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1 Introdução

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INTRODUÇÃO
Conceito: conjunto de regras e princípios destinados a combater as infrações penais mediante a imposição de uma sanção penal.
Ramo do direito público:
Composto por regras indisponíveis, dirigidas a todos, indistintamente;
O jus puniendi é exclusivo do Estado (mesmo nos casos de ação penal privada, nos quais o Estado delega apenas a persecução penal);
O Estado é sujeito passivo de toda infração penal (ora imediato – crimes contra a Administração Pública, ora mediato – homicídio, por exemplo, pois é o responsável pela manutenção da paz e da segurança pública);
Embora a nomenclatura “Direito Criminal” seja mais abrangente, por enfatizar o crime (e não somente a pena, que é uma de suas consequências), a expressão mais correta é “Direito Penal”, pois, atualmente, além de estar em vigor um Código Penal, a própria Constituição Federal faz menção a “Direito Penal” (art. 22, I).[2: Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;]
Características:
a) Ciência: suas regras compõem a dogmática jurídico-penal.
b) Cultural: pertente à classe das ciências do “dever ser”, ao contrário das ciências naturais que cultuam o “ser”.
c) Normativa: tem como objeto o estudo da lei penal (direito positivo).
d) Valorativa: estabelece a sua própria escala de valores na apreciação dos fatos que lhe são submetidos.
e) Finalista: possui finalidade prática (proteção de bens jurídicos – Claus Roxin) e não meramente acadêmica.
Para Zaffaroni, o Direito Penal também caracteriza-se por ser:
f) Sancionador: sua função predominante não é criar bens jurídicos, mas acrescentar uma proteção mais contundente aos bens jurídicos disciplinados por outras áreas do Direito.
g) Constitutivo: excepcionalmente, tutela interesses não regulados em outras áreas do Direito, indicando a independência do Direito Penal no tocante aos demais ramos (crime de posse de drogas para consumo pessoal, por exemplo).
Destaca-se, ainda, o caráter fragmentário do Direito Penal, pois não tutela todos os valores ou interesses, mas somente os mais importantes para a manutenção e o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade.
Criminalização: a atividade de criminalização, desempenhada pelo Estado, desenvolve-se em duas etapas:
Criminalização primária: é o ato e o efeito de sancionar de uma lei primária material, que incrimina ou permite a punição de determinadas pessoas (ato formal e fundamentalmente programático, pois, quando se estabelece que uma conduta deve ser punida, enuncia-se um programa a ser cumprido pelos entes estatais – Polícias, Ministério Público, Poder Judiciário, etc.).
Criminalização secundária: é a ação punitiva exercida sobre pessoas concretas, verificada quando os órgãos estatais detectam um indivíduo a quem se atribui a prática de um ato primariamente criminalizado, sobre ele recaindo a persecução penal.
Para Zaffaroni, a criminalização secundária possui duas características: seletividade e vulnerabilidade, pois há forte tendência de ser o poder punitivo exercido precipuamente sobre pessoas previamente escolhidas em face de suas fraquezas (ex: moradores de rua, prostitutas e usuários de droga).
Esse fenômeno se relaciona com o movimento criminológico conhecido como labeling approach (teoria da reação social, da rotulação social ou do etiquetamento social): aqueles que integram a população criminosa são estigmatizados, rotulados ou etiquetados como sujeitos contra quem normalmente se dirige o poder punitivo estatal.
Funções do Direito Penal:
a) Proteção de bens jurídicos: bens jurídicos são valores ou interesses reconhecidos pelo Direito e imprescindíveis à satisfação do indivíduo e da sociedade. Apenas os mais relevantes merecem a tutela do Direito Penal, diante de seu caráter fragmentário e da sua subsidiariedade. A seleção dos bens jurídicos merecedores da tutela penal é feita pelo legislador, através de um juízo de valor positivo. É a missão precípua e que confere legitimidade ao Direito Penal.
b) Controle social: preservação da paz pública, compreendida como a ordem que deve existir em determinada coletividade. Dirige-se a todas as pessoas, embora nem todas se envolvam com a prática de infrações penais. Embora relevante, essa função não tem se mostrado eficaz.
c) Garantia: “Magna Carta do Delinquente”. Escudo aos cidadãos, vez que só pode haver punição caso sejam praticados os fatos expressamente previstos em lei como infração penal (o cidadão é livre para fazer tudo que não está tipificado como crime/contravenção penal).
