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PSICOLOGIA ESCOLAR 2º Bimestre Profa. Katie Graciano O Psicodiagnóstico na escola, instrumentos utilizados e a proposta de intervenção Profa. Katie Graciano Análise crítica acerca dos instrumentos de intervenção No modelo clínico tradicional o objeto de análise é a criança, nesse sentido busca-se compreender o que ela tem, o problema está na criança, nas suas relações familiares, no seu mundo interno. Em concordância com esse paradigma, para a avaliação da queixa escolar, algumas ações são realizadas, tais como: entrevista com os pais, anamnese, sessões lúdicas com a criança, aplicação de testes, diagnóstico, prognóstico, entrevista devolutiva com os pais, encaminhamento para tratamento. Profa. Katie Graciano Pensar o processo de avaliação da queixa escolar em harmonia com o modelo preventivo requer uma mudança paradigmática. Observem que ao alterarmos nosso paradigma alteramos nosso olhar e consequentemente as nossas ações. Assim, se no modelo preventivo o objeto de análise passa a ser o contexto das relações que produzem o fenômeno (não aprender) O objetivo do nosso trabalho será intervir no processo de produção da queixa escolar para rompê-lo. Intervenção do Psicólogo pautada pela perspectiva crítica como interlocutor qualificado, levantando diferentes versões sobre as questões escolares com pais, educadores e alunos, discutindo com tais protagonistas as possibilidades de intervenção Profa. Katie Graciano Análise crítica acerca dos instrumentos de intervenção A Queixa: (comum aos encaminhamentos feitos por 22 escolas) EXEMPLO: Criança Paulo – 9 anos – 3 anos no ciclo básico é distraído / recusa-se a fazer lições/ é agressivo com os colegas/ briga no recreio O que produz essa queixa? O que foi feito até então? O que a criança tem que produz tais atitudes? Como é Paulo? O que o leva a agir dessa maneira? Pressupostos Não é possível estabelecer uma relação direta de causa e efeito ampliação do olhar e das estratégias de investigação há uma rede de relações Profa. Katie Graciano Análise crítica acerca dos instrumentos de intervenção Procedimentos Adotados “avaliação psicológica na escola: mudanças necessárias” - propõe os seguintes passos para a avaliação das crianças encaminhadas pela escola: Pesquisar os bastidores dos encaminhamentos, as versões de vários profissionais e conhecer sobre a trajetória escolar das crianças encaminhadas. Encontro individual com a criança encaminhada e conversa com os pais Encontro em grupo com as crianças conversas com os professores para discussão dos acontecimento em sala de aula Apresentar relatório final aos interessados. Profa. Katie Graciano Análise crítica acerca dos instrumentos de intervenção Pesquisar os bastidores dos encaminhamentos, as versões de vários profissionais e conhecer sobre a trajetória escolar das crianças encaminhadas. Primeiro Momento Professores encaminham as crianças e suas respectivas queixas: 5 crianças de classe especial Divergência na percepção dos professores Alívio nos encaminhamentos Dificuldade da escola de lidar com a diversidade Falta de ação coletiva da escola para a análise e ação junto à diversidade Sala especial é um depósito e professor que não é ouvido O FOCO PASSA A SER O PRECONCEITO E NÃO A CRIANÇA Profa. Katie Graciano Análise crítica acerca dos instrumentos de intervenção Encontro individual com a criança encaminhada e conversa com os pais Segundo Momento Apresentação do trabalho à criança Ida à casa da criança para encontro com pais Receio dos pais de ouvirem críticas Ação limitada dos professores nas orientações de pais Desconhecimento dos pais dos procedimentos adotados com a criança ALUNOS E PAIS NÃO PARTICIPAM DO PROCESSO DE DECISÃO Profa. Katie Graciano Análise crítica acerca dos instrumentos de intervenção Encontro em grupo com as crianças conversas com os professores para discussão dos acontecimento em sala de aula Terceiro Momento Definição em conjunto das estratégias a serem utilizadas Utilização de jogos que possibilitem a análise da conduta das crianças e seus recursos Solução dos problemas a partir dos recursos e discussões com a própria criança Dificuldade nos encontros com os professores Mudança na ação a partir dos encontros e identificação da rotina de sala de aula e sentimentos do professor O TRABALHO EM GRUPO POTENCIALIZA A AÇÃO EM CONJUNTO E DEFINIÇÃO DE REGRAS DO GRUPO Profa. Katie Graciano Análise crítica acerca dos instrumentos de intervenção Apresentar relatório final aos interessados. QUARTO MOMENTO Relatório com os envolvidos crianças, pais e professores PROPOSTA: discutir as relações dos pais e professores rever a organização da montagem das salas encontros com professores para discussão da organização das salas e demais temas como: atribuição de salas para cada professor, dificuldade de recursos para trabalhar, número de alunos por sala, possibilitar a formação continuada do professor etc Profa. Katie Graciano Análise crítica acerca dos instrumentos de intervenção Para uma crítica da Razão Psicométrica - Maria Helena Souza Patto Profa. Katie Graciano primeira parte a autora “adota” como “alvo” todo um sistema preconceituoso que em sua concepção trata de maneira completamente diferente as crianças das classes mais pobres, tratados por esse sistema como portadores de algum tipo de deficiência e, portanto, suscetíveis a laudos e rótulos em oposto ao tratamento com as crianças das classes mais abastadas, onde essas são submetidas a investigações mais criteriosas antes de receberem um laudo As críticas da autora perpassam sobre a formação dos professores e psicólogos, suas práticas que contribuem para a manutenção desse sistema estigmatizante e se estendem para a incompetência da instituição escola, que para a autora é incompetente para lidar com esse tipo de demanda Para uma crítica da Razão Psicométrica - Maria Helena Souza Patto Profa. Katie Graciano A segunda parte do texto é onde a autora foca sua crítica no processo de testagem e principalmente no teste psicológico em si, também pauta novamente sobre a formação tecnicista dos psicólogos. A terceira parte, ainda tem como ponto principal a crítica à aplicação de testes psicométricos para fins de laudo como justificativa do fracasso escolar, assim como em todo o texto a autora direciona novamente suas setas aos profissionais da psicologia, desta vez com destaque na falta de diálogos com