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Direito Penal p/ PC-DF AULA 04

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Aula 04
Noções de Direito Penal p/ PC-DF (Escrivão) Com Videoaulas - 2019
Renan Araujo, Time Renan Araujo
	
	
	
	
	
	 	
	
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CONCURSO	DE	PESSOAS	E	CONCURSO	DE	CRIMES.	
	
1! CONCURSO	DE	PESSOAS	..........................................................................................	3!
1.1! Conceito,	natureza	e	características	........................................................................................	3!
1.2! Requisitos	.................................................................................................................................	4!
1.2.1! Pluralidade	de	agentes	................................................................................................................................................	4!
1.2.2! Relevância	causal	da	colaboração	...............................................................................................................................	7!
1.2.3! Vínculo	subjetivo	(ou	liame	subjetivo)	........................................................................................................................	8!
1.2.4! Identidade	de	infração	penal	.......................................................................................................................................	8!
1.2.5! Existência	de	fato	punível	............................................................................................................................................	8!
1.3! Modalidades	.............................................................................................................................	9!
1.3.1! Coautoria	.....................................................................................................................................................................	9!
1.3.2! Participação	...............................................................................................................................................................	13!
1.4! Comunicabilidade	das	circunstâncias	.....................................................................................	15!
1.4.1! Espécies	de	elementares	e	de	circunstâncias	............................................................................................................	16!
1.5! Cooperação	dolosamente	distinta	.........................................................................................	17!
1.6! Multidão	delinquente	............................................................................................................	18!
2! CONCURSO	DE	CRIMES	..........................................................................................	19!
2.1! Conceito	e	natureza	...............................................................................................................	19!
2.2! Espécies	..................................................................................................................................	19!
2.2.1! Concurso	material	(ou	real)	de	crimes	......................................................................................................................	19!
2.2.2! Concurso	formal	de	crimes	........................................................................................................................................	20!
2.2.3! Aplicação	da	pena	no	concurso	formal	......................................................................................................................	21!
2.2.4! Crime	continuado	......................................................................................................................................................	22!
2.2.5! Requisitos	para	a	configuração	do	crime	continuado	...............................................................................................	23!
2.2.6! Aplicação	da	pena	no	crime	continuado	...................................................................................................................	25!
2.2.7! Crime	continuado	e	conflito	de	leis	penais	no	tempo	...............................................................................................	25!
2.2.8! Crime	continuado	e	prescrição	..................................................................................................................................	26!
2.2.9! Aplicação	da	pena	de	multa	no	concurso	de	crimes	.................................................................................................	26!
3! DISPOSITIVOS	LEGAIS	IMPORTANTES	.....................................................................	27!
4! SÚMULAS	PERTINENTES	........................................................................................	28!
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4.1! Súmulas	do	STF	......................................................................................................................	28!
4.2! Súmulas	do	STJ	.......................................................................................................................	29!
5! JURISPRUDÊNCIA	CORRELATA	...............................................................................	29!
6! EXERCÍCIOS	PARA	PRATICAR	..................................................................................	32!
7! EXERCÍCIOS	COMENTADOS	....................................................................................	42!
8! GABARITO	.............................................................................................................	63!
	
	
	
Olá,	meus	amigos!		
	
Na	 aula	 de	 hoje	 vamos	 estudar	 dois	 temas	 muito	 importantes.	 O	 primeiro	 deles	 está	
relacionado	à	própria	figura	delituosa	e	sua	caracterização,	que	é	o	concurso	de	agentes.	O	segundo	
está	relacionado	aos	efeitos	da	prática	criminosa,	mais	especificamente,	à	aplicação	da	pena,	que	é	
o	concurso	de	crimes.	
	
Bons	estudos!	
Prof.	Renan	Araujo	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
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1! CONCURSO	DE	PESSOAS	
1.1! CONCEITO,	NATUREZA	E	CARACTERÍSTICAS	
O	concurso	de	pessoas	pode	ser	conceituado	como	a	colaboração	de	dois	ou	mais	agentes	
para	a	prática	de	um	delito	ou	contravenção	penal.	
O	concurso	de	pessoas	é	regulado	pelos	arts.	29	a	31	do	CP:	
Art.	29	-	Quem,	de	qualquer	modo,	concorre	para	o	crime	incide	nas	penas	a	este	cominadas,	na	medida	de	sua	
culpabilidade.	(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984)	
§	1º	-	Se	a	participação	for	de	menor	importância,	a	pena	pode	ser	diminuída	de	um	sexto	a	um	terço.	(Redação	
dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984)	
§	2º	-	Se	algum	dos	concorrentes	quis	participar	de	crime	menos	grave,	ser-lhe-á	aplicada	a	pena	deste;	essa	
pena	será	aumentada	até	metade,	na	hipótese	de	ter	sido	previsível	o	resultado	mais	grave.	(Redação	dada	pela	
Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984)	
Circunstâncias	incomunicáveis	
Art.	30	-	Não	se	comunicam	as	circunstâncias	e	as	condições	de	caráter	pessoal,	salvo	quando	elementares	do	
crime.	(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984)	
Casos	de	impunibilidade	
Art.	31	-	O	ajuste,	a	determinação	ou	instigação	e	o	auxílio,	salvo	disposição	expressa	em	contrário,	não	são	
puníveis,	se	o	crime	não	chega,	pelo	menos,	a	ser	tentado.	(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984)	
	
Mas	como	compreender	a	natureza	jurídico-penal	de	uma	conduta	criminosa	praticada	por	
diversas	pessoas?	Três	teorias	surgiram:	
¥ Pluralista	(ou	pluralística)	 -	Para	esta	teoria	cada	pessoa	responderia	por	um	crime	
próprio,	existindo	tantos	crimes	quantos	forem	osparticipantes	da	conduta	delituosa,	
já	que	a	cada	um	corresponde	uma	conduta	própria,	um	elemento	psicológico	próprio	
e	um	resultado	igualmente	particular1.	
¥ Dualista	 (ou	 dualística)	 –	 Segundo	 esta	 teoria,	 há	 um	 crime	 para	 os	 autores,	 que	
realizam	a	conduta	típica	emoldurada	no	ordenamento	positivo,	e	outro	crime	para	os	
partícipes,	que	desenvolvem	uma	atividade	secundária.	
¥ Monista	(ou	monística	ou	unitária)	–	A	codelinquência	(concurso	de	agentes)	deve	ser	
entendida,	para	esta	teoria,	como	CRIME	ÚNICO,	devendo	todos	responderem	pelo	
mesmo	crime.	É	a	adotada	pelo	CP.	Isso	não	significa	que	todos	que	respondem	pelo	
delito	terão	a	mesma	pena.	A	pena	de	cada	um	irá	corresponder	à	valoração	de	cada	
uma	das	 condutas	 (cada	um	 responde	 “na	medida	de	 sua	 culpabilidade).	 Em	 razão	
																																																			
1 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte Geral. Ed. Saraiva, S‹o Paulo, 2015, p. 548 
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desta	diferenciação	na	pena	de	cada	um	dos	infratores,	diz-se	que	o	CP	adotou	uma	
espécie	de	teoria	monista	temperada	(ou	mitigada).	
	
O	concurso	de	pessoas	pode	ser,	basicamente,	de	duas	espécies:	
¥ EVENTUAL	–	Neste	caso,	o	tipo	penal	não	exige	que	o	fato	seja	praticado	por	mais	de	
uma	pessoa.	 Isso	não	 impede,	contudo,	que	eventual	ele	venha	a	ser	praticado	por	
mais	de	uma	pessoa	(Ex.:	Furto,	roubo,	homicídio).	
¥ NECESSÁRIO	–	Nesta	hipótese	o	tipo	penal	exige	que	a	conduta	seja	praticada	por	mais	
de	uma	pessoa.	Divide-se	em:	a)	condutas	paralelas	 (crimes	de	conduta	unilateral):	
Aqui	 os	 agentes	 praticam	 condutas	 dirigidas	 à	 obtenção	 da	 mesma	 finalidade	
criminosa	(associação	criminosa,	art.	288	do	CPP);	b)	condutas	convergentes	(crimes	
de	conduta	bilateral	ou	de	encontro):	Nesta	modalidade	os	agentes	praticam	condutas	
que	 se	 encontram	 e	 produzem,	 juntas,	 o	 resultado	 pretendido	 (ex.	 Bigamia);	 c)	
condutas	contrapostas:	Neste	caso	os	agentes	praticam	condutas	uns	contra	os	outros	
(ex.	Crime	de	rixa)	
	
1.2! REQUISITOS	
Mas	quais	são	os	requisitos	para	que	se	possa	falar	em	concurso	de	pessoas?	Cinco	são	os	
requisitos	para	que	seja	caracterizado	o	concurso	de	pessoas.	Vejamos:	
	
1.2.1! Pluralidade	de	agentes	
Para	que	possamos	falar	em	concurso	de	pessoas,	é	necessário	que	tenhamos	mais	de	uma	
pessoa	a	colaborar	para	o	ato	criminoso.	É	necessário	que	sejam	agentes	culpáveis?	A	doutrina	se	
divide,	mas	prevalece	o	entendimento	de	que	 todos	os	 comparsas	devem	 ter	discernimento,	de	
maneira	que	a	ausência	de	culpabilidade	por	doença	mental,	por	exemplo,	afastaria	o	concurso	de	
agentes,	devendo	ser	reconhecida	a	autoria	mediata.		
Assim,	 se	 uma	 pessoa,	 perfeitamente	mental	 e	maior	 de	 18	 anos	 (penalmente	 imputável)	
determina	a	um	doente	mental	 (sem	qualquer	discernimento)	que	realize	um	homicídio,	não	há	
concurso	de	pessoas,	mas	autoria	mediata,	pois	o	autor	do	crime	foi	o	mandante,	que	se	valeu	de	
uma	pessoa	sem	vontade	como	mero	instrumento2	para	praticar	o	crime.	Não	há	concurso,	pois	
um	dos	agentes	não	era	culpável.		
Todavia,	é	bom	ressaltar	que,	nos	crimes	plurissubjetivos3,	se	um	dos	colaboradores	não	é	
culpável	 por	 qualquer	 razão,	 mesmo	 assim	 permanece	 o	 crime.	 Nos	 crimes	 eventualmente	
plurissubjetivos	(crime	de	furto,	por	exemplo,	que	eventualmente	pode	ser	um	crime	qualificado	
																																																			
2 WELZEL, Hans. Derecho Penal, parte general. Ed. Roque Depalma. Buenos Aires, 1956, p. 106 
3 Aqueles em que necessariamente deve haver mais de um agente, como no crime de associa‹o criminosa, por 
exemplo Ð art. 288 do CP 
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pelo	 concurso	de	pessoas,	embora	 seja,	em	 regra,	unissubjetivo)	 também	não	é	necessário	que	
todos	os	agentes	sejam	culpáveis,	bastando	que	apenas	um	o	seja	para	que	reste	configurado	o	
delito	em	sua	forma	qualificada.		
	
EXEMPLO:	José,	maior	e	capaz,	perfeitamente	imputável,	combina	de	realizar	um	roubo	
juntamente	 com	 Paulo,	 adolescente	 de	 17	 anos	 de	 idade	 e,	 portanto,	 inimputável.	 O	
roubo	se	realiza.	Neste	caso,	não	podemos	falar	em	autoria	mediata	entre	José	e	Paulo,	
eis	 que	 Paulo	 não	 foi	 mero	 instrumento	 nas	 mãos	 de	 José.	 Paulo	 quis	 participar	 da	
empreitada	criminosa,	e	responderá	por	isso,	de	acordo	com	as	regras	próprias	do	ECA4.	
Neste	caso,	como	não	houve	autoria	mediata,	José	deverá	responder	pelo	crime	roubo	
com	a	majorante	de	ter	sido	o	crime	praticado	em	concurso	de	pessoas5,	ainda	que	Paulo	
responda	de	acordo	com	o	ECA,	e	não	de	acordo	com	a	Lei	Penal.	
	
