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Planos Econômicos

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FACULDADE DE DIREITO DE SÃO BERNADO DO CAMPO
Autarquia Municipal
PLANOS ECONÔMICOS 
DE COMBATE A INFLAÇÃO
SÃO BERNARDO DO CAMPO
Outubro de 2019
1CN
COMPONENTES DO GRUPO
Gabriel Landin Dela Barba – RA: 22316
Giovanna Souza Prado Pereira – RA: 22215
Leticia Nilander – RA: 22574
Thais Maciel Melo – RA: 22595
Thais Santana Lisboa – RA: 22327
PLANOS ECONÔMICOS DE COMBATE A INFLAÇÃO 
Nos anos 80, o Brasil entrou em um período de baixo crescimento econômico, representado por muitas crises, que, por sua vez, fizeram com que a época fosse conhecida como década perdida. 
Tratando-se de um período de transição política (o fim da ditadura e o retorno da democracia), o último presidente militar, João Figueiredo, recorreu ao FMI tentando solucionar o endividamento externo do país. A consequência desse empréstimo foi a elevação dos juros, a desvalorização da moeda e outras medidas que provocaram a estagflação (inflação + estagnação da economia).
A partir daí, José Sarney ocupou o cargo de Presidente da República, visto que o primeiro presidente eleito (Tancredo Neves), após a volta da democracia, faleceu antes mesmo de tomar posse.
Visando controlar a inflação, o Governo Sarney foi marcado por diversos planos (Cruzado, Bresser e Verão), mas também foi um período de moratória, deixando o país em uma situação delicada internacionalmente. 
PLANO CRUZADO (março de 1986)
O “Plano de Estabilização Econômica (PEE)” conhecido popularmente como “Plano Cruzado”, foi um plano econômico brasileiro criado durante o governo de José Sarney em 1986, pelo então ministro da Fazenda Dilson Funaro e os economistas João Sayad, Edmar Bacha, André Lara Resende e Persio Arida, com o objetivo de conter o processo de inflação galopante.
Assim, pela Lei nº 2.283, de 27 de fevereiro de 1986, institui-se o plano econômico, sob o slogan de “inflação zero”, que passa a vigorar em 28 de fevereiro de 1986 e durou até 16 de janeiro de 1989, quando foi substituído pelo Cruzado Novo.
Principais Causas 
A hiperinflação brasileira durante a década de 1980 permitiu lucros financeiros aqueles que lidavam com o processo especulativo, bem como aquelas empresas mais competitivas no mercado.
Por sua vez, a inflação possuía um caráter inercial, segundo o qual a própria inflação se alimentava de si num processo de retroalimentação, sendo a causa do próprio aumento. Por esse motivo, a “desindexação da economia” seria a única forma de eliminar a origem da especulação financeira causadora deste fenômeno.
Medidas 
Reforma monetária, com a transformação da moeda Cruzeiro em Cruzado, o qual valia 1000 vezes mais;
Congelamento dos preços em todo o varejo pelo prazo de um ano nos valores de 27 de fevereiro de 1986;
Congelamento e correção automática do salário quando os índices atingissem 20% de inflação;
Adiantamento de 33% do salário mínimo;
Congelamento da Taxa de Câmbio;
Criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND) para a implementação do Plano de Metas responsável pela área de infra-estrutura econômica e insumos básicos.
PLANO CRUZADO II (novembro de 1986)
No final de 1986, o desabastecimento de vários produtos nas prateleiras deu origem a um mercado negro, levando o governo a lançar um plano de reajuste econômico. Dessa maneira, foi criado o Plano Cruzado II, que liberou os preços dos produtos e dos serviços (anteriormente tabelados), além de alterar o cálculo da inflação, passando a ter como base os gastos de famílias com até cinco salários mínimos.
De acordo com o próprio Sarney, “o Cruzado II foi o maior erro que cometemos no governo e por ele, paguei muito caro”. Para os economistas, o aumento dos impostos sobre os produtos da elite não traria impacto na inflação. Entretanto, a teoria e as ações propostas não foram de acordo com as expectativas. Dessa maneira, o Plano Cruzado II falhou e, alguns meses depois, o até então ministro da Fazenda, Dílson Funaro, foi substituído por Luis Carlos Bresser Pereira, responsável pelo Plano Bresser.
