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A INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA NA EDUCAÇÃO Acadêmico(s) Cristiane Buettgen de Souza Eliza Raquel Caruso Andrin Karla Cristina Spiss da Silva Tutora: Maite Waltrick Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI Turma: PED 1387- Seminário Interdisciplinar I 10/11/2015 RESUMO Este trabalho tem como objetivo demonstrar a importância da Inclusão de crianças com deficiência auditiva na educação. Sendo a família muito importante neste processo. A escola será mais eficiente na medida em que for apoiada pela família. Cabe a escola assegurar aos indivíduos com necessidades auditivas, seus direitos para que possam usufruir dos meios disponíveis para aprofundar suas aprendizagens, fazer-se cumprir as leis do interprete em sala de aula e o material necessário para dar oportunidade aos alunos surdos, fazendo com que os mesmos dominem a comunicação de libras, como a primeira língua, e o português como a segunda língua, cumprindo com o papel e objetivo da inclusão escolar. A metodologia utilizada neste trabalho será a pesquisa documental, com abordagem qualitativa, realizada em livros, revistas, jornais, teses e documentos, escritos por vários autores ligados a área da educação Pedagogia, com descrição e comentários dos conceitos estudados. Palavras-chave: Família. Inclusão. Escola. Direito. 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho visa demonstrar a inclusão de crianças com deficiência auditiva na educação. Entende-se ser de suma importância para o desenvolvimento do processo educacional às pessoas portadoras de necessidades especiais auditivas. A inspiração do tema adveio da necessidade de abordar “À inclusão de crianças com deficiência auditiva na educação”. Neste trabalho busca-se compreender aspectos relacionados ao surgimento da inclusão na educação a partir da pesquisa documental sobre, deficiência auditiva, inclusão a nova visão educacional, benefícios e métodos aplicados, direitos e importância à inclusão, família, escola, valores humanos ético-sociais, aprendizagem, afetividade, comunicação, socialização e principalmente a participação efetiva das duas instituições educativas na vida do “surdo”, a família e a escola. O objetivo geral desta pesquisa é estudar crianças com deficiência auditiva na educação e as perspectivas em relação à inclusão familiar e escolar. Visando compreender a deficiência auditiva, sua história, seus valores, seus direitos e a participação no processo de inclusão educativa da família e da escola. Neste sentido especificamente se pretende, descrever a existência de alguns tipos de deficiência auditiva; apresentar sua história; mencionar o benefício do interprete para o “surdo”, e os métodos aplicados; identificar os direitos assim como descrever a importância da família e escola no processo de inclusão educativa. Para o desenvolvimento deste trabalho levantou-se a seguinte problemática: “O que é deficiência auditiva e como acontece a inclusão dessas crianças na educação?”. Sob este aspecto discute-se a influencia da família e da escola no processo de inclusão educativa considerando as implicações destas duas instituições. O executar desta pesquisa, justifica-se pelo fato de perceber que cada vez mais a dificuldade que as pessoas portadoras de necessidades especiais enfrentam ao romper da barreira, vencer os obstáculos referentes principalmente à exclusão quando o tema principal deveriam ser a conquista à inclusão, de pessoas portadoras de necessidades especiais. 2 O QUE É DEFICIÊNCIA AUDITIVA, SUA HISTÓRIA A perda auditiva acontece quando o ouvido e o mecanismo da audição são lesados ou obstruídos, de modo que os sons não podem ser percebidos ou entendidos. Silveira e Nascimento (2013) descrevem a existência de alguns “tipos de deficiência auditiva”: Condutiva: é decorrente de bloqueio ou lesão do ouvido externo que impedem as ondas sonoras de passar para o ouvido interno, geralmente alguém com essa perda têm deficiência leve ou moderada. Algumas são temporárias. Neurosensorial: ocorre quando há uma lesão no ouvido interno ou no nervo auditivo, em geral não pode ser melhorada com medicamentos ou cirurgias. Mista: se dá quando há alteração auditiva se localiza na orelha externa, média e/ou interna. Associado a fatores genéticos, determinantes de má formação. Central, disfunção