Nessas	duas	últimas	hipóteses,	no	entanto,	não	há	propriamente	concurso	de	pessoas,	mas	o	
que	a	Doutrina	chama	de	concurso	 impróprio,	ou	concurso	aparente	de	pessoas.	Contudo,	essa	
ressalva	só	se	aplica	ao	caso	de	concurso	entre	culpável	e	“não	culpável	que	possui	discernimento”.	
Assim,	se	o	agente	culpável	se	vale	de	alguém	sem	culpabilidade	como	mero	instrumento,	sem	que	
ele	possua	qualquer	discernimento,	teremos	sempre	autoria	mediata.		
	
1.2.1.1!Autoria	mediata	
A	 autoria	mediata	 ocorre	 quando	 o	 agente	 (autor	mediato)	 se	 vale	 de	 uma	 pessoa	 como	
instrumento	(autor	imediato)	para	a	prática	do	delito.		
EXEMPLO:	 José,	maior	e	capaz,	entrega	uma	arma	de	 fogo	a	uma	criança	de	05	anos,	
dizendo	que	ela	deve	colocar	a	arma	na	cabeça	de	Maria	e	fazer	uma	brincadeira,	pois	ao	
apertar	o	gatilho,	sairá	água	da	arma.	A	criança	aperta	o	gatilho	e	Maria	morre.	Neste	
caso,	 temos	autoria	mediata,	pois	 José	 (autor	mediato)	 se	valeu	da	criança	 (executor)	
como	mero	instrumento	para	a	prática	do	delito.	
	
	
Todavia,	não	basta	que	o	executor	seja	um	inimputável,	ele	deve	ser	um	verdadeiro	INSTRUMENTO	
do	mandante,	ou	seja,	ele	não	deve	ter	qualquer	discernimento	no	caso	concreto.	
																																																			
4 Estatuto da Criana e do Adolescente. 
5 Art. 157, ¤2¼, II do CP. 
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Ex.:	José	e	Pedro	(este	menor	de	idade,	com	17	anos)	combinam	de	matar	Maria.	José	
arma	o	plano	e	entrega	a	arma	a	Pedro,	que	a	executa.	Neste	caso,	Pedro	é	inimputável	
por	ser	menor	de	18	anos,	mas	possui	discernimento,	não	se	pode	dizer	que	foi	um	mero	
“instrumento”	 de	 José.	 Assim,	 aqui	 não	 teremos	 autoria	 mediata,	 mas	 concurso	
aparente	de	pessoas.	
Ex.2:	 José,	 maior	 e	 capaz,	 entrega	 a	 Mauro	 (um	 doente	 mental	 sem	 nenhum	
discernimento)	uma	arma	e	diz	para	ele	atirar	em	Maria,	que	vem	a	óbito.	Neste	caso	há	
autoria	mediata,	pois	Mauro	(o	inimputável)	foi	mero	instrumento	nas	mãos	de	José.	
⇒ Mas	esta	é	a	única	hipótese	de	autoria	mediata?	A	resposta	é	negativa.	A	melhor	Doutrina	
divide	a	autoria	mediata	em	três	hipóteses,	basicamente6:	
	
1	–	Autoria	mediata	por	erro	do	executor	–	Neste	caso,	aquele	que	pratica	a	conduta	foi	induzido	a	
erro	pelo	mandante	(erro	de	tipo	ou	erro	de	proibição).	Ex.:	Médico	que	entrega	à	enfermeira	uma	
injeção	 contendo	 determinada	 substância	 tóxica,	 e	 determina	 que	 esta	 aplique	 no	 paciente,	
alegando	que	se	trata	de	morfina,	para	aliviar	a	dor7.	A	enfermeira,	aqui,	não	atua	dolosamente	(do	
ponto	de	vista	“finalístico”),	pois	apesar	de	dar	causa	à	morte	do	paciente	(causalidade	física,	pois	
foi	 ela	 quem	 injetou	 a	 substância),	 não	dirigiu	 sua	 conduta	 a	 este	 resultado.	O	domínio	 do	 fato	
pertenciaao	médico,	o	real	infrator.	
2	–	Autoria	mediata	por	coação	do	executor	–	Aqui	o	infrator	coage	uma	terceira	pessoa	a	praticar	
um	delito.	Em	se	tratando	de	coação	MORAL	irresistível,	teremos	um	agente	não	culpável	(a	coação	
moral	irresistível	afasta	a	culpabilidade).	Desta	forma,	aquele	que	executa	o	faz	em	situação	de	não	
culpabilidade.	A	culpabilidade	recai	apenas	sobre	o	coator,	não	sobre	o	coagido.	Ex.:	Médico	que	
determina	 à	 enfermeira	 que	 aplique	 sobre	 o	 paciente	 uma	 dose	 cavalar	 de	 veneno.	 O	médico,	
porém,	não	esconde	da	enfermeira	que	se	trata	de	veneno,	ao	contrário	deixa	isso	bem	claro.	Porém,	
diz	à	enfermeira	que	se	ela	não	fizer	o	que	foi	determinado,	irá	matar	sua	filha.	Vejam	que,	neste	
caso,	a	enfermeira	sabe	que	está	injetando	o	veneno,	de	forma	que	age	dolosamente,	mas	ainda	
assim	sem	culpabilidade,	por	inexigibilidade	de	conduta	diversa.	
3	–	Autoria	mediata	por	inimputabilidade	do	agente	–	Nesta	hipótese	o	 infrator	se	vale	de	uma	
pessoa	 inimputável	para	a	prática	do	delito.	A	 inimputabilidade,	aqui,	pressupõe	que	o	executor	
(inimputável)	não	tenha	discernimento	necessário8.	Caso	o	executor,	mesmo	inimputável,	possua	
discernimento,	não	haverá	autoria	mediata.	Ex.:	José,	20	anos,	organiza	um	plano	para	furtar	uma	
loja	de	eletrônicos,	e	combina	com	Marcelo,	de	17,	a	execução	do	plano.	Neste	caso,	não	há	autoria	
mediata,	pois	Marcelo,	a	despeito	de	sua	inimputabilidade	legal,	tem	discernimento	para	não	ser	
considerado	como	“objeto”.	Por	outro	lado,	no	mesmo	exemplo,	imaginemos	que	Marcelo	tenha	30	
anos,	mas	seja	absolutamente	incapaz	de	entender	o	que	se	passa	(doente	mental	completo).	Neste	
																																																			
6 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 560 
7 O exemplo Ž de Hans Welzel. (cf. WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 106) 
8 WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 107-108 
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caso,	a	inimputabilidade	de	Marcelo	afasta	o	reconhecimento	do	concurso	de	pessoas	com	José,	que	
responderá	como	autor	mediato	do	crime.	
	
É	 cabível	autoria	mediata	nos	 crimes	próprios	e	de	mão	própria?	Em	relação	aos	crimes	
próprios	se	admite	a	autoria	mediata,	desde	que	o	autor	MEDIATO	reúna	as	condições	especiais	
exigidas	pelo	tipo	penal.	
EXEMPLO:	 Paulo,	 servidor	 público,	 coage	 moralmente	 Maria	 (coação	 irresistível),	
obrigando-a	 a	 subtrair	 10	 notebooks	 da	 repartição	 em	 que	 ele,	 Paulo,	 exerce	 suas	
funções.	 Paulo,	 para	 a	 execução	 do	 delito,	 se	 valeu	 de	 sua	 função	 para	 facilitar	 a	
subtração.	Neste	caso,	Paulo	poderá	responder	por	peculato-furto	na	qualidade	de	autor	
mediato.	
	
Mas,	e	se	Maria	é	quem	fosse	a	servidora	e	Paulo	fosse	um	particular?	Poderia	haver	autoria	
mediata?	Não,	neste	caso	não	poderíamos	falar	em	autoria	mediata.	
Contudo,	se	não	há	autoria	mediata	e	não	há	concurso	de	pessoas	(pois	não	há	concurso	de	
pessoas	entre	coator	e	coagido),	Paulo	ficará	impune?	Não,	a	Doutrina	desenvolveu,	para	tais	casos,	
a	figura	da	AUTORIA	POR	DETERMINAÇÃO.	Consiste,	basicamente,	em	punir	aquele	que,	embora	
não	sendo	autor	nem	partícipe,	exerce	sobre	a	conduta	domínio	EQUIPARADO	à	figura	da	autoria.9	
Não	se	pode	considerar	o	agente	como	autor	por	não	reunir	os	elementos	necessários	para	
tanto.	Também	não	se	pode	considera-lo	como	partícipe,	eis	que	a	participação	pressupõe	o	crime	
praticado	por	outro	autor	(e	não	há).	Ele	será	punido,	portanto,	por	ser	o	autor	da	determinação	
para	a	conduta	(ter	sido	o	responsável	por	sua	ocorrência).	
	
Em	relação	aos	crimes	de	mão	própria,	contudo,	não	se	admite	a	figura	da	autoria	mediata,	eis	
que	o	crime	não	pode	ser	 realizado	por	 interposta	pessoa	 (Ex.:	A	 testemunha,	no	crime	de	 falso	
testemunho,	não	pode	coagir	alguém	a	depor	em	seu	lugar,	prestando	testemunho	falso).		
Neste	caso,	porém,	exemplificativamente,	se	a	testemunha	for	coagida	por	terceira	pessoa,	
esta	 terceira	 pessoa	 poderá	 ser	 considerada	 AUTOR	 por	 determinação,	 conforme	 explicado	
anteriormente.	
	
1.2.2! Relevância	causal	da	colaboração	
A	participação	do	agente	deve	ser	relevante	para	a	produção	do	resultado,	de	forma	que	a	
colaboração	que	em	nada	contribui	para	o	resultado	é	um	indiferente	penal.		
Além	disso,	a	colaboração	deve	ser	prévia	ou	concomitante	à	execução,	ou	seja,	anterior	à	
consumação	 do	 delito.	 Se	 a	 colaboração	 for	 posterior	 à	 consumação	 do	 delito,	 como	 o	 fato	 já	
																																																			
9 PIERANGELI, JosŽ Henrique. ZAFFARONI, Eugenio Raœl. Manual de Direito Penal Brasileiro. Ed. RT. S‹o Paulo, 
2008, p. 580/581 
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ocorreu,	não	há	concurso	de	pessoas,	podendo	haver,	no	entanto,	outro	crime	(favorecimento	real,	
receptação,	etc.).		
Porém,	 se	 a	 colaboração	 for	 posterior	 à	 consumação,	 mas	 combinada	 previamente,	 há	
concurso	de	pessoas.	Ex:	Imagine	que	Poliana	decide	matar	seus	pais,	e	combina	com	seu	namorado	
para	que	ele	esteja	às	20h	em	ponto	na	porta	de	sua	casa	para	lhe	ajudar	na	fuga.	Assim,	a	conduta	
do	 namorado	 (auxiliar	 na	 fuga)	 é	 posterior	 à	 consumação,	mas	 fora	 combinada	 anteriormente,	
havendo,	portanto,	concurso	de	pessoas.	Diversa	seria	a	hipótese,	no	entanto,	se	o	namorado	tivesse	
ido	à	casa	da	namorada	sem	saber	que	deveria	lhe	ajudar	na	fuga.	Lá	chegando,	a	namorada	conta	
o	ocorrido	e	ele,	a	partir	daí,	concorda	em	auxiliá-la	na	fuga.	Nessa	hipótese,	o	namorado	comete	o	
crime	de	favorecimento	pessoal	(nos	termos	do	art.	348	do	CP).	Cuidado	com	isso!	
	
1.2.3! Vínculo	subjetivo	(ou	liame	subjetivo)	
Também	é	conhecido	como	concurso	de	vontades.	Assim,	para	que	haja	concurso	de	pessoas,	
é	necessário	que	a	colaboração	dos	agentes	tenha	sido	ajustada	entre	eles,	ou	pelo	menos	tenha	
havido	adesão	de	um	à	conduta	do	outro.		
Deste	modo,	a	colaboração	meramente	causal,	sem	que	tenha	havido	combinação	entre	os	
agentes,	não	caracteriza	o	concurso	de	pessoas.	Trata-se	do	princípio	da	convergência.	Caso	haja	
colaboração	dos	agentes	para	a	conduta	criminosa,	mas	sem	vínculo	subjetivo	entre	eles,	estaremos	
diante	da	autoria	colateral,	e	não	da	coautoria.		
	
