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ESTUDO DE CASO Disciplina: Estágio Supervisionado em Nutrição Clínica Preceptora: Bianca Gonçalves Discente: Katarine Leite CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DA BAHIA CURSO DE BACHARELADO EM NUTRIÇÃO IDENTIFICAÇÃO M.R.J.P. 70 anos Sexo: feminino Negra Solteira Brasileira Aposentada HISTÓRIA CLÍNICA Paciente cursando dor no tórax há 3 meses, associada à tosse seca e febre vespertina não aferida. Relato da regulação também descreve hemoptise. Relato de perda ponderal importante após início do quadro. Encaminhada de Serrinha para investigação diagnóstica. Tabagismo e etilismo social. DIAGNÓSTICO CLÍNICO Dor torácica: Tumoração em pulmão com invasão para arcos costais Dor neuropática associada à dor torácica Anemia Ferropriva DM HAS Dislipidemia HISTÓRIA PATOLÓGICA PREGRESSA HAS Dislipidemia HISTÓRIA FAMILIAL Pai falecido de AVC HISTÓRIA FAMILIAR NSR HISTÓRIA SOCIAL Casa própria Lavradora Atualmente aposentada Renda de 1 SM Tabagista abstêmia há 6 meses Etilista Sedentária MEDICAMENTOS EM USO Amitripilina: dor neuropática Losartana: HAS Sinvastatina: Dislipidemia Sulfato ferroso: Anemia Dipirona: Dor Tramadol: Antitussígeno Ondansetrona: Antiemético HNF: Anticoagulante Insulina NPH INTERAÇÃO DROGA X NUTRIENTE Amitripilina: fibras, efeito Dipirona: Não foram encontradas interações Losartana: zinco; uso concomitante com o potássio = risco de hipercalemia Sinvastatina: fibras, absorção; quando associado à ingesta alimentar, absorção aumenta HNF: Não foram encontradas interações INTERAÇÃO DROGA X NUTRIENTE Sulfato Ferroso: zinco; sulfato ferroso + ácido fítico = ferro. Derivados do leite, assim como de sais de cálcio e de magnésio, ferro. Tramadol: Não foram encontradas interações Insulina NPH: Não foram encontradas interações FISIOPATOLOGIA Síndrome metabólica: Dislipidemia HAS DM2 FISIOPATOLOGIA Dislipidemia Disfunção ou lesão endotelial Penetração ou acúmulo de lipídeos na artéria Adesão de macrófagos e plaquetas no endotélio, com liberação de fatores de crescimento FISIOPATOLOGIA Dislipidemia FISIOPATOLOGIA HAS A pressão sanguínea é o resultado do da multiplicação do débito cardíaco pela resistência vascular periférica. O diâmetro dos vasos afeta acentuadamente o fluxo sanguíneo. Quando há diminuição do diâmetro, a resistência e a pressão aumentam. FISIOPATOLOGIA DM2 Doença metabólica complexa Diminuição da secreção pancreática de insulina e/ou diminuição da sensibilidade dos receptores de insulina Hiperinsulinemia compensatória e hiperglicemia Com o avanço do DM2, disfunção das células β pancreáticas = síntese e a secreção de insulina comprometidas FISIOPATOLOGIA DM2 FISIOPATOLOGIA DM2 FISIOPATOLOGIA Câncer Pulmonar Originado a partir de mutação de uma única célula epitelial nas vias traqueobrônquicas Carcinógeno liga-se ao DNA desta célula e a lesiona Crescimento anormal e alterações morfológicas DNA afetado = células filhas alteradas Transformação maligna do epitélio pulmonar FISIOPATOLOGIA Câncer Pulmonar FISIOPATOLOGIA Câncer Pulmonar FISIOPATOLOGIA Anemia Ferropriva Desnutrição Deficiência da absorção Baixo consumo + inibidores Absorção pelos enterócitos, liberação para células necessárias e estoque em forma de ferritina EVOLUÇÃO CLÍNICO/ NUTRICIONAL DA ADMISSÃO Paciente lúcida, orientada, deambulando, ventilação espontânea, afebril 36, acianótica, anictérica, eupnéica 20irpm, normocárdica 80bpm, Hipertensa: 140x90, HGT: 451mg/dl; ritmo intestinal anormal, refere ressecamento e a frequência de 5 dias. RISCO NUTRICIONAL NRS De acordo com