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APOSTILA DE ECONOMIA BRASILEIRA

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ECONOMIA BRASILEIRA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Professora: Luciana Girão de Vilhena
Julho/2018
Características de economia brasileira no final do segundo reinado;
Início da primeira república e as crises da reforma bancária de Rui Barbosa e o encilhamento; Caracterização geral do economia brasileira (agroexportadora);
Primeiro governo Getúlio Vargas e as reformas promovidas para modernização do Brasil no comando do estado;
A continuidade do governo Dutra em 1946;
O segundo governo Vargas;
Juscelino Kubtschek – o Plano de Metas (impulso ao modelo de substituição de importação e estímulo à industrialização);
As crises de final do governo JK: inflação e rompimento com FMI;
Golpe Militar, Milagre Econômico: PAEG I, PND I, PND II;
Crise do Petróleo (1973) e suas consequências por toda década 1970 e 1980 (década perdida) – inflação, dívida externa, moratória no governo Sarney (plano cruzado, cruzadinho, Bresser, arroz com feijão);
Inflação no início do governo Collor (planos Collor I e Collor II);
Governo Itamar Franco e Plano Real (estabilidade econômica e baixo crescimento econômico);
Governo FHC com as reformas e a introdução do tripé: regime de volta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário a partir da crise de 1998;
Governo Lula e as políticas de combate à pobreza, a manutenção do tripé FHC, expansão de mercado interno e inclusão social;
Primeiro Governo Dilma, continuidade e endividamento público, crise externa;
Desenvolvimento Econômico e Desenvolvimento no Brasil.
Anexo: INFLAÇÃO
Caracterização da Economia Brasileira no final do Segundo Reinado
O Brasil é resultado da expansão marítimo-comercial europeia que definiu por meio do projeto português de colonização da América os contornos básicos do território, da economia, da sociedade do nosso país. Assim, o Brasil surge como uma construção do império português na América e não como nação independente, participando como polo exportador de riquezas para o continente europeu. Essa marca na formação econômica brasileira viria a se constituir a matriz da estrutura colonial do país, que perdurou mesmo após a emancipação política para a forma de Estado nação em 1889.
Nesse sentido, o desenvolvimento econômico brasileiro dá-se via colonização (marcada pelo atraso econômico e democrático). Dessa forma, a ocupação territorial, as atividades econômicas dinâmicas, o emprego dos fatores produtivos orbitariam em torno da concentração dos meios de produção e do interesse externo. Daí, a estrutura de plantagem (plantation) baseada no trinômio monocultura-latifúndio-escravidão, que permeia todos os ciclos produtivos até 1888 (final séxulo XIX), sem exceção.
1.1 Ciclos Produtivos
O plano de colonização europeu do Brasil, baseado em envio de produtos agrícolas, sem que a metrópole portuguesa tenha grandes sacrifícios, demandaria a seguinte hierarquia de ação da parte dos colonizadores: a) a descoberta de riquezas minerais como ouro e pedras preciosas em escala de alcance favoráveis aos colonizadores; b) o desenvolvimento de alguma atividade produtiva em caráter extensivo que resultasse em produto de alta rentabilidade no comércio internacional; c) o desenvolvimento de alguma atividade correlata que permitesse as buscas de a) e b). As respostas adequadas a essas duas demandas caracterizariam os ciclos produtivos da economia brasileira.
Durante o período colonial (1500-1808), o Brasil apresentou 3 ciclos produtivos primários-exportadores:
1º: Pau Brasil (1500-1532): utilizado para tingimento de tecidos, o pau brasil era abundante no litoral brasileiro, sua exploração constitui a primeira atividade exploratória na colônia. Foi instalado um sistema de feitorias e utilização da mão de obra indígena através do escambo para obtenção das mercadorias.
2º: Açúcar (1532 – meio do século XVII): com a valorização do preço do açúcar no mercado europeu, a produção do açúcar tornou-se economicamente viável na colônia brasileira. Seu plantio estendeu-se no litoral brasileiro, com mais força na região nordeste, onde estabeleceu-se o eixo econômico da colônia. A unidade produtiva era o engenho e a força de trabalho era mão de obra escrava e a tração animal. A produção de açúcar era líder no mercado mundial, só vindo a perder esse lugar quando entraram no cenário americano as produções concorrentes da América Central e Antilhas. Nesse peródo, os produtores nacionais tiveram que investir em outras culturas, como o tabaco baiano, que obteve boa aceitação no mercado europeu. Sintomaticamente, sua decadência deu-se com a proibição do tráfico negreiro no século XIX. É importante ressaltar que durante o período ocorreu a ocupação efetiva do território nacional. A defesa do monopólio açucareiro levou ao alargamento das fronteiras sob o domínio ibérico, com o estímulo ao povoamento de outras faixas de terras, atingindo a região amazônica. A permanência das bases latifundiárias, monocultoras e agroexportadores, contudo, é refletida ainda hoje no subdesenvolvimento da região nordeste do país.
3º Mineração (século XVIII): o ouro brasileiro provocou grandes mudanças que levariam ao esgotamento da primeira fase do açúcar. Porém, as metas não superariam em cifras de produção global o montante de recursos que o açúcar forneceu ao longo da história da colônia. Quando o ouro surgiu no palco nacional houve grande alarde, atraindo todas as atenções locais e internacionais. O ouro atraiu para Minas Gerais, junto com as classes dominantes, um contigente populacional carregado pela ilusão do enriquecimento rápido. Entre 1709 e 1721, expedições realizadas desde os primeiros anos do descobrimento encontraram, finalmente, riquezas minerais (ouro, prato e pedras preciosas) no interior da capitania de São Paulo, um sítio posteriormente nomeado regiãos das Minas Gerais. Entre o final do século XVII e início do século XIX,o Brasil produziu 910,1 mil toneladas.
A descoberta provocou o desvio do eixo econômico da colônia para o sudeste, como também foi o motivo de mudanças significativas na política e administração colonial portuguesa, mantendo-se o caráter extensivo da lavra. O esgotamento das jazidas, no final do século XVIII, marcaria o fim da era da mineração.
Nesse período, outras atividades econômicas também tiveram importância regional na formação das características do Brasil, além das atividades para atoconsumo e subsistência. Podendo-se citar:
Ciclo do algodão no Maranhão, entre final do século XVIII e primeiro quartel do século XIX;
Ciclo do charque na região Sul do país, entre os séculos XVIII e XIX.
O fim do ciclo dos metais preciosos demandava menor esforço fiscal da parte da administração colonial, mas o governo português não teria tempo suficiente para reduzir esse custo aos cofres reais: a fuga da família real para Brasil, em 1808, demandava um grande contigente de funcionários reais para suprir as demandas de estado.
A ação empresarial da colônia brasileira caracterizou-se pelo seu reflexo voltado para fora, baixa rentabilidade e o caráter complementar de empresas voltadas ao mercado doméstico mostram o quanto a economia brasileira era voltada para fora. Isso nos conduz a questão do atraso tecnológico. Trata-se de um ambiente que reproduz as condições econômicas e sociais do subdesenvolvimento. O que se observa desse processo é o crescimento insuficiente do produto e o aumento da capacidade ociosa.
Dessa forma, para Celso Furtado, as raízes do subdesenvolvimento brasileiro estão intrincadas na formação histórica do Brasil, em seu passado colonial, que teria criado e consolidado elementos de permanência na economia e na sociedade, que permanecem reproduzida as condições de desperdícios de estoques de capital e trabalho em meio à escassez caracterizada por sua distribuoção desigual ao produto social e dos meios produtivos.
1.2 A Economia Escravagista Mercantil e o Modelo Primário Exportador
O período colonial termina, de fato, com a vinda da família real para o Brasil em 1808. Ao abrir os portos às “nações amigas”, D. João VI punha fim à relaçãode exclusividade comerial metropolitana em terras brasileiras. Em 1822, foi proclamada a independência, em um processo que em nada altera a ordem econômica, política ou social vigente.
Entre 1831-1840, os latifundiários escravagistas estabeleceram poder hegemônico, controlando o sistema político e criando as regras legais no Estado Brasileiro. Esse período inicial do século XIX também é marcado pelo interesse inglês (maior potência industrial do século XIX) na manutenção da exportação primária.
1.2.1 Características Gerais da Economia Brasileira (1808 – 1930)
As condições arcaicas da estrutura política e o Estado controlado por usineiros, cafeicutores, plantadores de algodão ou pecuaristas retardou o advento do capitalismo industrial em terras nacionais. Durante 1808-1930, a principal atividade econômica era a cafeicutura e as relações da economia nacional com a internacional era pautada pelo domínio da Inglaterra.
1.2.2 A Cafeicutura
Mantidas as condições gerais do regime colonial, a mão de obra cafeeira assentou-se sobre o trabalho escravo ( mesmo 20 anos depois do final da escravidão). Regiões onde era plantada:
Rio de Janeiro (originalmente) / 2ª metade do século XIX no oeste de São Paulo;
Região do Vale do Paraíba (sudeste de MG, RJ e nordeste de SP);
O café era a melhor opção para os fazendeiros em função de seus preços convidativos no mercado internacional (Europa e EUA). Por todo o século XIX, a exportação do café adquiriu tendência ascendente, as flutuações eram apenas devido à sazonalidade da produção (ciclo quinquenal). A ênfase na produção cafeeira levou o Brasil a ocupar posição hegemônica no comérco internacional desse produto. Entre 1875 e 1880 representou mais de 50% da produção mundial da commodity. Isso ocorreu porque os cafeicutores se aproveitavam da demanda crescente do produto impulsionada pelo crescimento da população urbana, que se refletia nos preços do café (dobrou de preço em menos de 50 anos). O valor médio da saca passou de 1,32 libra entre 184 e 1850 para 2,54 libras em 1890. As principais produções complementares onde o café deixava vácuo era a produção de cana de açúcar, fumo, algodão, borracha e mate.
