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Relatorio de estágio Autismo e afetividade

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CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI – UNIASSELVI
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
BETINA KNABBEN DA SILVA
AFETIVIDADE NO TRANSTORNO DO ESPECTO AUTISMO
TORRES
2018
BETINA KNABBEN DA SILVA
AFETIVIDADE NO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISMO
Relatório de Estágio apresentado na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso: Relatório de Estágio do Curso de Especialização Lato Sensu em Neuropsicopedagogia do Programa de Pós-Graduação Lato Sensu do Centro Universitário Leonardo da Vinci – Uniasselvi.
Orientador(a): Rejane Clezar
TORRES 
2018
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
	2.1 Transtorno do Espectro Autismo
	2.2 Aspectos Neuropsicopedagógicos do Transtorno do Espectro Autismo
3 OBSERVAÇÃO
4 COLETA E ANÁLISE DE DADOS
	4.1 Solicitação de estágio e carta de apresentação
	4.2 Autorização da família da aluna
	4.3 Histórico e memorial descritivo da instituição
	4.4 Levantamento de dados da aluna
5 INTERVENÇÕES 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
8 ANEXOS 
“O amor não prende, liberta!
Ame porque isso faz bem a você, não por esperar algo em troca. Criar expectativas demais pode gerar decepções. Quem ama de verdade, sem apego, sem cobranças, conquista o carinho verdadeiro das pessoas”.
Chico Xavier
1 INTRODUÇÃO
Atendendo os dispositivos da lei de diretrizes e bases da Educação Nacional 9394/96, a Educação Especial APAE de Passo de Torres tem por finalidade prestar atendimentos especializados nas áreas educacionais, de saúde e de assistência social a pessoa com Deficiência Intelectual e outras deficiências associadas a esta e transtorno do Espectro Autista, visando o desenvolvimento de suas potencialidades, valorização, preparação para o trabalho e o pleno exercício de sua cidadania.
O Presente estágio foi realizado com uma aluna de 20 anos, com diagnóstico em Transtorno Global do desenvolvimento, transtorno opositor desafiador e deficiência intelectual, matriculada na APAE de Passo de Torres, que possui 52 alunos, atendendo em 2 turnos, turmas de diferentes particularidades e atendimentos especializados, com os técnicos de psicologia, fonoaudiologia, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional. O local é composto por 6 salas de atendimento, direção, 8 professores, 5 técnicos e 36 alunos. A instituição foi fundada em 2004 e tem como objetivo oportunizar um ensino que possa desenvolver as habilidades e que promova a independência em diversas áreas da vida humana em família e na comunidade. Neste sentido deverão ser objetivos e estratégias funcionais para as diversas áreas: domésticas, escolar, comunitário e de trabalho. Nesta pesquisa de campo estará envolvida a equipe diretiva da escola, funcionários, técnicas, família, as 2 professoras de turma e os professores de área que trabalham com ela (artes visuais e educação física). O TEA constitui-se em um conjunto de características específicas que afetam o desenvolvimento de diversas maneiras, causando alguns comprometimentos. Historicamente a forma de compreender o TEA vem mudando em nível de causalidade, diagnóstico e até tratamentos. Tendo em vista a dificuldade do contato social e afetivo de crianças TEA, optei por este tema. 
O que se conhece hoje com o TEA consiste num feixe de componentes particulares percebidos no indivíduo geralmente até os 3 anos de idade, destacando entre esses um comportamento alheio, uma inabilidade em se relacionar socialmente e responder adequadamente aos estímulos externos, que pareçam passar despercebidos aos seus olhos, além de peculiaridades no estabelecimento de vínculos afetivos e dos padrões de comunicação verbal e não verbal.
A neurociência traz estudos bem instigantes dentro do TEA, focando no espelhamento dos neurônios e na repetição.
Este trabalho terá grande importância no contexto escolar e pessoal, pois irá identificar se o contato físico de um profissional dedicado e que trabalha com amor, pode reduzir as cargas de agitação e estresse do aluno no período de aula, levando em conta os sentimentos e a auto estima do sujeito. O estágio será focado no aspecto emocional da aluna e a quem ela identifica este contato, sejam eles direcionados aos cuidados pessoais e/ou orgânicos. Optamos por este tema, por observar que o contato verdadeiro de cuidados e zelo, pode fazer toda a diferença na vida do sujeito com transtorno global do desenvolvimento, seja ele severo ou não. Percebemos que o aluno sente quem realmente esta lhe atendendo com amor e com isso a equipe pode direcionar profissionais extremamente dedicados e amorosos ao atendimento de determinados alunos. Percebemos que na neuropsicopedagogia o profissional deve estar diretamente ligado a parte neurológica, pedagógica e psicológica do ser, unindo ao amor pela profissão a qual se exerce, pois apesar de tais limitações dos pacientes e alunos, o profissional buscando e tratando ele com acolhimento, respeito, carinho e dedicação os resultados serão extremamente satisfatórios. 
Buscamos relatar a importância do educador x aluna com TEA, compreender a importância do vínculo entre eles para poder desenvolver a proposta de trabalho da instituição e a evolução do aluno, resgatando seus valores, sentimentos, confiabilidade e principalmente suas potencialidades.
