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ANÁLISE DO LIVRO_PSICOPATOLOGIA

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Universidade Paulista
UNIP – LIMEIRA
 ANÁLISE DO LIVRO
“Nunca lhe Prometi um Jardim de Rosas”
DISCIPLINA: Psicopatologia Especial
PERÍODO: Noturno							SEMESTRE: 7°/8° 
VALOR DA ATIVIDADE: de 0,0 (zero) A 10,0 (dez) 			PESO: 1 (um)	
DATA: 29/11/2017
I. IDENTIFICAÇÃO:
 Iza Beatriz Barbosa Camargo			RA: C3033A-2
II. FICHA TÉCNICA:
GREEN, H. Nunca lhe Prometi um Jardim de Rosas, 4ª edição. Coleção Romance e Psicanálise. Imago, Rio de Janeiro – RJ. 1993.	
III. GÊNERO DO FILME:
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	Histórico
	( )
	Comédia 
	( )
	Ficção 
	( X )
	Romance 
	( )
	Animação 
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	( )
	Documentário
	( )
	Drama 
	( )
	Suspense 
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	Ação 
	( )
	Outros 
IV. TEMAS ABORDADOS:
	( )
	Culturais
	( )
	Científicos
	( )
	Políticos 
	( )
	Religiosos 
	( X )
	Psicológicos
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	( )
	Outros 
	
	
	
	
	
	
	