Pode-se destacar o relacionamento existente entre comerciante e fazendeiro na economia cafeeira por seu mecanismo de financiamento (o comerciante era o banqueiro da lavoura e obtinha do fazendeiro exclusividade no preparo e venda do café). Os principais parceiros comerciais do Brasil eram Inglaterra e EUA. 
Outras características da produção cafeeira eram:
O crescimento das exportações liderado pelo café passou a determinar o crescimento econômico do país, cujos ciclos eram vinculados ao próprio ciclo da rubiácea (quinquenal);
Balança Comercial: predominantemente deficitária (1846-1861). A parte superavitária deu-se por conta das contenções de exportações (elevação de taxas alfandegárias);
Forte expansão do produto (metade do século XIX);
Nesse período tiveram início as estradas de ferro, o telégrafo, a fundação dos centros urbanos no Sul (beneficiados pelas primeiras manufaturas);
Os gargalos da produção eram: a dependência de exportações para Europa e EUA e a importação de bens de consumo destes passou a apresentar vulnerabilidade às crises econômicas ocorridas na Europa e EUA;
No longo prazo, a expansão da cafeicultura provocara pressões na economia brasileira:
Aumento da produção, consequentemente aumento da oferta;
Oferta do produto era inelástica diante da demanda externa;
Pressão dos cafeicultores para manutenção de preços ( e ganhos) sobre as autoridades (monarquia e primeira república): margem de ganho através de desvalorizações cambiais e compra de excedentes;
Política monetária restritiva, particularmente no segundo reinado, o que dificultava o fomento de outras atividades em nível interno, o desenvolvimento de uma demanda interna, o que trouxe consequências ao modelo de industrialização posteriormente adotado no Brasil.
Esgotamento do sistema de financiamento da economia cafeeira;
Aumento dos custos para pagar salários (fim da escravidão e chegada de imigrantes).
1.2.3 Vulnerabilidade Externa
Seculo XIX caracterizou-se por crises cíclicas do capitalismo, as quais afetaram a conjuntura econômica reflexa e voltada aos interesses internos do império brasileiro;
1ª metade do século XIX: desenvolvimento da fase mais liberal do capitalismo: divisão internacional do trabalho; livre câmbio; eliminação de fronteiras políticas; integração de economias nacionais; supremacia britânica;
Os movimentos cíclicos que se reproduziam na economia brasileira de forma automática e quase sincronizada afetou negativamente:
O preço das mercadorias exportadas;
A demanda pelas mercadorias exportadas (o café não era assencial);
A disponibilidade de crédito para financiar a produção.
Respostas brasileiras às condições externas:
Falta de meio circulante: a insuficiência de meios de pagamento na economia brasileira era crônica desde os tempos de D. Pedro I. Entraves da expansão monetária: perda do controle de um mecanismo de manutenção dos preços do café; fortalecimento de atividades industriais, que favorecia trabalho livre; mudança na estrutura agroexportadora.
Debilidade das políticas industrializantes: não havia um processo industrial efetivo no país para suprir a grande distância entre a demanda surprida e a demanda efetiva;
Insipiência de políticas de desenvolvimento: com exceção da malha ferroviária, o uso de novas tecnologias não foi difundido de maneira a promover o desenvolvimento, serviu apenas à reprodução e ao incremento da exportação do café;
Crise do trabalho escravo e substituição pelo trabalho assalariado: as liberdades concedidas à massa escrava vinham à conta gotas (política gradualista) e ao custo do desgaste da monarquia. Latifundiários absorvia mão de obra assalariada.
A Guerra do Paraguai: em 1864, o Brasil (aliado a Argentina e Uruguai) entra em guerra contra o Paraguai, com isso o Império teve que recorrer a altos gastos, que pagou através da emissão de papel moeda;
Câmbio se desvalorizou: melhora nas exportações;
A estabilidade do câmbio e do emprego foram mantidas com a redução do papel moeda emitido;
A cafeicultura tinha cada vez mais dificuldades em manter o nível de rentabilidade, recorrendo à safras cada vez maiores;
Queda dos preços do café;
Pressões para expansão monetária.
Recuperação do Segundo Império (finanças governamentais):
Empréstimos contraídos para comprar armas para a guerra do paraguai encontrava-se com suas prestações pagas;
Extração do látex no norte do Brasil era lucrativo e crescente;
Leve recuperação da economia cafeeira.
Fim do Império:
Lei Áurea (1888): a economia brasileira não conseguia ser mais dinâmica;
Perda de credibilidade do império junto às elites;
Golpe militar em 1889: instauração da república.
As crises econômicas enfrentadas pelo império estiveram sempre ligadas a três fatores conclusivos:
Circunstâncias desfavoráveis do país monoexportador;
Problemas crescentes com a inviabilização gradual do uso da mão de obra escrava, resistência na tomada de medidas de favorecimento ao trabalho assalariado por parte dos políticos do império;
Políticas monetárias restritivas e quando expansionistas, insuficientes.
Primeira República (origens da industrialização, crises da reforma bancária de Rui Barbosa e o enchilhamento. Caracterização geral da economia brasileira – modelo agroexportador) – 1889/1930
As restrições apontadas anteriormente persistiram na maior parte dos anos da chamada primeira república (1889-1930);
No entando, as condições da economia brasileira haviam mudado substancialmente com o fim da escravidão e a introdução do trabalho assalariado. Isto possibilitou a liberação de forças econômicas contidas pelo império;
As origens da indústria brasileira: de acordo com Wilson Suzigan, é possível identificar quatro interpretações principais do processo de industrialização brasileira, relacionado com a agroexportação:
A teoria dos choques adversos;
A vantagemdas exportações sobre a industriaização (industrialização via expansão das exportações);
Capitalismo tardio;
Industrialização promovida pelas políticas do governo.
2.1 Teoria dos Choques Adversos
Teoria desenvolvida durante as décadas de 1930-1950;
Segundo essa teoria, a incidência de um choque adverso na economia aumentaria os preços das importações, as tornando impraticáveis. A saída seria um processo de substituição de importações, o que levaria a uma industrialização do país;
Para o período anterior à 1929, tal teoria não encontra identidade com o padrão de crescimento da indústria brasileira.
2.2 Industrialização via Exportações
Estabelece uma relação direta entre o desempenho do setor exportador e o desenvolvimento industrial;
O que se observa para o período anterior à 1929 é:
Avanço industrial correlato à expansão das exportações;
Ao promover o aumento da renda interna, o café criou um mercado para manufaturas;
Com a criação de ferrovias e algum investimento em infraestrutura básica: ampliação do mercado para manufaturados;
O comércio de exportação e importação criou um sistema de distribuição de produtos manufaturados;
A exportação do café supria a economia em moeda estrangeira para importação de insumos e bens de capital para o setor industrial;
Porém, o período posterior a 1933 (declínio da agroexportação) apresenta problemas de congruências empírica com essa interpretação.
2.3 Capitalismo Tardio
Sugere que o desenvolvimento latinoamericano seria um desenvolvimento capitalista, subordinado primeiro a fatores internos e depois a fatores externos;
A transição do trabalho escravo para o assalariado marca a emergência de um novo modelo de produção capitalista;
Crescimento industrial como resultado do processo de acumulação de capital no setor agrícola exportador – fins das décadas 1880 e 1920;
O padrão de acumulação de capital baseado no café teria sido interrompido pela crise da cafeicultura e da grande depressão de 1930;
O promotor do processo não seria mais do setor exportador, mas do crescimento da renda do setor industrial-urbano;
As políticas monetárias e fiscal da década de 1930 e a redução da capacidade de importar: estímulo ao crescimento da produção nas indústrias de bens de consumo existentes;
Houve um processo de rápida industrialização por substituição de importações;
Tal processo foi insuficiente para promoção de indústrias pesadas e de bens de capitais (dependência externa).
2.4 Industrialização promovida por políticas do governo
Grande importância às políticas internacionais do governo para promoção da industrialização;
Meios: proteção tarifária e concessão de incentivos e subsídios;
Não existe análise mais rigorosa quanto aplicabilidade.
Suzigan (1986) elaborou uma divisão operacional para analisar o desenvolvimento industrial brasileiro. Segundo tal divisão, suas origens estariam marcadas por 3 períodos, a saber:
Período anterior à primeira guerra mundial: crescimento econômico induzido por produtos básicos: a expansão do setor exportados seria o motor principal para investimentos em setores complementares ao comércio exterior agrícola;
Período a partir da primeira guerra mundial: os investimentos industriais foram expandidos para a produção de insumos de base e bens antes importados; expansão da capacidade das indústrias da primeira fase;
Década de 1930: o processo de industrialização ocorreu dentro do contexto de crise internacional, pelo processo de substituição de importações.
Com essa breve descrição das grandes linhas de interpretação da origem do capital industrial, passa-se à contextualização desse fenômeno.
2.5 Contextualizando a Origem da Indústria Brasileira
Foi importante para esse processo a forma de inserção de economia brasileira no desenvolvimento do capitalismo mundial. O crescimento do comércio mundial e a exportação de capitais aparecem como condições externas favoráveis para o desenvolvimento capitalista no Brasil do século XIX:
Estabeleceram-se condições gerais para substituição do trabalho escravo pelo trabalho assalariado;
Com a independência política do Brasil e o fim do monopólio português concretizaram-se no momento em que se iniciava a expansão cafeeira: formação e crescimento de uma burguesia comercial;
Estradas de ferro; 
Mecanização e beneficiamento de café; 
Bancos;
Urbanização.
Tudo isso lança bases para uma nova forma de acumulação de capital e gera subsídio para a industrialização. 
