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Aluna: Paula Maier Rosa Curso: Direito Disciplina: Direito Penal I CASO CONCRETO Aula 01 Joana Bela e João Charmoso, jovem casal de namorados com 19 e 20 anos, respectivamente, decidem que no carnaval deste ano pularam em todos os blocos da cidade. Para tanto, decidem beber muito líquido durante as danças a fim de evitar desidratação. No primeiro dia de maratona, após ingerirem uma quantidade expressiva de cerveja, João Charmoso não consegue se controlar e acaba por urinar escondido atrás de uma banca de jornal. Sendo certo que a mídia tem veiculado uma série de notícias condenando esta atitude, indaga-se: a) A conduta de João Charmoso é, sob o aspecto penal, juridicamente relevante? Não é juridicamente relevante. Não está previsto no Código Penal. b) Caso João Charmoso não tivesse tido o cuidado de se esconder atrás da banca de jornal e, ao contrário, abaixasse a bermuda e urinasse em meio ao bloco de carnaval mirando os demais foliões, a resposta seria a mesma? Não, pois segundo o Artigo 233 do CP, a conduta de João Charmoso está tipificada como prática de ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público, sob pena de detenção de três meses a um ano de prisão, ou multa. Contudo, apesar de haver tipicidade formal, não há lesão relevante, logo não há tipicidade material, partindo-se do princípio da insignificância, ao que o caso em tela pode ser atribuído. Logo, cabe essa análise para a condenação ou não do ato praticado por João Charmoso. Aula 02 Fulano de Tal, foi denunciado como incurso nas sanções do art. 306 da Lei n. 9503/97 (Código de Trânsito Brasileiro), pela prática dos fatos delituosos a seguir descritos: No 10 de junho de 2016, por volta das 23h44min, na BR 386, KM 248, o denunciado conduzia, em via pública, o veículo GM/Astra, Placa XXXX, cor prata, com a capacidade psicomotora alterada, em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência. Na oportunidade, o Policial recebeu um comunicado de que o denunciado estava andando em zigue-zague pela via em questão, momento em que ao passar pelo Posto da PRF empreendeu alta velocidade, sendo acompanhado pelos policiais cerca de 10 quilômetros até ser abordado. Durante a abordagem, os Policiais Federais constataram que o denunciado apresentava visíveis sinais de embriaguez. Assim, foi solicitada a realização do teste do etilômetro. Realizado o teste com aparelho de ar alveolar pulmonar (etilômetro), constatou-se que o denunciado estava com concentração de álcool por litro de sangue de 0,74 miligramas na primeira tiragem e 0,82 miligramas na segunda tiragem, conforme consta na folha 15 do expediente. A defesa aduziu, dentre outras, a tese defensiva no sentido de que não restou comprovada qualquer circunstância indicativa da alteração da capacidade psicomotora, porquanto o acusado não se envolveu em nenhum acidente e tampouco gerou perigo de dano. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre os princípios norteadores do Direito Penal, identifique, de forma objetiva fundamentada, quais princípios foram suscitados pela acusação e pela defesa. A defesa levantou o princípio da insignificância, já a acusação fez uso do princípio de crime de perigo concreto. Aula 03 Operação apreende mais de 100 mil CDs e DVDs piratas no Centro de Teresina Seis pessoas serão conduzidas de forma coercitiva para prestar depoimentos na delegacia. Do G1, em Brasília, 01/12/2017, disponível em: https://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/operacao-apreendemais-de-100-mil-cds-e-dvds-piradas- no-centro-de-teresina.ghtml Uma operação da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Ordem Tributária Econômica e Relações de Consumo (Decoterc) apreendeu mais de 100 mil CDs e DVDs piratas, na manhã desta sexta -feira (1º) no Centro de Teresina. A ação policial ocorreu em seis lojas que reproduziam áudio e vídeo ilegalmente. Os estabelecimentos foram fechados e os respectivos donos encaminhados à Central de Flagrantes. O objetivo da operação é combater a sonegação de impostos e a pirataria em diversos estabelecimentos de Teresina. De acordo com o delegado Laércio Eulálio, os prejuízos para Receita são avaliados em R$ 1 milhão, que seriam aplicados em impostos e pagamento de direitos autorais. "Este tipo de comércio ilegal prejudica a economia, já que enfraquece as lojas que pagam impostos. Essa rua, segundo investigações, tem um histórico de produção e venda desse tipo de produtos", informou o delegado. A quantidade de material apreendido surpreendeu a polícia. "A demanda aqui é tão grande que estamos com problemas de carros para conduzir o material apreendido”, afirmou o delegado Laércio Eulálio, acrescentando que os sete veículos que estão no local, dentre eles um micro ônibus, estão lotados com os objetos encontrados nos estabelecimentos. Seis pessoas serão conduzidas de forma coercitiva para prestar depoimentos na delegacia. Segundo o delegado, elas poderão responder processos judiciais após a abertura do inquérito. "As investigações vão continuar e em breve teremos o desencadeamento de mais trabalhos como esse para combater cada vez mais a ilegalidade", finalizou