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Artigo científico - agua

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CONSUMO CONSCIENTE DA ÁGUA: OS ODS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
INTRODUÇÃO 
Economizar água, de alguns tempos para cá, deixou de ser uma sugestão e passou a ser uma questão de necessidade. Cada vez mais as publicações com conotação de alerta e de conscientização sobre escassez da água no planeta crescem. É a água e, mais especificamente o seu consumo consciente, aliado ao desenvolvimento sustentável, o tema do estudo. A partir disso, questionou-se: por que desenvolver a conscientização da água nas crianças através dos ODS? O artigo, portanto, dedica-se à análise e importância do desenvolvimento sustentável, focando no consumo consciente da água, com alunos da Educação Infantil, usando como base os ODS. 
O presente trabalho tem por objetivo proporcionar ao docente um aprofundamento dos ODS, possibilitando desenvolver nas crianças a compreensão da importância da preservação dessa fonte tão preciosa, além de contribuir para a formação de cidadãos conscientes (tanto professores, como alunos), aptos para decidirem e atuarem diante da realidade que o mundo vem enfrentando com a poluição e a escassez de água. Por isso, é necessário mais do que informações e conceitos; atitudes e formação de valores, que serão apreendidos na prática do dia-a-dia, no meio social, são também essenciais. 
Espera-se poder levar professores, e assim alunos, a entenderem que o equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seu consumo consciente. Muita das vezes, o docente não sabe como abordar de forma integral o tema escolhido, não desenvolvendo justificativas e práticas que desafiam os educandos a transformarem suas atitudes em seu cotidiano. Em consequência, faz-se necessário discorrer sobre o tema a fim de colaborar para a prática pedagógica de professores da Educação Infantil, os quais são mediadores no processo de aprendizagem amplo e competente dos alunos. Segundo as DCNEI, é fundamental na prática pedagógica fazer uso das “interações e brincadeiras, experiências por meio das quais as crianças podem construir e apropriar-se de conhecimentos por meio de suas ações e interações com seus pares e com os adultos, o que possibilita aprendizagens, desenvolvimento e socialização” BRASIL, 2017, p. 35). Por esse motivo, foi definido apresentar modos e conteúdos, como as ODS, para exercitar o consumo e a prevenção da água – e outros elementos – nas práticas pedagógicas. 
 
