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TEXTO 7 - Apl 0008756-89 2014 8 26 0201 - tutela externa do crédito - pes de tangerina - CLB-2019

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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
25ª CÂMARA DA SEÇÃO DE DIREITO PRIVADO
Registro: 2017.0000734058
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 
0008756-89.2014.8.26.0201, da Comarca de Garça, em que é apelante JOÃO 
ARNALDO BRAGADINI (JUSTIÇA GRATUITA), são apelados MARCELO 
FAVERI JORGE e AGROPECUÁRIA SANTA ESMÉRIA LTDA..
ACORDAM, em 25ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de 
São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte ao recurso. V. 
U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores HUGO 
CREPALDI (Presidente sem voto), AZUMA NISHI E MARCONDES D'ANGELO.
São Paulo, 21 de setembro de 2017. 
EDGARD ROSA
RELATOR
-Assinatura Eletrônica-
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Apelação nº 0008756-89.2014.8.26.0201 - Garça - Voto nº 21.741 - W
APELAÇÃO Nº 0008756-89.2014.8.26.0201 – VOTO Nº 21.741
APELANTE: JOÃO ARNALDO BRAGADINI
APELADOS: MARCELO FAVERI JORGE E AGROPECUÁRIA SANTA ESMÉRIA 
LTDA.
COMARCA DE GARÇA - 3ª VARA
COMPRA E VENDA DE SAFRA AGRÍCOLA DE TANGERINA 
PONCÃ CELEBRADA COM O ARRENDATÁRIO DAS 
TERRAS SAFRA DE 2013 ADIANTAMENTO PARCIAL DO 
PREÇO OBRIGAÇÃO, NO ENTANTO, CUMPRIDA APENAS 
EM PARTE, EM RAZÃO DA DERRUBADA DA LAVOURA PELA 
PROPRIETÁRIA DA FAZENDA E ARRENDANTE DAS TERRAS 
 RESTITUIÇÃO DO PREÇO CORRESPONDENTE À PARTE DA 
SAFRA NÃO ENTREGUE DEVER QUE SE IMPÕE TANTO AO 
ALIENANTE DA SAFRA (ARRENDATÁRIO) QUANTO À 
PROPRIETÁRIA DO TERRENO (ARRENDANTE) QUE 
DESTRUIU A PLANTAÇÃO EM DESPRESTÍGIO AO 
CONTRATO CELEBRADO POR AQUELE COM O AUTOR - 
TUTELA EXTERNA DO CONTRATO MITIGAÇÃO DO 
PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE EM RAZÃO DA DIMENSÃO 
EXTERNA DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO 
OPONIBILIDADE DOS EFEITOS DO CONTRATO AOS 
TERCEIROS QUE DELE TENHAM CONHECIMENTO 
HIPÓTESE EM QUE A PROPRIETÁRIA ARRENDANTE VIOLOU 
O DEVER DE ABSTENÇÃO QUE SE LHE IMPUNHA E 
INTERFERIU DOLOSAMENTE NO CONTRATO CELEBRADO 
ENTRE O AUTOR E O ARRENDATÁRIO, LEVANDO, POR SEU 
COMPORTAMENTO, AO INADIMPLEMENTO DE PARTE DAS 
OBRIGAÇÕES POR ESTE ASSUMIDAS, CUJA EXECUÇÃO 
NORMAL E ESPERADA RESTOU IMPOSSIBILITADA, ANTE A 
DERRUBADA DA LAVOURA (DESTRUIÇÃO DO OBJETO 
PRESTACIONAL) CONDUTA QUE CONFIGURA ATO ILÍCITO 
(ART. 186 DO CC) E FAZ EMERGIR A RESPONSABILIDADE 
CIVIL PELOS DANOS CAUSADOS, DEVENDO INDENIZAR O 
AUTOR, NOS TERMOS DO ART. 927 DO CC ADQUIRENTE 
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Apelação nº 0008756-89.2014.8.26.0201 - Garça - Voto nº 21.741 - W
QUE NÃO ASSUMIU OS RISCOS DA EXISTÊNCIA DA SAFRA, 
QUE INCLUSIVE COLHEU EM PARTE, MAS APENAS O RISCO 
DA DIFERENÇA NA QUANTIDADE ESTIMADA, FAZENDO JUS 
À REPARAÇÃO DOS PREJUÍZOS POIS A DESTRUIÇÃO DE 
PARTE DO POMAR, POR INTERVENÇÃO DA ARRENDANTE, 
NÃO ESTAVA INCLUÍDA NA ÁLEA INERENTE AO 
CONTRATO APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 483 E 459, 
PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO CIVIL DANOS 
EMERGENTES COMPROVADOS, MAS NÃO NA EXTENSÃO 
PRETENDIDA LUCROS CESSANTES E DANO MORAL NÃO 
COMPROVADOS - AÇÃO DE COBRANÇA JULGADA 
PROCEDENTE EM PARTE. 