o delegado. Com base nos estudos realizados sobre os princípios norteadores, limitadores e garantidores de Direito Penal, responda de forma objetiva e fundamentada: Aplica-se ao caso concreto o princípio da adequação social para fins de exclusão da tipicidade material relativa à conduta dos agentes? Não. O princípio da adequação da conduta preceitua que a adequação da conduta a vida social não pode ser punida. No caso em tela, embora a conduta acima narrada tenha tornado-se corriqueira em nosso dia a dia, esta é maligna no sentido de fazer uso do trabalho alheio em benefício próprio, além da ampla sonegação de impostos, que poderiam ser revertidos em benefícios à toda sociedade, o que já fere o princípio da lesividade . Aula 04 Belízia e Adamastor mantém um relacionamento estável e moram juntos há um ano, entretanto Adamastor esconde da amada uma dívida de R$5.0000,00 por temor que ela o abandone em decorrência da mentira. Cobrado da dívida, ele decide pegar emprestado o valor com Belízia sem o conhecimento desta. Desta forma, forja um investimento e diz a ela que o rendimento será enorme em um curto período de tempo. Belízia transfere a referida quantia para a conta corrente de Adamastor certa de que terá a restituição e os respectivos frutos em breve. Sendo certo que, desde o início, Adamastor induziu Belízia a erro a fim de pagar sua dívida sem contar à amada, em tese, sua conduta configura a figura típica de estelionato, previsto no art.171, do Código Penal. Ante o exposto, com base nos estudos acerca da Interpretação e Integração da norma penal, responda de forma objetiva e fundamentada: a) qual fundamento será utilizado pela defesa para fins de aplicação do disposto no art.181, I, do CódigoPenal? Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003) I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; Uma vez que o artigo refere-se a figura do cônjuge, e o caso traz que o casal apenas mantém um relacionamento estável, será necessário que a defesa faça analogia por semelhança a norma penal. b) Diferencie analogia, interpretação analógica e interpretação extensiva. Entende-se por interpretação analógica o processo de averiguação do sentido da norma jurídica, valendo-se de elementos fornecidos pela própria lei, através de método de semelhança. E estas, também não se confundem com a interpretação extensiva , que é o processo de extração do autêntico significado da norma, ampliando-se o alcance das palavras legais, a fim de se atender a real finalidade do texto. Assim, na analogia não há norma reguladora para a hipótese, sendo diferente da interpretação extensiva, porque nesta existe uma norma regulando a hipótese, de modo que não se aplica a norma do caso análogo. Não mencionando, tal norma, expressamente essa eficácia, devendo o intérprete ampliar seu significado além do que estiver expresso. Diferentes também da interpretação analógica, onde existe uma norma regulando a hipótese (o que não ocorre na analogia) expressamente (não é o caso da interpretação extensiva), mas de forma genérica, o que torna necessário o recurso à via interpretativa. Portanto, no Direito Penal, em regra, é terminantemente proibida à aplicação da analogia que venha a prejudicar o réu (analogia in malam partem ), pois fere o Princípio da Legalidade ou Reserva Legal, uma vez que um fato não definido em Lei como crime estaria sendo considerado como tal. Por exceção, admite-se a analogia que não traga prejuízos ao réu (analogia in bonam partem ). Já a interpretação analógica e a interpretação extensiva, são perfeitamente admitidas no Direito Penal. Aula 05 No dia 20 de março de 2016, por volta de 23h25min, na Estrada Ademar Ferreira Torres, 230, na cidade do Rio de Janeiro, Carlos agindo de forma livre e consciente, mediante grave ameaça exercida por palavras de ordem e pelo emprego de arma de fogo, subtraiu, em proveito próprio, coisa alheia móvel, consistente em bens de propriedade de Abelardo, dentre os quais um veículo GM Cruze, cor preta, placa XYZ 0000, um aparelho de telefone celular e documentos pessoais. Dos fatos, Carlos restou denunciado como incurso nas penas do art. 157, §2º, incisos I, do Código Penal, todavia a sentença julgou parcialmente procedente a pretensão punitiva estatal e condenou o denunciado Carlos pela prática da conduta típica prevista no artigo 157, § 2º-A, do Código Penal por força da alteração legislativa ocorrida no referido dispositivo pela Lei n.13.654, de 23 de abril, de 2018. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre lei penal no tempo, responda de forma objetiva e fundamentada: a decisão do magistrado ao adotar a nova lei quando da aplicação da sentença está correta? Não está correta. Novatio legis in pejus - nova lei mais severa - é irretroativa, uma vez traz mais prejuízo ao réu que a lei em vigor na época do ocorrido. Aula 06 No dia 10 de janeiro do corrente ano, por volta das 03h20min, na Avenida Nossa Senhora Aparecida, n. 10, Vila Aparecida, em Alvorada/RS, o denunciado portava arma de fogo de uso permitido, consistente em uma pistola, marca Taurus, calibre 380, numeração suprimida, municiada com 11 (onze) munições de mesmo calibre, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Na ocasião, o acusado dispensou no chão arma de fogo, após perceber a presença de viatura da Brigada Militar, os quais efetuavam patrulhamento de rotina na região. Posteriormente, foi localizada a arma de fogo acima referida sendo apreendida e submetida à perícia preliminar de exame de eficácia, a qual constatou estar a mesma em condições normais de uso e funcionamento. Dos fatos, o agente restou denunciado pela conduta prevista no art. 16, parágrafo único, inciso IV, da Lei nº 10.826/03 - Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito ( Estatuto do Desarmamento). Com base nos estudos realizados sobre a classificação dos delitos, indaga-se: a) Qual a distinção entre crimes de dano e perigo? Responda de forma objetiva e fundamentada. No crime de dano o resultado é a lesão a um bem jurídico protegido pelo Direito Penal. No crime de perigo o resultado é o perigo a um bem jurídico protegido pelo Direito Penal. b) No caso concreto, qual a correta classificação do delito previsto no art.16, da Lei n.10826/2003? Crime de Perigo. Aula 07 Ratão e Ratinho, por volta das 13 horas, invadiram uma residência e anunciaram o assalto à Adriana, adolescente, que estava sozinha na casa. Amarraram a vítima, trancando-a em um dos quartos do imóvel. Os dois permaneceram por aproximadamente 45 minutos no local, buscando objetos e valores. Quando já estavam saindo, carregando uma TV e um notebook, ouviram um barulho, que identificaram como sendo uma sirene de viatura policial. Temendo serem presos, empreenderam fuga, sem nada levar. Socorrida a vítima e acionada a Polícia Civil, restou esclarecido que a sirene supostamente ouvida pelos assaltantes era a sineta de encerramento de aula de um a escola situada ao lado da residência. Os autores do crime foram descobertos em seguida e denunciados como incursos na conduta de roubo tentado majorado por concurso de agentes e restrição da liberdade da vítima (art.157, §2º, II e V n.f art.14, II, ambos do Código Penal). Sendo certo que a responsabilização penal pela tentativa se encontra descrita no art.14, II e parágrafo único, do Código Penal e não na própria figura típica do art.157, do Código Penal pergunta -se: A partir dos estudos realizados sobre a relação entre Tipo Penal, Tipicidade e Adequação Típica, qual a natureza jurídica do tipo penal descrito no art.14, II, do Código Penal? Responda de forma objetiva e fundamentada. Norma de extensão, para adequação típica subordinada indireta. Aula 08 A Polícia Civil acredita que a Justiça deverá aplicar o perdão judicial após o envio do inquérito que apura a morte de uma criança de dois anos que foi esquecida dentro de um carro em Cuiabá. Frederico era filho do delegado Geraldo Gezoni, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), e morreu na última terça-feira (26). O caso será investigado pela Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica). Segundo o delegado Eduardo Botelho, o procedimento de investigação é comum na polícia e, após o fim da apuração do caso, o inquérito será encaminhado ao Poder Judiciário. O delegado disse que aguarda apenas o encaminhamento do expediente por parte da DHPP, que atendeu o caso, e o resultado do exame de necropsia da criança para realizara abertura do inquérito. A partir da situação narrada e dos estudos realizados sobre as teorias da conduta, responda às questões formuladas: a) Qual a distinção entre as condutas comissivas e omissivas? Conduta comissiva: é uma ação proibida pela lei. Conduta omissiva: deixa de praticar uma uma ação que é imposta pela lei. b) Qual o fundamento para a responsabilização penal do denominado agente garantidor? Artigo 13 parágrafo 2 CP Aula 09 No dia 31 de março de 2012 (sábado), por volta das 19h30 min, na Avenida X, Antonino, dirigindo o veículo VW/Fusca 1300, placas XXX, cor verde, ano de fabricação/modelo 1976, atropelou Felizberto, causando-lhe lesões corporais das quais adveio sua morte por hemorragia encefálica consecutiva a fraturas de ossos do crânio. Restou comprovado que Antonino estava conduzindo seu veículo em estado de embriaguez alcoólica e em velocidade aproximada de 50km/h, durante a noite, com os faróis do veículo desligados, bem como sem possuir habilitação para conduzir veículo automotor, quando simplesmente colheu frontalmente a vítima, a qual caminhava bem próximo ao meio fio da calçada, causando-lhe as graves lesões corporais que o levaram a óbito. O acusado foi preso em flagrante e, no mesmo dia, posto em liberdade mediante o pagamento de fiança. Ante o exposto, a partir dos estudos sobre a teoria finalista da ação, responda, de forma objetiva e fundamentada, às questões formuladas: a) diferencie as condutas dolosas e culposas e apresente seus elementos caracterizadores. Conduta dolosa: tem consciência e vontade. Conduta culposa: inobservância do dever. b) No caso concreto ora narrado, a conduta se configura dolosa ou culposa? Seria possível defender tanto a hipótese de culpa consciente, assim como de dolo eventual. c) A conduta restará tipificada no Código Penal ou no Código de Trânsito Brasileiro (Lei n.9503/1997)?
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