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Fernando Augusto De Vita Borges de Sales DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Sobre o autor: Fernando Augusto De Vita Borges de Sales é natural de São Caetano do Sul, SP. Bacharel em direito formado pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo em 1992, é pós-graduado “lato sensu” em direito civil, direito do trabalho e direito do consumidor pela UNIFMU e Mestre em direitos difusos e coletivos, com ênfase em direito ambiental, pela UNIMES. É advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil desde 1992, na subsecção de São Caetano do Sul (SP), onde foi diretor tesoureiro no triênio 2006-2008. É professor da UNIP desde 2008, nas cadeiras de Direito Ambiental, Direito do Consumidor e Processo Civil. Leciona, também, na Faculdade São Bernardo e no Complexo de Ensino Andreucci-Proordem. Autor de vários livros na área do direito. Exclusivo para alunos da FASB Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução sem autorização. SUMÁRIO Introdução Parte I. Porque sustentabilidade? Cap. 1. Entendendo o desenvolvimento sustentável. 1.1. O meio ambiente 1.1.1. Definição 1.1.2. Ecologia 1.1.3. Classificação 1.2. O desenvolvimento econômico mundial 1.3. Globalização 1.4. A sociedade de risco como paradigma da gestão ambiental 1.5. Os maiores desastres ambientais provocados pela atividade humana 1.5.1. 1976: Seveso, Itália. 1.5.2. 1978: França. 1.5.3. 1984: Bhopal, Índia. 1.5.4. 1986: Chernobyl, Ucrânia. 1.5.5. 1986: Basiléia, Suíça. 1.5.6. 1986: Césio 137, Goiânia, Brasil. 1.5.7. 1989: Exxon Valdez. 1.5.8. 2002: Prestige. 1.5.9. 2010: BP, Golfo do México. 1.6. A sustentabilidade como paradigma para o século XXI. Cap. 2. O desenvolvimento sustentável e a sua evolução histórica. 2.1. A Conferência de Estocolmo de 1972. 2.2. O Relatório Brundtland. 2.3. Conferência do Rio - ECO-92 2.4. Agenda 21. 2.5. Protocolo de Kyoto. 2.6. Conferência de Johannesburgo 2002 2.7. Plataforma Durban 2.8. RIO + 20 2.9. DOHA 2012. Cap. 3. A sustentabilidade vista por outras áreas 2.1. A sustentabilidade na visão econômica 2.2. A sustentabilidade na visão social. 2.3. A sustentabilidade na visão ambiental Cap. 4. Dimensões do desenvolvimento sustentável 4.1. Desenvolvimento 4.2. Desenvolvimento econômico x desenvolvimento sustentável. 4.3. As dimensões do desenvolvimento sustentável. 4.3.1. Vida. 4.3.2. Coesão social. 4.3.3. Educação Parte II – A sustentabilidade no Brasil. Cap. 5. A sustentabilidade e o direito brasileiro 5.1. A Política Nacional do Meio Ambiente. 5.2. A constitucionalização do direito ambiental brasileiro. 5.3. O desenvolvimento sustentável como princípio do direito ambiental brasileiro. 5.3.1. A livre iniciativa na Constituição Federal como fundamento da ordem econômica. 5.3.2. O capitalismo 5.3.3. Os limites da livre iniciativa 5.3.4. O desenvolvimento sustentável como princípio constitucional do direito ambiental brasileiro. 5.4. Outros princípios constitucionais correlatos. 5.4.1. Princípio do poluidor-pagador. 5.4.2. Princípio da prevenção 5.4.3. Princípio da participação. Cap. 6. O desenvolvimento sustentável na legislação ambiental brasileira pós Constituição Federal de 1988. 6.1. Licenciamento ambiental. 6.2. Política Nacional de Recursos Hídricos. 6.3. Proteção das florestas. 6.3.1. O Código Florestal. 6.3.2. Unidades de Conservação. 6.3.3. Proteção da Mata Atlântica. 6.4. O Estatuto da Cidade Cap. 7. Sustentabilidade e administração de empresas 7.1. Responsabilidade social da empresa. 7.2. Gestão ambiental da empresa. 7.3. O certificado ISO 14000. Cap. 8. Sustentabilidade e a proteção ambiental 8.1. Dano ambiental 8.1.1. Dano. 8.1.2. Dano indenizável. 8.1.3. Dano ambiental. 8.2. Responsabilidade ambiental 8.2.1. Responsabilidade total. 8.2.2. Responsabilidade objetiva. Bibliografia INTRODUÇÃO Uma constatação que podemos fazer por simples observação é que a natureza não é infinita. Pelo contrário, temos visto cada vez mais que os recursos naturais são escassos. Desmatamento, poluição atmosférica e hídrica, infelizmente, são situações do nosso cotidiano. É muito difícil recuperar uma floresta, como difícil também é despoluir o ar ou os rios. Dessa constatação vai surgir a preocupação com o meio ambiente. Se os recursos ambientais são finitos, devemos ter o cuidado de protegê-los e preservá-los para que não acabem e para que os nossos filhos e os filhos de nossos filhos também possam deles desfrutar. Mas essa preocupação é recente, como recente é também aquela constatação. Durante séculos o ser humano pensou que mãe-natureza iria suprir todas as suas necessidades, e nenhuma preocupação com o meio ambiente houve. A degradação ambiental não é coisa nova. Desde sempre o ser humano destrói a natureza. É uma relação perversa, de exploração unilateral e sem contrapartida. Todavia, a situação se agravou a partir da Revolução Industrial. A descoberta da máquina mudou toda a feição da produção até então existente, ganhando contornos industriais, com a massificação da economia e o aumento exacerbado do consumo. É um ciclo vicioso, em que o aumento do consumo importa no aumento da produção, que implica numa maior utilização dos recursos naturais. Nos últimos dois séculos, a degradação da qualidade ambiental chegou a níveis intoleráveis, revelando uma situação que não pode mais continuar, sob risco de comprometer a própria existência humana na Terra. A comunidade internacional tomou ciência desse problema e, a partir da segunda metade do século XX, passou-se a debater com maior intensidade a questão ambiental. A ONU promoveu diversas conferências para tratar do assunto, trazendo-o para a ordem do dia. Concluiu-se que a sustentabilidade é a saída para o nosso planeta doente. O presente estudo propõe trazer ao leitor uma ideia do que seja esse desenvolvimento sustentável e da sua importância na nova ordem mundial. Para tanto, iremos abordar questões ligadas diretamente ao tema, como o meio ambiente, o desenvolvimento econômico e a sociedade de risco (capítulo 1); traçaremos a evolução histórica do instituto em questão (capítulo 2); analisaremo-lo em face de outras áreas do conhecimento, através da visão econômica, a visão social e a visão ambiental (capítulo 3); abordaremos as diversas dimensões que o envolvem (capítulo 4), veremos a sustentabilidade no direito brasileiro, antes e depois da Constituição Federal de 1988 (capítulo 5 e 6), trataremos da sustentabilidade na administração de empresas (capítulo 7) e da responsabilidade pelo dano ambiental (capítulo 8). Longe de querer esgotar o assunto, o presente trabalho tem a pretensão apenas de promover o debate, dando ao leitor uma base para conhecer a matéria e despertar a atenção para tão importante assunto. PARTE I – CAP. 1. ENTENDENDO O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Observamos o desmatamento de nossas florestas, o desperdício de nossas forças hidráulicas, a erosão de nosso solo, arrastado para o mar pelas enxurradas e o próximo esgotamento de nossas jazidas de carvão e ferro. Mas por menos visíveis e menos tangíveis, estimamos superficialmente os maiores desgastes que ocorrem todos os dias, em função do esforço humano e os decorrentes de nossos atos errôneos, mal dirigidos ou ineficientes [...]. (TAYLOR, 1985, p. 26). 1.1. O meio ambiente. 