Por fim, identificar as alternativas encontradas e apresentar as propostas de trabalho com a aluna, trazendo sempre a importância do desenvolvimento da mesma como foco do trabalho.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Transtornos Globais do Desenvolvimento - TGD
Transtorno Global do Desenvolvimento, segundo o Departamento de Educação Especial do Paraná, representam uma categoria na qual estão agrupados transtornos que têm em comum as funções do desenvolvimento afetadas (BRASIL, 2010). Posto isso, é importante compreender que nem todos os estudantes diagnosticados com algum tipo de transtorno mental são estudantes da Educação Especial – área dos Transtornos Globais do Desenvolvimento. Nessa categoria, estão incluídos os alunos com diagnóstico de autismo, Síndromes do Espectro Autista (ASPERGER), Transtrono Desintegrativo da Infancia (psicose) e Transtorno Invasivo de Desenvolvimento – sem outra especificação. Utiliza-se o termo síndrome e/ou transtorno, pois é importante esclarecer que a nomenclatura síndrome se refere a um conjunto de sintomas, não restrito a uma só doença, que ocorre no indivíduo; e transtorno é usado para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos que ocorrem no transcorrer da infância, com comprometimento ou atraso no desenvolvimento e maturação do sistema nervoso central. 
O termo autismo vem do grego “autos” que significa de si mesmo. Em 1906, o psiquiatra suíço Plouller utilizou o termo autismo pela primeira vez ao descrever o isolamento frequente em alguns de seus pacientes. Mas foi só na década de 1940 que o transtorno recebeu maior atenção, quando o médico, austríaco Leo Kanner, descreveu 11 casos clínicos. Que chamou de distúrbios autísticos. Já em 2006, o psiquiatra Hans Asperger descreveu uma condição muito semelhante, que ficou conhecida como Síndrome de Asperger, pelo fato de ter múltiplas funções e habilidades. A partir dai, muitos pesquisadores e optaram por estudar este transtorno/distúrbio do neurodesenvolvimento. O TEA, não é uma doença, nem uma síndrome, já que não se tem conhecimento seu gene causador, porém existem anos de pesquisa para tentar encontrar os causadores do autismo na genética.
Desde 1993, com a CID-10 (OMS) o autismo passa a ser classificado entre transtorno invasivo do desenvolvimento, juntamente com outros 5 transtornos que apresentam em seu quadro clínico alterações qualitativas da interação social recíproca, linguagem e capacidade criativa, sendo elas: Autismo infantil (F84.0); Autismo atípico (F84.1); Síndrome de Rett (F84.2); Transtorno desintegrativo da infância(F84.3); Transtorno de hiperatividade associado a retardo mental e movimentos estereotipados (F84.4) e Síndrome de Asperger (F84.5).
As causas do autismo são desconhecidas, mas diversas doenças neurológicas e/ou genéticas são descritas como sintomas do autismo. Problemas cromossômicos, gênicos, metabólicos e mesmo doenças transmitidas/adquiridas durante a gestação, durante ou após o parto, podem estar associados diretamente ao autismo.
Entre 75 e 80% das crianças autistas apresentam deficiência mental, o que pode estar relacionado aos mais diversos fatores biológicos. Portanto, a evidência de que o autismo tem suas causas em fatores biológicos é indiscutível, fazendo-nos reconsiderar a ideia inicial de ligarmos o quadro de autismo a alterações nas primeiras relações mãe-filho.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria, a categoria transtornos globais do desenvolvimento é referente aos transtornos que se caracterizam por prejuízos severos e invasivos em diversas áreas do desenvolvimento, como habilidades de interação social recíproca, habilidades de comunicação e presença de comportamentos, atividades e interesses estereotipados. 
Em geral, as alterações se manifestam nos primeiros anos de vida e podem aparecer associadas a alterações neurológicas ou quadros sindrômicos, variando em grau e intensidade de manifestações. Fazem parte desta categoria o transtorno autista, a Síndrome de Asperger, transtorno de Rett e os transtornos desintegrativos da infância. Em alguns casos, as dificuldades de relação da criança podem vir acompanhadas de hiperatividade, desatenção, agressividade e comportamentos austoestimulantes. 
O autismo é descrito como uma síndrome comportamental com causas múltiplas, decorrentes de um distúrbio de desenvolvimento. É caracterizado por déficit na interação social, ou seja, inabilidade para se relacionar com o outro, usualmente combinado com déficit de linguagem e alterações comportamentais. 
“Mais de 70% dos indivíduos com TEA apresentam alguma comorbidade, envolvendo distúrbios neurológicos, psiquiátricos, condições gastro intestinais entre outras. (Danielle Moreira)
Os sinais e sintomas aparecem antes dos três anos de idade, por meio de padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados e um repertório restrito de interesses e atividades. Além disso, podemos observar indiferença afetiva ou demonstrações inapropriadas de afeto, bem como a falta de empatia social ou emocional.
Conforme os critérios do DSM-V (2013), os sujeitos com TEA devem manifestar sintomas desde a infância, mesmo que ainda não sejam identificados nesta faixa etária. Essa possibilidade permite que os sujeitos, cujos sintomas não tenham sido plenamente identificados até a idade das demandas sociais, tenham condições de receber diagnóstico, mesmo que tardio. 
Segundo Franzin, 2014 p 68, A avaliação da criança com autismo exige um histórico cuidadoso do desenvolvimento físico e psicológico das habilidades adaptativas nos diversos momentos e contextos. Devem ser verificadas evidências adaptativas nos diversos momentos e contextos. Devem ser evidencias de perdas ou prejuízos auditivos e atrasos motores. O diagnóstico é feito por exclusão, diferenciando os sintomas causados por fatores orgânicos, como convulsão e esclerose tuberosa, ou alterações por causas genéticas como a Síndrome do X frágil. 
Diversos autores, entre eles Lorna Wing, apresentam a noções de autismo como um aspecto sintomatológico, dependente do comprometimento cognitivo. Essa abordagem, que permeia o conceito de transtorno do espectro autista (TEA), trazida pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5º edição (DSM-5), reforça a tendência de tratar o autismo não mais como uma entidade única, mas sim como um grupo de doenças, embora traga implícita, também, a noção de autismo relacionada primeiramente a déficits cognitivos (Assumpção Jr e Kuczynski, 2017).