d) Função ético-social: (“criadora” ou “configuradora dos costumes”): busca-se um “efeito moralizador”, visando assegurar um “mínimo ético” que deve vigorar em toda comunidade (ex.: leis penais sobre crimes fiscais e contra o meio ambiente que, sem dúvida alguma, contribuíram para criar uma conscientização e reprovação moral e social acerca destes comportamentos).
Função educativa. Crítica: o Estado deve educar seus cidadãos, mas não através do Direito Penal, pois a maturidade moral se alcança pela interação social e não com estruturas autoritárias de coação.
e) Função simbólica: inerente a todas as leis e não apenas às de cunho penal. Não produz efeitos externos, somente na mente dos governantes (sensação de terem feito algo para a proteção da paz pública) e dos governados (falsa impressão de que o problema da criminalidade está sob o controle das autoridades). Busca transmitir à opinião pública a impressão tranquilizadora de um legislador atento e decidido.
Manifesta-se no direito penal do terror, através da inflação legislativa (Direito Penal de emergência), criando-se exageradamente figuras penais desnecessárias, ou então com o aumento desproporcional e injustificado das penas para os casos pontuais (hipertrofia do Direito Penal).
Deve ser afastada, pois, em curto prazo, cumpre funções educativas e promocionais dos programas de governo, tarefa que não pode ser atribuída ao Direito Penal e, em longo prazo, resulta na perda de credibilidade do ordenamento jurídico.
f) Motivadora: motiva os indivíduos a não violarem suas normas, mediante a ameaça de imposição cogente de sanção na hipótese de lesão ou ameaça de lesão a determinado bem jurídico.
g) Redução da violência estatal (Jesús Maria Silva Sanchez): o Direito Penal moderno busca reduzir ao mínimo a própria violência estatal já que a imposição de pena, embora legítima, representa sempre uma agressão aos cidadãos. Deve-se buscar a incriminação de condutas somente nos casos estritamente necessários.
h) Promocional: o Direito Penal não deve se preocupar em manter os valores da sociedade, devendo atuar como instrumento de transformação social, constituindo-se em ferramenta que auxilie a dinamizar a ordem social e promover as mudanças estruturais necessárias para a evolução da comunidade.
ENCICLOPÉDIA DE CIÊNCIAS PENAIS
Dogmática penal: busca conhecer o sentido das normas e princípios jurídico-penais positivos e desenvolver, de modo sistemático, o conteúdo do Direito Penal. É a interpretação, sistematização e aplicação lógico-racional do Direito Penal.
Não se confunde com dogmatismo (aceitação cega e sem críticas de uma verdade absoluta e imutável), incompatível com a própria ideia de ciência.
Política criminal: ciência independente que tem por objeto a apresentação de críticas e propostas para a reforma do Direito Penal em vigor. Para Basileu Garcia, constitui a ponte entre a teoria jurídico-penal e a realidade.
É o filtro entre a letra fria da lei e os interesses/valores atuais da sociedade (razão das leis que pegam e das leis que não pegam).
Em suma, a Política Criminal analisa, de forma crítica, a dinâmica dos fatos sociais e, comparando-a com o sistema penal vigente, propõe inclusões, exclusões ou mudanças, visando atender ao ideal de justiça e, assim, colaborando com a dogmática penal.
Criminologia: ciência empírica e interdisciplinar que estuda o crime, a pessoa do infrator,a vítima e o controle social do comportamento delitivo (Antonio García-Pablos de Molina).
Ocupa-se das circunstâncias humanas e sociais relacionadas com o surgimento, a prática e a maneira de evitar o crime, assim como do tratamento dos criminosos.
Lombroso: fundador da Criminologia moderna.
Enquanto o Direito Penal se dedica ao estudo das consequências jurídicas do delito, a Criminologia preocupa-se com os aspectos sintomáticos, individuais e sociais, do crime e da criminalidade, abordando cientificamente os fatores que podem conduzir o homem ao crime.
Vitimologia: tendência do Direito Penal moderno.
De acordo com o CP, art. 59, caput, uma das circunstâncias judiciais que orientam o juiz na fixação da pena-base é o comportamento da vítima (em alguns casos, pode até influenciar na prática do crime – comportamento abusivo).[3: Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.]
A Vitimologia também se preocupa com a proteção da vítima (justiça restaurativa e justiça negociada).
	 
