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PSICOPATOLOGIA - NP1

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PSICOPATOLOGIA – RESUMO NP1
Neurose – não se manifesta por meio de uma ruptura com a realidade, existindo vários graus de neurose. Desequilíbrio temporário, com um afastamento da realidade, ou seja, ele reconhece a realidade mas nega, por algum mecanismo de defesa (recalque). Nasce do conflito do ego com o mundo externo. Conflito ego e id.
Psicose – A perda do controle voluntário dos pensamentos, emoções e impulsos é a principal característica da psicose, com uma ruptura da realidade, ou seja, o psicótico vê a realidade a partir das suas próprias especificações. Rompe com o mundo externo, rompimento do ego com o mundo externo, construindo uma nova realidade.
Neurose – Você parece com minha mãe. Ex.: Esquizofrenia.
Psicose – Você é minha mãe. Ex.: Bipolaridade.
Conceito de alucinação – Define-se alucinação como a percepção de um objeto, sem que este esteja presente, e sem o estímulo sensorial respectivo. Existe um desafio conceitual que a patologia mental coloca a psicologia do normal (Ey,1973). Podendo ser auditiva, olfativas e gustativas, visuais simples ou complexas, cenestésicas (sentir bicho dentro do corpo), cinestésicas (sensação alterada do movimento), autoscópica, hipnagógicas e hipnopômpicas.
Esquizofrenia – caracteriza-se pelo afastamento da realidade, a partir do momento em que o indivíduo se isola em seu mundo interior, centrando-se em si mesmo, dessa forma se entregando as próprias fantasias, incapacidade de distinguir o que é ou não real.
Delírio – juízo falso, é uma alteração relacionada a formação de juízos, é uma crença errada mantida com grande convicção.
-O surto se dá aos poucos, gradativamente, até chegar a delírios, alucinações e outros sintomas psicóticos. Se a pessoa perdeu o vínculo com a sociedade, o que temos que fazer é promover novamente a reintegração e não segregar, pois isso cristalizaria o sintoma.
Delirium – confusão mental por causa de problemas clínicos, desorientação espaço-tempo, dificuldade de concentração, distúrbios psicomotores.
Sensopercepção – União da sensação (estimulação física, química ou biológica) com a percepção (tomada de consciência do estímulo)
Sensopercepção: tudo que se relaciona aos órgãos do sentido.
Sensação: sensibilidade, fenômeno elementar gerado por determinados estímulos, ex.: temos a sensação de frio pois temos o estimulo físico de variação de temperatura, ou ainda, temos o estimulo químicos ou biológicos, químicos: aroma, sabor; biológicos: provocados por outros seres vivo, ex.: ao ver uma barata eu tenho o estimulo de sair correndo.
Percepção: tomada de consciência do indivíduo do estimulo sensorial, ou seja, transformação de estímulos sensoriais em fenômenos perceptivos conscientes.
Integração: consciência e atenção.
Funções cognitivas: pensamento, orientação, memória.
Funções afetivo-conativas: afetividade, conação (Processo intencional direcionado para a ação.).
Consciência: Existe uma quantidade de potencial neurológico de acordo com a necessidade do sistema nervoso, o que garante a vigília (capacidade de se manter acordado). Esse aspecto quantitativo varia do coma a hipervigília.
A consciência é o palco onde irão ocorrer todas as outras funções psíquicas (é integradora, possibilita que as outras funções psíquicas aconteçam). A consciência não existe sem a atenção (qualquer alteração em uma, altera a outra).
Consciência Neuropsicológica – Trata-se de estar acordado, desperto, consciente, lúcido
Consciência Psicológica: A consciência é a capacidade de o indivíduo entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer seus objetos.
Consciência ético filosófica – Capacidade de tomar ciência dos deveres éticos e assumir responsabilidades
Inconsciente = conjunto de conteúdos recalcados, excluídos da consciência.
