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Gestão Educacional no MST

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ
CALLIANE CALIXTO DOS SANTOS
A GESTÃO EDUCACIONAL E OS PRINCÍPIOS EDUCATIVOS DO MST: Centro Integrado Florestan Fernandes.
ILHÉUS - BAHIA
2016
CALLIANE CALIXTO DOS SANTOS
A GESTÃO EDUCACIONAL E OS PRINCIPIOS EDUCATIVOS DO MST: Centro Integrado Florestan Fernandes.
Monografia apresentada para obtenção do título de graduação em Pedagogia, à Universidade Estadual de Santa Cruz.
Área de concentração: Educação
Orientadora: Pro.ª Dr.ª Arlete Ramos dos Santos
ILHÉUS – BAHIA
2016
Santos, Calliane Calixto dos. 
 A GESTÃO EDUCACIONAL E OS PRINCIPIOS EDUCATIVOS DO MST: Centro Integrado Florestan Fernandes. Calliane Calixto dos Santos - Ilhéus, BA; UESC, 2016.
46 p.
Referência: p. 43-46.
Orientadora: Arlete Ramos Santos Monografia:(Graduação)- Universidade Estadual de Santa Cruz
CALLIANE CALIXTO DOS SANTOS
GESTÃO EDUCACIONAL E OS PRINCIPIOS EDUCATIVOS DO MST: Centro Integrado Florestan Fernandes.
 
Ilhéus, 05/01/2016
Arlete Ramos dos Santos – 
UESC
Orientadora
___________________________________________________________________
Cristiane Andrade Fernandes (DCIE)
___________________________________________________________________
 Jeanes Martins Larchert (DCIE)
À Deus pela dádiva da vida, à minha família que sempre me apoiou em todas as escolhas, à todos que contribuíram para que eu cumprisse mais esta etapa da minha vida.
AGRADECIMENTOS
Nenhuma batalha é vencida sozinha. No decorrer desta luta muitos me ajudaram e estiveram ao meu lado. Foram muitas palavras de carinho, incentivo e determinação.
Agradeço à Deus pela oportunidade da vida, por não me desamparar mesmo nos momentos mais difíceis. Por não me deixar desistir quando pensei que não seria capaz.
Aos meus pais por estarem sempre comigo, não só neste momento tão importante, como em todos da minha vida. Obrigada minha mãe pela incansável companhia, pelos cafés na madrugada e o carinho em todos os momentos.
Aos meus irmãos pelo incentivo, apoio e carinho. Aos meus sobrinhos por me proporcionar acompanha-los no processo de aprendizagem e aprender com eles.
Ao meu companheiro Zilomar, pelo apoio, pela compreensão, pelas renúncias, e amor nos momentos de tensão.
À Prof.ª Dr.ª Arlete Ramos Santos, pela orientação, pela compreensão, credibilidade, apoio e amizade.
Aos professores do curso de Pedagogia da Uesc, pelos ensinamentos e apoio recebido. Aos amigos sem exceção, pela compreensão, ajuda e amizade ao longo desses anos. À Franscislene Neres, Cristiane Oliveira e Alanna Oliveira, pelo apoio e ajuda na correção deste trabalho.
As amizades deixam a vida mais leve e colorida. Meu jardim floresceu ainda mais aqui na UESC, surgiram colegas que se tornaram amigos e levarei pela vida inteira. Os meus agradecimentos em especial vão para: Alanna, Camila, Lucenna, Cleiton, Leticia, Maiane e Polliana.
Aos parceiros de trabalho pela compreensão, auxílio e apoio neste momento tão importante em minha vida, em especial à Joelma, Jocélia e César.
Ao funcionário Wadson pelo convívio e preciosa colaboração.
Ao Departamento de Ciências da Educação da Universidade de Estadual de Santa Cruz, pela oportunidade da realização do curso.
GESTÃO EDUCACIONAL E OS PRINCIPIOS EDUCATIVOS DO MST: Centro Integrado Florestan Fernandes.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar como esta sendo implementada a gestão educacional no Centro Integrado Florestan Fernandes, no assentamento Terra Vista, no município de Arataca. Alem disso, identificamos o tipo de gestão desenvolvida na referida escola, bem como os desafios e conflitos vivenciados pelos gestores do MST, frentes as exigências da Secretária Municipal de Educação. Para tanto, utilizou como norte materiais publicados pelo Movimento, autores que abordam esta temática e documentos legais que tratam sobre a gestão que deve ser desenvolvida no âmbito escolar. Trata-se de uma pesquisa de campo, com abordagem qualitativa, e optamos pela perspectiva do materialismo na analise dos dados. Para coleta de dados utilizamos a entrevista semi-estruturada, os sujeitos entrevistados foram o Secretário Municipal de Educação, a diretora, um coordenador, uma professora, três alunas e uma integrante do movimento e moradora do assentamento. Os resultados apontam que a gestão implementada esta em conformidade com a defendida pelo MST, porém é preciso incluir como pauta do planejamento da escola.
Palavras-chave: Educação do Campo. Movimentos Sociais. Educação.
MANAGEMENT EDUCATIONAL AND PRINCIPLES OF EDUCATIONAL MST: Integrated Center Florestan Fernandes
ABSTRACT
This study aims to analyze how this is implemented education management at the Municipal School Florestan Fernandes, the Terra Vista settlement in the municipality of Arataca. In addition, we identify the type of management developed in this school, as well as the challenges and conflicts experienced by the MST managers, fronts the requirements of the Municipal Secretary of Education. For this end, used as materials published by the Northern Movement, authors who address this issue and legal documents that deal with the management that must be developed in schools. This is a field research with a qualitative approach, and we opted for materialism perspective on the analysis of data. For data collection, we used semi-structured interviews; the interviewees were the Municipal Secretary of Education, the director, an engineer, a teacher, three students and a member of the movement and a resident of the settlement. The results indicate that management implemented this in accordance with the advocated by the MST, but you must include the agenda as school planning.
Keywords: Rural Education. Social Movements. Education.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.
ANPED - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CNE - Conselho Nacional de Educação
EJA - Educação de Jovens e Adultos
ENERA - Encontro Nacional de Educadores da Reforma Agrária
GEPEC - Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação do Campo
LDB - Lei de Diretrizes e Bases
LGBTTTS - Lésbicas, gays, bissexuais, trangenêros ,simpatizantes
MP - Mobilização Política
MR - Mobilização de Recursos
PPP - Projeto Político Pedagógico
PR - Paraná
SEMED - Secretária Municipal de Educação
 
