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ATIVIDADE ESTRUTURADA LIT BRASILEIRA III

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO: LICENCIATURA EM LETRAS-PORTUGUÊS
DISCIPLINA: LITERATURA BRASILEIRA lll
PROFESSORA: MÁRCIA PEREIRA DA VEIGA BUCHEB
TEMA: APONTAR AS LEITURAS POSSÍVEIS QUE O OLHAR CONTEMPORÂNEO PRODUZ SOBRE RAÇA E ETNIA DE FORMA PRECONCEITUOSA, A PARTIR DA LEITURA DOS CONTOS: “NEGRINHA” DE MONTEIRO LOBATO E “CLARA DOS ANJOS” DE LIMA BARRETO.
Marilene Ferreira Vieira de Jesus
Alcântara
2019/11
INTRODUÇAO
A partir de leituras realizadas dos contos de Monteiro Lobato, Lima Barreto e o artigo sugerido das autoras Lourdes Bandeira e Anália Soria Batista, observa-se o preconceito através dos séculos, apesar de haver toda uma estrutura social, política e literária para que isso não aconteça, como várias problemáticas mostradas em livros, músicas e artes em geral, parece não serem absorvidos completamente pela sociedade, os temas abordados por todos os autores que muito fizeram para que o preconceito e discriminação fossem banidos da sociedade. Continua até os nossos dias, as desigualdades sociais em todos os meios.
Dessas leituras, pode-se analisar que mesmo tendo passado décadas, tudo se repete de forma idêntica ao período do pré-modernismo; as lutas das classes sociais, dos artistas e políticos por um país melhor e sem desigualdades sociais.
DESENVOLVIMENTO
Pode-se fazer uma comparação sobre o tema abordado através de uma análise do material sugerido nos contos e artigo.
O pré-modernismo não foi uma escola literária, foi um período de transição entre tendências das escolas literárias da segunda metade do século XIX onde o marco dessa transição para o modernismo foi à semana de arte moderna e 1922; no período antes do pré-modernismo que foi o parnasianismo e naturalismo a literatura era para as classes mais abastadas para sua diversão com uma linguagem rebuscada onde o povo não podia ter acesso, não se importavam em mostrar os problemas sociais e políticos da sociedade nas literaturas, com os autores como Monteiro Lobato, Euclides da Cunha, Lima Barreto e Graça Aranha ouve uma grande mudança nesse processo de leitura, a sociedade menos favorecida foi incluída na sociedade como leitora em potencial, começaram a usar uma linguagem coloquial, para que o povo pudesse ficar ser incluído sobre o que acontecia em seu país. Esses escritores tiveram ideias além do seu tempo, levando pensamentos críticos a sociedade de forma humorística e lúdica para que pudessem aprender a lutar pelos seus direitos. Vemos no pré-modernismo as mesmas situações que acontecem hoje; o momento político vivido pelo Brasil em 2019; mostra que o governo quer resolver as situações de forma violenta, descumprindo acordos firmados na constituição como fez o presidente Hermes da Fonseca na época da “Revolta da chibata”, no período ele aceita acatar reivindicações feitas por um almirante negro líder da revolta, por terem dado 250 chibatadas em um marinheiro por ter agredido um companheiro. O presidente aceitou que não teria mais a "Lei da Chibata”, porém descumpriu o acordo e classificou o almirante como louco internando num hospício, mas o almirante conseguiu ser inocentado. Fatos como esse nos remetem aos dias de hoje com os tiros de policiais que são liberados para atirar primeiro e perguntar depois não são mera coincidência, vem de muitas décadas, de governos patriarcais e retrógados que veem ainda nos dias de hoje os negros, pobres, mulheres trabalhadoras como escórias da sociedade.
No conto de Monteiro Lobato “Negrinha,que foi publicado em 1920, o contexto social era o fim da escravidão e o começo do trabalho assalariado havendo muito preconceito e segregação racial. A obra mostra um lado racista por ainda não aceitar a abolição dos escravos, porém faz críticas aos pensamentos da época para mostrar a realidade da sociedade hipócrita, racista e opressora, o autor não mediu esforços para mostrar tudo que acontecia nesse período. No conto é uma narrativa que puxa o lado emotivo das pessoas, é uma obra do pré-modernismo onde o negro passa a ser assalariado, com isso começa o preconceito da sociedade da época, é uma narrativa racista, porém mostra como era a sociedade da época, totalmente voltada para a opressão e preconceito de vários tipos pungente no período. No conto o autor narra a história de uma negra que foi criada por uma ex-senhora de escravos, a maltratava constantemente, não deixando ser criança e viver uma vida como tal; a alimentação era como se fosse para um animal, não conhecia carinho ou cuidados que deveriam ser direcionados a ela. Era uma órfã que nasceu na senzala e foi maltratada desde bebê , a mãe morreu quando tinha quatro anos, ficou na casa de Dona Inácia que gostava de bater em escravos antes da abolição e sentia prazer em machucá-la para relembrar o prazer quando batia nos escravos. Houve um período de visitas de umas sobrinhas da dona Inácia onde a negrinha que nunca havia brincado na vida foi permitida de brincar com as meninas de boneca, foi um período de felicidade para a menina que nunca havia tido nada que uma criança pode ter, porém quando as meninas foram embora, fica totalmente desiludida e acaba morrendo a um canto da casa como um animal abandonado esquecida de todos. Nesse conto já podemos ver a depressão infantil e também o preconceito enraizado até nas crianças da época.