embasamento dos profissionais pró e contra a testagens. Na quarta parte do texto, a autora nos elucida que, em sua visão, a psicologia poderia ser “revista” à luz da sociologia, de modo que se entenda a gênese da testagem e seu contexto histórico Para uma crítica da Razão Psicométrica - Maria Helena Souza Patto Profa. Katie Graciano Na quinta parte do escrito de Patto, a autora retoma suas duras críticas, dirigidas agora ao estado, e seus interesses entrelinhados que deixam lacunas em branco no que é mostrado à sociedade, numa forma de ludibriar esta, alienando-a visando seus próprios interesses. Na sexta e última parte de seu discurso a autora volta a dialogar com os profissionais da psicologia, primeiramente, reavivando a crítica a esses, mas os incitando a ter como norte a humanização dos homens e a ter um olhar mais crítico aos processos de desumanização e coisificação da sociedade. Atuação Diante da Queixa Escolar na clinica e na instituição Profa. Katie Graciano A atuação do psicólogocomo expressão do pensamento crítico em psicologia e educação Dados obtidos por pesquisas realizadas sobre o processo de escolarização no Brasil revelam ausência de escola para todos, evasão ou permanência sem nada aprender (expulsão/exclusão), índices altos de analfabetismo, mostrando que a impossibilidade de constituição da condição humana pela via da educação formal é ainda uma realidade em nosso País. No século XIX a burguesia traduz as reivindicações das massas em termos assimiláveis pela ordem social existente com o auxílio das ciências. Esse é o caminho mais eficaz para permitir uma participação política, sem que tais reivindicações se tornem ameaças incontroláveis. tendo surgido nesse período a Psicologia mantém-se até o momento presente, hegemonicamente, reproduzindo essa condição, conforme o quadro a seguir permite visualizar Profa. Katie Graciano embora por caminhos teórico-práticos diferentes, a Psicologia em suas relações com a Educação tem sido conduzida por finalidades semelhantes. Referenda o status quo da Educação e da própria Psicologia como ciência, por meio da ênfase em aspectos particulares dos indivíduos, das famílias ou do meio sociocultural que caracterizam a maioria de suas explicações. Profa. Katie Graciano A atuação do psicólogo como expressão do pensamento crítico em psicologia e educação A visão tradicional e hegemônica da Psicologia na Educação acima apresentada, passou a ser sistematicamente denunciada no Brasil, a partir da década de oitenta, momento no qual consolida-se uma postura crítica em relação à identidade e à função social do psicólogo escolar. A década de 1990 assinala um período privilegiado desse movimento, marcado pela tentativa de descrever, explicitar, construir/ propor respostas que traduzem em ações as tendências apontadas na década anterior Na atualidade, verificamos que apesar de persistirem as tendências já assinaladas, têm ocorrido várias tentativas de retorno às concepções tradicionais Profa. Katie Graciano A atuação do psicólogo como expressão do pensamento crítico em psicologia e educação Em relação às possibilidades de compreensão do fracasso escolar as autoras criticam a visão tradicional. Acreditam que tal perspectiva demonstra um descompromisso da Psicologia com as questões políticas, econômicas e sociais. A visão tradicional centra no indivíduo, em sua família ou no seu meio sociocultural as causas do não aprender. Assim, buscam em Marx, Leontiev, Giroux e Vigotski, entre outros autores, o referencial teórico crítico para pensar o papel da escola na constituição do indivíduo e da sociedade. Á partir de uma perspectiva crítica, as autoras consideram o jogo de forças e interesses políticos presentes em uma determinada sociedade como aspectos significativos para se compreender o processo de produção do fracasso escolar. Tal processo é pensado como sendo multideterminado, ou seja, sofre a ação das forças sociais, políticas, econômicas e culturais presentes num determinado grupo social, é, portanto, produzido, constituído no tecido de relações que envolvem os sujeitos. Profa. Katie Graciano A atuação do psicólogo como expressão do pensamento crítico em psicologia e educação Tendo em conta o referencial teórico crítico, as autoras apresentam possibilidades de ação para o psicólogo escolar junto á demanda de queixa escolar e também em relação à sua atuação em instituições de ensino. O melhor lugar para um psicólogo escolar é o lugar possível, dentro ou fora da instituição, desde que ele se coloque dentro da educação e assuma um compromisso teórico e prático com as questões da escola, já que independentemente do espaço profissional que possa estar ocupando, ela deve se constituir no foco principal de sua reflexão, ou seja, é do trabalho que se desenvolve em seu interior que emergem as grandes questões para as quais deve buscar tanto os recursos explicativos quanto os recursos metodológicos que possam orientar sua ação. (Meira,2000,p.36) Seguem as principais ideias do texto em relação ao trabalho do psicólogo escolar, seu papel, objeto de estudo, modo de compreender a demanda escolar e possibilidades de ação. Profa. Katie Graciano A atuação do psicólogo como expressão do pensamento crítico em psicologia e educação Ação junto á demanda de queixa escolar Papel do Psicólogo Escolar Seu papel deve ser o de mediador no processo de elaboração das condições para que a queixa possa vir a se superada. Tal processo deve ser realizado junto com todos os segmentos envolvidos: família, escola, criança. Objeto de Estudo O objeto de estudo é o modo como o comportamento de uma criança (alvo da queixa) é influenciado pela educação em geral e pela educação oferecida na escola, ou seja, é o processo de produção da queixa e seus efeitos nos indivíduos envolvidos nesse processo. Ação do Psicólogo Escolar Deve estar voltada para a descrição e análise da relação entre o processo de produção da queixa escolar e os processos de subjetivação/objetivação dos indivíduos nele envolvidos, como uma condição necessária á superação das histórias de fracasso escolar. (p.29) Compreensão da Queixa A queixa é apenas a aparência, é preciso olhar o entorno, o que a envolve e a possibilita. A queixa deve ser compreendida como sendo constituída por múltiplas determinações. Devemos buscar com todos os envolvidos as ações, os acontecimentos, as concepções que produziram e motivaram o encaminhamento de