1 INTRODUÇÃO
	O presente trabalho analisou a gestão educacional implementada na Escola Municipal Florestan Fernandes. Sendo intitulado como “Gestão Educacional e os princípios educativos do MST: Centro Integrado Florestan Fernandes.”. A motivação por esta temática surgiu a partir da inquietação pessoal adquirida na graduação, ao desenvolver uma atividade na disciplina Educação do campo, assim como uma contribuição para a construção do conhecimento sobre a gestão escolar do campo por ser um tema ainda pouco discutido. A gestão democrática é um dos princípios educativos do MST, neste princípio a democracia é tida como ponto central, o movimento defende a ideia que os seus alunos não devem apenas “aprender por aprender”, este processo deve estar vinculado à coletividade, onde a construção das ações educativas se dão no coletivo.
	Desta forma, buscamos responder a seguinte questão:
A gestão educacional do Centro Integrado Florestan Fernandes, no assentamento Terra Vista, está sendo pautada nos princípios do MST? Sendo assim, selecionamos a escola citada acima como campo da nossa pesquisa, no intuito de identificar qual o tipo de gestão educacional vem sendo desenvolvida na mesma, bem como identificar quais os desafios e conflitos vivenciados pelos gestores do MST frente às ações da SEMED. Além disso, compreendemos os princípios educativos do MST e sua interlocução com a educação do campo.
	Utilizamos como método de pesquisa, a perspectiva do materialismo dialético, pois compactuamos com as ideias de Gil (2008) e Santos (2010), ambos sugerem o método citado em pesquisas na área de educação na atualidade, pois devido a seu caráter crítico consideram-no adequado. Bem como, por compreender a leitura do contexto histórico importante para o entendimento e possíveis resoluções dos fatos atuais.
	Na análise dos dados e optamos pela abordagem metodológica qualitativa, pois, consideramos a mais adequada para a pesquisa em questão, pois, o estudo em questão engloba diversas especificidades e o nosso intuito não é quantificar e sim, analisar o nosso objeto de estudo para entender o contexto do problema. Utilizamos a entrevista como instrumento de coleta dos dados. Deste modo, entrevistamos o Secretário de Educação do município de Arataca - Bahia, o coordenador, a diretora, uma professora e três alunas do Centro Integrado Florestan Fernandes, como também uma integrante do MST e moradora do assentamento.
	O trabalho está estruturado em quatro capítulos. O primeiro capítulo aborda sobre os processos pedagógicos decorrentes da relação entre os movimentos sociais e a educação do campo. Já no segundo capítulo discutimos sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e a Educação. E o terceiro capítulo traz uma abordagem histórica sobre a gestão educacional, abordaremos sobre a gestão educacional do campo e qual o tipo de gestão a qual o MST defende. O último capítulo traz resultados da pesquisa a qual sinaliza que a gestão educacional implementada no Centro Integrado Florestan Fernandes está pautada de acordo com alguns princípios educativos do MST.
	Sendo assim, a partir dos resultados apresentados concluímos entendendo que a gestão defendida pelo MST, não é colocada em prática totalmente, sendo assim sugerimos que os princípios educativos do Movimento façam parte do planejamento da escola, e que possa haver uma luta maior para a implantação dos mesmos na instituição escolar.
2 OS MOVIMENTOS SOCIAIS E A EDUCAÇÃO DO CAMPO
	Neste capítulo abordaremos os processos pedagógicos decorrentes da relação entre os movimentos sociais e a educação do campo. Dando ênfase ao estudo dos movimentos sociais brasileiros, desde os antigos até os atuais. O foco principal será a ligação dos mesmos com a educação do campo.
	A educação nos movimentos sociais não é apenas a escolar, pois existe uma ligação intrínseca entre as experiências e a produção de conhecimentos em outros espaços, que é classificada como educação não formal (MOLINA 2010). As ações coletivas, entendidas como estruturas criadas a partir de tensões e incertezas através de uma crença generalizada que mobiliza a ação a restabelecer o equilíbrio em que as modificações estão associadas à adequação do sistema e restabelecimento do seu equilíbrio (MELLUCI, 1996 apud PRADO, 2005). Neste sentido a participação social produz aprendizagens e saberes, a partir das experiências criam-se novas identidades, novas culturas, disseminando novos conhecimentos que são perpassados nos próprios movimentos sociais.
	Para Gohn (2011) os movimentos sociais são fontes de inovação e matrizes geradoras de saberes. A cada articulação novas formas de aprendizagem são compartilhadas e reformuladas, se necessário. O processo educativo não acontece de forma isolada, pois através das interações eles buscam soluções para questões voltadas à situação econômica política e sociocultural do país. A relação de aprendizagem entre educação e movimento social acontece a partir da práxis, do próprio movimento e grupos sociais. Estes movimentos interagem com as instituições educacionais e também internamente, pois suas ações são de caráter educativo. É perceptível que no meio acadêmico, esta relação é considerada recente, mas pode também ser considerada uma conquista, pois integrantes dos movimentos levaram através de suas pesquisas, a discussão sobre eles e a importância de haver uma análise mais aprofundada, visto que os movimentos sociais são antigos, assim como o processo da educação (FUENTES, FRANK,1989).
 	Estudar as ações dos movimentos sociais e suas relações no contexto educacional demanda compreender as mazelas vivenciadas pelos sujeitos de uma sociedade onde a desigualdade social é um fato predominante. Mas, antes desse entendimento sobre a relação entre educação do campo e movimentos sociais, é importante compreender que os movimentos sociais são realizações que ocorrem no coletivo, possui um caráter social e político onde possibilita diferentes formas dos indivíduos se organizarem e mostrar por meio de reivindicações as suas demandas, como afirma Gohn, (2011, p.335): “na ação concreta, essas formas adotam diferentes estratégias que variam da simples denúncia, passando pela pressão direta, que podem ser mobilizações, marchas, concentrações, passeatas, dentre outras”.[1: Segundo o dicionário Dicio Online, o sentido figurado da palavra mazelas pode se referir á provocar aflição a; causar sofrimento em. Neste caso nos referimos aos problemas sociais como exclusão, fome, moradia, violência, dentre outros.]
	Neste sentido a educação é entendida como um formato de socialização dos conhecimentos produzidos, podendo estes ser ordenados em um sistema ou não. A educação desde os primórdios da humanidade se fez necessário, até mesmo nos rituais, nos mitos nos quais as tradições eram passadas dos sacerdotes aos jovens. O ato de ensinar estava presente nestas ações, cujos fins da educação condiziam com interesses comuns de todo o grupo, sem interesse de superioridade de grupos (PONCE, 1986). Sendo assim, a educação nos movimentos sociais tem pontos em comum com a da comunidade primitiva, no que se refere ao ato da coletividade, visto que esta forma de organização por meio dos ideais e das lutas é passada entre os membros, para que desta forma o movimento continue sempre em busca de uma sociedade igual e justa, neste caso nos referimos aos movimentos sociais populares que não são cooptados pela classe dominante. Na luta pela concretização das políticas, os movimentos sociais devem atentar para evitar o risco da cooptação pelos poderes hegemônicos que dominam o Estado, pois se o movimento se une ao Estado pode perder sua capacidade de confrontar e de conquistar as suas demandas.
No contexto de educação coletiva e de luta social que está inserido a educação do campo. Nesta perspectiva entende-se por educação do campo, uma educação voltada às especificidades dos sujeitos do campo, assim como afirma Molina (2004) é pertinente pensar a Educação do Campo como ação de construção de um projeto de educação dos trabalhadores e das trabalhadoras do campo, gestado desde o ponto de vista dos camponeses e da trajetória de luta de suas organizações. Para entendermos a relação existente entre a educação do campo e os movimentos sociais é preciso fazer um retrocesso histórico, pois algumas ações do passado refletem no presente.[2: Camponeses entendidos aqui no sentido de diferentes grupos de trabalhadores e trabalhadoras do campo cujo processo de reprodução social se faz na contraposição às relações capitalistas de produção, ainda que subordinado a elas. (MOLINA, 2004).]
2.1. Os Movimentos Sociais: Um Pouco de História
Os movimentos sociais na atualidade têm maior visibilidade porque a inovação tecnológica e as redes sociais possibilitam o aparecimento destes atores sociais com maior destaque, e também pela questão dos movimentos lutarem
por causas como sustentabilidade, contra a exclusão e por novas culturas de inclusão. Segundo Gohn (2011), os movimentos sociais sempre existiram e sempre existirão. E são eles que impulsionam forças para a sociedade lutar contra as injustiças cotidianas. Os sujeitos que neles atuam formam uma coletividade acentuada e a partir desta forma-se uma identidade, uma cultura própria, deixa de serem indivíduos desorganizados e dispersos e passam a serem grupos sociais fortalecidos.
	Podemos encontrar na literatura sobre os movimentos sociais, fatos históricos sobre o surgimento dessa nova forma de sociabilidade. Segundo Santos (2010 p.69) o “termo movimentos sociais foi criado por Von Stein, em 1884, a partir de uma leitura da emergência do mundo urbano industrial”. O que podemos destacar de comum nestes estudos é que o século XX foi fortemente marcado pela atuação desses atores sociais. As classes trabalhadoras passaram a reivindicar seus direitos, vozes antes caladas tornaram-se ativas, assim aconteceram marchas, passeatas, mobilizações e outras formas de lutas. A partir de cada experiência vivida estes sujeitos coletivos realizam diagnósticos sobre as necessidades sociais e direcionam as lutas no intuito de diminuir a exclusão e garantir uma sociedade igualitária para todos.
	Os movimentos sociais tiveram maior visibilidade com a nova era da informação. E a partir de suas ações recentes houve a eclosão de novas identidades revolucionárias e assim surgiram novos movimentos que lutam pelos seus diretos que por vezes são negados pela sociedade, a exemplo o movimento das mulheres, das lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transgêneros e simpatizantes (LGBTTTS), isso mostra que a coletividade entre os grupos sociais aumentou, eles não se escondem como antes, não se intimidam, lutam por seus direitos de cidadãos.
	Os movimentos sociais segundo Santos (2010) sofreu modificação considerável nas suas táticas e formas de organização, posteriormente ao período pós-guerra. O mundo também sofreu diversas mudanças e em decorrência disso surgiu na conjuntura norte-americana uma nova teoria de análise dos movimentos socais denominada Mobilização de Recursos (MR), a qual recusava a interpretação clássica, que se caracterizavam pelas eleições livres, competição e participação ativa das minorias por meio de partidos e de grupos de interesse e por achar que esta supervalorizava as questões emocionais e da coletividade. Segundo a MR as massas possuem uma base organizacional seguindo o comportamento. Esta corrente lidava com movimentos relacionados aos direitos civis, direitos das mulheres e das guerras. Em contrapartida o paradigma da Mobilização Política (MP) também tratava dos mesmos movimentos analisados pela teoria da MR, porém, incluía nas suas reflexões outros movimentos voltados para as questões étnicas, nacionalistas, ecológicas, religiosas, sexuais, dentre outras. Existem ainda outros paradigmas de análise destes sujeitos coletivos, caracterizados como grupos organizados que têm projetos de mudanças sociais, que propõem a transformação social. Estes realizam diagnósticos a partir de cada experiência vivida e focam nas lutas para diminuir a exclusão e as causas já citadas (NASCIMENTO, 1997).
	Os movimentos sociais se consolidaram nesta trajetória de anos ao ponto de elegerem seus lideres a cargos supremos na nação, como aconteceu na Bolívia. Dentre os diversos movimentos sociais, destacam-se também os movimentos alter ou antiglobalização, estes movimentos atuam através de redes interligadas por meios tecnológicos da sociedade da informação, tem como propósito pautar propostas voltadas a temas sociais utilizando os meios de comunicação e informação modernizados, dão atenção a formação dos seus militantes de forma ativa, através de experiências. Na contemporaneidade um dos movimentos que se destaca são os dos ambientalistas. Eles tiveram ascensão por diversos motivos, pelo quais as lutas são desencadeadas, a exemplo, da Argentina, onde a luta é contra os empreendimentos a céu aberto na região de Mendoza; no Uruguai, contra a instalação de papeleiras. Logo, esses atores sociais levam consigo a importância da ação social coletiva. [3: Ver Gohn (2011).]
 