Medidas
Aumento da alíquota de IPI de vários produtos
Automóvel de 33% para 100%;
Cervejas, de 80% para 230%;
Vinhos, de 10% para 50%;
Cigarros aumento de 50% a 120% no preço final;
Caminhões aumento de 50% no preço final.
Exclusão do IPC de fatores sazonais e irregulares, impostos indiretos e despesas com fumo e bebidas alcóolicas.
Extinção do BNH e sua incorporação pela CEF
Aumento de 60,16% da gasolina e álcool e do açúcar em 13%
Aumentos de energia elétrica: 44% para consumidores residenciais e comércio e 10% para a indústria; correios aumento de 80% e telefone 35%,
PLANO BRESSER (junho de 1987)
Em 1987, Luis Carlos Bresser Pereira apresentou um novo plano econômico. Entre suas principais medidas, estava o congelamento dos preços e salários, mas com uma flexibilidade maior que a dos outros planos: a duração do tabelamento dos preços era de 90 dias. Além disso, as tarifas do setor público também foram congeladas e a equipe econômica tentava evitar a valorização da moeda, fator que prejudicaria as exportações.
O congelamento dos preços acabou provocando perda salarial e, para evitar a queda do poder de compra, o governo passou a permitir novamente o reajuste de salários. Inicialmente, os resultados do Plano Bresser foram bastante satisfatórios e animadores. Houve uma redução do déficit público, uma recuperação dos saldos da balança comercial e uma queda na inflação. Porém, esses bons resultados acompanharam outros resultados não muito bons, que se agravaram com o passar do tempo. As vendas do comércio varejista caíram significativamente, devido às altas taxas de juros praticadas na economia e à queda do poder de compra dos salários. Em resposta, o setor produtivo diminuiu o seu ritmo de produção.
Principais Causas
O plano surgiu para conter o problema do déficit público, onde o governo gastava mais do que arrecadava. Para diminuir o déficit público tomou algumas medidas , como: 
Aumento de tributos;
Eliminou o subsidio de trigo;
As obras de grande porte já planejadas foram adiadas, entre elas o trem bala em São Paulo e Rio, ferrovia Norte e Sul, Pólo-petroquímico do Rio de Janeiro; 
Retomou as negociações com o FMI (Fundo Monetário Internacional) suspendendo a moratória;
Como resultado
Preços e salários estáveis por três meses
Fracasso no ajuste fiscal
Fracasso na negociação da dívida externa
Política monetária expansionista 
Crescimento moderado do PIB
Superávit na Balança Comercial
Saldo negativo do balanço de pagamentos
Inflação chegou a 366%;
Juros dispararam e descontrole fiscal pelo aumento dos salários do funcionalismo e repasse de verbas para estados e municípios, e subsídios às empresas estatais.
Medidas
Congelamento de salários por três meses; 
Congelamento de preços por três meses; 
Mudança de base do índice de preços ao consumidor (IPC); 
Desvalorização cambial; 
Congelamento de aluguéis; 
Criação da URF (união Referencial de preços) que corrigia salários com base na inflação dos três meses anteriores.
POLÍTICA FEIJÃO COM ARROZ
Segundo Modiano (1990), o novo ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, anunciou em janeiro de 1988 a nova política econômica “feijão-com-arroz”, que visava a estabilização da inflação em 15% ao mês e a redução do déficit público em 7 a 8% do PIB para o ano de 1988. Para reduzir o déficit público foram congelados os saldos dos empréstimos ao setor público e suspensos por dois meses os reajustes salariais dos funcionários públicos.
Em relação à expansão monetária, a redução dos déficits públicos foi em parte neutralizada pelas operações com moeda estrangeira decorrente das emissões de cruzados para cobrir os superávits da balança comercial.
