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Apostila Introdução o mundo ao alvorecer do século XX

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Introdução: o mundo ao 
 alvorecer do século XX
A predominância da Europa
O período imediatamente anterior à Primeira Guerra Mundial (1914-1918) é recorrentemente 
descrito como sendo o do auge da predominância da Europa sobre o resto do mundo. Essa situação 
pode ser aferida a partir do exame de algumas variáveis, como o tamanho da sua população, seu po-
der industrial, comercial, financeiro e o papel que diversos países do continente exerciam na prática 
do imperialismo. 
Em 1913, a Europa contava com uma população de 460 milhões de indivíduos, o que representa-
va 26% dos habitantes do planeta. Além de enorme, essa população aumentava continuamente, sendo 
os maiores crescimentos registrados nos grandes impérios da Europa Central: o russo (que aumentava 
em dois milhões de indivíduos a cada ano) e o alemão (mais 850 000 novos habitantes a cada ano). Além 
do expressivo crescimento demográfico da Europa, o continente também era perfeitamente capaz de 
contribuir, por meio da emigração, para o aumento da população dos novos países da Oceania e das 
Américas, que estavam em processo de colonização. Somente naquele ano, 400 000 italianos e 450 000 
britânicos abandonaram a Europa rumo a países como Austrália, Argentina, Brasil, EUA etc. 
Tendo sido o local de nascimento da Revolução Industrial (1760), a Europa, ainda no início do 
século XX, concentra a maior parte do total das exportações mundiais de produtos industrializados 
(62%). Em contrapartida, é a maior importadora de alimentos, combustíveis e matérias-primas. Nos 
países mais desenvolvidos, como a Grã-Bretanha, a Alemanha e a França, esses produtos compõem en-
tre 75% e 80% das suas importações. Também é na Europa, em especial na cidade de Londres, que se 
concentram a quase totalidade dos serviços financeiros de alcance mundial. Por exemplo, a contrata-
ção de fretes marítimos, seguros navais, empréstimos internacionais, lançamentos de ações e constitui-
ção de novas firmas de alcance global são feitas quase que totalmente em algumas poucas cidades da 
Europa: Londres, Amsterdã, Antuérpia, Berlim e Paris.
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O volume de capitais investidos em países estrangeiros também é um indicador da preponderân-
cia econômica e financeira da Europa. Do total de recursos investidos no exterior, 45% provêm da Grã- 
-Bretanha, 25% da França e 13% da Alemanha, em contraste com os EUA, responsáveis por apenas 5% 
do total. Além disso, o papel dos EUA como praça financeira tem um alcance restrito. Seus bancos e ins-
tituições financiadoras não têm atuação global, limitando-se a operações apenas nas Américas. 
E, ainda, o papel central desempenhado pela Europa nas relações internacionais é realçado pelo 
fato de o continente ser sede das principais potências imperialistas. O maior desses impérios da épo-
ca – ou de qualquer outra – sem dúvida era o britânico. Mas os impérios francês, russo, austro-húngaro, 
italiano e alemão também eram de enorme importância. Quase todos eles foram capazes de incorpo-
rar à sua administração extensas áreas na África, na Ásia e na Oceania, fazendo com que as questões re-
lacionadas a essas regiões fossem discutidas e decididas em conferências e congressos na Europa. Esse 
aspecto talvez seja o que melhor evidencia o papel central da Europa nas relações internacionais antes 
da Primeira Guerra Mundial.
Finalmente, cabe mencionar o papel da Europa enquanto centro de desenvolvimento e disse-
minação de novas tendências artísticas e culturais. Data dessa época o auge da influência da Europa 
nessas esferas de atividade humanas, constituindo-se em referência na pintura, na literatura, no 
cinema etc.
Os EUA, a Alemanha e o Japão como potências emergentes
O início do século XX é marcado por uma nova etapa na história da industrialização, cuja ca-
racterística principal é a disseminação dos processos industriais, quebrando o monopólio que a Grã- 
-Bretanha exercia até então. Agora, ao lado dos britânicos, vários outros países, em ambos os lados do 
Atlântico norte, disputavam entre si o mercado mundial de produtos industrializados. Desses, os mais 
importantes são os EUA, a Alemanha e, secundariamente, a França, a Bélgica e a Holanda. Pouco tempo 
depois, o Japão também se lançou na competição industrial e, subsequentemente, militar, com as na-
ções mais desenvolvidas. 
A disseminação da industrialização decorreu, na maior parte, da busca de novas oportunidades 
de lucro e de investimento britânicos. Ao longo de todo o século XIX, os britânicos – que já dominavam 
o mercado mundial de bens de consumo – transformaram-se numa grande nação exportadora de bens 
de capital1, vendendo ferrovias, máquinas para mineração, locomotivas, navios a vapor etc. para todo o 
mundo. Simultaneamente, investiam nos países da Europa e dos EUA, financiando por meio de emprés-
timos a aquisição desses bens ou se associando aos empreendimentos locais nas áreas de transportes, 
indústria, mineração, serviços públicos etc.
Em ambos os lados do Atlântico norte havia áreas propícias à industrialização que, se inicialmen-
te se constituíam em mercados para os produtos britânicos, logo se converteram em seus concorrentes. 
Destas, as mais notáveis eram os EUA e a Alemanha. Ambos os países tinham populações enormes, em 
rápido processo de crescimento, constituindo-se em mercados internos interessantes para os empresá-
rios industriais locais explorarem. Gradualmente, tornou-se disponível uma extensa rede de transportes 
1 Bens de capital são aqueles empregados no processo produtivo, como equipamentos e máquinas, em oposição aos de consumo final, ou 
de consumo.
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a vapor, marítimos e terrestres, fazendo com que a produção e a distribuição de mercadorias fosse mui-
to fácil e lucrativa. Além de que – e isso é particularmente notável no caso alemão – ambos os países 
contavam com uma população com níveis baixos de analfabetismo e alto nível de instrução formal, o 
que favorecia e sustentava o aperfeiçoamento do processo produtivo e a busca de níveis cada vez mais 
altos de produtividade. 
Finalmente, a imposição de tarifas protecionistas destinadas à taxação de produtos industriali-
zados importados também serviu de estímulo para o investimento privado no setor. Assim, ao se ini-
ciar o século XX, os EUA e a Alemanha já disputavam entre si a primazia industrial mundial da qual a 
Grã-Bretanha parecia se afastar cada vez mais. Dos dois países emergentes, eram os EUA que tinham as 
maiores vantagens comparativas. O tamanho da sua área e população permitia que as empresas indus-
triais operassem num enorme mercado interno, que propiciava economias de escala que não podiam 
ser realizadas pelos seus concorrentes na Europa ou no Japão.
Do outro lado do mundo, o Japão, que até pouco tempo atrás mantinha seus portos fechados 
sem qualquer contato com o estrangeiro, passava por um acelerado processo de modernização. Esse 
processo se iniciou em 1868, com a restauração da centralização do poder político por parte da dinastia 
Meiji. A observação cuidadosa do processo de submissão da China às potências imperialistas foi assimi-
lada pelos japoneses com apreensão. As elites dirigentes do Japão compreenderam que a menos que 
fossem fortalecidas as bases do poder nacional, por meio da criação de indústrias capazes de sustenta-
rem e manterem aparelhadas as forças armadas, o Japão seguiria o caminho da China, tornando-se ele 
próprio uma colônia informal das potências ocidentais. 
Para atingir seus objetivos, o governo japonês se esmerou em copiar as instituições ocidentais, 
adotando um programa que é recorrentemente descrito como sendo uma “modernizaçãoconserva-
dora”, isto é, um esforço para atualizar o setor produtivo e as forças armadas com pouca ou nenhuma 
transformação social, em particular aquela que pudesse ameaçar o poder estabelecido (liberdades po-
líticas, democratização da propriedade, instauração de um governo laico etc.). Apesar do enorme custo 
social, o programa de modernização japonesa foi, em grande parte, cumprido: ao se iniciar o século XX, 
o Japão contava com transporte, comunicações e um parque industrial capaz de equipar e manter em 
estado de eficiência seu exército e marinha de guerra. 
Já ao final do século XIX, os japoneses empreenderam guerra contra a China a fim de obter os 
mesmos tipos de vantagens comerciais de que já gozavam as potências europeias. Em 1905, o Japão ini-
ciou e ganhou uma guerra contra o Império Russo, fazendo valer suas pretensões territoriais sobre ter-
ritórios que os russos ambicionavam na China e na Coreia. Tratou-se, enfim, do único país não ocidental 
que foi capaz de passar da condição de candidato à colônia para a de sede de um império ultramarino 
colonial. Com o passar do tempo, contudo, suas pretensões coloniais fatalmente entrariam em rota de 
colisão com os demais países imperialistas.
