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Resumo-Direito Civil-Aula 21-Prescricao e Decadencia-Christiano Cassettari1

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Analista Judiciário TRT/TST 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
 
Disciplina: Direito Civil 
 Professor: Christiano Cassettari 
Aula: 21| Data: 08/05/2018 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
1. Prescrição e Decadência 
 
1. Prescrição e Decadência 
Finalização da Parte Geral 
 
I. Prescrição X Decadência 
a) Conceito 
 
 Prescrição 
 
 Ainda ouvimos como conceito que prescrição é a perda do direito de ação. 
 A prescrição não pode excluir um direito que é constitucionalmente garantido, não pode excluir o direito a 
prestação jurisdicional. 
A prescrição não é a perda do direito de ação, pois ainda é possível entrar com a ação judicial, pedir a 
citação do réu, o juiz proferir a sentença e o trânsito em julgado, também. 
 
 Artigo 189, CC 
 A prescrição, no Código Civil, é dividida em disposições gerais, a parte de causas que impedem, 
suspendem e interrompem a prescrição, e, por fim, os prazos prescricionais. 
 
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se 
extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. 
 
 
 A prescrição extingue a pretensão. 
 
 Pretensão é a possibilidade de se exigir o cumprimento de uma obrigação, que pode ser de dar, fazer ou 
não fazer. 
 
 A prescrição extingue a possibilidade de exigir o cumprimento de uma obrigação. A prescrição está 
intimamente ligada ao direito obrigacional. 
 
 Decadência 
 
 A decadência extingue o direito potestativo. 
 
Direito potestativo é o direito incontroverso, aquele que não admite discussão. 
 
 O professor Miguel Reale, em seu livro, diz que o empregador tem direito potestativo de dispensar o 
empregado, que não terá o que dizer, nem o que alegar. 
Na hora em que o titular do direito potestativo deseja exercer o seu direito, a outra parte não tem o que 
fazer, não tem defesa. 
 
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A decadência está atrelada ao direito potestativo. 
 
b) Prazo 
 Prescrição 
 
 O prazo prescricional se inicia da violação do direito. 
 
A violação do direito obrigacional é o inadimplemento. A fluência do prazo prescricional se dá com o 
inadimplemento. A partir do descumprimento da obrigação, inicia-se a contagem do prazo prescricional. 
 
 Se a obrigação tem vencimento, é fácil identificar o início do prazo de inadimplemento, que se inicia no dia 
seguinte de forma automática. 
Mas nem toda a obrigação tem vencimento, e nem sempre é fácil identificar o início do prazo 
prescricional. 
 Por isso, o STJ autoriza a aplicação do Princípio da “Actio Nata” na prescrição. A aplicação desse princípio 
vai permitir modificar o início da fluência do prazo prescricional. 
 A contagem do prazo prescricional começa da ciência, e não da exigibilidade, do direito subjetivo. 
 O prazo começa a fluir com a ciência do fato, e não com a exigibilidade do direito subjetivo. 
 
 Exemplos de súmulas que aplicam o princípio da actio nata 
 
 Súmula 278, STJ 
O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a 
data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade 
laboral. 
 
O prazo não se inicia da data do acidente, mas da ciência da incapacidade. Com o acidente ainda não será 
possível dizer se a pessoa está apta para o trabalho. São necessários exames mais detalhados, tratamento e um 
tempo para saber como o organismo irá responder. O diagnóstico médico da incapacidade só será no futuro. 
 
 Súmula 573, STJ 
Nas ações de indenização decorrente de seguro DPVAT, a ciência 
inequívoca do caráter permanente da invalidez, para fins de 
contagem do prazo prescricional, depende de laudo médico, exceto 
nos casos de invalidez permanente notória ou naqueles em que o 
conhecimento anterior resulte comprovado na fase de instrução. 
 
A questão da invalidez permanente depende da ciência inequívoca, salvo nos casos em que o evento 
danoso seja público e notório da ocorrência de uma invalidez permanente (exemplo: o acidente provoca a 
amputação dos membros inferiores – a invalidez é pública). 
 
 Prazos Prescricionais e Decadenciais 
 
Para fazer a distinção entre os prazos prescricionais e decadenciais, não é possível partir do conceito de perda 
pretensão ou de violação do direito potestativo. 
Existe o critério dentro do Código Civil para fazer essa distinção. 
 
 
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O artigo 189, CC, traz o ponto de partida. Cria-se o critério de distinção pelos dispostos nos artigos 205 e 206, 
do CC. 
 
Ou seja, só existem dois artigos no Código Civil inteiro que trazem prazo prescricional, não tem outro artigo 
que indique prazo prescricional. 
Portanto, os demais prazos serão decadenciais. 
 
Artigo 205, CC – Prazo geral de prescrição. 
 
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja 
fixado prazo menor. 
 