auditiva ou surdes central: esta deficiência auditiva esta relacionada à diferentes graus de dificuldade na compreensão das informações sonoras. Constam alterações nos mecanismos de processamento da informação sonora no troco cerebral (Sistema Nervoso Central). As perdas auditivas são identificadas através do teste auditivo neonatal. Em crianças é testado de maneira diferente. Os audiológistas usam sons puros, com varias combinações de hertz e decibéis, e também várias faixas de tom e volume realizados em salas acústicos de forma que sons como aqueles ouvidos em sala de aula são eliminadas através do audiômetro. As perdas auditivas afetam crianças de muitas maneiras. Dependendo do tipo e do grau da perda o desenvolvimento da linguagem, a comunicação, as oportunidades educacionais e a participação nas situações sociais podem ser afetadas. Alunos podem precisar de ajuda de equipamentos auxiliares e de adaptações especiais. Um aluno com perda auditivo moderada, talvez sozinho não se ajuste aos métodos educacionais típicos, (leitura, orientações orais), mas junto a outro aluno com mesmo perfil, pode se adequar bem sem apoios. Para Smith (2008) durante a história da civilização ocidental variaram as atitudes com as pessoas que eram surdas. Alguns os protegiam, outros ridicularizavam, perseguiam e também causava suas mortes. Aos anos de 1500 mencionam médicos europeus que trabalharam com pessoas surdas. Pedro Ponce de Leon (1520-1589), um monge espanhol talvez tenha sido o primeiro professor de alunos surdos, teve muito sucesso ensinando seus alunos a ler, escrever e falar. Smith (2008) relata que William Holder e John Wallis, os quais viveram nos anos de 1600, foram responsáveis pela instituição de programas educacionais para surdos na Inglaterra. Como os primeiros espanhóis eles defenderam o uso da escrita e a comunicação manual para ensinar a fala. E por volta de 1700, foram fundadas escolas para surdos por Henry Baker, na Inglaterra, Thomas Braidwood, em Edinburgh; Abbé Charles Michel de L’ Epée, na França e Samuel Heinicke, na Alemanha. Nos Estados Unidos foi fundada a primeira escola para alunos surdos em 1817, em Hartford. Thomas Hopkins Gallaudet, um jovem aluno de Teologia, foi estudar na Inglaterra e na França para depois fundar a primeira escola especial para surdos nesses países. A escola Francesa fundada por L’ Epée utilizava métodos de comunicação manual, sobre tudo a linguagem de sinais, descreve Smith (2008) ainda que Bell inventou o telefone, o audiômetro e trabalhou no gramofone. Gallaudet foi presidente da faculdade nacional para surdos e um famoso estudante das leis. Bell acreditava que as escolas residenciais e o uso da linguagem de sinais favoreciam a segregação. Ele pressentiu que as comunidades de pessoa surdas aumentariam o numero de surdos, que casavam entre si, o que eventualmente resultaria em uma variedade da raça humana. Por isso propôs uma legislação para evitar que dois adultos surdos se casassem, eliminando aquelas instituições, banindo o uso da comunicação manual e proibindo o surdo de se tornar professor de alunos surdos. Gallaudet se opôs de modo veemente e essas proposições, e conseguiu o apoio do congresso para manter o método manual e para separar as escolas. A educação formal para o surdo nos Estados Unidos no século XIX era oferecida nas escolas- residências. Os alunos surdos eram levados para o conselho da escola, já que não havia muitos alunos com deficiência naquela época. Em 1817 surgiu a primeira escola nas vésperas da guerra civil em 1864, 24 escolas para surdos estavam funcionando. A Gallaudet University foi fundada em 1864,sob os princípios dos direitos a todos os alunos surdos a uma educação de grande expectativa e de alta qualidade. Conforme relata Smith (2008, p. 305), o grande impacto para as pessoas foi com o desenvolvimento do primeiro aparelho auditivo, sendo de suma importância para as pessoas portadoras da deficiência auditiva condutiva. O primeiro nome aferido ao aparelho de surdez, usado por Dorohty Brett, foi chamado de corneta acústica o qual amplia o som. Ao findar a Segunda Guerra Mundial, vieram os novos inventos de aparelhos auditivos que funcionavam combateria, dificultando o seu uso devido ao seu tamanho. Nos anos de 1950 foram criados os aparelhos (BTE) os de usar atrás da orelha, após o desenvolvimento do transistor. No