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Estudos clínicos, citogenéticos e toxicológicos em trabalhadores rurais expostos a pesticidas em Botucatu, São Paulo, Brasil Acadêmicas: Aline Taís Crivello Jaqueline Behm Mayse Liscano Marieli Guse Introdução Pragas de patógenos e ervas daninhas causam baixa produtividade e danos econômicos à agricultura. Os pesticidas são uma forma de controle. Os pesticidas incluem várias categorias, tais como: de fungicidas, inseticidas, herbicidas e outros. Cobre, manganês, alumínio e zinco são alguns dos metais que estão inclusos nos fungicidas. Pesticidas orgânicos podem causar danos cromossômicos e vários sintomas clínicos ao ser humano. Existem muitas descrições sobre o efeito de troca aneugênica, clastogênica e cromatídica irmã de pesticidas isolados. É comum na área agrícola misturar produtos químicos para tratar as culturas contra pragas. Não há descrição de estudos citogenéticos, toxicológicos e clínicos em humanos expostos a alguns pesticidas para observar possíveis efeitos sinérgicos, especialmente em indivíduos que usam roupas de proteção. Em nosso trabalho, relatamos o projeto realizado por outras pessoas, onde ambos os participantes concordaram em participar da investigação assinando um documento, bem como o Conselho de Ética Médica da Universidade também aprovou o projeto de pesquisa. Materiais e métodos Foram estudados 23 indivíduos do sexo masculino, sendo 13 expostos e 10 controles, com idade média de 29,37 anos, respectivamente. O grupo exposto trabalhou em uma empresa agrícola de citros, localizada em Botucatu, Estado de São Paulo, Brasil. Durante a aplicação dos pesticidas, os trabalhadores usavam roupas de proteção, luvas de borracha, máscaras e chapéus. Os pesticidas utilizados foram formicidas, inseticidas, fungicidas e herbicidas, isolados ou em mistura. De cada indivíduo, 10 ml de sangue periférico foram coletados para os estudos toxicológicos e citogenéticos. As dosagens de zinco e manganês foram feitas usando um espectrofotômetro atômico (GBC 932 AA com atomização por chama) e a dosagem da atividade da acetilcolinesterase no plasma foi feita com um espectrofotômetro 382 (Micronal) com comprimento de onda de 412 nm. As dosagens foram realizadas no Centro de Assistência Toxicológica (CEATOX), Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, São Paulo, Brasil. As dosagens das enzimas hepáticas glutamato oxalacético transaminase (GOT), fosfatase alcalina (AP) e glutamato pirúvico transaminase (GPT) foram feitas por um laboratório privado. As frequências de aberrações cromossômicas foram determinadas para 24 indivíduos expostos, e os exames clínicos e toxicológicos foram realizados em 16 deles. O índice mitótico (porcentagem de células na metáfase) foi estimado em 100 células replicado. As frequências de aberrações cromossômicas numéricas e estruturais (ruptura / intervalo, fragmento, anel, fusão central e rearranjo) foram determinadas em 100 metáfases / indivíduo. Resultados Os dados individuais sobre raça, idade, período de exposição, hábitos de fumar e beber e sintomas clínicos expostos e controle são mostrados a seguir: TABELA 1: CARACTERÍSTICAS INDIVUAIS DOS GRUPOS ESTUDADOS TABELA 1 HÁBITOS INDIVÍDUO RAÇA IDADE MESES EXPOSTO FUMAR / BEBER SISTOMAS CLÍNICOS 1 H 38 120 + + OLHOS E GENGIVAS IRRITADAS 2 M 29 48 - - SONOLENCIA, OLHOS IRRITADOS E MÁ DIGESTÃO 3 M 32 84 + + NENHUMA 4 H 45 108 + - DOR DE CABEÇA, HIPERTENSÃO ARTERIALSISTÊMICA 5 M 29 3 + + SONOLENCIA 6 M 54 78 - - DOR DE CABEÇA 7 H 34 54 - - FALTA DE APETITE, CANSAÇO 8 H 29 36 + + DOR DE CABEÇA, OLHOS IRRITADOS, DOR DE ESTÔMAGO 9 H 31 48 - + CANSAÇO, OLHOS IRRITADOS 10 M 18 25 - - NENHUMA 11 M 19 60 + + NENHUMA 12 H 22 16 - + DOR DE ESTOMAGO 13 H 18 48 + + DOR DE CABEÇA, DOR DE ESTOMAGO 14 M 15 9 - - TONTURA, OLHOS IRRITADOS, DOR DE CABEÇA 15 M 29 48 + + CÓLICAS, HIPERTENSÃO ARTERIALSISTÊMICA,MÁ DIGESTÃO 16 M 19 24 + - AUSENCIA DE APETITE 17 H 30 68 + + CANSAÇO, DOR ABDOMINAL 