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Ausculta sons descontínuos

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Descontínuos
Não musicais. 
Caráter intermitente e explosivo. 
Duração: muito inferior à dos sons contínuos, geralmente não ultrapassando 10 a 20 ms. 
Estertores Finos
Timbre: agudo. 
Frequência: alta, 2 vezes superior à dos estertores grossos.
Duração: curta.
Intensidade: baixa. 
Ocorrência: frequente. 
Audível: predomínio do meio para o final da inspiração, mas podem, eventualmente, estar presente na expiração. 
Comparação: semelhante ao ruído originado pela queima de sal grosso no fogo ou ruído produzido pelo atrito de um punhado de cabelos junto ao ouvido.
Efeito da Tosse: não se modificam.
Transmissão para Boca: ausente.
Efeito da Posição: modificam-se frequentemente.
Áreas de Predominância: locais que sofrem influencia da ação da gravidade.
Origem: acredita-se que sejam gerados pela equalização explosiva de pressões, em seguida à remoção súbita de uma barreira pontual, que separa dois compartimentos contendo gases a diferentes pressões. 
A liberação súbita da obstrução e, consequentemente, da tensão acumulada na parede das vias respiratórias provocaria a oscilação dessas, com geração de ondas acústicas. 
O fechamento de pequenas vias respiratórias, fenômeno fundamental para o desencadeamento do processo de produção dos estertores, dependeria da desinsuflação pulmonar, sobretudo nas regiões basais, e obedeceria à ação combinada da força da gravidade e de modificações das forças elásticas pulmonares. As últimas, ao exercerem tração radial, constituem elementos importantes na manutenção do calibre das pequenas vias respiratórias.
Patologia
Pneumonia e Congestão Pulmonar da Insuficiência Ventricular Esquerda: abertura sequencial de vias respiratórias anteriormente fechadas devido à pressão exercida pela presença de líquido ou exsudato no parênquima pulmonar.
Doenças Intersticiais Pulmonares: alteração no tecido de suporte das paredes brônquicas. 
Teoria: estertores não seriam apenas produzidos pela vibração simultânea da parede e pequena coluna de ar do seu interior, durante a súbita equalização da pressão em uma via respiratória previamente ocluída, mas pela vibração do tecido pulmonar nas proximidades da via respiratória, com transmissão ao ponto de ausculta no tórax, por meio da matriz elástica do próprio tecido pulmonar. 
Variações da tensão elástica próximas às vias respiratórias propiciariam condições para que as oscilações pudessem ser detectadas a distância, exteriorizando-se como estertores. 
Analise: a regularidade com que estertores finos costumam ser ouvidos, sempre em uma determinada fase do ciclo respiratório, favorece os conceitos que atribuem sua origem às modificações das propriedades mecânicas do pulmão.
Embora eventual e transitoriamente possam estar presentes em indivíduos normais, os estertores finos, principalmente aqueles audíveis ao final da inspiração, são frequentemente associados a condições clínicas relevantes, como doenças intersticiais do pulmão, fases iniciais da insuficiência cardíaca esquerda, edema agudo do pulmão, pneumonias, embolia pulmonar, microatelectasias pós-operatórias ou posturais em pacientes acamados, entre outros.
Crepitantes: ocorrem ao final da inspiração.
Em Velcro: ocorrem na: 
Fibrose Intersticial Difusa: som semelhante à abertura ou fechamento de fechos de velcro. 
Estertores Grossos, Bolhosos ou Subcrepitantes
Timbre: grave.
Frequência: baixa. 
Duração: maior que estertores finos, > 10 ms.
Intensidade: alta.
Oscilações: poucas. 
Audível: predomínio no início da inspiração, comuns em toda a expiração.
Efeito da Tosse: modificam-se frequentemente.
Transmissão para Boca: presente.
Áreas de Predominância: todas as áreas do tórax.
Efeito da Posição: não se modificam, menos dependentes.
Origem: passagem de gás, ou bolhas de gás, por meio de uma via respiratória que se abre e fecha ou torna-se obstruída, repetidamente durante o ciclo respiratório. 
O fechamento intermitente dessas vias respiratórias pode ser produzido por uma variedade de fatores, incluindo secreções viscosas e espessas, afrouxamento do suporte das paredes brônquicas ou dobras da mucosa brônquica que se moveriam repetidamente pela passagem do ar. 
O fato de serem transmitidos para regiões inferiores do tórax e para a boca indica que sejam produzidos em brônquios lobares ou segmentares dos lobos inferiores. 
Patologia: infecções de vias respiratórias superiores, bronquites crônicas, bronquiectasias e fases avançadas do edema agudo de pulmão.
Ausculta da Voz
Ressonância Vocal Normal 
.Geralmente, sons produzidos pela vibração das cordas vocais e VRS podem ser audíveis na superfície torácica. 
.Para alcançar a superfície torácica, o som caminha pela árvore traqueobrônquica e parênquima pulmonar, tecido com alto conteúdo gasoso. 