- Apelação parcialmente provida.
1) Trata-se de tempestiva apelação (fls. 241/249), 
isenta de preparo, interposta contra a respeitável sentença de fls. 223/225, que 
julgou improcedente ação de reparação de perdas e danos decorrentes do 
inadimplemento do contrato de compra e venda de safra futura de poncã.
Inconformado, o autor recorre para pedir a reforma 
da sentença. Em síntese, nas razões recursais, alega que o inadimplemento do 
contrato não decorreu dos riscos normais, típicos de um contrato aleatório, 
mas sim em razão do comportamento doloso da corré AGROPECUÁRIA 
SANTA ESMÉRIA LTDA., proprietária do terreno, a qual promoveu a derrubada 
dos pés de citros, com os frutos ainda pendentes, impossibilitando que o autor 
os colhesse e frustrando a execução do contrato de compra e venda que havia 
sido celebrado com o parceiro agrícola da ré, o corréu MARCELO FAVERI 
JORGE. Aguarda a procedência do pedido, a fim de que se recomponha o 
prejuízo experimentado com a perda de parte da safra não colhida.
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Apelação nº 0008756-89.2014.8.26.0201 - Garça - Voto nº 21.741 - W
O recurso foi respondido (fls. 253/257).
Este é o relatório.
2) Trata-se de apurar a responsabilidade pelas 
perdas e danos decorrentes do inadimplemento do contrato de compra e 
venda de safra futura, celebrado entre JOÃO ARNALDO BRAGADINI e 
MARCELO FAVERI JORGE.
Narra a petição inicial que, em abril de 2013, o 
corréu MARCELO, na condição de parceiro agrícola de AGROPECUÁRIA 
SANTA ESMÉRIA LTDA., celebrou com o autor a venda da safra de frutas 
cítricas (poncã) do ano de 2013, com previsão de que as frutas seriam 
colhidas até o dia 31 de julho de 2013, na lavoura de propriedade da corré 
SANTA ESMÉRIA, ficando estimado pelas partes a produção de 1,5 (uma e 
meia) caixa de frutas por pé de tangerina, o que significaria uma produção de 
10.674 caixas, pelo preço total de R$ 32.000,00, que teriam sido pagos de 
forma adiantada.
Ocorre que, no dia 26 de junho de 2013, com as 
frutas ainda no pomar, a corré AGROPECUÁRIA SANTA ESMÉRIA LTDA, por 
meio da ação de terceira, promoveu a derrubada das árvores, 
impossibilitando a colheita pelo autor.
Diante disso, pretende a condenação dos réus à 
devolução do preço adiantado, além dos lucros cessantes e danos morais, 
decorrentes dos negócios que foram frustrados, pois atua como revendedor 
de frutas no CEAGESP de Ribeirão Preto/SP (fls. 1/14).
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Apelação nº 0008756-89.2014.8.26.0201 - Garça - Voto nº 21.741 - W
A petição inicial foi instruída com cópia do contrato 
de compra e venda (fls. 20/21), de recibos de pagamento do preço, do 
boletim de ocorrência, de fotos dos tratores derrubando os pés de tangerina e 
cópia das notificações extrajudiciais encaminhadas aos réus. 