1.2.4! Identidade	de	infração	penal	
Também	 conhecido	 como	 unidade	 de	 infração	 penal	 para	 todos	 os	 agentes,	 está	
fundamentado	no	art.	29	do	CP:		
Art.	29	-	Quem,	de	qualquer	modo,	concorre	para	o	crime	incide	nas	penas	a	este	cominadas,	
na	medida	de	sua	culpabilidade.	(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984).		
	
Daí	podemos	perceber	que,	se	20	pessoas	colaboram	para	a	prática	de	um	delito	(homicídio,	
por	exemplo),	todas	elas	respondem	pelo	homicídio,	independentemente	da	conduta	que	tenham	
praticado	(um	apenas	conseguiu	a	arma,	o	outro	dirigiu	o	veículo	da	fuga,	outro	atraiu	a	vítima,	etc.).	
As	condutas	dos	agentes,	portanto,	devem	constituir	algo	juridicamente	unitário10.	
	
1.2.5! Existência	de	fato	punível	
Trata-se	do	princípio	da	exterioridade.	Assim,	é	necessário	que	o	fato	praticado	pelos	agentes	
seja	punível,	o	que	de	um	modo	geral	exige	pelo	menos	que	este	fato	represente	uma	tentativa	de	
crime,	ou	crime	tentado.		
																																																			
10 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 553 
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Para	a	caracterização	do	crime	tentado,	é	necessário	que	seja	dado	início	à	execução	do	crime.	
Se	o	fato	ficar	meramente	no	plano	abstrato,	no	plano	dacogitação,	não	há	fato	punível,	nos	termos	
do	art.	14,	II	do	CP.	
	O	art.	31	do	CP	determina,	ainda,	de	modo	específico	para	a	hipótese	de	concurso	de	pessoas,	
que	a	colaboração	só	é	punível	se	o	crime	for,	ao	menos,	tentado:		
Art.	31	-	O	ajuste,	a	determinação	ou	instigação	e	o	auxílio,	salvo	disposição	expressa	em	contrário,	não	são	
puníveis,	se	o	crime	não	chega,	pelo	menos,	a	ser	tentado.	(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984).	
	
	Importante	ressaltar	que,	em	alguns	casos,	os	atos	preparatórios	já	configuram	fato	punível,	
seja	porque	a	lei	assim	expressamente	determina,	seja	porque	eles	constituem	tipo	penal	autônomo.	
	
EXEMPLO:	José	e	Paulo	combinam	de	fabricar	moeda	falsa	(crime	do	art.	289	do	CP)	e,	
para	tanto,	adquirem	o	maquinário	necessário,	mas	não	 iniciam	a	produção	das	notas	
falsas.	Neste	caso,	a	princípio,	a	conduta	de	José	e	Paulo	seria	impunível,	eis	que	não	foi	
iniciada	a	execução	do	crime	de	moeda	falsa.	Todavia,	o	CP	já	criminaliza	essa	conduta	
como	tipo	penal	autônomo.	Trata-se	do	crime	de	“petrechos	de	falsificação”,	art.	291	do	
CP.11	
	
1.3!MODALIDADES	
1.3.1! Coautoria	
Para	entendermos	o	fenômeno	da	coautoria,	devemos,	primeiramente,	estudar	o	que	seria	a	
autoria	do	delito.	
Várias	teorias,	ao	longo	do	tempo,	procuraram	definir	o	conceito	de	AUTOR.	
O	 conceito	 extensivo	 de	 autor	 não	 diferencia	 autor	 e	 partícipe,	 considerando	 que	 todos	
aqueles	que	concorrem	para	o	crime	são	autores	do	delito.	Esse	conceito	é	baseado	numa	premissa	
“causal-naturalista”	 de	 que	 todo	 aquele	 que	 dá	 causa	 ao	 delito	 (por	 qualquer	 forma),	 deve	 ser	
considerado	autor	do	crime.	
Contudo,	como	pelo	conceito	extensivo	de	autor	não	era	possível	definir	quem	era	autor	e	
quem	era	partícipe,	surgiu	a	teoria	subjetiva	da	participação,	que	considerava	como	autor	aquele	
que	pratica	o	fato	como	próprio,	que	quer	o	crime	“como	próprio”,	como	seu,	e	partícipe	aquele	que	
quer	 o	 fato	 como	 alheio,	 pratica	 uma	 conduta	 acessória	 ao	 “crime	 de	 outra	 pessoa”.12	 Isso	 era	
																																																			
11 Petrechos para falsifica‹o de moeda 
Art.	291	-	Fabricar,	adquirir,	fornecer,	a	título	oneroso	ou	gratuito,	possuir	ou	guardar	maquinismo,	aparelho,	instrumento	ou	qualquer	objeto	
especialmente	destinado	à	falsificação	de	moeda:	
Pena	-	reclusão,	de	dois	a	seis	anos,	e	multa.	
12 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 555 
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fundamental	para	a	fixação	da	pena	de	cada	um,	já	que	aos	autores	deveriam	ser	aplicadas	penas,	
em	tese,	mais	severas.	
Como	 o	 conceito	 extensivo	 apresentou	 mais	 problemas	 que	 soluções,	 surgiu	 o	 conceito	
restritivo	de	autor13.	Para	esta	teoria	restritiva14,	autor	e	partícipe	não	se	confundem.	Autor	será	
aquele	que	praticar	a	conduta	descrita	no	núcleo	do	tipo	penal	(subtrair,	matar,	roubar,	etc.).	Todos	
os	demais,	que	de	alguma	forma	prestarem	colaboração	(material	ou	moral),	serão	considerados	
partícipes.	Esta	foi	a	teoria	adotada	pelo	CP.	
Agora	que	já	sabemos	que	o	CP	diferencia	autor	e	partícipe,	precisamos	saber	qual	é	o	critério	
para	se	diferenciar	um	do	outro.	Três	teorias	surgiram.	
A	primeira	teoria,	a	teoria	objetivo-formal,	estabelece	que	autor	é	quem	realiza	a	conduta	
prevista	no	núcleo	do	tipo,	sendo	partícipes	todos	os	outros	que	colaboraram	para	isso,	mas	não	
realizaram	 a	 conduta	 descrita	 no	 núcleo	 do	 tipo.	 Para	 esta	 teoria,	 por	 exemplo,	 no	 crime	 de	
homicídio,	somente	seria	autor	aquele	que	efetivamente	praticasse	a	conduta	de	“matar”	alguém.	
Todos	os	outros	colaboradores	seriam	partícipes.	O	grande	problema	desta	teoria	é	considerar	o	
autor	 intelectual	 (mandante)	 como	 partícipe,	 e	 não	 como	 autor.	Mais	 que	 isso:	 Essa	 teoria	 não	
explica	o	fenômeno	da	autoria	mediata	(quando	alguém	se	vale	de	um	inimputável	para	cometer	
um	crime).	
A	 segunda	 teoria,	 a	 teoria	 objetivo-material,	 entende	 que	 autor	 é	 quem	 colabora	 com	
participação	 de	maior	 importância	 para	 o	 crime,	 e	 partícipe	 é	 quem	 colabora	 com	 participação	
reduzida,	 independentemente	de	quem	pratica	o	núcleo	do	 tipo	 (verbo	que	descreve	a	 conduta	
criminosa	–	matar,	subtrair,	etc.).	
A	terceira	e	última	teoria,	a	teoria	do	domínio	do	fato,	criada	pelo	pai	do	finalismo,	Hans	
Welzel15,	 e	posteriormente	desenvolvida	por	Claus	Roxin,	defende	que	autor	é	 todo	aquele	que	
possui	o	domínio	da	conduta	criminosa,	seja	ele	o	executor	(quem	pratica	a	conduta	prevista	no	
núcleo	do	tipo)	ou	não16.	Para	esta	teoria,	o	autor	seria	aquele	que	decide	o	trâmite	do	crime,	sua	
prática	ou	não,	etc.	Essa	teoria	explica,	satisfatoriamente,	o	caso	do	mandante,	por	exemplo,	que	
mesmo	sem	praticar	o	núcleo	do	tipo	(“matar	alguém”),	possui	o	domínio	do	fato,	pois	tem	o	poder	
de	decidir	sobre	o	rumo	da	prática	delituosa.	
Para	esta	teoria,	o	partícipe	existe,	e	é	aquele	que	contribui	para	a	prática	do	delito17,	embora	
não	tenha	poder	de	direção	sobre	a	conduta	delituosa.	O	partícipe	só	controla	a	própria	vontade,	
mas	a	não	a	conduta	criminosa	em	si,	pois	esta	não	lhe	pertence.	
	
																																																			
13 PIERANGELI, JosŽ Henrique. ZAFFARONI, Eugenio Raœl. Manual de Direito Penal Brasileiro. Ed. RT. S‹o Paulo, 
2008, p. 572. 
14 TambŽm chamada por alguns de teoria dualista ou objetiva. 
15 WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 105 
16 MU„OZ CONDE, Francisco. Teor’a general del delito. Ed. Temis Editorial. Bogot‡, 1999, p. 155-156 
17 WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p.117-119 
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A	teoria	do	domínio	do	fato	tem	por	finalidade	estabelecer	uma	diferenciação	entre	autor	e	partícipe	
a	partir	da	noção	de	“controle	da	situação”.	Aquele	que,	mesmo	não	executando	a	conduta	descrita	
no	núcleo	do	tipo,	possui	todo	o	controle	da	situação,	 inclusive	com	a	possibilidade	de	 intervir	a	
qualquer	momento	para	fazer	cessar	a	conduta,	deve	ser	considerado	autor,	e	não	partícipe.	
O	controle	(ou	domínio)	da	situação	pode	se	dar	mediante18:	
1	-	Domínio	da	ação	-	O	agente	realiza	diretamente	a	conduta	prevista	no	tipo	penal	
2	-	Domínio	da	vontade	-	O	agente	não	realiza	a	conduta	diretamente,	mas	é	o	"senhor	do	
crime",	 controlando	a	 vontade	do	executor,	 que	é	um	mero	 instrumento	do	delito	 (hipótese	de	
autoria	mediata).	
3	-	Domínio	funcional	do	fato	-	O	agente	desempenha	uma	função	essencial	e	indispensável	
ao	sucesso	da	empreitada	criminosa,	que	é	dividida	entre	os	comparsas,	cabendo	a	cada	um	uma	
parcela	significativa,	essencial	e	imprescindível.	
Em	todos	estes	casos,	o	agente	será	considerado	autor	do	delito.	
A	 teoria	do	domínio	do	 fato,	porém,	não	se	aplica	aos	crimes	culposos,	pois	neste	não	há	
domínio	 final	do	fato,	pois	o	 fato	 final	 (resultado)	não	é	buscado	pelos	agentes,	que	pretendiam	
outro	resultado19.	
A	teoria	adotada	pelo	CP	é	a	teoria	objetivo-formal,	considerando	autor	aquele	que	realiza	
a	conduta	descrita	no	núcleo	do	tipo,	já	que	denota	sua	“vontade	de	autor”	(animus	auctoris),	em	
contraposição	 à	 “vontade	 de	 colaboração”	 do	 partícipe	 (animus	 socii).	 Entretanto,	 considera-se	
adotada	a	teoria	do	domínio	do	fato	para	os	crimes	em	que	há	autoria	mediata,	autoria	intelectual,	
etc.,	de	forma	a	complementar	a	teoria	adotada.	
Esta	é,	portanto,	a	posição	doutrinária	a	respeito	da	posição	do	CP	sobre	a	diferença	entre	
autor	e	partícipe.	
Desta	 maneira,	 após	 entendermos	 quem	 seria	 considerado	 autor	 do	 delito	 para	 o	 CP,	
podemos	definir	a	coautoria	como	a	espécie	de	concurso	de	pessoasna	qual	duas	ou	mais	pessoas	
praticam	a	conduta	descrita	no	núcleo	do	tipo	penal.	Assim,	no	crime	de	roubo,	se	duas	ou	mais	
pessoas	 entram	 num	 banco,	 portando	 armas,	 e	 anunciam	 um	 assalto,	 todas	 elas	 praticaram	 a	
conduta	descrita	no	núcleo	do	tipo	do	art.	157,	§	2°,	I	e	II	do	CP	(subtrair	para	si	ou	para	outrem,	
mediante	violência	ou	grave	ameaça...).	Logo,	todas	são	coautoras	do	delito.	No	mesmo	exemplo,	
porém,	o	dono	do	carro,	que	emprestou	o	veículo	para	a	fuga,	é	mero	partícipe.	
	