18 M 24 72 + + AUSENCIA DE APETITE 19 M 38 24 + - CÓLICAS 20 H 29 12 - - NENHUMA 21 M 33 12 + + AUSENCIA DE APETITE, TONTURA 23 H 36 16 + - DOR DE ESTOMAGO, SONO O grupo exposto mostrou uma frequência aumentada de aberrações cromossômicas estruturais. As dosagens de metal e a determinação da atividade da acetilcolinesterase, juntamente com as enzimas GOT, GPT, AP, ACHE, Cu ++, Zn ++ e Mn ++. A dosagem de manganês apresentou valores mais altos no controle do que no grupo exposto. A dosagem de fosfatase alcalina foi significativamente menor no grupo exposto. A atividade da acetilcolinesterase é significativamente maior no grupo controle. O exame clínico revelou dificuldade de digestão representada por sensação de cansaço após as refeições (57,5%), além de olhos irritados (33,33%), dor de cabeça (29,17%), falta de apetite (20,83%), hipertensão arterial sistêmica (25,00%). Discussão Nosso estudo demonstrou vários problemas clínicos e toxicológicos, bem como um aumento na frequência de aberrações cromossômicas em trabalhadores expostos a pesticidas em comparação com pessoas não expostas. Várias precauções foram tomadas para proteger os trabalhadores contra a névoa de pesticidas com roupas de proteção, luvas, botas de borracha e máscaras. Eles também foram instruídos a tomar um banho sempre após cada aplicação de pesticidas. Além de tudo isso, a contaminação ocorreu, como revelado pela presença de vários sintomas de intoxicação crônica. Os principais sintomas observados foram relacionados à digestão e irritação ocular. As pessoas tinham dores de cabeça, hipertensão arterial, cansaço, fascinação e falta de apetite. Os níveis de duas enzimas (acetilcolinesterase e fosfatase alcalina) foram alterados no grupo exposto. A atividade da acetilcolinesterase foi baixa nos dois grupos estudados, mas no grupo exposto foi significativamente menor do que no grupo controle. Elevação baixa e moderada da fosfatase alcalina pode ocorrer no soro de pacientes com disfunção hepática. No grupo exposto, o nível dessa enzima foi significativamente elevado em comparação com o grupo controle. O nível de transaminases não diferiu de um grupo para outro, embora o nível tenha sido maior no grupo exposto. Linfócitos humanos de jovens e idosos foram tratados "in vitro" com sulfato de alumínio (Roy et al. 1990). Eles observaram uma elevação do índice mitótico no grupo jovem. No presente caso, há mais estímulo das células em cultura com fitohemaglutinina no grupo exposto do que no controle. Este fato pode ser explicado pela eliminação das células anormais. A frequência de quebras cromossômicas (total e centromérica) foi significativamente diferente para o grupo exposto, conforme descrito na literatura (De Ferrari et al., 1991). De acordo com este resultado, é possível concluir que é necessário um estudo de acompanhamento para determinar alterações hepáticas. Embora os trabalhadores usassem todos os EPI’s, muitos deles não se barbeavam todos os dias e as máscaras não fechavam muito bem o rosto. A contaminação pode ocorrer através deste sulco. Como recomendação, poderíamos dizer que as pessoas que trabalham com pesticidas devem ser monitoradas clinicamente, toxicologicamente e citogeneticamente. Isso pode auxiliar qualquer estudo de acompanhamento mostrando possível contaminação por pesticidas. Obviamente, várias outras variáveis, como tabagismo e consumo de álcool, podem atuar de maneira sinérgica.Bibliografia Clinical, cytogenetic and toxicological studies in rural workers exposed to pesticides in Botucatu, São Paulo, Brasil. Departamento de Genética, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista (UNESP). Botucatu, SP 18600-000, Brasil. Centro de Assistência Toxicológica (CEATOX), Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista (UNESP) Botucatu, SP 18600-000, Brasil. Faculdade de Veterinária, Universidade Estadual Paulista (UNESP). Botucatu, SP 18600-000, Brasil.
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