Em contestação (fls. 72/79vº), a corré SANTA 
ESMÉRIA sustentou, preliminarmente, ilegitimidade passiva, pois não tomou 
parte no contrato celebrado ente o autor e o corréu MARCELO. No mérito, 
admite que, pelo distrato do contrato de parceria agrícola celebrado com o 
corréu MARCELO, este teria até 30 de julho de 2013 para promover a colheita 
da lavoura de poncã. Todavia, por negligência do parceiro corréu, a safra de 
poncã ficou prejudicada, ante a proliferação de pragas e doenças, o que 
motivou a derrubada da lavoura para evitar a proliferação de doenças às 
demais culturas da fazenda. Invoca o princípio da relatividade dos contratos 
para sustentar que não pode ser obrigada a arcar com os prejuízos do autor, 
pois não haveria na ordem jurídica qualquer previsão que permitisse a 
responsabilização do parceiro outorgante (dono das terras) pelos contratos de 
venda de safra firmados pelo parceiro outorgado (agricultor) com terceiros.
Por sua vez, o corréu MARCELO apresentou 
resposta, na qual esclareceu que mantinha com a corré SANTA ESMÉRIA 
contrato de parceria agrícola, pelo qual lhe cabia cuidar da lavoura e receber 
pelos frutos colhidos. Referido contrato foi desfeito, tendo sido estipulado o 
prazo de 30 de julho de 2013 para a colheita da lavoura de poncã, cuja safra 
fora vendida ao autor. Todavia, antes do prazo estipulado, a corré SANTA 
ESMÉRIA, por meio de prepostos autorizados, promoveu a derrubada do 
pomar, frustrando a colheita. Tal fato teria gerado enormes danos ao réu, que 
inclusive litiga contra a corré em outra demanda. Afirma que o contrato 
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celebrado com o autor não foi cumprido por culpa exclusiva da ré, que 
destruiu a lavoura com os frutos alienados pendentes. Subsidiariamente, 
alegou que, por se tratar de contrato aleatório, o autor assumiu os riscos da 
inexistência de frutos a serem colhidos, não fazendo jus à devolução do preço 
pago ou às perdas e danos (fls. 165/170).
Em fase de saneamento e organização do processo, 
o MM. Juízo a quo rejeitou a preliminar de ilegitimidade passiva da corré 
SANTA ESMÉRIA e autorizou e a colheita de prova oral (fls. 195/196).
Na audiência de instrução, foi colhido depoimento 
pessoal do autor e ouvidas duas testemunhas arroladas pelos réus (fls. 
201/202 e mídia digital de fls. 207). 
Após as alegações derradeiras das partes, a r. 
sentença julgou improcedente o pedido, ao fundamento de que “Conforme a 
cláusula 4 do instrumento contratual (fls. 21), o comprador assumiu todos os riscos 
decorrentes do contrato, no prazo e nas condições estipuladas. Logo, assumindo o 
comprador o risco de a coisa não existir, ao vendedor se reconhece o direito de receber 
integralmente o que lhe foi prometido, conforme dicção do art. 458 do Código Civil de 
2002”, consignando, ainda , que “a relação estabelecida entre as partes daquele 
feito por força de contrato de parceria não repercute na obrigação contratual aqui 
assumida. É exatamente com base nessa premissa que não se pode imputar qualquer 
responsabilização civil à requerida Agropecuária Santa Esméria Ltda. Assim, não 
havendo nexo de causalidade como requisito primeiro à configuração da 
responsabilidade civil, é de rigor a improcedência da ação em relação à requerida” (fls. 
223/225).
3) Respeitado o entendimento da MMª Juíza de 
Direito, o recurso está em caso de ser provido em parte. 
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Para melhor compreensão da controvérsia, assim 
dispõem os artigos 483, 458 e 459 todos do Código Civil, aplicáveis à 
espécie:
“Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. 
Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a 
intenção das partes era de concluir contrato aleatório.
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos 
futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá 
o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que 
de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado 
venha a existir.
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o 
adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá 
também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver 
concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior 
à esperada.
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não 
haverá, e o alienante restituirá o preço recebido.