																																																			
18 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 557-558 
19 Idem, p. 558 
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Não	confundam	coautoria	com	autoria	colateral.	Na	coautoria,	deve	haver	vínculo	subjetivo	ligando	
as	condutas	de	ambos	os	autores.	Na	autoria	colateral,	ambos	praticam	o	núcleo	do	tipo,	mas	um	
não	age	em	acordo	de	vontades	com	o	outro.	Imaginem	que	A	e	B,	desafetos	de	C,	sem	que	um	
saiba	da	existência	do	outro,	escondem-se	atrás	de	árvores	esperando	a	passagem	de	C,	a	fim	de	
matá-lo.	Quando	C	passa,	ambos	atiram,	e	C	vem	a	óbito.	Nesse	caso,	não	houve	coautoria,	mas	
autoria	colateral.	Entretanto,	aí	vai	mais	uma	informação:	 Imaginem	que	o	 laudo	 identifique	que	
apenas	uma	bala	atingiu	C,	direto	na	cabeça,	levando-o	a	óbito.	Nesse	caso,	o	laudo	não	conseguiu	
apontar	de	qual	arma	saiu	a	bala	que	matou	C.	Nesse	caso,	como	não	se	pode	definir	quem	efetuou	
o	disparo	fatal,	ambos	respondem	pelo	crime	de	homicídio	TENTADO,	pois	não	se	pode	atribuir	a	
nenhum	 deles	 o	 homicídio	 consumado,	 já	 que	 o	 laudo	 é	 inconclusivo	 quanto	 a	 isto.	 Este	 é	 o	
fenômeno	da	autoria	 incerta.	No	entanto,	 se	ambos	estivessem	agindo	em	conluio,	 com	vínculo	
subjetivo,	ou	seja,	se	houvesse	concurso	de	pessoas,	ambos	responderiam	por	crime	de	homicídio	
CONSUMADO,	pois	nesse	caso	seria	irrelevante	saber	de	qual	arma	partiu	a	bala	que	levou	C	a	óbito.	
	
A	coautoria	pode	ser	funcional	(ou	parcial),	que	é	aquela	na	qual	a	conduta	dos	agentes	são	
diversas	e	se	somam,	de	forma	a	produzir	o	resultado.	Assim,	se	Ricardo	segura	a	vítima	para	que	
Poliana	a	espanque,	ambos	são	coautores	do	crime	de	lesão	corporal,	mediante	coautoria	funcional.	
Porém,	a	coautoria	pode	ser,	ainda,	material	 (direta),	que	é	a	hipótese	em	que	ambos	os	
coautores	realizam	a	mesma	conduta.	Assim,	no	exemplo	acima,	se	Ricardo	e	Poliana	espancassem	
a	vítima,	ambos	seriam	coautores	mediante	coautoria	material.	
	
	
Abaixo	vou	mostrar	para	vocês	algumas	hipóteses	polêmicas	de	aplicação	do	instituto	da	coautoria:	
	
Ø Admite-se	 a	 coautoria	 nos	 crimes	 próprios,	 desde	 que	 ambos	 os	 agentes	 possuam	 a	
qualidade	exigida	pela	lei,	ou	que,	aqueles	que	não	a	possuem,	ao	menos	tenham	ciência	de	
que	o	outro	agente	age	nessa	qualidade.	
Ø Não	se	admite	a	coautoria	nos	crimes	de	mão-própria,	pois	são	considerados	de	conduta	
infungível,	só	podendo	ser	praticados	pelo	sujeito	especificamente	descrito	pela	lei.	
Ø A	Doutrina	se	divide	quanto	à	possibilidade	de	coautoria	em	crimes	omissivos,	da	seguinte	
forma:	
1	 –	 Parte	 entende	que	NÃO	HÁ	POSSIBILIDADE	DE	COAUTORIA	OU	PARTICIPAÇÃO	
(Concurso	de	agentes),	pois	TODAS	AS	PESSOAS	PRATICAM	O	NÚCLEO	DO	TIPO,	DE	
MANEIRA	AUTÔNOMA;	
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2	 –	 Outra	 parte	 da	 Doutrina	 entende	 poderia	 haver	 concurso	 de	 pessoas,	 na	
modalidade	de	coautoria,	mas	é	minoritário;	
3	–	A	Doutrina	 ligeiramente	majoritária	entende	que	é	possível	PARTICIPAÇÃO,	mas	
NÃO	COAUTORIA.	
	
Ø Na	 autoria	 mediata	 não	 há	 concurso	 de	 pessoas	 entre	 autor	 mediato	 autor	 imediato,	
respondendo	 apenas	 o	 autor	mediato,	 que	 se	 valeu	 de	 alguém	 sem	 culpabilidade	 para	 a	
execução	do	delito.	
Ø Entretanto,	é	possível	coautoria	e	também	participação	na	autoria	mediata,	desde	que	haja	
colaboração	entre	os	agentes	mediatos.	NUNCA	HAVERÁ	CONCURSO	DE	PESSOAS	ENTRE	
AUTOR	MEDIATO	E	AUTOR	IMEDIATO.	
Ø CUIDADO!	Na	coação	física	irresistível,	não	há	autoria	mediata,	mas	autoria	direta,	pois	o	
agente	que	realiza	a	ação	não	possui	conduta,	já	que	não	há	vontade.	Nesse	caso,	aquele	que	
pratica	a	coação	física	irresistível	é	autor	direto,	não	mediato;	
Ø Admite-se	a	autoria	mediata	nos	crimes	próprios,	mas	não	nos	crimes	de	mão	própria	(há	
alguns	doutrinadores	que	entendem	ser	possível).	
	
1.3.2! Participação	
Conforme	estudamos,	no	Brasil	 adotou-se	o	 conceito	 restritivo	de	autor,	distinguindo-se	
autor	 e	 partícipe.	 Adotou-se,	 ainda,	 a	 teoria	 objetivo-formal,	 de	 forma	 que	 podemos	 definir	 a	
participação	como	a	modalidade	de	concurso	de	pessoas	na	qual	o	agente	colabora	para	a	prática	
delituosa,	mas	não	pratica	a	conduta	descrita	no	núcleo	do	tipo	penal.	
A	participação	pode	ser:	
⇒ Moral	–	É	aquela	na	qual	o	agente	não	ajuda	materialmente	na	prática	do	crime,	mas	instiga	
ou	induz	alguém	a	praticar	o	crime.	A	instigação	ocorre	quando	o	partícipe	age	no	psicológico	
do	autor	do	crime,	reforçando	a	ideia	criminosa,	que	já	existe	na	mente	deste.	O	induzimento,	
por	sua	vez,	ocorre	quando	o	partícipe	faz	surgir	a	vontade	criminosa	na	mente	do	autor,	que	
não	tinha	pensado	no	delito;	
⇒ Material	–	A	participação	material	é	aquela	na	qual	o	partícipe	presta	auxílio	ao	autor,	seja	
fornecendo	objeto	para	a	prática	do	crime,	seja	fornecendo	auxílio	para	a	fuga,	etc.	É	também	
chamada	de	cumplicidade.	Este	auxílio	não	pode	ser	prestado	após	a	consumação,	salvo	se	
o	auxílio	foi	previamente	ajustado.	
	
⇒ Já	que	o	partícipe	não	pratica	a	conduta	descrita	no	núcleo	do	tipo	penal,	como	puni-lo?	
A	punibilidade	do	partícipe	não	pode	ser	realizada	diretamente	pela	descrição	do	fato	típico.	
De	fato,	aquele	que	empresta	uma	arma	para	que	alguém	mate	outra	pessoa,	não	poderia	responder	
por	homicídio,	pois	o	art.	121	do	CP	diz:	“matar	alguém”.	Aquele	que	empresta	a	arma	não	está	
“matando”,	por	isso	se	diz	que	não	há,	aqui,	adequação	típica	imediata.	
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Contudo,	a	punibilidade	do	partícipe	é	possível	porque	há	normas	de	extensão	da	adequação	
típica	(no	caso,	o	art.	29	do	CP),	que	permitem	a	extensão	do	raio	de	aplicação	do	tipo	penal	para	
aqueles	que,	de	alguma	forma,	tenham	contribuído	para	o	delito.	Trata-se	da	chamada	adequação	
típica	mediata.	
Como	a	conduta	do	partícipe	é	considerada	acessória	em	relação	à	conduta	do	autor	(que	é	
principal),	 o	 partícipe	 é	 punido	 em	 razão	 da	 teoria	 da	 acessoriedade20.	 Porém,	 existem	 quatro	
teorias	da	acessoriedade:		
¥ Teoria	da	acessoriedade	mínima	–	Entende	que	a	conduta	principal	deva	ser	um	fato	
típico,	não	importando	se	é	ou	não	um	fato	ilícito.	EXEMPLO:	Imagine	que	Marcio	e	
João	combinam	de	matar	Paulo.	Na	data	combinada	para	a	execução,	Marcio	guia	o	
carro	até	o	local	e	fica	esperando	do	lado	de	fora.	João	se	dirige	até	Paulo	e,	após	uma	
discussão,	 Paulo	 começa	 a	 agredir	 João,	 que	 na	 verdade	mata	 Paulo	 em	 legítima	
defesa.	João	matou	Paulo	em	legítima	defesa	e	não	em	razão	do	ajuste	com	Marcio	
(não	tendo	praticado	fato	ilícito,	mas	apenas	típico),	mas	por	esta	teoria,	mesmo	assim	
Marcio	 responderia	 como	partícipe	do	 crime.	Veja	que	 João,	de	 fato,	matou	Paulo.	
Contudo,	o	fato	não	é	ilícito,	pois	João	agiu	em	legítima	defesa.	Porém,	para	esta	teoria,	
ainda	que	a	conduta	de	João	seja	considerada	apenas	típica,	mas	não	ilícita,	Marcio	
deveria	 ser	 punido.	 O	 pior	 de	 tudoé	 que,	 neste	 caso,	Márcio,	 que	 não	 praticou	 a	
conduta	seria	punido,	mas	João	seria	absolvido	pela	legítima	defesa.	
¥ Teoria	da	acessoriedade	limitada	–	Exige	que	o	fato	praticado	(conduta	principal)	seja	
pelo	menos	uma	conduta	típica	e	ilícita.	Assim,	no	exemplo	dado	acima,	a	conduta	do	
partícipe	Marcio	não	é	punível,	pois	a	conduta	principal,	apesar	de	típica,	não	é	ilícita.	
Veja	que,	para	esta	corrente	Doutrinária,	se	o	fato	praticado	pelo	autor	NÃO	FOR	
ILÍCITO	(Ainda	que	seja	um	fato	típico),	em	razão	de	legítima	defesa,	etc.,	o	partícipe	
não	deve	ser	punido.	
¥ Teoria	da	acessoriedade	máxima	–	Para	esta	teoria,	o	partícipe	só	será	punido	se	o	
fato	 for	 típico,	 ilícito	 e	 praticado	 por	 agente	 culpável.	 Essa	 teoria	 faz	 exigência	
irrazoável,	 pois	 a	 culpabilidade	 é	 uma	 questão	 pessoal	 do	 agente,	 não	 guardando	
relação	com	o	fato.	Assim,	imagine	que	Carlos,	maior	de	idade,	seja	partícipe	de	um	
roubo	praticado	por	Lucas,	menor	de	idade.	Para	esta	corrente,	Carlos	não	poderia	
responder	 pelo	 roubo	 praticado	 (na	 qualidade	 de	 partícipe),	 pois	 Lucas	 (o	 autor	
principal)	é	inimputável	(não	tem	culpabilidade),	sendo	o	fato	apenas	típico	e	ilícito,	
sem	o	complemento	da	culpabilidade.	
¥ Teoria	da	hiperacessoriedade	–	Exige	que,	além	de	o	fato	ser	típico	e	ilícito	e	o	agente	
culpável,	o	autor	tenha	sido	efetivamente	punido	para	que	o	partícipe	responda	pelo	
crime.	É	ainda	mais	 irrazoável	que	a	última.	 Imagine	que	 José	 seja	partícipe	de	um	
roubo	praticado	por	Marcelo.	No	decorrer	do	processo,	Marcelo	vem	a	falecer	(o	que	
																																																			
20 A teoria da acessoriedade deriva de uma das teorias dos FUNDAMENTOS da punibilidade do part’cipe, que Ž a 
TEORIA DO FAVORECIMENTO (ou da CAUSA‚ÌO), que diz que o part’cipe deve ser punido por ter coloborado para 
que o delito fosse realizado. Em contraposi‹o a esta, havia a teoria da participa‹o na culpabilidade, que defendia 
que o part’cipe deveria ser punido apenas por exercer Òinfluncia negativaÓ sobre o autor. Esta œltima foi abandonada 
pela Doutrina h‡ algumas dŽcadas. 
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gera	a	extinção	da	punibilidade	de	Marcelo,	nos	termos	do	CP).	Para	esta	corrente,	
como	houve	extinção	da	punibilidade	em	relação	a	Marcelo	(o	autor	do	delito),	o	
partícipe	(José)	não	poderá	mais	ser	punido.	
	