Existem inúmeras pesquisas referentes a fala do autista, e nos dias atuais se torna contraditório o conceito que autista não tem interação verbal, porém com a nova classificação de TGD existem Asperger e autistas com altas habilidades e funcionalidades, portanto se desmistifica esta teoria que a fala é nula. O termo correto para este novo conceito de TGD, seria fala diminuída e ou ausente. Temos como referencia grandes pessoas reconhecidas mundialmente, como Temple Grandin (zoóloga norte americana), Albert Eistein (físico), Susan Boyle (cantora internacional) que fazem o uso da fala. Vale destacar que muitos autistas tem a fala comprometida, alguns demoram anos para falarem algo, outros uma vida, mas não é uma regra. 
O contato visual assim como na questão da fala, com o novo conceito de TGD, já não é mais regra para diagnóstico, pois engloba todos os tipos de autismo. O que acontece é que muitos tem contato visual empobrecido, ou não tem, mas muitos nos olham naturalmente. Conforme o NeuroConecta, o não olhar nos olhos não faz parte do critério de diagnóstico. Isso é parte de um conjunto de características que pode mudar de um indivíduo para outro. Tanto autistas severos, quanto autistas de alto funcionamento, podem apresentar esta característica, porem nem todos apresentam. 
“Muitos autistas se sentes desconfortáveis em manter o contato visual, e não o fazem nem com as pessoas mais próximas. (Neuroconecta, 2018)
As estereotipias são movimentos repetitivos e sem sentido funcional, que são características em pessoas com TEA e manifestadas em ambientes distintos, para que o indivíduo consiga se reorganizar ele faz estes movimentos, e/ou quando estão felizes, ansiosos ou irritados. Conforme o tratamento que é dado e feito ao autista ele tende a diminuir as estereotipias e se reorganiza de forma tranquila. Existem vários tipos de estereotipias, comportamentos típicos e que podem varias entre os indivíduos, porem os mais conhecidos são o movimento pendular do corpo para frente e para trás; flapping, que é o balançar das mãos e braços ao lado do corpo como se fossem asas; movimentos repetitivos das mãos em frente aos olhos; andar nas pontas dos pés; ambulação de um lado para outro; ecolalia (repetição de sons emitidos); batidas nas próprias orelhas; ficar observando as mãos; olhar lateralizado; observar um objeto fora do ângulo normal ao mesmo e ainda pulsos e gritos sem motivos aparentes. 
Estudos apresentam que pessoas com TEA tem alterações de conexão entre diversas áreas do cérebro, isto é, a falta de interação entre elas, o que resultaria na defasagem sensorial. Em um estudo na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), realizaram um teste onde as crianças autistas, caminhavam sobre um solo quente e com pedras pontiagudas com facilidade, elas não reagiam e demonstravam reação alguma nesta situação, porém muitos caminham nas pontas dos pés, evitam pisar em areias, não gostem de se sujar, de misturar alimentos de diferentes texturas e cores.
Segundo Renata (2017) outra pesquisa bem importante foi na área do cérebro, responsável por modular a percepção e interpretação de movimentos biológicos (se interessar por alguém que se movimenta a sua frente, por exemplo) que não é ativada nos autistas. “Com este funcionamento eles podem se esquivar do contato físico, mas por eles podem se esquivar do contato físico, mas por alterações sensoriais e não por falta de afeto pelas pessoas e familiares”, afirma Joana Portolese, assessora de neuropsicologia. Por este motivo os pais e cuidadores não devem entender isso como ausência de amor, pois segundo o psicólogo Celso Goyos especialista em educação especial, interpretar o que uma criança que não se manifesta verbalmente possa ou não estar sentindo pode ser de pouca utilidade para o seu tratamento, já que partem apenas de deduções do adulto observador: “a função da reação da criança é o que importa; pode ser mantida pela fuga da estimulação aversiva, como também pode ser uma outra instância do comportamento de sua hipersensibilidade”. 
“As pessoascom TEA apresentam dificuldades de se comunicar e interagir socialmente” (Ana Carolina Coan)
Segundo American Psychiatric Association (2013), no caso mais severo, que requer um suporte muito grande, tem grave déficit em comunicação social verbal e não verbal, que ocasionam graves prejuízos em seu funcionamento; as interações sociais são muito limitadas e se observa mínima resposta ao contato social. Existe uma preocupação enorme, rituais imutáveis e comportamentos repetitivos interferem muito no funcionamento em todas as esferas. Há marcado desconforto quanto aos rituais ou as rotinas são interrompidas, com grande dificuldade e redirecionar interesses fixos ou retornar para outros interesses rapidamente.
A agressividade do autista ocorre em inúmeros casos, porque o autista se sente incomodado por um barulho estridente, uma roupa que incomoda a pele ou um simples cisco no olho. Nós conseguimos reagir bem a estas situações pois conseguimos nos comunicar e/ou expressar de alguma forma o que nos encomoda, já o indivíduo não sabe como lidar com o diferente que lhe surge, lhe causando irritação. Então acaba fazendo birra, grita, chora em voz alta, tapa os ouvidos, arranha seu próprio corpo, rasga roupas, se bate contra a parede, entre outras inúmeras reações que ele desenvolve para se expressar, podendo ainda atacar outro indivíduo que se encontra na frente no momento deste conflito, como uma descarga de irritação. 
As características do autismo severo são: déficits graves nas habilidades de comunicação social, verbal e não verbal, apresentando falas inteligíveis ou de poucas palavras. Limitação em iniciar interações sociais, quando o fazem de maneira pouco adequada com objetivo de satisfazer suas necessidades. 
