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Esclarecimento
O ser humano tem a percepção de si mesmo como um ser distinto em relação aos demais seres da natureza. A marca distintiva é dada pela atividade racional, social e cultural. A diferenciação sugere a existência de um mundo natural, em que o ser humano está inserido sob os aspectos biológicos, e de um mundo propriamente humano. Nesse tem-se a marca da capacidade criadora dos valores e das regras que orientam a ação e a capacidade de conhecer. A partir disso, temos a questão sobre os limites do distanciamento humano em relação à natureza e, diante da criação de um mundo social, os limites sobre a consciência quanto à criação das regras sociais, das relações de poder e de domínio. 
No universo social, os valores e as regras sociais, muitas vezes, ganham uma forma que não é questionada ou pensada. A consciência sobre o sentido que damos a realidade não é desenvolvido; construímos uma natureza humana, revelada pelos valores culturais, que aos poucos ganha uma dimensão automatizada, constituindo uma espécie de mecanismo natural. A partir de então, a nossa percepção aprofunda a sua dimensão vazia, a leitura sobre a realidade social atrofia, as determinações sociais passam ser vistas como naturais e, por isso, inquestionáveis. Assim, o ser humano cai em uma contradição, pois sua atividade consciente, que o leva ser livre, revela-se como uma atrofia, na medida que cria novas formas de organização que implicam em formas de domínio que restringem a sua capacidade criativa. 
Podermos perceber essa contradição através do olhar de alguns intelectuais modernos. Muitos consideravam o homem como um ser livre diante do mecanismo da natureza. Visto que o conhecimento e a introdução de novas tecnologias introduziram e introduzem modificações profundas nas formas de sociabilidade humanas, na relação do homem com a natureza. Aliás, no período moderno, a tecnologia introduziu um entusiasmo sem precedentes, que aos poucos irá tomar um lugar definitivo nas modernas sociedades; com a sua utilização desenvolvemos novas formas de organização, de concepção de trabalho, de organização social. Os modernos chegam ao ponto de comparar a máquina com o homem. Entre esses intelectuais encontramos Hobbes. Em uma de suas obras, o leviatã (HOBBES, 1979, p.05) afirma que: “não poderíamos dizer que todos os autômatos (máquinas que se movem a si mesmas por meios de molas, tal como um relógio) possuem uma vida artificial. Pois o que é o coração, senão uma mola: e os nervos, senão outras tantas cordas”. Assim, a vida é comparada com o movimento mecânico. Essa visão favorece o cenário propício para o domínio do homem moderno sobre a natureza, pois, com a análise, ele poderia entender as engrenagens e com a síntese compreender todo mecanismo natural e, assim, o desvelar. 
No contexto da filosofia moderna a visão mecânica da natureza é estendida aplicando-se sobre as relações humanas. Visto que observamos a comparação do homem e da sociedade com a máquina. Essa comparação está implicada na visão de ciência da época, na discussão sobre a legitimidade política e na organização social. 
Contudo, o que isso quer dizer? Podemos reduzir a liberdade a esse universo? Em outras palavras, a relação do homem com a natureza pode ser percebida apenas de modo mecânico? A noção de desenvolvimento aparece como sugestiva para responder essas questões. Contudo, se partirmos do pondo de vista kantiano somos impelidos a mudar de perspectiva. A metáfora no mecanicismo é substituída pela noção de organismo. Nas relações morais e políticas a autonomia da vontade humana ganha uma dimensão indispensável para repassar a humanidade. Ele faz uso de um conceito de moralidade fundado em um princípio universal e no, campo da política, impõe-se um dever moral de possibilitar o direito, também, fundamentado em princípios racionais. Mas ainda surge a questão de como esse desenvolvimento será atingido, o que vem ser esse desenvolvimento. Em Kant, essa problemática implica na noção de esclarecimento ou iluminismo. Tal conceito, sugere uma leitura relacionada com obras de Kant que tratam do conhecimento, da moral e do direito. Ademais, a noção de desenvolvimento parece um tanto problemática, por apresentar várias conotações. Na obra Kantiana, para falarmos do caminho da humanidade em direção ao escrarecimento, devemos considerar a noção de liberdade como autonomia. Para tanto, faremos,primeiramente, uma discussão sobre o conceito de razão que é um dos conceitos chaves para entendermos essa noção. 
2. RAZÃO

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