A natureza da industrialização dá-se conforme o crescimento induzido por básicos. A expansão do setor exportador fomentou investimentos em indústrias de bens de consumo, bens de produção (insumos para o setor exportador), processamento de produtos de exportação e outras atividades econômicas acessórias às exportações como transporte, casas financeiras e de comércio exterior;
O governo financiou investimentos em infraestrutura na melhoria da modernização da indústria do açúcar, promoção da imigração etc;
No início do segundo reinado verificou-se o surgimento de estabelecimentos fabris em várias províncias brasileiras;
Finda a vigência dos tratados comerciais com a Inglaterra, foram instituídas as tarifas Alves Branco (1847), que tiveram algum efeito sobre a produção nacional;
O registro mais frequente é o de fábrica de tecidos grosseiros;
Transferência da concentração da Bahia, para RJ, MG e SP;
As indústrias desenvolvidas, em sua maioria, eram complementares ou subsidiárias à economia de exportação;
Dependência dessa economia quanto ao crescimento do mercado interno e quanto às importações de matérias-primas, combustíveis e maquinaria;
O crescimento da demanda por manufaturados relacionou-se também, indiretamente, com a economia exportadora: alargamento do mercado originário do crescimento da renda de exportação e seus efeitos no desenvolvimento do sistema de transporte, comércio interno e bancos;
O efeito renda também gerou efeitos na urbanização e imigração;
Gerou-se, com isso, mercado consumidor (pequeno porte e dotado de pouca renda, disposto a consumir);
O desenvolvimento industrial associado à maior disponibilidade de capital causada por ganhos em escala advindos da cafeicultura apresenta-se plausível para o período anterior a 1929;
Reformas turbulentas no Sistema Monetário Nacional: o período 1885-1895 foi marcado por turbulentas reformas no sistema monetário nacional, conhecido como a famosa reforma bancária de Rui Barbosa, ministro da fazenda, em 1890:
Emissão de papel moeda excessiva;
Crise cambial em 1891;
O país viveria uma bolha especulativa (intensa especulação financeira) ligada ao aumento de sociedades anônimas.
Formou-se um ambiente financeiro propício à indutrialização;
O RJ é o primeiro núcleo em que se registra significativo avanço da produção industrial, seguido por SP;
Decadência da indústria carioca:
 sucesso da cafeicultura no vale do paraíba;
Crescente competitividade da indústria paulista.
Estudos específicos sobre a primeira década republicana mostram que, ao lado da especulação, ao período do encilhamento, houve uma capitalização de empresas industriais que levou a uma abundância de crédito e facilidades de abertura de sociedade por ações.
2.6 O Choque Interno de 1929 e o Processo de Substituição de Importações
Intenso aumento da área plantada sem melhoria das técnicas de plantação;
As técnicas de plantação continuaram rudimentares;
Rápido esgotamento do solo;
Abandono das plantações;
Aumento da competição internacional;
1893: primeira crise de superprodução;
1906: segunda crise de superprodução: saturação do mercado consumidor;
Acúmulo de estoque: lucros para agentes intermediários;
Convênio de Taubaté (1906):
Adoção de uma política de valorização do café;
Financiamento externo dos estoques que seriam colocados à venda por ocasião de uma eventual queda na produção.
Efeitos do Convênio de Taubaté:
Levou a novos prejuízos no longo prazo;
A medida que o governo aumentava o preço do café no mercado internacional, incentivava o aumento dasplantações, inclusive em outros países.
Primeira Guerra Mundial:
No final da primeira guerra mundial (1918) houve um aumento no mercado consumidor, que levou a uma onda de prosperidade na economia cafeeira;
O governo interviu novamente com medidas de valorização;
Dois anos depois surgem problemas: aumento da concorrência e aumento do acúmulo de estoques;
Desequilíbrio estrutural entre oferta e demanda;
Quebra da bolsa de Nova York em 1929, que leva a famosa depressão mundial;
Ficava clara a fragilidade de uma economia baseada praticamente num único produto agrícola, cuja demanda era, de certa forma, inelástica e que gerava benefícios exclusivamente para uma oligarquia;
Oligarquia dominante não possuía preocupação em garantir um múnimo de autonomia ao país, mantendo sua estrutura econômica totalmente dependente de flutuações externas, incapaz de gerar desenvolvimento para uma nação;
Dado o colapso de 1929, tornou-se urgente a substituição do modelo de crescimento econômico.
2.7 A Resposta ao Choque Externo e a Substituição de Importações
O período 1929-1933 constitui um marco na história da economia brasileira;
Introdução do pensamento/modelo de desenvolvimento econômico cepalino;
A produção para o mercado interno deveria ser o centro dinâmico da economia brasileira, determinante para os níveis de emprego, produto, renda e taxa de crescimento da economia;
Foi introduzido então o modelo de Substituição de importações , que consistiu no desenvolvimento fechado e parcial de economia agroexportadora, pressionadas por restrições do comércio exterior, que buscaram reproduzir “de maneira acelerada e em condições distintas” a experiência dos países desenvolvidos;
O crescimento da produção industrial na década de 1930 se sustentaria, em primeiro lugar, pela capacidade ociosa existente. A capacidade ociosa utilizada teria possibilitado ampliação por meio da importação à baixo custo de maquinário de outros países;
Por fim, algum tipo de produção de bens de capital passou a dar-se em nível doméstico;
A industrialização, voltada para o processo de substituição de importações (PSI), caracterizou-se pela seguinte sequência:
Estrangulamento externo: queda do valor das exportações com manutenção de demanda interna, mantendo a procura por importações e gerando escassez e divisas;
Ante a escassez de divisas, o governo toma medidas que acabam por proteger a indústria local, aumentando a rentabilidade e competitividade das empresas brasileiras;
As medidas tomadas foram: investimentos nos setores produtores (passa-se à produção interna do que era importado), aumento da renda doméstica;
O aumento da demanda agregada pode causar novo estrangulamento, que então resulta em aumento das importações e de parte dos investimentos que se materializam em nova importação de insumos;
Retoma-se o processo.
A importação substitutiva funcionava como estímulo e limite ao investimento industrial. Tal investimento determinou o crescimento econômico do país, influenciando na urbanização e industrialização
Primeiro Governo Getúlio Vargas e as Reformas Realizadas para Modernização do Brasil no Comando do Estado (1930-1945)
A revolução de 1930 que levou Vargas ao poder constitui-se como um divisor de águas na vida política e econômica do Brasil;
Os anos iniciais da década de 1930 foram de grande instabilidade, não se estava definido os rumos da economia brasileira;
Apesar do quadro de incertezas, três tendências tomaram forma:
Centralização Política: instauração da ditadura do Estado Novo;
Reformas Institucionais: dissolveu o congresso estatal para controle da economia e as câmaras municipais. Criação de aparato estatal para controle da economia;
A questão social virou uma questão do estado: legislação trabalhista, estruturação sindical (mesmo controlada pelo estado). Política repressiva contra movimentos de esquerda.
Situação econômica quando Vargas assumiu (nov/1930):
PIB em contração;
Queda dos preços internacionais do café;
Fuga de capitais;
Desvalorização da moeda;
Contração do comércio exterior;
Termos de troca declinantes;
Escassez de reservas;
Contexto internacional: economias voltaram a se fechar após 1929; acirramento da luta por áreas de influência e as políticas expansionistas da Alemanha, Itália e Japão.
Nesse contexto abriam-se espaços para saídas nacionais da crise:
Intervenção governamental;
Preocupação com diversificação da economia.
3.1 Resposta Brasileira à Crise e o Processo de Industrialização
Política econômica voltada para sustentação da atividade econômica, centrada na defesa do setor cafeeiro. Essa política foi decisiva para rápida recuperação da economia em 1933 (crédito interno, destruição de sacas);
A sustentação do setor cafeeiro contribuiu para manter os níveis de atividade nos setores voltados para o mercado interno, que dependiam do mercado externo. Evitou aprofundamento da crise;
A forte desvalorização cambial elevou os preços dos importados relativamente aos produzidos internamente;
As restrições de importações acabaram protegendo a indústria nacional da concorrência estrangeira e manteve uma demanda interna, o que estimulava a produção interna;
O crescimento da economia passou a depender cada vez mais dos investimentos no setor industrial, esses setores passaram a ser mais dinâmicos e responsáveis pela determinação da renda, do produto e do emprego nacional;
Também foi crucial para a industrialização a ação estatal na economia em prol do desenvolvimento:
Política de defesa do café;
Gastos públicos;
Expansão da base monetária;
Introdução da legislação trabalhista; criação da CLT (1943);
Criação de órgãos de fomento a setores específicos;
O reajustamento econômico perdoou 50% das dívidas dos proprietários rurais contraídas até julho de 1933;
Reforma tarifária de 1934, de cunho protecionista;
Proibição de importações e máquinas e equipamentos para setores considerados em super produção; isenção tarifária sobre importações para outros setores industriais considerados importantes;
Reforma educacional: incentivo ao desenvolvimento de cursos técnicos;
A economia recuperou-se a partir das atividades vinculadas ao setor interno, particularmente o industrial;
Entre 1933-1939, a indústria cresceu 11,2% ao ano (setor de bens de produção);
A agricultura crescia a 2% a.a. A agricultura passou por uma diversificação, mas sem mudança na estrutura agrária;
A política econômica implementada entre 1930-1937 não pode ser considerada um fruto de um projeto desenvolvimentista centrad na indústria, porém mudanças já eram nítidas;
A postura nitidamente industrializante só se verificaria a partir da segunda metade de 1930, no Estado Novo.