Como se observa, o contrato de compra e venda de 
coisa futura - essencialmente comutativo - pode adquirir a feição de contrato 
aleatório pela vontade das partes.
Nesse ponto, como adverte Nelson Rosenvald, 
“caberá distinguir entre a emptio spei (art. 458 do CC) e a emptio rei speratae (art. 459 
do CC). Caso a venda diga respeito à própria incerteza quanto à existência da coisa em 
si, o contrato é válido e o alienante receberá tudo aquilo que lhe fora prometido. 
Contudo, tratando-se de negócio aleatório referente à quantidade esperada(v. g., 
adquiro o que vier na sua rede de pescaria pelo valor x), caso nada venha, tratar-se-á de 
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Apelação nº 0008756-89.2014.8.26.0201 - Garça - Voto nº 21.741 - W
hipótese evidente de inexistência do negócio jurídico, com restituição de eventual 
adiantamento, na dicção do parágrafo único do art. 459 do Código Civil” (Código Civil 
comentado: doutrina e jurisprudência -coordenador Cezar Peluso. 4ª ed. rev. e 
atual. - Barueri, SP : Manole, 2010 - p. 544). 
No caso, a cláusula 4ª do contrato de compra e 
venda celebrado entre o autor e o corréu MARCELO deixa claro que o autor se 
obrigou pela aquisição de toda a safra de poncã do ano de 2013, que já se 
encontrava com frutos pendentes, independentemente das possíveis variações 
na produção estimada, para mais ou para menos (fls. 21). Logo, não se pode 
afirmar que o autor assumiu os riscos da existência da safra (emptio spei), 
pois esta já existia e foi, inclusive, parcialmente colhida, como admitido em 
depoimento pessoal (mídia digital de fls. 207), tendo assumido, apenas, o 
risco de as frutas existirem em qualquer quantidade - maior ou menor do que 
a estimada (emptio rei speratae) -, de forma que se aplica ao caso, portanto, a 
regra do art. 459 c.c. 483, parte final, do Código Civil.
Logo, uma vez que a colheita de parcela 
considerável da lavoura restou prejudicada, remanesce o dever de restituição 
ao autor de parte do preço pago de forma adiantada pela aquisição das frutas, 
nos termos do parágrafo único do art. 459 do Código Civil, pois, ainda que se 
trate de contrato aleatório, a intervenção dolosa da corré SANTA ESMÉRIA 
não se encontrava na álea esperada e anuída pelas partes, extrapolando os 
riscos inerentes ao negócio jurídico celebrado.
Não obstante isso, ainda que se tratasse de contrato 
aleatório na modalidade emptio spei, como querem os réus e como foi 
reconhecido pela r. sentença, ainda assim remanesceria o dever de restituição 
do preço e a resolução do negócio em perdas e danos, pois os riscos que 
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compõe a álea da compra de safra futura são aqueles relativos aos 
acontecimentos naturais (mudanças climáticas, estiagem, doenças, pragas, e 
etc.) e não a ação humana deliberada, que promove, por seus próprios 
interesses, a derrubada da lavoura com os frutos ainda pendentes.
4) Posta tal premissa, fica a questão de definir a 
quem deve ser imputada a responsabilidade pela restituição de parte do preço 
adiantado pelo autor e de reparar eventuais prejuízos, já que, diante do 
perecimento do objeto, o cumprimento da prestação se tornou impossível, 
devendo o remanescente da obrigação ser resolvido em perdas e danos.
A resposta é: a responsabilidade deve ser repartida 
igual e solidariamente entre ambos os réus, ainda que por fundamentos 
distintos.
Ao corréu MARCELO impõe-se a obrigação de 
restituir parte do preço, em razão do inadimplemento da obrigação 
contratualmente assumida art. 389 do Código Civil. 
