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Resumo Crítico: Cynthia Enloe - Feminismo nas Relações Internacionais (RI)

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Universidade Federal de Uberlândia 
Instituto de Economia e Relações Internacionais 
Graduação em Relações Internacionais 
Teoria das Relações Internacionais II - Lara Selis 
 
 
 
João Vitor Pires Franco (11821RIT024) 
 
 
 
 
 
 
 
Resumo Crítico dos capítulos 2 e 4 do texto “​Bananas, Beaches and Bases: Making Feminist 
Sense of International Politics​” de Cynthia Enloe 
 
 
 
 
 
 
 
Segundo Enloe (2001), Cynthia Enloe viveu boa parte de sua infância e adolescência na 
cidade de Manhasset, ​Long Island​, subúrbio de Nova York. Ela se graduou em Política e, de 
acordo com Enloe (2004, p.158), o que a levou escolher esse campo foi a influência a qual ela 
recebia do pai dela. O primeiro local onde ela trabalhou depois de obter o doutorado foi na 
Universidade de Miami em 1967. (ENLOE, 2004, p.159-160). Em conformidade com Enloe 
(2004, p.159), nesse período, ela diz que não sabia o que a palavra “feminismo” significava e, 
nem na tese de doutorado dela, mal tocava no assunto sobre mulheres e, assim, apenas começou 
a escrever sobre o tema no fim dos anos 70 e começo dos anos 80. Além disso, ela é especialista 
em política comparada e em Malásia, fazendo parte da Associação de Estudos Asiáticos. 
(ENLOE, 2004, p.162). 
Entretanto, Enloe (2004, p.163-164), se enxerga, hoje, mais como uma especialista em 
política comparada feminista e como a dinâmica internacional molda, internamente, as políticas 
de gênero das sociedades e, para isso, usa a investigação das relações internacionais, mesmo ela 
não se considerando do campo das RI. Ela pode até não achar que não faz parte do campo das 
relações internacionais mas, o livro Bananas, Beaches and Bases é de suma importância para a 
teoria feminista do campo e dos quais dois capítulos serão resumidos aqui. 
No segundo capítulo, ela descreve turismo como uma atividade essencialmente 
masculinizada e projetada para os homens: as ideias de aventura, prazer e o exótico. (ENLOE, 
1990, p. 20). Nesse sentido, os homens podem ir a lugares distantes ao qual em que ele tem sua 
vida privada enquanto que as mulheres, se irem muito longe da proteção ideológica do “lar”, são 
taxadas como não respeitáveis e correm o risco de perder a honra ou serem culpadas de qualquer 
dano que venham a sofrer. (ENLOE, 1990, p.21). Entretanto, algumas mulheres desafiaram esse 
costume e começaram a ir onde os homens também iam e isso resultou em uma construção de 
identidade parecida com a dos homens: exploradora e aventureira, ambos adjetivos 
masculinizados. (ENLOE, 1990, p.23). Ademais, as feiras mundiais representavam outra 
projeção da masculinidade e uma espécie de triunfo do homem branco sobre as demais 
civilizações, dado que as mulheres deviam se sentir gratas pelo progresso alcançado pelo mundo 
civilizado— e na prática agradecer aos homens—. (ENLOE, 1990, p.26-27). 
Como viajar sem um homem era mal visto durante a Era Vitoriana, homens como 
Thomas Cook logo fizeram disso um negócio altamente lucrativo, posto que permitiu que 
mulheres pudessem viajar sozinhas sem perder sua honra e, viajar com a companhia masculina 
trazia uma certa sensação de segurança. (ENLOE, 1990, p.28-29). 
Pacotes turísticos tornaram-se uma commodity muito promissora e, logo, países como 
México, Haiti e Nepal colocaram os produtos agrícolas de lado para o turismo se tornar um novo 
tipo de renda e criar dependência em uma nova mercadoria. (ENLOE, 1990, p.31). Nesse 
sentido, camareiras e comissárias de bordo também entram na estrutura hierárquica sexista da 
indústria do turismo, uma vez que recebiam salários menores que os homens e as atividades que 
eram feitas por elas eram consideradas de baixa qualificação, pois considerava-se que as 
mulheres realizavam essas ações corriqueiramente. (ENLOE, 1990, p.33-34). Outro ponto 
relevante é o turismo sexual: mulheres de países periféricos entram nesse mercado, pois estão 
economicamente desesperadas e, dessa forma, não conseguem sair facilmente. (ENLOE, 1990, 
p.36). Para isso funcionar, homens precisam ter certeza de que as mulheres desses países vão ser 
