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Sindromes Psicoticas

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SÍNDROMES PSICÓTICAS (QUADROS DO ESPECTRO DA ESQUIZOFRENIA E OUTRAS PSICOSES)
Prof: Nestor Tavares
Psicopatologia II
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Síndromes psicóticas
Caracterizam-se por sintomas típicos como alucinações e delírios, pensamento desorganizado e comportamento claramente bizarro (fala e risos imotivados, p. ex.)
São comuns sintomas paranóides: idéias delirantes e alucinações auditivas de conteúdo persecutório
Tem insight prejudicado em relação aos seus sintomas e à sua condição clínica geral
Para psicodinâmica: característica é a perda de contato com a realidade
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Esquizofrenia
A principal forma de psicose, por sua frequência e sua importância clínica, é certamente a esquizofrenia (Tsuang; Stone; Faraone, 2000).
Adolescentes ou adultos jovens
Homens: entre 17 e 27 anos
Mulheres: entre 17 e 37 anos
Prevalência: cerca de 1% na população geral
Índice de suicídio de 10%
Apresentações muito variáveis
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Esquizofrenia
Critérios para diagnóstico de esquizofrenia
Schneider (sintomas de 1a. ordem):
percepção delirante;
alucinações auditivas que comentam e/ou comandam a ação da pessoa; 
eco ou sonorização;
difusão do pensamento;
roubo do pensamento; 
vivências de influência corporal ou ideativa
Sintomas de 2ª ordem: perplexidade, influência no campo dos sentimentos, embotamento afetivo, intuição delirante, alterações depressivas ou maníacas
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CID-10 e DSM IV: 
Paranóide: alucinações e idéias delirantes principalmente de conteúdo persecutório
Hebefrênica (desorganizada): pensamento desorganizado, comportamento bizarro e afeto pueril
Catatônica: alterações motoras, hipertonia, flexibilidade cerácea, alterações da vontade (negativismo, mutismo, impulsividade)
Simples: lento e progressivo empobrecimento psíquico e comportamental, negligência nos cuidados de si, embotamento afetivo e distanciamento social
Indiferenciada e Residual: Manifestada por dois ou mais dos seguintes sintomas: delírios, alucinações, discurso desorganizado, comportamento amplamente desorganizado e sintomas negativos; entretanto, o paciente não satisfaz os critérios para os outros subtipos desse transtorno.
Tipos de Esquizofrenia 
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Três sub-tipos (Andreasen)
Síndrome negativa ou deficitária
Distanciamento afetivo, retração social, empobrecimento da linguagem e pensamento, diminuição da fluência verbal, diminuição da vontade, negligência quanto a si mesmo, lentificação e empobrecimento psicomotor
Síndrome positiva ou produtiva
Alucinações, idéias delirantes, comportamento bizarro, agitação psicomotora, idéias bizarras, neologismos e parafasias
Síndrome desorganizada
Pensamento e comportamento progressivamente desorganizado, afeto inadequado e pueril
Tipos de Esquizofrenia 
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Outras psicoses
Transtorno delirante (paranóia)
Quadro psicótico caracterizado principalmente por delírios organizados e sistematizados, com temas complexos e uma razoável adaptação social (pós 40 anos)
Há diversos tipos de delírio: persecutórios, grandiosos, de ciúmes, erotomania, somático etc.
Esquizofrenia tardia (parafrenia)
Psicose esquizofreniforme, de aparecimento tardio, com delírios em geral acompanhados de alucinações, com relativa preservação da personalidade (pós 40 ou 50 anos)
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Outras psicoses
Psicoses breves, reativas ou psicogênicas
Transtorno psicótico breve
Quadro psicótico indiferenciado de surgimento agudo e remissão rápida, ou quadro esquizofreniforme sem tempo de evolução para diagnóstico de esquizofrenia
Sintomas floridos, alucinações visuais e/ou auditivas, intensa perplexidade, confusão mental, ansiedade acentuada, medos difusos
Transtorno esquizoafetivo
Quadros com apresentação concomitante de esquizofrenia e sintomas afetivos (depressão, hipomania, mania)
Em geral, evolução melhor que a da esquizofrenia e pior do que do transtorno bipolar
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Outras psicoses
Transtorno esquizotípico
Caracterizado por comportamento excêntrico e anomalias do pensamento e afeto semelhantes a esquizofrenia, mas não há qualquer anomalia esquizofrênica manifesta ou característica. 
