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MagMp_Civil_JSimao_Aula29e30_011015_LGuedes

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Magistratura e Ministério Público 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
Disciplina: Direito Civil 
 Professor: José Simão 
Aula: 29 e 30 Data: 01/10/2015 
 
 
MATERIAL DE APOIO 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
2. Responsabilidade Civil (continuação) 
2.3 Elementos da Responsabilidade Civil 
 
 
2. Responsabilidade Civil (continuação) 
 
2.3 Elementos da Responsabilidade 
a) Ação ou Omissão do Agente 
b) Culpa 
c) Nexo Causal 
 
d) Dano ou Prejuízo (art. 944, CC). A indenização se mede pela extensão do dano, se não há dano, não há 
indenização. Excepcionalmente, o dano material é presumido. Exemplo: art. 416, CC – Cláusula Penal é a 
prefixação das perdas e danos. 
 
 
Art. 944, CC. A indenização mede-se pela extensão do dano. 
 
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade 
da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a 
indenização. 
 
Art. 416, CC. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o 
credor alegue prejuízo. 
 
Parágrafo único. Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula 
penal, não pode o credor exigir indenização suplementar se assim 
não foi convencionado. Se o tiver sido, a pena vale como mínimo da 
indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente. 
 
Dano “in re ipsa”, ou seja, dano sobre a própria coisa, e no caso, seria o dano moral presumido. Exemplo: Pai, 
filho etc. Perdas de Parte do Corpo. 
 
Obs.: Quanto à inscrição indevida no cadastro de maus pagadores (Serasa e SPC), a doutrina dava como exemplo 
de dano “in re ipsa”, mas o problema surgiu com a Súmula n. 385, STJ, segundo a qual “da anotação irregular em 
cadastro de proteção ao crédito não cabe indenização por dano moral quando pré existe legítima inscrição, 
ressalvado o direito de cancelamento”. 
 
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Súmula n. 385, STJ. Da anotação irregular em cadastro de proteção 
ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando 
preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento. 
 
 
Outro exemplo de dano “in re ipsa”: Súmula n. 388, STJ, “a simples devolução indevida de cheque caracteriza 
dano moral”. 
 
 
Súmula n. 388, STJ. A simples devolução indevida de cheque 
caracteriza dano moral. 
 
 
i) Espécies de Dano 
 
1ª Espécie: Dano material, é o que atinge a esfera patrimonial da vítima. Divididos em 1) danos emergentes, que 
a doutrina chama de danos positivos, que correspondem ao que a vítima já perdeu e 2) lucros cessantes, que são 
as quantias que a vítima deixou de ganhar, razoavelmente. 
 
Os lucros cessantes por morte, a vítima empregada e os credores são aqueles, economicamente, dependentes do 
falecido. Calcula-se a partir dos ganhos que o empregado teria em 1 (um) ano: salários, férias, acrescidas de 1/3, 
13º salário, FGTS etc. Soma-se o valor e multiplica-se pelo número de anos que a vítima possivelmente viveria, 
que tradicionalmente, era considerado 65 (sessenta e cinco) anos e atualmente 73 (setenta e três) anos. Do valor 
total, desconta-se 1/3, que é o valor que a pessoa gastaria consigo. Se o falecido for pessoa sem descendentes e 
nem cônjuge/companheiro, mas se for maior de 14 (quatorze) anos e deixar ascendentes, o STJ tem feito o 
seguinte cálculo, a pensão é recebida pelos ascendentes no percentual de 2/3 e quando o menor falecido 
completar 25 (vinte e cinco) anos, a pensão é reduzida para 1/3, pois nessa idade, teria outras despesas familiares 
para arcar. 
 
Obs.: Para os menores de baixa renda, que auxiliam financeiramente a família, a Súmula n. 491, do STF, é aplicada 
para presumir o dano em um salário mínimo. 
 
 
Súmula n. 491, STF. É indenizável o acidente que cause a morte de 
filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado. 
 
 
Mecanismos para garantir o pagamento de indenização de lucros cessantes: 
- Súmula n. 313, STJ: em ação de indenização, procedente o pedido, é necessária a constituição de capital ou 
caução para garantia do pagamento. 
 
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Súmula n. 313, STJ. Em ação de indenização, procedente o pedido, é 
necessária a constituição de capital ou caução fidejussória para a 
garantia de pagamento da pensão, independentemente da situação 
financeira do demandado. 
 
 
 
- Artigo 950, parágrafo único, do Código Civil, no caso de indenização por lucro cessante em que não houve 
morte, mas incapacidade, o credor pode exigir que o pagamento seja feito em prestação única. 
 
