Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES INSTITUTO DE PSICOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA Andressa de Abreu Peres Cunha de Souza – Matrícula: 201610331411 Ana Flávia Cardoso Moura – Matrícula: 201520698811 Uma revisão sobre a Afasia de Broca Trabalho apresentado à disciplina Psicolinguistica, ministrada pelo professor Carlos Eduardo Nórte, para avaliação no curso de graduação em Psicologia, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Rio de Janeiro - RJ 26/06/2019 1. INTRODUÇÃO E METODOLOGIA A afasia de Broca é uma das primeiras afasias descoberta por Paul Broca no século XIX que utilizou um estudo de caso para descrevê-la. Devido aos avanços tecnológicos podemos observar o cérebro como maior cuidado e distinção e observamos como a noção de “espaço” cerebral tem se modificado, novos estudos científicos atualizam o tema como demonstrado nos artigos citados. A linguagem é um valioso instrumento de conhecimento, pois consegue se referir tanto ao externo como ao interno, além de podermos segmentá-la em diversos processos complexos e interligados para conseguimos o resultado final, observando assim muito do que existe na consciência humana, os processos relacionados dizem muito do mundo externo/social e de si mesmo/subjetivo. A análise de estudos e teorias científicas é fundamental para o avanço da psicolinguística, o qual inclui diversos trabalhos realizados por neuropsicólogos trazendo novidade para o meio. Uma forma de observá-los é através dos distúrbios e seus na vida, efeitos cognitivos e sociais. Usaremos como explicitação da integração entre cérebro e meio social nas Afasias, tratando em especial a de Broca, que tem sintomas que são observáveis tanto na estrutura do cérebro quanto das relações sociais. Os Distúrbios neurológicos, como as Afasias, são caracterizados principalmente por problemas no funcionamento de áreas específicas do cérebro, dentre eles os transtornos relacionados à linguagem que podem afetar: a aquisição, entendimento e reprodução. Caracterizada pela a desorganização linguística e um dos sintoma de vários outros transtornos, como o de aprendizagem. A presente revisão confere ênfase a Afasia de Broca, uma afasia que ocorre especificamente por lesões na área denominada “área de Broca” que se encontra na parte frontal do hemisfério esquerdo, descrito como uma deficiência na expressão motora. A Afasia de Broca gera uma desorganização da linguagem podendo afetar habilidades de acesso ao vocabulário, organização sintática, e codificação e decodificação das mensagens (Jackubovicz, 1996) que é caracterizada principalmente pela a falta de capacidade de produzir palavras, frequentemente causando falha no discurso oral e na grafia. Os casos podem ocorrer por meio de lesão no cérebro, comumente causadas após AVC (acidente vascular cerebral) e outras doenças como tumores, traumatismos, doenças degenerativas ou metabólicas podem ser a causa (Fontanesi, 2016) Apesar da seriedade deste transtorno, analisamos através três artigos os rumos e casos dos recursos terapêuticos, que tem se mostrado muito eficazes no tratamento da afasia. Existe um grande número de intervenções usadas por diferentes áreas do saber para a melhoria da qualidade de vida do paciente. A presente revisão foi feita de forma a narrar os artigos e discutir sobre o papel da psicolinguística e seus trabalhos científicos. Tendo como objetivo principal ênfase os textos que abordassem a Afasia de Broca e Metodos terapeuicos em psicolinguistica para o tratamento da mesma, e as diversas terapias já utilizadas e demonstradas principalmente através de estudos de caso. Segundo F. apenas cerca de 50% a 60% dos pacientes com lesão na área de Broca possuem uma "afasia de Broca persistente" sendo assim o tratamento é a melhor forma de restabelecer as funções linguísticas. Pesquisa foi realizada no período de 17 de junho a 24 de junho de 2019 em busca de artigos acadêmicos em português usando como fonte a base de dados Scielo (The Scientific Electronic Library Online). A procura pelos os artigos contou com as palavras-chaves: Afasia de broca, terapia, neurolinguística que foram inseridas no mecanismo de busca do Scielo com a “conjugação” AND que nos levou a dez arquivos desta plataforma na sua maioria em inglês, o qual não foram utilizados nesta revisão. Os artigos que não contribuem com o entendimento sobre Afasia de Broca e/ou com terapias neuropsicológicas para o tratamento da Afasia foram descartados. Destaca-se a falta de artigos disponíveis livremente específicos e em português sobre a Afasia de Broca, existe então um grande buraco na literatura Brasileira sobre o tema e a procura dos artigos contou com algumas dificuldades neste quesito. Os artigos que falam deste tema ou são em sua maioria próprios de áreas biológicas ou sobre a literatura americana. 