2.2. Os Movimentos Sociais no Brasil	
	
	Segundo Gohn (2007) muitas pessoas têm ideias errôneas sobre os movimentos sociais, consideram que os seus participantes são tiranos, que fazem algazarras. É importante entender que as lutas fazem parte da nossa história. No Brasil, desde o período colonial houve lutas em torno da questão da escravidão, nas quais os negros lutavam pela liberdade. Houve também as lutas contra as cobranças do fisco, as lutas de pequenos camponeses, dentre outras. Nestas lutas os conflitos aconteciam em espaços da zona urbana e rural. Algumas lutas eram travadas no campo, porém, tinham respaldo na cidade.
As diversas lutas que marcaram a história brasileira tinham como objetivo a transformação social. Destacaremos dentre elas a Conjuração Baiana, por ser semelhante ao MST, o qual será motivo de análise. Esta revolta de modo antagônico da Inconfidência Mineira, arquitetada por advogados, magistrados, militares, padres e ricos contratantes, ou seja, a elite da capitania. A Conjuração Baiana não se limitou a uma elite de intelectuais e brancos livres e ao ideário político liberal. Diversos atores sociais estiveram envolvidos nesta revolta, ao contrário da revolta mineira, a conjuração baiana teve a participação e a liderança dos deserdados – brancos, pobres, mulatos, negros livres e escravos – e preocupações sociais e raciais de igualdade de raça e cor, fim da escravidão e abolição de todos os privilégios sociais e econômicos (CONJURAÇÃO, p.1). A Luta girava em torno não só da separação do Brasil e Portugal, mas também por modificações internas da sociedade, onde o preconceito reinava e os privilégios eram voltados à classe dominante, neste caso os grandes proprietários. 
 Na literatura sobre os movimentos sociais brasileiros percebemos que alguns têm o caráter político-religioso, como a Guerra do Contestado, que ocorreu entre os Estados do Paraná e Santa Catarina. Teve o monge José Maria como líder, e o objetivo era a conquista das terras para as pessoas que foram expulsas delas, na ação da empresa norte-americana Railway Company, para a construção da ferrovia São Paulo- Rio Grande (SANTOS 2010).
 	De acordo com Gohn (2007) os movimentos tinham dificuldades de se estabelecer ou de permanecer no poder, sendo em maior ou menor tempo massacrados nas várias regiões do país pelas forças da legalidade imperial, tendo apoio dos membros do clero, atuavam como lideres ou ideólogos e prestavam assessoria aos dirigentes das camadas populares. As alianças de classes existentes eram tênues e contraditórias. No Brasil historicamente podemos detectar a existência de inúmeras revoltas que resultaram em conflitos, geralmente ocorrendo em torno de problemas oriundos de injustiças sociais. 
Podemos destacar também a atuação dos movimentos no século XX, como por exemplo, as Ligas Camponesas, nos anos 1960, tivemos como figura importante o educador Paulo Freire que teve seus métodos adotados nesta época em alguns espaços não escolares, além da importante relação entre a educação escolar do ensino superior e os movimentos sociais, nas mobilizações ao redor de maio de 1968. Destacaremos algumas no quadro a seguir: 
Quadro 1- Exemplificando algumas lutas sociais no Brasil.
	
LUTAS NO BRASIL
	Luta
	Período
	Motivo
	Luta dos escravos
	Século XVII
	Lutavam pelo fim da escravidão, como movimento de resistência formaram os quilombos, sendo destaque o dos Palmares.
	Luta e movimentos pela independência.
	Século XVIII
	
Lutaram pela separação do Brasil à Portugal e contra a exploração das riquezas brasileira.
	Guerra do Contestado
	Século XX
	Teve caráter político-religioso, e o objetivo era a conquista da terra para as pessoas que foram expropriadas de suas terras na área de construção da ferrovia
São Paulo – Rio Grande pela empresa norte-americana Railway Company.
	Movimento Passe Livre (MPL)
	Século XXI
	Lutam por mudanças sistêmicas, socialização da cidade para todos e desmercantilização do transporte.
	Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
	Século XX e XXI
	Luta pela reforma agrária, por uma distribuição de terra justa para todos e uma sociedade sem exploradores.
Fonte: Dados sistematizados pelos autores.
	Esses conflitos ocorreram devido às injustiças socais as quais sofreram uma parte da sociedade, que não faziam parte da elite. Neste caso o poder era centralizado e as ações aconteciam apenas visando o interesse da classe dominante. No período compreendido entre o fim da década de 70 e 80, encontra-se o ápice para os movimentos sociais populares, que estavam em articulação contra os regimes militares, os quais contavam com o apoio do movimento cristão e inspiravam–se na linha da teologia da libertação. No final dos anos 1980 e ao longo dos anos 1990 este cenário passou por desmotivação e declínio das manifestações populares. Houve uma crise interna devido ao cenário sociopolítico do país que se encontrava em um momento de radicalização, porém segundo Gohn (2011, p.342) isso não impediu que os mesmo “contribuíssem decisivamente via demandas e pressões organizadas, para a conquista de vários direitos sociais, que foram inscritos em leis na nova Constituição Federal de 1988”. O cenário brasileiro foi também palco do surgimento de vários movimentos populares. À medida em que as políticas neoliberais avançaram estes movimentos que lutavam contra as reformas estatais, contra a fome, o desemprego, aposentadoria, dentre outros se destacaram no cenário brasileiro. 
	Os movimentos sociais no atual cenário brasileiro passam por diversos campos de atuação, existem movimentos de associações das favelas, movimentos específicos por causas sociais como emprego, moradia, saúde, educação e cultura. Além disso, surgiram com força movimentos com demandas seculares como a terra, para produzir, como o MST.[4: O MST inclui nos seus objetivos questões sociais, políticas e econômicas. Segundo Santos apud Fernandes (2000, p. 87), o Movimento é autônomo porque suas definições não estão subordinadas a outros movimentos ou instituições como partidos, sindicatos, igrejas e outros. E heterônomo, porque na sua luta pela reforma agrária, envolvem todas essas instituições. Todos participam apoiando a luta, entretanto, quem a faz, de fato acontecer, são os trabalhadores, iniciando, na terra com a ocupação quando fica em fase de acampamento. Abordaremos sobre o MST de maneira mais detalhada no próximo capitulo.]
2.3. A relação entre os movimentos sociais e educação do campo.
	Ao tratar desta relação é necessário entendermos que a educação abarca várias áreas, acontece de modo formal (escolas), não formal (práticas educacionais de formação voltadas para a construção da cidadania) e informal (socialização dos indivíduos no ambiente familiar de origem) (GOHN, 2013). Os embates e movimentos pela educação perpassam a história, foram processo que ocorreram e acontece, dentro e fora de escolas e em outros espaços institucionais. As lutas dos movimentos sociais têm caráter emancipatório, na medida em que possibilitam aos sujeitos envolvidos uma leitura mais crítica da realidade. Para tanto vale ressaltar que a partir da óptica dos direitos de um povo ou agrupamento social é adotar um princípio ético, moral, baseado nas necessidades e experiência acumuladas historicamente dos seres humanos, e não nas necessidades do mercado. A óptica dos direitos possibilita-nos a construção de uma agenda de investigação que gera sinergia, não compaixão, que resulta em políticas emancipadoras, não compensatórias. Fora da óptica da universalidade dos direitos, caímos nas políticas focalizadas, meras justificativas para políticas que promovem uma modernização conservadora. A óptica dos direitos como ponto de partida poderá fazer-nos entender as mudanças sociais em curso (GOHN, 2007). Movimentos sociais pela educação abrangem questões tanto de escolas como de gênero, etnia, nacionalidade, religiões, portadores de necessidades especiais, meio ambiente, qualidade de vida, paz, direitos humanos, direitos culturais, dentre outros. “Os movimentos sociais são fontes e agências de produção de saber” (GOHN, 2013, p.348).
Neste sentido as manifestações, marchas, e ações dos movimentos sociais são espaços educativos, assim como a escola é um ambiente de participação ativa na educação. O conhecimento que se adquire na escola gera aprendizado político para a participação na sociedade em geral, nos movimentos sociais os aprendizados são emancipatórios, pois possibilitam uma consciência política crítica. 
Desta forma abordaremos sobre a educação do campo que segundo o âmbito das discussões de alguns autores (FERNANDES, 2007; MOLINA, 2004 e 2010; SANTOS, 2010, dentre outros) se identifica pelos seus sujeitos. É necessário entender que além da territorialidade as relações sociais específicas que compõem a vida no e do campo, em suas distintas identidades precisam ser valorizadas e estabelecidas no processo de uma educação voltada para os indivíduos do campo. A perspectiva da Educação do Campo é justamente a de educar as pessoas que trabalham e vivem no campo para que se encontrem, se organizem e que sejam escritores dos seus próprios destino. [5: Para análises detalhadas sobre o conceito de territorialidade ver Fernandes (2007).]
 	A educação do campo foi uma conquista dos movimentos sociais juntamente com o MST. Foram necessários processos de lutas por uma educação camponesa, no sentido de uma maior visibilidade diante das instâncias governamentais, pois o governo pregava uma educação do campo, porém com caráter rural, com a LDB 9394/96 passa a existir a superação de um ensino apenas com o olhar da educação rural defendido pela elite, ocorre uma flexibilização dando ênfase ao um ensino que considerasse os valores e a vida do homem do campo. Na referida legislação há garantia da educação para os trabalhadores do campo é ressaltada da seguinte maneira:
Art. 28 – Na oferta da Educação Básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias a sua adequação, às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I – conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II – organização escolar própria, incluindo a adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e as condições climáticas; III – adequação a natureza do trabalho na zona rural (BRASIL, 1996).
Entender a distinção dos termos rural e campo se faz necessário. A concepção de rural concebe uma perspectiva política presente nos documentos oficiais, que historicamente fizeram menção aos povos do campo como pessoas que precisam de assistência e proteção, com o olhar que o rural é o lugar do atraso. Trata-se do rural pensado a partir de uma lógica capitalista, e não como um espaço de vida, de trabalho, de construção de significados, saberes e culturas. Decorrente deste modelo de desenvolvimento ocorre, por um lado, a crise do emprego e a migração campo/cidade, e, por outro ocorre à organização dos camponeses contra este processo de exclusão, tornam-se resistentes e passam a lutar pela educação assim como questões voltadas à economia, política e cultura, todas voltadas ao povo do campo (KOLLING, 2012).
 A concepção de campo tem o seu sentido cunhado pelos movimentos sociais no final do século XX, em menção à identidade e cultura dos sujeitos do campo, valorizando-os como indivíduos que possuem laços culturais e valores relacionados à vida na terra (SOUZA, 2009). Neste sentido o campo é entendido como espaço de vida, saberes, onde estão imbricados aprendizagens através das experiências e cultura do povo do campo. Portanto esta compreensão de campo configura-se um conceito político ao considerar as peculiaridades dos sujeitos e não apenas sua localização
espacial e geográfica.
 A perspectiva da educação do campo articula-se a um projeto político e econômico de desenvolvimento local e sustentável, desde a perspectiva dos interesses dos povos que nele vivem. A valorização do homem do campo e dos seus saberes são os objetivos desta educação. A expressão educação do/no campo, está almejando descrever que a educação é pensada para e com os sujeitos do campo, e não que é uma educação pensada para a área urbana, sendo também implementada no campo; refere-se aos direitos dos povos do campo em estudar no espaço onde habitam, sem precisar sair para a cidade (CALDART, 2004). A escola do campo não é um movimento educativo que tem origem ligada ao Estado. Ela se constrói e consolida pela ação dos movimentos sociais e só assim tem sentido como algo distinto e criador de novas potencialidades.
A educação do campo tem como princípio educar para a produção da vida, onde o trabalho está vinculado à educação, que é caracterizada como um processo de formação de transformação humana, através da educação os indivíduos mudam a partir da aprendizagem adquirida. A educação do campo está preocupada no ser social, na cultura do campo, nas especificidades dos indivíduos do campo, numa aprendizagem que valorize a coletividade. A educação do campo como política pública foi uma conquista dos movimentos sociais do campo com destaque para o MST, o qual abordaremos no capítulo seguinte. 
Pensar a educação do campo em conexão com uma concepção de campo constitui assumir um olhar de totalidade para os processos sociais; no campo dos movimentos sociais significa um alargamento das questões pautadas nas lutas; no campo das políticas publicas é necessário pensar na efetivação das políticas de educação do campo. Refletir sobre a dimensão pedagógica entre movimentos sociais e educação do campo remete à discussão sobre a arte de educar e os processos de formação humana, a partir da perspectiva de um ser humano concreto e historicamente situado.
3. O MST E A EDUCAÇÃO: UMA REFLEXÃO PEDAGÓGICA.
	