De acordo com Baer (2002), a moratória dos juros da dívida externa, que foi decretada em fevereiro de 1987, foi suspensa e conteve a inflação abaixo dos 20% ao mês no primeiro semestre de 1988. Mas, no segundo semestre, a taxa de inflação
aumentou para24% devido à recomposição das tarifas públicas, evidenciando o fracasso da política do “feijão-com-arroz”. Além disso, a política monetária não pretendeu ser contracionista devido aos mega-superávits acumulados da Balança Comercial.
Ainda de acordo com Baer (2002), com a Constituição de 1988 a situação piorou, pois a mesma aumentou as vinculações da receita, aumentando as transferências de impostos para Estados e Municípios sem o repasse das obrigações, o que desequilibrava o orçamento federal e encarecia o custo da mão-de-obra para os setores produtivos. Assim, um ajuste fiscal dentro de um programa de estabilização por parte do governo se tornava difícil uma vez que 92% da receita da União estava comprometida com Estados, Municípios, pessoal, encargos da dívida e outras vinculações.
PLANO VERÃO (janeiro de 1989)
O Plano Verão foi anunciado em 15 de janeiro de 1989. O mesmo foi elaborado sob a supervisão dos ministros Maílson da Nóbrega, João Batista de Abreu, Dorothea Werneck, Ronaldo Costa Conto. O Plano Verão teve a mesma concepção dos pacotes anti-inflacionários aplicados anteriormente no Brasil e em outros países, diferenciados destes apenas na extinção da correção monetária. Foi a terceira tentativa de combate à inflação empreendida pelo governo José Sarney (1985-1990). As duas primeiras, os planos Cruzado (1986) e Bresser (1987), fracassaram por atacar exclusivamente os mecanismos de propagação da inflação, sem obter apoio político para enfrentar o problema do déficit público. 
O Plano Verão foi lançado sob condições ainda mais desfavoráveis do que o Plano Bresser, pois 1989 era um ano eleitoral. O plano pretendia conjugar medidas heterodoxas e ortodoxas, mas dando ênfase a estas últimas. Do lado heterodoxo, adotou-se o congelamento de preços e da taxa de câmbio por prazo indeterminado; criou-se um fator de conversão de créditos aplicável a obrigações e títulos emitidos antes do lançamento do plano com valores nominais prefixados; aboliu-se o uso das obrigações do Tesouro Nacional (OTNs) como indexador oficial. Os salários foram convertidos pela média dos últimos 12 meses, acrescidos da variação da Unidade de Referência de Preços (URP) — indexador criado pelo Plano Bresser — de 26,1% de janeiro, e eliminou-se o mecanismo de correção de salários baseado na URP. A desindexação salarial era mais ambiciosa do que a dos planos anteriores, pois não embutia nenhuma regra de correção futura. Com esta medida, o plano pretendia estimular a livre negociação entre empregados e patrões. 
Do lado ortodoxo, desvalorizou-se a taxa de câmbio em 18%, passando um dólar a valer mil cruzados e, em seguida, criou-se uma nova moeda, o cruzado novo, equivalente a mil cruzados; reajustaram-se tarifas públicas (telefonia: 35%, energia elétrica: 14,8%, gasolina: 19,9%); adotou-se uma rígida política monetária, com limitações ao crédito e taxas reais de juros que atingiram cerca de 14% no primeiro mês; prometeu-se um ajuste fiscal amplo com extinção de ministérios, demissão de servidores, privatizações e controle de despesas em regime de caixa. 
O período de sucesso do plano foi ainda mais breve que o do Plano Bresser. As elevadíssimas taxas de juros reais em fevereiro e março não foram capazes de impedir um aumento do consumo, indicando comportamento preventivo decorrente de falta de credibilidade da política econômica. Em pleno congelamento, a taxa de inflação em fevereiro e março ficou em 3,6% e 6,1%, respectivamente. Ainda em fevereiro, o Congresso aprovou uma lei de reposição de perdas salariais em três parcelas de 7,5%. Em 14 e 15 de março houve uma greve geral em que os trabalhadores pleiteavam reposição integral das perdas salariais. Em abril foram autorizados os primeiros reajustes de preços e o governo concedeu reposição salarial adicional de até 13,1%, dependendo da categoria profissional. 