Censura=tendências recalcadas permanecem no inconsciente até que algo ou o psicoterapeuta tenta trazer a consciência provocando resistência.
Caracteríscas do inconsciente - estrutura dinâmica mais importante do psiquismo humano, pelo processo primário em forma de condensação e deslocamento.
Alterações da consciente QUANTITATIVA – implicam em um rebaixamento (mais comum, Hipovigilância) ou elevação (mais raro, Hipervigilância) do nível de consciência.
Obnubilação ou turvação da = grau leve, lentidão da compreensão, dificuldade de elaboração e síntese das impressões sensoriais.
Estupor = incapacidade de agir espontaneamente, despertar a partir de estímulos enérgicos e dolorosos, estado marcante de turvação da consciência, sonolência.
Coma = o mais profundo, severo estado de rebaixamento do nível da consciência Coma: ausência de consciência
Morte cerebral = ausência irreversível de atividade mental
Delirium = leve e moderado
Estado Onírico=Como se fosse um sonho.
Alterações da consciente QUALITATIVAS – implicam em uma modificação da qualidade (propriedade) do conteúdo da consciência.
Estados crepusculares = causas orgânicas, esquizofrenia, estreitamento transitório da consciência, atos explosivos, descontrole emocional, quadros histéricos agudos, epilepsias e intoxicações
Estado Segundo= traumas emocionais 
Dissociação = em quadros histéricos e psicóticos, perda momentânea da unidade psíquica, fragmentação da consciência 
Transe= dissociação da consciência como sonhar acordado.
Estado hipnótico: alta sugestionabilidade
Experiência de quase morte = túnel, luz, tranquilidade
 Hiperestesia percepções (cor, sabor, odor) anormalmente aumentadas (esquizofrenia, mania, enxaqueca e intoxicações por drogas). (Exagerado)
Hipoestesia percepções anormalmente diminuídas (depressão e estado alterado de consciência) – mundo percebido com menos brilho, cheiro, sabor.
 Analgesia ausência de percepção dolorosa em partes do corpo (alteração neurológica ou psicogênica). 
Diferença Luto X Melancolia – No luto o mundo se torna pobre e vazio. Não há a diminuição do auto estima. Já na melancolia o Ego se torna pobre e vazio, ocorrendo a diminuição do auto estima e sensação de se punir. Melancolia é o processo de luto patológico.
Neurose: resultado do conflito entre o Ego e o id
Psicose:resultado do conflito entre o Ego e o mundo externo.
Melancolia:única neurose narcísica conflito entre o ego e o super ego.
Resumo – Nunca lhe prometi um mar de rosas
Nunca lhe prometi um jardim de rosas é um livro que conta a trajetória de Deborah, uma garota de dezesseis anos que vai internada em um hospital psiquiátrico, com o diagnóstico de esquizofrenia; com os estudos obtidos em aula pude observar que se refere a uma esquizofrenia hebefrênica, por ser caracterizado por um pensamento desorganizado com um discurso incoerente, o comportamento é imprevisível, o afeto é superficial e inadequado, usa-se de maneirismos e há um embotamento afetivo com perda da volição.
Na infância de Deborah havia vários sinais de sua doença, pois ela era uma criança que não conseguia fazer amizades e era mal interpretada pelos professores, já que ela não se concentrava nas aulas, também não era bem compreendida na colônia de férias, ficando sempre isolada e muitas vezes sendo prejudicada tanto pelas outras crianças, como por ela mesma.
A família de Deborah eram os pais, os avôs e uma irmã mais nova; o pai era um homem passivo, rendia-se aos gostos de sua esposa, que era muito ágil no uso das palavras, em comum os dois apenas tinham o fato de se consolarem isoladamente as suas dores e as suas frustrações. O avô era um senhor de personalidade forte e impositiva, era judeu e tinha um grande afeto por Deborah. E a irmã era deixada de lado por conta dos problemas de Deborah. Os pais tentavam esconder do resto família a internação da filha no hospital psiquiátrico, alegando para uns que ela foi a uma escola para convalescentes e para outros que estava em uma clínica de repouso.