Poucas respostas a interações sociais de outros, se comportando mediante a abordagens sociais diretas. Inflexibilidade de comportamentos, apresentando grande dificuldade em lidar com mudanças. Comportamentos restritos e repetitivos a certas atividades ou ações de interesses. Agressividade em alguns casos.
O Transtorno do Espectro Autismo, ainda não é completamente desvendado pela ciência, mas pede a atenção da sociedade!!!
2.2 Aspectos neuropsicopedagógicos no TEA 
As visões cogniticas do autismo segunda Kanner em função da valorização familiar, os aspectos sociais e emocionais foram considerados, incialmente, como muito importantes na gênese do autismo, o que perdurou durante muitos anos, até que houvesse uma maior valorização da questão biológica, e principalmente, de uma visão empírico-programática em lugar de uma compreensão psicodinâmica. Nesse momento o autismo passou a ser considerado um transtorno de desenvolvimento.
As alterações perceptuais e respostas exacerbadas a estímulos sensoriais, mais particularmente a estímulos auditivos, embora também visuais e olfativos, dificuldade nas noções de permanência de objeto, imitação vocal e gestual e de jogo simbólico. O autista segundo Baron, podem explorar as propriedades físicas dos objetos mas não perceber o seu sentido, referindo a uma cegueira mental, que é onde caracteriza a impossibilidade de desenvolver e conhecer sua própria mente e a de outros.
“A agonia mental, é caracterizada pela ausência dos processos mentais mais profundos que não se desenvolvem e implicam não poder ler e interpretar seus próprios sentimentos e emoções nem dos outros.” (Assumpção JR, 2017) 
Segundo Assumpção, o autista não se relaciona, não se comunica, tem comportamentos inadequados socialmente. Algumas crianças são realmente assim, embora outras, além desse tripé clássico, também não conseguem aprender, conhecer e usufruir o ambiente. Existem algumas alternativas bem importantes para o relacionamento social e comportamental, sendo elas: Teoria da mente, que é a habilidade para mentalizar ou para utilizar a metarrepresentação, que não se manifesta ao nascimento nem se adquire por meio de aprendizagem, mas se desenvolve de acordo com o crescimento da criança; A teoria da coerência central, traz a habilidade para fazer conexões contextualmente significativas entre informações linguísticas seria fraca; A teoria da disfunção executiva que observa-se a dificuldade em habilidades executivas – flexibilidade mental, e atenção dirigida ao planejamento e raciocínio estratégico, como perda global no processamento de informações e por fim a teoria da empatia-sistematização, que trata as dificuldades na capacidade de decodificar as expressões faciais, a qual depende de aspectos específicos do desenvolvimento, e não do desenvolvimento cognitivo global.
Os autistas por vez conseguem desenvolver os processos de aprendizagem, especialmente por repetição e hábito, e pela aprendizagem de por meio de um resolvedor geral de problemas, observando maiores dificuldades nos sistemas de aprendizado por meio de conceitos, por ajustamento de parâmetros e aprendizado por analogias. 
A teoria afetiva proposta por Hobson, diz que autistas tem falhas constitucionais de componentes de ação e de reação necessários para o desenvolvimento das relações pessoais com outras pessoas, as quais envolve afeto; as relações pessoais são necessárias para a continuação do mundo próprio e com os outros; os déficits das crianças autísticas na experiência social intersubjetiva têm dois resultados especialmente importantes – déficit relativo no reconhecimento de outras pessoas como portadores de sentimentos próprios, pensamentos, desejos e intenções; déficit severo na capacidade de abstrair, de sentir e de pensar simbolicamente; grande parte das inabilidades de cognição e de linguagem das crianças autísticas pode refletir um déficit que tem intima relação com o desenvolvimento afetivo e social, e/ou déficits sociais dependentes da possibilidade de simbolização.
A neuropsicopedagogia faz parte da esquipe técnica pedagógica e do corpo de professores, visando a construção de projetos de trabalho nas áreas de conhecimento formal; na orientação de estudos; e na prevenção da qualidade de vida por meio de campanhas internas relacionadas a saúde, a educação e ao lazer. Atuando sempre em equipe multidisciplinar, fazendo triagens para encaminhamentos aos profissionais da saúde quando necessários; inserindo as crianças e/ou adolescentes em oficinas pedagógicas; e acompanhando o desempenho desses projetos na escola. 
Para a SBNPp, a atuação na área institucional, ou de educação especial, de educação inclusiva deve contemplar: Observação, identificação e análise do ambiente escolar nas questões relacionadas ao desenvolvimento humano do aluno nas áreas motoras, cognitivas e comportamentais; criação de estratégias que viabilizem o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem do aluno e ainda encaminhar o aluno a outros profissionais quando o caso for de outra área de atuação/especialização.
Autores como Klin(2006), Mercadante e Rosário (2009) ressaltam que embora existam critérios para o diagnóstico do autismo ou Síndrome de Asperger é visível a variabilidade de apresentações clínicas. De acordo com essas afirmações, pode-se presumir que não exista um único padrão de autismo ou Síndrome de Asperger, mas há variações no desenho do cérebro social que implicam modos de funcionar dos processos de sociabilidade (Mercadante; Rosário, 2009, p19).
O cérebro social é definido pela neurociência como um conjunto de regiões cerebrais que são ativadas durante a execução de atividades sociais. Concebendo que essas estruturas estejam ligadas umas às outras, formando o que se chama de cadeias associativas ou de redes neurais, é possível afirmar que o modo de agir socialmente depende dos desenhos destas redes. 