final dos anos 1980, que a dignidade e a cultura do surdo, ganharam popularidade com o movimento Deaf President Now Moviment, que uniu a comunidade surda (Gannon, 1989), começou em 1988 quando um presidente ouvinte foi indicado para dirigir a Gallaudet University. Quando alunos de Gallaudet e da comunidade de surdo protestaram, onde fecharam o campus fazendo uma passeata na capital, onde o primeiro presidente indicado foi afastado e I. King foi nomeado o primeiro presidente surdo da faculdade da América. A perda auditiva nas crianças é a deficiência numero um nos Estados Unidos (Asma, 2002). Aproximadamente um em cada 1000 bebês nasce surdo e dois ou três tem perdas auditivas menos graves. Quase metade das pessoas esta acima de 65 anos. A perda auditiva pode vir de doenças ou lesões. Para os educadores, é útil saber e entender as causas da perda auditiva, pois para cada tipo de perda pode haver uma série de adaptações necessárias para uma educação eficaz. As cinco causas mais comuns da deficiência auditiva como descreve Smith (2008) são: Condições hereditárias: conhecidas como causas mais comuns profunda em crianças. Muitas crianças com surdez hereditária provavelmente não tem deficiências múltiplas. Meningite: segunda causa comum, uma doença que afeta o sistema nervoso central. Uma das principais causas da perda auditivas neurosensoriais profundas que não está presente no nascimento. A perda auditiva dos indivíduos é adquirida e eles podem desenvolver um pouso a fala e a linguagem antes de perderem a audição. Existem vacinas que evitam a doença. Otite Média: é uma infecção de ouvido médio e um acúmulo de liquido atrás do tímpano. Tal condição pode ser corrigida e tratada com antibióticos e outros procedimentos médicos. Se persistir os sintomas por um longo período ou se não detectado em crianças pequenas, as condiçõ9es podem resultar em distúrbio de linguagem, que por sua vez afetara a aprendizagem escolar. Otite Crônica: pode causar perda por dano ao tímpano, 84% dessas causas resultam em perda leve e moderada. Normalmente as crianças apresentam dificuldades e adaptam-se a um aparelho auditivo. Rubéola Materna: (sarampo alemão), principal causa de surdez em recém nascidos. Existem vacinas para prevenir as doenças em mães grávidas. 3 O BENEFÍCIO DO INTERPRETE EM SALA DE AULA E OS METÓDOS APLICADOS Tendo em vista o beneficio do interprete para o "surdo" acrescentam-se necessidades que devem ser atendidas pelas instituições, garantindo cuidados básicos às crianças com necessidades educacionais especiais, oferecendo oportunidades para que essas crianças se tornem bilíngüe, e que estejam em contato com a comunidade surda. Observa-se que há um problema particularmente importante em relação à educação infantil. Apesar das controvérsias, parece haver um consenso que a educação infantil é formada por uma sociedade social indispensável para o desenvolvimento dessas crianças devendo-se expandir de maneira que atendam a população surda. Nesse sentido são necessários profissionais que tenham domínio da Libra, que pensem em estratégias pedagógicas que contemplam as necessidades das crianças surdas em alguns casos a presença de um interprete se faz necessário, favorecendo a participação dos alunos com surdez em diversas atividades. As crianças surdas, pelos relatos de professores demonstram perceber que a professora e a interprete ocupam diferentes papeis, elas reconhecem que cada uma delas é responsável por tarefas diversas, porém, nem sempre é clara a função de cada uma. Quando um aluno com deficiência auditiva chega à escola sem uma língua desenvolvida e, como conseqüência, com um conjunto de conceitos e conhecimentos restritos quando comparados a seus pares ouvintes, eles necessitam de forma mais contundente seguir as explicação do professor, estando atentas as solicitações e propostas. Quando eles perdem algo que está sendo trabalhado, enfrentam uma serie de dificuldade para acompanhar as atividades. As interprete conscientes dessa realidade desdobram-se chamando sua atenção, motivando-os, explicando novamente, lutando para que eles construam sentidos pertinentes as proposta em sala de aula. Para Lacerda (2010) as interpretes assumem diversas funções inclusive de motivadora dos alunos, para além da tarefa especifica de interpretar. Não se trata de ocupar o papel do professor, mas nas relações próximas