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Material de Apoio - Profa. Nair Santos -- FFuunnddaammeennttooss ddee EEccoonnoommiiaa II –– PPaarrttee II MMiiccrrooeeccoonnoommiiaa Unidade 1: Introdução 1.1 Bens e serviços 1.2 Fatores de produção e suas remunerações 1.3 Curva de possibilidades de produção 1.4 Estruturas de mercado 1.5 Moeda Unidade 2: Teoria do Consumidor 2.1 Utilidade e utilidade marginal 2.2 Curva de demanda e curva de demanda do mercado 2.3 Classificação de bens 2.4 Elasticidade 2.5 Externalidades de difusão BIBLIOGRAFIA Unidade 1: Introdução A economia estuda a utilização dos recursos escassos (bens e serviços empregados na produção), com adoção de dada tecnologia, para produção de bens e serviços finais com o intuito de satisfazer as necessidades dos consumidores, que são ilimitadas, ao passo que a oferta dos bens e serviços que compõem sua cesta de consumo é escassa. E mais: o consumidor só pode comprar todos os bens que deseja até o limite de sua renda (atenção daqueles que gastam mais do que recebem... estão contrariando os princípios da economia!! A máxima de “o céu é o limite” não cabe em nosso estudo – nossa renda é que define o quanto podemos adquirir ou usar de produtos e serviços). Os usos são diversos, porém alternativos em função da escassez dos recursos. Por este motivo, a produção de todos os bens não pode ser aumentada ao mesmo tempo, no curto prazo. Nem sempre é possível aumentar o capital financeiro da empresa e, ao mesmo tempo, contratar mais funcionários...Veremos este assunto mais adiante quando estudarmos a Teoria da Produção! A Economia estuda as operações envolvem moeda e permutas entre indivíduos, firmas e órgãos públicos. Foca o comportamento destas firmas, que buscam mais eficiência, reduzindo custos, sem perder qualidade, com os melhores resultados. Avalia, também, o comportamento dos consumidores, diante dos preços praticados, a renda de que dispõem e a oferta de bens e serviços no mercado. A questão fundamental consiste na decisão: o que produzir? Em quais quantidades, considerando os recursos produtivos limitados, com mão de obra especializada, capital fixo (máquinas, equipamento, prédios, estradas, portos), capital financeiro para empregar e adquirir matérias-primas, terras férteis para a agricultura e empresários dispostos a arriscar seus recursos no setor produtivo, e as necessidades humanas ilimitadas? Em segundo lugar, vem a questão: como produzir? Leia-se: que tecnologia adotar? Pode ser importada, mediante o pagamento de direitos (royalties). Para criação de novos produtos e processos de produção, as empresas investem em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Geralmente, os países menos desenvolvidos investem menos em P&D, por insuficiência de recursos técnicos e financeiros, preferindo importar técnicas conhecidas de outros países. A decisão de como produzir implica a escolha das técnicas, o que, mais uma vez, envolve a questão dos preços dos recursos. Se a mão de obra for barata e o custo do capital elevado, as empresas tenderão a utilizar mais trabalho (L) e menos capital (K), isto é, o processo de produção será mais manual e menos mecanizado. Nesse caso, diz-se que as técnicas são de trabalho intensivo. Inversamente, nos países desenvolvidos, em que os salários são elevados e os direitos sociais dos trabalhadores mais amplos, as empresas tendem a mecanizar em massa o setor produtivo. Em terceiro lugar, decidir: para quem produzir? Neste momento, as empresas escolhem os consumidores que desejam atender com bens e serviços, conforme as diferentes classes de renda a que pertencem. Por exemplo: uma empresa do ramo da construção civil pode escolher entre construir prédios de luxo para a classe A, ou prédios mais modernos para a classe média, ainda, uma combinação desses dois tipos de obra. Do ponto de vista privado, a escolha envolve sempre a expectativa de maximizar lucros e a disponibilidade de recursos e de tecnologia. A Teoria Econômica divide-se em: Microeconomia e Macroeconomia. A Microeconomia trata do comportamento das firmas e dos indivíduos ou famílias, focando na formação dos preços e na dinâmica do mercado de cada produto. Estuda decisões de quantos trabalhadores contratar, quantidade de produção de um dado item, a que preço ofertar ao consumidor, etc. Lida com limites e de como tirar o máximo proveito deles. Consiste na alocação de recursos escassos e as relações de equilíbrio. Faz análise positiva (de causas e efeitos) e normativa (daquilo que será melhor). A Macroeconomia estuda o comportamento das variáveis agregadas nacionais, da economia de um país como um todo, envolvendo: nível geral dos preços, formação da renda nacional, oscilações na taxa de desemprego e taxas de câmbio, balanço de pagamentos, níveis de poupança e investimento, etc. Para a gestão destas variáveis, que impactam sobremaneira na rotina do cidadão e das empresas, as autoridades econômicas definem políticas monetárias e fiscais visando situação de equilíbrio ou focadas na manutenção do cenário econômico dentro das metas estabelecidas. Neste curso, o foco será a Microeconomia. No próximo semestre, exploraremos os conceitos de Macroeconomia. 1.1 Bens e serviços Bens são resultados da transformação humana, que podem ser estocados , nem que seja por um mínimo de tempo. Podem ser livres (sem custo, geralmente encontrados em grande quantidade – ex: água) ou econômicos (ofertados em quantidade limitada, que demanda pagamento pata obtenção). Os bens econômicos classificam-se em: a) Bens de Consumo - Podem duráveis (utilizados durante um tempo relativamente longo, como um refrigerador ou um automóvel) ou não duráveis (usados por um prazo curto , como os alimentos). A Economia, como Ciência, não entra em considerações éticas ou de juízos de valor, não arbitrando que faz bem ou um mal a alguém. Veja: o consumo de bebida alcoólica, embora faça mal à saúde, é considerado um bem econômico, porque satisfaz à necessidade de um indivíduo. Não se avalia seu grau de dependência e prováveis prejuízos acarretados pelo bem ao seu consumidor... b) Bens de Capital - empregados na geração de outros bens (máquinas, equipamentos e prédios). c) Bens Públicos - são bens indivisíveis e ofertados pelo Governo. Ex: Brinquedos de uma pracinha