O	Nosso	CP	não	adotou	expressamente	nenhuma	das	quatro	teorias,	mas	com	certeza	não	
adotou	a	teoria	da	acessoriedade	mínima	nem	a	teoria	da	hiperacessoriedade	(as	extremas).	
A	 Doutrina	 entende	 que	 a	 teoria	 que	 mais	 se	 amolda	 ao	 nosso	 sistema	 é	 a	 teoria	 da	
acessoriedade	 limitada21,	 exigindo	 que	 o	 fato	 seja	 somente	 típico	 e	 ilícito	 para	 que	 o	 partícipe	
responda	pelo	crime.		
	
	
Questões	interessantes	acerca	da	participação:	
Ø A	lei	admite	a	redução	da	pena	de	1/6	a	1/3	se	a	participação	é	de	menor	importância	(art.	
29,	§	1°	do	CP).	Isto	não	se	aplica	às	hipóteses	de	coautoria,	mas	apenas	à	participação;	
Ø A	Doutrina	 admite	 a	 participação	 nos	 crimes	 comissivos	 por	 omissão,	 quando	o	 partícipe	
devia	e	podia	evitar	o	resultado	(art.	13,	§	2°	do	CP).	
Ø A	participação	inócua	não	se	pune.	Assim,	se	A	empresta	uma	faca	a	B,	de	forma	a	auxiliá-lo	
a	matar	C,	e	B	mata	C	usando	seu	revólver,	a	participação	de	A	foi	absolutamente	inócua,	pois	
em	nada	auxiliou	no	resultado.	Da	mesma	forma,	se	A	instiga	B	a	matar	C,	e	B	realiza	a	conduta	
porque	já	estava	determinado	a	isso,	a	instigação	promovida	por	A	não	teve	qualquer	eficácia,	
pois	B	já	mataria	C	de	qualquer	forma.	
Ø Participação	em	cadeia	é	possível:	 Assim,	 se	A	empresta	uma	arma	a	B,	 para	que	este	 a	
empreste	a	C,	a	fim	de	que	este	último	mate	D,	tanto	A	quanto	B	são	partícipes	do	crime,	por	
prestarem	auxílio	material	em	cadeia.	
Ø A	participação	em	ação	alheia	ocorre	quando	o	partícipe,	sem	qualquer	liame	subjetivo	com	
o	autor,	contribui	de	maneira	culposa	para	a	prática	do	delito.	Assim,	o	funcionário	público	
que	não	tranca	a	porta	da	repartição	ao	final	do	expediente,	e	esta	vem	a	ser	furtada	por	um	
particular	na	madrugada,	responde	por	peculato	culposo	(art.	312,	§	2°	do	CP),	enquanto	o	
particular	responde	por	furto.	Não	há	concurso	de	pessoas	pois	falta	o	liame	subjetivo	entre	
ambos	(coerência	de	vontades).	
	
1.4! COMUNICABILIDADE	DAS	CIRCUNSTÂNCIAS	
O	art.	30	do	CP	estabelece	que:	
																																																			
21 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 565 
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Art. 30 - N‹o se comunicam as circunst‰ncias e as condi›es de car‡ter pessoal, salvo quando 
elementares do crime. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
	
Antes	de	estudarmos	a	comunicabilidade	ou	não	das	circunstâncias,	devemos	diferenciar	a	
mera	circunstância	da	circunstância	elementar	do	crime.	
A	circunstância	elementar	é	aquela	que	se	refere	a	algo	indispensável	para	a	caracterização	
do	crime.	Assim,	a	circunstância	“alguém”	no	crime	de	homicídio,	é	uma	elementar,	pois	se	o	fato	
for	praticado	contra	um	animal,	por	exemplo,	não	haverá	homicídio.	
Por	sua	vez,	a	mera	circunstância	não	é	indispensável	à	caracterização	do	crime,	pois	apenas	
agregam	um	fato	que,	 se	presente,	aumenta	ou	diminui	a	pena.	Assim,	o	“motivo	 torpe”	é	uma	
circunstância	 não-elementar,	 ou	 mera	 circunstância,	 pois	 caso	 o	 fato	 seja	 praticado	 sem	 essa	
circunstância,	continua	a	existir	homicídio,	no	entanto,	sem	a	qualificadora.	
	
1.4.1! Espécies	de	elementares	e	de	circunstâncias	
Podem	ser	subjetivas	(de	caráter	pessoal),	quando	relativas	à	pessoa	do	agente.	É	o	caso	da	
condição	de	funcionário	público,	que	é	pessoal,	pois	se	refere	ao	agente.	
Podem	ser,	ainda,	objetivas	(ou	de	caráter	real),	quando	se	referem	ao	fato	criminoso	em	si,	
seu	modus	operandi,	etc.	Assim,	o	emprego	de	violência,	no	crime	de	roubo	(art.	157	do	CP)	é	uma	
elementar	objetiva.	
As	condições	pessoais	não	se	confundem	com	as	circunstâncias	ou	elementares	de	caráter	
pessoal.	As	primeiras	são	fatores	pessoais	do	agente,	que	independem	da	prática	da	infração	penal.	
Assim,	o	fato	de	o	agente	ser	menor	de	21	anos	é	uma	condição	pessoal,	e	não	uma	circunstância	
de	caráter	pessoal,	tampouco	uma	elementar.	
Com	base	nesses	três	institutos	(elementares,	circunstâncias	e	condições	pessoais),	podemos	
extrair	três	regras	do	CP:	
ü As	circunstâncias	e	condições	de	caráter	pessoal	não	se	comunicam	–	Se	A	contrata	
B,	para	que	este	mate	C,	em	razão	deste	último	ter	estuprado	sua	filha,	A	comete	o	
crime	de	homicídio	privilegiado,	em	razão	do	relevante	valor	moral	(art.	121,	§	1°	do	
CP).	Entretanto,	B	não	comete	o	crime	de	homicídio	privilegiado,	pois	a	circunstância	
“relevante	valor	moral”	é	pessoal,	não	se	estendendo	ao	coautor;	
ü As	circunstâncias	de	caráter	real,	ou	objetivas,	se	comunicam	–	Porém,	é	necessário	
que	a	circunstância	tenha	entrado	na	esfera	de	conhecimento	dos	demais	agentes.	
Imagine	 que	 A	 contrata	 B	 para	 matar	 C.	 B	 informa	 a	 A	 que	 usará	 de	 emboscada	
(portanto,	homicídio	qualificado,	nos	termos	do	art.	121,	§	2°	do	CP),	e	A	concorda	com	
isto.	Nesse	caso,	a	circunstância	objetiva	“emboscada”	(relativa	ao	meio	utilizado),	se	
comunica,	pois	embora	A	não	tenha	usado	de	emboscada,	concordou	com	esta	prática	
por	 B.	 Diversamente,	 se	 B	 praticasse	 o	 crime	 mediante	 emboscada	 sem	 nada	
comunicar	ao	mandante,	A,	esta	circunstância	não	se	comunicaria,	por	não	ter	entrado	
na	esfera	de	conhecimento	de	A;	
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ü As	elementares	sempre	se	comunicam,	sejam	objetivas	ou	subjetivas	–	No	entanto,	
mais	 uma	 vez	 se	 exige	 que	 estas	 elementares	 tenham	 entrado	 no	 âmbito	 de	
conhecimento	 dos	 demais	 agentes.	 Imaginem	 que	 Júlio,	 servidor	 público,	 convida	
Marcelo	a	entrar	na	repartição	onde	trabalham,	valendo-se	da	condição	de	Júlio,	para	
subtrair	 alguns	 computadores.	 Caso	 Marcelo	 conheça	 a	 condição	 de	 funcionário	
público	de	Júlio,	ambos	respondem	pelo	crime	de	peculato-furto	(art.	312,	§	1°	do	CP).	
Caso	Marcelo	 desconheça	 essa	 circunstância	 elementar,	 responde	 ele	 apenas	 pelo	
crime	 de	 furto,	 pois	 a	 ausência	 dessa	 circunstância	 faz	 desaparecer	 o	 crime	 de	
peculato-furto,	mas	a	conduta	ainda	é	punível	como	furto	comum.	
	
1.5! COOPERAÇÃO	DOLOSAMENTE	DISTINTA	
A	cooperação	dolosamente	distinta,	 também	chamada	de	 “participação	em	crime	menos	
grave”	 ou	 “desvio	 subjetivo	 de	 conduta”,	 ocorre	 quando	 ambos	 os	 agentes	 decidem	 praticar	
determinado	 crime,	mas	durante	 a	 execução,	 um	deles	decide	praticar	outro	 crime,	mais	 grave.	
Nesse	caso,	aplica-se	o	art.	29,	§	2°	do	CP:	
Art.	29	-	Quem,	de	qualquer	modo,	concorre	para	o	crime	incide	nas	penas	a	este	cominadas,	na	medida	de	sua	
culpabilidade.	(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984)	
(...)	§	2º	-	Se	algum	dos	concorrentes	quis	participar	de	crime	menos	grave,	ser-lhe-á	aplicada	a	pena	deste;	essa	
pena	será	aumentada	até	metade,	na	hipótese	de	ter	sido	previsível	o	resultado	mais	grave.	(Redação	dada	pela	
Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984)	
	
EXEMPLO:	Imaginem	que	Camila	e	Herval	combinam	de	realizar	um	furto	a	uma	casa	que	
imaginam	 estar	 vazia.	 Camila	 espera	 no	 carro	 enquanto	 Herval	 adentra	 à	 residência.	
Entretanto,	ao	chegar	à	residência,	Herval	se	depara	com	dois	seguranças,	e	troca	tiros	
com	ambos,	levando-os	a	óbito	(sinistro	esse	cara).	Após,	entra	na	casa	e	subtrai	diversos	
bens.	Volta	ao	carro	e	ambos	fogem.	
	
Camila	não	quis	participar	de	um	latrocínio	(que	foi	o	que	efetivamente	ocorreu),	mas	apenas	
de	um	furto.	Assim,	segundo	a	primeira	parte	do	§	2°	do	art.	29	do	CP,	responderá	somente	pelo	
furto.	
Entretanto,	se	ficar	comprovado	que	Camila	podia	prever	que	o	latrocínio	era	provável	(se	
soubesse,	por	exemplo,	que	Herval	estava	armado	e	que	havia	a	possibilidade	de	ter	seguranças	na	
casa),	a	pena	do	crime	de	furto	(não	a	do	latrocínio!!)	será	aumentada	até	a	metade.	
A	lei	diz	“até	a	metade”,	logo,	o	aumento	pode	não	chegar	a	esse	patamar.	O	aumento	de	
pena	irá	variar	conforme	o	grau	de	previsibilidade	do	crime	mais	grave	para	o	qual	Camila	não	se	
predispôs,	mas	era	previsível.	
	