 
Art. 950, CC. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não 
possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a 
capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do 
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá 
pensão correspondente à importância do trabalho para que se 
inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. 
 
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a 
indenização seja arbitrada e paga de uma só vez. 
 
 
- Artigo 475-Q, parágrafo 2º, do Código de Processo Civil a indenização por ato ilícito, permite desconto em folha 
de pagamento. 
 
 
Art. 475-Q, CPC. Quando a indenização por ato ilícito incluir 
prestação de alimentos, o juiz, quanto a esta parte, poderá ordenar 
ao devedor constituição de capital, cuja renda assegure o pagamento 
do valor mensal da pensão. 
 
§ 2º O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do 
beneficiário da prestação em folha de pagamento de entidade de 
direito público ou de empresa de direito privado de notória 
capacidade econômica, ou, a requerimento do devedor, por fiança 
bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo 
juiz. 
 
 
2ª Espécie: Dano Extrapatrimonial: Dano Moral e Dano Estético 
 
 
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- Dano Estético, é toda a alteração morfológica, irreversível que causa um afeamento à vítima. Cirurgia plástica 
reparadora, não promete resultado, gerando obrigação de meio. Cirurgia plástica estética, promete resultado que 
se não for atingido gera inadimplemento, ou seja, dano estético não tem relação direta com cirurgia plástica, mas 
pode dela decorrer. 
 
Obs.: Logo, não há relação entre dano estético e perda da capacidade laborativa, contudo, em certos casos, o 
dano estético pode gerar perda desta capacidade. Exemplo: Modelo que fica com cicatriz no rosto. 
 
Vide: Súmula n. 387, STJ, ou seja, pode ser cumulado o pedido de indenização por dano moral e dano estético. 
 
 
Súmula n. 387, STJ. É lícita a cumulação das indenizações de dano 
estético e dano moral. 
 
 
- Dano Moral, “pretium doloris”, dano moral é aquele que causa sofrimento ou dor (dano moral próprio) ou 
aquele que atinge direito da personalidade (dano moral impróprio). 
 
A reparação do dano extrapatrimonial não pretende recolocar a vítima no estado anterior ao dano, mas apenas 
lhe compensar, confortar ou reduzir o sofrimento. Logo, não há ressarcimento. 
 
Há duas espécies de dano moral: 1) dano moral direito 2) dano moral indireto ou “a ricochete”, é aquele que 
atinge certa pessoa ou bem, causando danos a outrem. Exemplo: Danos sobre certos bens, ou seja, danos 
causados aos animais. 
 
Obs.: Meros aborrecimentos ou desconfortos não ensejam dano moral. 
 
- Dano Moral e Pessoa Jurídica (Súmula n. 227, STJ e art. 52, do CC), é possível que pessoa jurídica sofra dano 
moral, pois, este não se confunde com dor ou sofrimento. Exemplo: Dano à imagem da Pessoa Jurídica. 
 
 
Súmula n. 227, STJ. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. 
 
Art. 52, CC. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção 
dosdireitos da personalidade. 
 
 
- Natureza jurídica da indenização por dano moral, a indenização por força da doutrina e da jurisprudência tem 
dupla natureza 1) função reparatória, é a compensação pelo dano sofrido; 2) função punitiva ou pedagógica, 
significa desestímulo à nova prática de atos lesivos. No direito americano o nome que se dá é “punitive damages”, 
ou seja, valor de desestímulo. O Enunciado n. 379, do CJF, admite essa dupla função. 
 
 
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Enunciado n. 379, CJF. Art. 944 - O art. 944, caput, do Código Civil 
não afasta a possibilidade de se reconhecer a função punitiva ou 
pedagógica da responsabilidade civil. 
 
 
- Cálculo de Indenização por Dano Moral, com o Ministro Paulo Sanseverino, adotou-se o sistema bifásico, na 
primeira fase, analisa-se o interesse jurídico lesado de acordo com os precedentes da jurisprudência. Exemplo: 
Para o evento morte, em média o valor fixado é de 400 (quatrocentos) salários mínimos. Na segunda fase, o valor 
médio é ajustado às circunstâncias do caso concreto, de acordo com a gravidade do fato, assim, o valor poderá 
ser aumentado ou reduzido. 
 
- Legitimidade Ativa para Pleitear Dano Moral (REsp. 1.076.160/2012), segue-se a ordem de vocação hereditária 
por leitura sistemática do Código Civil (afeição presumida). 
 