de um bairro. As crianças que os utilizam, independente de seus responsáveis pagarem tributos ou não, podem usufruir à vontade. Ao mesmo tempo, não podemos afirmar que somos detentores de determinação quantidade ou fração destes bens. d) Bens Intermediários - São insumos e matérias primas que fazem parte de um bem. É importante ressaltar que, para efetivamente classificar um item, devemos analisar o contexto. Exemplo: laranja adquirida para revenda. É considerada um bem intermediário para o feirante? Não. Porém, é um insumo, um bem intermediário para firmas que trabalham fornecendo sucos... Os serviços são prestados por pessoas ou empresas a outras pessoas ou outras empresas e não podem ser armazenados. Uma aula na faculdade, por exemplo, é um serviço; é oferecida por uma empresa – a faculdade – a outras pessoas – os alunos – e não pode ser armazenada. Se o aluno faltar uma aula, ele fica sem ela, apesar de efetuado o respectivo pagamento. 1.2 Fatores de produção e suas remunerações Os fatores de produção consistem em: • Trabalho, ou recursos humanos. Mão de obra que atua no processo de transformação, de produção de um dado bem; • Capital, máquinas, equipamentos, prédios, ferramentas, dinheiro e serviços, voltados para produção de outrosbens e serviços finais; • Terra, ou recursos naturais, como: minerais, madeiras, e terra fértil para a agricultura; • Capacidade Empresarial. O empresário é quem possui capitais para compra de recursos que culminarão em bens, ofertados à sociedade, mediante a adoção de uma tecnologia, com finalidade de lucro. O empresário que possui um fator de produção só está interessado em oferecê-lo à sociedade mediante uma troca, uma remuneração, uma contrapartida, que geralmente ocorre em unidades monetárias. Dessa forma, cada um dos fatores de produção possui uma remuneração própria, elencadas no quadro abaixo: Fator Remuneração Trabalho Salário Capital Juros Terra Aluguel Capacidade Empresarial Lucro 1.3 Curva de possibilidades de produção Indica a quantidade máxima de produção , em dada economia, e as combinações possíveis de bens, considerando o pleno emprego dos fatores de produção envolvidos e já explanados anteriormente. Considere a seguinte situação: A Fábrica WZ conta com funcionários (recursos humanos), matérias-primas (bens intermediários) e ferramentas (bens de capital) necessários para a produção de dois itens: botas e sandálias. Há a necessidade de se planejar a quantidade de produção de cada um. Se a fábrica mencionada está utilizando todos os recursos disponíveis (o que chamamos de pleno emprego dos recursos) na produção de 40 botas e 20 sandálias , não pode produzir mais um bota sem deixar de produzir uma dada quantidade de sandálias. Não devemos esquecer a máxima de que estamos lidando com a escassez de recursos e que, no contexto colocado, ninguém cogitou acréscimo de máquinas, de funcionários ou mesmo aquisição de mais insumos (matérias-primas). Logo, para produzir mais uma bota, digamos que seja necessário produzir duas sandálias a menos. Diante do exposto, produzir uma bota a mais, significa 42 botas e 18 sandálias. Em termos econômicos, o custo de oportunidade de uma bota é duas sandálias. O custo de oportunidade de um produto é o quanto (em unidades) de outro produto se deixa de fabricar para que ele possa ser produzido. O conceito de custo de oportunidade considera que existe uma comparação entre o benefício de dada ação se comparada com outras alternativas. O custo é a perda de um valor que poderia ser obtido se fosse adotada outra ação, que é incompatível com a que é objeto de análise. A curva de possibilidades de produção, representada no gráfico abaixo possui alguns pontos importantes de se destacar ( continuemos a considerar a produção de mesas e cadeiras, para facilitar o entendimento): • Os pontos ao longo da curva indicam todas as combinações possíveis de produção de botas e sandálias. Qualquer um destes pontos indica que todos os recursos –funcionários, as máquinas e matérias-primas – estão sendo utilizados na produção. Por isso que os pontos ao longo da curva são pontos de pleno emprego dos fatores. • O inverso dos pontos ao longo da curva, é o ponto (0,0) no gráfico. É o ponto onde o produtor decide por não produzir, onde nenhum recurso de produção é utilizado – ninguém trabalha, nenhuma máquina nem matéria-prima é empregada. É um ponto de pleno desemprego. Produção = ZERO UNIDADE. • Os pontos acima da curva indicam uma impossibilidade técnica, isto é, mesmo que empregados todos os recursos é impossível produzir uma quantidade de mesas e cadeiras dada por algum destes pontos. Motivo: ponto impossível de ser alcançado dada a quantidade de recursos que se tem. Para chegarmos a estes pontos, deveríamos aumentar um ou mais recursos à disposição. • Os pontos abaixo da curva indicam níveis de produção possíveis mas que não empregam todos os recursos. São pontos onde há capacidade ociosa. Ou seja, nesta região do gráfico há trabalhadores “de braços cruzados” e máquinas “desligadas”, ou trabalhando em ritmo abaixo de sua capacidade. Neste momento, o custo de oportunidade é zero, não havendo necessidade de sacrificar recursos produtivos para aumento da produção de outro bem. • A fábrica utiliza todos seus recursos na produção de somente mesas no ponto 1 e de somente cadeiras no ponto 2. O que a sociedade deve decidir produzir mais? Não é de fácil definição, pois bens de consumo são necessários para satisfazer os desejos e necessidades da população imediatas, sandálias botas impossibilidade Capacidade ociosa 1 2 Pleno desemprego Pleno emprego enquanto os bens de capital contribuem para o crescimento da economia, incrementam o PIB (Produto Interno Bruto) de um país. Por outro lado, não é possível se produzir somente bens de capital para desenvolver rapidamente a economia pois, não se vive sem os bens de consumo (alimentos, por exemplo). Da mesma forma, se somente produzir-se bens de consumo, a depreciação das máquinas já existentes levaria a um sucateamento e não teríamos como repô-las, comprometendo a produção dos bens de consumo...