	DIREITO PENAL
	CRIMINOLOGIA
	POLÍTICA CRIMINAL
	FINALIDADE
	Analisa os fatos humanos indesejados, define quais devem ser rotulados como infrações penais, anunciando as respectivas sanções.
	Ciência empírica que estuda o crime, a pessoa do criminoso, a vítima e o comportamento da sociedade (controle social do comportamento delitivo).
	Trabalha as estratégias e meios de controle social da criminalidade.
Adaptação da letra da lei aos interesses/valores atuais da sociedade.
	OBJETO
	Ocupa-se do crime enquanto norma
	Ocupa-se do crime enquanto fato
	Ocupa-se do crime enquanto valor
	EXEMPLO
	DP define o crime de homicídio
	Criminologia estuda o fenômeno do homicídio, o agente homicida, vítima e o comportamento da sociedade.
	A Política Criminal estuda as formas de diminuir o homicídio.
A partir da análise crítica dos fatos sociais, propõe inclusões, exclusões ou mudanças no DP.
DIVISÕES DO DIREITO PENAL
a) Direito Penal fundamental X complementar:
Fundamental (primário): conjunto de normas e princípios gerais aplicáveis a todo o Direito Penal, inclusive às leis penais especiais, desde que não possuam disposição expressa em sentido contrário. É composto, basicamente, pelas normas da Parte Geral e, excepcionalmente, por algumas de amplo conteúdo previstas na Parte Especial (conceitos de domicílio e de funcionário público, por exemplo, previstos nos arts. 150, §§ 4º e 5º, e 327, respectivamente).[4: Art. 12. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.]
Complementar (secundário): conjunto de normas que integram o acervo da legislação penal extravagante.
b) Direito Penal comum X especial:
Comum: aplica-se indistintamente a todas as pessoas (ex.: Código Penal, Lei das Contravenções Penais, Lei de Drogas).
Especial: aplica-se apenas às pessoas que preenchem certas condições legalmente exigidas (ex.: Código Penal Militar, Decreto-Lei 201/67).
c) Direito Penal geral X local:
Geral: tem incidência em todo o território nacional. É o produzido pela União, no exercício da competência privativa conferida pelo art. 22, I, da CF.
Local: aplica-se somente sobre parte delimitada do território nacional. É o Direito Penal elaborado pelos Estados-membros, desde que autorizados a legislar sobre questões específicas (art. 22, parágrafo único, da CF).[5: Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.]
d) Direito Penal objetivo X subjetivo:
Objetivo: conjunto de leis penais em vigor, ou seja, todas as já produzidas e ainda não revogadas.
Subjetivo: é o direito punir (jus puniendi), exclusivo do Estado, que nasce no momento em que o indivíduo viola o conteúdo da lei penal incriminadora (até então era somente genérico e abstrato).
e) Direito Penal material X formal:
Material (substantivo): é a totalidade de leis penais em vigor (Direito Penal propriamente dito).
Formal (adjetivo): são as leis processuais penais em vigor (Direito Processual Penal).
FONTES DO DIREITO PENAL
Origem e forma de manifestação do Direito Penal. Dividem-se em:
Fontes materiais (substanciais ou de criação): são os órgãos constitucionalmente encarregados de elaborar o Direito Penal.
Em regra, é a União (CF, art. 22, I).
Porém, excepcionalmente, lei complementar da União pode autorizar os Estados-membros a legislar sobre questões específicas, de interesse local (CF, art. 22, parágrafo único).
Portanto, para que os Estados-membros possam legislar sobre matéria penal, há dois requisitos a serem preenchidos: um de natureza formal (autorização por lei complementar) e outro material (matéria específica de interesse local).
Fontes formais (cognitivas ou de conhecimento): são os modos pelos quais o Direito Penal se revela (aplicação prática do Direito Penal). Subdividem-se em:
Fonte formal imediata: em obediência ao princípio da reserva legal, a lei é a única fonte formal imediata do Direito Penal, pois somente ela pode criar crimes (e contravenções penais) e cominar penas.
Fontes formais mediatas (secundárias): auxiliam na aplicação do Direito Penal. São elas:
a) Constituição Federal: contém diversos princípios aplicáveis ao Direito Penal, além de normas destinadas a limitar o poder punitivo do Estado e diversos mandados de criminalização (“Constituição Penal”: expressão utilizada em referência ao conjunto de princípios e regras de Direito Penal contidas no texto constitucional).
b) Jurisprudência: entendimento dos tribunais sobre determinado tema jurídico, servindo como vetor ao aplicador do Direito. Porém, nem sempre se reveste de natureza cogente, não podendo ser automaticamente compreendida como fonte do Direito Penal. As hipóteses em que a jurisprudência funciona como fonte formal mediata do Direito Penal estão previstas no art. 927 do Código de Processo Civil (precedentes obrigatórios), notadamente:
1) Decisões do STF em controle concentrado de constitucionalidade;
2) Enunciados de súmula vinculante;
3) Acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de RE e REsp repetitivos;