	Neste capítulo trataremos sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e a Educação. Para tanto é necessário fazermos uma reflexão pedagógica, visto que para entender a educação na perspectiva do MST, é preciso situá-la historicamente, e entender qual é o seu papel na formação humana. Segundo Arroyo (2003, p.36) “os movimentos sociais teriam essas virtualidades educativas de raiz como característica crucial e seu envolvimento totalizante”. Os integrantes do MST levam para a prática educativa seu modo de vida, logo, todas as dimensões de sua condição existencial são envolvidas. A cada passo suas vidas são postas à prova em situações de risco. As lutas ao mesmo tempo em que os educam, os desafiam à sobrevivência. Sendo assim, é necessário entender qual o sentido educativo do MST como sujeitos dos movimentos sociais com identidade própria e marcada pela luta.
	Segundo Caldart (2004) o sentido educativo do MST pode ser entendido como visão sociocultural, ou seja, a sua atuação social é vista como processo histórico, sem tempo previsto para acabar. Os seus objetivos são pautados na luta por uma reforma agrária, terra justa e igual para todos; e os seus princípios educativos baseiam-se na militância, para que a luta não acabe. Desta forma o sentido educativo do MST está ligado à dialética, pois os sujeitos envolvidos no movimento são agentes e produtos desta formação.
	Na perspectiva da formação humana a educação é compreendida como um ato intencional, que transforma a criatura biológica em um novo ser, um ser de cultura. Como afirma Rodrigues (2001, p.240) “a Educação é necessária para que o ser homem seja constituído. O homem não se define como tal no próprio ato de seu nascimento, pois nasce apenas como criatura biológica que carece se transformar, se recriar como Ser Humano”. Portanto, a identidade do homem se constitui a partir das ações que são desencadeadas ao longo da sua existência. Conforme Arroyo (1998) a humanização como projeto, como finalidade e como pedagogia é o ponto de partida de toda ação pedagógica fora ou dentro da escola. Isto significa que ao discutirmos sobre os processos ou práticas educativas, seja ela em uma instância aberta ou mais restrita da educação escolar e ao falar de educação, estamos nos referindo ao modo como a humanidade se faz a si mesma, em cada espaço e em cada tempo histórico.
	Esta humanização dentro do MST ocorre por meio da própria cultura, visto que a construção da identidade sem-terra perpassa diversas ações, como a organização da luta pela terra, a experiência humana ao participar do Movimento e as vivências socioculturais. Neste aspecto, compreender o MST como movimento que se traduz em cultura significa entendê-lo como sujeito enraizado. Essa afirmativa baseia-se na historicidade encontrada nas memórias desse povo que traz na sua cultura as “raízes para uma continuidade histórica que vai além de si mesmo ou de lutas imediatas que caracterizem sua atuação em uma determinada conjuntura política [...] a herança que pode deixar, ou não para as novas gerações de lutadores sociais” (CALDART, 2004, p.40).
	Para refletirmos sobre a ligação entre o MST e a educação, é necessário um recorte histórico de ambos os segmentos. No primeiro momento situaremos a educação na perspectiva da formação humana, e tomaremos como base as análises dos autores que discorrem sobre esta problemática (ARROYO, 1998; CALDART, 2004; RODRIGUES, 2001). Ao se tratar do MST, abordaremos desde o seu surgimento, como também a forma como se acentuou a educação dentro do campo de atuação do próprio Movimento.
3.1. A educação como elemento da formação humana.
	Entender a educação na perspectiva da formação humana requer um olhar delicado para as ações educativas. Sendo assim, a educação se constitui em uma rede de relações, as aprendizagens são adquiridas a partir dos acontecimentos que são desenvolvidos nestas relações. Como afirma Caldart (2004 p.84-89):
 A compreensão da educação como um processo de formação humana, não deve se deter a uma visão deturpada do ideal pedagógico, ou seja este não deve ser abstrato e essencialista. A educação neste sentido deve ser pensada como um processo social que ocorre através das relações que a constituem. Sendo estas relações a da educação com a vida produtiva, onde a produção tem uma dimensão ligada às condições materiais da existência do ser humano e os processos sociais de produção e reprodução material da existência como educativos ou formadores; a outra relação trata da formação humana e cultura, onde as práticas educativas são portadoras e por vezes de modo intencional transmissoras, de um determinado patrimônio ou tradição cultural. E a última relação abordada trata da educação e história, pois o fazer e o pensar humano são processos históricos vinculados ao principio educativo.
	
	Neste sentido a ação educativa é um procedimento regular desenvolvido em todas as sociedades humanas, que tem por objetivos preparar os indivíduos em crescimento para assumirem papéis sociais relacionados à vida coletiva, à reprodução das condições de existência. Este papel social está ligado ao comportamento que os sujeitos devem assumir perante a sociedade. Outro ponto vinculado a este papel é utilizar de maneira adequada e com responsabilidade os conhecimentos nos lugares onde a vida dos indivíduos se realiza. Sendo assim, vale ressaltar:
O ato de formar o ser humano se dá em dois planos distintos e complementares: um de fora para dentro e outro, de dentro para fora. Pelo primeiro, ele “precisa ser educado” por uma ação que lhe é externa, de modo similar à ação dos escultores que tomam uma matéria informe qualquer, uma madeira, uma pedra, ou um pedaço de mármore, e criam a partir dela um outro ser. Assim como não se deve esperar que um objeto escultural apareça de modo espontâneo, também não se deve esperar que o ser humano seja fruto de um processo de auto-criação. (RODRIGUES, 2010,p.240).
	A formação humana pautada na
ação educativa tem a intencionalidade como resultada, pois os seres humanos são transformados de ser biológico a ser de cultura. Esse ato denomina-se Educação. O conhecimento está ligado às praticas educativas, desta forma a ação educativa se constitui a partir da identidade, dos valores e saberes, são interligados à prática do aprender. 
3.2 O MST: um breve histórico
	