Logo Deborah começou a se encontrar semanalmente com a Dr. Fried, psiquiatra do hospital, a qual contou sobre sua infância e seu delírio, sobre seu mundo “Yr”, onde ela deu o nome de Furii à doutora.
Aos cinco anos de idade, Deborah teve de fazer duas operaçõespara tirar um tumor no aparelho urinário, foi uma situação traumática para ela, mas como ela tem uma estrutura psicótica, a experiência foi cheia de significação, sendo compreendida por ela como uma violência sexual, fazendo com que ela se sentisse suja. O tumor para ela era ela mesma.
Deborah relata a Dra. Fried que antes mesmo de ser internada para fazer a operação, teve um sonho e nesse sonho havia um quarto branco com uma janela aberta que dava para um céu azul e luminoso, onde havia uma nuvem branca com formas curiosas e no parapeito da janela havia um vaso onde crescia um gerânio vermelho, quando veio uma voz e lhe disse palavras de esperança, porém em seguida o céu se tornou escuro e uma pedra foi arremessada fazendo com que o vaso se quebrasse, partindo a flor; depois disso Deborah ficou com a sensação de que algo iria acontecer. Foi quando encontrou um vaso caído e despedaçado na rua, o qual havia uma flor vermelha emaranhada nas raízes com o talo partido, o que representou para ela a confirmação de que era diferente, de que possuía uma doença.
Após esse incidente Deborah começou acreditar na existência de “Yr e via-se como alguém que possuía um veneno, um veneno inerente ao seu ser, era um veneno para mente, chamado por ela em “Yr” de “nganon”, que contaminava a todos que se aproximassem afetivamente dela.
Em “Yr” havia alguns personagens: Ela era o Pássaro-um e quando Deborah se transformava nessa criatura imaginária os seres humanos passavam a ser amaldiçoados, eles cometiam erros e não ela, de forma ambivalente, estando dividida entre o amor e o ódio; Anterrabae era o Deus Cadente, ele sempre zombava dos sentimentos de Deborah; o Coletor era aquele que estava incumbido das críticas a ela; o Censor era o que se interpunha entre as palavras e as ações dela para proteger o segredo da existência de Yr, ele a prevenia; Lactamaeon era o Deus Negro que vivia resmungando os seus conceitos cruéis sobre ela, mas também era com quem ela ria e recitava poesias fazendo com que ela se mobilizasse; e também tinha Idat, a Dissimuladora, que apareceu na forma de uma mulher belíssima, que era ao mesmo tempo rainha e vítima dessa beleza.
Todos esses personagens, cada um com o seu papel, é o próprio inconsciente de Deborah e é difícil para ela se desprender dessas amarras porque o mundo antes de Yr era para ela cinzento e desolado e Yr trouxe um mundo cheio de cores e de liberdade, porém, sendo modificado com a vinda do tal Censor, o que a fez pensar na escolha entre esse mundo e o real, junto com a ajuda da Dr. Fried foi descobrindo que existiam coisas boas no mundo real e que Yr foi criado por ela mesma à sua imagem e semelhança. Deborah também sentia uma culpa com relação a sua irmã, imaginando que tinha tentado jogá-la da janela do quarto quando ainda era um bebê, mas com a terapia conseguiu descobrir que esse episódio não se passou de uma criação dela na infância por conta do ciúme que sentiu do bebê recém-nascido.
No hospital Deborah fez amizade com Carla, como também, conversava com outras delas; o hospital era o lugar onde ela podia ser ela mesma, tinha a liberdade para ser “louca”, para ser diferente e livre de pré- conceitos. Lá dentro rolava uma norma hierárquica criada pelas próprias pacientes, a Ala A e B ficavam as “malucas”, “birutas”, “piradas” e na Ala D, ficavam as “insanas” e “loucas” essas eram as mulheres que viviam gritando. Interessante isso, porque com a minha experiência de aluna-estagiária no hospital psiquiátrico percebo que também acontece essa diferenciação entre as estagiárias, fazemos divisão entre os pacientes que estão dentro e os que estão fora das grades, os que estão dentro para nós, causam medo, como se fossem mais “loucos” do que os que estão fora.