1.1.1. Definição O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu em razão da preocupaçãocom a proteção e preservação da natureza. Temos, então, uma ligação indissociável entre sustentabilidade e meio ambiente. Destarte, para podermos entender o que é o desenvolvimento sustentável, devemos primeiro entender o que é meio ambiente e com a sua proteção e preservação para as presentes e futuras gerações. A expressão “meio ambiente” é utilizada para designar tudo que está à nossa volta, onde vivemos, onde trabalhamos, onde moramos, onde nos divertimos. Em realidade, a expressão “meio ambiente” encerra um verdadeiro pleonasmo, na medida em que meio e ambiente significam exatamente a mesma coisa. Todavia, a expressão “meio ambiente” foi consagrada na literatura jurídica pátria, sendo reconhecida tanto na Constituição Federal de 1988 quanto na legislação infraconstitucional. Isso se dá, principalmente, em razão da “imperiosa necessidade de dar aos textos legislativos a maior precisão significativa possível” (SILVA, J. A., 2007, p. 20). A preocupação com a preservação do meio ambiente é relativamente nova em relação à história da evolução da humanidade. Ela vai se manifestar principalmente a partir do século XX, e com mais intensidade após a sua segunda metade. Antes disso, pouca – ou nenhuma – preocupação havia do homem em relação ao meio ambiente. O fato importante que impulsionou essa preocupação foi a Revolução Industrial, que levou a níveis alarmantes a degradação ambiental. A interação do ser humano com a natureza nunca foi tranquila. De uma forma ou outra o homem sempre agrediu a natureza. Desde a sua aparição na face da Terra, a sua relação com a natureza sempre foi de denominação. O ser humano, desde sempre, explora os recursos naturais para satisfazer as suas necessidades pessoais. A ideia que se tinha era de que os recursos naturais eram ilimitados, e que a “mãe-natureza” sempre supriria com abundância esses recursos. O problema, todavia, mostrou sua face com a Revolução Industrial, ocorrida no final do século XXI, com as grandes indústrias e a consequente produção de massa. O desenvolvimento econômico desordenado decorrente daquela revolução, com maior exploração dos recursos naturais e nenhuma preocupação com o meio ambiente, trouxe como consequência uma maior deteriorização da qualidade ambiental e revelou a limitação de seus recursos, que se mostraram finitos. Por conta disso, despertou-se a consciência de algumas pessoas ou grupos de que algo precisava ser feito para proteger e preservar os bens ambientais, eis que “[...] a má utilização dos recursos naturais, o desenvolvimento econômico a qualquer preço, o descuido com a conservação da natureza, poderão acarretar graves consequências. Quiçá, até, o fim da espécie humana” (FREITAS, 2002, p. 14). O meio ambiente recebeu definição legal na Lei 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente), sendo conceituado como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Afirma-se, desta forma, que o meio ambiente é “a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas” (SILVA, J. A., 2007, p. 20), 1.1.2. Ecologia O despertar dessa consciência, dessa preocupação com a relação dos seres vivos com o meio ambiente vai originar uma ciência específica: a ecologia. Essa palavra ecologia tem origem grega, derivando da palavra oikos, que tem o sentido de casa ou de lugar onde se vive. Podemos, assim, entender que ecologia é o estudo dos seres vivos em sua casa (cf. FREITAS, 2002, p. 13). A ecologia é definida, pois, como a ciência que estuda as relações dos organismos ou grupos de organismos vivos com o ambiente em que vivem. O estudo do meio ambiente tem, assim, estreita ligação com a ecologia. 1.1.3. Classificação do meio ambiente Temos uma tendência de ver o meio ambiente apenas como aquilo que a natureza nos proporciona. É comum, pois, relacioná-lo apenas com árvores ou animais. Mas o conceito de meio ambiente é muito mais abrangente que isso. Com base na definição legal de meio ambiente, que nos é dada pelo art. 3º da Lei 6.938/81, e nas disposições contidas na Constituição Federal que mencionaremos a seguir, podemos classificá-lo à seguinte forma (cf. SALES, 2007): a) Meio ambiente natural: É constituído por solo, água, ar atmosférico, flora e fauna. Encontramos sua previsão constitucional nos inciso I e VII do art. 225: I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; [...] VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. b) Meio ambiente artificial. É o espaço urbano construído, constituído pelo conjunto de edificações e pelos equipamentos públicos. Encontramos previsão constitucional principalmente no art. 182, que trata da Política Urbana. No plano infraconstitucional, temos o Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001). c) Meio ambiente do trabalho. É o local onde as pessoas executam suas atividades laborais, cujo equilíbrio baseia-se na salubridade do meio a na ausência de agentes que comprometem a saúde dos trabalhadores. Está previsto na Constituição federal, no art. 200, VIII: Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: [...] VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. d) Meio ambiente cultural. É integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico de um povo. Encontramos previsão constitucional no art. 216, que trata do Patrimônio Cultural Brasileiro. Podemos perceber, destarte, que o conceito de meio ambiente é bem mais amplo do que tendemos a perceber, constituindo, em realidade, um conceito jurídico indeterminado, apto a receber a incidência da norma jurídica correspondente à defesa de suas múltiplas facetas. Como afirma Mazzilli (2005, p. 142-143): O conceito legal e doutrinário é tão amplo que nos autoriza a considerar de forma praticamente ilimitada a possibilidade de defesa da flora, da fauna, das águas, do solo, do subsolo, do ar, ou seja, de todas as formas de vida e de todos os recursos naturais, com base na conjugação do art. 225 da Constituição com as Leis ns. 6.938/81 e 7.347/85. Estão assim alcançadas todas as formas de vida, não só aquelas da biota (conjunto de todos os seres vivos de uma região) como da biodiversidade (conjunto de todas as espécies de seres vivos existentes na biosfera, ou seja, todas as formas de vida em geral do planeta), e até mesmo está protegendo o meio que as abriga ou lhes permite a subsistência. Por isso é um equívoco pensar no meio ambiente como apenas aquilo que provém da natureza. O meio ambiente natural é apenas uma das classificações em que se subdivide o meio ambiente, não podendo nos esquecer, jamais, das outras. 