A Segunda Revolução Industrial
Ao final do século XIX e início do XX, assiste-se a uma notável mudança nas bases tecnológicas e 
energéticas que até então vigiam no processo de industrialização, bem como na aplicação da ciência e 
tecnologia aos processos econômicos, a qual ficou conhecida como a Segunda Revolução Industrial. 
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Novas matrizes energéticas e novas tecnologias produtivas estavam sendo descobertas e adota-
das. A Revolução Industrial na sua origem (1760) foi baseada na tecnologia da máquina a vapor, geral-
mente queimando carvão ou lenha para obter a pressão necessária ao seu funcionamento. Ao fim do 
século XIX, essa tecnologia e sua respectiva matriz energética serão complementadas, em alguns casos 
substituídas, pela generalização do uso dos motores elétricos e a explosão. Ganham destaque, conse-
quentemente, as atividades econômicas relacionadas à produção e à distribuição de eletricidade e dos 
derivados de petróleo.
Para além das mudanças tecnológicas e da matriz energética, assiste-se também ao surgimento 
de um número considerável de novas atividades produtivas, resultado da aplicação cada vez maior e 
mais ampla das descobertas científicas à produção econômica. O processo é mais notável na indústria 
química, responsável pelo desenvolvimento de novos produtos, como corantes artificiais, fertilizantes, 
alimentos industrializados etc. Mas também foi muito importante para o ramo do entretenimento, com 
o surgimento da primeira diversão em massa da era moderna, o cinema. Da mesma forma na metalur-
gia, com a oferta de novas ligas metálicas que tornaram a bicicleta e o fogão a gás produtos de amplo 
consumo popular. Pode-se citar também a indústria elétrica, responsável pela ampliação do consumo 
de telefones, lâmpadas, eletrodomésticos etc. Tais mudanças é que levam vários estudiosos a designa-
rem o período como sendo caracterizado por uma Segunda Revolução Industrial.
A Segunda Revolução Industrial também teve impacto sobre as formas de organização da indús-
tria e da concorrência. De fato, o estabelecimento de unidades produtivas dedicadas à fabricação dos 
novos produtos demandava um volume mais substancial de capital e dependia de um prazo de matu-
ração dos investimentos muito maior. As exigências de um volume consideravelmente maior de capital 
para o financiamento dos novos setores produtivos acabou por se constituir numa barreira de entrada 
nesses novos ramos de negócio que poucas empresas eram capazes de superar. Assim, é possível afir-
mar que a Segunda Revolução Industrial tinha uma tendência muito mais forte à concentração da pro-
priedade, sob a forma de cartéis, trustes e monopólios, do que a sua antecessora do século XVIII. Mais 
ainda, a necessidade de um maior montante de capital para iniciar e sustentar os novos setores produti-
vos fez aumentar a dependência das indústrias em relação aos bancos e outras instituições financeiras. 
Essa dependência fazia com que, recorrentemente, os bancos acabassem se tornando sócios importan-
tes dos novos empreendimentos industriais, chegando, no limite, a serem seus verdadeiros controlado-
res. Essa tendência foi tão marcante que podemos nos referir a esse período como sendo marcado pela 
superação do capitalismo industrial pelo capitalismo financeiro. 
O imperialismo
As relações internacionais nos anos compreendidos entre 1875 e 1914, período anterior à Primeira 
Guerra Mundial, foram marcadas pela anexação de extensos territórios na África, Ásia e Oceania por par-
te das potências europeias e, em menor grau, pelos EUA e Japão. Praticamente toda a África, a Oceania e 
as ilhas do Oceano Pacífico passaram formalmente à condição de colônias submetidas à soberania de al-
gum dos países europeus mais avançados. Os maiores impérios ultramarinos certamente foram, por or-
dem, os da Grã-Bretanha, da França, da Alemanha, da Itália, dos EUA e do Japão. Desses, o maior era, de 
longe, o da Grã-Bretanha. Sob a autoridade da Grã-Bretanha vivia um quarto da população mundial, es-
palhada por todos os continentes. O segundo maior império era o francês, que abrangia extensas áreas 
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pouco povoadas da África e da Ásia. Os impérios alemão e italiano eram muito menores, resultado da 
chegada tardia de ambos a assim chamada “corrida imperialista”. 
Ao lado da ocupação formal dessas áreas, o imperialismo também foi praticado nesse período 
de maneira informal. Nesses casos ficava clara a hegemonia exercida pela potência imperialista sobre 
áreas que, embora formalmente independentes, ficavam submetidas na prática às suas determinações. 
O caso mais evidente desse imperialismo informal e seu correspondente contraste com a sua versão 
formal certamente é o norte-americano. Depois de uma curta e vitoriosa guerra contra a Espanha, ao 
fim do século XIX, os EUA tomaram para si as Filipinas e uma pequena parte de Cuba – a Península de 
Guantánamo – como suas colônias. Por outro lado, no período compreendido entre 1895 e 1917, as for-
ças armadas dos EUA intervieram em praticamente todos os países da América Central e do Caribe, em-
bora estes fossem, formalmente, nações independentes. Em todas essas intervenções, a motivação era 
a mesma: garantir a integridade e a segurança dos investimentos e propriedades dos cidadãos norte- 
-americanos naqueles países. 
O país que foi o alvo mais recorrente das ações do imperialismo informal foi, certamente, a 
China. Mergulhada na anarquia de uma guerra civil desde o fim do século XIX, a China não tinha um 
governo central e nacional minimamente eficaz, o que a tornou incapaz de deixar de se submeter a 
todo tipo de exigências e acordos ruinosos que lhe foram impostos por europeus, norte-americanos 
e, mais tarde, japoneses. A divisão daquele país em diferentes “áreas de influência” entre as potências 
capitalistas só foi rompida a partir de 1931, com a tentativa dos japoneses em tomar para seu impé-
rio todo o território chinês.
A ocorrência simultânea da Segunda Revolução Industrial e da corrida imperialista suscitou incon-
táveis debates sobre a possível inter-relação entre esses dois fenômenos. Para os indivíduos que se iden-
tificavam com a orientação teórica desenvolvida por Karl Marx, tais como Lênin e Rosa Luxemburgo, o 
imperialismo era um resultado direto das contradições do capitalismo. Fosse devido à queda da taxa de 
lucros de empresas capitalistas, segundo Lênin, ou devido aocaráter limitado dos seus mercados inter-
nos, de acordo com Rosa Luxemburgo, o fato é que as potências do capitalismo industrial só poderiam 
sustentar seu ritmo de crescimento apelando para a aquisição de colônias. Tais colônias se constitui-
riam tanto em um novo e ampliado mercado consumidor cativo quanto ofereceriam novas e exclusivas 
oportunidades de investimentos nas áreas de mineração, transportes, serviços públicos urbanos etc. A 
disputa pelas áreas passíveis de serem anexadas teria levado, ainda segundo Lênin, a diversos conflitos 
entre as potências capitalistas. Nesses conflitos, incluir-se-iam tantos os choques de fronteiras nas colô-
nias quanto a Primeira Guerra Mundial.
Inversamente, intelectuais identificados com a defesa das virtudes do capitalismo, a partir de 
uma orientação teórica liberal, refutavam a existência de qualquer nexo entre a corrida imperialista e 
a Segunda Revolução Industrial. Desses pensadores, os mais importantes foram Veblen e Schumpeter. 
Segundo eles, a corrida imperialista e a própria Guerra Mundial teriam sido resultado de iniciativas das 
elites dirigentes do Estado que, assim agindo, pretendiam realizar objetivos que nada tinham a ver com 
o capitalismo, mas com a conservação do seu próprio poder político. Para esses autores, eram elemen-
tos de origem nobre, cujas fontes de poder econômico eram a renda obtida pela propriedade fundiária 
urbana e rural, que definiam e executavam – em associação com alguns poucos empresários privados 
– as políticas coloniais. Agindo desse modo, atuavam de forma oposta à do conjunto de interesses dos 
empresários capitalistas, interessados fundamentalmente na quebra e no abandono de todas as barrei-
ras ao livre-comércio e no fim das restrições que os monopólios coloniais impunham ao mercado mun-
dial. 
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O debate entre autores de orientação marxista e liberal continua em aberto, sendo uma ou outra 
orientação teórica mais ou menos convincente, dependendo do caso em exame. As considerações de or-
dem econômica parecem ter sido as mais relevantes no caso britânico. De fato, era graças ao enorme su-
perávit comercial com a sua mais importante colônia – a Índia – que os britânicos conseguiam superar 
algumas das suas maiores dificuldades no balanço de pagamentos. Já no caso francês e alemão não pare-
cem ser predominantes as motivações afetas à superação de conflitos e às contradições inerentes à ordem 
capitalista. Nesses casos, o reforço ou a conquista de posições estratégicas em escala global, o uso da con-
quista imperial como fator de reforço do prestígio político dos governantes ou, ainda, como elemento de 
reforço da lealdade dos cidadãos ao regime, parecem ter sido as motivações mais importantes.
