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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Licenciatura em Filosofia – Polo Timóteo História da Filosofia IV Tarefa 2 Valéria Luzia Braz de Vasconcelos1 Elabore um texto de no máximo 3 páginas, de acordo com as regras da Metodologia Científica, dissertando sobre as linhas fundamentais do pensamento fenomenológico existencial de Karl Jaspers. Explicite como a filosofia é criticada sob seu ponto de vista. Lembre-se que o texto deve ser temático e filosófico e não histórico ou biográfico. Para Karl Jaspers existe um pensar no qual nada se conhece e que tenha a validade universal e que force ao sentimento mas que pode revelar um conteúdo que serve de sustentação e norma para a vida, esse pensar penetra e abre caminho iluminando e não mais o conhecer, nesse caso o pensamento não propicia conhecimento de coisas até então estranhas a mim, mas me torna claro o que verdadeiramente entendo, o que eu verdadeiramente crio, nesse caso o pensamento cria e determina pra mim o fundo claro de minha autoconsciência. Nota-se que Jaspers toma como sua aquela distinção Hegeliana entre intelecto e razão, e com base nessa distinção ele se distancia tanto dos racionalistas que em nome da ciência rejeita todo o resto, ou seja, rejeita a religião, a moral, joga tudo na subjetividade emotiva e arbitraria mas ele também se distancia dos irracionalistas. Segundo Karl Jaspers a verdade era algo infinitamente maior que a exatidão científica, a ciência tem a pretensão mas ela não tem e não consegue conhecer o todo, mas a filosofia é a atitude ou uma atividade que aclara a existência, levando a ciência de si mesmo e a comunicação com outras existências. O homem pode ser estudado através da biologia, da psicologia, da sociologia como um objeto do mundo, esse estudo segundo Jaspers, deixa sempre e sempre deixará a essência de fora, ou seja, o homem pode ser estudado como uma coisa mas, não como existente em sua completude existência, não pode ser objeto ou exemplar em diferentes, substituível de teorias ou de discursos universais, a existência é sempre a minha existência singular e inconfundível. A clarificação da existência é não objetivável e sua autenticidade não pode ser identificada como um lado de fato compreensível pelo intelecto cientifico, ou seja, o homem não pode ser compreendido totalmente, a existência não é um dado de fato diferente mas uma questão pessoal, o homem não é um dado de fato, ele tem a possibilidade mais do que já é, sua escolha está apenas no reconhecimento e na aceitação dessa possibilidade em que se encontra, Jaspers diz “A minha 1 Graduanda em Filosofia (licenciatura) pela Universidade Federal de São João Del-Rei. 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Licenciatura em Filosofia – Polo Timóteo situação se identifica comigo mesmo, pois não posso ser senão o que sou e não posso me tornar senão o que sou: Eu estou em situação histórica se me identifico com uma realidade e com a sua tarefa imensa (...). Eu posso pertencer somente a um único povo, posso ter apenas estes genitores e não outros, posso amar somente uma única mulher. Claro, eu posso trair. Mas, se eu traio (tentando pertencer a outro povo, amando outra mulher, desconhecendo os meus genitores), estou traindo a mim mesmo, já que eu sou a minha situação e essa é realidade intranscendível. Eu só posso me tornar o que sou. E a única escolha autêntica está na consciência e na aceitação da situação em que se está. A liberdade não é o instrumento das alternativas, ela se assemelha ao amor fati de Nietzsche”, ou seja, ele se distancia um pouco de Sartre. A não objetividade da existência e sua historicidade são os dois primeiros resultados que leva a iluminação da existência, isso mostra que a existência e a razão não são duas potências em luta mas cada uma existe em virtude uma da outra, e no ato de se compenetrarem reciprocamente a realidade e clareza. Mas não fica por ai, já que a existência remete necessariamente a antecedência a existência consciente percebe que toda a coisa tem um fim, nada é eterno, nenhuma instituição existe estavelmente no tempo, tudo acaba, por fim o que há e o naufrágio que está a estreita, não só para as coisas que existe, mas para tudo que em geral é efetuável e alcançado. O pensamento diante da consciência do naufrágio do mundo e dos entes do mundo afirma-se a evidencia de que este pode ser como sinais da transcendência, não conhecendo a transcendência, ou seja, não conhecemos a transcendência e sim temos sinais dela, porém ela nos remete como algo ou outro, Jaspers usa essa expressão outro no qual são portadores, temos cifras de quem é esse outro na transcendência, nesse sentido pela existência aclarada da razão, o mundo e os entes do mundo constitui uma linguagem cifrada da transcendência e ela porém se revela principalmente na chamada situação limite que é uma expressão que limita o que exatamente transcende a existência, torcer por uma situação é não poder viver sem lutar, sem ter dor, e estar destinado a morte são situações imutáveis, irredutíveis, não transformáveis. O que podemos fazer é clarificar essa situação, e na clarificação vemos que em tais situações o verdadeiro eu, aquele que verdadeiramente quer ser ele mesmo não pode sustentar-se por si só, a existência leva ao naufrágio e quando eu basto a mim mesmo posso dizer que estou pronto para a transcendência, ou seja, exatamente na situação limite o homem alcança a transcendência. É na 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Licenciatura em Filosofia – Polo Timóteo situação limite que diante do naufrágio da existência nos reconhecemos os sinais do outro diante de nos, o outro transcendência, Jaspers diz que não somos os mesmos sem a transcendência. A transcendência fala uma linguagem diferente das ciências, numa metáfora moderna, ela é a luz no fim do túnel e que a última questão é saber se o fundo das trevas algum ser pode brilhar, a transcendência é inatingível para o conhecimento científico e, no entanto, ela se revela com sinais de situações-limite e de naufrágio da existência, mas essa linguagem cifrada deve ser tida na atividade da própria existência, por isso enquanto a verdade científica é objetiva e anônima a verdade filosófica é existencial e singular. Deus é sempre o meu deus, eu não o tenho em comum com os outros homens. Se a verdade filosófica tem suas raízes no profundo da existência singular, como podemos transmitir a outros e quais razões posso selecionar para que assim seja? Para Jaspers a transcendência é buscada por todas as filosofias, mas jamais é posta inclusive do ponto de vista naturalmente a verdade, ela está ligada a existência singular e isso ela é única, eu sou minha verdade, e se minha verdade é única a minha existência também é múltipla, porque existem várias verdades, cada um sua verdade. A verdade alheia não é uma verdade oposta a minha e sim muito mais a verdade de uma outra existência que acompanhada da minha procura aquela única verdade que está além de todas as outras verdades. Jaspers defende sempre a possibilidade de comunicação entre as verdades das existências singulares, a partir das reflexões Jaspers realiza críticas aos sistemas totalitários e se alinha ao mundo livre, dessa forma se afasta do dogmatismo bem como o relativismo sendo um dos primeiros a dar ênfase a existência humana. 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI
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