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CUIDADO	MASTER!	 Existe	 uma	 questão	 muito	 controvertida	 no	 que	 se	 refere	 ao	 concurso	 de	
pessoas.	É	a	possibilidade	(ou	não)	de	concurso	de	pessoas	em	crimes	CULPOSOS.	
São	muitas,	MUITAS	ideias	diferentes.	Cada	autor	inventa	alguma	coisa	para	vender	seu	livro,	certo?	
Bom,	resumidamente,	podemos	definir	a	Doutrina	majoritária	da	seguinte	forma:	
COAUTORIA	EM	CRIMES	CULPOSO	–	É	possível,	pois	é	possível	que	duas	pessoas,	de	comum	acordo,	
resolvam	 praticar	 uma	 conduta	 imprudente,	 por	 exemplo.	 Ex.:	 Dois	 rapazes	 resolvem	 atirar	 um	
móvel	do	10º	andar	de	um	prédio,	sem	intenção	de	atingir	ninguém,	mas	acabam	lesionando	uma	
pessoa.	
PARTICIPAÇÃO	EM	CRIME	CULPOSO	–	Depende.	Podemos	estar	falando	de	participação	DOLOSA	ou	
participação	CULPOSA.	
DOLOSA	–	Não	cabe	participação	dolosa	em	crime	culposo,	pois	a	Doutrina	entende	que	não	há	
“unidade	de	vontades”	entre	os	agentes	(um	quer	o	resultado	a	título	de	dolo,	e	o	outro,	executor,	
é	apenas	um	descuidado).	Assim,	não	há	“vínculo	subjetivo”	entre	eles	no	que	tange	ao	resultado.	
Logo,	cada	um	responde	por	sua	conduta.	
CULPOSA	–	É	possível,	pois	é	possível	que	alguém,	por	culpa,	induza,	instigue	ou	preste	auxílio	ao	
executor	de	uma	conduta	também	culposa,	e	haveria	“unidade	de	vontades”.	
CUIDADO:	O	STJ	entende	que	NÃO	cabe	nenhum	tipo	de	participação	em	crime	culposo.	Parte	da	
Doutrina	também	segue	este	entendimento.	
	
1.6!MULTIDÃO	DELINQUENTE	
Também	chamada	de	“multidão	criminosa”22,	são	considerados	pela	doutrina	como	aqueles	
atos	em	que	inúmeras	(incontáveis,	uma	multidão)	pessoas	praticam	o	mesmo	delito,	agindo	em	
concurso	de	pessoas,	muitas	vezes	sem	um	acordo	prévio,	mas	cada	uma	aderindo	tacitamente	à	
conduta	da	outra.	Ex.:	Linchamentos,	brigas	de	torcidas	organizadas,	saques	a	 lojas	ou	a	carretas	
tombadas,	etc.	
A	 Doutrina	 sustenta	 que,	mesmo	 nestes	 casos,	 têm-se	 CONCURSO	DE	 PESSOAS,	 pois	 há	
vínculo	subjetivo	entre	estas	pessoas,	ainda	que	tácito	(não	explícito).	O	agente	que	praticar	o	delito	
nestas	condições,	porém,	deverá	ter	sua	pena	atenuada,	nos	termos	do	art.	65,	e	do	CP,	já	que	se	
trata	de	situação	em	que	há	maior	vulnerabilidade	psicológica	para	que	uma	pessoa	venha	a	aderir	
a	uma	conduta	criminosa.	Por	outro	lado,	os	que	promoverem,	organizarem	ou	liderarem	a	conduta	
criminosa	terão	suas	penas	agravadas	(art.	62,	I	do	CP).	
	
																																																			
22 O termo Òmultid‹o criminosaÓ Ž utilizado, dentre outros, por RenŽ Ariel Dotti (cf. DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de 
Direito Penal, Parte Geral. Ed. Revista dos Tribunais. 4¼ ed. S‹o Paulo. 2012, p. 459) 
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2! CONCURSO	DE	CRIMES	
2.1! CONCEITO	E	NATUREZA	
Assim	 como	 é	 plenamente	 possível	 que	 duas	 ou	 mais	 pessoas	 se	 unam	 para	 praticar	
determinado	 delito,	 é	 plenamente	 possível	 que	 de	 uma	 mesma	 conduta	 (ou	 de	 uma	 série	 de	
condutas	interligadas)	surjam	vários	crimes.	
O	concurso	de	crimes	pode	ser	de	três	espécies:	concurso	formal,	concurso	material	e	crime	
continuado.	
A	exata	caracterização	de	cada	um	dos	institutos	é	bastante	importante,	pois	isso	influenciará	
na	adoção	do	sistema	de	aplicação	da	pena.	
Três	também	são	os	sistemas	de	aplicação	da	pena:	
¥ Sistema	do	cúmulo	material	–	Aqui,	ao	agente	é	aplicada	a	pena	correspondente	ao	
somatório	 das	 penas	 relativas	 a	 cada	 um	 dos	 crimes	 cometidos	 isoladamente.	 Foi	
adotado	 no	 que	 tange	 ao	 concurso	 material	 (art.	 69	 do	 CP),	 no	 concurso	 formal	
impróprio	ou	imperfeito	(art.	70,	caput,	2°	parte)	e	no	concurso	de	penas	de	multa	(art.	
72	do	CP);	
¥ Sistema	da	exasperação	–	Aplica-se	ao	agente	somente	a	pena	da	infração	penal	mais	
grave,	 acrescida	 de	 determinado	 percentual.	 Foi	 acolhido	 no	 que	 se	 refere	 ao	
concurso	formal	próprio	ou	perfeito	(art.	70,	caput,	primeira	parte,	do	CP)	e	ao	crime	
continuado	(art.	71	do	CP);	
¥ Sistema	da	absorção	–	Aplica-se	somente	a	pena	da	infração	penal	mais	grave,	dentre	
todas	 as	 praticadas,	 sem	 que	 haja	 qualquer	 aumento.	 Foi	 adotado	
(jurisprudencialmente)	em	relação	aos	crimes	falimentares.	
	
2.2! ESPÉCIES	
2.2.1! Concurso	material	(ou	real)	de	crimes	
Está	regulado	pelo	art.	69	do	CP:	
Art.	69	-	Quando	o	agente,	mediante	mais	de	uma	ação	ou	omissão,	pratica	dois	ou	mais	crimes,	idênticos	ou	
não,	aplicam-se	cumulativamente	as	penas	privativas	de	liberdade	em	que	haja	incorrido.	No	caso	de	aplicação	
cumulativa	de	penas	de	reclusão	e	de	detenção,	executa-se	primeiro	aquela.	(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	
de	11.7.1984)	
§	1º	-	Na	hipótese	deste	artigo,	quando	ao	agente	tiver	sido	aplicada	pena	privativa	de	liberdade,	não	suspensa,	
porum	dos	crimes,	para	os	demais	será	incabível	a	substituição	de	que	trata	o	art.	44	deste	Código.	(Redação	
dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984)	
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§	2º	 -	Quando	forem	aplicadas	penas	restritivas	de	direitos,	o	condenado	cumprirá	simultaneamente	as	que	
forem	compatíveis	entre	si	e	sucessivamente	as	demais.	(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984)	
	
Nesse	fenômeno,	o	agente	pratica	duas	ou	mais	condutas	e	produz	dois	ou	mais	resultados.	
Pode	ser	homogêneo,	quando	todos	os	crimes	praticados	são	idênticos,	ou	heterogêneo,	quando	os	
crimes	são	diferentes.	
Esse	 cúmulo	 de	 penas	 deve	 ser	 aplicado	 pelo	 Juiz	 na	 hora	 da	 sentença,	 se	 os	 processos	
tiverem	sido	reunidos	por	conexão,	ou	pelo	Juiz	da	execução,	caso	tenham	sido	aplicadas	as	penas	
em	processos	diversos	(nos	termos	do	art.	66,	III,	a	da	LEP).	
Se	 for	 imposta	 pena	 de	 reclusão	 a	 um	 dos	 crimes	 e	 de	 detenção	 a	 outro,	 executa-se	
primeiramente	a	de	reclusão,	nos	termos	do	art.	69,	caput,	segunda	parte,	do	CP.	
Só	será	possível	a	aplicação	de	penas	restritivas	de	direitos	a	um	dos	crimes	se	em	relação	aos	
outros	foi	aplicada	pena	também	restritiva	de	direitos	ou,	em	caso	de	ter	sido	aplicada	pena	privativa	
de	liberdade,	esta	foi	suspensa	(é	o	chamado	sursis),	nos	termos	do	art.	69,	§	1°	do	CP.	
As	 penas	 restritivas	 de	 direitos	 podem	 ser	 cumpridas	 simultaneamente,	 desde	 que	
compatíveis.	Assim,	a	pena	de	limitação	de	final	de	semana	não	pode	ser	cumprida	simultaneamente	
com	outra	restritiva	de	direitos	 idêntica	(limitação	de	final	de	semana),	pois	nesse	caso	o	agente	
estaria	 cumprindo	 apenas	 uma	 das	 penas	 (e	 pagando	 as	 duas	 o	 malandro!).	 Entretanto,	 é	
plenamente	 possível	 o	 cumprimento	 simultâneo	 de	 pena	 restritiva	 de	 direitos	 consistente	 em	
prestação	de	serviços	à	comunidade	e	outra	consistente	em	prestação	pecuniária	($$),	pois	isso	não	
importa	em	prejuízo	a	ninguém	(nem	ao	Estado	nem	ao	infrator).	
Só	é	possível	a	suspensão	condicional	do	processo	(art.	89	da	Lei	9.099/95)	se	o	somatório	
das	penas	mínimas	previstas	para	todos	os	crimes	for	inferior	a	um	ano.	Assim,	se	o	acusado	praticou	
dois	 crimes	 em	 concurso	material,	 sendo	 a	 pena	mínima	 de	 ambos	 estipulada	 em	03	meses	 de	
detenção,	é	possível	a	suspensão	condicional	do	processo.	
	
2.2.2! Concurso	formal	de	crimes	
No	concurso	formal,	ou	ideal,	o	agente,	mediante	uma	única	conduta,	pratica	dois	ou	mais	
crimes,	idênticos	ou	não.	Nos	termos	do	art.	70	do	CP:	
Art.	70	-	Quando	o	agente,	mediante	uma	só	ação	ou	omissão,	pratica	dois	ou	mais	crimes,	idênticos	ou	não,	
aplica-se-lhe	a	mais	grave	das	penas	cabíveis	ou,	se	iguais,	somente	uma	delas,	mas	aumentada,	em	qualquer	
caso,	 de	um	 sexto	até	metade.	As	 penas	aplicam-se,	 entretanto,	 cumulativamente,	 se	 a	 ação	ou	omissão	 é	
dolosa	 e	 os	 crimes	 concorrentes	 resultam	 de	 desígnios	 autônomos,	 consoante	 o	 disposto	 no	 artigo	
anterior.(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984)	
Parágrafo	único	-	Não	poderá	a	pena	exceder	a	que	seria	cabível	pela	regra	do	art.	69	deste	Código.	(Redação	
dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984)	
	
Primeiramente,	 deve	 ser	 esclarecido	 a	 vocês	 que	 deve	 haver	 unidade	 de	 conduta	 e	
pluralidade	de	resultados.	No	entanto,	a	unidade	de	conduta	não	significa	unidade	de	atos,	pois	
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existem	condutas	que	podem	ser	fracionadas	em	diversos	atos,	como	no	caso	de	alguém	que	mata	
outra	pessoa	com	diversas	pauladas	na	cabeça.	Embora	neste	caso	haja	diversos	atos,	há	unidade	
de	conduta.	
O	concurso	formal	será	homogêneo	se	todos	os	crimes	cometidos	mediante	a	conduta	única	
forem	idênticos,	e	será	heterogêneo	se	os	crimes	praticados	forem	diversos.	
O	concurso	formal	pode	ser,	ainda,	perfeito	ou	imperfeito:	
¥ Concurso	 formal	 perfeito	 (próprio)	 –	 Aqui	o	 agente	 pratica	 uma	 única	 conduta	 e	
acaba	por	produzir	dois	resultados,	embora	não	pretendesse	realizar	ambos,	ou	seja,	
não	 há	 desígnios	 autônomos	 (intenção	 de,	 com	 uma	 única	 conduta,	 praticar	
dolosamente	mais	de	um	crime).	Exemplo:	Imaginem	que	Camila,	dirigindo	seu	Bugatti	
pelas	ruas	de	São	Paulo,	em	altíssima	velocidade,	atropela,	sem	querer,	um	pedestre,	
que	 vem	 a	 óbito,	 e	 causa	 lesões	 graves	 em	 outro	 pedestre.	 Nesse	 caso,	 Camila	
responde	pelos	 crimes	de	homicídio	 culposo	e	 lesão	 corporal	 culposa	em	concurso	
formal,	aplicando-se	a	ela	a	pena	do	homicídio	culposo	(mais	grave)	acrescida	de	1/6	
até	a	metade23;	
¥ Concurso	 formal	 imperfeito	 (impróprio)	 –	 Aqui	 o	 agente	 se	 vale	 de	 uma	 única	
conduta	para,	dolosamente,	produzir	mais	de	um	crime.	Imaginem	que,	no	exemplo	
anterior,	Camila	desejasse	matar	o	pedestre,	antigo	desafeto,	bem	como	 lesionar	o	
outro	pedestre	(sua	ex-sogra).	Assim,	com	sua	única	conduta,	Camila	objetivou	praticar	
ambos	os	crimes,	respondendo	por	ambos	em	concurso	formal	imperfeito,	e	lhe	será	
aplica	 a	 pena	 de	 ambos	 cumulativamente	 (sistema	 do	 cúmulo	material),	 pois	 esse	
concurso	 formal	 é	 formal	 apenas	 no	 nome,	 já	 que	 deriva	 de	 intenções	 (desígnios)	
autônomas,	nos	termos	do	art.	70,	segunda	parte,	do	CP.	
	