É necessário que o governo interfira e decida qual a combinação ideal a ser produzida de bens de capital e de consumo. Quando há um avanço tecnológico, aumento do capital disponível ou aumento da força de trabalho, a curva de possibilidades de produção se desloca para a direita, indicando um aumento nas combinações possíveis. Já que tenho mais empregados, ou máquinas mais potentes, a tendência é aumentar a minha produção... Logo: � Deslocamentos Positivos ( à direita ou para cima): decorrem do incremento ( aumento) dos fatores de produção); � Deslocamentos Negativos ( à esquerda ou para baixo): decorrem do sucateamento ou redução dos fatores de produção disponíveis. Em país que produz mais bens de capital, o crescimento econômico é maior do que se tiver produzido mais bens de consumo. Isto é, uma produção maior de bens de capital desloca a curva de possibilidades de produção para a direita, mais do que ela seria deslocada pela produção maior de bens de consumo. 1.4 Estruturas de mercado Um modelo é uma construção teórica formulada a partir de hipóteses, com o objetivo de simplificar a realidade para se explicar o mundo real, considerando tudo o mais constante, ou seja, é como se tirássemos uma fotografia de um cenário econômico e a avaliássemos. Mercado consiste no grupo de compradores e vendedores que, por meio de suas interações efetivas ou potenciais, determinam o preço de um produto ou do conjunto destes. Então, o que vem a ser um setor de um mercado? É o conjunto de empresas que vendem o mesmo produto ou correlatos. As estruturas de mercado dependem basicamente de três características: (KUPFER, 2002). � O número de empresas que compõem esse mercado; � O tipo do produto (se idênticos ou diferenciados); � Se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas no mercado. O que vem a ser a livre concorrência? O princípio da livre concorrência está previsto no artigo 170, inciso IV da Constituição Federal e baseia-se no pressuposto de que a concorrência não pode ser restringida por agentes econômicos com poder de mercado. Em um mercado em que há concorrência entre os produtores de um bem ou serviço, os preços praticados tendem a manter-se nos menores níveis possíveis e as empresas precisam buscar constantemente formas de se tornarem mais eficientes para que possam aumentar os seus lucros. À medida que tais ganhos de eficiência são conquistados e difundidos entre os produtores, ocorre uma readequação dos preços, que beneficia o consumidor. Assim, a livre concorrência garante, de um lado, os menores preços para os consumidores e, de outro, o estímulo à criatividade e à inovação das empresas. Disponível em :http://www.cade.gov.br/servicos/perguntas-frequentes/perguntas-gerais-sobre-defesa-da-concorrencia. Aceso em 04/08/2017. Um mercado pode ser dividido entre dois grandes grupos: Concorrência Perfeita e Concorrência Imperfeita, consideradas opostas em se tratando de poder de mercado, ou seja, de domínio de parcela de mercado. Concorrência Perfeita Características principais: • Há muitas empresas ofertando e consumidores agindo independentementesem força o suficiente de modificar os níveis de oferta e demanda; • O produto é homogêneo, isto é, não há diferenças entre eles,sendo perfeitamente substituído outro; • Não há barreiras à entrada nem à saída de empresas no mercado. Isto é, não há nada que impeça uma nova empresa de entrar no mercado ou de outra, de abandoná-lo. • As informações do mercado são acessíveis por todos os que compõem o mercado: tanto quem compra, quanto quem vende; • O preço do produto é determinado pelo mercado e não pelas firmas e demandantes dos produtos ou serviços. Por este motivo, diz-se que o produtor aqui é price-taker (tomador de preço); • A longo prazo, não existem lucros extras ou extraordinários, apenas lucros normais ou custo de oportunidade (o que ele ganharia se aplicasse seu capital em outra atividade média de mercado); • E o ideal e pouco existe na prática. Concorrência Imperfeita Literalmente o oposto da concorrência perfeita. Monopólio Características principais: • Apenas uma empresa dominando a oferta e o mercado, enquanto há um infinito número de compradores1; • Não há produtos substitutos. Logo, o consumidor não escolhe, só lhe resta comprar daquela dada firma caso necessite do produto ou serviço; • Há barreiras econômicas, técnicas ou legais que impedem novos entrantes no mercado. Por exemplo, que a produção de uma vacina custando não menos do que dez milhões de dólares, o que inviabilizaria empresas atuando neste nicho, dado o elevado capital envolvido no negócio; • Caso de exclusividade de matérias-primas ou de tecnologias, ou patentes exclusivas sobre produtos ou processos de produção. O monopolista opera com lucros extraordinários e seu preço será sempre maior do que em competição perfeita e a quantidade vendida sempre menor. (KUPFER, 2002). Em um mercado monopolista, o preço do produto é determinado pelo produtor e aceito pelos compradores. Por causa disto, diz-se que o produtor aqui é price-maker (formador de preço). Isto é, o produtor determina o preço do produto. Ainda contamos com o conceito de monopólio natural, como segue: Em alguns casos, o monopólio pode ser a forma mais eficiente de se produzir um bem ou serviço. Essa situação, conhecida como monopólio natural, é geralmente observada quando existem elevadas economias de escala ou de escopo em relação ao tamanho do mercado. Em tais condições, torna-se ineficiente ter duas ou mais empresas em operação e, a fim de afastar os abusos por parte do monopolista, faz-se necessária a regulação do mercado. Esse é um dos papéis desempenhados pelas 1 Quando há um único comprador e infinitos produtores, chama-se Monopsônio. agências reguladoras (Anatel, Aneel, ANP, etc.) em conjunto com o Cade – Conselho Administrativo de Defesa Econômica.