A corrida imperialista foi marcada por todo tipo de violências e abusos contra as populações sub-
metidas. O relato dos crimes do imperialismo é extenso e provavelmente continuará a ser ampliado. 
Além disso, a imposição da autoridade colonial trouxe consigo também um choque cultural, derivado 
da imposição de valores e práticas culturais dos colonizadores sobre os colonizados. Na sua forma mais 
suave, esse processo resultou na “ocidentalização” dos costumes locais e, na sua versão mais agressiva, 
na pura e simples destruição das formas tradicionais de organização da vida coletiva e da produção de 
bens simbólicos. 
As forças da tradição e da transformação
O século XX é marcado em escala mundial pela modernização. Tal processo é entendido como 
um conjunto de transformações históricas que ocorre em três diferentes níveis: a superação da econo-
mia agrícola pela industrial; da sociedade rural pela urbana; e da universalização dos direitos e prerro-
gativas individuais em relação ao Poder Público. Esses processos tiveram início ao fim do século XVIII 
com as Revoluções Industrial e Burguesa. A primeira deu início à perda de importância das atividades 
rurais em relação às industriais; a segunda à superação do Estado absolutista e das relações feudais de 
produção pela democracia política e as relações capitalistas de produção. Ao se iniciar o século XX, pa-
recia que essas transformações estavam prestes a se concluírem, mas na prática seriam necessárias ain-
da muitas décadas para tal. 
É importante reconhecer que a modernização jamais operou de forma contínua ou linear, muito 
embora elementos de diferentes orientações teóricas acreditassem sinceramente que isso de fato ocor-
ria. Tratava-se dos partidários da noção de progresso, muito influentes na virada do século XIX para o XX. 
Segundo eles, os avanços da ciência, da técnica e do conhecimento humano em vários níveis estariam 
conduzindo a um contínuo aperfeiçoamento de todas as esferas de atividade humana. Ao fim e ao cabo 
desse processo, a humanidade se veria livre de todas as restrições ao seu bem estar material e moral, go-
zando de paz e felicidade permanentes. 
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15|Introdução: o mundo ao alvorecer do século XX
Pelo menos nos países mais desenvolvidos, os substanciais avanços obtidos até então haviam 
permitido um enorme aumento da produtividade, garantindo à maioria das pessoas um mínimo que 
lhes permitisse sobreviver. A descoberta, e posterior industrialização das vacinas, permitiu a erradi-
cação de uma série de doenças que, há até bem pouco tempo, seriam capazes de ceifar a vida de mi-
lhões de pessoas. A invenção de máquinas e equipamentos de transporte (locomotiva, automóvel, 
aeronaves etc.) e comunicações (telégrafo, cabos submarinos, telefone etc.) prometia anular a restri-
ção que as longas distâncias sempre impuseram ao desenvolvimento das trocas comerciais, científi-
cas e culturais entre os povos. 
Porém, deve-se levar em conta que a tendência à instauração de uma sociedade moderna ope-
rava de forma muito mais gradual do que se supunha e, mais ainda, contra ela operavam forças que vi-
savam à preservação de elementos centrais na conjuntura anterior àquelas duas revoluções. Se pouca 
ou nenhuma restrição havia ao avanço do conhecimento e ao cada vez maior domínio do homem so-
bre a natureza, o mesmo não ocorria no que se refere à extensão dos direitos dos cidadãos frente ao 
Estado e à instauração de uma forma de governo que permitisse uma maior participação popular nas 
questões políticas. Mesmo na Europa, por exemplo, predominavam regimes monárquicos, formalmen-
te de orientação parlamentarista. Mas o poder desses parlamentos frente aos monarcas, e a própria 
forma pela qual se definia quem podia votar ou ser votado, variava enormemente.
Via de regra, os regimes monárquicos tinham – exceto na Grã-Bretanha – uma enorme prevale-
cência sobre as assembleias eleitas. No caso extremo – o russo – o parlamento (“Duma”) tinha uma exis-
tência puramente formal, quase o mesmo se verificando no autoritário império alemão. Na França e na 
Itália, a instabilidade e pouca duração dos gabinetes parlamentares é que acabava reforçando a autori-
dade do Poder Executivo – do presidente num caso e do rei no outro. Em qualquer cenário, inexistia o 
direito universal de votar e ser votado. Restrições ao voto das mulheres, dos analfabetos ou dos que não 
possuíam idade ou renda suficiente, para não mencionar a fraude pura e simples na criação de obstá-
culos ao registro dos eleitores, limitavam grandemente o caráter “representativo” dos políticos eleitos. 
E mesmo estes quase que obrigatoriamente deveriam ou ser pessoas de muitos recursos, ou apelariam 
para a corrupção para se manterem, já que inexistia remuneração pelo exercício dos cargos eletivos. 
Essa situação só será revertida – por exemplo – na Inglaterra, em 1917. No geral, será necessário o duplo 
impacto da crise de 1929 e da Segunda Guerra Mundialpara que o processo de modernização política, 
iniciado com as Revoluções Burguesas do século XVIII, finalmente chegue à sua conclusão lógica.
Também a transformação da economia de base agrícola pela industrial e da sociedade rural pela 
urbana só se efetivará no segundo pós-guerra, ainda assim não em todos os países desenvolvidos e, 
com muito mais lentidão, nas nações periféricas. No caso brasileiro, por exemplo, é somente em 1953 
que o valor da produção industrial finalmente alcança a agrícola; e apenas em 1973 a soma da popula-
ção urbana ultrapassa a rural. Finalmente, em 1989, é que o país adota o princípio da eleição direta para 
todos os cargos públicos baseado no voto universal. 
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Atividades
1. Sintetize as características comuns aos EUA e à Alemanha ao final do século XIX e início do XX que 
permitiram a industrialização desses países.
2. Descreva de que forma se deu a modernização do Japão a partir da segunda metade do século XX.
3. Aponte as diferenças mais marcantes entre a Primeira e a Segunda Revoluções Industriais.
Dicas de estudo
O debate historiográfico mais relevante desse período é relativo ao peso político que as elites 
de origem nobre ainda exerciam em relação à burguesia industrial. É de grande valia para o estudante 
a leitura completa de duas obras, contendo interpretações antagônicas sobre a questão. Recomenda- 
-se fortemente a leitura do livro de Eric Hobsbawn (A Era dos Impérios) em contraste com o traba-
lho de Arno Mayer (A Força da Tradição). A leitura consecutiva desses dois livros permitirá ao aluno 
perceber de que forma diferentes orientações teóricas esposadas por autores diversos conduz a 
resultados antagônicos.
16 | Introdução: o mundo ao alvorecer do século XX
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Referências
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102 | Referências
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Primeira Guerra Mundial
A política de alianças e as causas imediatas da guerra 
O final do século XIX na Europa foi marcado por um extensa movimentação diplomática cuja 
característica mais importante foi o surgimento de dois blocos de alianças antagônicos entre os mais 
importantes países daquele continente. O maior promotor dessa movimentação foi, certamente, o mi-
nistro das relações exteriores da Alemanha, o chanceler Otto von Bismarck. Seu objetivo era consoli-
dar e estabilizar a vantajosa posição diplomática da Alemanha, que de imediato foi transformada numa 
potência econômica e militar a partir da unificação dos diferentes Estados alemães em 1871. O súbito 
surgimento de uma Alemanha unificada, no centro do continente que era sede dos mais importantes 
impérios coloniais daquela época, colocava a diplomacia alemã diante de uma série de desafios. Desses, 
os mais perigosos eram os da França e da Rússia. 
No caso francês, havia o propósito dos governos daquele país de recuperarem as terras perdidas 
para a Alemanha no conflito de 1871. Sucessivos governos franceses defendiam a ideia da “revanche” 
contra os alemães e o restabelecimento da sua soberania nas províncias perdidas para os alemães da 
Alsácia e da Lorena. Daí a busca por aliados potenciais num futuro conflito por parte tanto da França 
quanto da Alemanha.
