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resumo psicologia da personalidade

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Dinâmica da personalidade 
Sob a influência da filosofia positivista, Freud considerava o ser humano como um sistema complexo de energia, e que a energia psíquica pode ser transformada em energia fisiológica e vice-versa. O ponto de contato ou a ponte entre a energia do corpo e da personalidade é o id com seus instintos.
Instinto (pulsão)
O instinto é uma representação psicológica inata de uma fonte somática de excitação. A representação psicológica chama-se desejo e a excitação corpórea que o causa chama-se necessidade. Os instintos são considerados como os fatores propulsores da personalidade. O instinto exerce controle seletivo sobre a conduta, pelo aumento da sensibilidade da pessoa em relação a determinada estimulação. (Ex: a pessoa faminta é mais sensível ao estimulo do alimento).
A finalidade do instinto é regressiva quanto ao caráter, já que ele faz a pessoa retornar ao estado anterior ao aparecimento do instinto, que é de relativo repouso. O instinto é também conservador, porque seu fim é manter o equilíbrio do organismo pela abolição das excitações perturbadoras. Freud chamou esse aspecto do instinto de compulsão à repetição. A personalidade é compelida a repetir o ciclo inevitável de excitação e repouso.
A fonte (necessidade) e o alvo (remoção da excitação do corpo) do instinto permanecem constantes por toda vida. Em contraste com esta constância da fonte e do alvo, o objeto ou os meios pelos quais a pessoa procura satisfazer a necessidade podem variar. A variação na escolha do objeto é possível porque a energia psíquica é deslocável; se um objeto não está ao alcance da pessoa, por que está ausente ou por que existem barreiras na personalidade que impedem sua obtenção, a energia psíquica pode ser investida sobre outro objeto. Se esse segundo objeto também se torna inacessível, ocorre novo deslocamento e assim por diante. Em outras palavras, os objetos podem ser substituídos, o que não ocorre com a fonte e o alvo do instinto. Quando a energia do instinto é mais ou menos permanentemente investida em um objeto substituto, o comportamento daí resultante é chamado derivativo do instinto.
O deslocamento de energia de um objeto a outro é o aspecto mais importante da dinâmica da personalidade. Os instintos são as únicas fontes de energia do comportamento humano. 
Freud classificou os instintos em dois grandes grupos: instintos de vida (fome, sede e o sexo. Energia: libido) e os instintos de morte ou “instintos destrutivos”. Freud convenceu-se de que a pessoa tem, sem dúvida inconscientemente, o desejo de morrer – todos os processos vivos tendem a retomar a estabilidade do mundo inorgânico. O desejo de morte no ser humano é a representação psicológica do princípio da constância. O impulso agressivo é um importante derivativo dos instintos de morte.
Os instintos de vida e de morte e seus derivados podem agrupar-se, neutralizar-se mutualmente ou trocar de posição. A alimentação, por exemplo, representa a fusão da fome e da agressividade, pois, como se sabe, ela é satisfeita pelos atos de morder, mastigar e triturar a comida.
Distribuição e utilização da energia psíquica
A dinâmica da personalidade consiste na maneira pela qual a energia psíquica é distribuída e usada pelo id, pelo ego e pelo superego. Como o ego não dispõe de fonte própria de poder, toma-a, por empréstimo, do id. A aplicação da energia do id nos processos que formam o ego é feita pelo mecanismo da identificação. Chama-se identificação a combinação de uma representação mental com a realidade física; de algo que está na mente, com aquilo que se encontra no mundo externo. A identificação permite que o processo secundário substitua o processo primário. Como o processo secundário é muito mais eficiente na redução das tensões, cada vez mais o ego realiza investimentos. Gradualmente, o ego estabelece o monopólio de toda energia psíquica. 
Parte da energia do ego é usada no desenvolvimento de vários processos psicológicos, tais como a percepção, a memória, o julgamento, a discriminação, a abstração, a generalização e o raciocínio. Parte da energia tem que ser usada pelo ego para restringir a ação impulsiva e irracional do id. Essas forças de restrição são chamadas de contra-investimentos.
