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Direito e Globalização 1 (Direito UNIP)
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do dano. 2.2 Dos movimentos ecológicos 2 Id. Ibid., p. 206. 3 Divisão entre o valor do PIB e o total da população. Durante o início daquele colapso, um grupo político desiludido com a polarização entre as posições antagônicas dos países capitalistas, liderados pelos E.U.A. e do mundo comunista, liderados pela então U.R.S.S., procuraram estabelecer bases para uma nova via política, na qual se estabelecesse uma nova relação no sistema produtivo, levando-se em conta preocupações inéditas com o meio ambiente, buscando a reciprocidade entre o homem e a natureza e não mais o antagonismo até então reinante . 4 Esse movimento denominado como ecologista ou ambientalista, conheceu algumas divisões filosóficas, surgiram, fundamentalmente, duas correntes de pensamento de maior importância. A primeira conhecida como ecologia profunda ( ou deep ecology), fundamente em 1973 pelo filósofo norueguês Arne Ness , e a outra denominada ecologia rasa ou 5 antropocêntrica mitigada. Na ecologia profunda o paradigma estabelecido é o biocêntrico, portanto há a crença que a natureza possui um valor intrínseco em si, não havendo necessidade de intercambiar com qualquer necessidade humana. A ecologia profunda acredita que animais e vegetais possuam “ direitos” que devam ser respeitados e que podem inclusive serem opostos contra os seres humanos e que a convivência do homem com a natureza deva ser de respeito e 6 harmonia não se tolerando qualquer tipo de domínio ou submissão de um para com o outro. 7 A economia para os ecologistas profundos só pode ser desenvolver em completo respeito aos parâmetros naturais, sendo vedada qualquer atividade econômica, ainda com pretensões sociais, que de algum modo limite ou vilipendie ou recursos naturais. Os ecologistas profundos refutam a idéia de que o homem tem direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado , pois crêem que a visão antropocêntrica da realidade 8 ignora os interesses de outras espécies e o equilíbrio ecológico mundial, além de estimular a exploração indiscriminada da natureza. A ecologia rasa ou antropocêntrica mitigada, por outro lado, defende a necessidade do homem respeitar a natureza, mas não reconhece aos animais e as plantas direitos intrínsecos. O antropocentrismo mitigado defende que o direito e seus valores são voltados à proteção do 4 Cf. PINTO, Antônio Carlos Brasil. A globalização, o meio ambiente e os movimentos ecológicos. In: Direito Ambiental Contemporâneo. Coord. José Rubens Morato Leite & Ney Barros Bello Filho. Barueri, SP: Manole, 2004, p. 342. 5 Cf. SILVA, José Robson. Paradigma biocêntrico: do patrimônio privado ao patrimônio ambiental. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 300. 6 Cf. LEITE, José Rubens Morato. Sociedade de risco e estado. In: Direito Constitucional Ambiental Brasileiro. Coord. José Joaquim Gomes Canotilho & José Rubens Morato Leite. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 131. 7 Cf. SILVA, José Robson. op. cit., p. 301. 8 Cf. CARVALHO, Edson Ferreira. Meio ambiente & direitos humanos. 2.° tiragem. Curitiba: Juruá, 2006, p. 179. ser humano e que há uma certa ascensão entre o homem sobre a natureza. Os antropocêntricos defendem a existência de um direito humano ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Eles ressaltam as vantagens desse reconhecimento, dentre elas a 9 legitimação da supervisão internacional das políticas ambientais na esfera doméstica dos Estados, permitindo a apresentação de petições individuais às instituições de direitos humanos e o estímulo à formação de remédios apropriados à proteção do meio ambiente perante o Poder Judiciário local. Entre essas duas correntes do movimento ecológico, os ecologistas profundos e os antropocêntricos, surgiram várias subdivisões que procuraram mesclar os conceitos de ambas. O fato é que o radicalismo das propostas dos ecologistas profundos, contribuiu para dividir o movimento ambientalista e trouxe uma certa resistência entre os defensores dos direitos humanos em aceitar a idéia de um direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Afinal, os defensores dos direitos humanos alegavam que as instituições ligadas à 10 defesa daqueles direitos já teriam problemas suficientes e que a ampliação de seu mandato para tratar de questões ambientais traria competição pelos escassos recursos daqueles órgãos, reduzindo ainda mais sua efetividade. De outro lado, alguns ambientalistas, acreditavam que a implementação de todos os direitos humanos poderia importar no risco maior ao meio ambiente, eis que para satisfazer todas as necessidades catalogadas como fundamentais haveria o vilipêndio ainda mais significativo dos já escassos recursos naturais. Felizmente esse impasse foi solucionado em meados do século XX e grande parte do movimento dos direitos humanos e do movimento de proteção ao meio ambiente reconheceram a necessidade de se declarar a existência de um direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e a partir daí começaram a trabalhar em conjunto com vistas a efetivação daquele direito. Graças a união desses esforços começou a haver o reconhecimento, no plano internacional, da proteção ao meio ambiente como um direito humano. A declaração de Estocolmo de 1972, a primeira declaração com preocupações ambientais desenvolvida no plano do direito internacional sintetiza em parte tais preocupações. 9 Id. Ibid., p. 179. 10 Id. Ibid, p. 153 No Brasil o movimento ecológico surge juntamente com outros movimentos da sociedade civil que procuravam se organizar no sentido de combater o regime de exceção ( 1964-1988). O derramamento de óleo na baia da Guanabara e no canal de São Sebastião (SP), o incêndio da Vila Socó e os problemas causados pela poluição em Cubatão, são apenas alguns exemplos de graves problemas ambientais que o Brasil passava a conhecer a partir da década de setenta do século passado e que começariam a sensibilizar a sociedade para a necessidade do combate aos desequilíbrios ambientais em nosso país. Esse movimento se intensifica, a partir da década de 80 do século passado, e ganha um dinamismo próprio a partir da redemocratização do país. No entanto, ao contrário do dilema que se passava nos países centrais, o movimento ecológico brasileiro esteve marcado, em sua maioria, pela concepção que a preocupação ecológica seria aliada no combate à miséria e as desigualdades sociais. Entre nós, cedo prevaleceu o antropocentrismo mitigado ou diferido, havendo poucas manifestações da ecologia profunda. Isso permitiu que a defesa do meio ambiente viesse associada ao caráter democrático e com raízes humanas, atuando em conjunto com o florescer dos novos direitos no Brasil 11 notadamente a proteção aos direitos indígenas, das populações tradicionais e dos excluídos em geral. A igreja católica no Brasil também contribuiu para que houvesse a disseminação na sociedade civil da preocupação com a questão ambiental. Alguns de seus quadros fizeram denúncias públicas