tal criança. Intervenção Desenvolver ações voltadas aos vários segmentos envolvidos no processo (professores, alunos, familiares) no sentido de tornar pensável o processo de produção da queixa e consequentemente as estratégias necessárias para que a mesma possa ser superada. Profa. Katie Graciano Papel do Psicólogo Escolar Auxiliar a escola a remover os obstáculos que se interpõem entre os sujeitos e o conhecimento e a formar cidadãos por meio da construção de práticas educativas que favoreçam os processos de humanização e reapropriação da capacidade de pensamento crítico. (p.43) Objeto de estudo É o encontro entre os sujeitos e a educação. Ações do Psicólogo Escolar Refletir sobre os diferentes aspectos que compõem o cotidiano escolar. Analisar criticamente essa realidade concebendo-a como construção social e, portanto, possível de transformação pela ação humana. Planejar ações que contribuam para as transformações necessárias. Implantar projetos que traduzam o compromisso ético, político e profissional com a construção dos processos educacionais. Etapas do Processo de Intervenção Avaliação da realidade escolar; discussão com os vários segmentos envolvidos; elaboração e execução do plano de intervenção. Profa. Katie Graciano Atuação em instituições de ensino Veja alguns exemplos de dados que são interessantes de se obter nesse processo de avaliação e onde buscá-los. Na organização da escola Verificar por exemplo quantas classes, turmas, funcionários, existem e se isso é adequado para a demanda. Há reuniões com professores, com a comunidade escolar, quais atividades a escola oferece? Recursos físicos Quais são esses recursos? São adequados ás necessidades da comunidade? Corpo docente Qual a formação dos professores, a experiência profissional, as condições de trabalho? Proposta pedagógica A proposta pedagógica é algo concreto, acontece na realidade ou é apenas algo que está escrito no plano escolar? Ela é compartilhada por todos? Como é o sistema de progressão? Equipe que dirige a escola Como foi formada? Qual a experiência desses profissionais? Organização dos segmentos que compõe a escola Há Grêmio Estudantil, Associação de Pais, etc. Como funcionam essessegmentos? Quais as condições socioeconômicas da clientela. Como foi formado esse bairro? Qual a história dessa escola? Como os diferentes segmentos compreendem seus problemas? Quais as expectativas em relação ao trabalho do psicólogo escolar? Qual as possibilidades e limites para a implantação de projetos? Quais os parceiros em potencial? Profa. Katie Graciano Processo de avaliação da realidade escolar O relatório de avaliação Sintetiza os principais procedimentos utilizados, contém uma apresentação geral dos dados, indica de forma clara as questões que devem ser trabalhadas e como isso pode ser feito. Deve ser apresentado aos vários segmentos envolvidos para discussão, reflexão sobre o que foi compreendido e o que está sendo proposto enquanto estratégia de trabalho. Plano de intervenção Responde ao que foi percebido na avaliação, é composto por um conjunto de estratégias de ação, deve ser implementado pelos vários autores do processo, contém ações que poderão ser realizadas a curto, médio e longo prazo. Veja alguns dos itens que compõe o plano de intervenção: Objetivo Geral. Objetivo Específico, Estratégias, Condições objetivas para a realização das intervenções: recursos físicos, humanos, horários, etc. Em linhas gerais a ação do psicólogo escolar deve contribuir para: gestão democrática da escola; resgate da autonomia dos sujeitos; formação de vínculos; ampliação da participação popular; planejamento condizente com o desenvolvimento, o interesse e as necessidades dos alunos; identificação e remoção dos obstáculos que possam impedir os alunos de construir conhecimento. Cabe lembrar que no processo de intervenção devemos considerar a especificidade de cada caso. Profa. Katie Graciano O Relatório de Avaliação e O Plano de Intervenção O Atendimento Psicológico a Queixa Escolar Profa. Katie Graciano Orientação a queixa escolar O Serviço de Orientação em Queixa Escolar, composto por: psicólogos com especial interesse e experiência na área e coordenado por membros do Serviço de Psicologia Escolar. criado no instituto de Psicologia da USP é dirigido pela Beatriz de Souza As pesquisas e trabalhos desenvolvidos por esse Serviço partem da crítica aos modelos tradicionais de atendimento psicológico às queixas escolares. Profa. Katie Graciano Princípios Básicos Sabemos que as dificuldades enfrentadas pelas crianças na escola são fenômenos produzidos por uma rede de relações que inclui a escola, a família e a própria criança, em um contexto socioeconômico que engendra uma política educacional específica Neste sentido, fez-se necessário desenvolver um modelo de atendimento focal e breve Partimos da ideia de que o atendimento deve priorizar o trabalho com as questões relacionadas aos problemas escolares, assinalando e encaminhando os casos em que a problemática é mais diversificada e complexa. Profa. Katie Graciano Orientação a queixa escolar Não havendo um procedimento-padrão para o atendimento de todos os casos, o psicólogo deve estruturar o seu trabalho tendo como parâmetros os seguintes objetivos: • escutar as versões apresentadas pelos diversos personagens envolvidos no problema; • proporcionar a circulação dessas informações entre esses personagens; • facilitar a utilização, por pais, professores e alunos, de dados e informações para reapresentar e refletir sobre suas questões • e permitir que as questões envolvidas nas dificuldades enfrentadas no processo escolar de uma determinada criança possam ser expressas, problematizadas, simbolizadas e elaboradas; Profa. Katie Graciano Orientação a queixa escolar propiciar para a criança oportunidade para expressar, formular e se apropriar de suas questões, falando e conversando abertamente sobre os problemas que enfrenta, sobre suas angústias e defesas; apresentar aos pais, criança e escola, ideias sobre a problemática apresentada, recortes insuspeitos, orientação para a vida cotidiana. potencializar à Escola a assunção de seu papel, o uso de seus recursos para lidar com a criança e o conhecimento do que a problemática apresentada revela do funcionamento escolar e do que deve ser mudado para o benefício da qualidade de ensino. Profa. Katie Graciano Orientação a queixa escolar Estrutura Do Trabalho Após a