	
V. ANÁLISE DO LIVRO
O livro conta a história de Deborah F. Blau, de 16 anos, nascida em uma família de pais e avós imigrantes, vindos da Europa para América fugindo da guerra. Tem QI de 140-150 considerado elevado. Nasceu de parto normal, em Chicago, mamou até o 8º mês. Aos cinco anos foi encontrado um tumor na bexiga, que foi retirado em um processo muito doloroso. Aos 10 anos mudou-se para cidade onde sofreu com perseguições por parte dos amigos da escola e do bairro e apesar de ter tipo uma puberdade normal, tentou o suicídio.
O pai, Jacob Blau. Imigrante que casou-se novo e adoeceu de úlcera e hipertensão após a cirurgia da filha.
A mãe Esther Blau, imigrante, tem dois irmãos (Claude e Natalie) e sente que são os preferidos dos pais. Ficou grávida três vezes, na primeira vez nasceu Deborah, na segunda perdeu gêmeos e a terceira nasceu Susan. Deborah além de ser a primeira filha, nasceu loira e de pele clara, fato raro na família. O pai de Esther era muito inteligente, dominador e enérgico, e tinha deficiência física em uma perna. Apresentava sintomas de deliruin pois vivia falando com um “fidalgo” que só existia na cabeça dele.
A irmã chamava-se Susan, cinco anos mais nova que Deborah, aparentemente não se relata nada, aparentando um desenvolvimento normal.
A temática do livro gira em torno da doença de Deborah que após a tentativa de suicídio foi levada a um hospital psiquiátrico pelos pais e contra a vontade do avô, que a achava muito inteligente portanto sem necessidade de ajuda.
A doença manifestada aparenta ser esquizofrenia, que está relacionada com o rompimento do ego, pela intolerância a frustração ao não aceitamento da realidade externa, desencadeando o aparecimento de um mundo interno, que só é visto, sentido e ouvido pelo paciente. 
No caso de Deborah, o seu mundo interno era chamado de Yr, para onde ela fugia sempre que conteúdos psicológicos eram acessados, e quando não conseguia tolerar a realidade de sua vida, eventos como, perseguição por racismo religioso, sua descendência Judia, perseguições na escola e no bairro onde morava. Além desses fatos, havia também a necessidade de alcançar os ideais projetados por seus pais e avô ao que se esperava dela. Não se sentia amada, nem compreendida pelas pessoas a sua volta. 
Quando está no hospital começa terapia com a dra. Fried. Na terapia sente que pela primeira vez encontrou alguém que a entende, e não duvida quando ela afirma falar com os habitantes de Yr, ao contrário disso, a doutora começa a pedir que Deborah relate tudo o que se passa enquanto entra e sai desse mundo fantasioso e a acolhe sem duvidar de suas palavras.
Com isso a relação analista paciente tornou-se eficaz, pois se estabeleceu uma parceria onde Deborah podia existir, com seu mundo interno sem ser julgada pelo analista que a ouvia com empatia, respeito sendo verdadeira a relação, que antes Deborah não conseguia estabelecer com ninguém.
A menina não sentia dor quando causava ferimentos em si, não via cores e tinha uma visão unidimensional, o que tornava seu mundo real ainda pior. Todos esses sintomas eram gerados pela não aceitação da realidade, que acabaram por comprometer sua vida social, e intelectual, obrigando-a ficar cada vez mais reclusa e abandonar os estudos.
Ainda dentro do hospital, preferia ficar na ala D, onde sua “loucura” não seria questionada, aliviando assim seus sintomas de ansiedade, e angustia, já que alí não precisava ser “normal”. Isolava-se de tudo e de todos podendo viver no mundo de Yr, sem que ninguém a questionasse a respeito.
Com o passar dos meses, passava por surtos, que eram aliviados com tratamentos de eletro- choque procedimento comum aplicados em doentes mentais no pós guerra. Após cada sessão sentia-se realmente melhor, mas não se lembrava de nada, comprovação do seu comprometimento de memória.
Em certo ponto da história, verbaliza para doutora, a culpa que carregava por ter tentado matar sua irmã, quando essa era um bebê, tentando atirá-la pela janela. Achava-se tão ruim e nociva que acreditava carregar um veneno em seu corpo, que ao tocar os outros esses se tornavam loucos também, como se ela tiver o poder de estragá-los. Esse episódio mais a frente é discutido e abordado pela terapeuta que auxilia Deborah a perceber que tudo não passava de uma fantasia criada por ela, gerada pela angustia e ciúmes que sentia da irmã e que ao não ser conversada e sentida de forma correta por ela ser ainda uma criança sem condições psicológicas para entender seus sentimentos, desencadeou uma fantasia e culpas excessivas.
Percebe-se no decorrer do processo que com a ajuda da terapeuta Deborah consegue começar a perceber que o mundo de Yr e seus habitantes não eram reais. Percebeu também que no começo eles a ajudavam a se sentir melhor, mas que com o tempo os habitantes passaram a ser hostis e perseguidores tornando o contato com eles também um sofrimento para ela. Ao chegar nessa fase do tratamento, seus sentidos sofrem uma mudança, pois passou a sentir dor quando se queimava com cigarros, conseguia ver as cores e o mundo tornou-se tridimensional, o que fez com que ela pela primeira vez tivesse esperança em atingir uma vida normal.
Decidiu que conseguiria viver fora da Instituição, foi recebida de forma acolhedora e sem julgamentos pela senhora que alugava quartos, que certa vez até mesmo deixou seu netinho aos cuidados de Deborah. Essas atitudes proporcionam certo controle sobre os sintomas da doença, afinal a realidade externa não se fazia tão dolorosa quanto quando iniciou o tratamento.