ás crianças surdas é difícil pensar que elas não se sintam responsáveis por bons resultados em sua aprendizagem. Muitos defendem que esse profissional deveria integrar a equipe educacional das escolas sendo formados e colaborando para as reflexões que envolvem a aprendizagem dos alunos surdos. As professoras interpretes se preocupam em destacar a importância de conhecer com antecedência o planejamento das atividades escolares, saber o que vai ocorrer em sala de aula permite que esses profissionais se preparem em relação ao uso mais adequado da Libra, além de contarem com recursos pedagógicos adequados: recursos visuais, materiais, entre outros. Para os interpretes muitas questão precisam ser enfrentadas, entre elas aspectos que podem parecer banais, mas que interferem em suas atividades. Um desses aspectos é o lugar que o interprete deve ocupar em sala de aula, de modo a desempenhar bem o seu papel, sem incomodar a professora e os alunos ouvintes. Seu posicionamento é frente da classe, em um canto ou junto a um grupo, precisa ser discutido para que juntos as professoras encontrem a melhor solução para a atuação da interprete sem gerar problemas. Para Alvez, Ferreira e Damázio (2010) existem atividades pedagógicas para fases inicias de aprendizado da Língua Portuguesa entre elas estão: -Expressão corporal; -Expressão artístico-cultural; -Dramatização; -Contextualização de situações vividas; -Aula passeio; -Sessão de filmes. Para leitura: -Leitura de ícones, sinais, índices, símbolos e signos lingüísticos; -Leitura visual de imagens; -Leitura de texto escrito: texto-frases-palavras-sílabas-letras; -Interpretação, compreensão por meio do desenho e por meio da escrita: aplicação das condições de produção dos gêneros textuais e discursivos. Para escrita: -Do desenho á palavra-da palavra ao desenho; -Da frase ao desenho-do desenho á frase; -Do texto ao desenho-do desenho ao texto; -Escrita de diferentes gêneros textuais. Para descoberta da escrita: linguagens lúdicas; -Brincadeiras; -Jogos interativos; -Testes-problema; -Jogos eletrônicos; -Informática; -Livros. Segundo Coelho e Silveira (2012) ser interprete não é simplesmente "ouvir o português falado e traduzir para um sinal". Não é assim que funciona, pois a Libras possui uma estrutura gramatical morfológica e semântica, totalmente diferente do português. O Interprete deverá da melhor forma possível se esforçar para ensinar seus alunos buscando ajuda se possível. 4 OS DIREITOS E A IMPORTÂNCIA NA INCLUSÃO ESCOLAR Falaremos antes de citarmos as leis e diretrizes que torna realidade a Língua Brasileira de Sinais Libras a língua oficial do surdo, sendo essa a primeira língua e a segunda o português, citaremos como o surdo se comunicava antes desta conquista. Segundo Silveira e Nascimento (2013 no congresso de Milão quandofoi proibido o uso da língua de sinais, por volta de 1970, praticamente permaneceu por um século com uso exclusivo na educação dos surdos o Oralismo. O Oralismo tem como finalidade fazer com o que o surdo consiga falar, trabalhando com os resíduos auditivos que o surdo possui, usando então o aparelho auditivo, para isso necessita do acompanhamento do fonoaudiólogo. Iniciando-se o oralismo muito cedo de preferência na infância. O surdo neste período não poderia fazer o uso de sinais, era obrigatório aprender o oralismo, esse aprendizado era muito difícil, cansativo e levava-se um longo tempo para aprender. Observando então que o oralismo era muito difícil surge na década de 70 a Comunicação Total, veio com o intuito de ser reconhecida como a língua de sinais como direito das crianças surdas, usando todos os meios para tentar facilitar a comunicação, analisando que todos os recursos são importantes e indispensáveis para o alfabeto manual, escrita, desenho, língua de sinais, fala e leitura labial. Não sendo esse um método muito aceitável, era criticado por usar o português sinalizado, sendo assim não foi possível pela diferença das línguas não ter respaldo teórico (língua falada e o português sinalizado. Então finalmente surge o Bilingüismo, tendo o uso das duas línguas distintas, sendo a primeira considerada natural dos surdos a Libras, aceitando o surdo na sua diferença e especificidade e a segunda seria o Português. Após passar todo esse processo as pessoas surdas ganharam direitos e leis defendendo sua língua Libras, são essas