2. RESULTADOS O presente trabalho tem como objetivo rever e analisar a implicação das formas terapêuticas nas Afasias, em especial a Afasia de Broca, através de uma revisão bibliográfica simplificada com artigos que abordam o tema. Os artigos contam com uma explicitação geral sobre a afasia de broca e estudos de caso com ênfase em seus modos terapêuticos para o tratamento dos distúrbios. Os três artigos abordados traziam as Afasias à discussão de diferentes formas, dois deles eram revisões bibliográficas. Um tomando como base a Neurolingüística discursiva e os pontos de vista de Luria e Jakobson sobre o comprometimento da linguagem nas afasias, teve como resultado da inclusão do sujeito na análise e da valorização das singularidades uma melhor visualização de como esses indivíduos produzem a linguagem, ponto também em questionamento o peso que as clasificações diagnósticas no contexto terapêutico. O outro que usou de uma revisão integrativa para reunir e resumir o conhecimento na área, trouxe como resultado a conclusão de que embora a não sobreposição de uma vertente ou outra como principal para o tratamento seja boa, há poucos estudos efetivos no sentido de desenvolver um meio de tratamento geral, sendo sempre um tratamento diferente a cada caso, testando diferentes tratamentos. Isso demonstra a necessidade de estudos replicando os mais relevantes com uma amostra maior para uma melhor compreensão das correlações entre eles e os tratamentos neles sugeridos. O artigo em que foi feito um estudo de caso utilizando como meio de tratamento a abordagem Neurolinguistica enunciativo-discursiva trouxe como resultado a necessidade de valorizar no indivíduo as habilidades que permanecem funcionais, investir nas potencialidades lingüístico-descursivas do sujeito, fazendo assim, com que ele ressignifique seu papel de falante, gerenciando sua própria comunicação. 3. DISCUSSÃO Analisando os presentes artigos podemos observar em destaque o estudo das Afasias e a preocupação com o cenário geral a qual as pesquisas estão inseridas, tendo o cuidado de investigar sobre as formas terapêuticas e os novos olhares para esse disfunção. Há diversas críticas em ambos os artigos, a uma visão dualista que envolve discursos cognitivistas em contraponto de a uma visão mais social. A divisão dessas vertentes pode acarretar atrasos científicos em pesquisas e tratamentos, deste modo é importante a verificação de ambas, e suas implicações, para resultados reais que levam em conta um mundo multifatorial. As terapias, apesar de múltiplas, possuírem resultados semelhantes de sucesso como descrito no artigo de Fontanesi: “verifica-seque os tratamentos para afasia descritos na literatura recente não indicam a superioridade de uma abordagem terapêutica sobre outra, nem identificam condições do paciente que justifiquem o uso de uma ou outra terapêutica de reabilitação específica” (Fontanesi, 2016) Podemos observar também a crítica ao um modelo padrão de estudos acadêmicos utilizados anteriormente, que diversas vezes rotulam o indivíduo e expõem o indivíduo a uma estigmatização. há a necessidade do olhar para o sujeito além das suas limitações dando assim recursos para a melhora gradual sem resignar o seu papel de falante.(Senhorini, 2016). Utilizando assim os recursos para favorecer o bem-estar e a auto estima, além da produção cotidiana. “Se, historicamente, as áreas de reabilitação têm feito uma colagem de categorias clínicas utilizadas pela área médica, torna-se premente rever não só a terminologia, mas também a metodologia de abordagem dos fenômenos, já cristalizadas na clínica, tanto para avaliar como para guiar as condutas terapêuticas.”(Pinto, 2009) Entretanto, fica claro que a posição dos autores não é totalmente concordante visto que os métodos utilizados em cada estudo de caso tendem para uma área específica, além da revisão de literatura que tem conceitos mais gerais, focando em outros tipos de intervenções como a estimulação elétrica e com fármacos, os quais não são vistos nos dois outros artigos. 4. CONCLUSÃO Concluímos então a multiplicidade das inúmeras formas de tratamento terapêuticos e como cada um delas possui o seu valor, mostrando resultados satisfatórios e dando novas alternativas para pessoas com Afasia. Há de se concordar com a crítica trazida como resultado por um dos artigos de que há a necessidade de ser desenvolvido um estudo que ajude a identificar os pontos benéficos principais dos tratamentos testados, bem como a importância dada pelos outros dois a trazer o afásico para um papel ativo em seu tratamento. Foi de grande aprendizado acadêmico a revisão de tais artigos, pois nos abriu os olhos à um transtorno até então desconhecido por nós, enriquecendo nossa formação e portanto nos tornando futuras psicólogas mais bem preparadas para lidar da melhor forma possível caso nos deparemos com um indivíduo que apresente tal transtorno. 5. REFERÊNCIAS PINTO, Rosana do Carmo Novaes; SANTANA, Ana Paula. Semiologia das afasias: uma discussão crítica. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre , v. 22, n. 3, p. 413- 421, 2009 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 79722009000300012&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 26 jun. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722009000300012 FONTANESI, Sabrina Roberta Oliveira; SCHMIDT, Andréia. Intervenções em afasia: uma revisão integrativa. Rev. CEFAC, São Paulo , v. 18, n. 1, p. 252-262, fev. 2016 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516- 18462016000100252&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 26 jun. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620161817715. SENHORINI, Gisele et al . O processo terapêutico nas afasias: implicações da neurolinguística enunciativo - discursiva. Rev. CEFAC, São Paulo , v. 18, n. 1, p. 309-322, fev. 2016 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516- 18462016000100309&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 26 jun. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216201618117214. JACKUBOVICZ, Regina. Introdução à afasia. Rio de Janeiro: Revinter; 1996.