inscrição no Serviço de Orientação em Queixa Escolar, o processo de atendimento inicia-se: 1. Triagem (conversa com as famílias, geralmente em pequenos grupos, para a exposição da queixa; falam da rotina, sem muitos detalhes da vida particular). Desse momento em diante, diferentes caminhos podem ser tomados: a) há casos que se encerram nesse momento inicial, pois os pais mudam sua visão da situação, sentem-se orientados ou percebem que a situação não é tão grave quanto imaginavam b) Procede-se ao encaminhamento para outros processos/serviços que não a Orientação em Queixa Escolar: fonoaudiologia, aulas particulares, psicoterapia e outros. c) Recorre-se à Orientação em Queixa Escolar Profa. Katie Graciano Orientação a queixa escolar 2. Encontros com a criança conversamos claramente sobre o que está acontecendo, procuramos conhecer a sua versão sobre o motivo de estar ali e oportunizar o afloramento de seu olhar à situação que está vivendo, alguns procedimentos são correntes: análise e discussão, juntamente com a criança, de seu material escolar; elaboração de uma retrospectiva de seu percurso escolar Nestes encontros, frequentemente utilizamos material lúdico e gráfico, que facilita a comunicação e permite o reconhecimento de habilidades diversas, como memória, concentração, coordenação motora e cognição. Realiza-se de 2 a 4 encontros, fora a entrevista devolutiva Profa. Katie Graciano Orientação a queixa escolar 3. Contato com a escola Nossa abordagem sempre leva em conta a natureza escolar da queixa, ao invés de deixá-la de lado e partir para explorar conflitos intrapsíquicos e familiares, como ocorre nas abordagens psicológicas tradicionais. O contato com professores, coordenador pedagógico e/ou diretor para conhecermos suas versões a respeito da história pessoal e escolar daquele aluno, das dificuldades enfrentadas, das tentativas realizadas pelo professor para lidar com as questões observadas, além da dinâmica institucional da escola Procuramos nesta conversa não só colher dados, mas trabalhar junto à escola a ideia de que o problema enfrentado pela criança é também um problema da instituição Colocamo-nos como parceiros nesta busca, portadores de mais uma das versões existentes sobre a situação. Em geral este processo acontece em dois ou três contatos. Profa. Katie Graciano Orientação a queixa escolar 4. Novos contatos com pais/responsáveis Com a finalidade de aprofundar e ampliar o que se fez na triagem. 5. Contato com outros profissionais Contatamos médicos, fonoaudiólogos, psicopedagogos ou outros profissionais que estiveram ou estão envolvidos no caso. 6. Entrevista devolutiva Fazemos uma entrevista devolutiva, se possível, com todos os personagens envolvidos (juntos ou em separado, conforme o caso) , retomando as principais questões trabalhadas, assinalando o que foi possível pensar e vivenciar. Refletimos juntos sobre desdobramentos, encaminhamentos e orientações. 7. Acompanhamento Procuramos acompanhar a evolução do caso, solicitando que nos sejam dados retornos e colocamos nossa disponibilidade em retomar o atendimento se efeitos benéficos não se produzirem. Profa. Katie Graciano Orientação a queixa escolar Os resultados do trabalho apontam para uma agilização do atendimento que, buscando ser objetivo e focal Sugestões como mudar de classe,mudar de lugar na sala de aula, assumir novos papéis na relação com os colegas e professores, passar a fazer atividades extraescolares, físicas ou expressivas etc Na terapia tradicional espera-se que mudanças intrapsíquicas - demoradas e às vezes limitadas - possam produzir modificações no desempenho escolar da criança. defrontarmo-nos com o índice de 34% dos atendimentos encerrados com encaminhamento para psicoterapia deixou-nos bastante decepcionados. Analisando, no entanto, nossos encaminhamentos para psicoterapia, percebemos que estávamos diante de um grave reflexo das deficiências do sistema público de atendimento em saúde mental Profa. Katie Graciano Orientação a queixa escolar Atuação Diante da Dificuldsades de Aquisição da lingua escrita Profa. Katie Graciano Atuação diante da dificuldade de aquisição da língua escrita Língua escrita Código social = escrita alfabética que utiliza unidades sonoras menores que a sílaba "Ler é transpor o universo e mergulhar na fantasia através da descoberta significativa da arte de escrever. É a leitura que nos dará explicações, abrirá caminhos ou seja, subsídios para entender a complexidade do meio em que vivemos." Profa. Katie Graciano O que é um Distúrbio de Linguagem Escrita? Dificuldade na aquisição e/ou no desenvolvimento Podem se apresentar em diferentes formas Específica (dislexias) e geral(distúrbios de leitura e escrita) Principais dificuldades nos processos gerais de linguagem: Habilidades verbais e semânticas deficientes Falhas no processamento auditivo e na consciência fonológica Conhecimento limitado do vocabulário Habilidades de processamento inferencial e integrativo pouco desenvolvidas Profa. Katie Graciano Atuação diante da dificuldade de aquisição da língua escrita Maior motivo de encaminhamentos Suposição de que deve haver um problema psicológico associado ou causador da dificuldade SAEB – Avaliação de alunos da 4ª e 8ª do fundamental e 3º do ensino médio – 2003 5% da 4ª série estão alfabetizados 20% são totalmente analfabetos 5% apenas totalmente alfabetizados O que é SAEB? São avaliações para diagnóstico, em larga escala, desenvolvidas pelo INEP/MEC Objetivam avaliar a qualidade do ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro a partir de testes padronizados e questionários socioeconômicos Profa. Katie Graciano Atuação diante da dificuldade de aquisição da língua escrita Alunos copistas – atividades mecânica Desenham as letras Copiam com qualidade Não sabem ler o que escrevem Considerada estratégia de enfrentamento por parte da criança Ocorre a fixação e sistematização Tem papel relevante na aprendizagem Pontos negativos: A cópia é um álibi do professor-escola Prova que a matéria foi dada Finge que os alunos estão aprendendo Livra-os da condição estigmatizada de não saber nada A professora finge que os ensina e eles fingem que aprendem AS CRIANÇAS RELATAM: “EU NÃO PRECISO APRENDER A ESCREVER...PRECISO QUE ALGUEM ME ENSINE A LER!!! ” Profa. Katie Graciano Atuação diante da dificuldade de aquisição da língua escrita Psicologização das dificuldades de alfabetização A má alfabetização