1.2. O desenvolvimento econômico mundial. Os países esquizofrênicos do Segundo Mundo são também os Estados que determinarão o equilíbrio do poder no Século XXI entre os três principais impérios do mundo – os Estados Unidos, a União Europeia e a China –, à medida que cada um se valer das alavancas da globalização para exercer sua própria força gravitacional. Como os países escolhem as superpotências à qual irão se aliar? Que modelo de globalização prevalecerá? O Oriente será capaz de rivalizar com o Ocidente? As respostas podem ser encontradas no Segundo Mundo, e somente no Segundo Mundo (KHANNA, 2008, p. 10). Existe uma clara e inescondível preocupação mundial com o desenvolvimento econômico. Os países buscam desenvolver-se para melhoremsua economia e com isso se tornarem fortes e poderosos. Afinal, é o dinheiro, hoje, a mola mestra que impulsiona e movimenta o mundo. O mundo está divido em três principais categorias de países: os desenvolvidos, os em desenvolvimento e os subdesenvolvidos. É o que se convencionou chamar de Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo, respectivamente. O Brasil é considerado um país em desenvolvimento, logo do Segundo Mundo. Entende-se por desenvolvimento econômico o fenômeno que ocorre quando a renda real de um país, decorrente de suas atividades produtivas, aumenta dentro de um dado período de tempo. Essa renda real nacional pode ser entendida como o produto total interno de um determinado país, referente a bens e serviços. Temos que ter em conta, inicialmente, que, para haver desenvolvimento não basta apenas o crescimento econômico, ou seja, o crescimento do produto interno nacional. É que o desenvolvimento está sempre associado a aspectos qualitativos, que devem resultar do próprio processo econômico. Assim, para se falar em desenvolvimento, devemos ter um crescimento econômico aliado a um aumento na qualidade de vida da população, com a distribuição justa e igual da riqueza. Para se ter desenvolvimento, o crescimento econômico deve estar atrelado à redução das desigualdades e da pobreza, a melhores condições de trabalho e de salário, ao acesso à moradia e aos serviços sociais. Pode-se dizer, destarte, que o desenvolvimento econômico é um processo de mudança social, através do qual as necessidades humanas são supridas pelo resultado da produção interna. Basicamente é processo de crescimento, decorrente da acumulação de capital, da agregação de conhecimento e tecnologia, que resulta na melhoria do padrão de vida do povo de um determinado estado. Esse desenvolvimento econômico é o buscado pelos sistemas de economia capitalista e envolve a utilização de recursos naturais. Os países buscam o crescimento econômico e o consequente desenvolvimento utilizando- se, na sua maioria, dos seus recursos naturais. Eles têm o direito de usar esses recursos, pois todos têm direito ao desenvolvimento. O desafio é alcançar o uso sustentável desses recursos. 1.3. Globalização. A globalização é um fenômeno que surgiu com o desenvolvimento econômico, apoiado na tecnologia. Trata-se de um processo de superação das fronteiras nacionais no desenvolvimento do comércio, que ao mesmo tempo possibilita e força a integração regional. Ela se baseia numa larga interdependência mundial da economia e da comunicação, formando uma sociedade única. Esse fenômeno começou a surgir ao fim do regime comunista na antiga URSS, que separava o mundo em dois grandes blocos: o capitalista e o comunista. Juntamente com suas diferenças ideológicas, aqueles dois grandes blocos enfrentavam-se numa batalha que se denominou “Guerra Fria”, apoiada numa corrida armamentista, seguida por uma ameaça concreta de que qualquer uma das duas superpotências poderia destruir o mundo com suas armas nucleares. Aglutinados em alianças militares, o bloco liderado pelos EUA denominava-se OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), enquanto o bloco liderado pela URSS constituía o Pacto de Varsóvia. A internet, a rede mundial de computadores, foi desenvolvida no meio da Guerra Fria, na década de 1960, quando o governo dos Estados Unidos encarregou o Pentágono de criar um sistema de troca de dados eficaz, ágil e à prova de sabotagens. Com o fim da Guerra Fria, e especialmente com a dissolução do bloco soviético em dezembro de 1991, a internet tornou-se de acesso público, mudando a face o planeta e reduzindo as distâncias e facilitando o surgimento do fenômeno em questão. A principal consequência da globalização é a integração regional. Essa regionalização é construída a partir do momento em que os países geograficamente próximos estreitam seus laços econômicos, iniciando um processo de unificação de diversos critérios. Os processos de integração econômica regional têm se desenvolvido, normalmente, por etapas progressivas e distintas. Os principais objetivos desses processos de integração regional são a ampliação da resistência frente às barreiras aduaneiras, o fomento do intercâmbio tecnológico, a ampliação dos mercados, a maior facilidade de acesso a matérias primas e o maior poder de pressão na defesa de seus interesses nas negociações internacionais. A construção desses blocos econômicos regionais se antepõe ao desafio proposto pela globalização, que avança sobre o planeta ignorando as fronteiras, conduzindo os Estados a uma situação de impotência e debilidade. A integração regional desses Estados faz com eles adquiram a força necessária para enfrentar as grandes potências econômicas (estatais e privadas). A globalização, como fenômeno econômico que é, vai representar um importante papel na questão ambiental. Tanto é, que na Declaração de Johannesbrugo, de 2002, restou consignada essa preocupação, como se vê no item 14: 14. A globalização adicionou uma nova dimensão a esses desafios. A rápida integração de mercados, a mobilidade do capital e os significativos aumentos nos fluxos de investimento mundo afora trouxeram novos desafios e oportunidades para a busca do desenvolvimento sustentável. Mas os benefícios e custos da globalização são distribuídos desigualmente, sendo que os países em desenvolvimento enfrentam especiais dificuldades para encarar esse desafio. 1.4. A sociedade de risco como paradigma da gestão ambiental. [...] enquanto na sociedade industrial a “lógica” da produção de riqueza domina a “lógica” da produção de riscos, na sociedade de risco essa relação se inverte. Na reflexividade dos processos de modernização, as forças produtivas perderam a sua inocência. O acúmulo de poder do “progresso” tecnológico- econômico é cada vez mais ofuscado pela produção de riscos. Estes somente se deixam legitimar como “efeitos colaterais latentes” num estágio inicial. Com sua universalização, escrutínio público e investigação (anticientífica), eles depõem o véu da latência e assumem um significado novo e decisivo nos debates sociais e políticos. Essa “lógica” da produção e distribuição de riscos será desenvolvida em comparação com a “lógica” da distribuição de riqueza (que até então definia o pensamento sócio-teórico). No centro da questão estão os riscos e efeitos da modernização, que se precipitam sob a forma de ameaças à vida de plantas, animais e seres humanos. (BECK, 2010, p. 15-16) A evolução do modelo econômico iniciado com a Revolução Industrial, manifestado especialmente pela assunção do capitalismo como modelo vencedor, vai acarretar uma mudança de paradigma no modo como devemos observar a relação homem-natureza, no que se refere às atividades empresariais. Não há dúvida de que a Revolução Industrial exerceu um papel importante na alteração da vida humana em todo o século XX e neste início de século XXI. Antes dessa revolução, não havia produção industrial em larga escala, sendo que a agricultura era a principal atividade econômica até o século XIX. A Revolução Industrial veio alterar essa situação, na medida em promoveu retirou o homem do campo e o inseriu nos grandes centros urbanos que se formaram em torno das indústrias. Mas do mesmo modo que esse processo de industrialização aumenta a força produtiva, ele permite um crescimento das potencialidades do homem. E quanto maior o potencial humano de gerar conhecimento, mais torna incerto o futuro (cf. DEMAJOROVIC, 2003, p. 19). O aumento do desenvolvimento econômico, de forma acelerada e sem uma maior preocupação com fatores externos, vali levar a humanidade numa situação perigosa, colocando-a em risco. A produção econômica da sociedade contemporânea tem por base a busca por inovações,que possibilitem o aumento da produção com um menor custo. Essas novas relações econômicas advindas daí estruturam-se sobre a busca da modernização de