Afeto frio ou inapropriado, anedonia; comportamento estranho ou excêntrico; tendência ao retraimento social; idéias paranóides ou bizarras sem que se apresentem idéias delirantes autênticas; ruminações obsessivas; transtornos do curso do pensamento e perturbações das percepções.
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Podem ocorrer sintomas psicóticos
Transtorno afetivo bipolar – T.A.B. (“psicose maníaco-depressiva”)
Depressão (depressão psicótica, ou “melancolia”)
Autismo (“psicoses infantis”)
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Não ocorrem sintomas psicóticos
Ciclotimia
Esquizotipia
Esquizoidia
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Farmacológico:
Antipsicóticos típicos: haloperidol, clorpromazina, tioridazina
Antipsicóticos atípicos: risperidona, olanzapina, clozapina
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Síndromes de agitação e de estupor e lentificação psicomotoras
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SÍNDROMES DE
AGITAÇÃO PSICOMOTORA
Nessas síndromes, observam-se acentuada aceleração da esfera motora, aumento da excitabilidade e, além disso, o paciente anda de um lado para outro, gesticula, demonstrando inquietação constante.
Subtipos de síndromes de agitação psicomotora.
Agitação maníaca
Nestes casos, muitas vezes há intensa agitação psicomotora, secundária a um marcante taquipsiquismo que domina o quadro. O indivíduo apresenta-se logorréico, inquieto, com idéias de grandeza e perda das inibições sociais.
Agitação Paranóide 
Secundária à vivências paranoides, como alucinações e delírios. Desconfiança exagerada, olhar assustado, hostilidade e agressividade.
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Agitação Catatônica:
 Agitação impulsiva, com momentos inesperados de explosões de agressividade e grande agitação.
Agitação Psicorgânica (no Delirium):
Agitação, irritabilidade com rebaixamento da consciência e do nível de compreensão do ambiente.
Agitação nas Demências :
Quadros de agitação psicomotora leve a intenso associados, muitas vezes, a sintomas paranóides de desconfiança, medo difuso, sensação de que estão sendo roubados ou assaltados.
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Agitação nos quadros de retardo mental com transtornos de comportamento:
Em pacientes com deficiência mental. Decorre da dificuldade em compreender questões sutis e complexas associadas às normas e valores sociais.
Agitação Explosiva (associada a Transtornos de Personalidade – Explosivo, Borderline, Sociopata):
 Decorrente do baixo limite para lidar com as frustrações. Desaparece quando o paciente consegue o que quer.
Agitação Histérica :
Teatral, escandalosa, como forma de lidar com as frustrações e conseguir coisas.
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Agitação Ansiosa :
Andar de um lado para outro, roendo unhas, esfregando as mãos, irritação. Paciente pode ter reações agressivas e chegar ao suicídio.
Alterações da volição e homicídio:
ligado a um transtorno mental, denomina-se homicídio patológico. Praticado mais comumente em mulheres e relaciona-se a um quadro depressivo grave.
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SÍNDROMES DE ESTUPOR E
LENTIFICAÇÃO PSICOMOTORA
De modo geral, a síndrome do estupor caracteriza-se pela recusa absoluta ou incapacidade do indivíduo de responder, reagir ou comportar-se de acordo com as solicitações do ambiente.
Involuntário. Incapacidade do sujeito de reagir ao meio, apresentando uma hipertonia generalizada.
Existem quatro subtipos de estupor:
Estupor catatônico (esquizofrênico)
No estupor catatônico, há, além do estado de estupor (mutismo, imobilidade, rigidez hipertônica), sintomas típicos, como flexibilidade cerácea (indivíduo permanece na posição em que é colocado), fenômenos em eco (ecolalia, ecopraxia, ecomimia), negativismo passivo ou ativo e, eventualmente, repentes abruptos de agitação e explosões agressivas (furor catatônico).