relatada nestes índices é produzida nas relações escolares Cuidado para não trabalhar a serviço da ocultação dos funcionamentos escolares Analfabetismo = exclusão Sem inserção no mercado de trabalho Impossibilidade de acesso as informações Potencial de produção de sofrimento psíquico Profa. Katie Graciano Atuação diante da dificuldade de aquisição da língua escrita Trabalhando com as crianças Acompanhar e oferecer ambiente acolhedor e de confiança Retomar seu próprio desenvolvimento Favorecer suas possibilidades Entender as informações que elas trazem sobre sua alfabetização Trabalhar por etapas Pequenas produções Assinatura do nome Despertar o desejo da criança Compreender como a criança adquire a noção de números, velocidade, etc. e a evolução do desenho é importante ao psicólogo que se propõe a trabalhar com crianças com queixa escolar: o desenvolvimento cognitivo Profa. Katie Graciano Atuação diante da dificuldade de aquisição da língua escrita Como intervir? Precisam de um lugar para elaborar Ajudá-las a se apropriar de seu pensamento e hipóteses(como ela pensou a escrita) Problematizar e oferecer informações Trabalhar em situações não escolares Jogos /Materiais plásticos Fornecer o que é atraente para cada um Trabalhar com o que ela gosta e se interessa O que trabalhar? Entender as noções básicas sobre a natureza da escrita e o processo cognitivo A psicogênese da língua escrita Período iconográfico Período linguístico ou fonográfico: Nível silábico Nível silábico-alfabético Nível alfabéticoProfa. Katie Graciano Atuação diante da dificuldade de aquisição da língua escrita A psicogênese da língua escrita Desenvolvida por Emília Ferrero que foi orientada por Jean Piaget Ambos compreendem a inteligência como instrumento de adaptação do ser humano ao seu meio (inclusive o social), na direção da ampliação de suas chances de sobrevivência. Autorregulação, (alteração de si e do ambiente) na busca da adaptação. O Homem na condição de Sujeito utiliza-se de sua inteligência para adequar-se às exigências de um meio e modificá-lo de acordo com as suas próprias necessidades. Nosso pensamento trabalha no sentido de desvendar a lógica desta misteriosa “sopa de letrinhas” Letras são carregadas de sentido psicológico (trabalhar com nomes familiares à criança) Segue por estágios de evolução: Dos desenhos ao sistema alfabético Profa. Katie Graciano Atuação diante da dificuldade de aquisição da língua escrita Período iconográfico ou Pré-silabico 1º momento = a criança não encontra diferenciação entre desenho e escrita presença de desenho em meio a caracteres gráficos 2º momento = claramente separados os desenhos das escritas 3º momento = Correspondência entre objeto e escrita (tamanho). Não aceita que se escreva BOI ao nome de animal tão grande se a palavra é tão curta e FORMIGA a inseto pequeno se é palavra tão extensa. Profa. Katie Graciano Atuação diante da dificuldade de aquisição da língua escrita Período linguístico ou fonográfico Segundo que lógica o som das palavras é representado pela escrita? R: Pela subdivisão das unidades em: caracteres ou letras separados por pausas sonoras A menor pausa é a silaba Constroem a hipótese de que a cada letra corresponde uma silaba ESCRITA SILÁBICA Profa. Katie Graciano Atuação diante da dificuldade de aquisição da língua escrita 1- Nível silábico A escrita representa parte sonora da fala – cada letra equivale a uma silaba – quebra das palavras em silabas Ao apropriarem-se das letras, os aprendizes tendem a utilizar as de seus nomes, carregadas de significado afetivo-simbólico. Da mesma forma, a reproduzir as letras dos nomes de pessoas próximas. Geralmente são letras conhecidas e oferecem segurança no sentido de que existem. Profa. Katie Graciano Atuação diante da dificuldade de aquisição da língua escrita Nível silábica – alfabética Necessidade de fazer uma analise que vá além da silaba Muito comum os alunos em conflito nesta fase HÁ O VISLUMBRE da lógica alfabética que consiste na percepção da possibilidade de se subdividir a fala em unidades ainda menores do que as sílabas: os fonemas. Neste nível transicional do Silábico para o posterior que é o Nível Alfabético, o aprendiz alterna as hipóteses de cada um deles na mesma produção: LAGT (lagarta), SBIA (sabiá) Profa.Katie Graciano Atuação diante da dificuldade de aquisição da língua escrita Geralmente, a clientela da OQE encontra-se neste e no nível seguinte. As falas de pais e professores referem que a criança troca ou come letras e que escreve tudo atrapalhado. Têm sido entendido como sintomas de distúrbios de aprendizagem, dislexia, déficit de atenção, problemas neurológicos. Neste Nível, a hipótese alfabética ainda não foi estabilizada. Estão a meio caminho disso e, com uma intervenção adequada, que valoriza seu pensamento, podem avançar, muitas vezes, rapidamente. Profa. Katie Graciano Atuação diante da dificuldade de aquisição da língua escrita A escola, se cristalizada a ideia de incompetência da criança, pode não fornecer tal ambiente Avançar para o próximo Nível requer que a criança possa investigar, pensar, experimentar, organizar seus conhecimentos e tornarem-se, assim, capazes de operar adequadamente com esta estrutura. Muitas vezes a vergonha e o medo de errar impedem que a criança opere e transcenda este nível. Profa. Katie Graciano Atuação diante da dificuldade de aquisição da língua escrita Nível Alfabética: Quando o aprendiz opera neste Nível de maneira estável e a base alfabética está conquistada. Ainda há muitos desafios a superar mesmo nesta fase. Os desafios que vão além de sistematização e exercícios de fixação: as letras “irregulares”: “S” como S, SS, Z; G ora como J e ora como GA,GUE, etc. C como ca e como ce ou com cedilha ço; sílabas com mais de 2 letras: tra-tor, cas-pa; acentos e suas especificidades; “arbitrariedades”: família em vez de familha; Profa. Katie Graciano Atuação diante da dificuldade de aquisição da língua escrita acentos e suas especificidades; “arbitrariedades”: família em vez de familha; a separação das palavras que de início são grafadas sem espaço; a pontuação; a quebra da frase na linha Profa. Katie Graciano Atuação diante da dificuldade de aquisição da língua escrita Dificuldades emocionais Sofrer por não ter instrumental para aprender Chorar durante os exercícios de casa Bagunçar ou se distrais diante uma aula que não consegue entender Olhar a aula com frustração