2.2.3! Aplicação	da	pena	no	concurso	formal	
Via	de	regra,	no	concurso	formal	o	sistema	utilizado	é	o	da	exasperação,	utilizando-se	como	
base	a	pena	do	crime	mais	grave,	aumentada	(exasperada)	de	1/6	até	a	metade	(art.	70,	primeira	
parte,	do	CP).		
O	 quantum	 do	 aumento	 (entre	 1/6	 e	 metade	 da	 pena	 usada	 como	 base)	 será	 definido	
mediante	a	análise	da	quantidade	de	crimes	praticados.	Se	praticados	poucos	crimes,	aplica-se	o	
aumento	mínimo;	se	praticados	diversos	crimes	mediante	a	única	conduta,	aplica-se	o	aumento	em	
seu	montante	máximo.	
Trata-se,	portanto,	de	uma	fórmula	de	aplicação	da	pena	que	visa	a	beneficiar	o	réu,	em	razão	
do	menor	desvalor	de	sua	conduta.	
																																																			
23 ƒ poss’vel o reconhecimento de concurso formal pr—prio entre crimes dolosos, desde que seja poss’vel 
compreender que houve uma œnica empreitada criminosa, ou seja, os crimes faziam parte de um œnico 
intento criminoso (ex.: JosŽ entra num ™nibus e rouba o dinheiro relativo ˆs passagens e tambŽm rouba 
o celular de um passageiro). N‹o h‡, aqui, crime œnico, ante a diversidade dos patrim™nios lesados, 
devendo, no entendimento do STJ, ser reconhecido o concurso formal de crimes. 
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Entretanto,	 se	 estivermos	 diante	 de	 concurso	 formal	 imperfeito	 (impróprio),	 aplica-se	 a	
regra	estabelecida	pelo	art.	70,	segunda	parte,	do	CP,	ou	seja,	o	sistema	do	cúmulo	material,	pois	
o	agente	se	valeu	de	uma	única	conduta	para	praticar	diversos	crimes	de	maneira	dolosa,	agindo	
com	intenções	autônomas	(desígnios	autônomos).	
Há,	ainda,	a	 figura	que	se	denominou	de	cúmulo	material	benéfico,	que	ocorre	quando	o	
sistema	da	exasperação	se	mostra	prejudicial	ao	réu	em	relação	ao	sistema	da	cumulação.	
EXEMPLO:	Imaginem	que	o	agente	tenha	cometido	homicídio	doloso	simples	(pena	de	06	
a	20	anos)	e	tenha,	culposamente,	mediante	a	mesma	conduta,	lesionado	levemente	uma	
terceira	pessoa,	 cometendo	o	 crime	de	 lesões	 corporais	 culposas	em	concurso	 formal	
com	o	homicídio	(art.	129,	§	6°	do	CP,	pena	de	02	meses	a	um	ano	de	detenção).	
	
Nesse	exemplo	acima,	o	sistema	da	exasperação	é	muito	prejudicial	aoréu.	Imaginem	que	o	
infrator	tenha	sido	condenado	pelo	crime	de	homicídio	a	10	anos	de	reclusão	(crime	mais	grave).	
Nesse	 caso,	 pelo	 sistema	 da	 exasperação,	 por	 ter	 havido	 concurso	 formal,	 essa	 pena	 deve	 ser	
aumentada	de	1/6	até	a	metade.	Logo,	a	pena	dele	variará	de	11	anos	e	08	meses	a	15	anos	de	
reclusão	(pena	base	+	1/6	e	pena	base	+	metade).	Pelo	sistema	do	cúmulo	material,	como	a	pena	de	
lesões	culposas	é	bem	pequena,	a	pena	do	agente	variaria	de	10	anos	e	dois	meses	a	11	anos	de	
reclusão.	 Nesse	 caso,	 percebam,	 o	 sistema	 da	 exasperação	 é	 prejudicial	 ao	 réu.	 Assim,	 a	 lei	
estabelece	que,	nesse	caso,	ELE	NÃO	SE	APLICA,	aplicando-se	o	sistema	do	cúmulo	material,	pois	o	
sistema	da	exasperação	foi	criado	para	beneficiar	o	réu	e	não	pode	ser	aplicado	quando	resultar	em	
prejuízo	a	ele.	Nos	termos	do	§	único	do	art.	70	do	CP:	
Art.	70	(...)	Parágrafo	único	-	Não	poderá	a	pena	exceder	a	que	seria	cabível	pela	regra	do	art.	69	deste	Código.	
(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984)	
	
2.2.4! Crime	continuado	
Também	conhecido	como	continuidade	delitiva,	é	a	espécie	de	concurso	de	crimes	na	qual	o	
agente	pratica	diversas	condutas,	praticando	dois	ou	mais	crimes,	que	por	determinadas	condições	
são	considerados	pela	Lei	(por	uma	ficção	jurídica)	como	crime	único.	Nos	termos	do	art.	71	do	CP:	
Art.	71	-	Quando	o	agente,	mediante	mais	de	uma	ação	ou	omissão,	pratica	dois	ou	mais	crimes	da	mesma	
espécie	e,	pelas	condições	de	tempo,	lugar,	maneira	de	execução	e	outras	semelhantes,	devem	os	subseqüentes	
ser	havidos	como	continuação	do	primeiro,	aplica-se-lhe	a	pena	de	um	só	dos	crimes,	se	idênticas,	ou	a	mais	
grave,	se	diversas,	aumentada,	em	qualquer	caso,	de	um	sexto	a	dois	terços.	(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	
de	11.7.1984)	
Parágrafo	único	-	Nos	crimes	dolosos,	contra	vítimas	diferentes,	cometidos	com	violência	ou	grave	ameaça	à	
pessoa,	poderá	o	 juiz,	considerando	a	culpabilidade,	os	antecedentes,	a	conduta	social	e	a	personalidade	do	
agente,	bem	como	os	motivos	e	as	circunstâncias,	aumentar	a	pena	de	um	só	dos	crimes,	se	idênticas,	ou	a	mais	
grave,	 se	 diversas,	 até	 o	 triplo,	 observadas	 as	 regras	 do	 parágrafo	 único	 do	 art.	 70	 e	 do	 art.	 75	 deste	
Código.(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984)	
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Duas	teorias	buscam	explicar	este	instituto:	
⇒ Teoria	da	ficção	jurídica	–	Para	esta	teoria,	a	continuidade	delitiva	é	uma	ficção,	pois,	na	
verdade,	existem	diversos	crimes,	tendo	a	Lei	considerado	os	diversos	atos	como	apenas	um	
crime,	para	fins	de	aplicação	da	pena.	Esta	teoria	foi	desenvolvida	por	Francesco	Carrara;	
⇒ Teoria	da	realidade,	ou	da	unidade	real	–	Para	esta	teoria,	o	crime	continuado	é,	por	sua	
própria	natureza,	um	único	delito,	não	havendo	que	se	falar	em	ficção	jurídica.	
	
O	nosso	CP	adotou	a	teoria	da	ficção	jurídica,	pois	a	consideração	dos	diversos	delitos	como	
um	único	crime	se	dá	apenas	para	fins	de	aplicação	da	pena,	tanto	que,	no	que	tange	à	prescrição,	
eles	são	considerados	crimes	autônomos,	nos	termos	do	art.	119	do	CP:	
Art.	 119	 -	 No	 caso	 de	 concurso	 de	 crimes,	 a	 extinção	 da	 punibilidade	 incidirá	 sobre	 a	 pena	 de	 cada	 um,	
isoladamente.	(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984)	
	
2.2.5! Requisitos	para	a	configuração	do	crime	continuado	
A	 Doutrina	 entende	 serem	 três	 os	 requisitos	 do	 crime	 continuado:	 a)	 pluralidade	 de	
condutas;	b)	pluralidade	de	crimes	da	mesma	espécie;	e	c)	condições	semelhantes	de	tempo,	lugar,	
modo	de	execução	e	outras	semelhanças.	
Há	divergência	doutrinária	quanto	à	necessidade	de	haver	ou	não	unidade	de	desígnio.	
A	pluralidade	de	conduta	decorre	da	redação	do	art.	71,	que	fala	em	“mediante	mais	de	uma	
ação	ou	omissão”.		
A	pluralidade	de	crimes	causa	polêmica.	O	que	seriam	crimes	da	mesma	espécie?	A	Doutrina	
e	a	Jurisprudência	não	são	pacíficas.	Parte	minoritária	entende	que	crimes	da	mesma	espécie	são	
aqueles	 que	 tutelam	 o	 mesmo	 bem	 jurídico.	 Assim,	 para	 essa	 corrente,	 furto,	 estelionato,	
apropriação	indébita,	etc.,	seriam	todos	crimes	da	mesma	espécie,	pois	seriam	todos	“crimes	contra	
o	patrimônio”.	
No	entanto,	a	corrente	que	prevalece,	inclusive	no	STJ,	é	a	de	que	crimes	da	mesma	espécie	
são	aqueles	tipificados	pelo	mesmo	dispositivo	legal,	na	forma	simples,	privilegiada	ou	qualificada,	
consumados	ou	tentados.	Assim,	seriam	crimes	da	mesma	espécie	roubo	e	roubo	qualificado.	
Vejamos:	
	
(...)	Não	há	continuidade	delitiva	porque	os	 crimes	de	 falsificação	de	documento	público	e	 falsidade	 ideológica	não	são	da	
mesma	espécie.	
(...)	(AgRg	no	AREsp	311.775/SC,	Rel.	Ministra	LAURITA	VAZ,	QUINTA	TURMA,	julgado	em	27/05/2014,	DJe	03/06/2014)	
	
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Entretanto,	essa	corrente	entende	que,	além	de	serem	tratados	no	mesmo	dispositivo	legal,	
devem	tutelar	o	mesmo	bem	jurídico.	Assim,	roubo	simples	(art.	157)	e	latrocínio	(art.	157,	§	3°	do	
CP)	não	 seriam	crimes	da	mesma	espécie,	 pois	o	 latrocínio	 tutela,	 ainda,	o	direito	 à	 vida,	 e	não	
somente	o	patrimônio.	
O	STJ	já	solidificou	este	entendimento:	
	
(...)	
1.	Os	crimes	de	roubo	e	latrocínio,	apesar	de	serem	do	mesmo	gênero,	não	são	da	mesma	espécie.	No	crime	de	roubo,	a	conduta	
do	 agente	 ofende	 o	 patrimônio.	 No	 delito	 de	 latrocínio,	 ocorre	 lesão	 ao	 patrimônio	 e	 à	 vida	 da	 vítima,	 não	 havendo	
homogeneidade	de	execução	na	prática	dos	dois	delitos,	razão	pela	qual	tem	aplicabilidade	a	regra	do	concurso	material.	
(...)	
(HC	186.575/SP,	Rel.	Ministra	LAURITA	VAZ,	QUINTA	TURMA,	julgado	em	27/08/2013,	DJe	04/09/2013)	
	
Por	 fim,	 a	 semelhança	 entre	 os	 delitos	 deve	 obedecer	 à	 conexão	 de	 quatro	 gêneros:	
temporal,	espacial,	modal	e	ocasional.	
A	conexão	temporal	exige	que	os	crimes	tenham	sido	cometidos	na	mesma	época.	Mesma	
época	não	implica	mesmo	momento.	A	jurisprudência	tem	entendido	que	os	crimes	não	podem	ter	
sido	cometidos	em	um	lapso	temporal	superior	a	30	dias.	No	entanto,	no	que	se	refere	aos	crimes	
contra	a	ordem	tributária,	o	STF	 já	entendeu	que	pode	haver	continuidade	delitiva	desde	que	os	
delitos	tenham	sido	cometidos	em	lapso	temporal	não	superior	a	03	anos.	
A	conexão	espacial	 indica	que,	para	que	seja	considerada	continuidade	delitiva,	os	crimes	
devem	ser	cometidos	no	mesmo	local.	A	Jurisprudência	entende	que	a	conexão	espacial	só	estará	
presente	 se	 os	 crimes	 forem	 cometidos	 na	 mesma	 cidade,	 ou,	 no	 máximo,	 na	 mesma	 região	
metropolitana.	
A	conexão	modal	se	verifica	quando	o	agente	pratica	o	crime	sempre	da	mesma	maneira,	
seja	pelo	modo	de	execução,	pela	utilização	de	comparsas,	etc.	
A	conexão	ocasional	não	possui	previsão	expressa	na	Lei,	mas	parte	da	Doutrina	a	entende	
como	a	necessidade	de	que	os	primeiros	crimes	tenham	proporcionado	uma	ocasião	que	gerou	a	
prática	dos	crimes	subsequentes.	
	