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Estupor depressivo
Neste caso, tem-se um quadro de estupor secundário a um estado depressivo muito intenso. O indivíduo, além de estar em mutismo, imóvel, sem se alimentar, pode apresentar fácies triste e desanimada.
Estupor psicogênico(histérico, traumático, de choque psicológico, etc.)
Neste caso, observa-se um quadro de instalação geralmente agudo, com frequência após trauma psíquico ou evento vital de importante significado para o indivíduo. O paciente encontra-se em mutismo e estado de choque emocional.
Estupor orgânico
Decorre de um grande número de distúrbios neurológicos ou sistêmicos (metabólicos, eletrolíticos, endócrinos, neoplásicos, inflamatórios, etc.) que afetam o cérebro, de forma grave e, geralmente, difusa.
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Síndromes relacionadas ao consumo de alimentos
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O COMPORTAMENTO ALIMENTAR
O comportamento alimentar, apesar de sua aparente banalidade na vida cotidiana, é um fenômeno humano complexo e de importância central.
O comportamento alimentar inclui algumas dimensões complementares:
Dimensão fisiológico-nutritiva. Relaciona-se a aspectos metabólicos, endócrinos e neuronais, que regulam a demanda e a satisfação das necessidades nutricionais.
 Dimensão psicodinâmica e afetiva. Aqui, a fome e a alimentação vinculam-se à satisfação e ao prazer oral. O prazer alimentar oral tem, segundo a psicanálise, uma conotação nitidamente libidinal.
 Dimensão relacional. No desenvolvimento da criança, a boca é o mediador da primeira relação interpessoal; a relação mãe-bebê.
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Anorexia Nervosa 
Perda de peso intencional, por causa da distorção da imagem corporal. A paciente percebe-se gorda. Pode vir associada à Bulimia e ocorre mais em adolescentes e mulheres jovens.
Bulimia Nervosa 
 Preocupação excessiva em comer. Desejo irresistível em comida. Paciente apresenta uma distorção da imagem corporal, o que a leva a atitudes como vômitos, purgação e diuréticos. As pacientes envergonham-se de seu comportamento e tentam esconder os sintomas.
 
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Obesidade 
A obesidade é uma condição complexa, determinada por fatores genéticos, desenvolvimento
psicológico, família e cultura.
 Disfunção dos mecanismos de saciedade dos obesos, levando-os a comerem de forma contínua.
Ele é sensível aos assuntos relacionados a alimentação e preocupa-se com comida. Alto índice de morbidade e mortalidade. Perfil: imaturo, sensível a frustração, carente, sexualidade reprimida ( defesa contra impulsos sexuais), pode ser uma defesa contra depressão, auto-estima baixa.
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Caso clínico
		Um homem de 21 anos é trazido ao setor de emergência pela polícia depois de ter sido encontrado sentado no meio de uma rua de grande movimento. À guisa de explicação, o paciente fala: “As vozes me disseram para fazer isso”. Relata que no último ano sentiu que ”as pessoas não são quem elas dizem ser”. Começou a se isolar em seu quarto e largou a escola. Afirma que ouve vozes lhe dizendo para fazer “coisas más”. Geralmente existem duas ou três vozes falando, e muitas vezes comentam entre si o seu comportamento. Nega estar usando drogas ou álcool, embora relate ter fumado maconha ocasionalmente no passado. Diz que interrompeu essa prática nos últimos seis meses porque “deixa as vozes mais altas”. Nega qualquer problema médico e não está tomando medicamento. 
 Em um exame de estado mental, percebeu-se que o paciente está sujo e desalinhado, com má higiene. Parece um pouco nervoso no ambiente e caminha em torno da sala de exame , sempre com as costas para uma parede. Afirma que seu humor está “OK”. Seu afeto é congruente, apesar de embotado. Sua fala tem velocidade, ritmo e tons normais. Seus processos de pensamento são tangenciais, e ocasionalmente se notam associações desorganizadas. Seu conteúdo de pensamento é positivo para delírios e alucinações auditivas. Ele nega qualquer ideação suicida ou homicida.

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