 
O espaço para a acolhida dos filhos das mulheres mães negras a serem acompanhados por uma equipe multidisciplinar.
5. Metodologia do Projeto
O projeto está previsto para a realização no período de um ano. O primeiro passo para a realização do mesmo será o contato com as mães negras do Movimento Negro de Altamira que encaminharão a demanda apresentada durante as reuniões de implantação do projeto, a qual foi estimada em 30 crianças em idade que varia entre quatro e onze anos e 25 mulheres negras estudantes. As mulheres, preferencialmente, deverão ser participantes do Movimento Negro.
Serão construídos planos de atendimento de acordo com as faixas etárias que deverão ser contempladas, pois, haverá necessidade de atendimento diferenciado conforme a idade das crianças. Nestes planos serão produzidos conteúdos e metodologias em história e arte com enfoque para a valorização da cultura afro-brasileira, conforme orienta a lei 10639/03 e a 11.645/08, os quais serão trabalhados durante as oficinas com as crianças. A produção de conteúdo e metodologias deverá obedecer as faixas etárias e contarão com apoio dos bolsistas da UFPA envolvidos no projeto. 
Como parte da metodologia, pretendemos realizar as seguintes atividades:
– Envolver as mães e as crianças em oficinas de beleza negra, buscando valorizar as profissionais do meio afro e ressaltar a beleza negra infundindo o orgulho da pertença afro-brasileira. Uma estratégia que permeará as oficinas serão as fotografias, que além de documentarem as atividades também servirão para a elaboração de uma recordação para a sistematização da memória coletiva de grande valor simbólico aos participantes do projeto.
– Promover shows culturais com música e gastronomia, com a temática afro para envolver as famílias ampliando laços de amizades entre as
participantes e toda a comunidade, podendo incluir outros projetos que contemplem a temática como os que preveem a confecção de objetos e utensílios afros.
Os eventos ou shows culturais junto com as oficinas serão pontos fortes do projeto e deverão ser preparados a partir de trabalhos de base que envolvam as crianças, previstos nos planos de atendimento acima mencionados e suas famílias. Os trabalhos de base consistirão em trabalhos manuais com recortes, colagens, pinturas e encenações que aludam aos textos. Com as crianças de menor faixa etária os trabalhos serão encaminhados de maneira lúdica, utilizando-se literatura infantil com fantoches, teatro de sombras, dentro do possível, elaborados pelos bolsistas formadores, colegas de maior faixa etária dentro do “método aprender fazendo ou fazendo e aprendendo”, conforme sugerem as teorias construtivistas de formação. 
Deverá acontecer um evento cultural com a participação das famílias envolvidas a cada bimestre. No primeiro bimestre, com o evento “Cozinha da África,” trabalharemos uma mescla da gastronomia afro e comidas típicas conhecidas pelas famílias, como: feijoada, dobradinha, cuscuz, farofa, mingau de milho e outros. Dentro da dinâmica da alimentação a ideia será reforçar e aprofundar laços de amizade entre as famílias participantes do projeto, enquanto se possibilita o conhecimento da história e cultura afro-brasileira por meio dos diálogos que serão promovidos antes e em meio à produção dos pratos.
No segundo bimestre, no evento “Dança meu povo”, a abordagem será estética com vestimentas étnicas. Aqui, poderá ser envolvido o Movimento Negro e seus participantes para ilustrar ou contar histórias a serem desenvolvidas e aprofundadas pelas crianças e bolsistas formadores.
No terceiro bimestre, o evento “O Profissional Negro,” buscaremos todas as profissões que as crianças admiram, criando um mundo imaginário para que se relacionem e interajam entre eles. Na dinâmica se usará revistas, jornais, cartolinas, vídeos e os mais diversos recursos didáticos disponíveis para cumprir o objetivo de incentivá-los a realizarem-se profissionalmente.
No quarto e último bimestre, deveremos mesclar o assunto dos três bimestres anteriores, aprofundando-se sob o viés cultural do povo negro, a abordagem da religião, da arte e da dança, as quais deverão ser destacadas e representadas por crianças e parentes a serem envolvidos durante o desenvolvimento do projeto, junto com o Movimento Negro de Altamira, culminando com um evento fotográfico que ilustrará toda a trajetória das pessoas no projeto, tendo como resultado um book fotográfico para cada família de mulher negra envolvida no mesmo.
Depois de avaliado, por meio de avaliações coletivas em reuniões com os participantes e parceiros durante a execução e no final do projeto, o mesmo poderá ser replicado nos anos subsequentes para que possa atender outras comunidades ou mesmo fazer parte de algum outro projeto de Políticas Afirmativas.
6. Cronograma
	TABELA 5 – CRONOGRAMA
	Atividade Bimestrais
	Jan
	fev
	mar
	abr
	mai
	jun
	jul
	ago
	set
	out
	nov
	dez
	1- Contato com as participantes e realização de matrículas
	X
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	2- Planejamento e produção de planos de atendimento (atividades de lazer, artísticas; produção de material didático) por idade.
	