Como precisava de trabalho e não tinha completado os estudos, era necessário que ela voltasse a estudar, esse fato desencadeou novamente um surto e Deborah a essa altura, já pressentindo o que aconteceria, pediu ajuda e voltou ao hospital. Esse fato de ter a percepção do que viria e a condição de pedir ajuda fez com que ela ganhasse mais confiança em si mesma e autonomia para retomar sua vida de onde tinha parado.
Ao final, fica claro que as alucinações auditivas vindas de Yr, não parariam jamais, que essa condição não seria mudada, mas a confiança e o esclarecimentos conquistados através da terapia e do tratamento, deram a Deborah a escolha de viver no mundo real, e ter força condições de conviver com conteúdos psicológicos anteriormente insuportáveis para ela, dando-lhe condições para escolher a vida real para viver.
No filme relatado, temos a oportunidade de observar os conflitos sofridos por pacientes que sofrem de esquizofrenia, através das narrativas, os sintomas são revelados de forma a esclarecer o sofrimento de pacientes em comprovar suas dores e seus fantasmas interiores que só são perceptíveis a eles. Demonstra também a importância da relação terapeuta-paciente para uma evolução positiva onde o paciente consiga levar uma vida mais ativa e produtiva em sociedade.
Podemos relacionar segundo Dalgalarrondo vários fatores de manifestações dos transtornos mentais de Deborah, toda sua história de vida contribui para sua doença sendo eles:
Fator patogenético: sintomas relacionados diretamente e produzidos pelo transtorno mental de base, como alucinações auditivas e percepção delirante;Fator patoplástico: relacionados a personalidade, cultural e história da vida do paciente;
Fator psicoplastico: reações do indivíduo e do meio psicossocial posteriores ao adoecimento. (DALGALARRONDO, 2008, p. 295)
Existem também evidências que corroboram com o quadro de esquizofrenia da personagem, que durante toda a história, oscila entre momentos de descontrole e momentos de certa normalidade não apresentando nenhum sintoma, falando sobre seus sentimentos e sua história de forma coerente. Seus sintomas geralmente aparecem quando sentimentos são insuportáveis ao seu ego desestruturado, devido a uma infância difícil surgem não há estrutura para suportá-los, o que desencadeia o rompimento com a realidade externa.
Essa falta de estrutura de ego e sua ruptura segundo Freud, é decorrente da sua formação enquanto criança através de pulsões sexuais apresentadas no bebê, que vai determinar a forma de ser do adulto.
As pulsões sexuais atravessam um complicado curso de desenvolvimento e só em seu final “primado da zona genital” é atingido. Antes disso, há várias “organizações pré-genitais” da libido – pontos em que ela pode ficar “fixada” e aos quais retornará, na ocorrência de repressão subsequente (“regressão”) (FREUD, apud DALGALARRONDO 2008, p. 264)
Para tal explicação citarei ainda Dalgalarrondo, 2008 onde explica que a personalidade do adulto provém da introjeção que a criança faz dos relacionamentos das relações familiares sobre tudo com seus pais.
Ainda em relação ao ego, e a esquizofrenia podemos citar também que
A desintegração do ego na esquizofrenia, representa um retorno à época em que este ainda não havia se desenvolvido, ou tinha acabado de ser estabelecido. Uma vez que o ego afeta a interpretação da realidade e o controle de impulsos internos, como sexo e agressividade, essas funções do ego estão comprometidas” (SADOK; SADOK; RUIZ, 2017. p. 306)
Sobre a relação estabelecida durante o tratamento com a doutora e que favoreceu a volta da paciente a uma possível autonomia, podemos observar no percurso do processo fatores que auxiliaram seu progresso, que só tinha efeito positivo quando tratada pela dra. Fried, e não com outros terapeutas que tentaram sem sucesso um contato real com a paciente. Podemos nomear alguns que se fizeram presentes durante a história.
Segundo Zimerman, 1999, se estabeleceu o par analítico, onde juntas, paciente e terapeuta relacionam-se de forma a caminharem juntas no processo. Houve também respeito, no olhar da terapeuta em conseguir enxergar o que havia “dentro” da paciente. Empatia, ao entender que o sofrimento apresentado era real, e extremamente sofrido. E a mais forte delas em meu entendimento, foi a capacidade do terapeuta em ser continente, acolhendo a projeção, decodificando-a, transformando-a para depois devolvê-la a paciente.
Para encerrar esse estudo sobre o livro, faz-se necessário numerar os sintomas da esquizofrenia, confirmando a importância e relevância do tema abordado para a não estigmatização de pacientes e a informação como forma de esclarecimento didático, são eles:
[...] existência de personalidade pré-morbida; há pouca flutuação no quadro clínico; não há distúrbio no sono-vigilia nem alteração do nível de consciência; a orientação está comumente preservada; alucinações em geral são auditivas; o delírio persecutório costuma ser personalizado (o perigo dirige-se exclusivamente contra o paciente)[...] (DALGALARRONDO, 2008, p. 372)
VI. BIBLIOGRAFIA
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008. Cap. 22, p. 257 - 276.
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008. Cap. 25, p. 293 - 300.
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008. Cap. 36, p. 368 - 375.
SADOCK, J. B.; SADOCK, A. V.; RUIZ, P. COMPÊNDIO DE PSIQUIATRIA. Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. Porto Alegre, ARTMED. 11ª ed., 2017. p. 300 - 346.
ZIMERMAN, D. E. Fundamentos Psicanalíticos: Teoria, Técnica e Clínica – uma abordagem didática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. Cap. 41, p. 451 - 458.
VII. AVALIAÇÃO FINAL DO PROFESSOR
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	Bom 
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