À corré SANTA ESMÉRIA, que não tomou parte no 
negócio jurídico celebrado com o autor, impõe-se a obrigação de indenizar os 
danos que causou com sua conduta, com fundamento na responsabilidade 
civil extracontratual (art. 186 e 927 do Código Civil), em razão da violação à 
cláusula geral da função social do contrato (art. 421 do Código Civil), em seu 
aspecto externo, segundo a qual configura ato ilícito a intervenção prejudicial 
de terceiro na relação contratual alheia, de modo a contribuir para o 
inadimplemento das obrigações.
Com efeito, ao contrário do alegado pela ré em sua 
contestação, a relatividade dos contratos, que produzem seus principais 
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efeitos entre as partes, não excluiu a irradiação de efeitos outros, externos à 
relação contratual, e que geram, por força da função social, um dever geral de 
respeito aos pactos alheios, consubstanciada na oponibilidade do contrato 
perante terceiros.
Na lição do saudoso mestre Antônio Junqueira de 
Azevedo: “Aceita a ideia de função social do contrato, dela evidentemente não se vai 
tirar a ilação de que, agora, os terceiros são partes no contrato, mas, por outro lado, 
torna-se evidente que os terceiros não podem se comportar como se o contrato não 
existisse” (AZEVEDO, Antônio Junqueira de. Parecer Civil. São Paulo: Revista dos 
Tribunais 750, 1998, p.116/117).
A respeito do tema, leciona Teresa Negreiros que a 
função social do contrato possui uma relevância externa à relação contratual, 
na medida em que o contrato é um fato social, cujo cumprimento interessa a 
toda a coletividade, sendo oponível, portanto, a todos. Daí por que se fala em 
tutela externa do contrato, responsabilizando o terceiro que interfere 
dolosamente, de forma não autorizada, na execução das obrigações alheias:
“Sai fortalecida, pois, a tese de que o princípio da função social 
condiciona o exercício da liberdade contratual e torna o contrato, como 
situação jurídica merecedora de tutela, oponível erga omnes. Isto é, todos 
têm o dever de se abster da prática de atos (inclusive celebração de 
contratos) que saibam prejudiciais ou comprometedores da satisfação de 
créditos alheios. A oponibilidade do contrato traduz-se, portanto, nesta 
obrigação de não fazer, imposta àquele que conhece o conteúdo de um 
contrato, embora dele não seja parte. Isto não implica tornar as obrigações 
contratuais exigíveisem face de terceiros (o que a relatividade impede), 
mas impõe aos terceiros o respeito por tais situações jurídicas, validamente 
constituídas e dignas da tutela do ordenamento (é o que a oponibilidade 
exige)” (Teresa Negreiros - Teoria do Contrato, novos paradigmas. 2ª 
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ed., São Paulo: Renovar, 2006, p. 244-75).
Corroborando esse entendimento, vale mencionar o 
seguinte julgado:
“PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS DO CONTRATO 
DOUTRINA DO TERCEIRO CÚMPLICE TUTELA EXTERNA DO 
CRÉDITO. O tradicional princípio da relatividade dos efeitos do contrato 
(res inter alios acta), que figurou por séculos como um dos primados 
clássicos do Direito das Obrigações, merece hoje ser mitigado por meio da 
admissão de que os negócios entre as partes eventualmente podem 
interferir na esfera jurídica de terceiros de modo positivo ou negativo , 
bem assim, têm aptidão para dilatar sua eficácia e atingir pessoas alheias 
à relação inter partes. As mitigações ocorrem por meio de figuras como a 
doutrina do terceiro cúmplice e a proteção do terceiro em face de 
contratos que lhes são prejudiciais, ou mediante a tutela externa do 
crédito. Em todos os casos, sobressaem a boa-fé objetiva e a função social 
do contrato” (STJ - REsp 468.062/CE, Rel. Ministro HUMBERTO 
MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 11/11/2008, DJe 
01/12/2008 sem o destaque no original).
Na hipótese dos autos, vê-se que a corré SANTA 
ESMÉRIA violou o dever de abstenção que se lhe impunha e interferiu 
danosamente no contrato celebrado entre o autor e o corréu MARCELO, 
levando, por seu comportamento, ao inadimplemento das obrigações 
assumidas pelas partes, cuja execução normal e esperada restou 
impossibilitada, antes a derrubada precoce do pomar (destruição do objeto 
prestacional).