A neurociência segundo o site wikipedia trata do estudo cientifico do sistema nervoso, sendo vista como um ramo da biologia, porém é uma ciência interdisciplinar que colabora com outros campos, entre eles a psicologia e a medicina. O termo neurobiologia se referindo a neurociência trata a biologia do sistema nervoso, enquanto a biologia se refere a inteira ciência do sistema nervoso. A neurociência vem paraincluir diferentes abordagens usadas para estudar os aspectos moleculares, celulares, de desenvolvimento, estruturais, funcionais, evolutivos e médicos do sistema nervoso. As técnicas usadas pelos neurocientistas têm sido expandidas enormemente, com contribuições desde estudos moleculares e celulares de neurônios individuais até do "imageamento" de tarefas sensoriais e motoras no cérebro. Avanços teóricos recentes na neurociência têm sido auxiliados pelo estudo das redes neurais ou com apenas a concepção de circuitos (sistemas) e processamento de informações que tornam-se modelos de investigação com tecnologia biomédica e/ou clínica. 
Com o número crescente de cientistas que estudam o sistema nervoso, tem sido formadas inúmeras organizações de neurociência para prover um fórum para todos os neurocientistas e educadores. Por exemplo, a International Brain Research Organization foi fundada em 1960, a Society for Neuroscience em 1969, a Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento em 1976 e a Sociedade Portuguesa de Neurociências em 1992.
“Nunca descobrimos tanto sobre o cérebro quando nos últimos 20 anos. Com as pesquisas de neurociências podem impactar a escola, hoje e no futuro.” (Pedro Annunciato)
A união de neurocientistas e educadores será essencial para levar as decobertas às escolas e instituições. Pois com embasamento científico se pode constatar, imaginar e sonhar com o diagnóstico precoce do TEA, e ainda o que causa no indivíduo este distúrbio.
“A neurociência tenta enxergar mais a fundo o autista, olhando para o seu cérebro e, principalmente, como as alterações nele se relacionam aos seus comportamentos diferenciado principalmente, como as alterações nele se relacionam aos seus comportamentos diferenciados” (Danilo Marques)
Danilo ressalta que cada vez mais fica em evidencia o fato de que o autismo se origina no desenvolvimento do feto, por causas genéticas, ambientais ou fusão de ambas. Já foram descritos alguns genes específicos que estão relacionados ao autismo bem como efeitos ambientais que podem ser influentes durante a gestação, como uso de drogas, intoxicação por metais e infecções.
Alterações da atividade do espelho podem influenciar no comprometimento da interação social de quem possui TEA, estes estudos realizados com neurônios tem como objetivo da pesquisa era descobrir quais neurônios estavam ativos durante seus movimentos. Os resultados das pesquisas mostram que a atividade do espelho influenciam no comprometimento da interação social de quem possui TEA, e ainda na sua inabilidade de sentir o que o outro sente ou de se colocar no lugar dessa pessoa. É preciso muita cautela na interpretação destas pesquisas pois existem muitos espelhos quebrados, mas é evidente que ela contribui muito para nossa compreensão do que se passa na mente de um autista. Danilo ressalta, que ainda existem muitas pesquisas a serem feitas na neurociência sobre o autismo. 
Freire e Moraes (2011), destacam os estudos vinculados a um ideal científico, como a neurociência, a partir da teoria dos “neurônios espelhos”, como a causa do autismo, pois segundo esta teoria os neurônios seriam ativados ao realizar uma ação, ou ao observar outro da mesma espécie realizar a mesma ação, promovendo um espelhamento do neurônio. Desta forma o neurônio passa a simular automaticamente essa ação no cérebro como se o observador estivesse de fato agindo. (Freire e Moraes 2011)
3 OBSERVAÇÃO
3.1 Observação da aluna em estudo;
A turma da aluna a ser observada é do SPE (Social de Proteção Especial), no turno da tarde, tem 2 alunas matriculadas, consta com 2 professoras fixas formadas em pedagogia e Educação especial inclusiva, 1 professor de artes visuais e 1 professor de educação física que atendem 3 períodos por semana cada um deles. 
O primeiro contato com a aluna em sala foi de resistência, ela não queria que eu permanecesse na sala de aula, e assim o fiz, fiquei 30 minutos e saí. O segundo contato, consegui ficar até ela voltar do refeitório, e ela não me deixou entrar na sala. No terceiro contato, a aluna estava bem agitada e não parou quase em sala, então consegui acompanhar a tarde toda. No quarto e quinto contato, consegui ficar na sala a tarde toda com ela e os professores (relatórios em anexo) . 
3.2 Descrever as observações;
Primeiro contato (03/10/2018): No primeiro dia de observação a aluna não permitiu que eu entrasse na sala, mas assim o fiz e ela me levou ate a porta para sair. 
Segundo contato (04/10/2018): Neste dia, a aluna estava tão focada no vídeo que não “percebeu” a minha presença em sala, foi ao refeitório comer miojo e depois não me deixou entrar na sala. 