 A arte era um recurso importante que Deborah possuía para promover sua sanidade, com o seu talento ela resistiu às piores fases da doença, a arte é como uma vocação criativa, que poderia fazer com que ela crescesse e se desenvolvesse. Esse talento de Deborah me lembra de um dos pacientes do hospital que estagio, apelidado de Nenê, que faz belos quadros de pura arte abstrata, com os seus “pinguinhos” de tinta e me faz questionar porque a arte não o ajudou? Porque a arte não influenciou em uma possível mudança? Ele está sempre lá, regredido, será que foi por falta de condições mentais ou porque nunca alguém entendeu a sua arte como uma forma de melhora? Talvez seja porque como diz Deborah em relação às oficinas de Terapia Ocupacional do hospital que residia, toda a atividade proposta era puro “faz-de-conta”, onde se visava apenas mantê-las ocupadas; pode ser que os alunos-estagiários de Psicologia do hospital que estagio também estivessem fazendo a mesma coisa que ela diz um “terapêutico faz-de-conta” e talvez também não fosse isso que esperavam fazer, não foi isso que eu esperei fazer, mas dentro de uma instituição existem normas e regras que prejudicam o trabalho estagiário.
Foi muito difícil para mim ao longo do meu estágio aceitar que eu não posso fazer nada pra mudar a situação dos pacientes, mesmo muitos deles pedindo essa ajuda, o sentimento é de impotência e me trouxe muita reflexão, cheguei a perguntar para mim mesma: Quem eu estou querendo salvar? Eles ou eu? Cheguei à conclusão que são os dois.
Voltando para Deborah, é importante frisar que ela ao sair do hospital se deparou com muitos desafios, desafios dos quais passaram sua amiga Carla e a enigmática Doris Rivera sempre falada entre as pacientes como aquela que voltou para a vida, aquela que voltou a “luz”. Deborah assim pode compreender Doris Rivera, entender o quanto é difícil se manter fora do hospital, por conta das burocracias encontradas para arrumar um emprego, bem como o medo, a solidão e o preconceito. Por isso que muitos dos pacientes psiquiátricos de hospitais na atualidade, assim como elas não suportam o mundo fora do hospital, a maioria volta em poucos dias, havendo uma grande dificuldade de readaptação do paciente à sociedade.
Porém, Deborah após voltar ao hospital ela já não era a mesma, pois antes ela tinha o costume de se queimar, era por uma questão de testar se ela era ou não de uma substância humana, já que seus sentimentos nada a informavam e todos os seus sentidos (tato, olfato, audição, paladar e visão) estavam distorcidos, por tanto, ao queimar-se não sentia dor, mas depois de muito trabalho com a Dra. Fried já não conseguia mais se queimar porque começou a se ver como um ser humano, capaz de sentir dor e até mesmo de estudar, trabalhar, ser alguém. Então Deborah, assim como Doris Rivera, se tornou aquele símbolo de esperança e fracasso, de sanidade e insanidade, mas acima de tudo, de luta.
O livro termina assim como propõem o título, ou seja, pode não existir um jardim de rosas ou uma cura específica para o doente mental, mas podem-se construir possibilidades de melhoras para suas vidas.
E sobre a minha experiência no hospital psiquiátrico, só posso dizer que foi um grande aprendizado no qual eu me envolvi completamente; outro dia uma das estagiárias me disse que lá não é lugar de afeto e sim de trabalho, ao refletir sobre isso, entendi que estou lá para aprender e não para trabalhar e acredito que não há aprendizado sem afeto, que não tem uma teoria específica para enfrentar o mundo, pois se nada toca você, nada o fará feliz.

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