A energia do ego pode também ser deslocada para formar novos investimentos de objeto. A energia do impulso da fome, por exemplo, pode incluir investimentos tais como o interesse em colecionar receitas culinárias, visitar restaurantes especiais etc.
Finalmente, o ego como executivo da organização da personalidade usa a energia para efetuar uma integração dos três sistemas.
O mecanismo da identificação também responde pela organização do superego. Os primeiros objetos de investimento da criança são os pais, pois eles satisfazem suas necessidades e desempenham o papel de agentes disciplinadores. A criança aprende a identificar, isto é, a relacionar seu comportamento com as sanções e proibições aplicadas pelos pais. Ela introjeta os imperativos morais dos pais, por meio dos investimentos originais, porque os vê como agentes da satisfação de necessidades. Os ideais dos pais se transformam em seu ideal de ego e suas proibições se transformam na sua consciência. Dessa forma, o superego tem acesso ao reservatório de energia do id, por meio da identificação da criança com os pais.
O trabalho realizado pelo superego está muitas vezes, embora não sempre, em oposição direta aos impulsos do id. Contudo, o superego pode, muitas vezes, ser corrompido pelo id. Isso ocorre, por exemplo, quando uma pessoa, em situação de fervor moralista, adota medidas agressivas contra aqueles que considera fracos e pecadores.
Uma vez aplicada a energia dos instintos ao ego e ao superego, pelo mecanismo de identificação, forma-se uma complicada ação reciproca de forças de impulso e de restrição. Como se sabe, o id só possui forças de impulso ou de investimento. O ego tem que refrear tanto o id quanto o superego, a fim de poder governar sabiamente a personalidade.
Quando o id detém grande soma de energia, a pessoa apresenta tendência a um comportamento impulsivo e primitivo. Por outro lado, quando o superego controla uma soma indevida de energia, o funcionamento da personalidade é dominado por considerações moralistas mais do que considerações realistas.
Em última análise, a dinâmica da personalidade consiste no jogo de forças impulsionadas ou investimentos, e de forças repressoras, ou contra-investimentos. Toda tensão prolongada se deve à neutralização de uma força impulsionadora por uma força repressora.
O desenvolvimento da personalidade
O aumento da tensão que emana dessas fontes obriga a pessoa a desenvolver novas maneiras de reduzir a tensão. Esse aprendizado é o que constitui, para freud, o desenvolvimento da personalidade. 
A identificação e o deslocamento são dois métodos pelos quais o indivíduo aprende a vencer suas frustrações, conflitos e angustias.
Identificação
Podemos definir identificação como o método pelo qual a pessoa assume as características de outra, incorporando-as à sua própria personalidade. Ela aprende a reduzir a tensão, modelando seu comportamento de acordo com o da outra (aquisição mais ou menos permanente da personalidade).
Nós tomamos por modelos as pessoas que nos parecem mais capazes de satisfazer seus desejos do que nós. A criança identifica-se com os pais porque eles lhe parecem onipotentes, pelo menos durante os primeiros anos. A prova final é saber se a identificação ajuda a reduzir a tensão; se for assim, a identificação se concretiza: caso contrário, o traço da outra pessoa é desprezado. A pessoa pode identificar-se com animais, com caracteres imaginários, com instituições, com ideias abstratas e com objetos inanimados, bem como seres humanos.
A estrutura final da personalidade representa a acumulação de numerosas identificações feitas em vários períodos da vida, embora o pai e a mãe sejam as figuras de identificação mais importantes.
Deslocamento 
Quando a escolha do objeto inicial de um instinto se torna inacessível,em virtude de obstáculos externos ou internos (contra-investimentos), forma-se novo investimento, exceto quando ocorre a interferência de forte repressão. Se esse novo investimento também for bloqueado, ocorre outro deslocamento, e assim sucessivamente, até que seja encontrado um objeto para reduzir a tensão.
O deslocamento que produz uma realização cultural mais elevada é uma sublimação.
A capacidade para criar investimentos de objeto substitutos é o mais poderoso mecanismo de desenvolvimento da personalidade. Se a energia psíquica não se pudesse deslocar e distribuir, não haveria desenvolvimento da personalidade. A pessoa seria um mero robô mecânico impulsionado pelos instintos, para reproduzir formas fixas de comportamento.

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