as leis e diretrizes que orientam as políticas públicas para a educação dos surdos, porque é na escola onde conseguimos fazer mudanças nas gerações seguintes, implantado na educação inicial uma só língua sendo essa confortavelmente adaptável para os surdos, respeitando seus limites e reconhecendo suas capacidades. No Brasil são várias as diretrizes e leis que orientam as políticas publicas para a educação dos surdos, a Lei 10.098/94, de 23 de março de 1994, especialmente o capitulo VII, que legisla sobre a acessibilidade para a Educação Especial (Resolução CNE/CED n°2 de 11 de setembro de 2001) a Lei 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS LIBRAS, e mais recentemente o Decreto n°5.626105 que regula as leis n°10.098/94 e n°10.436102. Toda essa legislação orienta as ações da federação, dos estados e municípios no atendimento a pessoa surda, principalmente no que se refere a sua educação. Em 2002, a Lei n°10.436, reconheceu a Libras conferindo a ela o status de língua oficial brasileira. Desse modo, o seu uso pelas comunidades surdas ganhou legitimidade e passou a ser possível, por base na lei, buscar respaldo no poder publico para o acesso a educação e outros serviços públicos através da Libra. Essa lei também tornou obrigatório com o ensino da Libra aos estudantes de fonoaudiologia e pedagogia, aos estudantes de magistério e nos cursos de especialização em Educação Especial, sendo assim somando mais profissionais capacitados a trabalhar com alunos surdos, respeitando sua condição lingüística, ainda de forma incipiente. A lei n°10.436 só foi regulamentada pelo Decreto 5.626/05, em dezembro de 2005. Essa legislação trata do direito das pessoas surdas ao acesso as informações através das Libras, do direito dessa comunidade a uma educação bilíngüe, da formação de professores de Libras e de interpretes e Libras entre outras providencias. Assim é fundamental compreender o que ela prevê para adequar escolas, empresas, órgãos públicos e outras instituições para o atendimento a pessoa surda. “A linguagem é um processo evolutivo, na qual as crianças constroem hipóteses e fazem reorganizações discursivas, a responsabilidade da escola é marcante indicando que aqueles que atuam neste espaço precisam realizar ações que favoreçam o desenvolvimento de linguagem da criança de forma ampla”. (LACERDA, 2010, p. 07). Nessa linha de raciocínio vimos que a escola em si tem responsabilidade em se fazer cumprir todas essas leis, tornando a Educação Inclusiva realidade, zelando desde os primeiros contatos na educação infantil, onde a criança começa a se comunicar com o mundo em sua volta, e dê muita importância à boa formação deste profissional Interprete que seja capacitado a tornar essa criança comunicativa, incluindo à na sociedade. Quando falamos em Comunidade Surda e Cultura Surda há uma diferença entre elas, segundo (STROBEL, 2008, p. 31): ”A comunidade surda de fato não só é de sujeitos surdos, há também sujeitos ouvintes. Já os membros de uma cultura surda comportam-se sujeitos surdos e compartilham entre si das crenças de sujeitos surdos, sendo estes membros pertencentes ao povo surdo”. Observando então essas diferenças podemos dizer que a comunidade surda é formada não só por surdos, participa também pessoas falantes, e nesta comunidade lutam por seus direitos lingüísticos, libras, á cultura, ao trabalho, ao bem estar de toda a comunidade, ao lazer, onde organizam jogos, esportes e passeios. Sempre buscando seus direitos de cidadania, lutando para quebrar o preconceito e tornar a inclusão social cada dia mais real. Faremos agora da cultura surda, onde é constituída só por pessoas surdas, isto faz com que os surdos se sintam mais seguros, confortáveis, trocando experiência de vida, histórias, traumas, dificuldades, conquistas, buscando força par enfrentar todo o preconceito, não gostam que os chamem de deficiente auditivo, á maioria preferem ser chamados de surdos, porque não se acham deficientes. Essa cultura surda é a total integração dos surdos, que ajuda a construir sua identidade, expressam valores, crenças, hábitos e costumes apreendido com os mais velhos. Nessa cultura não precisam provar nada, se assumem como são “surdos”, isso ocorre somente dentro dessa cultura surda. Organizam-se também para lutarem por seus direitos, principalmente pela língua de sinais, marcam encontros diversos, palestras, cursos, jogos e festas de fim de semana. Observamos sim que há uma diferença, mas lutam sempre pelo mesmo objetivo, de á cada dia conquistar mais seus direitos, principalmente pelo direito da inclusão social, buscando ser aceito desde ao nascer, lutando pela primeira inclusão, que é a inclusão escolar. 