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Fichamento - História

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO
CENTRO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA
CURSO DE HISTÓRIA
TEORIAS E METODOLOGIAS DA HISTÓRIA
JORDHAM MORAES BARBOSA
Fichamento:
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & História Cultural. 3ª ed – Belo Horizonte. Autêntica, 2008
“As representações construídas sobre o mundo não só se colocam no lugar deste mundo, como fazem com que os homens percebam a realidade e pautem a sua existência. São matrizes geradoras de condutas e práticas sociais, dotadas de força integradora e coesiva, bem como explicativa do real.” (pág. 39)
“Em termos gerais, pode-se dizer que a proposta da História Cultural seria, pois, decifrar a realidade do passado por meio das suas representações, tentando chegar àquelas formas, discursivas e imagéticas, pelas quais os homens expressaram a si próprios e o mundo.” (pág. 42)
Ao elaborar uma pesquisa no campo da História Cultural, com enfoque no estudo de representações e identidade, deve-se levar em conta todos os fatores externos que acabam influenciando o objeto de estudo. É preciso entender a representação como uma elaboração capaz de simbolizar um elemento, mas não de alcança-lo na totalidade. Trata-se de algo representativo que evoca algo, porém não tem a pretensão de ser a realidade absoluta.
“Mas não esqueçamos que o historiador da cultura visa, por sua vez, a reconstruir com as fontes as representações da vida elaboradas pelos homens do passado. Fonte como representação do passado, meio para o historiador chegar às representações construídas no passado. Mais que um mero jogo de palavras, este raciocínio não leva a desconsiderar a realidade sobre a qual se construíram as representações, mas sim a entender que a realidade do passado só chega ao historiador por meio de representações.” (pág. 42)
“Mas no campo da História Cultural, o historiador sabe que a sua narrativa pode relatar o que ocorreu um dia, mas que esse mesmo fato pode ser objeto de múltiplas versões. A rigor, ele deve ter em mente que a verdade deve comparecer no seu trabalho de escrita da História como um horizonte a alcançar, mesmo sabendo que ele não será jamais constituído por uma verdade única ou absoluta.” (pág. 51)
A representação permite a construção de um sentido ao objeto de estudo, criando uma ponte entre a realidade e a forma como ela pode ser simbolizada. Levando em conta também a sua capacidade de ser construída, assim como a identidade.
“Um outro conceito ainda se impõe, dizendo respeito a algo que se encontra no cerne daquilo que o historiador do passado pretende atingir: as sensibilidades.
As sensibilidades corresponderiam a este núcleo primário de percepção e tradução da experiência humana no mundo. O conhecimento sensível opera como uma forma de apreensão do mundo que brota não do racional ou das elucubrações mentais elaboradas, mas dos sentidos, que vêm do íntimo de cada indivíduo.” (pág. 56)
“As sensibilidades seriam, pois, as formas pelas quais indivíduos e grupos se dão a perceber, comparecendo como um reduto de tradução da realidade por meio das emoções e dos sentidos. Nessa medida, as sensibilidades não só comparecem no cerne do processo de representação do mundo, como correspondem, para o historiador da cultura, àquele objeto a capturar no passado, à própria energia da vida.” (pág. 57)
A percepção das sensibilidades auxilia na tentativa de elaboração de uma identidade coletiva, uma vez que por meio desse conhecimento sensível os grupos acabam expressando suas características próprias e traduzem sua experiência humana.
“Nessa medida, o mundo sensível é talvez difícil de ser quantificado, mas é fundamental que seja avaliado pela História Cultural. Ele incide justo sobre as formas de valorizar, classificar o mundo ou de reagir diante de determinadas situações e personagens sociais. Em suma, as sensibilidades estão presentes na formulação imaginária do mundo que os homens produzem em todos os tempos.” (pág. 58)
As sensibilidades integram uma conjuntura que permite a representação daquilo que se pretende tomar como identidade coletiva.
“A produção de identidades, no caso, é sempre dada com relação a uma alteridade com a qual se estabelece a relação. Proximidade e distância coexistem. Como diz Ginzburg, somos sempre estrangeiros com relação a algo ou alguém. Os Outros, que marcam a diferença, são múltiplos, tais como os recortes de pertencimento identitário podem ser também variados e se superpor em uma mesma pessoa.” (pág. 60)
“Carlo Ginzburg, em ensaio já clássico, fala de um paradigma indiciário, método este extremamente difundido na comunidade acadêmica. Nele, o historiador é equiparado a um detetive, pois é responsável pela decifração de um enigma, pela elucidação de um enredo e pela revelação de um segredo.” (pág. 63)
A elaboração de identidade não deve pretender apenas captar a essência do indivíduo, mas buscar perceber como as características convergem criando um sentimento de coletividade, capaz de simbolizar uma identidade para o grupo em questão, abarcando o indivíduo.
“É preciso não tomar o mundo – ou as suas representações, no caso – na sua literalidade, como se elas fossem o reflexo ou cópia mimética do real. Ir além daquilo que é dito, ver além daquilo que é mostrado é a regra de ação desse historiador detetive, que deve exercitar o seu olhar para os traços secundários, para os detalhes, para os elementos que, sob um olhar menos arguto e perspicaz, passariam desapercebidos.” (pág. 64)
As representações, até mesmo o sentido de identidade não ambicionam refletir a realidade absolutamente, mas perceber como a partir delas se torna possível a construção de algo capaz de substituir/representar a realidade.
“Sem dúvida, o historiador se apoia em textos e imagens que ele constrói como fontes, como traços portadores de significado para resolver os problemas que se coloca para resolver. Mas é preciso ir de um texto a outro texto, sair da fonte para mergulhar no referencial de contingência no qual se insere o objeto do historiador.” (pág. 65)
O estudo de identidade requer um envolvimento maior do pesquisador, de forma que uso o referencial teórico aliado a experiência de campo para a percepção da conjuntura que se pretende atribuir identidade.
“A contribuição ou aproximação da Antropologia com a História foi um pouco mais além da utilização de certos conceitos explicativos, relacionados ao domínio do simbólico e à representação. Fornecendo ao historiador os exemplos de um método altamente significativo para realizar uma pesquisa intensa, descrevendo a realidade observada nos seus mínimos detalhes e correlação de significados possível, a descrição densa da Antropologia ensinou como explorar as fontes nas suas possibilidades mais profundas, fazendo-as falar e revelar significados.” (pág. 66)
A interação entre História e Antropologia permite a elaboração de conceitos como identidade e representação de forma mais aplicável, uma vez que se unem métodos para a observação da realidade em questão.
“O historiador, senhor do método, comparece como um juiz, tal como anuncia Ginzburg: ele explica como foi, como aconteceu e, com a autoridade da fala e o controle da estratégia metodológica, faz valer sua representação sobre o passado como o discurso do acontecido.
Uma ideia na cabeça, uma pergunta na boca, os recursos de um método nas mãos e um universo de fontes diante de si a explorar. Parece que o historiador tem o mundo à sua disposição, pois tudo lhe parece capaz de transformar-se em História. Tudo é realmente fonte, caco, traço, registro, vestígio e sinal emitido do passado à espera do historiador? Tudo pode ser, realmente, convertido em tema e objeto da História?” (pág. 68)
Entendendo os métodos e o alcance das representações torna-se possível aplicar à pesquisa um sentido mais claro, onde a partir dele pode-se construir uma identidade, usando o sistema de substituição simbólica da realidade.

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