Já as preocupações comuns à Alemanha e à Rússia se referiam à progressiva desintegração dos im-
périos Austro-Húngaro e Otomano. As pressões de diferentes grupos étnicos que lutavam pela indepen-
dência desses impérios preocupavam as diplomacias alemã e russa. O apoio da Rússia à independência 
dos povos eslavos, que viviam sob domínio Austro-Húngaro e Otomano, gerava o temor do aumento da 
presença russa numa região que se imaginava predestinada a se constituir em parte da esfera de influên-
cia alemã. Desde as últimas décadas do século XIX, vinha aumentando sistematicamente o comércio da 
região com a Alemanha. No início do século XX, os alemães já cogitavam construir uma ferrovia ligando 
Berlim a Bagdá. Tudo isso levaria ao surgimento, em 1894, da assim chamada “Tríplice Aliança” que aliava 
de forma permanente a Alemanha e a Áustria-Hungria à Itália, esta última receosa de um futuro conflito 
com a França1. No mesmo ano, Rússia e França também formam entre si uma aliança militar.
1 A Itália sofreu sucessivas vezes a intervenção militar da França na conjuntura anterior à sua unificação.
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Tais compromissos deixavam de incluir uma única potência importante da Europa: a Grã-Bretanha. 
Detentores do maior império colonial já visto na história, os ingleses pretendiam manter-se distantes 
dos compromissos com quaisquer alianças, ao mesmo tempo em que esperavam não existir mudanças 
significativasno equilíbrio de forças entre as potências no continente europeu. Essa esperança acabou 
quando a disposição da Alemanha em construir uma enorme frota naval se tornou pública. Dispostos 
a construir uma esquadra que apoiasse suas pretensões coloniais por todo o mundo, lançaram-se os 
alemães a uma expansão ilimitada da sua frota. À medida que iam expandindo seus efetivos navais, os 
alemães aumentavam os receios dos britânicos, que viam no fato de possuírem a maior frota de com-
bate do mundo a melhor e mais segura garantia de que o Império e sua sede não sofreriam ameaças 
de fora. Os receios com relação aos planos expansionistas alemães acabou atraindo os britânicos para 
 entendimentos mútuos de segurança com os franceses, antes mesmo da eclosão do conflito. 
A causa imediata da guerra foi o assassinato do arquiduque Ferdinando do Império Austro- 
-Húngaro em julho de 1914 por terroristas da Sérvia. A Sérvia havia se libertado do Império Otomano 
pouco tempo antes e atuava como modelo e inspiração para os demais povos eslavos que viviam sob 
domínio Austro-Húngaro e Otomano. O episódio serviu como pretexto para a invasão austro-húngara 
da Sérvia. Os russos, por seu lado, anunciaram que iriam em socorro da Sérvia, o que levou a Alemanha 
a pressionar a Rússia para desmobilizar seu exército. A negativa dos russos em fazê-lo levou a Rússia a 
declarar guerra à Alemanha.
Simultaneamente, os alemães exigiram que os franceses provassem que não se aproveita-
riam da crise para atacar a Alemanha, entregando ao controle alemão suas fortificações de fronteira. 
Diante da recusa dos franceses em fazê-lo, decidiram os alemães invadir a França, que contavam der-
rotar rapidamente, para em seguida atacarem a Rússia. Os planos alemães de invasão da França esta-
vam prontos desde 1905 e previam primeiro a ocupação da Bélgica, a fim de evitar o ataque frontal 
às defesas francesas de fronteira. Ocorre que a Bélgica era um país neutro, cuja integridade territorial 
era garantida – entre outros – pela Grã-Bretanha. Jamais os ingleses permitiriam que qualquer potên-
cia europeia dominasse a Bélgica, já que isso colocaria em perigo suas comunicações vitais através 
do Canal da Mancha e também por constituir a ocupação do litoral belga em ameaça ao seu próprio 
litoral. Dessa forma, a invasão alemã da Bélgica colocou imediatamente o Império Britânico ao lado 
dos franceses e russos contra si.
O resultado concreto de todos esses episódios foi a formação de duas grandes alianças antagô-
nicas que entre si travaram a Primeira Guerra Mundial. De um lado, os Aliados (Entente): França, Rússia, 
Grã-Bretanha e, em 1915, a Itália (que repudiou seu acordo anterior com alemães e austro-húngaros) e 
os EUA (em 1917). De outro, a Alemanha, a Áustria-Hungria e (a partir de setembro de 1914) o Império 
Otomano, que constituíam as assim chamadas “Potências Centrais”. 
O impasse militar: a guerra de trincheiras
Quando da eclosão do conflito, havia um consenso entre os países contendores de que a guerra 
seria breve. Acreditava-se mesmo que estaria terminada antes do Natal de 1914. Tal presunção se basea-
va no fato de que todos os países haviam se preparado longamente para o conflito, mobilizando exérci-
tos de milhões de homens, os quais seriam imediatamente lançados contra seus inimigos, precipitando 
o mais rapidamente possível a destruição de seus oponentes.
18 | Primeira Guerra Mundial
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19|Primeira Guerra Mundial
Ao mesmo tempo em que se consolidava essa mentalidade ofensiva, que visava obter resultados 
decisivos e rápidos, importantes desenvolvimentos estavam ocorrendo na tecnologia aplicada aos ar-
mamentos. Antes mesmo do século XX se iniciar, novas e cada vez mais aperfeiçoadas armas estavam 
sendo desenvolvidas e adotadas. 
Por volta de 1914, a maior parte dos exércitos estava equipada com fuzis de repetição, geralmen-
te com depósitos internos de cinco cartuchos, capazes de alcançar distâncias muito maiores e com uma 
cadência de tiro bem mais alta do que a dos seus antecessores, carregados pela boca. Também já esta-
va em serviço a metralhadora, geralmente disparando munição carregada em fitas e capaz de susten-
tar, de forma automática e quase que indefinidamente, o fogo disparado em rajadas que podiam somar 
até seiscentos tiros por minuto. 
Ocorreram também melhoramentos decisivos na artilharia. A adoção de uma variedade de meca-
nismos de absorção do recuo do cano dos canhões após o disparo permitia que as guarnições permane-
cessem o tempo todo junto a eles, remuniciando-os com a máxima velocidade possível que, em alguns 
casos, permitia até seis tiros por minuto. 
O resultado desses desenvolvimentos foi o aumento do poder de fogo que as unidades milita-
res, a partir de suas posições defensivas, podiam lançar contra seus inimigos, o que por sua vez tornava 
os ataques contra elas cada vez mais perigosos e custosos. O volume e a cadência de tiro agora dispo-
níveis tornava as antigas cargas de cavalaria totalmente impossíveis e os ataques frontais da infantaria 
cada vez mais arriscados. 
Dessa forma, depois de um ou dois meses da invasão alemã à França e à Bélgica, quando as per-
das humanas já somavam milhões em cada lado, os oponentes se viram obrigados a interromper suas 
manobras às vistas do inimigo. Começaram a cavar, imediatamente, em extensão e profundidade cada 
vez maior, abrigos subterrâneos que permitissem que suas tropas sobrevivessem ao devastador fogo 
disparado pelo adversário. Tinha início então a “Guerra de Trincheiras” na Frente Ocidental, caracteriza-
da pela quase imobilidade dos oponentes e pelo altíssimo custo das tentativas de se tomar terreno do 
adversário. Ao fim dos quatro anos de conflito, e a despeito do enorme custo humano e material em-
pregado na busca da vitória, as posições ocupadas pelos oponentes jamais variaram além de 30 quilô-
metros.
Por outro lado, na Frente Oriental, onde alemães e seus aliados austro-húngaros se defrontavam 
com os russos, verificou-se um padrão inverso. Dada a extensão muito maior da linha de frente que 
opunha os adversários, bem como pela natureza do terreno muito mais arborizado e acidentado, pre-
dominou um estilo de guerra marcado pelo movimento. De fato, já em 1914, os russos promovem uma 
fracassada invasão da Alemanha, a qual se sucede no ano seguinte uma bem-sucedida invasão alemã e 
austro-húngara da Polônia, então parte do Império Russo. Ao longo de 1916 e 1917, extensas batalhas 
em enormes áreas ocorrem nos montes Cárpatos e no Mar Báltico, as quais só serão interrompidas com 
a retirada da Rússia da guerra.
As novas tecnologias e a guerra no ar e no mar
O prolongado e indefinido impasse vivido na Frente Ocidental levou à busca de soluções que vi-
sassem dar a cada lado do conflito alguma vantagem sobre seus oponentes que pudesse ser decisi-
va. A primeira reação em ambos os lados foi o aumento maciço da fabricação de munições e peças de 
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artilharia. Acreditava-se que somente uma enorme expansão do volume de alto explosivo lançado so-
bre as posições adversárias seria capaz de destruir os ocupantes e permitir a sua captura. Apesar de ex-
tensos, esses bombardeios nunca foram capazes de destruir totalmente a defesa adversária: sempre 
sobreviviam pelo menos alguns defensores que, usando o fogo das suas metralhadoras e informando à 
sua própria artilharia sobre a localização dos atacantes, conseguiam frustrar todos os ataques. 