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A conduta da ré configura ato ilícito (art. 186 do 
CC) e faz emergir a responsabilidade civil pelos danos causados, devendo 
indenizar o autor, nos termos do art. 927 do CC.
Ao contrário do alegado pela ré, não havia 
justificativa para a destruição de parte da lavoura poucos dias antes da 
colheita dos frutos pendentes. 
A propalada existência de doenças nos pés de poncã 
não foi comprovada. O laudo técnico de fls. 118/124, além de constituir 
documento encomendado e produzido unilateralmente pela ré, sem o condão 
de constituir prova pericial sob o crivo do contraditório, apresenta a seguinte 
conclusão:
“Há necessidade urgente da liberação das áreas de Tangerina Murcote e 
Limão Taiti, por parte do Arrendatário, cujas áreas serão utilizadas pelo 
Arrendante com culturas anuais a partir do ano agrícola de 2013/2014. 
Essa urgência se deve ao fato de que os pomares terão que ser erradicados 
e o solo preparado para o cultivo de soja, cujas operações demandam 
tempo. O prazo para o plantio da soja se esgota em 
setembro/outubro/2013, sem o que não se preservará uma boa 
produtividade da lavoura de soja. Além disso, os pomares de Tangerina 
Murcote e Limão Taiti, no estado de abandono em que se encontram, 
proporcionam alto risco de contaminiação de doenças para outros pomares 
da região, visto que as doenças ali presentes tem fácil propagação, e 
grandes prejuízos para lavouras que venham a ser contaminadas” (fls. 
120 sem o destaque no original). 
Bem se vê que o referido documento alude, apenas 
e tão somente, às culturas de tangerina murcote e limão taiti, dando-as por 
condenadas e recomendando a derrubada para preparar o solo para a futura 
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plantação de soja. Em nenhum passo do parecer faz-se menção à tangerina 
poncã, que foi objeto do contrato celebrado com o autor, o que leva a crer 
que tal cultura não foi analisada pelo especialista.
As testemunhas Roberto Luiz Baroni e Roberto 
Neubern Mafud, ouvidas em juízo, respectivamente, prestador de serviços da 
fazenda e engenheiro agrônomo contratado pela ré, apresentaram alegações 
genéricas e se limitaram a confirmar os dados contidos no parecer escrito de 
fls. 118/124, sem especificar, com segurança, se as doenças e o abandono que 
acometia as lavouras se limitava às culturas de limão taiti e tangerina 
murcote, não havendo elementos que apontem para a condenação do pomar 
de tangerina poncã, que já estava com a safra alienada sendo colhida pelo 
autor.
A segunda testemunha, Roberto Neubern Mafud, 
que assina o mencionado parecer, sequer se recordava, em audiência, da 
existência da cultura de tangerina poncã, referindo-se, com segurança, apenas 
à tangerina murcote e ao limão taiti, tal qual descrito no documento de fls. 
118/124, o que corrobora o fato de que a cultura de poncã não foi objeto de 
análise pelos agrônomos contratados pela ré.
De qualquer sorte, deveria ser respeitado o prazo 
convencionado para que os cítricos fossem colhidos, obrigação que constou 
expressamente no distrato (fls. 172/173) e decorre de imperativo legal 
(Estatuto da Terra e Decreto nº 59.566/66). Os pomares de poncã não 
poderiam ser erradicados antes do dia 30 de julho de 2013 ou antes da 
colheita dos frutos. 
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Desta forma, os elementos de convicção colhidos na 
fase instrutória não são suficientes para amparar a tese de exclusão da 
responsabilidade civil da corré SANTA ESMÉRIA, uma vez que esta não 
provou a existência de doenças ou a situação de abandono da lavoura de 
poncã, cuja safra estava vendida ao autor.
De acordo com o art. 188, II, do CC, não constitui 
ato ilícito a destruição de coisa alheia a fim de remover perigo iminente, e, 
nos termos do parágrafo único do mencionado dispositivo, são considerados 
legítimos apenas os atos absolutamente necessários, sem exceder os limites 
do indispensável para a remoção do perigo.