novas tecnologias. Assim, o desenvolvimento vai ser ditado pela rapidez com que essas novidades são apresentadas, e a própria sobrevivência da empresa, no modelo capitalista em que se funda o mercado, depende da sua adaptação a essas modernidades. O problema é que a velocidade dessas descobertas - que aumentam a produção e reduzem os custos - não são acompanhadas pelo conhecimento científico necessário para neutralizar seus efeitos. Muitas vezes, nem mesmo seus efeitos são conhecidos. Muitos produtos são colocados no mercado sem que estudo conclusivo sobre seus efeitos tenha sido realizado. Basta lembrar, por exemplo, da Talidomida, medicamento utilizado como sedativo e que foi responsável pela deformidade de nascituros. Tais circunstâncias vão caracterizar a sociedade contemporânea como uma sociedade de risco. A assunção do risco como elemento preponderante da organização social é o caminho a ser trilhado pelos principais instrumentos de interação social, inclusive o direito. É o risco, pois, o novo paradigma que as ciências sociais e jurídicas deverão utilizar no seu desenvolvimento. Não há consenso sobre as origens da palavra “risco”, mas podemos observar duas vertentes. A primeira é que ela provém de um termo árabe, utilizado pelos espanhóis na época das grandes navegações, que significa correr para o perigo ou ir contra uma rocha. A segunda, é que ela seria derivada do latim risicu, que significa ousar, atuar perante a possibilidade de perigo (cf. BOTTINI, 2007, p. 29). Risco e perigo não são sinônimos, mas é evidente que eles se relacionam. Risco é a atitude que o ser humano adota diante do perigo ou da possibilidade de perigo; ele “refere-se à tomada de consciência do perigo futuro e às opções que o ser humano faz ou tem diante dele” (BOTINNI, 2007, p. 32). Assim, o risco deve estar diretamente relacionado com planejamento, estratégia e tomada de decisão. A sociedade de risco é produto da evolução do modelo econômico surgido com a Revolução Industrial, baseado no capitalismo e no livre mercado, onde o incremento das técnicas de produção aumenta consideravelmente o perigo para a sociedade. A produção da riqueza é inexoravelmente acompanhada por um risco social. Há um flagrante descompasso entre esse desenvolvimento científico industrial e o conhecimento das consequências de seu uso, que faz surgir a insegurança, a incerteza e que conduz o ser humano a ter de lidar com os riscos sob uma nova perspectiva, que será importante para a organização social, em todos os seus aspectos. Desta forma, “o risco deixa de ser um dado periférico da organização social para transmutar-se em conceito nuclear, relacionado à própria atividade humana” (BOTTINI, 2007, p. 35). Se antes a sociedade industrial era caracterizada pelos conflitos em relação à produção e distribuição de riqueza, hoje ela é centrada no conflito em torno da produção e distribuição de riscos (cf. DEMAJOROVIC, 2003, P. 35). A atividade empresarial decorrente da Revolução Industrial traz consigo um risco. Como a atividade empresarial é uma atividade humana, podemos afirmar que esse risco é criado pelo próprio homem. Em era passadas, os riscos eram apenas originados de fenômenos naturais, cuja ocorrência inesperada ameaçava bens fundamentais. Atualmente, além desses fenômenos naturais, a atuação do homem também vai colaborar para essa crise. Trata-se da teoria do risco criado pelo homem, que vai ganhar espaço na sociedade industrial do Século XX. As atividades empresariais são notadamente perigosas, criando um risco para a sociedade como um todo. O próprio desenvolvimento econômico baseado no capitalismo competitivo propicia o aumento dos riscos. E esse risco ameaça, principalmente, o meio ambiente. A relação dessas atividades empresariais com a natureza não é pacífica, e o que pode advir daí é o motivo da preocupação manifestada. Mas, se esse novo tipo de risco surge a partir de um comportamento do próprio homem, isso significa que ele poderá ser controlado por medidas restritivas e por mecanismos de gestão de risco. Também o poder público poderá impor limites para esse risco, da mesma forma que poderá impor sanções para quem exceder esses limites. Nesse sentido, dispõe a Constituição Federal, no art. 225, § 1°, V: § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: [...] V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; Por conta disso, temos que o Poder Público não pode se omitir no exame das técnicas e métodos utilizados nas atividades humanas que ensejem risco para a saúde humana e o meio ambiente (cf. MACHADO, P. A. L, 2005, p. 73). Em relação à iniciativa privada, sabendo-se tratar de atividade que gera riscos, as empresas deverão adotar medidas para minimizá-los e evitá-los, através de um sistema de gestão ambiental ativo e eficaz, adotando uma postura sustentável. 1.5. Maiores desastres ambientais provocados pela atividade humana. Na história recente da humanidade, grandes desastres ambientais foram causados pela ação humana e se tornaram exemplos – a não ser seguido – que fizeram despertar a consciência ambiental. 1.5.1. 1976: Seveso, Itália. Em 10 de junho de 1976, na cidade de Seveso na Itália, um acidente provocado pela empresa Suíça ICMESA em que tanques de armazenagem se romperam, liberou TCDD (tetraclorodibenzeno) na atmosfera, atingindo o norte da Itália. Por conta desse acidente, estima-se que 3.000 animais morreram e outros 70.000 tiveram de ser sacrificados. Esse acidente levou a União Européia a publicar a Diretiva de Seveso, com regulamentos industriais mais rígidos. 1.5.2. 1978: França. Em 16 de março de 1978, na costa da Bretanha, na França, o navio petroleiro Amoco Cadiz, da empresa Amoco, sofreu um acidente e se partiu em três e afundou. O navio transportava 220.000 toneladas de óleo cru, sendo que vazaram para o mar. Vinte mil pássaros e milhões de moluscos, ouriços, mariscos foram encontrados mortos. Quatro meses após o acidente, o óleo ainda chegava à costa francesa. 1.5.3. 1984: Bhopal, Índia. Em 03 de dezembro de 1984, entre duas e cinco mil pessoas morreram, e outras duzentas mil ficaram feridas, quando uma fábrica da Union Carbide localizada na cidade de Bhopal, na Índia, despejou aproximadamente 40 toneladas de gás letal – isocianato de metila – sobre a atmosfera da cidade. Outras 200.000 pessoas ficaram cegas ou feridas. 1.5.4. 1986: Chernobyl, Ucrânia. Em 26 de abril de 1986, um acidente ocorreu na Usina Nuclear instalada na cidade de Chernobyl, na Ucrânia, então integrante da União Soviética, quando o reator central teve problemas técnicos e liberou uma imensa nuvem radioativa, que contaminou pessoas, animais, e todo o ambiente. Esse acidente liberou radiação em níveis quatrocentas vezes maiores que a bomba atômica de Hiroshima. 1.5.5. 1986: Basiléia, Suíça. No dia 1º de novembro de 1986, um incêndio ocorreu na fábrica da empresa química Sandoz, na cidade da Basiléia, na Suíça. Em pouquíssimo tempo, os seis mil metros quadrados do depósito 956 foram destruídos pelo fogo. Mais de mil toneladas de inseticidas, substâncias à base de ureia e mercúrio transformaram-se em nuvens tóxicas incandescentes. Tambores de produtos químicos explodiram no ar como se fossem granadas. A água usada para conter as chamas carregou produtos altamente tóxicos para o Rio Reno, contaminado- o. A fauna aquática daquele rio foi a mais afetada. Foram encontradas mais de cento e cinqüenta mil enguias mortas entre aBasiléia e Kurlsruhe, na Alemanha. 1.5.6. 