Também se apelava para os bombardeios aéreos, mas nunca foi tão importante a quantidades 
de explosivos lançados por aeronaves em relação à dos canhões. O papel mais importante do avião 
era mesmo o de observar a disposição das linhas inimigas e corrigir o fogo da sua artilharia contraelas. 
Durante o conflito, o desenvolvimento tecnológico aplicado à aviação desenvolveu-se como nunca an-
tes. O aperfeiçoamento de novos e poderosos motores e as melhorias nos armamentos e nas comunica-
ções transformaram o avião de uma simples e recente invenção em uma das mais mortíferas armas de 
guerra. Mas nem assim se podia romper o impasse gerado pela “guerra de trincheiras”.
Dessa forma, surgiram, em 1915, novas armas, como o morteiro, o lança-chamas e o uso de gases 
venenosos. No ano seguinte, os britânicos lançaram os primeiros veículos blindados e sobre lagartas, 
destinados a acompanhar e proteger a infantaria nos seus ataques às trincheiras inimigas: os tanques de 
guerra. Embora importantes, nenhum desses desenvolvimentos foi capaz de cumprir a esperança que 
neles se depositava, a de lograr uma vitória militar que fosse barata e definitiva. 
Incapazes de obter uma solução militar em terra, ambos os lados se voltaram para a guerra na-
val. As Potências Centrais desde o início se viram bloqueadas pelas marinhas dos Aliados. Os anglo-bri-
tânicos contavam impedir qualquer tipo de abastecimento vindo do além-mar para seus adversários. 
Sabendo da dependência da importação de alimentos, matérias-primas e combustível dos seus adver-
sários, os Aliados esperavam, com o bloqueio naval, levar ao colapso a produção militar e a própria mo-
ral da população civil em continuar a luta. Em resposta ao bloqueio naval Aliado, a Alemanha lançou o 
contrabloqueio, efetivado pela sua frota de submarinos. Embora altamente eficazes na destruição de 
navios mercantes que se dirigiam às Ilhas Britânicas por torpedeamentos, a guerra submarina alemã 
criou inúmeras tensões e conflitos com os países neutros, os quais ainda mantinham extensas trocas 
comerciais com os ingleses. De fato, serão os sucessivos afundamentos de embarcações de países neu-
tros que irão levar novos países à guerra contra as Potências Centrais, como os EUA (abril de 1917) e o 
Brasil (novembro de 1917).
O desfecho da guerra
Ao fim de três anos de guerra total, as perdas humanas e materiais sofridas pelos oponentes eram 
imensas e, em alguns casos, insuportáveis. Os casos extremos eram os da França, da Itália e da Rússia. 
Esses três países haviam perdido proporcionalmente muito mais vidas do que os seus oponentes e o es-
forço econômico e produtivo que fizeram absorveram muito mais recursos do que podiam empenhar. 
Civis e militares sofriam com a escassez e o alto custo dos alimentos. Fome, doenças e privações mate-
riais abalavam a fé na vitória e provocavam todo tipo de manifestações de descontentamento, senão 
mesmo de recusa à continuidade da guerra. 
A Itália foi praticamente colocada para fora da guerra em 1917 pelos ataques dos exércitos das 
Potências Centrais, as quais eliminaram o poder ofensivo dos seus exércitos e provocaram a perda de 
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21|Primeira Guerra Mundial
muito terreno ao norte do país. A França estava enfrentando até mesmo uma espécie de “greve” de seu 
exército que, em sua maior parte, recusava-se a dar continuidade aos inúteis e custosos ataques frontais 
às trincheiras inimigas. Finalmente, a Rússia acaba por se retirar do conflito, face à desintegração do seu 
exército provocada por uma série de ofensivas alemãs extremamente bem-sucedidas e também devido 
à agitação revolucionária interna, fruto tanto do descontentamento com as terríveis condições de vida 
que o esforço de guerra impunha à população civil, quanto do empenho dos militantes de esquerda em 
minar a autoridade e a legitimidade da ordem estabelecida.
A intervenção dos EUA na guerra é tão importante que ela impediu a derrota dos Aliados em 1917 
e praticamente condenou ao fracasso os esforços das Potências Centrais em obter a vitória. Despejando 
um milhão e meio de combatentes a mais do lado dos Aliados na Frente Ocidental, concedendo crédi-
tos para aquisição de alimentos, matérias-primas e materiais militares, os norte-americanos com a sua 
entrada no conflito mais do que compensaram a saída da Rússia da guerra, reabilitaram a fé na vitória e 
propiciaram os meios de lançar novamente à luta os italianos e franceses.
Ao mesmo tempo a economia civil e a produção militar das Potências Centrais entravam em de-
clínio irreversível. O desvio de quase todo potencial humano e de recursos materiais para atender às 
sempre crescentes exigências das forças armadas, somado ao incontornável bloqueio naval imposto 
pelos Aliados, levou à imposição de uma dieta insuficiente e à impossibilidade de obtenção de agasa-
lhos e calçados adequados por parte dos civis. Simultaneamente, a retomada de extensas operações 
militares contra os aliados da Alemanha na Europa Oriental e Meridional levou à retirada da Bulgária e 
da Turquia que apoiavam a Alemanha, da guerra, expondo-a mesmo a uma invasão direta do seu terri-
tório em outubro de 1918.
A insatisfação com as miseráveis condições de vida, a percepção de que a entrada dos EUA na 
guerra tornava a vitória impossível, somada à revolta com as perdas humanas nos campos de batalha, 
criou as condições para a eclosão de movimentos de inspiração esquerdista e com objetivos revolucio-
nários na Alemanha e nos seus ex-aliados. Esses fatores convenceram a liderança alemã a buscar o fim 
da guerra, através do pedido de um armistício que encerrou o conflito em novembro de 1918.
Consequências do conflito
A mais dolorosa consequência do conflito foi mesmo as perdas humanas: oito milhões de milita-
res morreram e número quase igual havia sido totalmente incapacitado para a vida produtiva. Também 
havia cerca de quinze milhões de feridos com diferentes graus de gravidade e pelo menos sete milhões 
de civis haviam morrido como decorrência das operações de guerra, deportações forçadas ou massa-
cres. Desses, talvez quatro milhões eram compostos por armênios, sírios, judeus e gregos, vítimas tanto 
dos combates quanto dos massacres, imputados principalmente ao Império Otomano. Como se todas 
essas desgraças não fossem suficientes para marcar a Grande Guerra na memória dos povos, ao final do 
conflito eclodiu uma epidemia, conhecida como “Gripe Espanhola” que, nos anos imediatamente sub-
sequentes ao conflito, ceifou pelo menos seis milhões de vidas humanas em todo o mundo, embora 
alguns autores citem o número de doze milhões como mais fidedigno. Numa época onde tantos passa-
vam fome e careciam de vestuário, medicamentos e abrigo adequados, a gripe grassou de forma incon-
trolável, assumindo dimensões mundiais. 
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A Primeira Guerra Mundial terminou com a assinatura do Tratado de Versalhes (1919), que pro-
duziu profundas transformações no mapa político da Europa e atribuiu à Alemanha derrotada a res-
ponsabilidade pela eclosão do conflito. Através do Tratado de Versalhes foram criados novos países, 
buscando-se atender aos anseios de autonomia por parte das minorias étnicas e religiosas dos antigos 
impérios Alemão e Austro-Húngaro (derrotados em 1918) e a criação de “Estados-Tampão” que isolas-
sem geograficamente dois países que alguns dos Aliados (Inglaterra e França) consideravam uma ame-
aça à sua segurança, tais como a Alemanha e a recém-constituída União Soviética. 
Com o apoio para o surgimento dessas novas unidades nacionais às expensas dos antigos impé-
rios alemão e russo, os anglo-britânicos contavam em estar criando entidades naturalmente voltadas 
para a contenção de um eventual ressurgimento alemão ou de expansões da Revolução Bolchevique. 
Uma vez que seus territórios haviam sido formados pelo desmembramento desses antigos impérios, 
tais países seriam aliados naturais de ingleses e franceses contra eventuais projetos de redivisão territo-
rial que redundassem emuma expansão tanto russa quanto alemã.