No caso, como visto, além de não ter ficado 
demonstrado que a lavoura de poncã representava um perigo iminente para as 
demais culturas da fazenda, também não se provou que a derrubada dos pés 
era medida absolutamente necessária e tampouco que não tenha excedido os 
limites do indispensável para remover o perigo hipotético.
Cabia à ré a demonstração do perigo e da 
razoabilidade da medida adotada como causa excludente da ilicitude de seu 
comportamento, o que não foi feito, de modo que a derrubada do pomar com 
as frutas pendentes constituiu ato ilícito (art. 186 do CC).
Uma vez configurara a responsabilidade civil 
contratual do corréu MARCELO e extracontratual da corré SANTA 
ESMÉRIA há o dever de reparar as perdas e danos experimentados pelo 
autor, cujo valor será a seguir definido.
5) O dano material foi comprovado, mas não na 
extensão pretendida pelo autor.
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De acordo com o contrato de fls. 20/21, foi acertado 
o preço de R$ 32.000,00, por toda a safra de poncã.
Os recibos de fls. 23 demonstram que houve 
pagamento adiantado da maior parte do preço, no valor de R$ 30.500,00 
(trinta mil e quinhentos reais). O documento de fls. 204 é o recibo original, 
cuja cópia já havia sido apresentada às fls. 23.
Além disso, como confessado pelo autor em 
depoimento pessoal (art. 389 do CPC), a safra comprada do corréu MARCELO 
correspondia a quatro quadras de poncã, das quais 3 foram colhidas e apenas 
uma delas, deixada para o final da colheita, é que ficou prejudicada, em razão 
da destruição dos pés pela corré SANTA ESMÉRIA.
Assim, o autor não faz jus à devolução de todo o 
preço adiantado, mas apenas à parcela proporcional ao que efetivamente não 
colheu (última quadra de cítricos).
Se o autor confessou que colheu 3/4 da safra 
adquirida, é justo que receba de volta apenas o preço correspondente à 
quarta parte da safra não colhida, que perfaz o montante de R$ 7.625,00 
(25% de R$ 30.500,00), que será corrigido desde o desembolso (11/04/2013) 
e acrescido de juros de mora de 1% ao mês, a partir da citação. 
6) Os lucros cessantes, como é cediço, demandam 
prova da sua ocorrência.
J. M. DE CARVALHO SANTOS, em sua apreciada 
obra “Código Civil Brasileiro Interpretado”, Freitas Bastos, 9ª ed., 14/256, 
ensina que: os lucros cessantes, para serem indenizáveis, devem ser fundados em bases 
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seguras, de modo a não compreender os lucros imaginários ou fantásticos. Nesse sentido é 
que se deve entender a expressão legal: razoavelmente deixou de lucrar. 
CARLOS ROBERTO GONÇALVES, em sua obra 
“Responsabilidade Civil” 16ª edição, Saraiva, pág. 589, ensina que “lucro 
cessante é a frustração da expectativa de lucro. É a perda de um ganho esperado”.
Na espécie, contudo, afora o fato de o autor afirmar 
que revenderia as frutas no CEAGESP de Ribeirão Preto, nada provou no 
sentido de que, diante do inadimplemento contratual motivado pela conduta 
dos réus, deixou de cumprir compromissos assumidos anteriormente, 
inexistindo nos autos elementos que indiquem a efetiva frustração de outros 
negócios celebrados pelo autor, tratando-se de mera hipótese ou expectativa, 
não amparada pelo direito.
7) Por fim, no que tange aos danos morais, tenho 
que não estão configurados no caso.
Não se nega que a frustração do escopo do contrato 
por conta do ato ilícito praticado pela ré, nas circunstâncias narradas na 
petição inicial, é algo desagradável e indesejado, mas, conquanto configure 
algum dissabor, não teve o efeito de repercutir na esfera moral do autor.
Em outras palavras, não é possível extrair dos autos 
abalo a direito da personalidade que enseje a indenização por danos morais.