	Segundo Santos (2013) existem controvérsias quanto ao surgimento do MST, pois aconteceram ocupações no município de Ronda Alta, Rio Grande do Sul, no ano de 1979, considerado por Morissawa (2001) e Fernandes (2000) o marco inicial do Movimento. Fernandes (2001) define este momento como prelúdio para a origem do MST já que houveram fatos que antecederam sua fundação. Porém, o MST reconhece como momento de sua fundação o 1º Encontro Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, ocorrido em 1984, em Cascavel – PR. Do surgimento à consolidação, o Movimento passou por processo de Territorialização, que segundo Natalio (2009) o termo está geralmente relacionado a formas de organização e reorganização social, modos distintos de percepção, ordenamento, reordenamento em termos de relações com o espaço, sendo entendido como parte do período compreendido entre os anos de 1990 até 1999. Nesse tempo, o Movimento se territorializou na região Centro Oeste, Distrito Federal (1992) e em Mato Grosso (1995) e na região Amazônica, nos estados do Pará (1990) e Tocantins (1999), após este período houve uma expansão do MST para os demais estados brasileiros.[6: Ver FERNANDES (2000).]
	A estrutura organizacional inicial do Movimento foi composta em instâncias sendo elas: Congresso Nacional, Coordenação Nacional, Encontros Estaduais, Coordenações Estaduais, Coordenações Regionais, Coordenações de assentamentos e acampamentos (SANTOS, 2013). Este modelo foi configurado no início dos anos de 1990, e a partir deste momento o MST se organizou em diversos setores: Frente de Massa, Produção, Educação, Comunicação, Formação, Finanças, Gêneros, Projetos Nacionais, que é subdividido em Relações internacionais e Direitos Humanos. Segundo Arroyo (2004, p.65) “a figura do MST tem algo de contagiante para toda a sociedade brasileira, porque toca em valores muito tensos e próximos, como o direito à terra”. Nesta concepção o olhar sobre o Movimento dos trabalhadores rurais sem terra deve ser focado a partir da óptica dos sujeitos que o compõem, sendo estes os formadores da sua própria história.
	 
 3.2.1. A Educação no MST
	 
 Segundo Kolling (2012.) a educação está presente nas pautas do MST, antes mesmo da sua fundação em 1984, quando as famílias Sem Terra, acampadas na Encruzilhada Natalino, Rio Grande do Sul (1981), perceberam a necessidade de uma educação para a infância e tomaram como uma questão, um desafio. O cuidado pedagógico com as crianças nos acampamentos foi um impulso desafiador para a classe trabalhadora, que se posicionou em lutar pelo acesso ao conhecimento e escolas nos acampamentos e assentamentos. As articulações acerca da educação no MST ocorreram a partir das circunstâncias históricas que os produziram, formularam decisões políticas que, aos poucos, compuseram sua forma de luta e de organização coletiva. Uma dessas deliberações foi a de instituir e articular o trabalho de educação das novas gerações no interior de sua organicidade e, com base nessa intencionalidade, criar uma proposta pedagógica específica para as escolas dos assentamentos e acampamento, pensaram também na formação dos educadores do campo, estas foram constituídas como propostas para educação do povo camponês. 
 	O Encontro Nacional de Professoras dos Assentamentos, realizado em julho de 1987, em São Mateus, no Espírito Santo, foi o que formalizou a criação de um Setor de Educação do MST. O termo “setor de educação” tem um cunho político/ideológico, por ser dado pelos sem-terra ao grupo que cuida de programar a proposta de educação do MST nos assentamentos e acampamentos”. (SANTOS, 2010, p.99). Ele tem como base, por meio da pedagogia emancipatória, construir uma sociedade igualitária, entendendo a educação como um elemento fundamental nos processos de transformação social. (idem). Refere-se ao objetivo de construção de mudanças dos sujeitos, tanto homens como mulheres que passam ter posturas diferenciadas na luta contra a exploração e opressão da classe dominante. A implementação da proposta de educação do MST, é assumida por sujeitos que cuidam dos aspectos burocráticos da educação junto as estâncias dos poderes municipais, estaduais e federais. 
	Segundo o referido Movimento, quando se trata de pensar e organizar a educação, se considera toda a complexidade do processo de formação humana, sendo as práticas sociais o principal ambiente da aprendizagem humana. No seu caderno de educação nº 08, o MST exprime o que entende por princípios: “estamos entendendo por princípios, algumas ideias, convicções, formulações que são as balizas (marcos, referências) para o nosso trabalho de educação no MST” (MST, 1999). Os princípios filosóficos dizem respeito à visão de mundo que o Movimento defende a sua concepção de sociedade, pessoa humana e educação que pretende e que está construindo. Quanto aos princípios pedagógicos, se referem basicamente ao jeito de pensar e pôr em prática/concretizar os princípios filosóficos da educação do Movimento, ou seja, é basicamente a reflexão metodológica dos processos educativos dos assentamentos e acampamentos. O Movimento indica que a sua proposta é constituída de princípios e objetivos, pois a atuação do Movimento em nível nacional apresenta diferenças em muitas realidades; deste modo, os princípios são elementos norteadores do processo educativo, não constituindo assim “uma camisa de força” ou código de leis que devem ser seguidos a qualquer custo.
	Neste sentido, o MST, durante sua trajetória foi desenvolvendo uma visão de educação, uma maneira de formar os sujeitos e um modelo de escola interligados às teorias sociais e pedagógicas geradas por diferentes práticas de educação dos trabalhadores, em diferentes espaços e tempos. O MST tem a terra como fonte de trabalho onde produzem e vivem de maneira digna. Portanto a educação é outro instrumento para a continuidade da luta então baseada apenas na educação formal (escola), a luta pela escola na terra se define como processo de formação de sujeitos de direitos e na coletividade para conquistá-los (CALDART, 2004). Desta forma, os sem-terra criaram uma consciência crítica, se colocaram em movimento e projetaram contornos que organizaram seus passos.[7: Sem Terra é mais do que sem-terra, exatamente porque é mais do que uma categoria social de trabalhadores que não tem terra; é um nome que revela uma identidade, uma herança trazida e que já pode ser deixada aos seus descendentes, e que tem a ver com uma memória histórica, e uma história de luta e contestação social. (...) Esta identidade fica mais forte à medida que se materializa em um modo de vida, ou seja, que se constitui como cultura e que projeta transformações no jeito de ser da sociedade atual e nos valores (ou antivalores) que a sustentam (CALDART, 2002. p.129).]
	No entanto esta organização não se limitou apenas em lutar de modo apático, passaram a reivindicar escolas em acampamentos e assentamentos. No primeiro momento tentaram organizar estas reivindicações por meio de negociações com os governos, porém, não foi o suficiente para a realização delas. Por isso, criaram estratégias por meio da ocupação de escolas e criaram uma palavra de ordem para fortalecer sua ação: “Ocupar é a única solução!”. O ato de ocupar escolas no sentido educativo, parte do pressuposto que ao ocupar a escola, e organizar o modo como a qual iria desenvolver sua educação lhe oferecia a possibilidade de realizar aprendizados construídos coletivamente.
	Outra marca da luta pela educação no MST foi a construção dos coletivos de educação, que foram organizados através de reflexões e aprendizados coletivos, a equipe de educação passou a integrar
a estrutura organizativa dos acampamentos desde a sua gênese. Os coletivos de educação surgiram no intuito de garantir de modo efetivo a mobilização pelo direito a escola e a discussão de como desenvolver uma escola diferente, que englobasse os desejos de todos. Este projeto de escola foi inserido em uma organização social de massas, e o MST passou a lutar por uma escola do Movimento. Estas articulações foram discutidas no 1° Encontro Nacional de Educadores da Reforma Agrária (ENERA), que aconteceu em Brasília, de 28 a 31 de Julho de 1997. O I ENERA foi considerado um fato histórico dentro do Movimento, pois representou a composição dos processos desenvolvidos em educação no MST, durante dez anos, e também as projeções para os momentos futuros.
	Na projeção da educação futura do MST, estava inserida a proposta de educação do Movimento, nela está a ampliação do direito ao acesso à escola. Queriam também instituir o direito de construí-la a partir da identidade do Movimento. Desta forma os saberes, valores e culturas seriam evidenciados e esta escola deveria ser lugar de formação para a continuidade do MST. Como destaca Caldart (2004, p.263): “O eixo da elaboração da proposta foi no inicio, e continua sendo hoje, a prática dos sujeitos Sem Terra, desdobrada em questões do cotidiano pedagógico da escola e do Movimento como um todo”. Como fruto da luta dos Sem Terra, o Movimento constituiu uma escola do MST, onde são valorizadas na proposta pedagógica, a presença da bandeira, a mística e a cultivação da identidade histórica do Movimento e dos seus sujeitos. A escola pública que adere a proposta de educação do MST busca a formação dos indivíduos de um projeto popular de educação e de país. Este projeto de educação se vincula a uma educação em que as especificidades dos sujeitos sejam levadas em conta, e a educação do campo está inserida nesta questão. No quadro abaixo podemos observar como está atualmente a educação dos Sem Terra.
Quadro 2 - Os dados atuais da educação no MST.
	Os Dados Sobre a educação no MST
	Mais de 2 mil escolas públicas construídas em acampamentos e assentamentos;
	200 mil crianças, adolescentes, jovens e adultos com acesso à educação; 
	50 mil adultos alfabetizados;
2 mil estudantes em cursos técnicos e superiores;
	Mais de 100 cursos de graduação em parceria com universidades públicas por todo o país;
Fonte: http://www.mst.org.br/educacao
	Desta forma podemos destacar que a atuação da educação no MST, se constitui de forma consolidada, pois oferece uma educação pautada nos seus princípios desde a educação básica ao ensino superior. O MST possui uma pedagogia própria denominada como Pedagogia da Terra (CALDART, 2000). Esta pedagogia tem ações que aponta a formação humana. A educação no Movimento é entendida como um processo de auto-reconhecimento, neste caso, traduz-se em se sentir parte do movimento, e envolve o sentimento de pertença. Deste modo, o modelo de educação do MST visa constituir uma educação que leve em consideração às particularidades e realidade dos sujeitos do campo. Tem em seu Caderno de nº 08, princípios pedagógicos que norteiam essa educação (MST, 1996).
Destacaremos aqui os princípios pedagógicos estão pautados de acordo com a forma de pensar e fazer a educação:
Relação entre teoria e prática;
Combinação metodológica entre processos de ensino e de capacitação;
A realidade como base da produção do conhecimento;
Conteúdos formativos socialmente úteis;
Educação para o trabalho e pelo trabalho;
Vínculo orgânico entre processos educativos e processos políticos;
Vínculo orgânico entre processos educativos e processos econômicos;
Vínculo orgânico entre educação e cultura;
Gestão democrática;
Auto-organização dos/das estudantes;
Criação de coletivos pedagógicos e formação permanente dos educadores/das educadoras;
Atitudes e habilidades de pesquisa;
Combinação entre processos pedagógicos coletivos e individuais;
 Destes princípios destacaremos o nº 9, o qual aborda a questão da Gestão Democrática, como princípio educativo. Vale ressaltar este, pois, a democracia deve ser entendida como um conjunto de ações que envolvem a participação, envolvimento e coletividade. Para Carter (2006) democracia, no sentido de: 
 