 A prescrição irá se consumar em 10 anos, salvo prescrição menor prevista em lei. 
 
Artigo 206, CC – Prazo especial de prescrição. 
 
Em situações específicas e pontuais, a lei irá dar o prazo. 
É um artigo dificílimo para decorar, pois as hipóteses são muitas e complicadas. 
Mas os prazos são possíveis, pois estão nos parágrafos, e o legislador fez uma correspondência entre o 
número do parágrafo e o tempo do prazo. 
 
§1º - prazo de 1 ano 
§2º - prazo de 2 anos 
§3º - prazo de 3 anos 
§4º - prazo de 4 anos 
§5º - prazo de 5 anos 
 
Só existe prazo prescricional nos artigos 205 e 206, do CC. Isso significa que, só existem prazos 
prescricionais em anos. 
Portanto, se na prova cair prazo em dias, semanas ou meses – é prazo decadencial. 
 
 O prazo em anos pode ser tanto de prescrição quanto de decadência. 
 
 Sabemos que a previsão do prazo especial de prescrição para o geral, pulam-se alguns anos. Assim, os 
prazos de 6, 7, 8 e 9 anos são prazos decadenciais. E, se prazo de 11 anos ou mais, também serão prazos 
decadenciais. 
 
O único intervalo que merece atenção será o da zona híbrida. Os prazos de 1, 2, 3, 4, 5 ou 10 anos podem 
ser tanto de prescrição quanto de decadência. 
 
Assim, é correto afirmar que o prazo de prescrição sempre será de 1, 2, 3, 4, 5 ou 10 anos. Já o inverso, 
que os prazos de 1, 2, 3, 4, 5 ou 10 anos são sempre de prescrição, é falso, pois podem ser também, prazos 
decadenciais. 
 
A Zona Híbrida pode ser solucionada pela aplicação do critério criado por Agnelo Amorim Filho. 
Este professor criou o critério para distinguir a prescrição da decadência. Na internet é possível encontrar 
o artigo escrito, publicado pela editora RT, em PDF de forma gratuita. 
 
 
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A proposta do autor era fazer essa distinção por meio das ações judiciais que estão atreladas a defesa dos 
direitos passíveis de prescrição e decadência. 
 Para isso, é preciso ligar qual a natureza jurídica da ação judicial ao prazo que está atrelada. 
 
 Se o prazo estiver atrelado a uma ação de natureza condenatória, o prazo será prescricional. 
 A Ação condenatória está sujeita à prescrição, pois a prescrição extingue a possibilidade de exigir o 
cumprimento de uma obrigação. A natureza jurídica da ação para se exigir o cumprimento da obrigação uma ação 
condenatória. 
 
Se o prazo estiver atrelado a uma ação constitutiva ou desconstitutiva, o prazo será decadencial. 
 
Observação: Se a ação for meramente declaratória, ela será imprescritível (não tem prazo). 
Meramente declaratória significa um ação declaratória pura. Grande parte dessas ações pode ser 
cumulada com outros pedidos, declaratória mista. Sendo pura, é imprescritível (exemplo: ação declaratória de 
nulidade – é imprescritível, não esta sujeita a prazo). 
 
Exemplos: 
 Anular negócio jurídico por erro, dolo, coação, lesão ou estado de perigo, fraude contra credores – prazo 
de 4 anos – zona híbrida – natureza jurídica de ação anulatória – é uma ação desconstitutiva,o juiz 
desconstituí o negócio jurídico – o prazo de 4 anos para anular por vício um negócio jurídico é prazo 
decadencial; 
 O prazo para anular qualquer ato no CC é decadencial, por exemplo, o testamento, uma compra e venda, 
uma doação, estão sujeitos ao prazo decadencial; 
 Prazo para ingressar com Ação indenizatório – 3 anos – zona híbrida – o juiz condena a parte a indenizar a 
outra – natureza condenatória – o prazo é prescricional, previsto no artigo 206, §3º, CC; 
 Prazo para ação de cobrança de honorários advocatícios - 5 anos – zona híbrida – o juiz condena a parte a 
pagar – natureza condenatória – é prazo prescricional, previsto no artigo 206, §5º, CC. 
 
II. Tabela Resumo 
 
Prescrição Decadência 
Extingue a pretensão Extingue direito potestativo 
Possibilidade de exigir cumprimento de obrigação de 
dar, fazer, não fazer 
Extingue o direito incontroverso 
Prazo 
Artigo 205 – Prazo Geral de Prescrição 
10 anos 
Em dias, em semanas, em meses e em anos 
Artigo 206 – Prazo Especial de Prescrição 
1, 2, 3, 4 e 5 anos 
Os prazos de 6, 7, 8 anos 
11 anos ou mais 
Prazos de 1, 2, 3, 4, 5 ou 10 anos 
Ação Condenatória Ação Constitutiva ou Desconstitutiva

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