O dissabor e a frustração experimentados na hipótese 
não são suficientes para dar ensejo ao ressarcimento almejado, pois, como bem 
ensina Sergio Cavalieri Filho1:
“Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade 
1 “Programa de responsabilidade civil”, 7ª edição, São Paulo, Malheiros, p. 80.
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exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto,além de fazerem 
parte da normalidade do nosso dia-a-dia, no trabalho, no trânsito, entre os 
amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são intensas e 
duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo".
Deveras, os meros transtornos e dissabores da vida 
não podem ser incluídos na esfera do dano moral indenizável, pois o 
reconhecimento do direito à compensação “não implica o reconhecimento de todo e 
qualquer melindre, toda suscetibilidade exacerbada, toda exaltação do amor-próprio 
pretensamente ferido, a mais suave sombra, o mais ligeiro roçar das asas de uma 
borboleta, mimos, escrúpulos, delicadezas excessivas, ilusões insignificantes desfeitas 
possibilitem sejam extraídas da caixa de Pandora do direito centenas de milhares de 
cruzeiros. É preciso que exista realmente dano moral, que se trate de um acontecimento 
grave como a morte de um ente querido, a mutilação injusta, a desfiguração de um rosto, 
uma ofensa grave, capaz de deixar marcas indeléveis, não apenas em almas de 
sensibilidade de filme fotográfico, mas na generalidade das pessoas, no homem e na mulher 
medianos, comuns, a ponto de ser estranhável que não sentissem mágoa, sofrimento, 
decepção, comoção' (Tratado..., 1985, p. 637)” (FLÁVIO TARTUCE - Direito Civil - 
vol. 2: direito das obrigações e responsabilidade civil 9ª ed. Rio de Janeiro: 
Forense; São Paulo : Método, 2014 versão digital).
De dano moral só se poderia cogitar se, na hipótese, 
tivesse ocorrido algum fato excepcionalmente grave e específico, revelador de 
situação de intenso constrangimento, vexame ou humilhação, capaz de abalar 
a dignidade do autor, o que, evidentemente, não ocorreu.
A alegação singela de que a confiança e a reputação 
do autor teriam sido abaladas junto aos clientes do CEAGESP (fls. 11), além de 
não comprovada, deve ser associada ao exagero de estado anímico, diante de 
situação que, no cotidiano das relações que envolvem negócios de compra e 
venda de safra futura de frutas, aproxima-se do banal, estando muito longe do 
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vexame, dor, humilhação e abalo capazes de dar ensejo a uma reparação.
O que se tem, no caso dos autos, é situação que, 
considerados os fatos narrados na petição inicial, gera mero dissabor ou 
aborrecimento, mas não dano moral indenizável.
Antônio Jeová Santos, em sua conhecida obra “Dano 
Moral Indenizável”, 4ª ed., RT, 2003, pág. 113, bem adverte que "as sensações 
desagradáveis, por si sós, que não trazem em seu bojo lesividade a algum direito 
personalíssimo, não merecerão ser indenizadas. Existe um piso de inconvenientes que o ser 
humano tem de tolerar, sem que exista o autêntico dano moral”.
8) Houve sucumbência recíproca, mas em maior grau 
do autor, de modo que as partes deverão arcar com as custas processuais na 
seguinte proporção: 70% a cargo do autor e 30 % a cargo dos réus.
Outrossim, os honorários advocatícios, já computado 
o trabalho adicional em segunda instância (art. 85, §11, do CPC), são devidos 
aos patronos das partes, na seguinte conformidade: R$ 2.000,00 aos patronos 
das rés, que dividirão a verba; e 20% da condenação ao patrono do autor, 
vedada a compensação, nos termos do art. 85, § 14, do CPC.
Ante o exposto, dá-se provimento parcial à 
apelação, para julgar procedente em parte a demanda, assim condenar os réus 
ao pagamento solidário da quantia de R$ 7.625,00, com correção monetária 
desde o desembolso (11/04/2013) e juros de mora de 1% ao mês, a partir da 
citação, observando-se a disciplina sucumbencial acima definida. 
 EDGARD ROSA
 Desembargador Relator
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