Terceiro contato (05/10/2018): Neste terceiro contato, a aluna estava bem resistente e agitada, não quis assistir vídeo, comeu 1 miojo e pediu outro, portanto até que ficasse pronto ela começou a puxar a blusa, querendo rasgar, mãos na nuca, gritando, batendo na mesa, ate que virou uma cadeira. Muito impaciente, agitada e agressiva. O miojo ficou pronto, mas ela não queria esperar esfriar, e a merendeira a conteve e explicou firmemente que estava quente e precisaria esperar. Ela abaixou a cabeça e aguardou. Após comer, foi ate a sala, deitou na cama, foi ao banheiro, não quis escovar os dentes, não quis deixar o laço na cabeça (professora coloca diariamente), foi na área de recreação, voltou, até que bateu o sinal e ela foi para o refeitório. No refeitório comer novamente, puxou o cabelo de uma colega, deu gritos e se agitou muito, mas a merendeira fala firme e ela respeita, até que quis ir para sala antes de bater. Assistiu vídeo 5 minutos e tocou o sinal, as professoras chegaram, e ela saiu da sala, querendo ir à sala da psicóloga, porém a mesma não atende neste dia. Mas ela batendo na porta e forçando o trinque, fez com que a professora solicitasse a chave da mesma, a professora abriu a porta para que ela pudesse observar que não tinha ninguém ali. Ela entrou sentou, falou pau pau, mamãe pau pau e saiu (pau pau – significa brigou). A aluna então foi para sala, sentou no computador, ficaram 5 minutos, e foi para a área de recreação, à professora colocou as musicas que ela gosta e a aluna ficou ali dançando até o ônibus chegar. A outra turma, também veio para o salão e conseguiram socializar por 10 minutos. Ela fez carinho na cabeça do colega, abraçou o outro colega, e caminhava sem parar, por vezes dançava. As meninas ela olha firme e se a menina recua ela passa do nada e puxa os cabelos, ou da um tapa, fato ocorrido com uma aluna que ela tem implicância. O ônibus chegou e ela impaciente puxou o portão, mas estava chaveado, então isso gera irritabilidade na aluna, a funcionária percebendo apressou o passo para não gerar maior estresse. 
“Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo”, Paulo Freire
Quarto contato (08/10/2018): Neste dia ela aceitou a minha presença super bem, a professora arrumou seus cabelos, colocou laço, uma outra blusa bem bonita, cortou e pintou as unhas, e muitos elogios e carinhos durante o período. Ela consegiu ficar até o recreio para comer o miojo, após fomos ao salão e ela interagiu comigo, dançou, bateu palmas e riu ao me olhar. Foi bem tranquila a minha presença. 
Quinto contato (09/10/2018): Neste dia ela teve aula de artes visuais e educação física. O professor de artes visuais propôs um trabalho com tintas, onde ele colocou uma folha de papel pardo e pingou tintas sobre ele, pegou as mãos dela e com sua ajuda, espalhou as tinhas no trabalho. Ficou lindo. Após foi até o banheiro e lavou suas mãos. Ele colocou o trabalho dela na parede e explicou, foi você quem fez este trabalho. Ela batia palmas e sorria. Na aula de educação física, a aula aceitou a tarefa proposta de dançar ao som de uma nova musica, jogou bola 3 x para o professor, dando sequencia as jogadas dele. Após quis ver filme. Foi uma tarde bem tranquila e produtiva, pude perceber a felicidade dela com as propostas. A minha presença neste dia já se parecia normal, quando ficavafeliz me olhava e ria. 
Rotina diária da aluna: A aluna vem para APAE com o transporte escolar do município, o transporte é exclusivo e busca os alunos nas suas residências. Ao chegar na APAE por volta de 13:15 min, a aluna é a primeira a descer do ônibus com sua mochila na mão (entrega para uma professora no caminho) e se dirige para sua sala. Na sala ela já vai direto ao computador para assistir Patati Patata, que normalmente é sempre o mesmo episódio. O computador sempre é ligado antes de ela chegar, pois nada pode demorar nem sair da sua rotina diária, pois ela se desorganiza facilmente, se agitando muito. O tempo que ela assiste ao vídeo não passa de 30 minutos, após ela abre a porta sozinha e se dirige ao refeitório, onde a merendeira normalmente já o aguarda com um prato de miojo. Se ainda está quente, a aluna fica impaciente. Ela come sozinha, com uma colher e uma das mãos, e em alguns dias ela pede outro. Depois de comer ela volta para sala para assistir vídeo. As 14h30min vão para o lanche com todos os outros alunos e come novamente. Após ela volta para sala e normalmente vai escovar os dentes com a professora. Sempre que vai ao banheiro vai aos cuidados das professoras. Após ela assiste ao vídeo novamente. Por volta de 16 horas, a aluna abre a porta e sai da sala em direção ao salão, onde quer ouvir música (são 3, 4 musicas que ela gosta) e dançar, até o ônibus chegar. A aluna não gosta de ser contrariada, é muito instável e imprevisível, mas reconhece quem o trata com amor e o respeita. A aluna tem uma linguagem própria para se comunicar, tais como: cocó e abaixa as calças (xixi e cocô), cocó (comida), eté (água), na qué (não quer, ou quando é contrariada ela puxa os cabelos e roupas e diz n qué).
4 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS OBSERVADOS 
Os dados foram coletados de forma verbal e visual, através de observação, coleta de documentos, entrevista com os profissionais que atendem a aluna, professores e família. 
As etapas do trabalho aconteceram da seguinte forma: 
Solicitação do estágio e carta de apresentação para direção;
No dia 01/10/2018 me apresentei na APAE de Passo de Torres para a diretora Marli Candido, levei a carta de apresentação (anexo 1) e termo de compromisso (anexo 2)disponíveis pela instituição Uniasselvi e definimos a linha de pesquisa e a aluna na qual seria feito o estágio.
Autorização da família da aluna;
Por telefone conversei com a mãe da aluna, explicando o motivo do contato e a possibilidade de realizar o estágio com a mesma, prontamente a mãe aceitou, então marcamos no dia 02/10/2018 para conversarmos pessoalmente na instituição as 15horas. A mãe compareceu no horário e dia combinados. Apresentei a ficha de autorização de pais ou responsáveis mesmo a aluna tendo mais de 18 anos para que ela preenchesse, após fiz a anamnese (anexo @@) para coletar os dados pessoais e familiares da aluna.
Histórico e Memorial descritivo da instituição;
A APAE de Passo de Torres/SC, foi fundada no ano de 2004.