(grifo meu) Já o monopólio não-natural é aquele provocado através de aquisições de firmas concorrentes, dominando maior parte do mercado. Exemplo de monopólio: exploração de petróleo exclusivamente pela Petrobrás até 1997. Monopólio de cartas dos Correios. Por que o monopólio pode ser prejudicial? Monopólio significa a existência de apenas um ofertante de um determinado bem ou serviço. Empresas monopolistas podem determinar os preços de mercado por meio do controle da quantidade ofertada. Como não tem concorrentes, o monopolista pode restringir a produção e, assim, elevar os preços de mercado, até que obtenha o máximo lucro possível. Comparado com um mercado competitivo, o monopólio produzirá quantidades menores e preços maiores do que os que prevaleceriam em uma situação competitiva, com perdas para o bem-estar da sociedade. Sem rivalidade de concorrentes, o monopolista pode também incorrer em ineficiências produtivas. Além disso, monopólios têm pouco estímulo para perseguir inovações e elevar a qualidade de seus produtos. A existência de outros concorrentes gera a necessidade de investir e inovar, como condição para não perder participação de mercado. Isso implica maior desenvolvimento tecnológico, com consequentes benefícios para a sociedade. Entretanto, o monopólio pode constituir uma forma eficiente de organizar a produção quando existem elevadas economias de escala e escopo, em relação ao tamanho do mercado atendido pelo monopolista. Quando isso ocorre, seria ineficiente a presença de mais de um produtor no mercado (trata-se de uma situação denominada de monopólio natural). Nesse caso, como a presença de rivais será eliminada pela própria concorrência, o controle do poder de monopólio exige a regulação do mercado. Disponível em: http://www.cade.gov.br/servicos/perguntas-frequentes/perguntas-gerais-sobre- defesa-da-concorrencia. Acesso em 04/08/2017. Oligopólio Neste cenário, conta-se com pouquíssimo número de empresas2 ofertando no mercado, independente da característica do bem ou serviço. Aí que “mora” o perigo, a possibilidade de formação dos chamados e temidos cartéis, quando empresas fazem acordos entre si sobre preços e a quantidades ofertadas. Não competem, atuam como se uma empresa fossem, com força de monopólio. Os cartéis são ilegais , prejudicam o consumidor, mas eles são difíceis de se manter. 2 Quando são poucos compradores e muitos produtores, chama-se Oligopsônio. O que é cartel? Cartel é qualquer acordo ou prática concertada entre concorrentes para fixar preços, dividir mercados, estabelecer quotas ou restringir produção, adotar posturas pré-combinadas em licitação pública, ou que tenha por objeto qualquer variável concorrencialmente sensível. Os cartéis, por implicarem aumentos de preços e restrição de oferta e nenhum benefício econômico compensatório, causam graves prejuízos aos consumidores, tornando bens e serviços completamente inacessíveis a alguns e desnecessariamente caros para outros. É importante ressaltar que a mera constatação de preços idênticos não é, isoladamente, indício suficiente que aponte a existência de um cartel. São necessários, além de dados econômicos, indícios factuais de que há ou houve algum tipo de acordo ou coordenação entre os empresários do setor para aumentar ou combinar o preço dos produtos ou serviços ofertados. Alguns exemplos de provas já utilizadas para se caracterizar e punir cartéis foram atas de reuniões, escutas telefônicas, mensagens trocadas entre concorrentes, etc. Por isso, essa conduta anticoncorrencial é considerada, universalmente, a mais grave infração à ordem econômica. Segundo estimativas da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, os cartéis geram um sobrepreço estimado entre 10% e 20% comparado ao preço praticado em um mercado competitivo. Dospinível em: http://www.cade.gov.br/servicos/perguntas-frequentes/perguntas-sobre-infracoes-a- ordem-economica. Aceso em 04/08/2017. Exemplos de Oligopólios: � Empresas aéreas: TAM, GOL, AZUL; � Empresas de telefonia celular: Vivo, Claro, Oi, Tim,Nextel; � Montadoras de veículos: Fiat, Chevrolet, Volkswagen, Ford, Hyundai, Chery; 1.5 Moeda3 Seria impossivel que todos os indivíduos de uma sociedade tivessem de produzir todo o necessário para sua subsistência. Mesmo que fosse possível seria muito ineficiente, pois cada indivíduo tem habilidades diferentes. Imagine alguém que tenhahabilidade de trabalhar com a madeira, mas que não tenha tanto talento para pescar. Ele acabaria perdendo muito tempo pescando – teria de se alimentar – e produziria menos cadeiras e mesas, por exemplo, que sua habilidade com a madeira permitiria. Também não pescaria tanto, pois não sabe direito como fazê-lo. Com certeza existe um outro indivíduo nesta sociedade com o inverso das habilidades do primeiro: teria talento para a pesca, mas não para trabalhar com madeira. Se cada um deles se 3 Conteúdo extraído do Material Didático do Prof. Mauro Castelo Branco especializasse no que sabe fazer melhor, os dois produziriam mais e poderiam trocar os produtos que não utilizassem para si mesmos com outros indivíduos. Chama-se, na Economia, quando os indivíduos trocam seus produtos entre si, de economia de escambo. O problema deste tipo de economia é que, para que possa haver uma troca entre eles, é necessário que haja a dupla coincidência, isto é, que um indivíduo queira trocar sua mercadoria pela do outro. No exemplo acima, se o indivíduo que produziu uma cadeira quer troca-la por um peixe e, o individuo que pescou o peixe quer troca-lo por uma cadeira, há a dupla coincidência. Caso quem pescou não precise de uma cadeira, a troca não será realizada e o fabricante de cadeiras passará fome. Moeda é o que as sociedades modernas encontraram há muitos séculos para resolver os problemas de uma economia de escambo. Funções da Moeda Para uma moeda atender as necessidades de uma sociedade moderna ela precisa possuir algumas funções: • Meio de Troca: através da moeda consegue-se trocar mercadorias indiretamente. Um fabricante de móveis vende seus produtos e, com o dinheiro que recebe, pode comprar seu alimento. Isto resolve o problema da dupla coincidência. • Unidade de Conta: se desejar saber o valor de todos os bens e serviços produzidos em um país ao longo de um ano, por exemplo, soma-se o valor deles. • Reserva de Valor: a moeda pode ser armazenada para uso posterior. Características da Moeda Vários objetos já foram usados como moeda no passado: sal, conchas, gado, fumo, etc. Mas nenhuma delas possui características para ser usada como meio de troca, principalmente nas sociedades modernas. A moeda precisa ser: • Escassa: se um objeto não escasso é utilizado como moeda, qualquer indivíduo pode obtê-lo sem trabalho. Por exemplo, se a água fosse usada como moeda, bastaria ir ao mar para pegar quanto dinheiro quisesse. • Fácil de manusear e de armazenar: é preciso poder guardar e carregar a moeda para onde quiser. A água é