1986: Césio 137, Goiânia, Brasil. Em setembro de 1987, na cidade de Goiânia, em Goiás, um aparelho usado em radiografias foi encontrado num hospital abandonado por catadores de lixo. Ele foi desmontado e as partes foram vendidas a outras pessoas. Dentro desse aparelho havia uma cápsula de cloreto de césio, que é obtido a partir do radioisótopo 137 (daí o nome césio 137). Quando o aparelho foi desmontado, o césio 137 foi exposto e contaminou várias pessoas que com ele tiveram contato. Várias pessoas morreram em virtude da contaminação. No total, foram 60 mortos e mais de 6 mil contaminados. 1.5.7. 1989: Exxon Valdez. O Exxon Valdez era um navio petroleiro da empresa ExxonMobil, que, em 24 de março de 1984, depois de encalhar na Enseada do Príncipe Guilherme, na costa do Alasca, lançando aproximadamente 150.000 metros cúbicos de petróleo no mar. Em consequência, centenas de milhares de animais morreram. De acordo com as estimativas, morreram 250.000 pássaros marinhos, 2.800 lontras marinhas, 250 águias e 22 orcas, além da perda de bilhões de ovos de salmão. 1.5.8. 2002: Prestige. No dia 13 de novembro de 2002, na costa da Espanha, o petroleiro Prestige sofreu avarias decorrentes de uma forte tempestade. No dia 19, numa operação para tentar rebocar o navio, ele partiu-se em dois e afundou, derramando mais de 77 milhões de litros de óleo no mar. O impacto ecológico e econômico do desastre atingiu a região da Galicia e o resto do norte de Espanha, http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1ssaro http://pt.wikipedia.org/wiki/Lontra http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81guia http://pt.wikipedia.org/wiki/Orca http://pt.wikipedia.org/wiki/Salm%C3%A3o o norte de Portugal e mesmo a costa da França. O total dos danos causados pelo naufrágio é estimado em 4.120 milhões de euros. Mais de 2.600 quilómetros da costa espanhola foram afetados nos meses seguintes ao acidente. Estma-se que mais de 20.000 aves foram mortas. 1.5.9. 2010: BP, Golfo do México. No ano de 2010, um vazamento de petróleo no Golfo do México foi provocado pela British Petroleum, uma das maiores empresas de extração de petróleo do mundo, derramou milhões de litros de petróleo no mar, durante quatro meses. 1.6. A sustentabilidade como paradigma para o século XXI. Nenhuma pessoa sensata deseja um mundo divido entre bilhões de pessoas excluídas vivendo em privação absoluta e uma pequena elite guardando suas riquezas e luxo atrás de muros fortificados. Ninguém se alegra com a perspectiva de viver num mundo de sistemas sociais e ecológicos em colapso. No entanto, continuamos colocando em perigo a civilização humana e até a sobrevivência de nossa espécie principalmente para permitir a aproximadamente um milhão de pessoas acumular dinheiro além de qualquer necessidade concebível. Continuamos indo corajosamente para onde ninguém que ir (KORTEN, 1996, p. 299). Adotar uma postura sustentável é, hoje, uma obrigação de todos que exploram as atividades empresariais, sejam elas pessoas jurídicas de direito privado ou público. Não há, nos dias atuais, espaço para acumulação de riqueza nas mãos de poucos em detrimento dos bens ambientais que pertencem a todos. A sustentabilidade pressupõe o respeito aos valores ambientais, de sorte a não esgotá-los. Uma atividade econômica sustentável é aquela que interage com o meio ambiente, mas protege-o e preserva-o para as presentes e futuras gerações. Conseguir chegar a isso é o grande desafio, que impõe uma mudança radical e significativa dos padrões e valore estabelecidos, não só por aquele que exerce a atividade econômica, mas também por toda a sociedade. Nos dizeres de Montibeller Filho (2007, p. 3-4), o desenvolvimento sustentável, tomado stricto sensu, compreende profunda alteração não só nas formas de produzir, mas também modificação do perfil da produção, para adaptá-la à mudança radical no padrão de consumo – a e qualidade de vida não mais sendo avaliada pela simples quantidade de bens e serviços consumidos. É sempre importante que se diga que o meio ambiente não é intocável. Muito pelo contrário, ele é um bem de uso comum do povo, de sorte que ele esta aí para ser usado. Desta forma, os recursos ambientais podem e devem ser usados, mas desde que se faça isso de maneira sustentável. Não podemos negar que os recursos naturais estão ligados diretamente com a produção industrial que, de resto, é importante para o desenvolvimento econômico. Assim, como não se pode negar o desenvolvimento, não se pode negar o uso dos recursos ambientais. O que se busca, sim, é a conciliação desses dois paralelos. É oportuna, aqui, a transcrição do pensamento de Stephen Vierderman (apud NAISBITT, 1994, p. 183) sobre o assunto: Jamais aprendemos – ou esquecemos – que o meio ambiente é a base de toda a vida e de toda a produção. Em vez de ser um interesse que disputa a atenção com outros interesses, é, em verdade, o campo de jogo no qual todos os interesses competem... Temos sistematicamente deixado de reconhecer que o sistema econômico é um sistema aberto em um ecossistema fechado e finito. Temos de lembrar, sim, que o desenvolvimento econômico não pode ser descontrolado. Ele deve respeitar os valores ambientais, em todas as suas formas, sob pena de não ser legítimo. O desenvolvimento econômico só será legítimo quando promover a proteção e a preservação dos recursos ambientais para as presentes e futuras gerações, orientando-se pelo direito do ser humano de habitar um planeta ecologicamente saudável, socialmente integrado e economicamente equilibrado (cf. D’ISEP, 2010, p. 66). Derani (2007, p. 155) observa que a ideia de desenvolvimento sustentável surge quando se procura ajustar a prática econômica com o uso equilibrado dos recursos naturais: Este direito do desenvolvimento sustentável teria a preocupação primeira em garantir a manutenção das bases vitais da produção e reprodução do homem e de suas atividades, garantindo igualmente uma relação satisfatória entre os homens e destes com seu ambiente. Korten (2006, p. 310) observa que as sociedades ambientalmente sustentáveis são aquelas cuja economia satisfaça três principais condições: 1) que a proporção de uso dos recursos renováveis não supere a média de regeneração do ecossistema; 2) que a proporção de consumo ou o descarte irrecuperável de recursos não- renováveis não supere a média de desenvolvimento e uso dos seus substitutos renováveis. 3) que a proporção de emissão de poluentes dentro do meio ambiente não supere a capacidade média de assimilação natural do ecossistema. Costuma-se anotar três principais objetivos que se buscam alcançar com o desenvolvimento sustentável: 1) econômico, que se refere à utilização eficiente do dos recursos naturais e a um crescimento quantitativo; 2) sociocultural, referente à manutenção da vida social e cultural, e à maior igualdade e equidade social; e 3) ecológico, que consiste na preservação dos sistemas físicos e biológicos que servem de suporte à vida humana. Com isso, se por um lado permite-se o desenvolvimento econômico, por outro se faz necessário um planejamento (gestão ambiental, como vermos adiante) para que, de forma sustentável, os recursos ambientais não se esgotem, impelindo o empresário a buscar soluções triplamente vencedoras, em termos sociais, econômicos e ecológicos, eliminando, desta forma, o crescimento selvagem obtido ao custo de elevadas externalidades negativas, tanto sociais quanto ambientais. O desenvolvimento sustentável vai mirar, precipuamente, em normas capazes de instrumentalizar políticas de desenvolvimento com base no aumento da qualidade das condições de vida da população. Assenta-se, assim, o desenvolvimento sustentável, em trêspilares básicos: desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e a proteção ambiental. O desenvolvimento da empresa tem uma abordagem tríplice, que se costuma chamar de “the three P’s”: People (os seres humanos), Planet (o meio ambiente) e Profit (a economia). CAP. 2. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA. Enquanto “agir corretamente” no que tange ao comportamento socialmente responsável possa engendrar debates globais quanto à melhor forma de equilibrar os objetivos sociais, econômicos e políticos, “agir corretamente” em termos ambientais não tem o mesmo resultado. Um consenso global está emergindo de que, se todos nós não agirmos agora para proteger e preservar a Mãe Terra, a responsabilidade social poderá se tornar uma questão irrelevante. (NAISBITT, 1994, p. 181-182) Como vimos no capítulo anterior, a preocupação do ser humano com o meio ambiente é muito recente. Em relação ao tempo que o ser humano habita o planeta, podemos dizer que ainda é ínfima. Somente no Século XX é que tomou-se consciência mesmo de que os bens ambientais são finitos, ou seja, eles tendem a acabar se o seu uso for descontrolado, fato que se verificou com maior intensidade após a Revolução Industrial. Embora tenhamos relatos de manifestações ambientais nos Séculos XVIII e XIX, eram casos isolados. Conforme afirmam Accioly et alli (2009, p. 639): A crescente poluição transfronteiriça e o aumento significativo no número de tragédias ambientais a partir da década de 1960 alertou a comunidade internacional para a necessidade de tratar o meio ambiente de forma ampla e não desvinculada das questões sociais e econômicas. Quando a questão ambiental ganhou força, sobretudo pela ferocidade com que a economia – então já globalizada – avançava sobre os recursos naturais, percebeu-se que os problemas ambientais não eram setorizados, não estavam restritos apenas uma determinada região, nem afetavam apenas uma dada população. Era um problema global, que afetava diretamente toda a humanidade. Nesse sentido, Barbieri (2002, passim) destaca as três etapas pelo qual esse movimento de tomada de consciência da questão ambiental passou: a) percepção dos problemas ambientais como fenômenos localizados, atribuídos à ignorância, negligência ou dolo, motivando ações de natureza reativa, corretiva e repressiva tais como proibições e multas; b) degradação ambiental percebida como um problema generalizado, resultante das causas já citadas na etapa anterior, acrescidas da gestão inadequada dos recursos, motivando o desenvolvimento de instrumentos de intervenção governamental visando a prevenção da poluição e melhoria dos sistemas produtivos como, por exemplo, os padrões de emissão e os estudos de impacto ambiental para licenciamento de empreendimentos, e; c) difusão da consciência da degradação ambiental como um problema planetário, que atinge a todos, amplia-se a compreensão de que as causas da degradação ambiental, além dos aspectos já mencionados, também estão ligadas aos modelos de produção e consumo, às políticas e metas de desenvolvimento dos estados nacionais e à visão economicista predominante nas relações entre países ricos e pobres. Essa tomada de consciência ganhou força a partir da segunda metade do Século XX, quando o mundo passou a adotar ações concretas. Segundo Amaral Júnior (2012, pp. 606-607), a percepção da finitude dos recursos naturais aliada ao conhecimento dos efeitos colaterais que a exploração desenfreada desses recursos acarreta originaram nova visão do processo de desenvolvimento, não circunscrita aos aspectos exclusivamente econômicos. Nesse ponto, é famoso o discurso do então Senador norte-americano Robert Kennedy, na Universidade do Kansas, no ano de 1968, quando concorria a uma vaga para disputar a presidência dos EUA: Nosso Produto Interno Bruto agora ultrapassa 800 bilhões de dólares por ano. Mas nesse PIB estão embutidos a poluição do ar, os comerciais de cigarro e as ambulâncias para limpar nossas carnificinas. Ele inclui fechaduras especiais para as nossas portas e prisões para as pessoas as arrombam. Inclui a destruição de nossas sequóias e a perda de nossas maravilhas naturais em acumulação caótica de lucro [...]. (SANDEL, 2012, p. 324). O Senador Robert Kennedy foi assassinado três meses após esse discurso, sem poder colocá-lo em prática nem ver seus resultados. Mas a humanidade despertou para o problema, colocando-o na ordem do dia. Essa nova consciência ambiental se afasta das abordagens exclusivamente ecológicas, limitadas à preservação dos ambientes físicos e biológicos e avança no conceito de desenvolvimento sustentável que incorpora as dimensões sociais, políticas e culturais. 2.1. A Conferência de Estocolmo de 1972. Os problemas ambientais, avolumados com o processo de industrialização da economia, não podiam mais ficar relegados ao segundo plano. Não dava mais para escondê-los. Por conta disso, em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU), realizou a Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente, na cidade de Estocolmo, na Suécia. A conferência, que ocorreu entre os dias 5 e 16 de junho, contou com a participação de 113 países, incluindo Brasil, e tornou-se a primeira grande manifestação, em nível internacional, sobre meio ambiente, tornando-se um marco na proteção ambiental, gerando um importante documento denominado de Declaração de Estocolmo sobre Ambiente Humano. Ecodesenvolvimento. As principais discussões ocorreram em torno da contradição entre desenvolvimento e preservação ambiental. Dois blocos se formaram, com posições antagônicas: O primeiro, dos países desenvolvidos, propagava o desenvolvimento zero, ou seja, parar totalmente com as atividades econômicas, como forma de preservar o ambiente. O segundo, liderado pela Brasil, reunia os países em desenvolvimento e os subdesenvolvidos, que pregavam o seu direito ao desenvolvimento econômico a qualquer custo. A Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano inaugurou conflito diplomático entre os países desenvolvidos, responsáveis pela maior parte da poluição global e dispostos a atrair a participação dos demais países para a busca de solução conjunta, e os países em desenvolvimento, desinteressados em adotar medidas que poderiam limitar seu potencial de desenvolvimento econômico, despreocupados com problemas ambientais (ACCIOLY, et alli, 2009, p. 640). Dessas duas posições contraditórias – desenvolvimento zero e desenvolvimento a qualquer custo – surgiu uma proposta conciliatória, baseada no ecodesenvolvimento, conforme termo utilizado na época e que foi o embrião do que veio a ser conhecido como desenvolvimento sustentável. A ideia preponderante era conciliar o desenvolvimento com a proteção ambiental. Assim, na Declaração de Estocolmo de 1972, encontramos um equilíbrio entre o direito ao desenvolvimento e o dever da preservação ambiental, como se vê, especialmente, nos princípio 8, 9 e 11: 8. O desenvolvimento econômico e social é indispensável para assegurar ao homem um ambiente de vida e trabalho favorável e criar, na Terra, as condições necessárias à melhoria da qualidade de vida. 9. As deficiências do meio ambiente decorrentes das condições de subdesenvolvimento e de desastres naturais ocasionam graves problemas; a melhor maneira de atenuar suas consequências é promover o desenvolvimento acelerado, mediante a transferência maciça de recursos consideráveis de assistência financeira e tecno1ógica que complementem os esforços dos países em desenvolvimento e a ajuda oportuna, quando necessária. 