5 A FAMILIA NO PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR Atualmente deparamo-nos com diversas teorias de diferentes autores, escritores, pesquisadores descrevendo e debatendo sobre o polêmico e complexo tema de conciliação entre as duas principais instituições educativas na vida de um indivíduo: a família e a escola. Sabe-se que a influência da família é essencial no processo educativo da criança, portanto, ela é apontada como força modeladora do sujeito que está em desenvolvimento. Cabe a família a socialização, a transmissão de valores, crenças e os costumes da sociedade na qual está inserida. A família é então considerada o ambiente mais adequado para o desenvolvimento educacional de qualquer criança, pois é no seio familiar que a criança usufrui do primeiro contato afetivo, comunicativo, emocional, intelectual, físico e cognitivo, neste contato a criança obtém experiências e aprimora desta forma suas aprendizagens educativas. Hoje, a aproximação da instituição educativa com a família incita-nos a repensar a especificidade de ambas no desenvolvimento infantil. São ainda muitos os discursos sobre o tema que tratam a família de modo contraditório, considerando-a ora como um refúgio da criança, ora como uma ameaça ao seu pleno desenvolvimento. Em geral, tais discursos pouco levam em conta os fatores econômicos e sociais que presidem a organização familiar, a divisão de tarefas no lar, o tempo que cada membro da família pode dedicar à criança. (OLIVEIRA, 2008, p. 175). Ainda de acordo com Oliveira, a instituição educativa escolar, é tão importante quanto à instituição educativa familiar, são instituições inerentes a nossa cultura e a sociedade, pois a escola tem papel cognitivo na vida da criança, assimcomo os responsáveis da família (pais), tem o dever e a obrigação de estimular e atender as necessidades emocionais mais básicas do ser humano, desenvolver aspectos relacionados à questão de adaptação, sobrevivência, comunicação, segurança, atenção, afetividade, compreensão para com a criança, mesmo quando se cometem erros e oportunidades de aprender. Neste sentido estas duas instituições têm grande responsabilidade na vida do indivíduo devido aos convívios mais prolongados e constantes da criança em desenvolvimentos com as mesmas. Faz-se necessário abordar sobre o surgimento da inclusão escolar, que segundo Silveira e Nascimento (2007) “rompem o paradigma educacional existente, e rescinde com a estrutura curricular fechada a homogeneidade na escola”. Dando oportunidades às pessoas com deficiência a esperança de recomeçar de serem aceitas na escolar regular na nova visão educacional. Conforme relatos históricos, sabemos que para muitas famílias é constrangedor aceitar o fato de ter um filho portador de necessidade especial, seja qual for sua deficiência. Muitas vezes a família acaba por se isolar por preconceitos próprios ou por opiniões alheias a respeito da criança portadora da deficiência auditiva, desconhecendo a legalidade que a lei lhes assegura ao encaminhar uma criança com necessidade especial auditiva rumo ao início de sua escolarização. Se este processo inicial é doloroso para a família imagine só para a criança portadora da deficiência auditiva quão traumatizante deve ser, principalmente se coincidir de ser atendida por uma pessoa despreparada. Deste modo é fundamental o acompanhamento e direcionamento da família no que tange a inclusão do aluno surdo na escola regular, para que juntamente com a família busquem recursos para beneficiar sua participação e aprendizagem, nas tarefas escolares como também no Atendimento Educacional Especializado. Para Coelho, Silveira e Mabba (2012), existe três etapas que os pais devem priorizar para possibilitar a criança surda, no início de sua escolarização, são elas: 1ª segurança: os pais, os familiares da criança e a crença nas suas potencialidades devem fazer sentir-se segura, ter auto-estima em si mesma aceitando-se melhor co sua deficiência, adquirindo independência quando estiver na escola, longe de casa 2ª Carinho: a necessidade de carinho aqui é tão importante quanto à necessidade de segurança, pois este permite o desenvolvimento da capacidade do contato físico afetivo possibilitando o estabelecimento de comunicação para com outras pessoas. 