mais submissas do que a do país de origem desse homem, aliado com governos locais dispostos a 
investir nesse tipo de turismo (ENLOE, 1990, p.36-37). 
No quarto capítulo, Enloe muda totalmente o foco da discussão e discorre sobre como 
uma base militar afeta as vidas de mulheres de um lugar. Ela afirma que a questão não se é um 
Estado está perdendo soberania ou não com uma base militar de outro país instalada mas, como 
as mulheres desse lugar são tratadas pelos soldados. (ENLOE, 1990, p.65). Assim, a existência 
de uma base militar estrangeira é uma competição de masculinidade, dado que os soldados da 
base e os soldados nacionais se sentem como rivais sexuais e não aliados, ela exemplifica isso 
com os soldados americanos e britânicos na Segunda Guerra Mundial. (ENLOE, 1990, p.67). 
Mais além, a autora explica como soldados estadunidenses negros eram mal vistos por terem 
relações afetivas com mulheres britânicas brancas: elas eram chamadas de traidoras e 
irresponsáveis. (ENLOE, 1990, p.70). 
Internamente, a base militar é baseada em construções de masculinidade e feminilidade. 
Manter os soldados satisfeitos longe de casa em um país estrangeiro significava manter as 
esposas satisfeitas. (ENLOE, 1990, p.71). As esposas adotavam a mesma forma dos soldados de 
ver o mundo: o inimigo deles eram também o inimigo delas e, para disso, era necessário que os 
papéis de gênero fossem mantidos para que a base militar atinja o seu objetivo político, tal como 
as filhas mulheres continuem sendo esposas e os filhos homens continuem sendo 
soldados.(ENLOE, 1990, p.72). Embora as esposas aumentam o gasto do Departamento de 
Defesa Americano, a presença delas, de certa forma, previne que os soldados homens da base 
mantenham uma certa sanidade mental e equilíbrio emocional indispensável para missões. 
(ENLOE, 1990, p.74). 
A autora, mais a frente, relata um caso de mulheres que desafiaram a base militar e como 
ao fazer isso a base perdia o status de base. As mulheres de Greenham invadiram a base, 
passando por cercas e todo o sistema de segurança para protestar contra ela. ​(ENLOE, 1990, 
p.77). Assim, uma base invadida facilmente por um grupo de mulheres não podia mais ser 
considerada uma base, visto que ela alimentava um falso senso de segurança atrás de uma 
fachada pública de força masculinizada. (ENLOE, 1990, p.79-80). Outrossim, ela faz uma 
discussão sobre prostituição em bases militares em países periféricos mas que, segundo a autora, 
é um assunto invisível na maioria dos lugares. (ENLOE, 1990, p.81). Não obstante, com a 
proliferação de doenças sexualmente transmissíveis entre os soldados homens brancos nesses 
lugares, as mulheres perdem o direito sobre o próprio corpo, uma vez que passaram a existir leispara examinar, compulsoriamente, mulheres que ficassem perto da base militar. (ENLOE, 1990, 
p.82). Assim, o comportamento e hábitos sexuais das mulheres eram controlados para beneficiar 
as práticas sexuais dos homens. (ENLOE, 1990, p.83). 
Em suma, Enloe traz uma perspectiva totalmente nova para as Relações Internacionais: 
aborda de uma perspectiva feminista a questão da segurança. Como bases militares e o turismo 
estão tão imbuídos da questão de gênero e perpassados por ideias de feminilidade e 
masculinidade. Para além disso, ela consegue chamar atenção para diversos temas que são 
passados em branco pelas teorias mainstream das RI, pelos tomadores de decisão e formuladores 
de política externa. Somado a isso, fica claro que a política internacional faz das mulheres 
apenas objetos dela, enquanto que Enloe, as trata como atores globais. Por último, a análise 
interseccional feita por ela, deixa a obra ainda mais sofisticada. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ENLOE, Cynthia. ​Bananas, Beaches and Bases​: Making Feminist Sense of International 
Politics. 2. ed. Berkeley and Los Angeles, California: University of California Press, 1990. 
p.19-41 e p.65-92 
 
ENLOE, Cynthia. Interview with Professor Cynthia Enloe. ​Review of International Studies​, v. 
27, n. 4, p. 649-666, 2001. 
 
ENLOE, Cynthia. ​The Curious Feminist​: Searching for Women in a New Age of Empire. 1. ed. 
Berkeley and Los Angeles, California: University of California Press, 2004. p. 158-164.

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