	X
	X
	X
	X
	X
	
	X
	X
	X
	X
	X
	3- Formação e acompanhamento dos bolsistas formadores
	
	X
	X
	X
	X
	X
	
	X
	X
	X
	X
	X
	4- Oficinas de beleza negra 
	
	
	X
	
	X
	
	
	X
	
	X
	
	
	5- Evento “Cozinha da África
	
	X
	X
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	6- Evento “Dança meu povo”
	
	
	
	X
	X
	
	
	X
	X
	
	
	
	7- Reunião de avaliação parcial do projeto 
	
	
	
	
	
	X
	
	
	
	X
	X
	
	8- Evento “O Profissional Negro”
	
	
	
	
	
	
	
	X
	X
	
	
	
	9- Evento envolvendo os assuntos dos três bimestres anteriores
	
	
	
	
	
	
	
	
	X
	
	
	
	10-Mostra fotográfica sobre a trajetória das pessoas participantes do projeto 
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	X
	
	11-Reunião de avaliação final do projeto e produção de relatório
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	X
7. Metas
	A meta principal é contribuir para assegurar a continuidade dos estudos das mães negras que queiram continuar seu processo de escolarização, proporcionando segurança e cuidados necessários para os filhos e filhas dessas mulheres negras, e incentivá-las na busca de sua formação intelectual. Consequentemente a melhoria na condição de dignidade e cidadania de toda a família. Portanto, o projeto, apesar de destinar-se às mães na continuidade dos estudos, funcionará como retaguarda aos seus filhos que poderiam ficar desassistidos em sua ausência para estudar.
	Satisfeita a meta principal, o projeto visa aproveitar este período de convivência que as crianças terão com os profissionais para a troca de saberes. As crianças receberão informações e participarão de atividades lúdicas e artísticas visando construir a afirmação étnica e cultural. Além disto, receberão alimentação adequada para o horário, levando-se em conta sua idade. 
	O projeto não será uma creche noturna, no entanto as crianças poderão receber uma formação adequada à sua idade, feita por profissionais em formação vindos da UFPA Campus Altamira, principalmente os acadêmicos do curso de Etnodesenvolvimento, proporcionando que pessoas ligadas à área da educação possam desenvolver a prática pedagógica a partir de conhecimentos teóricos que receberam em seus cursos específicos na Universidade. Assim, o estágio na casa de apoio funcionará como complemento para uma formação inserida e comprometida com a sociedade local. Os assuntos relacionados nas questões étnicas ficarão a cargo do Movimento Negro com o meu apoio subsidiando os trabalhos em sintonia com os acadêmicos bolsistas formadores.
Enquanto meta transversal a todas as atividades do projeto Mulheres Mães Negras vão a Escola, está a afirmação da identidade étnica das crianças e de suas mães, concomitante à valorização da educação escolar como parte do projeto de vida das mesmas.