3.2 O Nacionalismo e o Projeto de Desenvolvimento de Vargas
No Estado Novo esboçou-se um projeto de desenvolvimento nacional;
Campo Externo:
Política exterior mais independente;
Vargas decreta moratória em 1937;
Controle rígido do câmbio pelo Estado.
Constituição de 1937: nacionalização das quedas d’água, dos bancos e das companhias de seguro; postura radical nacionalista de Vargas;
Aproximação com Alemanha e afastamento dos EUA (acordo bilateral para fornecimento de armas com a Krupp);
Campo Interno:
Incremento de políticas para o desenvolvimento sustentado no mercado interno e na indústria;
Criação de diversos organismos de regulação e fomento (Conselho Nacional do Petróleo, 1938);
Abolição de impostos interestaduais;
Plano de Obras públicas e Reaparelhamento da Defesa Nacional (1939): visava à infraestrutura da indústria de base.
Em fevereiro de 1938, Vargas lança as bases do projeto de desenvolvimento do Estado:
Nacionalização de Setores Estratégicos;
Desenvolvimento dos Transportes;
Instauração de um salário mínimo;
Estado forte com papel na economia;
Dificuldade: financiamento (não existia um sistema bancário nacional);
Financiamento deu-se a partir de bases nacionais:
Criação da carteira de crédito agrícola e industrial do Banco do Brasil;
Flexibilização da legislação com o objetivo de pegar recursosdos institutos de aposentadoria para financiar investimentos;
Implantação do Plano de Obras Públicas (impostos sobre operações cambiais e controle do câmbio para formar um fundo de investimento governamental)
O governo passou por um impasse quanto à articulação de financiamento externo, pois para qualquer lado que pendesse, teria que passar por alinhamentos ideológicos e políticos.
O Estado Novo oscilou entre EUA e Alemanha, mas sem se comprometer com nenhum deles;
Em 1939, os EUA se aproxima do Brasil e consegue enquadrar a nação na política externa norteamericana, recebendo empréstimos de 19 milhões de dólares para saldar atrasos comerciais, retomada do pagamento da dívida externa e liberalização cambial como contra partidas;
Nesse contexto, deu-se a criação da Companhia Siderúrgica Nacional, com financiamento dos EUA (1941);
Usina de Volta Redonda (1945);
Assinatura de muitos acordos bilaterais com EUA: desenvolvimento articulado com capital estrangeiro;
Criação da Companhia Vale do Rio Doce.
3.3 A Economia nos anos Guerra e a Queda do Estado Novo
Durante os anos em que se perdurou a segunda guerra mundial, a economia brasileira apresentou duas fases:
1ª: 1939-1942: relativa estagnação da atividade econômica (PIB cresceu em média 1%, dificuldades de importação em virtude de restrições comerciais);
2ª: 1943-1945: forte expansão (PIB 6%): apesar da recuperação econômica de 1943, os problemas pareciam avolumar-se:
Parque industrial obsoleto e desgastado;
Infraestrutura de transporte e energia defasadas;
Setor financeiro não correspondia às necessidades de financiamento da indústria e agricultura;
Alta inflação;
Crise política devido à entrada do Brasil na guerra em 1942, o que colocava em xeque o regime ditatorial;
O programa industrializante de Vargas mostrou resultados modestos;
Política fiscal restritiva;
Dificuldades para incrementar as receitas públicas;
Valorização da moeda (superávits internos) sem aumento das importações, o que desestimulou a exportação e piorou a inflação;
Concorrência externa no pós guerra (normalização da economia mundial);
Medidas protecionistas causavam atrito com EUA;
Crescimento da oposição liberal;
A tentativa de Vargas de conduzir a transição do regime fracassou e um golpe militar o derrubou em 1945. O projeto desenvolvimentista de Vargas, parcialmente implantado, condicionaria os rumos da economia brasileira nas décadas que se seguiram.
A Continuidade do Governo Dutra (1946-1951)
Logo após o fim da segunda guerra, o país redemocratizou-se;
Dutra foi eleito (PSD);
Seu governo foi baseado nos princípios liberais de Bretton Woods e da política seguida pelo governo Truman;
Os EUA eram a potência capitalista dominante;
4.1 Ilusão de divisas
O volume de reservas internacionais parecia bastante confortável. Julgava-se ainda que o Brasil era credor político dos EUA em função da sua colaboração na segunda guerra mundial. Acreditava-se também que uma política de câmbio liberalizante fosse atrair investimentos diretos estrangeiros, o que iria equilibrar o BP;
Medidas tomadas em função disso:
Câmbio mantido à paridade de 1939;
Mercado livre instituído;
Abolição das restrições e controles de câmbio por parte do governo central;
Resultados dessa política:
Esgotamento de divisas;
Pressão inflacionária;
Escassez de divisas;
Diante da impossibilidade de manter a política anterior, o governo:
Voltou ao controle cambial;
Sistema de licenciamento de importações.
Resultados:
Superávit comercial;
Recuperação dos preços do café em 1949;
Melhoria na política de substituição de importações: melhorou a rentabilidade da indústria voltada pro mercado interno;
Importância da política de crédito do BB.
Pode-se citar três efeitos relacionados à combinação de taxas sobrevalorizadas e do controle de importação:
Efeito Subsídio: preços artificialmente mais baratos para bens de capital, matéria prima e combustíveis;
Efeito Protecionista: restrição à importação de bens competitivos;
Efeito Combinado: alteração da estrutura das rentabilidades (estimular a produção para o mercado doméstico em comparação com a produção para exportação).
Enquanto no mundo capitalista desenvolvido, especialmente os países europeus envolvidos na reconstrução pós-guerra, o planejamento estatal era intensamente utilizado, o governo Dutra teve como única tentativa de intervenção planejada o Plano Salte. 
4.2 O Plano Salte
Era uma tentativa de coordenar gastos públicos destinados aos setores de saúde, alimentação, transporte e energia;
Dificuldade: inexistência de formas de financiamento (empréstimos e RF);
Objetivo: estimular e melhorar as condições de vida da população brasileira por meio de setores estratégicos;
Resultados: foi abandonado em 1951 por não alcançar seus objetivos (contudo, houve a criação da CHESF e de um plano de valorização da Amazônia);
O Governo Dutra acabou sendo um fracasso.
Fracasso do Plano Salte;
Inflação gerada pela diminuição de divisas;
Queda do poder aquisitivo;
Desgaste da imagem do presidente Dutra junto à maioria da população;
Dutra afastou o proletariado, que deixou de apoiar o governo.
4.3 Política Econômica Interna
O governo Dutra, de ideologia desenvolvimentista liberal, implantou uma política econômica ortodoxa até 1949;
O principal problema a ser enfrentado era a inflação (11% em 1945 e 22% em 1946). O diagnóstico do processo inflacionário era explicado pelo excesso de demanda agregada;
A eliminação da inflação se daria via uma política monetária contracionista através da:
Redução dos gastos privados;
Política fiscal austera para acabar com os déficits fiscais acumulados nos anos anteriores.
Resultados:
A contração dos investimentos gerou pequenos superávits;
A política monetária foi pressionada pela expansão do crédito para financiamento da indústria;
O PIB cresceu 9,7% em 1948;
A inflação teve uma pequena queda, mas voltou a crescer em 1948;
Dutra trocou de Ministro da Fazenda (Correa a Castro) sendo este um ponto de inflexão na política em 1949;
Em 1949 oubservou-se enorme déficit público;
A expansão do crédito levou a aumentos da inflação;
A proximidade das eleições presidenciais gerou apelo para aumento dos gastos;
Entre 1949-1950, o PIB passou de 7,7 a 6,8% (retração);
Aumento da demanda do setor industrial;
A pressão anticomunista levou a uma potencial consolidação do PTB, que consolidou sua posição com a classe trabalhadora;
Ao mesmo tempo, Vargas firmava-se como “pai dos pobres”, abrindo caminho, assim, para retomada do seu projeto desenvolvimentista e seu retorno ao poder.
O Segundo Governo Vargas
Em Marx encontramos as primeiras tentativas de organizar a análise econômica com base na interação entre os setores produtivos ou entre os vários departamentos. Esses departamentos da economia seriam dois: o departamento I, produtos de bens de capital e intermediários e o departamento II, produto de bens de consumo. Historicamente, o departamento I é responsável pelo maior impulso no crescimento das economias capitalistas industrializadas, assim uma economia cujo setor I não é bem desenvolvido encontra dificuldades para o prosseguimento de uma acumulação capitalista equilibrada.
A análise departamental está presente nas mais interessantes tentativas de análise e interpretação da economia brasileira. Pode-se interpretar o desequilíbrio departamental como um desenvolvimento insuficiente do setor I, que resultariam em pontos de estrangulamento que limitaram e diminuiram o ritmo de crescimento, levando a economia à crise.
5.1 Conjuntura Política Internacional
Guerra Fria (EUA X URSS);
Interesses americanos voltados para a reconstrução europeia e japonesa;
Os aliados latinoamericanos ficaram relegados a um outro plano menos importante;
Aumento da dependência de seus mercados internos e movimentos de capitais privados para financiamento dos seus déficits em transações correntes e de seus projetos desenvolvimentistas;
Fortalecimento de movimento anticolonialistas e de afirmaçãonacional, focando no desenvolvimento político e econômico.
5.2 O Projeto Nacionalista de Getúlio Vargas
Para o Governo Vargas, o projeto de desenvolvimento seria fundamental para articular sua heterogênea base de sustentação política;
O crescimento acelerado da economia responderia aos interesses da burguesia comercial, ao mesmo tempo em que criaria as condições necessárias para incremento de empregos e salários;
A partir da observação da economia brasileira em departamentos, pode-se notar que quando os setores I e II começam a asumir relevância no conjunto da produção industrial, os resultados para a economia brasileira são mais interessantes. Foi exatamente o que começou a acontecer na economia brasileira no início de 1950, com a tentativa de Vargas de implantar indústrias de base no Brasil;
Empreendimentos estatais consubstanciados no Brasil:
Criação da Petrobrás;
Operacionalização da CEN;
Operacionalização da Companhia Vale do Rio Doce;
Projeto da Eletrobrás.