4) Enunciados das súmulas do STF (matéria constitucional) e do STJ (matéria infraconstitucional);
5) Orientação do Plenário ou do Órgão Especial aos quais os juízes e os tribunais estiverem vinculados.
A observância aos precedentes obrigatórios é importante para garantir segurança jurídica (conferindo estabilidade e certeza nas relações e proporcionando a previsibilidade das consequências jurídicas das condutas praticadas pelos membros da coletividade), igualdade de todos diante da prestação jurisdicional (a fim de evitar que pessoas em idêntica ou similar situação jurídica recebam tratamentos distintos), unidade e coerência sistêmica (não se pode aceitar que cada magistrado, desembargador, ministro ou tribula produza, de forma arbitrária e desequilibrada, o “seu” próprio Direito Penal) e proteção da confiança (casos iguais ou semelhantes devem receber tratamento jurídico de igual natureza, para não gerar incredulidade da população acerca da imparcialidade e da lisura da prestação jurisdicional).
É possível a instauração de IRDR para resolver questão repetitiva de Direito Penal, por aplicação subsidiária dos artigos 976 e seguintes do CPC/2015, a teor do disposto no art. 3º do CPP. Julgado o IRDR, a tese jurídica fixada deverá ser aplicada por todos os juízes e Tribunais, no Estado ou Região, aos casos idênticos em tramitação e aos processos futuros, salvo se existir distinção ou superação (art. 985, incisos I e II e §§ 1º e 2º do Novo CPC). Desse modo, destaca-se que o IRDR é um precedente obrigatório e não meramente persuasivo.
c) Doutrina: adoutrina, enquanto fonte formal mediata do Direito Penal, deve ser encarada com cautela, pois, por mais abalizada e respeitada que seja, apesar de ser útil na interpretação e na aplicação prática, não se reveste de obrigatoriedade. Ao mesmo tempo em que o pluralismo político e a liberdade de manifestação do pensamento são indispensáveis à democracia, podem propiciar abusos, pois, atualmente, qualquer pessoa pode publicar um livro.
d) Tratados e Convenções Internacionais sobre Direitos Humanos: somente podem ser considerados fontes formais mediatas do Direito Penal depois de devidamente incorporados nosso ordenamento jurídico, com observância ao procedimento destinado a esta finalidade. Depois de cumpridas as etapas perante os Poderes Legislativo e Executivo, terão status constitucional, se aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros (CF, art. 5º, § 3º), ou supralegal, se aprovados de forma diversa.
1) assinatura pelo Brasil;
2) aprovação pelo Congresso Nacional, por decreto legislativo;
3) ratificação por decreto do Presidente da República.
e) Costumes: reiteração de uma conduta, de modo constante e uniforme, por força da convicção de sua obrigatoriedade. Possuem dois elementos, um objetivo, relativo ao fato (reiteração da conduta) e outro subjetivo, inerente ao agente (convicção da obrigatoriedade), sendo que ambos devem estar simultaneamente presentes. Não se confundem com meros hábitos (mera repetição de um comportamento), por ausência do elemento subjetivo.
Dividem-se em:
1) Secundum legem (interpretativo): auxilia o intérprete a esclarecer o conteúdo de elementos ou circunstâncias do tipo penal (ex.: conceitos de “mulher honesta” e de nudismo em determinados locais, definição de ato obsceno de acordo com os costumes da época);
2) Contra legem (negativo): também conhecido como desuetudo. Contraria, mas não revoga a lei penal (ex.: jogo do bicho). Desuetudo é o desuso da norma penal, que deixa de ser utilizada em razão de um costume a ela contrário. Porém, por mais arraigado que seja o costume, ele jamais revogará a lei, pois, de acordo com o princípio da continuidade das leis, uma lei somente pode ser revogada por outra (art. 2º, § 1º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro);[6: Art. 2º. Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.]
3) Praeter legem (integrativo): supre a lacuna da lei e somente pode ser utilizado com relação às normas penais não incriminadoras, para possibilitar o surgimento de causas supralegais de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade (ex.: circuncisão empregada como rito religioso pelos israelitas).
f) Princípios gerais do Direito: valores fundamentais que inspiram a elaboração e a preservação do ordenamento jurídico. Possuem incidência restrita às normas penais não incriminadoras.
g) Atos administrativos: funcionam como complemento de algumas normas penais em branco.
Rogério Sanches Cunha destoa de Cleber Masson no que se refere às fontes formais, imediatas e mediatas, do Direito Penal. Para ele, apenas a doutrina é fonte formal mediata, sendo todas as demais fontes formais imediatas (contudo, prevalece o entendimento de que a lei é a única fonte formal imediata capaz de criar crimes e cominar penas).
	FONTES DO DIREITO PENAL
	Materiais
(substanciais ou de criação)
	Em regra, a União.
	