“(1) fortalecer a sociedade civil através da organização e incorporação de setores marginalizados da população; (2) realçar a importância do ativismo público como catalisador do desenvolvimento social; (3) facilitar a extensão e exercício de direitos básicos de cidadania entre os pobres; e, (4) gerar um sentido de utopia e afirmação de ideais que impregnam o processo de democratização do Brasil no seu longo prazo, complexidade e consequências abertas” (p.125). 
	Desta maneira, O MST pode ser visto como movimento de perspectiva histórica, pois seus pilares estavam nas raízes das lutas pela terra e perpassaram a formação de novos sujeitos sociais, pertencentes de uma coletividade humana que possibilita novos horizontes pautados nos princípios educativos do Movimento.
4. A GESTÃO EDUCACIONAL DO CAMPO E OS SEUS CONTEXTOS
	Para compreendermos o modelo de gestão educacional do campo é necessário estabelecer o papel da gestão educacional no cenário educacional brasileiro. As políticas educacionais no Brasil têm, dentre as principais propostas, a gestão democrática da escola pública. As discussões no entorno da gestão democrática escolar estão quase imediatamente relacionadas aos conceitos de participação e autonomia, além do processo de descentralização administrativa e financeira (LUCE e MEDEIROS, 2008). O movimento pela gestão democrática na escola surgiu como iniciativa da comunidade escolar, no cerne das lutas contra a ditadura militar nos anos de 1970 e 1980 e também pelo Estado de Direito no Brasil. Estas lutas foram conduzidas pelas associações de professores, funcionários e estudantes. Desta forma, o movimento democrático foi uma das forças ativas com bastante destaque na conjuntura política que induziram a emergência do preceito de gestão democrática no país.
	A gestão democrática ou participativa foi expressa na Constituição de 1988 no seu Art. 6º - VI - “gestão democrática do ensino publico, na forma da lei”, sendo esta a Lei de Diretrizes e Bases de nº 9394/96. Esta gestão também foi pautada no Plano Nacional de Educação, na Lei nº 10.127/01, a qual articula a gestão e a participação com o planejamento educacional. Em virtude desta gestão democrático-participativa ocorre uma abertura maior para a atuação administrativo/pedagógica da comunidade escolar e pais de alunos, no entanto, da maneira como esta jurisdição acontece este efeito é restrito (DAL RI, 2010).
	Neste sentido tratar sobre a gestão educacional do MST pressupõe que a mesma esteja ancorada nos princípios educativos do MST, que segundo seus pressupostos teóricos, no Caderno de Formação nº 08, também desenvolve a ideia de gestão democrática, porém como uma visão diferente da que é utilizada pelo Estado, pois não acontece de modo restrito como citado acima (idem, 2010). O objetivo da gestão do referido Movimento vai além da participação, uma vez que a construção da escola acontece de maneira coletiva, o controle da mesma também será desenvolvido por estes atores sociais, ou seja, por professores, funcionários, pais, alunos e comunidade local. Isto porque na luta por escolas o Movimento ocupa escolas e projetam o tipo de escola que desejam para o povo do campo. 
	Para tanto, foi feita uma reflexão sobre a concepção de gestão buscando elencar quais são os elementos presentes nesta concepção, entendendo quais os tipos de gestão existente no contexto da educação. Assim também como compreender de que forma ocorre este processo nos espaços escolares do campo, em especial em escolas públicas que ficam nas áreas de assentamentos e acampamentos do MST.
4.1 Gestão Educacional e seus Paradigmas
		Alguns fatores sociais como inovação tecnológica no mercado de trabalho, as novas organizações da classe trabalhadora, as novas
tendências políticas e a grande diversificação educacional são elementos que influenciam a complexidade da sociedade brasileira. À medida que estas mudanças ocorrem é necessário reorganizar alguns âmbitos. Não foi diferente com as instituições educacionais que precisam estar adequadas as exigências do mundo do trabalho. Nesta perspectiva a gestão está presente nas mediações. Segundo Casassus (2001) o tema central da gestão é a compreensão e interpretação dos processos da ação humana em uma organização.
O termo gestão há tempos era relacionado à administração, por seu significado possuir instâncias relacionadas ao ato de administrar. Segundo o dicionário Dicio (2015) gestão seria a ação de gerir, de administrar, de governar ou de dirigir negócios públicos ou particulares. Ao se tratar da educação, o termo gestão foi sendo utilizado por se tratar de uma expressão mais ampla. Oliveira (2002, p. 8) afirma que “há um acordo implícito entre os pesquisadores da área, de que “gestão” seria um termo mais vasto e aberto que administração, pois o referido termo provoca participação e, desta forma, a marca política da escola é vista com maior destaque”. Vale ressaltar que segundo Santos (2010, p.120),
 
A substituição do termo administração educacional visou estabelecer nas instituições de ensino uma orientação transformadora a partir da dinamização da rede de relações que ocorrem, dialeticamente, no seu contexto interno e externo. Essa substituição foi resultado do movimento social, associado à democratização das organizações na década de 1980, na crise capitalista do Estado de Bem-Estar Social. Já que o ato de administrar está voltado ao processo racional e fragmentado de organização, a gestão estaria voltada para uma ótica globalizadora, mais condizente com o modelo econômico emergente.
Contudo, a gestão como um conjunto de ideias organizadas surgiu aproximadamente na primeira metade do século XX, tendo dentre os precursores contemporâneos: sociólogos, administradores e psicólogos. Dentre os pioneiros vale destacar a influencia de Weber (1976) na sociologia. Na concepção administrativa, fazendo parte da escola clássica com a perspectiva funcionalista, destaca-se Taylor (1911); com o desenvolvimento da ideia de gestão científica, na escola das relações humanas do psicólogo social Elton Mayo (1977). Na visão de sistemas destaca-se Parsons, com a teoria funcionalista dos sistemas, L.Von Bertalanfly, e sua a teoria dos sistemas abertos, e Lunhman com a visão autopoética dos sistemas. Todos estes pensadores se interrogam acerca do tema central da gestão no engajamento das pessoas em seu lugar de trabalho e o que as incentivam a aprimorar o desempenho (SANTOS, 2010, p.124). Além disso, a gestão também sofreu modificações com as transformações ocorridas no sistema econômico mundial e a produção capitalista vigente, refletiu na configuração de conduzir o sistema empresarial e educacional. Desta forma, os indivíduos que atuam neste paradigma precisam estar atualizados de acordo com a necessidade dos programas a serem desenvolvidos no mercado de trabalho.
No campo educacional brasileiro ocorreram dois tipos de gestão: a autoritária e a democrática. Sendo a primeira uma herança da tradição escravista e classicista. A democrática caminha ruma às modificações como a participação de todos no processo escolar, contrapondo ao modelo burocrático hierarquizado (SANTOS, 2010). 
A gestão autoritária na educação foi marcada por centralização do poder nas mãos das elites. No período colonial a educação tinha como gestores os jesuítas, e a educação era oferecida somente à elite. No período da independência, acontecia o mesmo, pois as forças hegemônicas que encabeçaram o movimento tinham os mesmos interesses patrimonialistas, e a educação, tendo a igreja como principal gestora, privilegiava a classe dominante. Assim também aconteceu no período do regime militar, no qual o processo educativo estava ligado à instrução, não no intuito da aprendizagem, mas sim, torná-los fonte de votos, que neste caso continuariam no poder da classe dominante. 
 Desta forma, abordar a gestão na perspectiva do Estado, é um fator importante, pois ele detém o poder do setor público. A inserção da discussão sobre a gestão educacional e a forma como o Estado a desenvolve é formidável, pois a partir do conhecimento de como esta gestão acontece, os sujeitos podem reivindicar sobre os seus direitos. Como afirma Cairo (2001, p.13):
“a gestão autoritária não ocorre apenas quando o Estado se utiliza da máquina burocrática para exercer seu poder ou quando há abuso de autoridade administrativa de modo direto. O autoritarismo, se dá também, e em especial quando o Estado deixa de prover a escolha de recursos necessários à realização de seus objetivos”. 
Contudo, nos tempos atuais o termo gestão democrático-participativa, é utilizada nas discussões sobre educação. Isto aconteceu, pois, a gestão participativa/democrática se diferencia das outras, desta forma os gestores promovem articulações entre a liderança e a comunidade escolar. Tendo esta liberdade de atuar de modo participativo e autônomo. Desta forma, o planejamento, a execução das ações educativas da escola, e o retorno das mesmas passam pelo diálogo e transparência. Portanto, é importante ressalvar que a gestão democrática deve possibilitar espaços de discussão, para que a escola possa definir seus objetivos, seu aparelhamento, e estes podem ser encontrados na elaboração e efetivação do Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição (MELO, 2004).
4.2 A Gestão Educacional na Ótica do Campo
 Os movimentos sociais, principalmente o MST, conquistaram através de suas lutas uma proposta de educação especifica para os camponeses, a qual leva em conta as especificidades do trabalhador do campo. Nesse sentido foi necessário articular um currículo diferenciado, cuja perspectiva de gestão educacional trata-se de um processo que acompanha estes trabalhadores desde a “ocupação das escolas”, ou seja, esta gestão foi concebida juntamente com os indivíduos na luta. Segundo Santos (2013, p.115), “a gestão da educação do campo tem seu próprio caráter de fazer a educação acontecer”, tendo subsídios que excedem o espaço escolar, e compondo outros instrumentos como espaço educativo, os quais refletem a maneira de ser, pensar e agir do camponês. É importante destacar que no campo teórico são poucas pesquisam que tratam especificamente sobre a gestão educacional do campo. Ao buscar subsídios teóricos que norteassem a pesquisa, foram poucas as literaturas que abordaram o assunto de modo mais específico. E listamos algumas no quadro que se segue:
Quadro 3 – Pesquisas sobre gestão educacional do campo. 
	