.Propriedades físicas de cada um desses componentes podem afetar a transmissão sonora modificando sua frequência, intensidade, timbre e duração.
.A voz falada e cochichada é incompreensível, não se distinguem as sílabas que formam as palavras, pois o parênquima pulmonar normal absorve muitos componentes sonoros.
.Durante a ausculta da voz, a distorção e atenuação dos sons de alta frequência propiciam o aparecimento de sons pouco compreensíveis, rumorosos, nos quais é difícil identificar a articulação das palavras.
Pulmão: comporta-se como um filtro acústico permissivo à passagem de energia sonora em uma faixa específica de frequência. 
Frequência: deve ser < 600 Hz para alcançar a superfície do tórax.
Características
Percepção da voz auscultada: 
-Relaciona-se com a intensidade da voz produzida.
-Mais evidente nas proximidades da laringe, traqueia e grandes brônquios.
-Mais distorcida nas regiões periféricas do pulmão.
-Distribuição sonora ligeiramente assimétrica, mais intensa no hemitórax direito, regiões interescápulo-vertebral direita (no nível da 3ª e 4ª vertebra cervical) e esternal superior, ou seja, exatamente nas mesmas áreas onde se ausculta respiração broncovesicular.
.Esse fenômeno dependente da proximidade da parede traqueal com a superfície da pleura mediastinal direita, de modo que as vibrações seriam transmitidas preferencialmente para esse lado, e ainda ao maior calibre e menor angulação da bifurcação brônquica à direita.
-Mais intensa e com distribuição mais ampla em indivíduos de voz grave, de frequência mais baixa, geralmente do sexo masculino; do que em indivíduos de voz mais aguda, geralmente do sexo feminino ou crianças.
Semiologia: o paciente deve pronunciar as palavras “trinta e três" enquanto o examinador percorre o tórax com o estetoscópio, comparando regiões homólogas, como fez no exame do frêmito toracovocal, usando a mão.
Anormalidades
Há alterações perceptíveis da intensidade ou qualidade sonora. A densidade do tecido pulmonar modifica-se, ou um meio acústico anormal se interpõe entre o pulmão e superfície torácica, a filtragem sonora se altera, impedindo a passagem do som ou favorecendo a passagem de novas frequências, o que pode originar sinais acústicos de relevância para o diagnóstico clínico. 
Ressonância Vocal Diminuída ou Abolida
Dificuldades na produção ou propagação das vibrações sonoras da laringe à parede torácica, reduzindo ou abolindo a transmissão da voz.
Afonia
Rouquidão
Obstrução das Vias Respiratórias
Coleções Líquidas e Gasosas na Cavidade Pleural
Espessamento dos Folhetos Pleurais
Atelectasia
Derrames
Enfisema Pulmonar: aumento da heterogeneidade do parênquima pulmonar. 
Espessamento da Parede Torácica: observado em indivíduos musculosos, obesos, presença de mamas ou intensamente edemaciados.
Ressonância Vocal Aumentada
Sons mais intensos, com componentes de frequência mais altas, aguda, às vezes, de maior nitidez, que ocorre quando o tecido pulmonar adquire melhores condições de condutibilidade do som, devido à homogeneização do meio. 
Condensações Pneumônicas (Inflamatória, Neoplásica ou Pericavitária), Cavidades de Parede Espessa, Consolidação Pneumônicas e Infarto Pulmonar: desde que sejam grandes ou mais periféricas e mantenhamcomunicação com brônquios permeáveis de, pelo menos, 3 mm de diâmetro. 
Aumento da condução da voz auscultada, na presença de cavidades, também pode ocorrer devido à maior ressonância das vibrações intracavitárias. 
Sequelas Pulmonares com Fibrose e Retrações: aproximação de vias respiratórias de grande calibre da parede torácica.
-Broncofonia: sem melhora na nitidez da voz auscultada, variáveis de melhora, aumento localizado da intensidade sonora e ressonância vocal.
-Egofonia: broncofonia de qualidade nasalada e metálica, comparada ao balido de cabra. Observada na parte superior dos derrames pleurais e condensação pulmonar.
-Pectorilóquia Fônica: melhora na nitidez da voz auscultada e clareza da palavra pronunciada, indicando favorecimento anormal da transmissão da energia sonora, inclusive das frequências mais altas, que em condições normais seriam filtradas pelo tecido pulmonar.
-Pectorilóquia Afônica: ausculta-se a voz mesmo se cochichada. O som é potencializado quando a voz é sussurrada, uma vez que ela é menos provida de ondas de baixas frequências, não tão bem transmitidas pelo parênquima pulmonar normal. Sons cochichados são praticamente inaudíveis no tórax normal. A voz sussurrada pode ser ouvida com maior nitidez nas condensações pulmonares homogêneas que se estendem até brônquios mais calibrosos. 
Pectorilóquia e broncofonia, ao obedecerem aos mesmos mecanismos acústicos (facilitação da condução sonora) têm os mesmos significados clínicos.

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