um exemplo de algo que não é fácil de manusear nem armazenar. Imagine que para ir trabalhar você precise levar dois baldes d’água todo dia para suas despesas de passagem e alimentação. Imagine, também, como o ônibus armazenaria a água que recebe dos passageiros e não se esqueça que não se poderia derramar nem gotas d’água, porque ela seria dinheiro. • Divisível: Esta característica diz respeito à facilidade de se dividir a moeda em frações menores. Imagine que tijolos são utilizados como moeda. Você vai pagar o ônibus e a passagem custa 1/3 de tijolo. Como o cobrador vai devolver seu troco? • Durável: O que será utilizado como moeda precisa durar, senão, não servirá como reserva de valor. Imagine utilizar-se maçãs como moeda. Você não poderia guardá-la mais do que uns dias, após os quais elas apodreceriam e não valeriam mais nada. Unidade 2: Teoria do Consumidor É a parte da ciência econômica que estuda o comportamento do consumidor durante as suas decisões de consumo, como “distribuem” sua renda entre bens e serviços , maximizando seu próprio bem-estar. É algo muito complexo, pois lida com anseios e necessidades, pontos muito abstratos. Cestas de consumo ou de mercadorias do consumidor é a combinação de quantidades específicas de um ou mais bens. Trabalharemos sempre com dois bens, desde que respeite a restrição orçamentária (leia-se: renda). Restrição Orçamentária ou Linha de Orçamento Suponha, por exemplo, que o consumidor ganhe uma renda de R$ 1.000,00 e não possua outros meios de conseguir dinheiro (não há empréstimos, financiamentos, compras à fiado, “bicos”,etc). A restrição orçamentária dele é os R$ 1.000,00. Suponhamos que o consumidor tenha uma renda m e queira consumir os bens 1 e 2, onde p1 e p2 são os preços, e q1 e q2 são as quantidades, respectivamente. Logo, a restrição orçamentária é transcrita na matemática da seguinte forma: m ≥ p1.q1 + p2.q2 Onde: � p1.q1 é a quantidade de dinheiro que o consumidor gasta com o bem 1; � p2.q2 a quantidade que ele gasta com o bem 2. A restrição orçamentária do consumidor (m) impõe que a quantidade de dinheiro gasta nos dois bens não exceda a quantidade total de dinheiro que o consumidor tem para gastar (a renda). As cestas de consumo (q1, q2) que o consumidor pode adquirir são aquelas cujo custo não ultrapassa o valor de m. Esta cesta de consumo é o conjunto orçamentário do consumidor. Qualquer cesta de consumo ao longo da curva representa uma situação em que a renda é totalmente gasta. Já a cesta dentro do conjunto orçamentário representa uma situação em que a renda é maior ou igual ao que é gasto. Na figura abaixo, a reta orçamentária é a reta AB, já o conjunto orçamentário é a área cinza, que contém a reta AB. Percebeu a diferença entre os conceitos de conjunto orçamentário e reta orçamentária? O ponto A representa o consumidor gastando toda a sua renda com o bem 2. Logo: dada a renda m, q2 é máxima e q1=0. O ponto B é o ponto em que o consumidor gasta toda a sua renda com o bem 1. A inclinação da reta orçamentária indica que o consumidor troca 1 unidade do bem 1 por 2 unidades do bem 2. Seria a taxa de “troca”. O sinal negativo da inclinação se justifica pelo fato de haver uma relação inversa entre as variações nas quantidades (para o consumo de um bem aumentar, necessariamente, o consumo do outro bem deve diminuir, e vice-versa). Exemplo: Se a renda de um indivíduo é igual a 100, o pa = 10 e pb = 5 temos que: 100 = 10A + 5B Se ele consome 10 unidades de A, como 10 x 10 = 100, que é igual a renda, ele não tem mais renda para consumir nenhuma unidade de B. Por outro lado, se ele consumir 5 unidades de A, como 10 x 5 = 50, seu orçamento lhe permite consumir 10 unidades de B. O gráfico abaixo representa a linha de orçamento deste individuo para uma renda igual a 100. Se houver uma modificação na renda a linha de orçamento se deslocará paralelamente. Por exemplo: Se a renda do indivíduo se eleva para 200, agora temos: 200 = 10A + 5B Isto é, agora ele pode comprar 20 unidades de A e nenhuma de B ou 40 unidades de B e A B 20 10 10 5 A 20 nenhuma de A. Por outro lado, alterações no preço de um bem altera a inclinação da reta a não ser que esta alteração nos preços possua razão entre eles constante. Neste caso, o efeito resultante será semelhante ao da alteração da renda. Por exemplo: Se a renda de um indivíduo é igual a 100, e o pa passa a ser 5 temos: 100 = 5A + 5B E agora ele pode comprar 20 unidades de A e nenhuma de B ou 20 unidades de B e nenhuma de A. A inclinação da linha de orçamento mudou para a curva azul abaixo. Hipóteses da Teoria do Consumidor (Preferências) Trata-se de suas premissas básicas: a) Integralidade: o consumidor pode comparar e ordenar suas preferências entre todas as cestas de mercado.Ele é indiferente entre duas cestas se elas o deixam igualmente satisfeito e essas preferências não levam em consideração o preço dos bens; b) Transitividade: é necessária para a consistência das escolhas. Se a cesta A é preferível à B e B é preferível a C, logo A é preferível a C; c) Insaciabilidade: o consumidor sempre prefere quantidades maiores de cada bem. 2.1 Utilidade e utilidade marginal Utilidade É o conceito econômico atribuído à satisfação pelo consumo dos bens/serviços. É difícil quantificar, atribuir valores à utilidade de um bem ou serviço. Possuímos preferências distintas, atribuindo diferentes utilidades para um bem, em função de nossas distintas necessidades e gostos. Em poucas palavras, representa a satisfação obtida pelo consumidor com determinada cesta de mercado. 20 A B 10 20 Utilidade Marginal (UMg) É satisfação adicional obtida do consumo de uma unidade a mais de um bem. É decrescente porque, à medida em que se consome mais de um bem, ele gerará cada vez menos utilidade. Para melhor entendimento, segue um exemplo clássico: utilidade da água por quem está sedento: o primeiro copo de água é o que lhe dá mais satisfação, o segundo copo já não traz a mesma utilidade, o terceiro menos ainda... Assim, podemos afirmar que estaríamos dispostos a pagar menos por unidades adicionais de copos de água, uma vez que trazem utilidades inferiores aos primeiros copos adquiridos. 