Em maio, com o ágio no mercado paralelo de dólares atingindo 200% e a inflação em franca ascensão, o governo rendeu-se à impossibilidade de manter o plano em seu formato original. Diante das incertezas causadas pelas eleições gerais de novembro, bem como da entrada em vigor da nova Constituição, só restava ao governo Sarney dedicar seu quinto ano de mandato à administração do convívio com a inflação, deixando para o futuro governo a solução do problema inflacionário. A taxa de câmbio passou a ser desvalorizada de acordo com o Índice Geral de Preços. A taxa de juros nominal passou a incorporar a taxa de ascensão da inflação, de modo a preservar o rendimento real dos títulos públicos, evitando a fuga de poupadores para ativos reais. Naquele mês, aprovou-se a reindexação salarial: salários inferiores a três salários mínimos recebiam correção mensal integral; para a faixa entre três e 20 salários mínimos a reposição era trimestral com antecipações mensais iguais à taxa de inflação que excedesse 5%; para a faixa superior a 20 salários mínimos instituiu-se a livre negociação. 
As eleições de novembro realizaram-se sob uma inflação de 45% ao mês. A reversão da tendência crescente da inflação só seria interrompida com o Plano Collor, em março de 1990, quando ela atingiu a inédita taxa mensal de 80%.
Medidas
Congelamento de preços e salários e cambio
Elevação da taxa interna de juros 
Proposta de ajuste fiscal 
 Desindexação parcial 
 Criação da moeda cruzado novo, com corte de três zero 
 Introdução de uma nova indexação diária
Como Resultado 
Preços e salários estáveis por dois meses
Políticas monetárias e fiscal expansionistas
Redução do superávit comercial
Não pagamento da dívida externa 
Altas taxas de inflação
saldo negativo no Balanço de Pagamento.
PLANO COLLOR I
O Brasil sofreu por vários anos com a hiperinflação: em 1989, o ano antes da posse de Collor, a média mensal da inflação foi de 28,94%. O Plano Collor procurava estabilizar a inflação pelo "congelamento" do passivo público (tal como o débito interno) e restringindo o fluxo de dinheiro para parar a inflação inercial.
A rápida e descontrolada desmonetização da economia é tida como a causa das falhas dos planos de estabilização da inflação adotados anteriormente.O governo Collor teria de garantir uma desmonetização "ordenada" e "lenta", a fim de manter a inflação para baixo.Para o controle da velocidade da desmonetização, poder-se-ia utilizar uma combinação de ferramentas econômicas, tais como impostos, taxas de câmbio, crédito e taxas de juros.
Nos poucos meses que sucederam a implantação do plano, a inflação continuou a crescer. Em janeiro de 1991, nove meses após o início do plano, a inflação reduziu, atingindo a taxa de 20% por mês.
O congelamento causou forte redução no comércio e na produção industrial. Com a redução da geração de dinheiro de 30% para 9% do PIB, ele retirou 80% da moeda em circulação, e a taxa de inflação caiu de 81% em março para 9% em junho. O governo enfrentou duas escolhas: poderia segurar o congelamento e arriscar uma recessão devido à redução dos ativos, ou remonetizar a economia através do descongelamento e correr o risco do retorno da inflação. 
O fracasso do Plano Collor I no controle da inflação é creditado pelos economistas keynesianos, e monetaristas à falha do governo Collor de controlar a remonetização da economia. O governo abriu várias "brechas" que contribuíram para o aumento do fluxo de dinheiro: os impostos e as contas do governo emitidos antes do congelamento poderiam ser pagos com o velho Cruzado, criando uma forma de "brecha de liquidez", que foi plenamente explorada pelo setor privado. Várias exceções aos setores individuais da economia foram abertas pelo governo, como nas poupanças de aposentados, e o "financiamento especial" na folha de pagamento do governo; essas exceções ficaram conhecidas como ‘torneirinhas’. 
