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Analista Judiciário TRT/TST CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional Disciplina: Direito Civil Professor: Christiano Cassettari Aula: 22| Data: 08/05/2018 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO 1. Prescrição e Decadência 1. Prescrição e Decadência I. Comentários aos artigos do Código Civil As provas de analista cobram duas situações: o texto literal da lei ou a interpretação do artigo. Daí a importância de fazer uma leitura com qualidade. Artigo 189, CC – já analisado; Artigo 190, CC; Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão. A exceção é a matéria de defesa, matéria que a pessoa pode alegar em sua defesa. O prazo que a pessoa tem para usar essa defesa é o mesmo prazo que a outra parte tem para atacá-la. Exemplo: exceptio non adimpleti contractus – exceção do contrato não cumprido – artigo 476, CC Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. Ou seja, a parte não é obrigada a cumprir com sua obrigação se a outra parte não cumpriu com a dela. Está autorizado a descumprir se acontecer o inadimplemento da outra parte primeiro. Quando a outra parte exige – “Quero que cumpra” – poderá se defender dizendo – “Eu não cumpri com a minha obrigação, porque você não cumpriu com a sua”. O prazo que tem para cobrar honorários (5 anos) é o mesmo que tem para dizer que não pagou porque a parte não cumpriu com a prestação do serviço (5 anos). Artigo 191, CC: Renúncia da prescrição; Quem pode renunciar a algo? A pessoa favorecida; só pode renunciar a pessoa favorecia a algo. A renúncia da prescrição é ato exclusivo que favorece o devedor, pois graças a ela não poderá mais ser exigido a pagar. A prescrição prejudica o credor. A renúncia da prescrição é ato do devedor, e fará com que o prazo prescricional seja contado novamente. Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. Duas formas de renúncia: Expressa: “eu renuncio a prescrição”; Tácita: em destaque no final do artigo. Página 2 de 3 Dá-se quando o devedor pratica um ato incompatível com a prescrição. Esse ato incompatível com a prescrição seria, por exemplo, pedir o parcelamento da dívida prescrita, pedir desconto no pagamento da dívida prescrita, pedir prorrogação de vencimento de dívida prescrita. A renúncia tácita é a que mais ocorre na prática, pois a pessoa renuncia sem saber. Com o ato praticado, o prazo prescricional volta a correr. A renúncia só valerá sem prejuízo de terceiro, ou seja, a renúncia não pode trazer alguém que já havia “saído do jogo”. A renúncia só pode ocorrer depois que a prescrição se consumar. Não existe renúncia prévia a prescrição. Artigo 192, CC; Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. O prazo é imutável, improrrogável. Artigo 193, CC Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. Pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição (1ª instância, 2ª instância). Atenção: quem alega a prescrição em segunda instância, a tese é acolhida e a parte é condenada a pagar todas as despesas do processo, pois não pode ser usada de má-fé. Pelo texto literal da lei, não se poderia alegar prescrição no STJ, pois o STJ não é grau de jurisdição, mas sim uma instância especial. O próprio STJ admite a alegação de prescrição, mas, para isso, deve fazê-lo em RESP. E para que o Recurso Especial seja admitido, segundo a Constituição Federal, deve ter prequestionamento. Portanto, para tentar alegar a prescrição no STJ, a matéria deve estar prequestionada. Artigo 194, CC; Foi Revogado pela Lei 11.280/2006. Essa lei tentou desmoronar o sistema de prescrição e decadência criado no ordenamento. Esse artigo dizia o seguinte: “O Juiz não pode declarar de ofício a prescrição, salvo para favorecer incapaz.”. Na origem seria perfeito, pois está atrelada ao direito obrigacional. O juiz poderia declarar, pois acreditava que isso iria reduzir o número de processos no Poder Judiciário, o que não ocorreu. O NCPC diz que o juiz só pode se manifestar depois que todos foram ouvidos nos autos. Prescrição é matéria de ordem privada, pois está atrelada ao direito obrigacional. É matéria de ordem privada, presente no Código Civil. Mas pode ser alegada de oficio, e por isso alguns começaram a dizer que é matéria de ordem pública, deturpando o instituto por uma de suas características, sem considerar a origem do instituto. Portanto, para fins de concurso público, a prescrição é matéria de ordem pública, II. Causas Impeditivas, Suspensivas e Modificativas As causas que impedem e suspendem a prescrição estão nos artigos 197 a 200, do CC. A causa que impedir, não começa a contar o prazo de prescrição. Página 3 de 3 A suspensão começa a contagem, é suspensa, e na retomada volta a contar de onde parou. As causas que interrompem a prescrição estão previstas no Artigo 202, CC. Nesse caso, conta-se o prazo ocorre a interrupção e na retomada começa a contar o prazo novamente. A prescrição só pode ser interrompida uma única vez, segundo o artigo 202, CC. Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: (...) É importante ler os artigos para saber as hipóteses das causas impeditivas, modificativas. As questões de casos nas provas podem envolver as causas clássicas: Artigo 197, I e II, e o artigo 198, I, do CC; Art. 197. Não corre a prescrição: I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; Nesse caso, podemos entender que pode ser ora causa impeditiva ora causa suspensiva. Exemplo: se o marido empresta dinheiro para a mulher e não paga, a prescrição não começa – causa impeditiva. Ou, se o namorado empresta dinheiro para a namorada, ela não paga, começa a fluir o prazo prescricional. Quando se casam – suspende o prazo. II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; O poder familiar é dos pais, e geralmente vai até a maioridade. Pode terminar antes, com a emancipação ou uma ação de destituição familiar. Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3º; Não corre prescrição contra os absolutamente incapazes. Corre prescrição contra o relativamente incapaz. O Estatuto da Pessoa com Deficiência mudou a regra, e só temos um caso de incapacidade absoluta: o menor de 16 anos. Só não corre prescrição contra o menor de 16 anos. Contra a pessoa com deficiência irá correr prescrição, pois ela é capaz. Exemplo – alimentos: a ação de alimentos é imprescritível, mas a fixação da pensão irá vencer mês a mês. A pensão alimentícia fixada judicialmente, do vencimento de cada mês, a mensalidade está sujeita a um prazo prescricional de 2 anos (artigo 206, §2º, CC). A pessoa quer cobrar do devedor que foi condenado e nunca pagou, mas o alimentado é incapaz. Se o réu é o pai, aplica-se o prazo prescricional do artigo 197, II, do CC, ou seja, não corre prazo até os 18, pois há poder familiar entre pai e filho. Se o devedor dos alimentos forem os avós, aplica-se o artigo 198, I, do CC, pois os avós não tem poder familiar. Nesse caso, o prazo de dois anos começa a correr aos 16 anos. Isso só vale se a pessoa já foi condenada judicialmente e nunca pagou os alimentos fixados em sentença. Indicação de Livro: Elementos de Direito Civil – Christiano Cassettari, Ed. Saraiva.
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