o estado nutricional, gravidade da doença, idade, paciente apresenta score 5 (segundo NRS 2002) e nível III de assistência. HISTÓRIA NUTRICIONAL PREGRESSA Sem tratamento dietoterápico anteriormente INQUÉRITO ALIMENTAR Inquérito baseado na conduta praticada no hospital Aversão a melancia, melão, arroz, abacaxi, batata doce Apetite reduzido (almoço) Nega alergia alimentar e intolerância Preferência alimentar: Macarrão, tangerina, laranja, mamão Consistência pastosa, fracionamento 6x ao dia Cardápio diversificado, com fontes de fibras, vitaminas e minerais, com baixo teor de carboidratos refinados Boa aceitação da dieta RECORDATÓRIO RECORDATÓRIO RECORDATÓRIO DADOS ANTROPOMÉTRICOS Peso atual: 34,8kg Altura: 1,54m CB: 19,7cm CP: 24,5cm IMC: 14,67kg/m²(desnutrição grave) Adequação CB: 65,01%(depleção moderada) Perda de peso de 5kg involuntária em 1 mês, cerca de 22% do seu peso usual. DADOS BIOQUÍMICOS Hm: 3,74 x10¨/mm³ Hb: 11g/dl Ht: 31,7% Leuco: 11.130 Seg: 77% Eos: 0% Glicose: 585mg/dl Creatinina: 0,5mg/dl Albumina 3,1g/dl Globulina 4,4g/dl Bilirrubina Direta: 0,7mg/dl Sódio: 126mEq/l EXAMES CLÍNICOS NUTRICIONAIS Cabelos quebradiços e ressecados Mucosas ++/4+ (hipocrômicas) Dentição incompleta Abdômen plano Pele hipo-hidratada Unhas quebradiças Depleção de massa muscular em têmporas, masseter, clavícula, ombros, escápula, músculos intercostais, quadríceps, joelho, panturrilha Depleção de tecido adiposo em bola gordurosa de bichat, tríceps DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL Paciente apresenta alterações clínico nutricionais: obstipação; suspeita de anemia ferropriva, inflamação crônica, desnutrição, segundo exames bioquímicos; sinal de anemia, desidratação, depleção grave, segundo exames físicos; desnutrição grave, segundo IMC; depleção moderada, segundo dados antropométricos (CB,CP, Adequação CB); % Perda ponderal indica desnutrição grave. Paciente classificada mediante os critérios antropométricos e critérios etiológicos em estado de desnutrição grave. OBJETIVOS DA DIETA Proporcionar ganho de peso Reversão do estado de hipercatabolização Tentar atingir as necessidades energéticas diárias Possibilitar uma dieta hiperprotéica dentro dos parâmetros: Favorecer síntese de tecido muscular Recuperação do seu estado nutricional Auxílio no tratamento patológico PRESCRIÇÃO DIETÉTICA De acordo com INCA, 2016: Recomendações energéticas: Estresse moderado ou grave ≥ 35kcal/kg P/dia Recomendações protéicas: Estresse moderado ou grave ≥ 1,5 a 2,0 g/kg P/dia Recomendação hídrica: de 30 a 40ml/kg p/dia PRESCRIÇÃO DIETÉTICA Pretensão de oferta: 55kcal/kg P/dia x 34,8kg = 1914kcal % kcal g g/kg p/dia CHO 55 1052,7 236,17 7,56 PTN 14,54 278,4 69,6 2,0 LIP 30,46 583 64,77 1,8 PRESCRIÇÃO DIETÉTICA Distribuição por refeição Desjejum 25% = 478,5 kcal Lanche 5%= 95,7 kcal kcal g CHO 263,17 65,74 PTN 69,57 17,39 LIP 145,75 16,19 kcal g CHO 52,63 13,15 PTN 13,91 3,47 LIP 29,15 3,23 PRESCRIÇÃO DIETÉTICA Distribuição por refeição Almoço 25% = 478,5 kcal Lanche: 10% = 191,40 kcal kcal g CHO 263,17 65,74 PTN 69,57 17,39 LIP 145,75 16,19 kcal g CHO 105,27 26,31 PTN 27,82 6,95 LIP 58,3 6,47 PRESCRIÇÃO DIETÉTICA Distribuição por refeição Janta: 25% = 478,5 kcal Ceia: 10% = 191,40 kcal kcal g CHO 263,17 65,74 PTN 69,57 17,39 LIP 145,75 16,19 kcal g CHO 105,27 26,31 PTN 27,82 6,95 LIP 58,3 6,47 CARACTERÍSTICAS DA DIETA CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS Hipercalórica, normoglicídica, hiperprotéica, normolipídica, normossódica Cota hídrica: 6 copos 300ml (paciente obstipante e desidratada) CARACTERÍSCIAS