Entretanto, o governo foi incapaz de reduzir despesas, limitando sua capacidade de usar muitas das ferramentas acima. Os motivos vão desde o aumento do compartilhamento da receita de impostos federais com os estados até a cláusula de "estabilidade de emprego" para os funcionáriospúblicos, instituída na Constituição brasileira de 1988, que impediu a redução anunciada no começo do plano. Economistas como Bresser e Mário Henrique e ex- ministros das Finanças, tinham previsto, no início do plano, que a situação fiscal do governo impossibilitaria o plano de trabalho.
Segundo o acadêmico Carlos Eduardo Carvalho, professor do Departamento de Economia da Pontificia universidade Católica de são Paulo, a medida executada pelo governo Collor que ficou conhecida como confisco não fazia parte, originalmente, do Plano Collor e tem origem num consenso entre os candidatos à presidência da época: Fernando Collor de Mello, Ulisses Guimarães e Luís Inácio ‘Lula’ da Silva. O confisco já era um tema em debate entre os candidatos à eleição presidencial: a gênese do Plano Collor, ou seja, como e quando foi formatado o programa propriamente dito, ocorreu na assessoria de Collor a partir do final de dezembro de 1989, depois da vitória no segundo turno.
O projeto final foi provavelmente muito influenciado por um documento discutido na assessoria do candidato do PMDB, Ulisses Guimarães, e depois na assessoria do candidato do PT, Luís Inácio ‘Lula’ da Silva, entre o primeiro turno e o segundo. Apesar das diferenças nas estratégias econômicas gerais, as candidaturas que se enfrentavam em meio à forte aceleração da alta dos preços, submetidas aos riscos de hiperinflação aberta no segundo semestre de 1989, não tinham políticas de estabilização próprias. A proposta de bloqueio teve origem no debate acadêmico e se impôs às principais candidaturas presidenciais. Quando ficou claro o esvaziamento da campanha de Ulisses, a proposta foi levada para a candidatura de Luís Inácio ‘Lula’ da Silva, do PT, onde obteve grande apoio por parte de sua assessoria econômica, e chegou à equipe de Zélia depois do segundo turno, realizado em 17 de dezembro.
Medidas do Plano Collor I	
O plano foi anunciado em 16 de março de 1990, um dia após a posse de Collor. 
Suas políticas planejadas incluíam:
80% de todos os depósitos do overnight, das contas correntes ou das cadernetas de poupança que excedessem a NCz$ 50mil (cruzado novo) foram congelados por 18 meses, recebendo durante esse período uma rentabilidade equivalente a taxa de inflação mais 6% ao ano.
Substituição da moeda corrente, o cruzado novo pelo, cruzeiro à razão de NCz$ 1,00 = Cr$ 1,00
Criação do IOF, um imposto sobre as operações financeiras, sobre todos os ativos financeiros, transações com ouro e ações e sobre todas as retiradas das contas de poupança.
Foram congelados preços e salários, sendo determinado pelo governo, posteriormente, ajustes que eram baseados na inflação esperada.
Eliminação de vários tipos de incentivos fiscais: para importações, exportações, agricultura, os incentivos fiscais das regiões Norte e Nordeste, da indústria de computadores e a criação de um imposto sobre as grandes fortunas.
Indexação imediata dos impostos aplicados no dia posterior a transação, seguindo a inflação do período.
Aumento de preços dos serviços públicos, como gás, energia elétrica, serviços postais, etc.
Liberação do câmbio e várias medidas para promover uma gradual abertura na economia brasileira em relação à concorrência externa.
Extinção de vários institutos governamentais e anúncio de intenção do governo de demitir cerca de 360 mil funcionários públicos, para redução de mais de 300 milhões em gastos administrativos.
PLANO COLLOR II
No final de 1990, o Plano Collor começou a dar sinais de fraqueza. O brasileiro voltava a ser massacrado com a alta dos preços e a falta de emprego. O governo, então, resolveu lançar, em 31 de janeiro do ano seguinte, um novo pacote econômico, que ficou conhecido como Plano Collor II. Foram extintos o overnight, o BTN, o BTN fiscal e os outros indexadores da economia; congelados preços e salários; e criada uma taxa referencial de juros para o mercado financeiro. Para incentivar a concorrência no setor industrial, deu-se início ao cronograma de redução das tarifas de importação.