	
Com	relação	à	unidade	de	desígnios,	ou	seja,	a	necessidade	de	que	todos	os	crimes	praticados	na	
verdade	tenham	sido	partes	de	um	único	projeto	criminoso,	a	Doutrina	é	dividida,	mas	a	maioria	da	
Doutrina,	 bem	 como	a	 Jurisprudência,	 entendem	 ser	necessária	 essa	 unidade	de	 desígnios,	 de	
forma	que	a	mera	reunião	dos	demais	requisitos	não	configura	a	continuidade	delitiva	se	os	crimes	
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foram	praticados	de	maneira	isolada,	sem	nenhumvínculo	entre	eles.	Isso	significa	que	a	maioria	da	
Doutrina	e	a	Jurisprudência	adotam	a	teoria	objetivo-subjetiva,	desprezando	a	teoria	objetiva	pura,	
que	não	prevê	a	necessidade	de	unidade	de	desígnios.	
	
2.2.6! Aplicação	da	pena	no	crime	continuado	
Existem	três	espécies	de	crime	continuado:	simples,	qualificado	e	específico.	Entretanto,	em	
todos	os	casos	se	aplica	o	sistema	da	exasperação.	
No	crime	continuado	simples,	as	penas	dos	delitos	parcelares	são	as	mesmas.	Exemplo:	10	
furtos	simples	praticados	em	continuidade	delitiva.	Nesse	caso,	aplica-se	a	pena	de	apenas	um	deles,	
acrescida	de	1/6	a	2/3	(varia	conforme	a	quantidade	de	delitos).	
No	crime	continuado	qualificado,	as	penas	dos	delitos	praticados	são	diferentes,	de	modo	que	
se	aplica	a	pena	do	mais	grave	deles,	aumentada	de	1/6	a	2/3.	
Por	fim,	o	crime	continuado	específico	está	previsto	no	§	único	do	art.	71	do	CP:	
Art.	71	(...)	Parágrafo	único	-	Nos	crimes	dolosos,	contra	vítimas	diferentes,	cometidos	com	violência	ou	grave	
ameaça	 à	 pessoa,	 poderá	 o	 juiz,	 considerando	 a	 culpabilidade,	 os	 antecedentes,	 a	 conduta	 social	 e	 a	
personalidade	do	agente,	bem	como	os	motivos	e	as	circunstâncias,	aumentar	a	pena	de	um	só	dos	crimes,	se	
idênticas,	ou	a	mais	grave,	se	diversas,	até	o	triplo,	observadas	as	regras	do	parágrafo	único	do	art.	70	e	do	art.	
75	deste	Código.(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984)	
 
Assim,	 nos	 crimes	 dolosos	 cometidos	 com	 violência	 ou	 grave	 ameaça	 à	 pessoa,	 sendo	 as	
vítimas	 diferentes,	 poderá	 o	 Juiz	 aplicar	 a	 pena	 de	 um	 deles	 (ou	 a	 mais	 grave,	 se	 diversas),	
aumentada	até	o	triplo.	Vejam	que	se	adotou	o	mesmo	sistema	da	exasperação,	entretanto,	o	§	
único	previu	um	quantum	maior	a	ser	acrescido	à	pena-base.	A	lei	não	estabelece	a	quantidade	
mínima	nesse	caso,	mas	a	Jurisprudência,	inclusive	o	STF,	entende	que	o	mínimo	aqui	também	é	
de	1/6.	
Aqui	 também	se	 aplica	 a	 regra	do	 “concurso	material	 benéfico”,	 ou	 seja,	 se	o	 sistema	da	
exasperação	se	mostrar	mais	gravoso,	deverá	ser	aplicado	o	sistema	do	cúmulo	material.	
	
2.2.7! Crime	continuado	e	conflito	de	leis	penais	no	tempo	
Se	durante	a	execução	do	crime	continuado	sobrevir	lei	nova,	mais	gravosa	ao	réu,	esta	última	
é	aplicada,	pois	se	considera	que	o	crime	continuado	está	sendo	praticado	enquanto	não	cessa	a	
continuidade	delitiva.	Assim,	sendo	o	tempo	do	crime	o	momento	em	que	cessa	a	continuidade,	a	
lei	nova	chegou	a	vigorar	antes	de	sua	consumação,	aplicando-se	a	este,	por	ser	a	 lei	vigente	ao	
tempo	do	crime.	
Este	entendimento	está,	inclusive,	sumulado	pelo	STF:	
SÚMULA	Nº	711	
A	LEI	PENAL	MAIS	GRAVE	APLICA-SE	AO	CRIME	CONTINUADO	OU	AO	CRIME	PERMANENTE,	SE	A	SUA	VIGÊNCIA	
É	ANTERIOR	À	CESSAÇÃO	DA	CONTINUIDADE	OU	DA	PERMANÊNCIA.	
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2.2.8! Crime	continuado	e	prescrição	
Nos	crimes	continuados,	por	haver	mera	ficção	jurídica	de	crime	único,	apenas	para	fins	de	
aplicação	da	pena,	a	prescrição	é	calculada	em	relação	a	cada	crime	isoladamente.	
Entretanto,	para	o	cálculo	da	prescrição	RETROATIVA	(a	que	leva	em	consideração	a	pena	
“em	concreto”),	leva-se	em	conta	a	pena	mínima	estabelecida	para	a	pena-base,	desprezando-se	o	
acréscimo	que	seria	aplicado	em	decorrência	da	continuidade	delitiva.		
EXEMPLO:	 Se	 há	 dois	 furtos	 qualificados	 praticados	 em	 continuidade	 delitiva	 (penas	
mínimas	de	dois	anos),	tendo	a	sentença	aplicado	a	pena	mínima,	por	exemplo	(02	anos),	
acrescida	 de	 determinado	 percentual	 decorrente	 da	 continuidade	 delitiva	 (1/4),	 a	
prescrição	é	calculada	tendo	por	base	a	pena	aplicada,	mas	sem	computar	o	acréscimo	
decorrente	da	continuidade	delitiva	(apenas	02	anos,	e	não	02	anos	+	¼,	que	seria	02	anos	
e	06	meses).	
Para	termos	uma	ideia	de	como	isso	influencia	a	prescrição,	se	utilizássemos	os	“dois	anos	
e	seis	meses”	como	base	para	o	cálculo	da	prescrição	retroativa,	ela	ocorreria	em	08	anos,	
por	força	do	art.	109,	IV	do	CP.	
Como	 devemos	 considerar	 a	 pena	 aplicada,	 sem	 o	 acréscimo	 (02	 anos),	 a	 prescrição	
retroativa	terá	o	prazo	de	04	anos,	por	força	do	art.	109,	V	do	CP.	
	
Esta	previsão	consta	do	verbete	n°	497	da	súmula	do	STF:	
SÚMULA	Nº	497	
QUANDO	SE	TRATAR	DE	CRIME	CONTINUADO,	A	PRESCRIÇÃO	REGULA-SE	PELA	PENA	IMPOSTA	NA	SENTENÇA,	
NÃO	SE	COMPUTANDO	O	ACRÉSCIMO	DECORRENTE	DA	CONTINUAÇÃO.	
	
2.2.9! Aplicação	da	pena	de	multa	no	concurso	de	crimes	
Assim	prevê	o	art.	72	do	CP:	
Art.	72	-	No	concurso	de	crimes,	as	penas	de	multa	são	aplicadas	distinta	e	integralmente.	(Redação	dada	pela	
Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984)	
	
Assim,	o	art.	72	do	CP	prevê	a	aplicação	do	sistema	do	cúmulo	material	no	que	tange	às	
penas	de	multa.	Essa	aplicação	é	inquestionável	no	concurso	material	e	no	concurso	formal.	
No	entanto,	no	que	se	refere	ao	crime	continuado,	há	forte	divergência.		
A	primeira	corrente	(amplamente	majoritária	na	Doutrina)	entende	que	esta	regra	também	
se	aplica	ao	crime	continuado,	por	não	ter	a	Lei	feito	qualquer	distinção.	
Renan Araujo, Time Renan Araujo
Aula 04
Noções de Direito Penal p/ PC-DF (Escrivão) Com Videoaulas - 2019
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65	
A	 segunda	 corrente	 (majoritária	na	 Jurisprudência,	 inclusive	no	STJ),	 entende	que,	 nesse	
caso,	não	se	aplica	a	regra	do	art.	72,	por	ter	a	lei	entendido	que	se	trata	de	crime	único,	mediante	
ficção	jurídica.	
	
3! DISPOSITIVOS	LEGAIS	IMPORTANTES	
	
CÓDIGO	PENAL	
Ä	Arts.	29	a	31	do	CP	–	Regulamentam	o	concurso	de	agentes	no	Código	Penal:	
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na 
medida de sua culpabilidade. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
¤ 1¼ - Se a participa‹o for de menor import‰ncia, a pena pode ser diminu’da de um sexto a 
um tero. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
¤ 2¼ - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-‡ aplicada a 
pena deste; essa pena ser‡ aumentada atŽ metade, na hip—tese de ter sido previs’vel o resultado 
mais grave. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
Circunst‰ncias incomunic‡veis 
Art. 30 - N‹o se comunicam as circunst‰ncias e as condi›es de car‡ter pessoal, salvo quando 
elementares do crime. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
Casos de impunibilidade 
Art. 31 - O ajuste, a determina‹o ou instiga‹o e o aux’lio, salvo disposi‹o expressa em 
contr‡rio, n‹o s‹o pun’veis, se o crime n‹o chega, pelo menos, a ser tentado. (Reda‹o 
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
	
Ä	Arts.	69	a	72	do	CP	–	Regulamentam	o	concurso	de	crimes	no	Código	Penal:	
Concurso material 
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma a‹o ou omiss‹o, pratica dois ou mais 
crimes, idnticos ou n‹o, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que 
haja incorrido. No caso de aplica‹o cumulativa de penas de reclus‹o e de deten‹o, executa-se 
primeiro aquela. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
¤ 1¼ - Na hip—tese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, 
n‹o suspensa, por um dos crimes, para os demais ser‡ incab’vel a substitui‹o de que trata o art. 
44 deste C—digo. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
¤ 2¼ - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprir‡ 
simultaneamente as que forem compat’veis entre si e sucessivamente as demais. (Reda‹o dada 
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
Concurso formal 
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma s— a‹o ou omiss‹o, pratica dois ou mais crimes, 
idnticos ou n‹o, aplica-se-lhe a mais grave das penas cab’veis ou,

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