	
	Excepcionalmente, os Estados.
	Requisito formal: autorização da União por Lei Complementar
	
	
	
	Requisito material: conteúdo específico de interesse local
	
	Formais
(cognitivas ou de conhecimento)
	Imediata
	Lei
	
	
	Mediatas
(auxiliam na aplicação do Direito Penal)
	Constituição Federal
	
	
	
	Jurisprudência
	
	
	
	Doutrina
	
	
	
	Tratados e Convenções Internacionais sobre Direitos Humanos
	
	
	
	Costumes
	
	
	
	Atos Administrativos
CONTAGEM DE PRAZO
Prazo é o intervalo no qual deve ser praticado determinado ato. Todo prazo possui termo inicial (a quo) e termo final (ad quem).
CP, art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
Calendário comum (gregoriano) é aquele que estabelece que dia é o intervalo entre a meia-noite e a meia-noite subsequente.
Inclusão do dia do começo no cômputo do prazo serve para favorecer o réu, pois o Direito Penal afeta a liberdade do indivíduo.
Exemplos:
Pena de um ano que começa às 23h59min do dia 10/02/2018: inclui-se, no cômputo do prazo, o dia 10;
Pena de um ano que começa no dia 10/02/2018 termina em 09/02/2019 (exclui-se o dia do final);
Pena de um mês que começa em 10/02/2019 termina em 09/03/2019.
No Direito Penal, a contagem de prazos inclui o dia do começo e exclui o do final. Já no Processo Penal (art. 798, § 1º), exclui-se o dia do começo e inclui-se o do final (o intuito também é de favorecer o réu, pois, no Processo Penal, está em jogo, principalmente, a ampla defesa).[7: Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. § 1º Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento.]
Súmula 310/STF: Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir.
FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA
CP, art. 11. Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.
Penas restritivas de direito são substitutivas, portanto, nem seria necessário citá-las (originariamente, era uma pena privativa de liberdade).
Nas penas privativas de liberdade, desprezam-se as horas e os minutos e, nas penas de multa, desprezam-se os centavos.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Princípio da convivência das esferas autônomas: CP, art. 12. O Direito Penal não é composto apenas pelo Código Penal, mas também por centenas de leis extravagantes.
Segundo o art. 12, o CP será aplicado para toda a legislação especial, salvo se esta contiver disposições específicas (ex.: prazo prescricional próprio para a imposição e execução das penas previstas no art. 28 da Lei de Drogas).[8: Art. 12. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.]
As regras gerais do CP não revogam as regras especiais da legislação especial da mesma forma que as regras da legislação especial não revogam as regras do CP.
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