11. As políticas ambientais de todos os países deveriam melhorar e não afetar adversamente o potencial desenvolvimentistaatual e futuro dos países em desenvolvimento, nem obstar o atendimento de melhores condições de vida para todos; os Estados e as organizações internacionais deveriam adotar providências apropriadas, visando chegar a um acordo, para fazer frente às possíveis consequências econômicas nacionais e internacionais resultantes da aplicação de medidas ambientais. Por força da Conferência de Estocolmo, foi criada, na ONU, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que veio exercer um importante papel nos anos 1980, ao firmar os fundamentos do desenvolvimento sustentável como hoje se conhece. 2.2. O Relatório Brundtland. No começo da década de 1980, para comemorar 10 anos da Conferência de Estocolmo, a ONU retomou a questão ambiental, nomeando Gro Harlem Brundtland, então primeira-ministra da Noruega, para chefiar a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e elaborar estudos sobre a ligação entre desenvolvimento e meio ambiente. Os estudos dessa comissão foram condensados em um relatório, publicado em 1987, chamado “Nosso futuro comum” (Our Commom Future), mas ficou amplamente conhecido como Relatório Brundtland. Desse relatório, vale a transcrição de um trecho que é bastante significativo: A administração do meio ambiente e a manutenção do desenvolvimento impõem sérios problemas a todos os países. Meio ambiente e desenvolvimento não constituem desafios separados; estão inevitavelmente interligados. O desenvolvimento não se mantém se a base de recursos ambientais se deteriora; o meio ambiente não pode ser protegido se o crescimento não leva em conta as consequências da destruição ambiental. Esses problemas não podem ser tratados separadamente por instituições e políticas fragmentadas. Eles fazem parte de um sistema complexo de causa e efeito. (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991, p. 42). Surge o termo “desenvolvimento sustentável”. Foi nesse relatório que, pela primeira vez, utilizou-se o termo desenvolvimento sustentável, que ali foi definido como sendo “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades” (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991, p. 9). A expressão desenvolvimento sustentável tornou-se referência em questão de preservação ambiental, ganhando aceitação mundial por conta de seu caráter simples e genérico. O relatório apoia-se na ideia de que as dimensões ambientais, sociais e econômicas – pilares do desenvolvimento sustentável – devem ser consideradas de modo complementar e interdependente, servindo de fundamento para a interação das políticas ambientais e de desenvolvimento econômico. Assim, mesmo reconhecendo que o desenvolvimento sustentável tem limites impostos pelo estágio atual da tecnologia e da organização social no que diz respeito aos recursos naturais, o relatório sinaliza com a possibilidade de que “tanto a tecnologia quanto a organização social podem ser geridas e aprimoradas a fim de proporcionar uma nova era de crescimento econômico” (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991, p. 9). A proposta final do relatório, no que se refere ao desenvolvimento sustentável, abrange a diminuição da pobreza, a proteção e preservação ambiental e a justiça social, lembrando que o desenvolvimento sustentável não é um estado permanente de harmonia, mas um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, a orientação dos investimentos e os rumos do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão de acordo com as necessidades atuais e futuras. (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991, p. 10). Medidas de ação propostas pelo Relatório Brundtland: Limitar o crescimento da população. Garantir a provisão de alimentos a longo prazo. Preservar a biodiversidade. Diminuir o consumo de energia e desenvolver tecnologias baseadas em energias renováveis. Desenvolver a produção industrial nos países não industrializados, com base em tecnologias com impacte ambiental reduzido. Controlar a urbanização desregrada e fazer a integração entre os pequenos meios urbanos e as zonas rurais. 2.3. Conferência do Rio - ECO-92 Em1992, vinte anos após a Conferência de Estocolmo, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, mais conhecida como ECO-92. Sediada na cidade do Rio de Janeiro, entre os dias 3 e 14 de junho, a ECO-92 reuniu Chefes de Estado de mais de cem países, além de representantes de outros mais de setenta. O objetivo dessa conferência era buscar modos de conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a preservação e a proteção do meio ambiente. A ECO-92 produziu importantes documentos, como a Carta da Terra, a Agenda 21, a Convenção da Biodiversidade e a Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento. Mas também foi importante, pois sedimentou de vez o conceito de desenvolvimento sustentável, como vemos nos princípios 1, 2, 3, 4 e 27 da Declaração do Rio: 1. Os seres humanos constituem o centro das preocupações relacionadas com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza. 2. Os Estados, de acordo com a Carta das Nações Unidas e com os princípios do direito internacional, têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos segundo suas próprias políticas de meio ambiente e de desenvolvimento, e a responsabilidade de assegurar que atividades sob sua jurisdição ou seu controle não causem danos ao meio ambiente de outros Estados ou de áreas além dos limites da jurisdição nacional. 3. O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de desenvolvimento e de meio ambiente das gerações presentes e futuras. http://www.dolceta.eu/portugal/Mod5/article349.html http://www.dolceta.eu/portugal/Mod5/article352.html http://www.dolceta.eu/portugal/Mod5/article352.html http://www.dolceta.eu/portugal/Mod5/article356.html 4. A fim de alcançar o estágio do desenvolvimento sustentável, a proteção do meio ambiente deve constituir parte integrante do processo de desenvolvimento e não poderá ser considerada de forma isolada. 27. Os Estados e os povos deveriam cooperar, de boa fé e com espírito de solidariedade, na aplicação dos princípios consagrados nesta declaração e no posterior desenvolvimento do direito internacional na esfera do desenvolvimento sustentável. A Declaração do Rio aponta ainda que o caminho para se alcançar o desenvolvimento sustentável passa necessariamente por uma mudança nos modos de vida, eliminando padrões não sustentáveis de produção e de consumo e promovendo políticas demográficas, como vemos no princípio 8. 8. Para alcançar o desenvolvimento sustentável e uma melhor qualidade de vida para todas as pessoas, os Estados devem reduzir e eliminar os sistemas de produção e consumo não- sustentados e fomentar políticas demográficas apropriadas. 