 
EMENTA 
Dados Gerais 
Processo: REsp. 1076160 / AM 
Relator (a): Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO 
Julgamento: 10/04/2012 
Publicação: DJe 21/06/2012.RT vol. 924 p. 767 
Decisão 
1. Em tema de legitimidade para propositura de ação indenizatória em razão de morte, percebe-se que o espírito 
do ordenamento jurídico rechaça a legitimação daqueles que não fazem parte da "família" direta da vítima, 
sobretudo aqueles que não se inserem, nem hipoteticamente, na condição de herdeiro. Interpretação sistemática 
e teleológica dos arts. 12 e 948, inciso I, do Código Civil de 2002; 
art. 63 do Código de Processo Penal e art. 76 do Código Civil de 1916. 
2. Assim, como regra - ficando expressamente ressalvadas eventuais particularidades de casos concretos -, a 
legitimação para a propositura de ação de indenização por dano moral em razão de morte deve mesmo alinhar-
se, mutatis mutandis, à ordem de vocação hereditária, com as devidas adaptações. 
3. Cumpre realçar que o direito à indenização, diante de peculiaridades do caso concreto, pode estar aberto aos 
mais diversificados arranjos familiares, devendo o juiz avaliar se as particularidades de cada família nuclear 
justificam o alargamento a outros sujeitos que nela se inserem, assim também, em cada hipótese a ser julgada, o 
prudente arbítrio do julgador avaliará o total da indenização para o núcleo familiar, sem excluir os diversos 
legitimados indicados. A mencionada válvula, que aponta para as múltiplas facetas que podem assumir essa 
realidade metamórfica chamada família, justifica precedentes desta Corte que conferiu legitimação ao sobrinho e 
à sogra da vítima fatal. 
4. Encontra-se subjacente ao art. 944, caput e parágrafo único, do Código Civil de 2002, principiologia que, a par 
de reconhecer o direito à integral reparação, ameniza-o em havendo um dano irracional que escapa dos efeitos 
que se esperam do ato causador. O sistema de responsabilidade civil atual, deveras, rechaça indenizações 
ilimitadas que alcançam valores que, a pretexto de reparar integralmente vítimas de ato ilícito, revelam nítida 
desproporção entre a conduta do agente e os resultados ordinariamente dela esperados. E, a toda evidência, esse 
 
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exagero ou desproporção da indenização estariam presentes caso não houvesse - além de uma limitação 
quantitativa da condenação - uma limitação subjetiva dos beneficiários. 
5. Nessa linha de raciocínio, conceder legitimidade ampla e irrestrita a todos aqueles que, de alguma forma, 
suportaram a dor da perda de alguém - como um sem-número de pessoas que se encontram fora do núcleo 
familiar da vítima - significa impor ao obrigado um dever também ilimitado de reparar um dano cuja extensão 
será sempre desproporcional ao ato causador. Assim, o dano por ricochete a pessoas não pertencentes ao núcleo 
familiar da vítima direta da morte, de regra, deve ser considerado como não inserido nos desdobramentos lógicos 
e causais do ato, seja na responsabilidade por culpa, seja na objetiva, porque extrapolam os efeitos 
razoavelmente imputáveis à conduta do agente. 
6. Por outro lado, conferir a via da ação indenizatória a sujeitos não inseridos no núcleo familiar da vítima 
acarretaria também uma diluição de valores, em evidente prejuízo daqueles que efetivamente fazem jus a uma 
compensação dos danos morais, como cônjuge/companheiro, descendentes e ascendentes. 
7. Por essas razões, o noivo não possui legitimidade ativa para pleitear indenização por dano moral pela morte da 
noiva, sobretudo quando os pais da vítima já intentaram ação reparatória na qual lograram êxito, como no caso. 
8. Recurso especial conhecido e provido. 
 
 
 NOVOS DANOS MORAIS: 
 
Perda de uma Chance, cabe indenização nos casos de frustração de uma expectativa ou da perda de uma 
oportunidade, desde que a chance seja séria e real. Exemplo: Não é serie a chance, daquele que não se cadastra 
no site por acúmulo de pessoas e, pede a viagem ao qual concorreria (Coca-Cola). Para a chance ser séria, Sérgio 
Savi entende que deve ter mais de 50% (cinquenta por cento). Não se confunde com lucro cessante, pois este o 
prejuízo é efetivo e na perda da chance, há possibilidade de prejuízo. Exemplo: Corredor, Vanderlei Cordeiro, 
agarrado durante a maratona de Atenas, perdeu a chance de vitória. Advogado que perde prazo do recurso e 
cliente perde a chance de revisão da decisão.

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