O caráter artificial e improvisado dessa nova divisão territorial levou ao surgimento de novas con-
tradições, conflitos e reivindicações nacionais por toda a Europa, além de ter se revelado profundamen-
te disfuncional do ponto de vista econômico. A divisão territorial de Versalhes fazia somar 38 novas 
unidades nacionais, cada qual com sua moeda, e praticamente nenhuma capaz de lograr a autossufi-
ciência econômica: fazendeiros foram separados de seus mercados, fábricas de seus fornecedores de 
matéria-prima, ferrovias de suas fontes de energia etc. Além da não integração econômica entre esses 
diferentes países, vivia-se profunda crise comercial resultante das consequências da guerra. Para come-
çar, a instauração do comunismo na Rússia, o prolongamento do caos político-administrativo no antigo 
Império Otomano e a eclosão de uma guerra civil na China, opondo comunistas e “nacionalistas”, ter-
minaram por retirar essas regiões do circuito das trocas comerciais em escala mundial. A perda desses 
importantes mercados coincidiu com a redução da elevada demanda por alimentos, combustíveis, ma-
térias-primas e outros produtos oriundos de países da periferia do capitalismo que havia sido gerada 
pela Grande Guerra. Dessa forma, a primeira metade da década de 1920 é marcada por uma considerá-
vel retração do volume do comércio internacional, levando a uma queda geral dos preços, juros e ao au-
mento do nível de desemprego.
Poucas nações tiraram real proveito do conflito como os EUA e o Japão. Livres da concorrência eu-
ropeia, usufruindo do aumento da demanda por seus produtos e serviços por parte dos beligerantes e 
a salvo das destruições que caracterizaram as regiões que foram palco das operações militares, a econo-
mia desses países se diversificou e ampliou. De fato, durante a guerra, os EUA deixam de ser devedores 
para se tornarem credores, transformando-se no grande agente financeiro do planeta e ajudando, por 
meio de seus empréstimos, os países arruinados da Europa a restabelecer em algum grau os níveis an-
teriores de atividade econômica. Contudo, será somente em meados da década de 1920 que a econo-
mia europeia irá retomar os níveis de produção anteriores à Grande Guerra. O Japão aproveitou-se da 
ausência de seus concorrentes para ampliar substancialmente sua influência econômica, diplomática e 
militar sobre a China, a qual contava anexar ao seu império.
A redivisão territorial do Tratado de Versalhes atingiu mais pesadamente a Alemanha, que se viu 
despojada de áreas importantes de seu território que foi, inclusive , separado em duas partes, para garan-
tir que as reivindicações de acesso da Polônia (tornada independente do Império Russo) ao mar fossem 
atendidas. A Alemanha e o Império Otomano perderam também todos seus territórios coloniais para a 
Inglaterra e a França. Mais ainda, coube à Alemanha o pagamento de uma pesada indenização de guerra 
aos vitoriosos, além de ter sido despojada da quase totalidade de seu poder militar e proibida de projetar 
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23|Primeira Guerra Mundial
ou fabricar armas ofensivas. Surgia aí a oportunidade para o aparecimento, naquele país, de grupos polí-
ticos radicais, ultranacionalistas, de extrema-direita, assumidamente “revisionistas” que, na luta política no 
regime democrático alemão da República de Weimar (1919-1933), insistiam em priorizar numa revisão – 
se necessário pela força – dos termos do Tratado de Versalhes a fim de angariarem apoio popular.
Atividades
1. Compare os mapas a seguir e descreva as novas nações que surgiram na Europa, com base em 
sua função como “Estado-Tampão” (se dirigido contra a URSS, Alemanha ou ambos) e origem (se 
Império Alemão, Russo etc.).
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Europa em 1914.
A Europa depois da Segunda Guerra Mundial.
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2. Com base nos dados industriais e tecnológicos estabeleça a proporção em que os Aliados eram 
superiores às Potências Centrais para os indicadores ali disponíveis.
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Comparação industrial/tecnológica com os Estados Unidos, excluindo a Rússia
Reino Unido/ 
EUA/França
Alemanha/ 
Áustria-Hungria
Porcentagem da produção mundial de manufaturados (1913). 51,7 19,2
Consumo de energia (1913), milhões de toneladas métricas de equivalente 
de carvão.
798,8 236,4
Produção de aço (1913) em milhões de toneladas. 44,1 20,2
Potencial industrial total (Reino Unido em 1900 = 100) 476,6 178,4
3. Descreva a relação entre a Primeira Guerra Mundial e a Gripe Espanhola.
Dicas de estudo
É importante que o aluno saiba estabelecer correlações entre os processos que se desenvolvem 
em diferentes esferas de atividade humana. Com base nos escritos de Julio de Mesquita – A Guerra 
(1914-1918) – e Sidney Garambone – A Primeira Guerra Mundial e a Imprensa Brasileira – sugerimos que 
seja interpretado o impacto da guerra submarina sobre a ética nas relações internacionais do período.
24 | Primeira Guerra Mundial
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Revoluções socialistas 
e movimento operário 
Os vários socialismos e suas origens
 O ideal do socialismo agrega o conjunto dos indivíduos, organizações e movimentos que tem 
por objetivo a transformação da sociedade capitalista e a sua superação, através da eliminação da pro-
priedade privada dos meios de produção e a subsequente erradicação das diferenças de classe – e, con-
sequentemente, da própria ideia de classe social.
Talvez o primeiro pensador de inspiração socialista tenha sido Thomas Morus, autor do clássico 
Utopia (1516), onde descreve uma ilha imaginária na qual os bens de produção pertencem a todos e ine-
xistem diferenças sociais entre seus habitantes, todos igualmente dedicados ao trabalho coletivo em prol 
do bem comum.
Com a intensificação da Revolução Industrial em princípios do século XIX e a subsequente expan-
são da exploração e da miséria que é imposta à nascente classe operária, as ideias socialistas ganham 
novo interesse. Surgem novos autores dedicados a idealizar e propor a constituição de sociedades or-
ganizadas com base em princípios socialistas. Desses, os mais importantes são os autores do século XIX: 
Saint Simon, Fourier, Cabet e Proudhon. 
Cada um a seu modo idealizava um tipo de sociedade em que a opressão dos indivíduos inexis-
tiria, uma vez que a vida coletiva estaria baseada na propriedade em comum dos meios de produção e 
na divisão equitativa do trabalho entre todos. Em qualquer um dos autores citados a via escolhida para 
a instauração da sociedade socialista é a persuasão, o convencimento do conjunto dos indivíduos da su-
perioridade do modelo de sociedade ali descrito em comparação com as misérias e agruras impostas à 
classe operária naquela conjuntura. 
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De concepção bem diferente serão as ideias desenvolvidas por Marx e Engels no Manifesto do 
Partido Comunista, de 1848. Ali se defende o ponto de vista de que qualquer esforço para a superação 
da sociedade capitalista fatalmente terá de superar a resistência dos indivíduos que se beneficiam das 
relações capitalistas de produção: os proprietários dos meios de produção, ou simplesmente, a burgue-
sia. Rejeitando o ponto de vista de que a persuasão e o convencimento por si sós seriam suficientes 
para se chegar ao socialismo, defendiam a ideia de que caberia à classe operária, usando de violên-
cia, derrubar e destruir o capitalismo e, ao fim e ao cabo de um processo descrito como a Ditadura do 
Proletariado, impor aos demais indivíduos da sociedade – mas muito especialmente à burguesia – o 
modo de vida socialista.
Em 1864, Marx e seus seguidores fundam a Primeira Internacional Socialista em Genebra (Suíça) 
destinada a congregar todos os indivíduos e organizações que lutavam pela causa, com vistas à reali-
zação de uma revolução de dimensões mundiais. Imediatamente instaura-se uma crise a partir do con-
fronto de Marx e Bakunin, então a mais importante liderança anarquista. 
Etimologicamente anarquia significa ausência ou inexistência de governo. Para os anarquistas a 
plena liberdade humana só pode ser alcançada se cada comunidade, cada indivíduo tiver o poder de 
determinar sua vida, recusando a delegação de responsabilidade sobre o seu futuro a quem quer que 
seja, sempre participando conscientemente da unidade social a que pertence. A revolução que destrui-
ria todas formas de opressão se daria pela ação direta e espontânea de indivíduos, se necessário através 
de organizações julgadas válidas como o sindicato e a comunidade. 
Esses pontos de vista entraram em colisão frontal com os princípios enunciados por Marx no 
Manifesto, no qual a liderança do partido comunista e a imposição de uma Ditadura do Proletariado 
ocupavam um lugar central. O resultado do confronto foi a expulsão da Primeira Internacional de 
Bakunin e seus seguidores em 1872. Pouco tempo depois, a própria Internacional deixava de existir 
(1876). Uma Segunda Internacional Socialista foi fundada em 1889 propondo justamente a substituição 
do Marxismo Revolucionário pelo socialismo-democrático – o qual acabaria por dar origem à Social- 
-Democracia tratada a seguir.