e humilhação em comparação a quem aprende ou já absorveu os conceitos Entender que estão em processo de construção e progresso Profa. Katie Graciano Atuação diante da dificuldade de aquisição da língua escrita Trabalhando com os pais O que eles trazem: Suspeitam de problema de memória Estão aflitos perante as escritas estranhas Tem um olhar desqualificado para o saber do filho e sua fala é carregada de irritação O que fazemos: Transformar o olhar em potencial de aprendizagem (reconhecer o que o filho sabe e ressignificar o que estão em processo) Trabalhando com a escola Junto á escola procura-se enfatizar os saberes revelados, as possibilidades apresentadas pela criança. É importante que se possa ressignificar o olhar que o professor tem sobre o seu aluno para que o processo de ensino-aprendizagem seja posto em movimento e tenha continuidade. Profa. Katie Graciano Atuação diante da dificuldade de aquisição da língua escrita Porque os Alunos São Indisciplinados na Escola Profa. Katie Graciano Analise Institucional do problema da Indisciplina Uma Queixa excessiva: INDISCIPLINA Mas o que seria DISCIPLINA/INDISCIPLINA? Depende da exigência de cada um? É um desvio? É natural? Profa. Katie Graciano Estudo de caso Segundo a autora, a indisciplina geralmente é compreendida como sendo um sinal de distúrbio, um desvio, algo a ser tratado. Mas o que é indisciplina? O conceito de indisciplina não é o mesmo para todas as pessoas, ele varia conforme a exigência de cada um. Algo pode ser considerado indisciplina para mim e não ser indisciplina para você. Isso depende dos parâmetros que estabelecemos. Não estar em conformidade com as regras, não obedecer, desviar-se dos parâmetros estabelecidos por determinado grupo social pode ser sinal de saúde e não de doença, pode ser denúncia, pedido de socorro para sair de um conjunto de condições inadequadas para a vida psíquica, para o desenvolvimento saudável. Convêm lembrar que a transgressão e a agressividade são componentes fundamentais do desenvolvimento individual e social. Nesse sentido, trabalhar com essa questão requer primeiramente que se compreenda o que os indivíduos entendem por indisciplina. Qual a função da indisciplina naquele grupo social, naquele momento histórico? O que se pede? O que se denuncia? Essas são questões que nos permitem começar a delinear as ações necessárias para o desenvolvimento da proposta de trabalho. Apresentamos a seguir, resumidamente, a experiência relatada pela autora. Profa. Katie Graciano Estudo de caso Psicóloga – Beatriz de Paula Souza 5 classes da rede pública de São Paulo Alunos 3ª série Queixa indisciplina excessiva Tipos de queixa de indisciplina Bagunça Agressividade Transgressão Limites e indisciplina Indisciplina vista como distúrbio e desvio Escola como espaços de expressão destes e outros significados Profa. Katie Graciano Passos do trabalho realizado Reunião inicial com os professores Aprofundar a queixa, o pedido e o contrato Ouvir a versão dos alunos Expressar no papel como sentiam a classe Reunião com os professores Discutir a queixa dos alunos e levantar hipóteses Comparação com uma classe sem problemas de indisciplina – professora sem queixas Profa. Katie Graciano Algumas das produções que mais se repetiram Profa. Katie Graciano Figura 1 O Texto da Figura 2 vem aclarar o que já aparecia na ilustração anterior – Figura 1: num lugar onde só a racionalidade é admitida Brincadeira, na escola, é bagunça. Bagunça, na rua, é brincadeira. A cisão entre o estudar e o brincar sem prazer Falta de integração entre ludicidade e conteúdo Foi muito positivo o envolvimento da professora não-queixosa e de sua classe, pois ficou claro que não era coincidência o fato de ela ser a única que usava com frequência técnicas de trabalho em grupo, colagens, desenhos etc. Profa. Katie Graciano Algumas das produções que mais se repetiram Desenhos que representavam as tarefas mecânicas tarefas mecânicas dos professores repetiram-se muito os desenhos em que só apareciam nomes de objetos escolares, sem qualquer representação visível dos alunos Profa. Katie Graciano Algumas das produções que mais se repetiram Representação da lousa vazia – conteúdos sem significado para o aluno não conseguiam relacioná-los a nada de mais imediato e m suas vidas. Profa. Katie Graciano Algumas das produções que mais se repetiram O texto reproduz o discurso oficial, o permitido. No segundo quadro aparece referência a um conflito marcante em todas as classes e bem conhecido de quem lida com escolas: que ocorre entre meninos e meninas, estas últimas sendo massacradas pelos meninos. Vejamos o desabafo de uma delas na figura seguinte. Profa. Katie Graciano Algumas das produções que mais se repetiram Como no mundo extramuros escolares, observamos também os mais fortes dominando os mais fracos Esse é um exemplo claro de que não se pode pensar a escola isolada da sociedade, pois veem-se reproduzidos dentro dela mecanismos Profa. Katie Graciano Algumas das produções que mais se repetiram Os alunos tinham nome (identidade) Eram vistos e situados de forma pessoal e individual Existia interação entre os membros da sala de aula Talvez pelo fato de existirna sala trabalhos realizados em grupo com diferentes técnicas. Profa. Katie Graciano Resultado na classe comparativa Conflitos de gênero: entre meninas e meninos (machismo da sociedade) Conflito de poder: os fortes dominam os fracos Imposição das regras da sociedade: Repetentes que agridem alunos mais novos Racismo: rejeição dos negros pelos brancos e mulatos Comportamento dos professores: Dificuldade de ensinar com prazer Professora repete modelos condicionados que aprendeu na sua vida escolar Disparidade FAMÍLIA X ESCOLA Fora da escola muitas crianças COMPORTAM-SE de forma diferente da escola Fora da escola revelam-se inteligentes, descontraídas, prestativas, disciplinadas... Profa. Katie Graciano Resultados psicológicos Em algumas classes ocorreu um certo grau de tomada de consciência de alunos/professores (diminuição da indisciplina / novos métodos de ensino) Criação da semana do negro (problemas de racismo) Revisão das estratégias pedagógicas (adoção de trabalhos em grupo) Valorização das produções dos alunos Conscientização a respeito de preconceitos Profa. Katie Graciano Resultados da experiência (trabalhos realizados/intervenção) O Psicólogo e a Orientação Profissional Profa. Katie Graciano O Psicólogo e a Orientação