8. Orçamento – Materiais
As despesas da implementação desses trabalhos seguem orçadas abaixo. As mesmas são relativas a infraestruturas necessárias para o bom andamento dos trabalhos. Além de mobílias e alimentações faz-se necessários serviços de adaptação do local para que se adéque a acolhida de crianças e adolescentes com um espaço também para cozinhar e oferecer a alimentação adequada aos mesmos.
	TABELA – 6 ORÇAMENTO
	Discriminação
	Quantidade
	Valor unit
	Total
	Mesas de estudo individual
	10
	R$ 300,00
	R$ 3.000,00
	Cadeiras
	40
	R$ 50,00
	R$ 2.000,00
	Quadro branco
	04
	R$ 200,00
	R$ 800,00
	Pincéis para quadro branco
	30
	R$ 4,00
	R$ 120,00
	Tinta para pinceis (reposição)
	10
	R$ 6,00
	R$ 60,00
	Colchonetes
	30
	R$ 80,00
	R$ 2.400,00
	Lençóis
	60
	R$ 45,00
	R$ 2.700,00
	Redes
	15
	R$ 75,00
	R$ 1.125,00
	Cordas m
	40
	R$ 2,00
	R$ 80,00
	Máquina fotográfica
	02
	R$ 980,00
	R$ 1.960,00
	Computador 
	20
	R$ 1.800,00
	R$ 36.000,00
	Impressora
	03
	R$ 700,00
	R$ 2.100,00
	Papéis resmas
	25
	R$ 15,00
	R$ 375,00
	Tinta – cartuchos
	12
	R$ 75,00
	R$ 900,00
	mesa escritório
	02
	R$ 580,00
	R$ 1.160,00
	Cadeira – escritório
	06
	R$ 560,00
	R$ 3.360,00
	TV
	02
	R$ 1.350,00
	R$ 2.700,00
	Blu ray
	02
	R$ 490,00
	R$ 980,00
	Mat. didático – tesouras
	20
	R$ 3,80
	R$ 76,00
	Mat. didático – cola
	20
	R$ 1,20
	R$ 24,00
	Mat. didático – pincéis (tamanho diferente)
	60
	R$ 3,80
	R$ 228,00
	Mat. didático – cartolinas
	200
	R$ 1,00
	R$ 200,00
	Mat. didático – canetas 
	90
	R$ 1,30
	R$ 117,00
	Mat. didático – lápis
	90
	R$ 1,00
	R$ 90,00
	Mat. didático – papéis diversos
	100
	R$ 2,50
	R$ 250,00
	Mat. didático – EVA toalhado
	100
	R$ 6,00
	R$ 600,00
	Mat. didático – EVA 
	100
	R$ 4,00
	R$ 400,00
Mat. didático – lápis de cor (cx.)
	60
	R$ 8,00
	R$ 480,00
	Mat. didático – massa de modelar
	90
	R$ 4,00
	R$ 360,00
	Mat. didático - régua
	40
	R$ 2,00
	R$ 80,00
	Mat. didático - fantoche
	30
	R$ 24,00
	R$ 720,00
	Mat. didático - borracha
	60
	R$ 1,00
	R$ 60,00
	Mat. didático - giz de cera (cx.)
	95
	R$ 4,80
	R$ 456,00
	Revelação fotográfica
	600
	R$ 1,00
	R$ 600,00
	Tecidos 
	200
	R$ 20,00
	R$ 4.000,00
	Confecções de roupas
	30
	R$ 50,00
	R$ 1.500,00
	Alimentação mensal
	10
	R$ 6.000,00
	R$ 60.000,00
	TOTAL
	
	
	R$ 132.061,00
	TABELA 7 RECURSOS HUMANOS
	Discriminação
	Meses
	Valor unit
	Total
	1 Assistente social – ajuda de custo
	12
	R$ 2.500,00
	R$ 30.000,00
	1 Psicólogo – ajuda de custo
	12
	R$ 2.500,00
	R$ 30.000,00
	1 Professor artes
	12
	R$ 2.500,00
	R$ 30.000,00
	6 ajudas de custo para 6 Estagiários
	12
	R$ 3.000,00
	R$ 36.000,00
	1 Coordenadora do projeto
	12
	R$ 3.500,00
	R$ 42.000,00
	1 Cozinheira
	12
	R$ 1.086,00
	R$ 13.032,00
	1 Serviço Geral
	12
	R$ 1.086,00
	R$ 13.032,00
	TOTAL
	