DESENVOLVIMENTO 
A água é fonte da vida. Não importa quem somos, o que fazemos, onde vivemos, nós dependemos dela para viver. Essa substância ocupa aproximadamente 70% da superfície do nosso planeta, compreendendo os oceanos, mares e águas continentais – o que chamamos de hidrosfera. 
Além disso, a água também faz parte do corpo de todos os organismos vivos, transportando substâncias e garantindo a realização de diversas reações químicas, Sem ela, não poderíamos realizar as diversas atividades necessárias ao ser humano, como a produção agrícola, industrial e realizações domésticas. 
 Apesar do grande volume de água que o planeta tem disponível, somente uma pequena parte é própria para o consumo humano. De todo o percentual, cerca de 97,5% corresponde à água salgada, que não é usada para nosso consumo, nem à irrigação da plantação. Dos 2,5% de água doce, a maior parte(69%) é de difícil acesso, pois está concentrada em estado sólido nas geleiras,30% são águas subterrâneas (armazenadas em aquíferos) e 1% encontra-se nos rios. Isso significa que a porção de água doce que podemos aproveitar fica em torno de 0,77% do total, porém nem sempre atende às especificações para ser considerada potável. 
Ou seja, para que possamos usar a água para consumo, ela deve se potável. E o que é uma água potável? A água potável pode ser definida como a água própria para consumo, ou seja, livre de substâncias e organismos que possam trazer doenças, além de não possuir cor (incolor), gosto (insípida), ou cheiro (inodora). 
Segundo o secretário geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, mais de 2 bilhões de pessoas no mundo todo não têm acesso à água própria para o consumo. E essa falta de água potável no Brasil e no mundo apresenta diversas causas, destacando-se a poluição; falta de saneamento, pois este garante um destino adequado ao esgoto e que água de qualidade chegue à população; a urbanização e a industrialização; e o desperdício. É importante destacar que a água potável é um bem valioso que merece atenção não só por parte dos governantes. Cada pessoa, ao desperdiçar água em sua casa ou poluir um rio, por exemplo, está contribuindo para que a quantidade de água potável seja reduzida. Fazer a nossa parte como educadores é garantir qualidade de vida para a nossa geração e para as gerações futuras e conseguimos isso através do ensino e das práticas que oferecemos aos nossos alunos. 
Quando falamos em desperdício, geralmente o destaque vai para aquele produzido pela população, sobretudo no uso residencial. Podemos trazer essa situação para a escola, exemplificando para as crianças com ações do dia-a-dia, atitudes que agravam o desperdício e a diminuição da água potável. O uso de exemplos, experiências e projetos contribuem para o entendimento dos educandos, despertando as mudanças de atitudes que tanto se espera. Diante disso, é fundamental implementar a educação para o desenvolvimento sustentável (EDS) nas salas de aula, o que contribui para mudar a forma como as pessoas pensam e agem, visando um futuro sustentável. Para sensibilizar crianças entre 7 a 11 anos e a comunidade escolar sobre a importância da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS), a UNESCO no Brasil, em parceria com o MEC e o MMA, selecionou nove Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e algumas das suas metas que integram a temática da EDS e criaram um programa para essa faixa etária. A EDS significa incluir questões-chave sobre o desenvolvimento sustentável no ensino e na aprendizagem. 
A UNESCO é a agência líder da ONU para a promoção da educação para o desenvolvimento sustentável (EDS) e é responsável pela gestão, pela coordenação e 
pela implementação em âmbito global do Programa de Ação Global (Global Action Programme – GAP) da ESD. Segundo a agência, os mesmos “visam melhorar o acesso à educação de qualidade para o desenvolvimento sustentável em todos os níveis e em todos os contextos sociais, para transformar a sociedade, ao reorientar a educação e ajudar as pessoas a desenvolver conhecimentos, habilidades, valores e comportamentos necessários para o desenvolvimento sustentável. Trata-se de incluir questões de desenvolvimento sustentável, como os riscos de desastres naturais, a mudança climática e a biodiversidade, no ensino e na aprendizagem. Os indivíduos devem se tornar atores responsáveis que resolvem desafios, respeitam a diversidade cultural e contribuem para a criação de um mundo mais sustentável”. Isso requer mudanças profundas no modo que a educação é frequentemente praticada hoje, por isso, utilizaram como recurso os ODS, uma agenda criada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2015. 
Os ODS são compostos por 17 objetivos e 169 metas focados nas dimensões social, ambiental, econômica e institucional, a fim de serem atingidas até 2030, podendo ser considerados uma “das mais generosas visões de futuro”, pois considera em sua formulação a preocupação com as atuais e futuras gerações. Dentro desta visão, a escola desempenha papel central na formação de futuros cidadãos mais solidários e que compreendam seu papel e de sua comunidade na construção de sociedades mais sustentáveis. Os ODS podem (e devem) se tornar uma espécie de bússola que aponta para as questões mais centrais, inspirando a criação de atividades inovadoras e promovendo uma nova relação entre conhecimento e ação e entre o presente e o futuro que queremos. 
No meio escolar, infelizmente, os objetivos ainda são pouco conhecidos e utilizados. Entretanto, por sua universalidade, são grandes aliados e excelentes norteadores de projetos e programas de educaçãopara sustentabilidade nas escolas. Esse artigo defende o uso dos ODS, principalmente o 6º “assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos”, nas práticas didáticas, com o intuito de, de maneira lúdica e criativa, formar e informar as crianças, conscientizando-as sobre o desenvolvimento sustentável. A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) juntamente com os ODS, disponibilizou uma série de vídeos com explicações feitas por crianças, em inglês, português e espanhol, relacionando cada objetivo de desenvolvimento sustentável com exemplos do cotidiano. No final da explicação, o vídeo faz perguntas para serem respondidas e pensadas, com jogos de tabuleiro e cartilhas explicativas como “bônus”. 
Um site produzido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com várias ONGs e fundações privadas, contém várias ferramentas úteis aos educadores que querem trabalhar com os objetivos. Trata-se do “World’s Largest Lesson”, ou “A Maior Lição do Mundo” em português, que apresenta uma série de recursos que podem ser utilizados em sala de aula, como a plataforma “nossos objetivos”. É certo que o professor, como mediador desse processo de aprendizagem, deve estar apto a fazer experiências e colocar em prática o tema “teórico” à realidade das crianças. 
 É indispensável ressaltar que, mesmo desenvolvido em “caixas”, os ODS não devem ser pensados e trabalhados de forma isolada e sim complementando e potencializando a interdisciplinaridade, pensamento complexo e visão sistêmica de seus projetos e práticas pedagógicas. O conjunto, em geral, favorece claramente o desenvolvimento de atividades que valorizam o pensamento complexo, integrado e colaborativo. Dessa forma, eles têm a capacidade de facilitar a formação de sujeitos com uma visão ampliada dos desafios locais e globais, bem como, com maior poder de previsão e capaz de compreender o papel das incertezas. 
 
CONCLUSÃO 
Como argumentado durante a pesquisa em complemento com seus conhecimentos, nota-se a importância de se trabalhar o desperdício e consumo consciente da água, como outros elementos, desde a Educação Básica, em função da grande escassez e mudanças ambientais e sociais que estamos enfrentando. Para isso, a educação para o desenvolvimento sustentável (EDS) deve ser trabalhada de maneira integral com os educandos, visando o uso das ODS – em destaque o uso sustentável da água – como meio de aprendizagem. 
Apesar de todo o potencial didático-pedagógico dos ODS, é importante ter em mente que trabalhar com eles é desafiador e demandará mudanças significativas (e necessárias) sobre a organização das escolas, incluindo espaço, gestão e currículo, privilegiando novas formas de relacionamentos entre educadores e educandos e entre escola e comunidade. 
Você deve estar preparado. Se a busca por um novo modelo de ensinoaprendizagem mais humanizado, participativo e contextualizado lhe parece necessária, o trabalho com os ODS pode ser um bom início de caminho.

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