2.2 Curva de demanda e curva de demanda do mercado O consumidor escolhe em função de seu mapa de indiferença – desejando atingir a curva de indiferença mais à direita possível, e de sua linha orçamentária – ele não pode gastar mais do que possui. Então a cesta de mercado que maximiza sua satisfação precisa atender a duas condições: 1) A cesta deverá atender ao consumidor uma combinação preferida de seus bens e serviços. Em outras palavras, deve estar sobre sua curva de indiferença; 2) A cesta de mercado que maximiza sua satisfação precisa estar sobre a linha de orçamento. Qualquer cesta abaixo dela deixa disponível parte da renda que, se gasta, elevaria a satisfação do consumidor. As cestas acima dela estão além do que o orçamento do individuo permite. No gráfico acima, se o consumidor desejar consumir a cesta de mercado dada pela curva de indiferença I = 10, ele estará consumindo menos do que sua renda permite e por isso não estará atingindo o máximo de satisfação que poderia. Sabemos também que a cesta I = 40 é a melhor das três indicadas no gráfico mas, infelizmente para nosso consumidor, ela está além do que seu orçamento permite. A B I = 10 I = 20 I = 40 A curva de indiferença I = 20 por sua vez indica a cesta de mercado que mais maximiza sua satisfação dado seu orçamento. Isto é, a cesta que maximiza a satisfação deve estar situada na curva de indiferença mais elevada com que a linha de orçamento tenha contato. O ponto em que a curva de indiferença e a reta orçamentária se tangenciam é dito como ponto ótimo. A Curva de Demanda Informa, graficamente, a quantidade que os consumidores desejam comprar de um bem à medida que se muda o seu preço unitário. E qual é a “cara” desta curva? Deve-se saber a relação entre as variáveis que constam no gráfico em que ela se encontra, que são: quantidade de bens demandados no eixo X (horizontal), e respectivos preços no eixo Y (vertical. Veja: Exemplo: refrigerante. Qual a sua quantidade demandada se o preço estivesse baixo? Alta. E se estivesse alto? Baixa. Logo, a quantidade demandada de um bem varia inversamente em relação ao seu preço. Quanto mais caro está o bem, menos ele é procurado. Esta é a lei da demanda. Desta forma, a curva do gráfico terá inclinação para baixo, decrescente, descendente ou negativa. Exemplo: Função de demanda : QD = 14 – 2P Onde: QD = quantidade demandada; P = preço. À medida que reduzimos o preço de 6 para 2, a quantidade demandada aumentou de 2 para 10. Vamos checar? Para P = 6 :QD = 14-2.(6) => QD = 14-12 => QD = 2. Para P = 2 :QD = 14-2.(2) => QD = 14-4 => QD = 10. A Curva de demanda será decrescente pelo sinal negativo do número/coeficiente que multiplica alguma das variáveis. Assim, o sinal negativo que multiplica a variável P (Preço) garante a relação inversa entre QD e P, indicando que quando uma variável aumenta, a outra diminui e vice-versa. Exemplo: Renda = paA + pbB, onde renda = 100, pb = 4 e B = 5. Temos então: 100 = paA + 5(4) = >100 = paA + 20 =>paA = 100 – 20 =>paA = 80 A = 80/pa Se atribuirmos preços diferentes ao bem A teremos sua quantidade demandada: Se Pa = 10 � A = 20 Se Pa = 20 � A = 15 Se Pa = 40 � A = 5 Quando transportados esses dados para os eixos relacionando preço e quantidade, obtém-se a curva de demanda. Exceção à lei da demanda: bem de Giffen. Para este bem, aumentos de preço geram aumentos de quantidade demandada e vice-versa, indicando que a curva de demanda do bem de Giffen terá inclinação positiva, direta, ascendente ou crescente. Fatores que Afetam a demanda a) Preço: é a variação do consumo de um bem associada a uma mudança em seu preço, mantendo-se constante o nível de utilidade. Este efeito é caracterizado por um movimento ao longo da curva de indiferença. Isto é, os consumidores tenderão a comprar mais do bem que se tornou mais barato e menos do bem que se tornou relativamente mais caro. A resposta à mudança nos preços relativos é o efeito substituição; b) Renda do consumidor: representa a mudança no consumo de um bem resultante do aumento do poder aquisitivo, com o preço relativo mantido constante.Em outras palavras, como um dos bens se tornou mais barato, há um aumento no poder aquisitivo dos consumidores. Após o aumento de renda, TODA a curva de demanda se desloca para a direita, indicando maiores quantidades demandadas ao mesmo nível de preços. É o chamado efeito renda. Caso tenhamos um bem inferior: demanda diminui quando o nível de renda do consumidor aumenta, a curva de demanda se desloca para a esquerda, indicando menor demanda. c) Preços de outros bens: se o consumidor deseja adquirir arroz,ele também verificará o preço do feijão, já que o consumo destes bens é associado. (logo, são bens são complementares). Bens substitutos,como a manteiga e a margarina. d) Expectativas dos consumidores: quanto à renda futura, ao comportamento futuro dos preços (se eles esperam que os preços vão aumentar, a demanda tende a aumentar, para evitar comprar produtos mais caros no futuro), à disponibilidade futura de bens (se o consumidor acredita que determinada mercadoria poderá faltar futuramente no mercado, ele poderá aumentar a demanda por esse bem, precavendo-se de sua falta no futuro). e) Mudança no número de consumidores no mercado: Com o término das férias, as famílias retornam às suas origens e a demanda pelos serviços na Região dos Lagos se reduz. f) Mudanças demográficas: lugares onde a população em sua maioria jovens têm maior por fast food e boates). g) Mudanças climáticas: a demanda por produtos estritamente ligados à estação mais quente (biquínis)aumenta no verão. A demanda de um bem depende da ação conjunta dos fatores acima listados. Para que os economistas analisem a influência de uma variável na demanda, supõe-se que todas as outras variáveis permanecem constantes (coeteris paribus). Curva de demanda de mercado É a soma horizontal das demandas de cada consumidor e informa quanto o conjunto de todos os consumidores comprará de um certo bem a cada preço possível. Seus aspectos: a) A curvade demanda de mercado será deslocada para a direita na medida em que mais consumidores entrarem no mercado, e; b) Os fatores que influenciam a demanda de muitos consumidores também afetarão a demanda do mercado. QUEST�ES DE FIXA��O 1. Com base no gráfico de representa a curva de indiferença de composição de cesta de dois bens, marque V ou F: ( ) A curva I=20 é a preferida do consumidor. ( ) A curva I=20 é considerada inatingível pelo consumidor, considerando seu limite orçamentário. ( ) A curva I=30 é a preferida do consumidor, pois representa a combinação de consumo de bens em que o consumidor, em qualquer ponto ao longo da curva, está igualmente satisfeito. ( ) A curva I=20 representa uma combinação de bens que satisfaz ao consumidor. Porém, não está otimizando toda a sua renda. ( ) A curva I=50 é considerada fora do alcance do consumidor, dado seu limite orçamentário. 