	
	R$ 168.000,00
	TABELA 8 – ORÇAMENTO CUSTO TOTAL
	Discriminação
	Meses
	Valor unit.
	Total
	RECURSOS HUMANOS
	
	
	R$ 168.000,00
	RECURSOS MATERIAIS
	
	
	R$ 132.061,00
	Custo total de recursos
	
	
	R$ 300.061,00
9. Referências Bibliográficas
GOMES, Ivanir Ester de Oliveira. Relatório do Tempo Comunidade referente ao 2°, 4° e 5° períodos da Universidade Federal do Pará. 2011-2012-2013 (mimeo). 
GOMES, Nilma Lino. Educação, identidade negra e formação de professores/as: um olhar sobre o corpo negro e o cabelo crespo. In: Educação e Pesquisa. v.29, n.1. jan./jun. 2003. 
IDESP. Instituto do Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará. A realidade da mulher negra no mercado de trabalho paraense. Belém: IDESP, 2013.
JESUS, Ilma Fátima de. Educação, gênero e etnia em território negro. In: LIMA, Ivan Costa; SILVEIRA, Sônia Maria (orgs.). Negros, Territórios e Educação. Florianópolis: Atilende, 2000.
LACERDA, Paula. Movimentos Sociais na Amazônia: articulações possíveis entre gênero, religião e Estado. In: Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas. v.8, n.1. Jan./abril 2013.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura - um conceito antropológico.14 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
LOPES, Fernanda; WERNECK, Jurema. Saúde da população negra: da conceituação às políticas de direito. In: ERNECK, Jurema. Mulheres Negras: um olhar sobre as Lutas Sociais e as Políticas Públicas no Brasil. Rio de Janeiro Fundação Heinrich Boll. Criola. 2011
MARQUES, Eugenia Portela de Siqueira. A manifestação do preconceito e da discriminação racial na trajetória dos alunos negros bolsistas do PROUNI. In: VALENTIM, Silvani dos Santos; PINHO, Vilma Aparecida de; GOMES, Nilma Lino (orgs.). Relações étnico-raciais, Educação e produção do conhecimento: 10 anos do GT 21 da ANPED. Belo Horizonte: Nandyala, 2012.
MOURA, Clóvis. Dialética radical do Brasil negro.1ed. São Paulo: Anita Ltda, 1994.
SANTOS, Gislene Aparecida dos. Mulher negra homem branco: um breve estudo do feminino negro. Rio de Janeiro: Pallas, 2004.
SANTOS, Walkyria Chagas da. A mulher negra brasileira. In: Africa e Africanidades. Ano 2. N. 5. Maio. 2009.
SILVA, José Antônio Novaes da. A escola como instrumento de resgate da cidadania. In: LIMA, Ivan Costa; SILVEIRA, Sônia Maria (orgs.). Negros, Territórios e Educação. Florianópolis: Atilende, 2000. 
SOUZA, Irene Sales de. Os educadores e as relações interétnicas na escola. In: LIMA, Ivan Costa; SILVEIRA, Sônia Maria (orgs.). Negros, territórios e educação. Florianópolis: Atilende, 2000. 
VALENTIM, Silvani dos Santos; SANTOS, Renato Lopes dos. Relações étnico-raciais na educação profissional integrada a EJA: reflexões acerca da formação continuada de professores. In: VALENTIM, Silvani dos Santos; PINHO, Vilma Aparecida de; GOMES, Nilma Lino. Relações étnico-raciais, educação e produção do conhecimento: 10 anos do GT 21 da ANPED. Belo Horizonte: Nandyala, 2012.
Internet
GOMES, Nilma Lino. Corpo e cabelo como símbolos da identidade negra. Disponível em: <http://www.rizoma.ufsc.br/pdfs/641-of1-st1.pdf>. Acesso em 25/09/2013.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Disponivel em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php>. Acesso em 27/04/2013.