A proposta nacionalista de Vargas restringiu, num primeiro momento, o financiamento externo na forma de participações de capital;
O financiamento era via lucro das atividades industriais, política de valorização cambial e transferência dos excedentes do setor agroexportador para a indústria;
Criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) em 1952, o que foi fundamental para financiamento dos projetos de infraestrutura de transporte e energia e, posteriormente, implantação industrial;
Instrução número 70 da SUMOC: condicionava as importações aos interesses industriais mediante o “leilão” de divisas com câmbio diferenciado conforme essencialidade da importação;
Os leilões passaram a ser fonte de arrecadação de verbas para o governo, além de manter a política cambial de favorecimento à indústria substitutiva;
Em 1950 ocorreu aumento da disposição norteamericana de colaborar com o vasto programa de equipamento e expansão da infraestrutura, através dos estudos desenvolvidos pela CEPAL;
Em 1950 formou-se a Comissão Mista Brasil-Estados Unidos (CMBEU), que foi fundamental para o sucesso das aspirações de desenvolvimento econômico;
Esse ambiente favoreceu a elaboração de um projeto em duas fases:
Estabilização econômica: consistia em equilibrar as contas públicas com o objetivo de reduzir a inflação e impantar uma política monetária restritiva;
Empreendimentos e Realizações: criação do BNDE, e da Petrobrás; esses empreendimentos ajudariam a modernização do país.
Resultados (1951/1952):
Redução das despezas do setor público em 1951;
Superávit do orçamento da União em 1952;
A política monetária foi contracionista;
A política creditícia foi expansionista;
Persistência do processo inflacionário.
Política Cambial: câmbio fixo e sobrevalorizado;
Política Externa:
Adoção de um regime de concessão de licenças para importar, mas que não teve muito sucesso, posto que nos primeiros meses as importações foram liberadas, o que gerou como resultados: aumento de 55% nas importações de bens de capital; aumento de 22% nos bens de produção; graves desequilíbrios na balança comercial;
Em 1952, as receitas de exportação se reduziram em 20% em relação ao ano anterior;
Assim, o país foi levado a uma crise cambial, que impediu sua estabilização;
Em 1952, com a mudança de presidência dos EUA, que voltou-se para outros interesses, os projetos elaborados pela CMBEU foram deixados de lado. Em 1953 a CMBEV se desfez.
Principais problemas (período 1953-1954):
Fim da CMBEU;
Colapso cambial;
Financiamento do déficit público (sem emissão de moeda e sem expandir crédito).
Reforma Ministerial de 1953:
Teve como objetivo principal: estabilização da economia;
Adotou o regime de taxas múltiplas de câmbio;
Objetivo específico: aumentar as exportações e reduzir as importações não essenciais, através da entrada de capítais à taxa de câmbio do mercado livre, com isso esperava-se estimular o ingresso de capitais do exterior;
Resultados: queda de 11% das exportações; os fluxos de capitais não aumentaram; queda na entrada de IDE.
Em 1954, com uma melhora da BC, a preocupação volta-se à inflação;
Nomeação de Jango para o MTE e aumento de 100% do salário mínimo;
Aumento da inflação;
Desfecho da Era Vargas: a tentativa de Vargas implantar o setor de bens de capital e intermediários em nossa economia encontrou dificuldades políticas típicas de um projeto nacionalista; conforme o desenrolar do seu mandato, aumentavam as divergências entre as classes que, em tese, sustentariam o governo. De um lado os trabalhadores (base mais firme) aumentaram suas reivindicações. De outro lado, os empresáios que mostraram seu descontentamento com a instrução 70 da SUMOC, pois gerava aumento dos custos de importação e desvalorização cambial. Uma nova crise cafeeira seria creditada ao governo e foi capitalizada politicamente pela oposição. O agravamento da crise levou Vargas ao suicídio;
Conclusão: o padrão de desenvolvimento industrial foi apenas parcialmente implantado por conta de ausência de um esquema consistente de financiamento e também por falta de um decidido apoio da classe industrial a uma ação mais abrangente do Estado na economia. Outro fator foi a fragilidade do setor externo, que obteve baixo desempenho. Por fim, no centro do palco, o problema da inserção da classe trabalhadora.
5.6 Governo Café Filho e a Abertura da Economia 
Café Filho inicialmente tentou adotar o liberalismo e a política econômica ortodoxa nomeando para ministro da fazenda Eugênio Gudin, economista liberal. Política de Gudin:
Cortes nos gastos públicos;
Política de contração monetária e creditícia;
Permissão às empresas estrangeiras instaladas no Brasil de importar maquinário sem cobertura cambial (Instrução 113 da SUMOC);
Resultados:
Falta de liquidez;
Aumento das falências e pedidos de concordatas.
Devido à proximidade das eleições que lançava Jânio Quadros para presidente, fizeram Café Filho nomear para a pasta da Fazenda o banqueiro ligado a agricultura paulista José Maria Whitaker;
Meta de Whitaker:
Eliminar o conjunto cambial, que reduzia a lucratividade das exportações;
A política de contenção de crédito foi eliminada;
Com apoio do FMI, unificou-se as taxas de câmbio (existiam 10 taxas distintas).
Contudo, a reforma liberalizante não foi efetivamente realizada pois chocava-se com interesses políticos dos principais apoiadores da sucessão de Café Filho;
Whitaker foi exonerado sem conseguir sua reforma cambial e nem defender os interesses da cafeicultura.
Juscelino Kubtschek e o Plano de Metas: Planejamento Estatal e Consolidação do PSI 
A experiência de planejamento estatal vivenciada no governo JK, consolidada através do Plano de Metas é considerada um caso bem sucedido de formulação e implementação do planejamento;
No contexto mundial, a ideologia desenvolvimentista, sinônimo de industrialização, havia se tornado chave para escapar do subdesenvolvimento;
Ao contrário de Vargas, houve grande aceitação do capital externo. Os grandes investimentos estatais em infraestrutura, bem como as empresas estatais do setor produtivo, estariam a serviço da acumulação privada.
6.1 Planejamento Estatal – 50 anos em 5
O planejamento da atividade econômica no Brasil iniciou-se na era Vargas, quando foi constituída a CMBEU para elaboração de projetos que seriam financiados pelo EXIMBANK (EUA), pelo Banco Interamericano de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD); 
Em 1953 a criação do grupo misto CEPAL/BNDE tem como objetivos:
Realizar levantamento dos principais pontos de estrangulamento da economia brasileira em áreas estratégicas;
Identificar a demanda reprimida que não poderia ser atendida por importações;
Propor projetos e planos específicos para esses pontos de estrangulamento (ex: indústria automobilística).
6.2 O Plano de Metas (1956-60)
Era um conjunto de 31 metas para estabelecer uma estrutura industrial integrada e madura;
Meta-síntese: construção de Brasília, a nova capital do país;
Setores principais de investimento do governo: energia,transporte, siderurgia, refino de petróleo;
Racionalidade do Plano:
Estudos do BNDE;
Demanda reprimida por bens de consumo duráveis (importante fonte de crescimento);
Desenvolvimento de setores da economia brasileira.
Para realização do plano deveria ocorrer:
Readequação da infraestrutura;
Eliminação dos pontos de estrangulamento;
Criação de incentivos para entrada de capital estrangeiro nos setores selecionados (necessidades financeiras e tecnológicas).
Financiamento do Plano:
Tratamento preferencial ao capital estrangeiro;
Expansão dos meios de pagamentos e do crédito via empréstimo BNDE;
Crescimento privado: empréstimos a curto prazo (BB); aumento do déficit;
Crescimento do investimento direto do setor público na formação bruta de capital fixo;
Esse tipo de financiamento gerou mais inflação.
A divisão do Plano de Metas:
Investimentos estatais em infraestrutura;
Estímulo ao aumento da produção de bens intermediários;
Estímulo a introdução dos setores de consumo de bens duráveis e de capital.
Avaliação do Plano de Metas:
Os incentivos dados aos capitais estrangeiros permitiram a entrada de investimentos externos;
As isenções fiscais e garantias de mercado (protecionismo para novos setores) atraíram muitas multinacionais para o Brasil;
O plano atacava os pontos de estrangulamento e impedia o aparecimento de novos setores;
Os investimentos geravam demanda derivadas e pedia novos investimentos, com isso nasciam pontos de germinação;
Dessa maneira, os novos investimentos sustentavam o crescimento.
Resultados do Plano de Metas:
Crescimento do PIB e da renda per capita, superando o próprio objetivo do plano;
As metas setoriais em sua maioria foram alcançadas;
Aumento do déficit público.
Resultados Negativos:
Elevação da inflação;
Elevação dos gastos públicos;
Necessidade de reforma monetária;
Aumento da concentração de renda;
Crescimento do déficit do balanço de pagamentos;
Implantação de um plano de estabilização monetária que previa/executou: contenção do gasto público e do crédito; moderação nos reajustes salariais; reforma no sistema de taxas de câmbio.
Para dar continuidade ao Plano de Metas, rompeu com o FMI, apesar dessa decisão agravar os problemas da inflação e dos desequilíbrios das contas externas;
Dicotomia social.