FÍSICO-QUÍMICAS 30g de fibras CARACTERÍSTICAS FÍSICAS Pastosa, fracionamento 6x/dia, 3/3hrs PRESCRIÇÃO DIETÉTICA De acordo com o Recordatório, a paciente possui um consumo inicial de 1935,23 kcal. Pretensão de oferta: 55kcal/kg P/dia x 34,8kg = 1914kcal Recomendação hídrica de 06 copos de água/dia para auxílio da obstipação (1.800 ml) DISTRIBUIÇÃO DISTRIBUIÇÃO ADEQUAÇÕES ADEQUAÇÕES ADEQUAÇÕES ADEQUAÇÕES 40x34,8=1392 (INCA,2016) ADEQUAÇÕES EVOLUÇÃO NUTRICIONAL Cardápio hospitalar mantido, com algumas alteraçõesna distribuição dos carboidratos, (tendo em vista o diagnóstico de DM e o uso de Insulina NPH), alterações suplementares, protéicas e aumentando a oferta de fibras insolúveis devido à obstipação. Realizada admissão e triagem nutricional 29/08/2019 (dados antropométricos acima descritos). EVOLUÇÃO NUTRICIONAL Acompanhamento realizado 05/09/2019, constatando: Paciente com sinais vitais normais, afebril, eupnéica, normotensa, normocárdica; apresentando diminuição nos níveis glicêmicos, mas ainda com descompensação(04/09/2019 às 00h: 220mg/dl; 05:09/2019 às 06h: 143mg/dl; 05/09/2019 às 12h: 203mg/dl), ventilação espontânea; rítimo intestinal anormal (segue com presença de ressecamento), constatando a baixa ingestão de líquidos; progressão do estado anêmico, hipo-hidratada e com presença de depleção grave, de acordo com os exames físicos. EVOLUÇÃO NUTRICIONAL Na avaliação antropométrica, foi possível perceber um ganho de peso (37,3kg), possibilitando um aumento do IMC (15,73kg/m²), aumentos da CB(21cm) e CP(25,7), provocando aumento da adequação (69,3%), mas seguindo nos parâmetros de desnutrição grave e depleção moderada. Foi possível notar nos exames bioquímicos (hm: 3,21/hb: 9,2/ht: 27,9/leuco: 13.870/Ureia 46/Creatinina 0,5) a suspeita de progressão da anemia ferropriva, da inflamação crônica e desidratação, o que pode contrapor os dados antropométricos, chegando à conclusão que a obstipação pode ter influenciado no resultado. EVOLUÇÃO NUTRICIONAL Acompanhamento realizado dia 13/09/2019, constatando: Paciente com sinais vitais normais, afebril, eupnéica, normotensa, normocárdica; apresentando controle dos níveis glicêmicos (12/09/2019 às 21h: 89mg/dl; 13/09/2019 às 11h: 124mg/dl), ventilação espontânea; rítimo intestinal anormal (segue com presença de ressecamento), constatando ingestão adequada de líquidos, podendo então estar associado à interação medicamentosa com Sulfato Ferroso; segue anêmica, hipo-hidratada e com presença de depleção grave, de acordo com os exames físicos. EVOLUÇÃO NUTRICIONAL Na avaliação antropométrica, foi possível perceber um ganho de 1,9kg (36,7kg), quando comparada à triagem, mas com relação à última avaliação, nota-se uma perda de 0,6kg; aumento do IMC (15,47kg/m²); aumentos da CB(20,5cm), CP(25,6) e da adequação da CB (67,65%), quando comparados com a triagem admissional, no entanto diminuídas, quando comparadas com a última avaliação. Segue nos parâmetros de desnutrição grave e depleção moderada. Paciente sob indicação de exames de triagem infecciosa, para confirmação de alta hospitalar. EVOLUÇÃO NUTRICIONAL – ALTA HOSPITALAR Acompanhamento realizado dia 19/09/2019, constatando: sinais vitais normais, afebril, eupnéica, normotensa, normocárdica; apresentando controle dos níveis glicêmicos (19/09/2019 75mg/dl), ventilação espontânea; rítimo intestinal normalizado; segue anêmica, hipo-hidratada e com presença de depleção grave, de acordo com os exames físicos. EVOLUÇÃO NUTRICIONAL – ALTA HOSPITALAR Na avaliação antropométrica, foi possível perceber um ganho de 3,2kg (38kg), quando