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VARA CRIMINAL DE CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA E TRIBUNAL DO JÚRI DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

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Estado de Goiás Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA
Poder Judiciário
 Goiânia
1ª Vara do Tribunal do Júri
processo Nº.4.330/93
Parte autora: Ministério Público
Acusado: Guilherme de Pádua
Vítima: Daniela Pérez Gazolla
 
SENTENÇA
O Ministério Público ofereceu denúncia contra GUILHERME DE PÁDUA THOMAZ, qualificado nos autos, dando-o como incurso no art. 121,parágrafo 2º incisos I e IV, do Código Penal, porque, no dia 28/12/1992, por volta de 21:30h, na Rua Cândido Portinari, próximo ao condomínio Rio-Mar na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro na companhia de sua esposa PAULA NOGUEIRA DE ALMEIDA THOMAZ, se valendo instrumento pérfuro-cortante ter desferido golpes em Daniela Pérez Gazolla, ocasionando sua morte como descrito no laudo do IML fls.56/58.
	A acusação ainda envolve as qualificadoras de feminicídio e motivo torpe, pois agiu de forma cruel influenciado por sua esposa com a qual mantinha relação conjugal obsessiva em exacerbado sentimento recíproco de posse, ao imobilizar a vítima através da ação popularmente conhecida como “gravata”, aproveitou a fragilidade da vítima em função de seu gênero, e o fato de ela estar sozinha, para leva-la ao local onde consumou o premeditado atentado bárbaro.
A materialidade do crime restou plenamente demonstrada pelos laudos de exame cadavérico. A vítima sofreu várias lesões no pescoço e tórax de natureza grave causando consequentemente a sua morte. A autoria também é induvidosa.
Em seu interrogatório extrajudicial, o próprio réu confessou que deu uma gravata na vitima, embora tenha alegado que agiu em legítima defesa, uma vez que teria tentado separar uma briga entre Daniela e sua esposa PAULA THOMAZ.
A tese da legítima defesa, no entanto, permaneceu escoteira nos autos. As duas testemunhas presenciais ouvidas em juízo afirmaram unissonamente que o réu nutria uma paixão não correspondida pela vítima e que ele , e que sua esposa tinha um ciúme doentio da relação dele com DANIELA e que o réu ainda tinha um comportamento agressivo e obsessivo. O ataque foi, portanto, de inopino, não podendo o acusado, que tomou a iniciativa e partiu para a agressão, tentar agora beneficiar-se da legítima defesa.
Não restou demonstrado, em qualquer momento nos autos, que a vítima tivesse, anteriormente, agredido ou ameaçado agredir, injustamente, o acusado. Logo, afastada está a hipótese de este ter agido em legítima defesa.
Isto posto, e considerando o que mais dos autos consta, julgo procedente a denúncia, condenando o réu GUILHERME DE PÁDUA, já qualificado, como incurso no art. 121, parágrafo 2º incisos I e IV, do código penal, passo a dosar-lhe a pena, atento ao disposto no art. 68, caput, do Código Penal.
Na primeira fase da fixação da pena, há que se considerar que o acusado apresenta personalidade violenta, conforme atestaram as duas testemunhas ouvidas em juízo. Agiu com dolo intenso, agredindo violentamente a vítima sem qualquer motivo plausível, sendo extremamente censurável sua conduta e, portanto, elevado o seu grau de culpabilidade. É considerado, pelos colegas de trabalho, pessoa violenta e fria, de conduta social desregrada. Assim, atento ao disposto no art. 59 do Código Penal, fixo a pena-base em 15 (quinze) anos e 6 (seis) meses de reclusão. Na segunda fase da dosimetria, considerando que se trata de réu primário, circunstância agravante preponderante (CP, art. 67), diminuo a pena em menos 2 anos, chegando a 13 (treze) anos e 6 (seis) meses de reclusão, determino o regime fechado para início de cumprimento da pena
Assim, não há que se falar em falta de correlação entre acusação e sentença, dado que o réu, no processo penal, se defende de fatos e não da classificação jurídica da denúncia. Diante das circunstâncias judiciais retro-analisadas e da reincidência, as quais não recomendam o imputado, determino o regime fechado para início de cumprimento da pena. Denego-lhe o direito de apelar em liberdade, pois a prisão cautelar se justificou ao longo do processo, quando ainda se formava a instrução, e mais justificada encontra-se com a prolação da sentença condenatória.
Após o trânsito em julgado, anote-se o nome do réu no rol dos culpados e expeça-se, de imediato, mandado de prisão. Custas na forma da lei.
P.R.I.C.
Local Goiânia-GO data 22/11/2018
Juíza de Direito DANIELA ABREU BENÍCIO

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