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VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES DIGA NÃO À VIOLÊNCIA. LILIANE TAISE TAVARES MARCELLY IDALINA L. RODRIGUES VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES LILIANE TAVARES MARCELLY IDALINA Dedico este livro aos pais, responsáveis e educadores. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ....................................................................05 MAUS-TRATOS.........................................................................07 TIPOS DE MAUS-TRATOS......................................................09 AS CONSEQUÊNCIAS DAS PRÁTICAS DE MAUS-TRATOS CONTRA O INFANTO-JUVENIL ............................................17 1. 2. 3. 4. PREFÁCIO Compreender os aspectos legais e sociais dos maus- tratos na Infância e Adolescência e as consequências dessas práticas no âmbito social. Verificar a proteção das crianças e adolescentes, realizando a interpretação dos maus-tratos nas legislações específicas, as formas de proteção legal da criança e do adolescente e o papel do Estado em face da fiscalização e acompanhamento das vítimas dessa prática. A metodologia do trabalho é a análise bibliográfica e documental da legislação vigente e as alterações sofridas. Demonstrar nas legislações específicas, os tipos de maus-tratos sofridos pelos menores e a proteção da criança e do adolescente resguardadas na Constituição Federal, Convenção Internacional sobre os direitos da Criança, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei da Palmada. O resultado da pesquisa identificou a consequência da prática dos maus-tratos e o papel do Estado diante da efetividade de proteção à vítima, com o intuito de alertar a sociedade para a prática e identificar as consequências na criança e no adolescente sobre a prática de maus-tratos contra o infanto-juvenil. 4 1. APRESENTAÇÃO Atualmente, a política predominante é baseada no entendimento de que a infância, somada à influência do meio social, é fundamental e determinante para a construção do caráter humano, razão pela qual ocorreu a reformulação política, despertando o comprometimento nacional para alcançar todos os atores da sociedade na responsabilização social. A partir desse momento, o Estado deixou de ser o responsável único, para ser integrante desse novo cenário ao lado da família e da sociedade, todos responsáveis pela infância e adolescência, conforme disposto na Constituição Federal. A criação da lei da palmada, para conter e proibir o uso de castigos físicos, maus-tratos, tratamento cruel ou degradante, e garantir os direitos das crianças e adolescentes, alterou o ECA e o Código Civil brasileiro. Dentre os maus tratos sofridos por crianças e adolescentes, podemos citar a violência sexual, bullying, disciplina violenta, maus-tratos psicológicos e físicos. Deve-se olhar para essas práticas com cuidado, e incentivar o conhecimento da sociedade sobre essa situação vivida por menores todos os dias. Tendo em conta a responsabilidade da sociedade com a preservação dos direitos e garantias fundamentais da criança e do adolescente, mostra-se necessário uma abordagem mais ampla sobre o tema. Faz-se necessário e fundamental o despertar da sociedade em virtude da responsabilidade do cuidado da criança e do adolescente, preservar seus direitos e garantias fundamentais. Essas crianças e adolescentes são vítimas vulneráveis do meio em que vivem, necessitando de todos os integrantes da rede de proteção legalmente criada, pois são incapazes psicológica e fisicamente de se manterem sozinhos no convívio social. 5 AGRADECIMENTO Agradeço à minha Família, aos meus amigos , aos docentes pelo desempenho em sala de aula, compartilhando o conhecimento e experiências, agregando valores inestimáveis ao aprendizado. 6 2. MAUS-TRATOS Os maus-tratos são considerados crime, a prática de colocar em perigo a vida ou a saúde de alguém, seja para qualquer fim, abusando nos meios de correção ou disciplina educacional. No artigo 136, do Código Penal, relata a definição da prática e suas derivações. Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de um a quatro anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990). Decreto-Lei 2.848, 1990. No Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 5º relata o significado da prática de Maus-Tratos: Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. (OLIVEIRA, 2002, p.16). 7 No artigo acima citado, fica resguardada a proteção mínima necessária em face da criança e do adolescente, coibindo o descuido, a falta de cuidado, qualquer tipo de ação ou omissão que não atenda às suas necessidades básicas de alimentação, educação, higiene, saúde e lazer. O Estatuto da Criança e do Adolescente, tem como objetivo principal, evitar e reprimir as violações aos direitos dos infato-juvenis.Na Lei 13.010/14, Lei da Palmada, ressalvou especificamente, os Maus-Tratos: Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em: a) sofrimento físico; ou b) lesão; II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: a) humilhe; ou b) ameace gravemente; ou c) ridicularize. Lei nº 13.010, de 26 de Junho de 2014. 8 3. TIPOS DE MAUS-TRATOS Atualmente, o maus-tratos está presente em todos os lugares, na casa do menor, na pracinha, no shopping, na escola ou em qualquer outro lugar. As vezes presenciamos essa prática, mas não percebemos, pois é algo que infelizmente passa despercebido na sociedade. A proteção à criança e ao adolescente é uma prioridade absoluta, garantida pelo ECA e pela CF em seu artigo 227, sendo “dever da família, da sociedade e do Estado assegurar ao menor, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de evitar a ocorrência de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. 