Conclusões:
JK conseguiu contornar temporariamente a problemática do financiamento interno e externo, apesar de ter acirrado as contradições econômicas e sociais, preparando terreno para a crise do início da década de 1960;
JK seguiu uma política industrializante baseada no mercado interno relaticamente fechado, com ampla participação do capital estrangeiro, com a crescente entrada de empresas multinacionais;
JK agia, assim, em consonância com a nova fase da economia mundial aberta em meados dos anos 1950;
Por fim, a economia brasileira cresceu aceleradamente com a opção pelo desenvolvimento associado (setor público, privado e estrangeiro). Porém, o conjunto da sociedade não se beneficiou desse desenvolvimento;
Aumento das tensões sociais: de forma crescente, os trabalhadores começaram a denunciar o pacto populista.
Jânio Quadros e João Goulart 
Em 1961, Jânio Quadros vence as eleições e herda problemas macroeconômicos decorrentes do governo Jk. Para tentar equilibrar as distorções, lançou um pacote de medidas de cunho ortodoxo com medidas que continha:
Desvalorização cambial;
Unificação do mercado de câmbio;
Contenção de gastos públicos;
Política monetária contracionista;
Redução dos subsídios dados às importações de trigo e petróleo;
Resultado:
Reescalonamento da dívida externa;
Obtenção de novos empréstimos nos EUA e Europa.
Dificuldade: Jânio não possuía base parlamentar de sustentação e renunciou em 1961.
7.1 João Goulart 
Como o vice Jango estava em viagem e tinha forte oposição do congresso, por suas tendências consideradas supostamente de aproximação comunista, o congresso nacional aproveitou a ocasião para mudar o regime do país de presidencialista para parlamentarista;
Assim, Jango assume com poderes diminuídos, tendo como primeiro ministro o militar cearense Tancredo Neves;
Panorama da Economia:
Elevação do patamar inflacionário (de 30% para 47%);
Taxa de investimento recuou e houve queda na formação bruta de capital;
Leve redução da dívida externa em virtude de um modesto aumento das exportações;
A experiência parlamentarista durou até 1962.
Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social – 1962
Elaborado pelo economista cepalino da corrente nacionalista ligada ao setor público;
O plano tinha como bjetivo econômico conciliar crescimento econômico com reformas sociais e o combate à inflação;
O plano era contrário à ortodoxia monetarista;
Furtado dava ênfase ao aprofundamento do PSI para enfrentar estrangulamentos externos;
Propôs ampliação do mercado interno e reforma agrária;
Resultados:
Foi enviado aos EUA uma missão de reescalonamento da dívida externa, mas não houve renegociação de prazos. O Brasil enfrentou pouca receptividade do governo dos EUA em virtude da política externa adotada pelo país;
Ocorreu uma aproximação entre Brasil e Cuba;
Jango reajustou o salário mínimo em 56%;
A inflação passou a acelerar-se (mantendo-se elevada até 1963);
O descontrole das contas públicas permaneceu, bem como o aumento da oferta de moeda e a permanência dos déficits do BP;
Observou-se também no período redução da entrada de divisas;
A pressão social aumentou, inclusive com invasões de terras.
Em um comício na central do Brasil, Jango declara a assinatura do projeto supra, que daria início às reformas de base;
Acirrou o clima de desconfiança e com o apoio do exército dos EUA foi dado um golpe militar em 1964 e Castello Branco assume o poder.
8. GOLPE MILITAR, MILAGRE ECONÔMICO: PAEG I, PND I, PND II
8.1 Ruptura Democrática e o Modelo Dependente e Associado
- A tomado de poder pelos militares em 1964 pôs fim ao chamado “populismo” no país;
- Os governos populistas eram acusados pelo pensamento econômico conservador de serem excessivamente redistributivos, pois buscavam distribuir uma renda ainda não existente, conhecido por Populismo Econômico;
- O Populismo Econômico geraria, segundo seus críticos, pressões inflacionárias e dificultaria o processo de acumulação de capital;
- O Regime Militar assume o país em 1964 com uma postura “tecnocrática-modernizante”, comprometida com a superação das políticas populistas de João Goulart, consideradas atrasadas e ultrapassadas.
Prioridades do Governo Militar:
- Retomada do Crescimento Econômico;
- Normalização das relações exteriores com Organismos Financeiros Internacionais;
- Maior integração com os países capitalistas desenvolvidos, especialmente com os EUA. Com isso o Brasil assume uma clara subordinação: aprofundamento do modelo de “capitalismo dependente” e “associado”, já hegemômico no Brasil desde o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek.
Consequências:
- Aumento da internacionalização brasileira com relação aos capitais externos;
- Consolidação de uma oligopolização;
- Predomínio das empresasmultinacionais;
- Aumento da dependências externo do país, determinante para os rumos da economia brasileira.
O PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo) – 1964-1967
8.2.1 Equipe Econômica
- Roberto Campos (Ministério do Planejamento) e Octávio Bulhões (Ministério da Fazenda);
- Corrente de pensamento econômico: desenvolvimentistas ligados ao setor privado e não nacionalistas.
Objetivos
- Reverter o processo de estagflação em que o país se encontrava (PIB crescendo 0,6% e inflação de 83% em 1964);
- Acelerar o ritmo de Crescimento Econômico;
- Conter o processo inflacionário: processo gradualista;
- Atenuar desequilíbrios setoriais e regionais;
- Aumentar o investimento e com isso o emprego;
- Correção dos déficits do BP.
Diagnóstico
- Processo inflacionário devido à excesso de demanda, causado pelos déficits públicos, expansão do crédito, aumentos salariais acima da produtividade(diagnóstico ortodoxo monetarista);
- O plano deveria atuar em duas linhas principais de ação a serem adotadas:
	1. Plano de emergência para combater eficazmente a inflação;
	2. Reformas Estruturais(fiscais e financeiras).
Principais Medidas do PAEG
- Ajuste fiscal através do aumento das receitas do governo e controle das despesas via aumento da arrecadação tributária e das tarifas públicas;
- Política Monetária Restritiva: controle da emissão de moeda e de crédito e arrocho salarial;
- Política de Controle de Crédito: aumento das taxas de juros, o que provocou falências, concordatas e fusões de empresas;
Principais Resultados do PAEG (parte 1)
- Formação de capacidade ociosa (desemprego), fator importante para o crescimento econômico futuro;
- Redução da inflação para 20% a.a;
- Fraco crescimento do PIB.
8.2.5. 	Reformas Institucionais do PAEG
- Reforma Tributária;
- Reforma Monetária-Financeira;
- Reforma da Política Externa;
Reforma Tributária
Objetivos
a) Aumentar a arrecadação do governo e racionalização do Sistema Tributário;
b) Definir uma estrutura tributária capaz de incentivar o crescimento econômico.
Principais Medidas
i) Instituição da arrecadação de impostos;
ii) Alteração do sistema tributário:
- Transformação dos impostos tipo cascata (aqueles que incidem em cada transação sobre o valor total) em impostos do tipo valor adicionado;
	- Impostos Criados: IPI, ICMS, ISS;
- A utilização de impostos serviu como instrumentos de política de desenvolvimento para facilitar concessões de isenções tributárias às atividades específicas.
iii) Redefinição dos Espaços Tributários entre diversas esferas
- A União ficou com o IPI, IR, impostos únicos, impostos de Comércio Exterior e Imposto Territorial Rural;
- Aos estados coube o ICMS e aos municípios ISS;
 - Foram criados fundos de transferência governamental: Fundos de participação dos estados e municípios (que se baseavam em parcelas de arrecadação do IPI, IR e ICMS)
- Deu-se o surgimento de fundos parafiscais, FGTS e o PIS, duas importantes fontes de pupança compulsória, direcionado ao setor público e incidentes sobre a renda dos trabalhadores.	
Principais Consequências
Aumento da arrecadação;
Aumento da centralização tanto da arrecadação como das decisões de política tributária;
Subordinação dos estados ao Governo Central;
A Reforma Tributária deu-se de forma regressiva, beneficiou as classes mais altas (poupadores) com incentivos e isenções fiscais sobre o IR;
A maior parte do aumento da arrecadação foi devido aos impostos indiretos.
 Reforma Monetária-Financeira
Objetivos
Criar condições de conduta independente da Política Monetária.
Medidas
Instituição da Correção Monetária e criação das Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN), que tinham como objetivo a eliminação da ineficiência do Sistema Financeiro e o estímulo à poupança e ampliação da capacidade de funcionamento da economia, para possibilitar o funcionamento do mercado aberto;
Criação do Conselho Monetário Nacional (CMN) e do BACEN: para criar condições para que a política monetária fosse conduzida de forma independente;
- O CMN substituiu a SUMOC;
- O BACEN passa a ser o executor da política monetária, agente fiscalizador e controlador do sistema financeiro.
iii) 	Criação do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e do Banco Nacional de Habtação (BNH);
	 - O ojetivo era eliminar o déficit habitacional existente devivo a falta de financiamento do setor e regulamentar e fiscalizar a atração dos agentes, prestar assistência a liquidez;
	- Os demais agentes eram Caixas Econômicas, Sociedades de Crédito Imobiliário (SCI).
iv) Reforma do Mercado de Capitais
	- Os Bancos Comerciais para operavar no crédito de curto prazo;
	- Os Bancos de Investimento para atender crédito de médio e longo prazo e fazer captação de depósitos a prazo;
- Bancos de Desenvolvimento para financiar operações de fomento pelo repasse de fundos fiscais.
Reforma da Política Externa
Objetivos
Estimular o desenvolvimento econômico evitando as pressões sobre o balanço de pagamentos, devendo, para isso, melhorar o comércio exterior brasileiro e atrair capital estrangeiro;
Medidas
Estímulo as exportações via incentivos fiscai e insenções;
Modernização dos órgãos ligados ao Comércio Exterior;
Simplificação e unificação do sistema cambial – adoção do sistema de minidesvalorizações cambiais;
Instituição de mecanismos para atração de capital externo, tais como reaproximação com a política externa americana, renegociação da dívida externa, realização de acordos de garantias para o capital estraneiro, permisão do acessos direto das empresas ao SFI, possibilidade de captação de recursos pelos bancos comerciais e de investimento para repasse interno
8.2.6. Conclusões
- Aumento da inflação;
- Aumento dos custos;
- Reforma Financeira lenta;
- As reformas alteravam o quatro institucional da economia brasileira;
- O PAEG não cumpriu totalmente com as metas estabelecidas e não gerou distribuição de renda.