No conto Clara do Anjos, escrito por Lima Barreto ou (Afonso Henriques de Lima Barreto) que nasceu no Rio de Janeiro em 1881 e faleceu no ano que terminou de escrever o conto em 1922, o conto foi publicado em 1948 postumamente.Esse escritor se destacou com obras críticas ao positivismo, rompendo com o nacionalismo; criticava a sociedade urbana da época com uma linguagem coloquial onde toda classe menos favorecida pudesse ler, não só os intelectuais da época. Os personagens principais do conto são o carteiro e flautista Joaquim dos anjos e a filha Clara dos Anjos que era mulata e pobre, filha de uma carteiro e uma dona de casa, esse conto fala de como era o subúrbio do Rio de Janeiro a partir da década de 1920; sua arquitetura,paisagem, vestuário, a importância do funcionalismo público, tudo descrito de forma pormenorizada, que era estilo do autor. Na narrativa aborda-se na trama o racismo contra a mulher na sociedade do ínicio do século XX, onde era marginalizada quando engravidava solteira. A personagem Clara dos Anjos se apaixona por um homem sem escrúpulos com o nome de “Cassi Jones” conhecido por jornalistas e várias autoridades com o que deflorava virgens negras e mulatas e seduzia senhoras casadas e depois as abandonava; era um homem que foi muito paparicado pela mãe que não deixava o marido dar corretivo quando fazia coisas erradas quando criança, cresceu sem a noção do certo e errado, sempre com a mãe encobrindo seu erros. Vemos nesse trecho da vida de Cassi Jones muito de nossos jovens de hoje em dia, que são criados sem limites se tornando pessoas sem caráter.Nesse conto mais uma vez vemos uma forma de preconceito que continuamos a ver em nossos dias, a discriminação da mulher parece ser eterna nos meios profissionais e sociais, vivemos dias de completa falta de decoro no que se refere as mulheres, indivíduos maltratam as mulheres em todos os meios sociais, não as respeitam como profissionais ou pessoas integras, tratando-as muitas vezes com violências verbais e corporais. As leis precisam ser mais rigorosas, para que esses indivíduos não continuem com ações abusivas.
No artigo intitulado “Preconceito e discriminação como expressões de violência”, escrito pelas autoras “Lourdes Bandeira e Anália Soria Batista” publicado em 2001, na página vinte e nove do artigo, segundo “ Taussing,29” mostra que já foi relacionado ao outro em todos os sentidos sociais, onde condutas morais equivocadas põem sempre a prova a capacidade do indivíduo de forma preconceituosa em vários segmentos sociais tirando possíveis crescimentos profissionais, estéticos e morais, fazendo às vezes com que esse indivíduos sofram psicologicamente com toda discriminação. As autoras também destacam em “taussing.1999,p,159”que atitude interior no sentido interno de um sujeito que viola os atributos e os qualitativos em relação ao outro sujeito, estabelecendo o frucionamento cognitivo e os contatos perceptivos de forma equivocada, cingida e traumática; portanto, pondo sempre à prova (ou derrotando) as capacidades e os recursos simbólicos do outro. Analisando esse artigo que foi escrito na atualidade, pode-se ver que do Pré-modernismo para a atualidade a literatura pouco mudou em termos de preconceitos raciais, morais e estéticos, os indivíduos vivem em busca de padrões de beleza trazendo para o cotidiano preconceitos quanto a mulheres gordas, magras, negras etc.. vivem sendo marginalizadas pelos meios de comunicação como internet, televisão, com isso acabam indo em busca de um ideal de beleza que não está dentro de seu padrão, vivendo uma vida que não é sua, não buscam o que de melhor podem ter no seu interior ou intelecto; acabam com toda essa busca infrutífera vivendo a margem de uma sociedade preconceituosa adquirindo alguma doença psicológica. 
CONCLUSÃO
Encerrando a abordagem do material pesquisado sobre pré-conceito e preconceito pode-se concluir que surja naturalmente devido a conceitos pré-estabelecidos pela sociedade da época atribuindo as pessoas conceitos, estereótipos, sem procurar conhecer a fundo de onde vieram, suas habilidades intelectuais, sonhos e anseios de futuro, julgam raças e etnias desfavorecendo o outro como pessoa. Essa desunião do ser humano tem que acabar, deve parar de ver o outro como uns objetos a serem manipulados, os indivíduos devem buscar os seus direitos e serem críticos lutando incansavelmente por leis que os mantenham em igualdade financeira, moral, intelectual, apesar de toda luta através da humanidade. 
REFERÊNCIAS:
https://www.todamateria.com.br/pre-modernismo/
Negrinha
https://metavest.com.br/livros/negrinha-Monteiro-Lobato.pdf
Clara dos Anjos
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000048.pdf
Preconceito e discriminação como expressões de violência
Autoras: Lourdes Bandeira e Analía Soria Batista
ESTUDOS FEMINISTAS. 2002. Ano 10. pp. 119 -141. 
http://www.scielo.br/pdf/ref/v10n1/11632.pdf

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