9 A contradição social e moral, não surpreende boa parte de nós, dos profissionais da educação, da saúde, da assistência social, da rede de proteção e garantia de direitos, que tentamos enfrentar todos os dias as violências trazidas das ruas, de casa, das telas, dos maus ou equivocados serviços e dos ódios sociais. A violência mais atendida nas unidades de saúde, contra crianças e adolescentes de 0 a 13 anos, é o estupro, que ocorre na própria casa da vítima em 58% dos casos. Entre aqueles com 10 a 19 anos, a violência sexualé igualmente a mais sofrida, na maioria contra as meninas . 10 Os agressores são na maior parte os próprios pais, padrastos, familiares, namorados ou pessoas conhecidas das vítimas. Dados mundiais assemelham-se, 90% das adolescentes de diversas nacionalidades, vítimas de violência sexual, denunciam que o autor da primeira violação era alguém próximo ou conhecido. Infelizmente, apenas 1% delas procura ajuda profissional após o estupro 8 pelo medo da rejeição social e familiar, e pelas ameaças sofridas pelo agressor. 11 Além do abuso sexual, a violência contra crianças e adolescentes abrange os maus-tratos físicos e emocionais e a negligência. No mundo, e possivelmente no Brasil, há uma média de uma em cada quatro crianças vítima de maus tratos físicos, segundo a Organização Mundial da Saúde. À medida que as crianças crescem, também se tornam comuns a violência entre colegas e a violência nas relações íntimas — bullying, brigas, violência sexual e agressão, muitas vezes com armas de fogo e armas brancas.O Bullying é a violência que ocorre com maior frequência entre colegas de escola, “caracterizado pela agressão, dominação e prepotência entre pares (crianças ou jovens). 12 Envolve comportamento intencionalmente nocivo e repetitivo de submissão e humilhação. Colocar apelidos, humilhar, discriminar, bater, roubar, aterrorizar, excluir e divulgar comentários maldosos são alguns exemplos (Lopes Neto, 2005)”. Um quinto dos adolescentes entrevistados pelo IBGE 14, do 9º ano do ensino fundamental, admitiram praticar bullying. Já a proporção de vítimas é mais do que o dobro, segundo pesquisa da Unicef no Brasil, 43% de meninos e meninas do 6º ano (11 e 12 anos) disseram que sofreram bullying nos últimos meses. 13 Ódios e intolerâncias praticados contra meninas e mulheres, pobres, pretos e pardos, indígenas, pessoas em situação de rua, homossexuais e LGBTs, deficientes, contra aqueles que tenham um formato de corpo, de pensamento, de religião, hábitos ou origem culturais diferentes. Intolerâncias que levam a respostas irracionais ou de desprezo à vida. A Lei da Palmada, deixa expresso que a garantia de sua aplicabilidade se estende não apenas aos pais, mas também aos assemelhados, educadores, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação... 14 As saídas são muitas, milhares, e ocorrem todos os dias em sala de aula, quando professores, mesmo com uma carreira demonizada por fake news e ódio político, além de salários aviltantes, contêm a implosão de sofrimentos que muitos alunos carregam para a escola. Esses educadores buscam oferecer novos significados às vidas conturbadas de seus alunos, e procuram através da ferramenta do conhecimento, dos diálogos, do esporte, do lazer, da cultura e de afetos, romper com os altos muros das desigualdades e preconceitos. Há muito ainda o que ser aperfeiçoado na educação pública e privada brasileira, inclusive como ambiente também segregador daqueles que tiram as melhores ou piores notas. 15 O bom rendimento escolar acaba por se tornar um filtro fino, em que só passam os vitoriosos contra muitas dificuldades, e para um grupo mais seleto ainda dos que conseguem se destacar. Com todos os desafios e necessidades de melhoria, a escola é um fundamental e imprescindível fator de proteção de nossas crianças. A Rede de Proteção a Crianças, Adolescentes e Jovens: Previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente e na publicação intitulada “Linha de Cuidado e Atenção Integral a Crianças, Adolescentes e Famílias em Situação de Violências” , a Rede de Proteção e Garantia de Direitos das Crianças, Adolescentes e Jovens é composta por órgãos com diferentes e complementares responsabilidades. 16 4. AS CONSEQUÊNCIAS DAS PRÁTICAS DE MAUS- TRATOS CONTRA O INFANTO-JUVENIL As consequências podem ser de natureza leves ou graves, umas podem ser notadas externamente como as marcas, cicatrizes ou deformações físicas, já outras podem ser internas, e difíceis de ser identificadas como os traumas, transtornos de estresse pós-traumáticos. O trauma é constantemente revivido pelo indivíduo acometido por meios de lembranças instrusivas (imagens de eventos, pensamentos ou percepções), pesadelos envolvendo o evento traumático, flashbacks que envolve a sensação de o evento está ocorrendo novamente e grande sofrimento psíquico quando o indivíduo é defrontado com estímulos que lembrem o trauma. (FALCONE; OLIVEIRA, 2013, p. 14;15). A maioria das pessoas sofrem alterações em seu convívio social, após sofrer um evento traumático, podendo desenvolver um medo devido aquela determinada situação, causando ansiedade, angústia, podendo essa sensação diminuir com o passar do Tempo, ou aumentar dependendo da capacidade cognitiva de cada indivíduo. A criança que sofre esse tipo de violência, acaba absorvendo e reproduzindo futuramente, e influenciando em sua formação na fase adulta, segundo Vigotsky, a formação do indivíduo ocorre entre o sujeito e a sociedade ao se redor, ou seja, a interação com ambiente, a influência do meio. 17 18 Uma dica, identificando qualquer tipo de violência, disque 100, é um serviço de proteção de crianças e adolescentes com foco em violência sexual, funciona diariamente, 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. As ligações podem ser feitas de todo o Brasil por meio de discagem gratuita, de qualquer terminal telefônico fixo ou celular e Disque 188 é o Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias”. 19 MAUS-TRATOS FÍSICOS MAUS-TRATOS PSICOLÓGICOS 20 VIOLÊNCIA SEXUAL NEGLIGÊNCIA