3ª Comunicação: deve-se estabelecer comunicação com o filho surdo desde o seu nascimento, como se faz com os filhos ouvintes. Os pais devem conversar como o filho surdo sobre tudo o que esta acontecendo ou o que vai acontecer. Observar para que a criança atente-se a quem esta conversando com ela. A família é um processo facilitador do processo de desenvolvimento da comunicação do surdo. Nesta situação é preciso que os familiares do indivíduo “surdo” tenham acesso ao máximo de informações possíveis viabilizados pelos serviços educacionais, onde possam desenvolver a linguagem de seu filho, sendo este portador da deficiência auditiva, mas como é inato de todo e qualquer ser humano nasce com habilidades para expressar qualquer fato, através do corpo, dos gestos ou até mesmo palavras. De acordo com COELHO, SILVEIRA E MABBA: A família passa então a agir normalmente com a criança surda: comunicando-se com ela o tempo todo, como uma mãe faz com o seu bebê ouvinte, antes de ele aprender a falar; fazendo perguntas e respondendo por ela, nos primeiros meses de vida; cantando para ela; contando histórias infantis, contando fatos acontecidos e que estão acontecendo. Essas atividades, sempre que possível, são realizadas com o bebê no colo, porque a acriança percebe a vibração do corpo de quem está se comunicando com ela. (COELHO, SILVEIRA E MABBA, 2012, p. 122). Neste contexto, a família é um elemento chave indispensável no processo de desenvolvimento da comunicação com a criança surda. É preciso que os pais transmitam mensagens ao filho surdo conduzindo a criança olhar para eles enquanto falam. Esta interação precisa ser significativa para a criança, pois este falar, perguntar, responder por ela, cantar, contar histórias infantis, contar fatos acontecidos, essas atividades que precisam ser realizadas, vivenciadas e sentidas para desenvolver a aprendizagem da linguagem de comunicação. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Precisamos estar sempre atentos aos direitos e leis que asseguram a inclusão escolar, conhecendo assim a história da deficiência auditiva, suas causas, e o grau desta deficiência para trabalharmos com precisão na escola. Sabemos que a família e a escola são instituições fundamentais para a formação de qualquer individuo em seu processo de desenvolvimento, principalmente da criança surda, para que esta seja capaz de construir junto a estas instituições sua própria história, sem medos e receios. Que possa exercer seu papel social, desenvolver relações afetivas, comunicativas, emocionais e expressivas com seus familiares e colegas e que essas experiências distintas, possam proporcionar ao surdo esclarecimento de dúvidas, criticas construtivas à nível das relações sociais, que o mesmo adquira bom senso para lidar com todas as mudanças pertinente a trajetória de sua vida familiar e escolar, e dessa forma construa uma visão de mundo ética, através dos valores humanos, religiosos e sociais, revelando a importância das relações afetivas e cognitivas para a crianças desenvolver-se plenamente no processo de educação inclusiva, priorizando pelo respeito ao ser humano e pela justiças. Podemos concluir que a inclusão escolar tem o dever de oportunizar todos os alunos com necessidades especiais, o direito a educação, ao aprendizado, a socialização, ao acesso, a participação, a permanência e a convivência uns com os outros na escola, assegurando a exclusão social e escolar de todos. REFERÊNCIAS ALVEZ, Carla B; FERREIRA, Josimário P; DAMÁZIO, Mirlene M. A Educação especial na perspectiva da inclusão escolar. Brasília, 2010. COELHO, Kátia S; SILVEIRA, Maria D. D. Língua brasileira de sinais - Libras. Indaial: Uniasselvi, 2012. LACERDA, Cristina B.F. Interprete de libras: em atuação na educação infantil e no ensino fundamental. Porto Alegre: Mediação, 2010. SMITH, Deborah D. Introdução à educação especial. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. SILVEIRA, Tatiana S; NASCIMENTO, Luciana M. Educação inclusiva. Indaial: Uniasselvi, 2013. OLIVEIRA, Zilma R. Educação infantil: fundamentos e métodos. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2008.