A instituição está localizada na rua Caxias do Sul, 162 no bairro Passargada, no município de Passo de Torres/SC, em um prédio locado, constituído de 1 sala de direção, 1 sala de professores, 1 sala de informática, 1 consultório de psicologia (neurologia), 1 consultório de Fonoaudiologia (assistente social), 1 sala de estimulação precoce (TO), 3 salas de aula, 1 refeitório, 1 horta, 1 salão de jogos, 1 sala de secretaria, 1 sala de espera, 3 banheiros de uso dos alunos, 2 banheiros de uso dos professores. Hoje a instituição tem como presidente do Sr Eduardo Meurer Gomes, e é composta pelos seguintes funcionários: Direção: Marli de Matos Candido, Secretária: Janieri, Auxiliar administrativa: Tuane Martins, Monitora de transporte: Tairine, Serviços gerais: Tania, Merendeira: Edi, Psicóloga: Neusa Ouriques, Neurologista: Felipe Olsen, Fonoaudióloga:Nilva, Fisioterapeuta: Carine Motta de Abreu, Assistente social: Manuela, Terapeuta ocupacional: Tais Schwanck Masschmann, Professor de artes visuais: Deridiel Anastácio, Professor de educação física: Leonardo Inácio, Professores de turmas: Marilene, Andressa Cechinel, Karen, Senilda e Betina.
Levantamento de dados da aluna (professores, instituição, família, psicóloga, neurologista);
Em entrevista com os professores regentes de turma e análise de registos da aluna, percebe-se que a aluna éresistente a mudança de ambiente e possui limitações nas interações sociais, porém reconhece o carinho que lhe é ofertado, e em alguns momentos não alcança este ato caridoso e responde de forma negativa. Se o ato foi em alguém que ela respeita, tem capacidade de reconhecer o erro e se aproximar de forma carinhosa, e na sua forma de comunicação ela manifesta que errou com carinho e delicadeza. A aluna consegue compreender e ter sabedoria para discernir quem ela “deve” respeitar, associando sempre a quem oferece o alimento, quem lhe trata com firmeza e carinho e quem é verdadeiro.
“O mestre é um caminho para seu aprendiz chegar a sabedoria. O aluno tem de superar o professor. O verdadeiro mestre se orgulha de ter sido um degrau na vida do aprendiz que venceu na vida. Ensinar é um gesto de generosidade, humanidade e humildade. É oferecer alimento saboroso, nutritivo e digerível àqueles que querem saber mais porque ensinar é um gesto de amor.” Içami Tiba
Com o professor de artes visuais, observa-se que desde seu primeiro contato com a aluna ele foi firme com a mesma, conseguindo assim desenvolver as atividades propostas na maioria das vezes, salvo exceções atípicas que a aluna estava muito agitada e resistente as atividades, e para não contrariar e proporcionar um estresse maior para a aluna, ele respeitou e não o fez, mudando a proposta no mesmo ato, mas sempre voltada as artes visuais. 
“Não é no silencio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho e na ação-reflexão” Paulo Freire
Com o Professor de Educação física, a aluna sempre foi resistente e não aceitava o mesmo em sala e nem as atividades propostas por ele, sempre que ela o via, já manifestava que não queria o contato e nem criar o vínculo. Na ultima semana de setembro, 6 meses após inúmeras tentativas de socialização, ele mudou a postura e as falas com a aluna no primeiro contato do dia com ela, e foi ai onde teve os resultados bem positivos com a aluna. Ele propôs firmemente uma atividade em sala diferenciada, sem deixar a aluna se manifestar a tempo, e ei que se surpreendeu e a aluna realizou a atividade proposta, socializou com o professor, fez carinho na cabeça e deu beijo, que é uma atitude atípica. 
“Os progressos obtidos por meio do ensino são lentos; já os obtidos por meio de exemplos são mais imediatos e eficazes”. Sêneca
Na entrevista com a instituição observei que a aluna se apresenta de forma agressiva quando contrariada, que a medicação influencia e muito na sua conduta diária, que ela não alcança a socialização no ambiente externo da instituição e em alguns momentos com os outros alunos da mesma.
INTERVENÇÕES
A proposta de intervenção é agirmos firmemente e ao mesmo tempo carinhosamente com a aluna, levando palavras de auto estima, carinho, cuidados e atenção. A ideia é conseguirmos socializar com ela de forma atrativa e feliz. Cuidar do asseio pessoal, levar uma saia de fantasia para ela colocar, um grampo de laço, cortar e pintar unhas, e passar batom. 
A aplicação se deu de forma resistente da parte da aluna, onde ela não queria que eu permanecesse em sala, nos afastei, sentei e aguardei ela se organizar com a sua rotina. Após o miojo, eu consegui cortar suas unhas e escovar seus dentes. Coloquei o grampo em seu cabelo e a saia para ela dançar. Fomos ao salão e foi bem tranquilo, ela se parecia bem feliz e sorridente. 
Os resultados obtidos na aplicação da intervenção com a aluna dentro do seu espaço escolar foram satisfatórios, pois tendo o conhecimento da instabilidade da aluna, já se esperava a rejeição e resistência da parte dela perante a minha presença, e que de fato ocorreu nos primeiros momentos. Mas aos poucosela foi permitindo o meu contato e a minha aproximação. Percebi um desafio bem considerável trabalhar com esta aluna em sala e conseguir compreender o quão importante são o vínculo entre ela e o professor, para poder identificar e interpretar os momentos dela e suas manifestações frente as suas rotinas diárias.
Compreende-se por que a aluna evita o contato físico quando o funcionamento do cérebro considerado normal, consegue organizar as informações sensoriais de forma a produzir padrões estáveis de comportamento, permitindo assim uma interação produtiva com o ambiente e a aprendizagem. “O sistema tátil processa informações sobre aquilo que esta em contato com a pele, como a temperatura, a textura e outras informações vitais para nos proteger de perigo. Porém os portadores de TEA apresentam déficits neste processamento”. Explica Renata, 2017. 