Neste dia, a edição do Jornal Nacional dedicou cerca de 40 minutos de seu noticiário ao assunto. Mais uma vez, a Globo buscou explicar as novas medidas à população. De Brasília, Mônica Waldvogel entrevistou Zélia Cardoso de Melo no Ministério da Economia, enquanto Alexandre Garcia conversava com o Antônio Kandir e Ibrahim Eris no estúdio da TV Globo. No Rio, Rodolfo Gamberini entrevistou o líder sindical Luís Antônio de Medeiros, e, em São Paulo, Carlos Nascimento falou com o economista da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) Juarez Rizzieri, especialista em cálculo de inflação.
O novo choque econômico, no entanto, não teve os efeitos esperados. Assim como a recessão e a inflação, crescia também o descontentamento da população com a política econômica do governo Collor. O resultado foi a demissão de Zélia Cardoso de Melo e sua equipe em 9 de maio de 1991.
Em teoria, voltava a buscar os mesmos objetivos anteriores, que seriam:
Forçar o ajuste das contas públicas, principalmente nos estados e municípios;
Conter a inflação;
Desindexar a economia, acelerando o processo de abertura econômica.
Como resultado, observa-se que o Plano Collor II:
Mexeu, basicamente, no mercado financeiro;
Determinou o fim das operações de overnight, o BTNF e, em seu lugar, fixou a Taxa Referencial de Juros (TRJ)
Elevou as penalizações e as taxas de juros do redesconto;
Ampliou o imposto sobre as operações financeiras;
Criou o Fundo de Desenvolvimento Social (FDS) para financiar investimentos de cunho social e os títulos e desenvolvimento Econômico (TDR), para financiar projetos de empresas privadas visando incrementar a retomada do investimento produtivo.
Com o intuito de se reduzir o déficit público global, o plano determinou: 
• A indisponibilidade de 90% dos recursos de investimento do orçamento da União e da previdência social; 
• Aperfeiçoou o combate à sonegação de impostos;
• Reduziu em 10% as despesas estatais; 
• Refinanciou as dívidas dos Estados e Municípios inadimplentes com o Governo Federal;
• Decretou um forte aumento das tarifas públicas.
Com o intuito de redução da inflação, foi determinada:
• A desindexação da economia, com o congelamento dos preços com base em 30/01/91;
• A criação de um deflator;
• Atualização dos salários a partir de 1 de fevereiro, com base na média real apurada nos últimos 12 meses;
• Unificação das datas-base para livre negociação;
• Determinou também reajustes de aluguéis e mensalidades escolares com base na variação salarial,
• E deu início ao programa de redução das tarifas de importação, diminuindo a alíquota média de 25,3% em 1991 para 14,2% em 1994.
Todas estas medidas não impediram que a inflação voltasse a se acelerar, em maio, por diferentes razões, que seriam:
• O repasse do aumento dos custos aos preços;
• A recuperação das margens de lucro das empresas;
• A troca da equipe econômica;
• A quebra na safra agrícola;
• A expectativa de retorno dos cruzados novos e ao mercado;
• A falta de alguns produtos, provocada pela redução das empresas oligopolistas, que não possuíam concorrentes e dominavam suas fabricações – e preços.
PLANO MARCÍLIO (maio de 1991) 
Em 10 de maio de 1991, Zélia foi substituída no Ministério da Fazenda por Marcílio Marques Moreira, um economista formado pela Georgetown Universtity que era embaixador do Brasil nos Estados Unidos na época de sua nomeação. 
Plano Marcílio foi considerado mais gradual do que seus antecessores, utilizando uma combinação de altas taxas de juros e uma política fiscal restritiva. Ao mesmo tempo, os preços foram liberados e um empréstimo de US$2 bilhões do Fundo Monetário Internacional garantiu as reservas internas. 