Profissional A orientação profissional (OP) é conceituada por Bock (2001) como: [...] um conjunto de intervenções que visam à apropriação dos chamados determinantes da escolha. Estes determinantes é que levam à compreensão das decisões a serem tomadas e possibilitam a elaboração de projetos [...] (BOCK, 2001, p. 144). Bock (2001), concebendo o homem como um ser essencialmente histórico e social, que se constitui nas e pelas relações que estabelece com os outros no seu mundo circundante, mediado pelos instrumentos e signos, coloca que a OP deve ter também, a finalidade de promoção de saúde. Ou seja, o profissional deve possibilitar ao orientando a ampliar a consciência que possui sobre a realidade que o cerca e instrumentalizá-lo para uma atuação transformadora diante da realidade social. Profa. Katie Graciano Modelo tradicional – De perfis É desconsiderada a imagem anteriormente construída da profissão pelo individuo Afirma-se que a Imagem formulada é distante da realidade, ilusória e não pode ser levada em conta pata escolha da profissão São considerados os dados objetivos e testados entre o perfil psicológico e profissional Características pessoais inerentes ao individuo (aptidão/vocação) Profa. Katie Graciano A cara da profissão Internalização (conjunto de aspectos do mundo social e cultural) das experiências vividas Imagem construída a partir das vivências Modelo que traz a identificação ou afastamento com a escolha futura Profa. Katie Graciano Imagem que a pessoa tem sobre uma profissão Valorizada pela identificação Resultante ou não do contato com ela Constituídas na interiorização e singularização, diferentes para cada um Não ocorre pelo aspecto objetivo e racional Ponto de partida Acolher e entender a imagem que a pessoa traz da profissão Compreender as imagens mobilizadas Entender que o orientador não faz diagnóstico ou prognóstico como fórmula Profa. Katie Graciano Objetivo geral da OP- Orientação Profissional Não trabalhar com a ideia de vocação Não buscar fotografar os interesses e aptidões do sujeito. Buscar compreender a aproximação ou o distanciamento do sujeito em relação às profissões. Focar suas experiências diretas ou indiretas com as profissões e ocupações. VOCAÇÃO Não é exatamente um termo técnico. Os dicionários a definem como predestinação. Profa. Katie Graciano Novo programa de orientação profissional - 1981 Inclusão de outros profissionais Trabalhar sobre uma perspectiva educativa Abordagem sócio histórica Intervenção em grupo com Psicólogo, pedagogo e sociólogo (Interdisciplinar) Descrição do programa – 3 unidades Modulo I : O processo e o significado da escolha Modulo II: O mundo do trabalho Modulo III: Autoconhecimento e informação Profissional Profa. Katie Graciano Modulo I : O significado da escolha Objetivos: Refletir sobre os valores e modelos existentes na sociedade Discutir o estereótipo das profissões Discutir a forma como os meios de comunicação divulgam estes estereótipos Discutir a influência deles na representação das profissões Discutir a maneira como os sujeitos se apropriam das informações da mídia. Esse Módulo é formado por 4 sessões: 1ª - Apresentação do programa 2ª- Trabalhar o mercado de trabalho, os meios de comunicação e o vestibular 3ª - Relação gênero e escolha e a relação desempenho escolar com a escolha 4ª - Síntese do 1º modulo e apresentação de um texto sobre profissão - A profissão de Isaac Asimov(1977) Profa. Katie Graciano 1ª Sessão - Apresentação do programa Apresentação de como o programa é desenvolvido Conhecimento mútuo grupo Quebra gelo entre os participantes 2ª Sessão - Trabalhar o mercado de trabalho, os meios de comunicação e o vestibular Os participantes respondem 3 questões ( concorda ou não) sobre os temas em pauta Depois separa-se os que concordam do que não concordam e promove-se o debate com argumentos para convencer o lado oposto Objetivo explicação de todos os valores envolvidos no assunto. O orientador pode ampliar o debate Profa. Katie Graciano Modulo I : O significado da escolha 3ª Sessão - Relação gênero e escolha e a relação desempenho escolar com a escolha O procedimento do sorvete Metáfora para elaboração do processo de escolha “ Você vai ter que tomar uma decisão muito importante: vai escolher um sorvete. Para facilitar a tarefa, utilizará apenas um tipo de sorvete: o picolé e apenas dois sabores: o X ou Y. Mas preste atenção nas seguintes regras” Profa. Katie Graciano Modulo I : O significado da escolha Regras 1) Não pode dar uma lambidinha antes 2) Não pode escolher os dois 3) Você quer fazer a melhor escolha e com o menor risco e maior chance de sucesso 4) Ela é importante pois deve permanecer certo tempo com você Elaboração das hipóteses 1º - Tirar a sorte no par ou impar (sorte) 2ª - Olhar a embalagem ou observar a cor (imagem e prazer) 3ª - Conhecer os ingredientes( conteúdo) 4ª - Perguntar para os outros o que acham (influência) 5ª - Identificar as consequências para a vida (vantagens e desvantagens) 6ª - Pesquisar o mercado e observar se há diferença de consumo entre homens e mulheres (diferença de gênero) 7ª - Analisar o preço (avaliação de mercado) Profa. Katie Graciano Modulo I : O significado da escolha Resolução ATO DE CORAGEM Ter que se posicionar Implica risco Implica perda Implica decisão Implica acalmar o conflito Profa. Katie Graciano Modulo I : O significado da escolha 4ª Sessão - Síntese do 1º modulo e apresentação de um texto sobre profissão Se faz uma síntese do primeiro módulo também se busca fortalecer os vínculos existentes no grupo. Procedimentos: Dinâmica de grupo. Leitura e discussão do texto: A Profissão. Temas abordados: aquisição de conhecimento, escola, educação, teste vocacional, família, ensino profissionalizante, competição, ascensão social, trabalho manual e intelectual, etc. Profa. Katie Graciano Modulo I : O significado da escolha Modulo II: O mundo do trabalho Exercer reflexão crítica em relação à profissão Refletir o mercado de trabalho, dentro da visão sócio-político-econômica e fatores como a competitividade. Visar o que aparece como conteúdos não imediato na consciência dos sujeitosenvolvidos na orientação. São duas sessões Profa. Katie Graciano Modulo II: O mundo do trabalho 5ª Sessão - o objetivo é retomar, aprofundar o conceito de trabalho e refletir sobre o modo como o mesmo ocorre na sociedade atual. Procedimentos: Um grupo “monta” uma empresa do setor primário e o outro do setor secundário. Observam-se todos os elementos necessários ao funcionamento de uma empresa: matéria-prima, instrumentos, conhecimentos, habilidades, etc. Problematizam-se questões relacionadas ao mundo do trabalho até se chegar ao “conceito genérico de trabalho: ação humana que transforma, pelo uso de instrumentos, a natureza para obter coisas necessárias á vida.”