2. Conceitue a Lei da Demanda e justifique por que sua inclinação é descendente: 3. Que tipo de bem representa uma exceção à Lei da Demanda? Explique: 4. Escolha um fator que afeta a demanda e explique de que forma isto acontece: 5. Diferencie o bem normal do bem inferior: 6. Dê exemplo de bens independentes: 7. Suponha que Maria tenha uma renda mensal de R$ 1.500,00 não possua outros meios de conseguir mais renda. Ela confessa que se sente plenamente satisfeita consumindo pão e frango. Sua restrição orçamentária é dada pela seguinte equação: M = 20P+ 5F. a) Se ela consume 40 kg de pão, o quanto ainda adquire de frango, dada sua restrição orçamentária? b) Se ela consome 100kg de pão, ainda consegue consumir frango? A B I = 20 I = 30 I = 50 c) Se a renda dela passa a ser de R$ 700,00, o que ocorre com sua linha de orçamento no gráfico? d) Se o preço do quilo de pão aumenta, qual seria sua implicação na representação gráfica? Curva de indiferença Indica todas as combinações das cestas de mercado que fornecem o mesmo nível de satisfação a um consumidor. O consumidor é indiferente às cestas de mercado ao longo dos pontos da curva. Sua inclinação é para baixo, pois para consumir mais de um bem, ele precisa abrir mão de certa quantidade de outro, pois há uma limitação de renda envolvida neste conceito. Qualquer cesta à direita e acima da curva é preferível a uma cesta que se encontre sobre a curva. Mapas de indiferença Gráfico que reflete o conjunto de curvas de indiferença que mostram os conjuntos de cestas de mercado que são indiferentes para o consumidor. As curvas de indiferença no mapa não podem se cruzar porque, se o fizerem, desrespeitam as premissas da teoria do consumidor. Há um número infinito de curvas de indiferença, cada uma sendo um nível possível de satisfação. Taxa Marginal de Substituição (TMS) É a quantidade de um bem que um consumidor deseja deixar de consumir para obter uma unidade adicional de um outro. A TMS mede o valor que um indivíduo atribui a uma unidade extra de um bem em relação a outro. As curvas de indiferença são convexas, isto é, a TMS diminui ao longo da curva porque à medida que maiores quantidades de um bem ‘a’ é consumido, o consumidor prefere abrir mão de cada vez menos unidades de ‘b’ para obter unidades adicionais de ‘a’. Geralmente, o consumidor prefere uma cesta balanceada a uma composta de somente um bem. Por isso, diz-se que a TMS é depreciada. O formato de uma curva de indiferença também indica o grau de disposição de um consumidor para substituir um bem pelo outro. Excedente do consumidor O preço máximo que um consumidor está disposto a pagar por um determinado bem é chamado de preço de reserva. Excedente do consumidor é diferença entre o que um consumidor está disposto a pagar por um bem (seu preço de reserva) e o que paga efetivamente. Mede quão maior será a satisfação das pessoas por poderem adquirir um bem. Graficamente, é a diferença entre a curva de demanda e o preço do bem. Classificação de bens Bem Normal: são aqueles em que a quantidade demandada aumenta quando aumenta-se a renda. Normalmente, para um indivíduo muito pobre, todos os bens são normais mas, cada vez que sua renda se aumenta um pouco, alguns bens irão se tornando inferiores. Bem Inferior: são aqueles em que a quantidade demandada diminui quando a renda aumenta. Geralmente são bens para os quais há alternativas de melhor qualidade. Ex: deixo de andar de ônibus e passo a usar o carro de passeio para deslocamentos. Deixo de consumir o frango e passo a consumir somente picanha. O bem que é inferior para um indivíduo pode não ser p q D p* Excedente do consumidor para outro. São chamados de substitutos perfeitos dois bens que são perfeitamente substituíveis um pelo outro. Exemplo: Tanto faz eu consumir suco de melancia ou de melão, fico satisfeito da mesma forma. Quanto maior o preço de um bem, maior a quantidade consumida do outro. Ou seja, se fico satisfeito com ambos os sucos, vou optar pelo mais barato para otimizar minha cesta. Neste caso TMS é constante. Por exemplo, quando aumenta o preço da Coca-Cola, aumenta a quantidade consumida de Pepsi, pois o consumidor substitui a Coca-Cola por Pepsi45. Por outro lado, é chamado de bem complementar aquele bem que, quando aumenta o preço de um bem A, diminui a demanda do bem B. ↑ Pa � ↓ Qb Por exemplo, quando aumenta o preço do automóvel, reduz a quantidade consumida de combustível, pois os consumidores compram menos automóveis e, assim, consomem menos combustível6. São chamados de complementos perfeitos dois bens que só são consumidos em conjunto. Exemplo: pé direito e esquerdo de um tênis. De que adianta comprar somente um deles?!? Separados, não têm utilidade. Sua TMS é infinita. 4 5Note que esta relação varia muito de consumidor para consumidor. Pode haver um consumidor que prefere pagar mais caro pela Coca-Cola a beber Pepsi. Mas se pensarmos em relação a toda a população de um país, ela se torna razoável. 