comparada à triagem admissional; aumento do IMC (16,02kg/m²) saindo de desnutrição grave para moderada; aumentos da CB(20cm), CP(26,2) e da adequação da CB (66%), quando comparados com a triagem admissional, no entanto CB e Adequação diminuídas, quando comparadas com a última avaliação, seguindo assim os parâmetros de depleção moderada. Alta hospitalar: Paciente encaminhada para tratamento RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS GERAIS Alimentar-se de 03 em 03 horas; Evitar alimentos ricos em açúcares; Ingerir no mínimo 06 copos de água por dia; Não deitar logo após as principais refeições, café da manhã, almoço e janta; Evitar consumo de alimentos ricos em sódio; É indicado o consumo de 5g de sal por dia, correspondente a 4 colheres de café (4g) rasas de sal adicionadas aos alimentos, que contém 2g de sal; RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS GERAIS Aumentar o consumo de frutas (laranja, banana, maçã, mamão, uva, abacaxi, uva, pera, morango, melancia, melão), folhosos (alface, acelga, escarola, agrião, couve, repolho, espinafre, rúcula) e legumes (cenoura, chuchu, vagem, abobrinha, quiabo, abóbora, beterraba, rabanete); Reduzir consumo de gorduras saturadas e colesterol (carnes gordurosas, queijos amarelos, cremes, margarina, etc.); RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS GERAIS Preferir ingestão de alimentos de origem animal (carnes, ovos, leites e derivados) com moderação. Preferir carnes magras, grelhadas ou cozidas e sem gordura aparente, como frango sem pele e peixe sem couro. Preferir ingestão de leite e derivados desnatados ou com menor teor de gordura; Preferir ingestão de arroz, pães e massas preferencialmente na forma integral. Preferir batatas, aipim ou mandioca, cará e inhame sempre na forma cozida ou assada, evitando as frituras; RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS GERAIS Preferir ingestão diária ou, no mínimo, cinco vezes por semana, feijão, lentilha, ervilha seca, grão de bico; Evitar consumo de álcool; Evitar consumo de alimentos ultraprocessados, processados (salgadinhos, biscoitos, achocolatados, refrigerante, etc.); Dar preferência a condimentos naturais (açafrão, manjericão, coentro, alho, cebola, etc.) e evitar os condimentos industrializados (caldo knor, corantes, shoyu, extrato de tomate, etc.) REFERÊNCIAS DE LIMA, Tiago Aparecido Maschio et al. Interações entre nutrientes e fármacos prescritos para idosos com síndrome coronariana aguda. Arquivos de Ciências da Saúde, v. 24, n. 4, p. 52-57, 2017. FERREIRA, Leandro Tadeu et al. Diabetes melito: hiperglicemia crônica e suas complicações. Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde, v. 36, n. 3, 2011, págs 183-184. INCA, Ministério da saúde. Conselho Nacional de Nutrição Oncológica –2ed, 2016, p.43-49 INCA. Disponivel em http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/Consenso_Nutricao_vol_II_2_ed_2016.pdf. LILIAN, Cuppari. Nutrição Clínica no Adulto. 3ed, Guia de Nutrição Clínica no Adulto (Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar da Unifesp-EPM), p.276, 2014. MUSSOI. Thiago Durand. Avaliação Nutricional na prática clínica: da gestação ao envelhecimento. 1ed, Rio de Janeiro,Rj, p.83 – p.92, 2017. PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde do Paraná. Superintendência de Atenção à Saúde. Linha guia de hipertensão. – Curitiba: SESA, 2014, págs 30-31. ZAGO, Marco Antonio; FALCÃO, Roberto Passetto; PASQUINI, Ricardo. Tratado de Hematologia. 1ed, São Paulo, SP, p.145, 2014.
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