O movimento operário
A principal manifestação do esforço organizacional da classe operária são os sindicatos. Trata-se 
de um tipo de associação de profissionais, empregados ou empregadores, que exercem atividades se-
melhantes, destinada à defesa ou promoção dos seus interesses. Originalmente, esse tipo de organiza-
ção já estava presente na Idade Média, sob a forma das ligas ou corporações de ofícios. Contudo, a partir 
do triunfo das Revoluções Burguesas ao fim do século XVIII, essas corporações foram proibidas, ressur-
gindo de certa forma apenas na clandestinidade. As organizações de caráter profissional se convertem 
então em sociedades secretas. 
Foi somente na segunda metade do século XIX que os sindicatos ressurgem tanto na Europa 
quanto nos EUA, sob a forma de organizações legítimas, destinadas fundamentalmente a reunir e a or-
ganizar a ação política e econômica das diferentes classes sociais. Inicialmente, apenas os trabalhadores 
de mais alto nível salarial, também chamados de “aristocracia operária” gozando de uma situação eco-
nômica privilegiada, é que aderem aos sindicatos. Tratava-se do “sindicalismo de profissão”. 
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Essa modalidade de organização sindical será complementada – em alguns casos nacionais, 
substituída – pelo “sindicalismo de indústria”. Essa forma é a mais importante e a mais numerosa na 
virada do século XIX para o XX, marcada pelo ingresso de grandes massas de indivíduos proletarizados 
que, sem possuírem qualquer qualificação anterior para o trabalho industrial, e também sem terem 
condições de se manterem como cultivadores ou artesãos autônomos, convertem-se maciçamente em 
novos operários industriais. 
A partir daí tem início um prolongado e tenso período de luta da classe operária organizada em 
sindicatos, na busca de melhorias imediatas para a sua condição (salário, férias, seguros etc.) e a trans-
formação do conjunto da sociedade capitalista. Entre os elementos que, a partir dos sindicatos, almeja-
vam esse objetivo, destacam-se os anarquistas, os socialistas e os comunistas1. Não se tem registro de 
êxito dessas iniciativas. Já as melhorias das condições de vida e trabalho demandavam um considerá-
vel esforço organizacional, em especial no que se refere ao planejamento e execução de greves e outros 
protestos, nos quais dois problemas parecem ter sido os principais: por um lado a reação dos patrões e 
das organizações repressivas do Estado, e a dificuldade de se gerar o consenso entre os trabalhadores 
para não enfraquecer o movimento, por outro. 
De todos os problemas que assoberbavam a organização e atuaçãodos sindicatos, o pior de to-
dos parece ter sido mesmo a busca do mencionado consenso. Muito já foi escrito sobre as tensões e a 
luta de classes que opõem patrões e empregados. Na prática, a essas lutas devem ser somados os con-
flitos dentro mesmo da classe operária. Por um lado, existe a necessidade de se erradicar a figura do “fu-
ra-greve”, o indivíduo que se recusa a assumir o risco de perder o emprego por ter aderido à paralisação 
do trabalho, sabendo que se a greve for vitoriosa, de qualquer forma ele mesmo também será beneficia-
do por uma negociação salarial bem-sucedida. Por outro, a concorrência que é feita aos trabalhadores 
pelos desempregados. A existência desse “exército industrial de reserva” no dizer de Karl Marx, é o fator 
mais importante a limitar o êxito da ação sindical dos trabalhadores. 
À luz dessas considerações parece óbvio que o êxito da ação sindical é tanto mais provável quan-
to maiores e mais consistentes forem os índices de crescimento econômico. Numa situação de crise ou 
recessão econômica como foram os anos entre 1875-1914, os empregadores não tinham a menor difi-
culdade em dispensar os trabalhadores insatisfeitos e substituí-los por desempregados dispostos a tra-
balhar por qualquer salário. Já numa outra conjuntura, como aquela compreendida entre 1945 e 1975, 
marcada por um crescimento vigoroso e permanente da economia, com a consequente redução do de-
semprego, as reivindicações operárias tinham muito mais possibilidade de se efetivarem. 
Essas implicações da ação sindical se refletem quase que uniformemente sobre os diferentes ní-
veis da organização operária, ou seja, em âmbito local, regional e nacional. O apelo ao caráter interna-
cionalista da classe operária pelos diversos movimentos e pensadores socialistas jamais redundou em 
resultados concretos no que diz respeito à ação sindical. Mesmo o apelo de caráter mais universal es-
posado, por exemplo, pelo movimento socialista – de recusa à guerra e ao militarismo – não foi capaz 
de mobilizar a ação sindical, como se viu em agosto de 1914, quando, por toda Europa, verificou-se um 
mínimo ou mesmo a inexistência de resistência por parte dos sindicatos à convocação de seus filiados 
para prestarem o serviço militar na Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Os sindicatos de trabalhadores tiveram importância muito maior a partir da implementação de 
políticas públicas destinadas à retomada da produção e do consumo deprimidos pela Crise de 1929. 
No início da década de 1930, antigas reivindicações sindicais, como o reconhecimento do direito legal 
1 Na segunda metade do século XIX, os termos socialismo e comunismo passaram a ser usados como sinônimos. Sua origem remonta às socie-
dades secretas socialistas francesas da década de 1830.
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de representar seus associados, imposição de um salário mínimo, limitação da jornada de trabalho etc. 
acabam sendo incorporadas ao regime jurídico de diferentes nações do mundo, uma vez que nessa con-
juntura tais demandas são percebidas não apenas como do interesse da classe operária, mas como funcio-
nais para a superação da crise econômica. 
A Revolução Russa
Segundo os prognósticos de Marx, uma eventual revolução socialista só poderia ter êxito em al-
gum país pertencente à condição de capitalismo avançado. Altas taxas de industrialização com um cor-
respondentemente elevado efetivo da classe operária industrial, tanto quanto possível sindicalizada 
– que se presumia ser a portadora da missão “histórica” de construir a sociedade socialista – eram enten-
didos como essenciais para o sucesso de uma revolução socialista.
Na realidade, a primeira revolução socialista que conseguiu êxito foi aquela que ocorreu na Rússia 
em 1917. Um exame das condições políticas, econômicas e sociais do país revela o enorme potencial re-
volucionário do país que, paradoxalmente, tinha uma minúscula classe operária. De fato, havia apenas 
três milhões de trabalhadores empregados nas fábricas russas, somando 1,75% da população total. A es-
cassez de capital local para investimentos fazia com que o setor industrial russo fosse pesadamente de-
pendente de recursos estrangeiros, os quais controlavam a totalidade dos setores relacionados com o 
petróleo, metade da indústria química, quase a metade da metalurgia e mais da quarta parte da têxtil. 
A economia russa ainda era essencialmente agrícola, empregando 80% da sua população nesse 
setor. A agricultura era responsável por 63% das exportações do país, e o extrativismo também ocupa-
va um lugar de destaque: 11% das vendas russas para o exterior se constituíam de madeira. Além disso, 
a Rússia era o país de mais alta taxa de concentração de propriedade fundiária. Apenas 10% dos indiví-
duos de origem nobre detinham a propriedade de 75% de todas as terras. No ápice dessa pirâmide so-
cial, 155 pessoas eram donas de um terço de todas as terras cultiváveis. Essas terras eram arrendadas a 
camponeses que pagavam pelo seu uso em dinheiro. 
O governo do Tzar Nicolau II dedicava a maior parte das rendas governamentais aos gastos mili-
tares, restando poucos recursos para a saúde ou educação. Aliás, é importante notar que apenas 30% 
dos russos eram alfabetizados, tendo o país também que suportar a mais alta taxa de mortalidade en-
tre os países europeus. A injustiça social do regime tzarista se manifestava também na estrutura tribu-
tária: a maior parte da receita dos impostos provinha da taxação de bens de consumo como alimentos 
e vodka, que representavam 40% das receitas. Em contrapartida, os impostos sobre os indivíduos mais 
ricos da sociedade somavam apenas 6% da carga tributária. O resultado era uma série de revoltas e mo-
tins desencadeados pelo povo russo quando a péssima situação social os levava à fome. Em 1902, por 
exemplo, foi necessária a intervenção das forças armadas para debelar levantes contra a autoridade do 
Estado todos os dias daquele ano. 
As tensões sociais na Rússia chegaram ao extremo com a entrada do país na Primeira Guerra 
Mundial. O sofrimento e os sacrifícios do povo e das forças armadas russas foram levadas a níveis insu-
portáveis, resultado tanto das sucessivas derrotas sofridas diante de seus inimigos, quanto da inoperân-
cia, corrupção e incompetência do governo russo. Era enorme a insatisfação popular manifesta sob a 
forma de greves, motins e passeatas de protesto. Em março de 1917, o Tzar abdica e o poder é transferido 
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para um governo provisório sob a chefia de Kerenski. Em novembro, o próprio Kerenski abandona o país 
que cai em poder dos membros do partido comunista russo. Ainda naquele mês, Lênin, o líder daquela 
facção, declara a vitória da revolução socialista e a instauração de um governo chefiado por ele.