6 Mais uma vez, esta relação pode variar de consumidor para consumidor. Finalmente, há os bens independentes cuja variação do preço de um bem A não altera a quantidade demandada de outro bem B. Por exemplo, o aumento do preço do chopp não deve interferir em nada na quantidade consumida de pilhas. ↑ Pa � Qb (não se altera) Coisa Ruim Mercadoria que os consumidores preferem em menos quantidade do que em maior como, por exemplo, poluição do ar. Para se analisar esses bens sob a ótica da teoria do consumidor, basta redefini-los como, por exemplo, preferência por ar puro. Bens de Giffen O bem de Giffen é um bem cuja curva de demanda tem inclinação positiva, isto é, quando o preço do bem se eleva, a quantidade comprada dele também aumenta. ↑ preço � ↑ Qd É difícil encontrar um bem de Giffen, mas ele geralmente é um bem importante na subsistência da faixa mais pobre da população. Isto é, boa parte da renda da população mais pobre é gasta no consumo deste bem. Um exemplo pode ser o arroz na China. Boa parte da população pobre da China consome muito arroz. Se o preço deste arroz se eleva um pouco, como o arroz é básico em sua alimentacao e eles não podem abrir mão dele, eles abrem mão de outros bens que seriam consumidos juntos com o arroz, comprando, então, mais arroz. Fator preço altera comportamento do consumidor na crise 31/03/2016 - Por Nathalie Gutierres A crise chegou com tudo nos lares brasileiros e aquele cenário identificado até meadosde 2014, com a ascensão da Classe C, que ampliou o poder de compra da população e possibilitou a expansão de diversas categorias de produtos, cede espaço a um momento de incertezas, com a alta da inflação, com o crescimento do desemprego no país e com o maior endividamento das pessoas. Esse contexto fez com que os consumidores se preocupassem com preço, deixassem as marcas líderes de lado e, o pior: reduzisse o volume de compras. As vendas em volume no autosserviço recuaram 1,2% em 2015 e a expectativa para este ano é de uma queda mais acentuada, de 2,1%. As informações são da Análise Anual Nielsen, divulgada nesta quinta-feira (31/03), que indica que apenas em 2018 o cenário voltará a ficar positivo. A pesquisa mostra que 6 em cada 10 brasileiros já fazem hoje o corte de itens da lista de compras. Dessa forma, o consumo da cesta de produtos de Limpeza, Higiene e Beleza, Bebidas Alcóolicas/Não Alcóolicas, Perecíveis e outros itens de Mercearia, caiu, em média, 3,5% em volume de vendas por lar em 2015. Como passou a ser fator essencial para as decisões de compra, os preços dos produtos fizeram com que o shopper mudasse seu comportamento em relação aos canais e às marcas, como mostram os dados da pesquisa. As compras de abastecimento ganham força no atacarejo, com 66,4% das preferências, contra 45,7% no hiper e 42,7% no supermercado. “No cash&carry o shopper gasta 12% a menos e leva 9% a mais de compras”, explica a analista de mercado da Nielsen, Tatiene Vale. Com o atacarejo no foco das compras de abastecimento, o hipermercado ganha a dinâmica de compra por reposição, enquanto o supermercado é identificado para as compras de conveniência. O levantamento também identificou que as marcas líderes dão espaço às mais baratas, no movimento conhecido no varejo como Trade Down. A análise revela que 41% das marcas líderes retraíram volume de vendas em 2015, sendo que 6 das top 10 marcas líderes perderam lealdade. “Para driblar a perda de lealdade, será preciso investir na execução no PDV, focar em inovações que apresentem clara relação de custo-benefício e focar nos investimentos de mídia, para estar sempre presente na lembrança do consumidor”, diz o analista de mercado da Nielsen, Lucas Bellacosa. Mas nem todas as notícias são negativas. Os Millennials, jovens que estão na faixa de 21 a 34 anos, se diferenciam das demais gerações e mostram oportunidades ao varejo. O estudo identificou que 37% desses jovens não pretende economizar, pois gosta de viver o momento e comprar por impulso, não abrindo mão do que gosta. Além dos jovens consumidores, o canal on-line apresenta oportunidades de desenvolvimento no país, que hoje já se destaca na venda de produtos de higiene e beleza (83%). Disponível em: http://www.supervarejo.com.br/fator-preco-altera-comportamento-do-consumidor-na-crise/. Acesso em 19/07/2016. 2.4 Elasticidade Sabe-se que, quando se eleva o preço de um produto, reduz-se a quantidade consumida dele. Mas reduz-se muito ou pouco? A resposta desta pergunta está na elasticidade da demanda para este produto. A elasticidade mede a variação percentual de uma variável que resulta de 1% de aumento na outra. O conceito de elasticidade é muito importante em economia, porque ele se refere à sensibilidade de uma variável econômica em relação a outra. No caso da demanda, a elasticidade mede a proporção em que a alteração do preço de um produto, altera a quantidade demandada dele. Demanda Elástica Quanto mais deitada a curva de demanda for, maior é a redução da quantidade consumida, quando o preço aumenta. Neste caso, diz-se que a demanda é elástica. Isto é comum em bens supérfluos ou em bens duráveis. A elasticidade nestas curvas é maior do que 1, significando que se o preço aumentar de 1, a quantidade demandada será reduzida de mais do que 1 e vice-versa. Demanda Inelástica Quanto mais em pé a curva de demanda for, menor é a redução da quantidade consumida quando o preço aumenta. Neste caso, diz-se que a demanda é inelástica. Isto é muito comum em bens essenciais que os indivíduos não podem abrir mão. Quando a elasticidade for menor do que 1, significa que se o preço aumentar de 1, a quantidade demandada será reduzida de menos do que 1. 2.5 Externalidades de difusão É a situação na qual a demanda individual depende das aquisições feitas por outras pessoas. Pode ser positiva ou negativa. É chamado de efeito cumulativo do consumo quando os consumidores desejam possuir um bem porque os outros possuem (externalidade de difusão positiva). A criação deste efeito é o objetivo do marketing e propaganda. Este efeito torna a demanda mais elástica. É o desejo por certo produto porque quase todo mundo tem ou por estar na moda. É chamado de efeito de diferenciação do consumo quando os consumidores desejam possuir bens únicos ou exclusivos (externalidade de difusão negativa). Torna a demanda menos elástica. q p D q p D BIBLIOGRAFIA AWH, Robert Y. Microeconomia - teoria e aplicações (Microeconomics: theory and applications). LTC, Rio de Janeiro: 1979. KUPFER, DAVID. ECONOMIA INDUSTRIAL: FUNDAMENTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS NO BRASIL. RIO DE JANEIRO: CAMPUS, 2002. MANKIW, N. GREGORY. INTRODUÇÃO À ECONOMIA: PRINCÍPIOS DE MICRO E MACROECONOMIA. RIO DE JANEIRO: CAMPUS, 2005. MANSFIELD, Edwin. Microeconomia - teoria e aplicações (Microeconomics - theory and applications). Campus, Rio de Janeiro: 1982. PINDYCK, Robert S. & RUBINFELD, Daniel L.. Microeconomia (Microeconomics). Pearson, São Paulo: 2002. VASCONCELLOS, MARCO ANTÔNIO S. E GARCIA, MANUEL E. FUNDAMENTOS DE ECONOMIA. SÃO PAULO: SARAIVA, 2004. WONNACOTT, Paul & WONNACOTT, Ronald. Economia (Economics). Makron Books, São Paulo: 1994.