KALCKMANN, Suzana; SANTOS, Claudete Gomes dos; Batista, Luís Eduardo; CRUZ, Vanessa Martins da. Racismo institucional: um desafio para a eqüidade no SUS? Saúde Soc. Vol.16. No.2. São Paulo. May/Aug.Disponivel em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-2902007000200014&script=sci_arttext> Acesso em 15-11-2013. 2007
Anexos
Anexo 1 
Ata do Movimento Negro apoiando o projeto inicial.
Anexo 1- figura 2Anexo 1 - figura 3
Anexo 1 - figura 4
Anexo 2 
Estatuto do MNTX
Centro de Formação do Negro (a) da Transamazônica e Xingu (CFNTX)
ESTATUTO SOCIAL
Capítulo I
Da Denominação, Fins, Sede, Duração e Objetivos.
Art. 1º- O CFNTX - Centro de Formação do Negro (a) da transamazônica e Xingu é entidade civil sem fins lucrativos, sem vinculação político-partidária, com foro na cidade de Altamira, Estado do Pará, e com sede provisória à Alameda Perimetral, nº 1585, Bairro Catedral, fundado em 13 de janeiro de 2006 com prazo de duração indeterminado.
Parágrafo Único: O CFNTX tem sua sede central em Altamira, podendo criar outras unidades de mobilização em diversos bairros, distritos e cidades da região onde haja uma concentração de negros (as) que justifique a implantação dessas unidades. 
Art. 2º- O compromisso Institucional do CFNTX visa a eliminação de todos os mecanismos que produzem descriminação racial, estimulando a conscientização e propondo políticas públicas para a população negra da região da transamazônica e Xingu buscando a construção de uma sociedade eqüitativa e igualitária.
Art. 3º- O CFNTX tem por objetivos: 
I- Desenvolver estudos sobre a história, manifestações culturais e religiosas, sistemas econômicos e políticos, relações ambientais e tipos de formações sociais referentes a população negra e seus ancestrais no Pará. 
II- Denunciar todas as formas em que se expressam o racismo, preconceitos, descriminação e todos os tipos de violência na sociedade brasileira que têm condicionado a maioria da população negra à uma vida precária tanto ao nível econômico quanto social, político, cultural, agrícola, ambiental ou outro aspecto do viver social.
III- Estimular a população negra a criar e/ou participar de outras organizações de caráter profissional, cultural, esportivo, comunitário, etc., sempre incentivando a garantia de tratamento igualitário e eqüitativo nessas associações.
IV- Estimular a população negra a conhecer e valorizar sua importância na sociedade brasileira e a manter costumes e linguagens ancestrais capazes de construir, reconstruir e reforçar sua identidade negra. 
V- Participar e organizar encontros municipais, regionais, estaduais e internacionais que envolvam aspectos ligados aos interesses da população negra. 
VI- Lutar pela preservação e conservação do meio ambiente natural e apoiar pessoas e entidades empenhadas nessa luta contra a depredação da natureza. 
VII- Lutar pela preservação dos valores culturais e do modo de vida peculiares à população negra, inclusive os das comunidades negras rurais, remanescentes de quilombos e outros ajuntamentos de negros (as) urbanos e rurais.
VIII- Lutar pelo respeito ás religiões de matrizes Africanas (negros) e os seus adeptos.
IX- Lutar contra qualquer forma de opressão social e apoiar as iniciativas de pessoas e organizações que tenham por princípios defender e proteger os direitos das crianças, adolescentes, jovens, mulheres, idosos, povos indígenas, deficientes e de qualquer outro seguimento descriminado, inclusive o que envolve a escolha sexual do indivíduo.
X- Lutar para que

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