Em março de 1918, Rússia e Alemanha celebram um tratado de paz que encerra a participação da-
quele país na Primeira Guerra Mundial. Segundo os termos do Tratado de Brest Litovski, a Rússia perde 
para os alemães a Polônia, a Lituânia, a Curlândia, a cidade de Riga e parte do território da Transcaucásia, 
além de pagar uma vultosa indenização em ouro. Ainda em 1918, EUA, Grã-Bretanha, França e Japão 
(Aliados) enviam substanciais efetivos militares para destruir a Revolução Socialista. Essa intervenção 
fracassa, mas dá margem à reorganização dos opositores da revolução que iniciam uma guerra civil con-
tra o novo regime bolchevique. Essa guerra civil irá durar até 1921 e só será encerrada com a vitória do 
Exército Vermelho (bolchevique) sobre seus adversários.
Outras revoluções socialistas
A conjuntura do final da Primeira Guerra Mundial continha praticamente todos os elementos ti-dos como necessários para o desencadeamento de revoluções socialistas: colapso ou desmoralização 
da ordem constituída, enorme insatisfação popular com as condições de vida, prestígio e repercussão 
mundiais da revolução bolchevista de 1917 na Rússia etc. A presença de tais condições dava ânimo aos 
que acreditavam, dentro e fora da Rússia, que havia soado a hora da eclosão de uma autêntica revolu-
ção mundial. 
Ainda em 1918, eclodem outras duas revoluções de inspiração socialista na Europa: a alemã e a 
húngara. Em novembro de 1918, tem início uma revolução na Alemanha, resultado tanto do trabalho da 
organização política do recém-fundado Partido Comunista Alemão, quanto da insatisfação de setores 
populares e das forças armadas (em especial dos marinheiros amotinados da esquadra de guerra ale-
mã) com as péssimas condições de vida e trabalho naquele país. A partir da proclamação da república 
alemã em novembro, é constituído um governo chefiado pelo Partido da Social Democracia Alemã. O 
novo governo rapidamente entra em entendimentos com o exército para esmagar a revolta comunista 
e reinstaurar um governo constitucional, o que de fato acaba ocorrendo. 
Além do alemão, também em outro dos impérios derrotados na Primeira Guerra Mundial estou-
rou uma revolução socialista: na Hungria. O Partido Comunista Húngaro havia sido fundado em 1918 e, 
aproveitando-se da situação caótica criada com o colapso do Império Austro-Húngaro a partir da der-
rota na Primeira Guerra Mundial, é criada em março de 1919 a República Bolchevista Húngara. A dura-
ção desse novo governo será muito breve: em novembro a república bolchevique é derrubada e em seu 
lugar é instalado um governo abertamente contrarrevolucionário. Finalmente, também na Finlândia – 
tornada independente do Império Russo – estourou uma breve guerra civil, opondo os partidários da 
manutenção do capitalismo aos socialistas, a qual irá terminar com a derrota destes últimos.
Com a repressão bem-sucedida das revoluções alemã e húngara, são contidas temporariamente 
as forças socialistas que militavam por toda Europa pela ampliação da Revolução Russa. Persistia, contu-
do, o processo revolucionário na Rússia, o qual só irá concluir a obra de criação de uma sociedade socia-
lista em 1933, com a etapa final da erradicação da propriedade privada naquele país. 
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O surgimento de um Estado de regime autoritário e economia comunista provocou um impacto 
considerável nas relações internacionais do período. Com seu comprometimento com a propagação da 
revolução socialista para todo planeta, a recém-fundada URSS tornou-se alvo de desconfiança, senão 
hostilidade, permanentes por parte das potências capitalistas, bem como de todos os grupos e institui-
ções que se contrapunham aos ideais da Revolução Bolchevique de 1917. Entre esses incluíam-se indi-
víduos de origens diversas, mas que englobavam os defensores da propriedade privada, da sociedade 
de mercado e de diferentes confissões religiosas: por não concordarem com a socialização dos meios 
de produção (em oposição ao ideal capitalista da propriedade privada), com o papel do Estado como 
planejador e gestor da economia (contra as leis da oferta e da procura que vigoram em uma sociedade 
de mercado) e com os ideais do ateísmo e do materialismo soviéticos (contrários à moral cristã) os indi-
víduos desses grupos transformaram-se quase que da noite para o dia nos maiores opositores de tudo 
o que emanava de Moscou. 
A social-democracia
Na década de 1880 começaram a surgir na Europa os primeiros movimentos destinados à funda-
ção de partidos socialistas que almejavam a superação da sociedade capitalista através do voto. Era o 
início da social-democracia. As razões que levaram ao surgimento da social-democracia estão ligadas à 
conjuntura do final do século XIX e início do XX e dizem respeito tanto à correlação de forças políticas 
vigentes quanto às expectativas sobre a futura composição social dos países do capitalismo avançado.
No que se refere à correlação de forças políticas, o principal fator a ser levado em conta é o fracas-
so das tentativas de tomada do poder pelas entidades socialistas pela força, comuns em todo continen-
te europeu, ao longo do século XX. Os aparelhos repressivos de Estado haviam se aperfeiçoado muito 
com a adoção de fichários policiais com fotografias, censura à correspondência e mensagens telegráfi-
cas, acordos entre diversos países para ações repressivas comuns etc. As forças militares e policiais agora 
podiam contar inclusive com extensas reformas urbanas, realizadas no sentido de se otimizar os esfor-
ços da repressão aos movimentos sociais e populares nas grandes cidades. Os riscos inerentes à ação 
revolucionária, caracterizada pela exposição dos militantes a métodos violentos e cada vez mais efica-
zes empregados pelas forças repressivas, servia como desestímulo à tentativa de instauração do socia-
lismo pela força.
Por outro lado, desde a publicação do Manifesto do Partido Comunista, em 1848, vinham se 
confirmando as expectativas sobre a futura composição social dos países do capitalismo avançado. 
Gradualmente eram eliminados os produtores independentes no campo e na cidade, incapazes de com-
petir com a produção em larga escala que se organizava em bases capitalistas. A permanente ampliação 
dos contingentes proletários permitia antecipar o momento em que os trabalhadores seriam a maioria 
dos indivíduos na sociedade. Se eles pudessem ser persuadidos a votarem em candidatos oriundos dos 
partidos socialistas, então necessariamente seriam instaurados governos de esquerda que, dentro das 
regras do jogo democrático, poderiam então construir o socialismo. Um outro estímulo à tentativa de se 
chegar ao socialismo através do voto era a possibilidade de se usar as campanhas eleitorais para fazer 
propaganda da causa socialista e angariar mais membros para os partidos que a defendiam.
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Esses prognósticos levariam algum tempo até se realizar. Teriam necessariamente que esperar 
pela ampliação do direito de voto, ainda bastante restrito na Europa do início do século XX. Contudo, 
à medida que essa ampliação se dava, ia aumentando o percentual de votos dos diversos países so-
cial-democratas por toda Europa. Embora jamais tenham obtido a maioria absoluta dos votos ne-
cessários à formação de um governo que lhes permitisse dispensar o apoio dos outros partidos não 
socialistas, os social-democratas tomaram parte no exercício do poder político – às vezes como chefes de 
governo – em vários países da Escandinávia, na Grã-Bretanha e na Austrália já a partir dos anos 1920. 
As principais dimensões da atuação dos governos de inspiração social-democrata foram as nacio-
nalizações e a instauração do Estado de bem-estar social (welfare state). No primeiro caso, imaginava-se 
que as nacionalizações seriam um caminho viável para a conversão da economia capitalista em socialis-
ta. E a generalização de uma série de direitos econômicos (previdência social, seguro-desemprego etc.) 
era entendida não só como uma etapa necessária rumo à sociedade socialista, como também pré-re-
quisito para o pleno exercício dos direitos civis. De fato, quem não dispõe de um mínimo de estabilida-
de econômica sempre fica à mercê dos favores dos mais poderosos para se manter, e não poderá jamais 
exercer plenamente sua cidadania política. 
As nacionalizações consistiam na encampação da propriedade privada e sua conversão em pro-
priedade estatal em nome do interesse público e foram realizadas extensivamente tanto em função da 
crise de 1929 quanto da conjuntura do fim da Segunda Guerra Mundial, ocasiões

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