O Milagre Econômico (1968-1973)
O que se convencionou chamar de “Milagre Econômico” brasileiro foi um período de intenso crescimento do PIB e da produção industrial entre 1968 e 1973 (crescimento médio de 10% a.a.), com inflação estável. A economia brasileira beneficiou-se do comércio internacional e dos fluxos financeiros internacionais o que fez aumentar a abertura comercial brasileira e a abertura financeira em relação ao exterior. Observa-se nesse ciclo expansivo, novamente, nos setores produtores de bens de capital e bens de consumo durável. A consequência do endividamento externo foi a crise dos anos 1980. Ao mesmo tempo em que ocorreu um intenso crescimento econômico, agravaram-se as questões sociais, com forte concentração de renda e queda de importantes indicadores de bem-estar social.
Fatores importartantes para a ocorrência do Milagre Econômico:
Reformas institucionais do PAEG;
Recessão do período anterior;
Existência de capacidade ociosa no setor industrial;
Crescimento da economia mundial.
8.3.1 Costa e Silva (1967-1968)
Equipe Econômica: Delfim Neto (responsável pela política econômica durante os mandatos de Costa e Silva e Médice);
Diagnóstico da inflação: não mais de demanda, passando a ser de custos (decorrente da capacidade ociosa existente e dos altos custos financeiros)
8.3.1.1 Objetivos das Políticas Econômicas
Retomada do crescimento acompanhado da contenção da inflação;
Adoção da política monetária expansiva, com aumento do crédito, que representaram o afrouxamento da contenção da demanda;
Adoção de uma política de contenção de preços, cujos reajustes deveriam ser previamente aprovados. Para tal foi criado o Conselho Interministerial de Preços (CIP) em 1968
8.3.1.2 Medidas
A busca pelo crescimento deveria ocorrer através do investimento em setores diversificados da economia e com participação do Estado;
É importante observar que o crescimento era uma necessidade para legitimar o regime militar e recolocar o país nos trilhos.
8.3.1.3 Fontes de Crescimento
Retomada do investimento público em infraestrutura;
Aumento do investimento em empresas estatais;
Aumento da demanda por bens duráveis, com expansão de crédito ao consumidor e ampliação do mercado, o que gerou endividamento familiar. O setor de bens duráveis foi o líder do crescimento (23,6% a.a.);
Incremento da construção civil, que cresceu muito por conta dos investimentos públicos nessa área;
Crescimento das exportações, atendendo ao crescimento do comércio internacional, favorecido pelas mudanças na política externa e calçado por fortes subsídios;
Entrada considerável de volume de capital estrangeiro.
8.3.2 Avaliação do Milagre Econômico
Teve seu ápice em 1973 com o crescimento do PIB em 14%. Contudo, a expansão econômica gerava pressão para importação e não havia oferta interna para responder;
Foram concedidos incentivos de forma indiscriminada e foi bastante liberal nas importações;
Essas importações eramfinanciadas pelos lucros das exportações, que foram dadas graças à minidesvalorização cambial, crescimento do comércio internacional e do excesso de liquidez internacional;
O setor exportador apresentou boa performance;
O endividamento externo aumentou, cresceu em torno de 9 bilhões de dólares e sua motivação é explicada por mudanças no sistema financeiro internacional e ausência de mecanismos de financiamento de longo prazo da economia brasileira;
Outro ponto importante a ser destacado é a elevação da participação do estado na economia;
O estado controlava os principais preços da economia (câmbio, salários, juros, tarifas) e respondia pela maior parte das decisões de investimento.
8.3.3 Críticas ao Milagre Econômico
Gerou concentração de renda;
Crítica à teoria do bolo: primeiro crescer para depois dividir o produto nacional;
Aumento da demanda por mão de obra qualificada;
Subestimação da inflação.
8.4 Emílio Garrastazu Médice (1969-1974) e o I PND
A principal ação econômica do governo Médice foi a implantação do I Plano Nacional de Desenvolvimento, em 1971, cujos economistas idealizadores, João Paulo Reis Vellosa e Mario Henrique Simonsen, são ligados ao pensamento desenvolvimentista privado.
8.4.1 Objetivos do PND
Aumentar a taxa de crescimento econômico;
Manter a taxa de inflação anual abaixo de 20%;
Aumentar as reservas de câmbio internacionais;
Preparar a infraestrutura do país para os próximos 20 anos nos setores de transporte, telecomunicações, indústria naval, siderurgia e petroquímica.
8.4.2 Medidas
Articulação de empresas estatais com bancos oficiais e outras instituições públicas na elaboração de políticas setoriais
8.4.3 Resultados
Construção da usina hidrelétrica de Itaipu;
Construção da ponte Rio-Niterói;
Construção da Rodovia Transamazônica
8.4.4 Avaliação
As primeiras metas foram atingidas: crescimento do PIB em torno de 15% e a inflação ficou um pouco abaixo de 19%.
8.4.5 Conclusões
Inflação volta a se elevar;
Balanço das Transações Correntes deficitárias;
A crise internacional no petróleo (1974) interrompeu o ciclo e forçou mudanças no rumo da economia, levando Ernesto Geisel, sucesso de Médice, a lançar o II PND. O Brasil, que importava 80% do petróleo que consumia, viu um aumento de 1400% no preço do barril de petróleo.
8.5 Ernesto Geisel e o II PND (1974-1978) e a Crise da Dívida Externa
O II PND, embora fosse uma resposta à crise conjuntural da economia brasileira, também tinha como objetivo superar o próprio subdesenvolvimento do país, eliminando estrangulamentos estruturais da nossa economia. O governo assumiu uma postura nacionalista, ainda que fosse contraditório e dissociado dos anseios e necessidades da maior parte da população do país.
8.5.1 Cenário Internacional: 1º Choque do Petróleo
Os preços do petróleo quadruplicaram em um curto espaço de tempo, o que contribuiu para o aumento da inflação e para acentuar os desequilíbrios nas contas externas, visto que o Brasil importava 80% do petróleo que consumia. Esse novo quadro teria obrigado o governo a adotar medidas para desaquecer a economia, agravando a crise ao milagre econômico. Nesse período também se observou aumento da dependência externa, em virtude da dependência brasileira em relação ao petróleo. Nesse contexto o novo governo decidiu, em fins de 1974, bancar um ambicioso programa de investimentos, o II PND.
8.5.2 O II PND
Foi uma aposta brasileira em expandir o endividamento (quando toda as economias adotavam políticas recessivas);
Foi pautado na expectativa de que a crise do petróleo era passageira;
Objetivos:
- Volumosos investimentos concentrados nas indústrias de insumos básicos;
- Concentrar os investimentos no setor produtor de bens de capital e insumos intermediários;
- Alterar a matriz energética do país;
- Aumentar a exportação de insumos industriais (minério de ferro, alumínio, aço etc);
- Manter o crescimento econômico em torno de 10% a.a, com crescimento industrial de 12% a.a.
Financiamento:
- Grande participação de financiamento externo, através de empréstimos;
- O processo foi conduzido por bancos privados;
- Os resultados que entraram no país financiaram os déficits em transações correntes;
- Há uma deficiência nesse esquema de financiamento: os empréstimos eram concedidos a taxa de juros flutuantes, mas na conjuntura econômica mundial já não se efetuaram taxas de juros reais.
Deve-se observar que dentro da estratégia do II PND havia a intenção de mudar o setor dinâmico responsável por alavancar o crescimento econômico
- O setor produtor de bens de consumo seriam as empresas multinacionais;
- O setor produtor de bens de capital e insumos básicos seria constituído pelo capital estatal e privado nacionais.
Medidas do Plano:
- Investir nos setores energéticos (aço, alumínio, zinco, minério de ferro);
- Diminuir as necessidades de importação;
- Aumentar a capacidade hidrelétrica;
- Aumentar a produção de carvão;
- Dotar o país de energia nuclear;
- Ampliar a prospecção de petróleo;
- Investir em ferrovias e hidrovias.
Os avanços estatais em projetos de investimentos no setor de insumos gerava demanda derivada e estimularia o setor privado a investir em bens de capital. Para isso foram dados vários incentivos pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico (CDE), tais como crédito do IPI sobre a compra de equipamentos e insenção de imposto de importação;
Resultados:
- O plano teve dificuldades de ser implantado devido sua própria magnitude, dentro de um contexto de crise internacional;
- Outro obstáculo encontrado refere-se asua estrutura de financiamento ineficiente;
- Agravamento da inflação;
- Desequilíbrios das contas externas e das contas públicas;
- Impacto na indústria não foi correspondendo com as expectativas geradas;
- OPIB sofreu desaceleração a partir de 1976;
- O II PND não contava com apoio político e financeiro
Conclusões
- A implementação do plano, sob o peso desses problemas, foi acelerada em 1977, com o adiamento de grandes projetos, principalmente nas áreas de infraestrutura, insumos básicos e energia
8.6 João Figueiredo (1979-1985)
8.6.1 Cenário Internacional
Segundo choque do petróleo em 1979, que duplicou os preços internacionais, trazendo uma nova onda de desaceleração na economia mundial, o que limitou a margem para políticas econômica;
Altas taxas de juros internacionais, o que fez aumentar mais ainda a dívida externa e pressionar o Balanço de Pagamentos;
Endividamento externo elevado e crescente;
Esse cenário mostrou a vulnerabilidade da economia brasileira aos condicionantes externos.