As taxas de inflação durante o Plano Marcílio permaneceram nos níveis da hiperinflação. Marcílio deixou o Ministério da Fazenda ao seu sucessor, Gustavo Krause, em 2 de outubro de 1992. O presidente Fernando Collor de Mello já havia saído do governo devido ao impeachment pelo Congresso quatro dias antes, em29 de setembro de 1992, por acusações de corrupção em um esquema de tráfico de influência, marcando o fim da tentativa de seu governo de acabar com a hiperinflação. 
Entre o fim do Plano Marcílio e o começo do próximo plano, o Plano Real, implantado em 27 de fevereiro de 1994, a inflação continuou a crescer, atingindo 48% em junho de 1994.
PLANO REAL (julho de 1994)
Plano Real foi o programa brasileiro de estabilização econômica que promoveu o fim da inflação elevada no Brasil, situação que já durava aproximadamente trinta anos. Até então, os pacotes econômicos eram marcados por medidas como congelamento de preços.
O Plano passou por três fases:
O Programa de Ação Imediata, a criação da URV (Unidade Real de Valor) e a implementação da nova moeda, o Real.
O PAI – Programa de Ação Imediata - foi um conjunto de medidas econômicas elaborado em julho de 1993, que “preparou a casa” para o lançamento do Plano Real um ano depois. Nessa época, o presidente era Itamar Franco, sendo que Fernando Henrique Cardoso já era o Ministro da Fazenda.
O Programa de Ação Imediata apontou as seguintes necessidades:
Corte de gastos públicos – de aproximadamente 6 bilhões de dólares no orçamento de 1993, em todos os ministérios.
Recuperação da Receita – através do combate a evasão fiscal, inclusive das grandes empresas.
Austeridade no relacionamento com Estados e Municípios – através do corte de repasses inconstitucionais, forçando Estados e Municípios a equilibrarem seus gastos através de cortes.
Ajustes nos Bancos Estaduais – em alguns casos, através da intervenção do Banco Central, buscando cortes de gastos e punindo irregularidades com a Lei do Colarinho Branco.
 Redefinição das funções dos Bancos Federais – buscando o enxugamento da estrutura, evitar a concorrência recíproca e predatória, e punir irregularidades através da Lei do Colarinho Branco.
Privatizações - De empresas dos setores siderúrgicos, petroquímico e de fertilizantes, por entender que as empresas públicas estarem reféns de interesses corporativos, políticos e econômicos.
A segunda etapa do Plano, a criação da URV ocorreu em 27 de maio de 1994, inicialmente convertendo os salários e os benefícios previdenciários, promovendo a neutralidade distributiva.
No dia 30 de junho de 1994, foi editada a Medida Provisória que implementou a nova moeda, o Real. Essa era a terceira fase do plano.
Todo o programa tinha como base as políticas cambial e monetária. A política monetária foi utilizada como instrumento de controle dos meios de pagamentos (saldo da balança comercial, de capital e de serviços), enquanto a política cambial regulou as relações comerciais do país com os demais países do mundo.
Foi estabelecida a paridade nos valores de reais e dólares, defendida através da política de intervenção, na qual o governo promoveu a venda de dólares e o aumento das taxas de juros nos momentos de pressão econômica.
O capital especulativo internacional foi atraído pelas altas taxas de juros, o que aumentou as reservas cambiais, mas causou certa dependência da política cambial a esses investimentos não confiáveis em caso de oscilações econômicas.
As políticas econômicas neoliberais originadas no governo Collor foram reforçadas, através de políticas públicas como: a privatização de empresas estatais, a abertura do mercado, da livre negociação salarial e da liberação de capital, entre outras. Tais medidas alteraram o padrão de acumulação de capital do Brasil.
O Plano Real possibilitou a vitória de Fernando Henrique Cardoso nas eleições para a Presidência em 1994, sendo reeleito nas eleições seguintes.
Após algumas crises internacionais, as políticas econômicas foram revistas e modificadas, mas a estabilidade da moeda permaneceu, comparando com as décadas em que a realidade era a hiperinflação.

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