Dados das pesquisas sobre gestão Educacional do Campo
	TITULO
	AUTORES
	BANCO DE DADOS
	ANO
	
Educação do campo e gestão democrática: um processo de gestão em análise.
	
 Léia Nascimento da Silva; 
 Fátima Moraes Garcia
	
GEPEC
	2013
	
Apontamentos preliminares sobre as possibilidades de gestão escolar no programa escola ativa.
	
 Júlia Mazinini Rosa;
 Maria Cristina dos Santos Bezerra
	GEPEC
	2011
	
Gestão democrática na escola pública: uma experiência educacional do MST.
	
Neusa Maria Dal Ri 
Candido Giraldez Vieitez
	GEPEC
	2010
	
Escolas do campo e a gestão democrática participativa no município de São José do Rio Pardo.
	
Renata Daniele Vechini Dalbon;
João Luís Cunha
	
GEPEC
	2010
	
A gestão educacional do MST e a burocracia de Estado.
	
Arlete Ramos dos Santos (Dissertação de mestrado)
	
GEPEC
	
2010
	
“Ocupar, resistir e produzir, também na educação!” O MST e a burocracia estatal: negação e consenso.
	
Arlete Ramos dos Santos (Tese de Doutorado)
	GEPEC/CAPES
	2013
 Fonte: Elaborado pela autora a partir de pesquisas nos bancos de dados da GEPEC/UFSCar.
	Para realizar esta tabela, foi pesquisado sobre a temática gestão educacional no/do campo nos bancos de dados
da ANPED, onde não foram encontrado nos Grupos de Trabalhos/Comissão científica nenhuma pesquisa voltada a temática referida. Também foi pesquisado na CAPES e encontramos apenas uma pesquisa relacionada ao tema. Encontramos também dados da pesquisa, no banco de dados GEPEC/UFSCar, neste foram encontradas catorze (15) pesquisas relacionadas ao tema gestão educacional do campo no as quais, cinco (5) abordaram de modo mais especifico a problemática, estas foram destacadas no quadro acima.[8: ANPEd é uma associação sem fins lucrativos que congrega programas de pós-graduação stricto sensu em educação, professores e estudantes vinculados a estes programas e demais pesquisadores da área. Ela tem por finalidade o desenvolvimento da ciência, da educação e da cultura, dentro dos princípios da participação democrática, da liberdade e da justiça social. ][9: CAPES- Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação do Ministério da Educação (MEC), desempenha papel fundamental na expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) em todos os estados da Federação.][10: GEPEC- - Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação do Campo foi criado em 2010 por docentes dos Departamentos de Educação e de Psicologia, e alunos (graduação e pós-graduação) da UFSCar e conta com a participação de um docente da USP de Ribeirão Preto. O GEPEC tem como objetivo principal proporcionar um espaço de discussão dos estudos e pesquisas sobre a educação do campo nas relações com as práticas das camadas populares, os movimentos sociais e a luta pela terra. Os Estudos e Pesquisas estão organizados em quatro linhas de investigação principais: Educação Especial no campo; Fundamentos da Educação e suas relações com o campo; Instituições escolares e práticas educativas no campo; Movimentos Sociais e Educação]
	Sendo assim, é necessário um olhar reflexivo sobre a problemática. “A gestão educacional do campo tem como base o trabalho como princípio educativo, e essa prática social passa a ser a matriz que implica conteúdos, metodologias e debates educacionais” (SOUZA, 2006, p. 216). A gestão da educação no MST é feita através da “ocupação pela escola”, termo que surgiu das lutas por escolas nos assentamentos, quando, nas primeiras ocupações de terra, esse direito ainda não era garantido (CALDART, 2004). Mobilizações foram realizadas pelas famílias juntamente com os educadores e intelectuais do Movimento e iniciaram a luta pela escola, surgindo uma proposta especifica de educação vinculada às questões políticas e sociais. “A Gestão defendida pelos trabalhadores do campo é a Participativa e Democrática que deve adequar-se aos seus objetivos de modo que defenda os trabalhadores”, como afirma Dal Ri (2010, p.56): O MST também desenvolve a ideia de gestão democrática, porém com uma perspectiva diferente daquela utilizada pelo Estado. O seu objetivo vai além da participação, uma vez que sinaliza com a ideia de controle da escola pelas forças populares, ou seja, por professores, funcionários, alunos, pais e comunidade local.
 
5 ASPECTOS METODOLÓGICOS E RESULTADOS DA PESQUISA 
Utilizamos como método de pesquisa, a perspectiva do materialismo dialético, pois compactuamos com as ideias de Gil (2008) e Santos (2010) ambos sugerem o método citado em pesquisas na área de educação na atualidade, pois devido a seu caráter crítico consideram-no adequado. Bem como, por compreender a leitura do contexto histórico importante para o entendimento e possíveis resoluções dos fatos atuais. Além disso, o Materialismo dialético fundamenta-se na argumentação, discussão, confronto de ideias. Segundo este método, tudo o que existe se relaciona, tudo está em constante transformação. ”[...] Todos os objetos e fenômenos apresentam aspectos contraditórios que são organicamente unidos e constituem a indissolúvel unidade dos opostos. A luta dos opostos constitui a fonte do desenvolvimento da realidade [...]’’ (GIL, 2008, p.13).
Para tanto, utilizar uma perspectiva do materialismo histórico dialético é pertinente no tipo de pesquisa referida, pois possibilitou um olhar crítico perante seu desenvolvimento.
A abordagem utilizada foi a qualitativa por englobar diversas especificidades como afirma Godoy (1995, p.62): "a pesquisa qualitativa ressalta as diversidades existentes, além de ter características que possibilitam analisar as especificidades da pesquisa, pois tem ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental”. Seu caráter é descritivo, são os significados que as pessoas dão às coisas e a sua vida como preocupação do investigativo.
A pesquisa de campo foi o procedimento utilizado, e o instrumento utilizado na coleta de dados foi a entrevista semiestruturada, para Manzini (1990/1991), a entrevista semiestruturada está focalizada em um assunto sobre o qual confeccionamos um roteiro com perguntas principais, complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista. Sendo assim, o pesquisador tem liberdade para nortear a entrevista e direcionar as perguntas ao seu objeto de estudo. Para a realização desta pesquisa entrevistamos o Secretario Municipal de Educação, a diretora, o coordenador, uma professora, três alunas da Centro Integrado Florestan Fernandes, no Assentamento Terra Vista, na cidade de Arataca. E também uma integrante do MST e moradora do Assentamento. 
	