Acredito que a continuação desta quebra de barreiras frente as resistências da aluna é de extrema importância para amenizar as resistências da aluna e quebrar tabus de que um aluno severo não possa receber um cuidado especial e ouvir palavras positivas, mesmo que pareça não estar ouvindo e dando atenção as palavras ela interioriza a forma de pronuncia dos elogios e isso que importa.
A família tem papel fundamental no desenvolvimento da aluna, tendo como obrigação manipular os medicamentos e ter assiduidade com os mesmo, pois a falta da medicação muda completamente o comportamento da aluna no ambiente escolar. 
“Aprovar tudo que a criança faz ensina-lhe que quem a ama satisfaz todas as suas vontades. Mas a própria vida vai se encarregar de contrariá-la. E a escola oferece o primeiro passo para isso: o aluno fica sem os pais na sala de aula. Alunos há que não querem aceitar estas regras da educação. Podem eles entender que a escola não os ama por contrariá-los. Cabe aos pais demonstrar que estão de acordo com as regras da escola que escolheram e não reforçar o que pensam as crianças, querendo permanecer com eles”. (Içami Tiba)
Frente aos conceitos pré-concebidos, de que a aluna por vezes não responde aos estímulos como gostaríamos, que nos surpreende com a sua falta de paciência e resistência ao novo, pude observar que a forma de chegar na aluna muda todo o sentido do contato, que ela percebe e compreende onde pode pisar e com quem pode se manifestar. Que existe a assimilação e o respeito pelas pessoas que o tratam bem e o querem bem verdadeiramente. Que as pessoas indiferentes com ela, e amedrontadas, são alvo para ela. Acredito que deve estar inserido no planejamento da aluna este momento de socialização, mesmo que ela resista de imediato, por ser algo novo, mas que com as frequências de socialização ela quebre este padrão de resistências pelo menos dentro da escola. 
As dificuldades, distúrbios, transtorno e deficiência que ela carrega, deveriam ser mensurados e analisados pelos profissionais de neurologia, psiquiatria e psicologia com certa frequência, para poder avaliar o seu desenvolvimento e de que forma pode-se trabalhar com esta aluna para que ela evolua como aluna e como ser humano, não me refiro somente ao contexto escolar, mas sim propor a família e professores, usar alternativas e fazer ações diferentes das que a mesma esta acostumada, apresentar o novo para ela e insistir nele com carinho e atenção para ela ir se adaptando com o novo e as mudanças com mais frequência. Segundo a neurociência, o autista aprende por repetição, não somente da fala mas também no social, na rotina e na vida.
É de suma importância que a semente seja plantada com a aluna, e no ambiente escolar e familiar, de que ela pode sim conhecer e gostar do novo. Se formos analisar, até mesmo nós com uma funcionalidade toda, resistimos ao novo e as mudanças com muita frequência, quem dirá um aluno severo. Mas o fundamental é não desacreditar da evolução do desenvolvimento dela e que todos os dias ela surpreende, seja com um sorriso, ou com o tocar no mouse ao invés de gritar para trocar de vídeo, e este deve ser o estímulo para sempre continuar investindo na sua evolução. 
“Um guerreiro sem espada, sem faca, foice ou facão, armado só de amor segurando um giz na mão. O livro é seu escudo, que lhe protege de tudo que possa lhe causar dor, por isso eu tenho dito, tenho fé e acredito, na força de um professor”. Bráulio Bessa
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estágio é um momento muito significativo na formação do neuropsicopedagogo, pois traz um primeiro contato com a prática profissional, mostrando que muitas vezes o que se planeja e se propõe realizar, não necessariamente é o que de fato acontece. Essas experiências trazem um aprendizado significativo principalmente quando aparecem as barreiras que precisam ser compreendidas naquela situação. Ao nos depararmos com situações inesperadas, muitas vezes decorrentes de resistência a mudanças, somos provocados a buscar novas formas de ação, e assim podemos trabalhar os sentimentos que ali perpassam, conseguindo alcançar, por outras vias o objetivo proposto. 
“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Cora Coralina
Observando a rede de serviços em educação especial, podemos dizer que, sob um discurso de “parcerias” entre os setores públicos e privados, tem sido encoberta a falta de oferecimento dessa modalidade educativa pelo poder público a população com comprometimentos mais significativos. 
O ensino especial implementado nas instituições especiais, sustentado por uma perspectiva clínica de atuação, tem se orientado por abordagens educacionais que, reduzidas a uma dimensão técnica de ensino, priorizam o treino do indivíduo, objetivando o desenvolvimento de competências e habilidades especificas, a fim de possibilitar sua integração nos espaços sociais, dos quais foi excluído em função de sua diferença (CAMBAÚVA, 1988; FERREIRA, 1994).
Quando pensamos no trabalho com autista severo, não temos como prever o quanto podemos auxiliar ou não, quanto podemos entrar na vida dele ou não, mas a medida que nos permitimos experimentar um trabalho diferente é possível perceber o quanto ele pode ser importante e relevante.
“Não se pode falar de educação sem falar de amor” Palo Freire
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______ Lei nº. 12.764/2012. Institui a Politica Nacional de proteção aos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Brasília, 2012.
ANEXOS
Neste item, você deverá inserir os documentos que validam o seu trabalho. São eles:
Carta de apresentação. 
Termo de compromisso.
Termo de Consentimento. 
Declaração de Estágio.
Autorização dos Pais.
Declaração de Estágio.
Laudo ou Diagnóstico.
Roteiro de Intervenção.

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