(p.95) Posteriormente estende-se o conceito e a reflexão ao setor terciário. Profa. Katie Graciano Modulo II: O mundo do trabalho 6ªSessão - continuação da atividade anterior pensando as questões no contexto atual. Procedimentos: é exibido um filme cujo enredo aborda a questão do emprego e do desemprego. Na discussão do filme é feita também uma reflexão sobre a ideologia oficial acerca da questão do desemprego que aponta soluções individualizantes para o problema. Profa. Katie Graciano Modulo III: Autoconhecimento e Informação Profissional Nesse módulo são intercaladas sessões que visam o autoconhecimento com sessões de caráter informativo acerca das profissões (9 sessões). As duas últimas sessões são para o fechamento, a conclusão do trabalho. Autoconhecimento “Por autoconhecimento entende-se a análise da trajetória de vida do próprio sujeito, quanto às formas de escolha e à compreensão de como construiu sua individualidade.” Objetiva-se, através de dinâmicas de grupo: auxiliar o indivíduo a perceber quais são seus interesses, habilidades e características para que ele possa planejar o que pretende mudar, desenvolver ou construir em relação a esses aspectos. Não se busca relacionar as características pessoais às profissões. Profa. Katie Graciano Informação Profissional O trabalho de informação profissional visa auxiliar na ampliação do conhecimento que os indivíduos têm acerca das profissões. “Não se pretende que ele descubra uma nova profissão, mas que confronte as caras ou imagens que tem das profissões, construídas ao longo de sua vida, com uma definição mais formal. Também não se pretende modificar as identificações que possivelmente o orientando já tenha, mas possibilitar “transferências” dessas identificações para outras profissões menos conhecidas ou mesmo desconhecidas pelo sujeito Para o trabalho de informação profissional são utilizados materiais e procedimentos, tais como: Jogo de Fichas sobre as profissões, Guia do Estudante da Editora Abril, etc. Leitura, seleção, classificação do material em diferentes grupos profissionais, entre outros. Profa. Katie Graciano Modulo III: Autoconhecimento e Informação Profissional Orientações para o Psicólogo em Demandas Escolares Profa. Katie Graciano Este documento, vinculado à área da Psicologia Escolar e Educacional, circunscreve- se ao campo da Educação Básica – Educação infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio e está estruturado em quatro eixos intitulados: Eixo 1 - Dimensão Ético-política da Atuação da (o) Psicóloga (o) na Educação Básica; Eixo 2 – A Psicologia e a Escola; Eixo 3 – Possibilidades de Atuação da (o) Psicóloga (o) na Educação Básica; Eixo 4 – Desafios para a Atuação da Psicologia na Educação Básica. Profa. Katie Graciano Orientações para o Psicólogo em Demandas Escolares EIXO 1: Dimensão Ético-Política da Atuação da (o) Psicóloga (o) na Educação Básica Conhecer as direções éticas e políticas que norteiam o cotidiano escolar passa a ser prioridade para a ação de psicólogas. Questões como: escola para quem, escola para quê, e como se engendram as práticas atravessadas por essas implicações no cotidiano são fundamentais e devem ser debatidas por profissionais que atuam no campo da Educação A prática participativa deve ser gradativamente apropriada pelos profissionais da escola, pela comunidade, pelas famílias e crianças A Psicologia Escolar e Educacional, almejamos um projeto educacional que vise coletivizar práticas de formação e de qualidade para todos; que lute pela valorização do trabalho do professor e constitua relações escolares democráticas, que enfrente os processos de medicalização, patologização e judicialização da vida de educadores e estudantes; que lute por políticas públicas que possibilitem o desenvolvimento de todos e todas, trabalhando na direção da superação dos processos de exclusão e estigmatização social. Profa. Katie Graciano EIXO 2: A Psicologia e a Escola O trabalho nas instituições implica atenção e cuidados, não prioritariamente aos indivíduos, mas às redes interna e externa que os tensionam. Isso, para as (os) psicólogas (os), implica conhecer mais sobre educação, sobre os ciclos, sobre as histórias das lutas por mudanças e sobre os modos como essas mudanças ganham forma de leis, as quais, muitas vezes, não são identificadas pelos educadores como resultado de seus movimentos e reivindicações A participação da Psicologia na discussão das contradições, conflitos e paradoxos do sistema escolar hoje vigente é, portanto, vital no momento em que se encontra a escola brasileira, sob o risco de continuarmos formando gerações de excluídos, de crianças e jovens que, por não se apropriarem ativamente do conhecimento socialmente produzido, estarão a mercê do processo de produção capitalista Profa. Katie Graciano EIXO 3: Possibilidades de Atuação da (o) Psicóloga (o) na Educação Básica É função da (o) psicóloga (o) participar do trabalho de elaboração, avaliação e reformulação do projeto politico pedagógico, destacando a dimensão psicológica ou subjetiva da realidade escolar. Isso permite sua inserção no conjunto das ações desenvolvidas pelos profissionais da escola e reafirma seu compromisso com o trabalho interdisciplinar. Profa. Katie Graciano EIXO 4: DESAFIOS PARA A PRÁTICA DA (O) PSICÓLOGA (O) Proposta: Compor com a equipe escolar, a elaboração, implementação e avaliação do Projeto Político Pedagógico da Escola Problematizar o cotidiano escolar, colaborando na construção coletiva do projeto de formação em serviço, no qual professores possam planejar e compor ações continuadas Construir, com a equipe da escola, estratégias de ensino – aprendizagem Valorizar e potencializar a construção de saberes, nos diferentes espaços educacionais Buscar conhecimentos técnico-científicos da Psicologia e da Educação, em sua dimensão ética para sustentar uma atuação potencializadora. Romper com a patologização, medicalização e judicialização das práticas educacionais Profa. Katie Graciano
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