5.1 Contextualização da Escola
	O Centro Integrado Florestan Fernandes, é uma escola publica do Campo, conquistada através da luta e resistência do MST, desde 1997. Está localizada no Assentamento Terra Vista, na cidade de Arataca na Bahia. A referida escola é mantida pela Secretaria de Educação e Cultura do município e possui capacidade para atender cerca de 200 alunos, através da educação do campo, comprometida com mudanças sociais.
	A escola funciona em três turnos distintos, atendendo alunos da Educação Infantil, Fundamental I e II e Educação de Jovens e Adultos (EJA). A equipe é formada por gestores, coordenadores pedagógicos, professores(as), secretaria, merendeiras e auxiliares de serviços gerais. A equipe escolar participa de formações oferecidas pelo Movimento em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (SEMED) e com colaboradores e outros espaços alocados no Assentamento Terra Vista, como a sala de comunicação livre e informática batizada como o nome de Cabaça. A escola oferece durante todo o ano letivo oficinas de cidadania digital, educomunicação e cineclube. A Cabaça abriga também uma radio comunitária, que serve de suporte para atividades que se integram no PPP da Escola.
5.2 Análise Dos Dados
	 
	A gestão educacional do campo trata-se de um processo que acompanha os trabalhadores desde a “ocupação das escolas” até a efetivação das ações educativas no espaço escolar. Assim, a escola do campo deve ser pensada e construída juntamente com os sujeitos do campo. Sendo assim, a identidade da escola do campo é determinada a partir de questões pertinentes à sua realidade, ancorada na temporalidade e saberes próprios dos estudantes (BRASIL, 2002).
Além disso, as escolas do Movimento devem ter uma proposta de educação própria, sendo esta baseada nos princípios da Pedagogia do Movimento, que neste caso é compreendida como pedagogia que associa teoria à prática e que vem formando historicamente, os sujeitos sociais de nome Sem Terra e sua educação é construída dia a dia juntamente com os indivíduos que dele fazem parte. Assim, “a escola que cabe no Movimento é aquela que não cabe em si mesma, isto porque assume o vínculo com o movimento educativo da vida, em movimento” (MST, 2001.p.51). A partir da entrevista com a diretora da escola ficou constatado que esta proposta de educação na referida escola, está sendo implementada em partes, pois segundo a mesma existe uma rotatividade de funcionários. Isto evidencia que a gestão da escola não tem autonomia na escolha destes, como aponta a fala abaixo:
[...] não tem autonomia em algumas questões,
por exemplo, eu sou a diretora da escola, mas não tenho autonomia de escolher quais são os professores que eu quero pra escola, se eu pudesse escolher professores que tem perfil, tem a identidade do campo e pode trabalhar com as crianças, com os jovens, com os adultos do campo, eu acho que seria bem melhor, mas a gente não tem essa autonomia. Infelizmente, toda vez que muda de prefeito, muda de funcionários e isto não é uma situação de lá do assentamento, mas de todos. (ENTREVISTA REALIZADA NO DIA 10 DE DEZEMBRO DE 2015, COM A DIRETORA DA ESCOLA).
Entretanto percebemos uma contradição no que diz respeito esta autonomia a qual a gestora da escola se refere, pois o secretário de educação do município confirma que esta autonomia acontece, como afirma abaixo: 
[...] a gente sempre abre para o MST indicar os profissionais [...] A partir do momento que o Movimento fizer uma proposta formalizada especifica para isso, tem. Dentro também do que a secretaria de educação entende como uma metodologia que seja plausível adequado para a rede. (ENTREVISTA REALIZADA NO DIA 29 DE OUTUBRO DE 2015, COM O SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DO MUNICIPIO DE ARATACA).
No entanto, enfatizamos a importância do engajamento político dos sujeitos do campo, pois, a autonomia deve ser implementada no Movimento visto que ele defende uma gestão participativa democrática. Para tanto, fortalecer a articulação de lutas apoiadas em bases legais que tratam sobre a problemática, como por exemplo, a RESOLUÇÃO CNE/CEB 01 - 3 DE ABRIL DE 2002, que resalta no: 
 
 Art. 11. Os mecanismos de gestão democrática, tendo como perspectiva o exercício do poder nos termos do disposto no parágrafo 1º do artigo 1º da Carta Magna, contribuirão diretamente: I - para a consolidação da autonomia das escolas e o fortalecimento dos conselhos que propugnam por um projeto de desenvolvimento que torne possível à população do campo viver com dignidade; II - para a abordagem solidária e coletiva dos problemas do campo, estimulando a autogestão no processo de elaboração, desenvolvimento e avaliação das propostas pedagógicas das instituições de ensino. (BRASIL, 2002).
 Ainda assim, a gestão democrática é pautada como um princípio educativo do MST, para tanto, entende-se que a democracia deve estar ajustada à gestão, não é preciso somente que os educandos tenham conhecimento e discutam sobre ela, é necessário vivenciar esta gestão de maneira participativa, educando-se pela e para democracia social. 	Para tanto, existem duas dimensões fundamentais da gestão democrática na educação:
a direção coletiva de cada processo pedagógico, que vai além dos seus participantes mais diretos, ou seja educadores(as), e educandos. Isto quer dizer, no caso das escolas de acampamentos e assentamentos, a participação efetiva da comunidade na gestão da escola. [...] a participação de todos envolvidos no processo de gestão, devem aprender a tomar decisões, a respeitar as decisões tomadas no conjunto, a executar o que foi decidido, a avaliar o que está sendo feito e repartir os resultados de cada ação coletiva. (MST, 1996.p.20).
Conforme, os princípios educativos do MST no campo da gestão educacional, percebemos que na escola referida, no que se refere à tomada de algumas decisões existe a participação de todos, como evidencia a fala das entrevistas do coordenador, da professora, diretora da escola, alunas e representante da comunidade:
[...] na verdade tudo nesta escola por ser uma escola de movimento até as prestações de contas dessa escola, se entra um real nessa escola é quando faz essa prestação de conta entre professores, alunos e comunidade, é uma escola que em tudo envolve todo mundo, até na festa simples de final de ano. Se você for lá você vai encontrar vários pais porque a nossa escola sempre está aberta a isso, como vocês chegaram aqui na jornada , vocês perceberam que tinham várias pessoas,não só os alunos , então é uma escola muito aberta não só para essas questões e para decisões também, pois tudo leva ou para assembleia que é uma atividade do assentamento ou para reunião escolar. (ENTREVISTA REALIZADA NO DIA 30 DE NOVEMBRO DE 2015, COM A PROFESSORA DA ESCOLA).
 
Sob o mesmo ponto de vista, da participação de todos na gestão da escola, os dados da pesquisa revelam que a instituição escolar em análise também envolve ações coletivas nas práticas educacionais, bem como, alguns princípios do Movimento:
[...] Um dos princípios é a questão da terra, trabalhar bastante a questão de luta pela terra e nesse princípio tem algumas matrizes pedagógicas, e a gente trabalha isso e está no PPP da escola. Sobre essa questão da práxis, da prática, tem a questão da pedagogia da história, a pedagogia da coletividade, são várias pedagogias que a gente defende. A pedagogia da prática é justamente a gente trabalhar não só o contexto da sala de aula, mas também, fazer com que a criança vivencie, tenha uma vivência de mundo, dentro da visão do Paulo Freire. Eu falo de crianças, mas falo também pra jovens e adultos. A pedagogia da história é justamente valorizar os nossos ancestrais, a nossa história de luta. Isso é reforçado na escola. A pedagogia da coletividade é trabalhar o coletivo, a gente entende que a escola não consegue trabalhar sozinha, então ela precisa da coletividade. (ENTREVISTA REALIZADA NO DIA 10 DE DEZEMBRO DE 2015, COM A DIRETORA DA ESCOLA).
[...] tudo que acontece na escola é discutido, agente senta, agente trabalha...[...] vocês estão vendo mesmo aqui na jornada todo mundo vendendo suas coisas, todos os produtos que produzimos, que vem da horta, é um trabalho coletivo.[...]a escola é aberta para quem quer crescer, digo isso no sentido de aprender, tenho dois netos que estudam na escola, e aprendem muito através do trabalho coletivo, onde todos se ajudam.[...] eu mesma participei do inicio do curso de agroecologia, mas como já tenho idade avançada não continuei, mas as oportunidades estão ai.(ENTREVISTA REALIZADA NO DIA 30 DE OUTUBRO COM MORADORA DO ASSENTAMENTO E INTEGRANTE DO MOVIMENTO).
No entanto a compreensão sobre os princípios educativos do MST, não alcançou alguns dos sujeitos que compõem a gestão escolar, evidenciando uma contradição, como referido na fala abaixo:
[...] Não conheço estes princípios. Inclusive, a escola não trabalha, porque não tivemos acesso. Sei que existe, mas não tive acesso. Como coordenador eu cobrei da diretora, porque ela é assentada, então ela sabe dos princípios, mas ela também respeita que a escola não é composta somente de assentados. Mas estamos sempre discutindo isso, e umas das coisas que eu pedir a ela... Nós fizemos aqui uma gincana agroecológica, utilizando só da ecologia, tanto nas questões como as coisas do nosso meio, muitas coisas que eu pedir pra incluir era isso, pra que ela me desse os princípios para eu fazer em cima disso. Ela acabou não dando até hoje. E cada vez que fala disso, eu fico mais curioso pra poder ler sobre esses princípios. (ENTREVISTA REALIZADA NO DIA 29 DE OUTUBRO DE 2015, COM O COORDENADOR DA ESCOLA).
Percebemos que a referida escola está implementada de acordo com alguns parâmetros da gestão democrática participativa, a coletividade segundo já foi citado, a participação dos sujeitos na construção e articulação das ações educativas são fatores que ficaram evidenciados, como por exemplo, a construção do PPP da escola, que segundo a professora entrevistada foi um projeto de todos, como evidencia fala abaixo: 
[...] pelo o PPP da nossa escola, nesta ultima formação que nós tivemos ficou bem claro que escola do campo, foi a única escola do campo que tem o PPP é a nossa escola, as outras escolas inclusive as dos municípios, inclusive não tinha, só Arataca, tinham pessoas de Caravelas, Teixeira de Freitas e outras cidades e a única escola do campo que tem o PPP e o regimento é a nossa escola, que tá ai. Se vocês quiserem da uma olhada tá ai. E na construção desse PPP começou aqui, foi uma construção feita não por uma pessoa , não foi feito pela coordenação e a direção sozinhas não foi

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