8.6.2 Cenário Interno
Pressões inflacionárias geradas por excesso de demanda;
Desequilíbrio das contas públicas;
Desequilíbrio externo;
Redução da carga tributária;
Governo Figueiredo marcado por um gradual processo de abertura política: volta dos exilados, liberdade sindical e reforma partidária;
O período foi marcado também pela “onda neoliberal”, cujas ideias tiveram como maiores expoentes Milton Friedma e Frederich Hayek;
As ideias neoliberais preconizavam o extremo laissez-faire e o Estado deveria preocupar-se com a defesa nacional, direito de propriedade e cumprimento dos contratos.
8.6.3 Medidas
Choque ortodoxo;
O discurso desenvolvimentista era pautado no combate à inflação com crescimento econômico;
Controle sobre a taxa de juros;
Expansão do crédito para agricultura;
Controle do comércio exterior via política cambial e tarifária;
Máxima desvalorização cambial de 30% do cruzeiro em 1979;
Aprovação de uma nova lei salarial (ajustes semestrais)
8.6.4 Resultados
Aceleração inflacionária;
Deterioração das contas externas;
Ampliação da dívida externa
8.6.5 Conclusões
O peso da dívida externa e a explosão inflacionária de um modo geral inviabilizou o crescimento da economia brasileira. O remédio preconizado pelos organismos financeiros internacionais quase matou o paciente. Além disso, o poder de interferência do Estado na economia foi erodido pelas políticas ditadaspelos países credores;
A seção seguinte discutirá o problema da dívida do ponto de vista brasileiro e suas repercussões nas conjunturas econômicas da primeira metade dos anos 1980
8.7 Crise da Dívida Externa
8.7.1 Cenário Internacional
A política ortodoxa na década de 1980 ditava as linhas de medida econômica nas economias;
O diagnóstico da inflação era novamente um excesso de demanda;
Com taxas de juros elevadas, tinha-se uma maior dificuldade de obter recursos;
Nesse contexto, não só o Brasil, como a América Latina como um todo passava por um duro processo de endividamento;
Em 1982 o México decreta Moratória (evento conhecido como setembro negro). A partir disso, os bancos norte-americanos romperam com os fluxos de recursos para contratação de empréstimos aos países em desenvolvimento, ameaçados pela inadimplência.
8.7.2 Medidas
A partir daí toda a organização gerencial pública nos anos 1980 guiou-se em torno da dívida externa e como administrá-la.
Sob a tutela do FMI, o Brasil tomou as seguintes medidas:
- Contenção da demanda;
- Política monetária e de crédito contracionista;
- Redução salarial.
8.7.3 Resultados
Profunda recessão em 1981 e 1983;
Queda da renda per capita;
Inflação acelerada;
Dívida externa era 80% composta pela dívida pública;
Necessidade urgente de gerar superávit nas contas públicas. O governo passou a endividar-se internamente, com isso a dívida foi transferida do setor externo para o interno;
Superávit externo comercial;
9. NOVA REPÚBLICA
Nos anos 1980, a economia brasileira foi marcada por graves desequilíbrios internos e externos;
Logo no início da década, o país enfrentou sua mais grave recessão desde a Grande Depressão de 1929;
Em 1982, as autoridades econômicas recorreram formalmente ao FMI;
O PIB brasileiro caia e a inflação disparava, culminando em hiperinflação em 1989;
A chamada Década Perdida (1981-1990) caracterizou-se pela queda dos investimentos, desempenho medíocre do PIB, aumento do déficit público, crescimento das dívidas internas e externas e pela ascensão inflacionária;
O agravamento da crise econômica gerou pressões sobre os governos militares que se tornaram insuportáveis e, em 1985, começa a Nova República;
Tancredo Neves (PMDB) foi eleito por uma maioria conservadora, mas não chegou a tomar posse porque veio a falecer. No seu lugar assumiu o vice-presidente, José Sarney;
Sarney enfrentou a inflação com os chamados choques heterodoxos (políticas de renda e congelamento de preços);
Os vários choques implantados por Sarney não conseguiram controlar a inflação.
9.1 Planos de Combate à Inflação
Como a Economia Brasileira era muito fechada nos anos 1980, a população não era capaz de identificar o grau de sucateamento da Indústria Nacional;
Os patamares que os índices de preços atingiam a cada ano mostravam que o problema central a ser combatido era a escalada de preços;
Observou-se a ineficiência da abordagem ortodoxa monetarista no combate a inflação;
Resgatou-se a interpretação estruturalista da inflação: a inflação teria aspecto inercial por conta das expectativas dos agentes geradas, em virtude de uma memória inflacionária alimentada pela correção monetária;
Era importante o diagnóstico correto da inflação brasileira;
As abordagens divergiram e puderam ser definidas de várias formas.
9.1.1 Tentativas de Diagnosticar a Inflação Brasileira e as suas correntes de pensamento (ortodoxa, heterodoxa)
Abordagem Ortodoxa: a causa da inflação era a excessiva expansão monetária. O governo gastava mais do que arrecadava;
Abordagem heterodoxa: a causa da inflação era inercial. A expectativa de inflação futura seria determinada pelos preços atuais e passados, mesmo que as condições de custos no futuro sejam outras. Além disso, havia uma indexação de preços baseada em um setor relevante da economia. O mecanismo se retroalimentava.
Objetivo da Política Econômica: romper o círculo vicioso sem cair no mesmo erro anterior de liquidar o processo de crescimento.
9.1.2 Primeiro Plano de Combate: Francisco Dornelles e a sua ortodoxia
Objetivo: alinhamento com o FMI – arrochos monetários, fiscais e salarial;
Resultados:
- Em um primeiro momento houveram ganhos na Balança Comercial (1984-1985);
- Contudo, Dornelles ignorou a necessidade de manter investimentos expansivos e medidas de apoio ao comércio exterior (aumento do saldo da Balança Comercial);
- Em um segundo momento houve reversão (1986-1987): forte desalinhamento de preços; Dornelles torna-se impopular com a base governista que considerava os arrochos excessivos.
9.1.3 Segundo Plano de Combate: Dílson Funaro e o Plano Cruzado
A queda de Dornelles cedeu lugar para experimentação em política econômica: o plano cruzado de 1986 de Dílson Funaro;
Característica principal do plano: heterodoxia;
Objetivo principal: combater a inflação através do crescimento de mercado interno;
Medidas:
- Nova moeda (cruzado): 1 C z$ = 100.0 Cr $
- Congelamento de preços (exceto de energia elétrica);
- Congelamento Salarial: deveria ser convertido pelo poder de compra dos últimos 6 meses mais um abono de 8% (transferência de renda para trabalhadores)
- Gatilho Salarial: acionado toda vez que a inflação atingisse 20%.
- Taxa de câmbio fixada ao nível de 27 de fevereiro;
- Política Monetária: com vistas a acomodar a demanda (taxa de juros com variável de ajuste)
- Política fiscal: não se estabeleceram metas;
- Proibição da indexação em contratos com prazo inferior a um ano.
Resultados: 1º Momento
- Sucesso Inicial;
- Queda da taxa de inflação (15% para 0%);
- Grande apoio popular;
- Congelamento de preços;
- Crescimento econômico (elementos: herança do período anterior, consumo, investimento);
- Explosão do consumo (antes reprimido);
- Queda do desemprego;
- Abonos salariais para atender a demanda e evitar greves.
Resultados: 2º Momento
- Colapso;
- Escassez de produtos (leite, carne, automóveis);
- Maior demanda por importados, o que estimulou a sobrevalorização do cruzado;
- Evasão de divisas. 
9.1.4 Terceiro Plano de Combate: O Cruzadinho
Objetivos: 
- Acomodar e esfriar o excesso de demanda agregada;
- Promover poupança interna.
Medidas:
- Empréstimos sobre a venda de automóveis, combustíveis e viagens internas;
- Poupança forçada;
- Criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND): financiar um plano de metas do governo.
Resultados:
- Não conteve o consumo;
- Desequilíbrio externo e fiscal;
- Crescimento do PIB
9.1.5 Quarto Plano de Combate: O Plano Cruzado II (1987)
Objetivos:
- Controlar o déficit público através de aumentos de impostos indiretos e tarifas públicas;
- Aumentar o PIB em 4%.
Medidas:
- Reajuste de preços de bens de consumo;
- Reajustes de tarifas e impostos públicos;
- Criação de incentivos fiscais para poupadores;
- Volta das minidesvalorizações cambiais
Consequências:
- Volta da inflação;
- Acionamento do gatilho salarial;
- Alta de juros: número recorde de falências empresariais;
- Deterioração das contas externas;
- Fuga de capitais.
Em 20 de fevereiro de 1987 o governo Sarney decreta moratória dos juros da dívida externa;
Cai Dílson Funaro e entra Bresser Pereira.
9.1.6 Quinto Plano de Combate: O Plano Bresser 
A nomeação de Bresser servia para dar certo alívio aos grupos exportadores. Suas ações consistiam em:
Tentativa de reaproximação com o FMI e o clube de Paris;
Elaboração de um plano macroeconômico;
Duas desvalorizações do cruzado;
Ideia central:
- Estimular as exportações;
- Realinhar os preços;
- Pagar os juros da dívida externa
Característica híbrida: ortodoxo e heterodoxo;
Medidas:
- Política fiscal e monetária contracionista;
- Congelamento de preços por 3 meses;
- Aumento dos preços públicos (previamente);
- Desvalorização cambial de 9,5% sem congelar o câmbio;
- Fim do gatilho e do congelamento de salários por 3 meses;
- Criação da URP (Unidade Referência de Preço) – média geométrica dos meses anteriores (para corrigir