2.4. Agenda 21. A Conferência do Rio – ECO-92, que tinha como objetivo principal buscar forma de conciliar o desenvolvimento econômico com a proteção e preservação dos recursos ambientais, produziu um documento que ressalta a importância dos países signatários em se comprometer com a questão ambiental e a forma como devem desenvolver ações com todos os setores da sociedade para solução dos problemas socioambientais e foi assinado por 179 países. Nesse documento contempla-se um conjunto de ações denominado Agenda 21. A Agenda 21 é um programa de ação, baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais abrangente tentativa já realizada de promover, em escala mundial, umnovo padrão de desenvolvimento. Trata-se de um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica, enfrentando os problemas atuais e visando preservar o futuro. O item 1.3., do preâmbulo da Conferência do Rio/92, dispõe: 1.3. A Agenda 21 está voltada para os problemas prementes de hoje e tem o objetivo, ainda, de preparar o mundo para os desafios do próximo século. Reflete um consenso mundial e um compromisso político no nível mais alto no que diz respeito a desenvolvimento e cooperação ambiental. O êxito de sua execução é responsabilidade, antes de mais nada, dos Governos. Para concretizá-la, são cruciais as estratégias, os planos, as políticas e os processos nacionais. A cooperação internacional deverá apoiar e complementar tais esforços nacionais. Nesse contexto, o sistema das Nações Unidas tem um papel fundamental a desempenhar. Outras organizações internacionais, regionais e sub-regionais também são convidadas a contribuir para tal esforço. A mais ampla participação pública e o envolvimento ativo das organizações não governamentais e de outros grupos também devem ser estimulados. A questão ambiental é uma questão mundial. A degradação do meio ambiente afeta a todo o mundo. Desta forma, a preocupação com a preservação ambiental deve ser de todos. A ideia central da Agenda 21, então, é que todos os países se unam nessa luta; que se comprometam com a causa ambiental. Assim é o disposto no item 2.1., do Capítulo 2, da Conferência do Rio/92: 2.1. Para fazer frente aos desafios do meio ambiente e do desenvolvimento, os Estados decidiram estabelecer uma nova parceria mundial. Essa parceria compromete todos os Estados a estabelecer um diálogo permanente e construtivo, inspirado na necessidade de atingir uma economia em nível mundial mais eficiente e equitativa, sem perder de vista a interdependência crescente da comunidade das nações e o fato de que o desenvolvimento sustentável deve tornar-se um item prioritário na agenda da comunidade internacional. Reconhece-se que, para que essa nova parceria tenha êxito, é importante superar os confrontos e promover um clima de cooperação e solidariedade genuínos. É igualmente importante fortalecer as políticas nacionais e internacionais, bem como a cooperação multinacional, para acomodar-se às novas circunstâncias. A Agenda 21 não é programa estático. Pelo contrário, ela se constitui de programas dinâmicos e setoriais, de acordo com a realidade de cada região. Assim, cada país irá desenvolve a sua própria Agenda 21, como vemos no item 1.6., do Preâmbulo da Conferência do Rio/92: 1.6. As áreas de programas que constituem a Agenda 21 são descritas em termos de bases para a ação, objetivos, atividades e meios de implementação. A Agenda 21 é um programa dinâmico. Ela será levada a cabo pelos diversos atores segundo as diferentes situações, capacidades e prioridades dos países e regiões e com plena observância de todos os princípios contidos na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Com o correr do tempo e a alteração de necessidades e circunstâncias, é possível que a Agenda 21 venha a evoluir. Esse processo assinala o início de uma nova associação mundial em prol do desenvolvimento sustentável No Brasil, a Agenda 21 foi coordenada pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 (CPDS), com base na Agenda 21 mundial e apresentada em 2002. A Agenda 21 brasileira é um instrumento de planejamento participativo para o desenvolvimento sustentável do país, resultado de uma vasta consulta à população brasileira. 2.5. Protocolo de Kyoto. A Conferência do Rio (ECO-92) resultou num tratado conhecido como Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. Esse tratado, que foi assinado por quase todos os países do mundo, tinha como objetivo estabilizar a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera terrestre, evitando interferências antropogênicas perigosas no sistema climático. O efeito estufa O efeito estufa resulta da concentração de gases na atmosfera que absorvem a radiação infravermelha que é emitida pela superfície terrestre. Por conta disso, o calor fica retido, não sendo liberado para o espaço. Primeiramente identificado pela NASA, a agência espacial norte- americana, no início da década de 1980, nesse efeito estufa provocado por gases presentes na atmosfera, dois gases – o metano e o dióxido de carbono – exercem um papel muito importante: quanto maior a concentração desses gases, maior será o calor médio da Terra. O metano aumenta principalmente por conta das plantações de arroz e da criação de gado, que são cada vez mais densos. O aumento do CO2 – decorrente principalmente da queima de combustíveis fósseis – é mais preocupante, pois enquanto o metano é reabsorvido em anos, o CO2 é acumulado em séculos (SORMAN, 2008, p. 232). Dentro da normalidade, o efeito estufa é vital para a manutenção da vida na Terra, pois mantém o planeta aquecido. Sem o efeito estufa, a temperatura média da Terra seria de -18ºC (dezoito graus negativos) em vez dos 15ºC atuais. http://jornambientalunifor.blogspot.com.br/2011/10/protocolo-de-kyoto-2012-e- comeco-ou-fim.html acesso em 22 de fevereiro de 2013. Os gases do efeito estufa são, principalmente, o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). Aquecimento global O efeito estufa, em si, não é um problema. Pelo contrário, é importante para a preservação da vida. O problema ocorre quando esse efeito estufa sai do controle, promovendo uma elevação no aquecimento da Terra. Isso geralmente acontece quando há um aumento da concentração desses gases na atmosfera, que propiciam uma maior absorção da radiação infravermelha, acarretando um aumento da temperatura do planeta, que ficou conhecido como aquecimento global. Quais seriam, então, as causas do aumento da concentração desses gases na atmosfera? O desenvolvimento econômico tem um custo alto ligado às questões ambientais. Esse desenvolvimento, intensificado a partir da revolução industrial, vai ter interferência direta nesse aumento, em razão da emissão desses gases na atmosfera que a atividade industrial promove. http://jornambientalunifor.blogspot.com.br/2011/10/protocolo-de-kyoto-2012-e-comeco-ou-fim.html http://jornambientalunifor.blogspot.com.br/2011/10/protocolo-de-kyoto-2012-e-comeco-ou-fim.html ahttp://geoconceicao.blogspot.com.br/2012/04/protocolo-de-kyoto.html acesso em 22/02/2013 O consumo desenfreado que o mundo vive nas últimas décadas também contribuem, assim como o uso de combustíveis fósseis, derivados do petróleo como a gasolina e o gás natural. http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=19217 acesso em 16/12/2012 A Revolução Industrial fomentou o uso do carvão mineral – que era usado para alimentar as máquinas a vapor. A indústria automobilística massificou a produção de automóveis movidos a combustíveis derivados de petróleo. As queimas de carvão ou de outros combustíveis fósseis aumentam a emissão de CO2 na atmosfera. Mas é claro que não é só isso: o desmatamento nas florestas, as queimadas e a criação de gado também contribuem em grande parte com a emissão desses gases. É um dado significativo sabermos que as atividades humanas no mundo geram a emissão de 30 gigatoneladas de dióxido de carbono por ano (LOVELOCK, 2010, p. 102-103). Protocolo de Kyoto A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as mudanças do Clima não estabeleceu os níveis de redução para a emissão dos gases do efeito estufa, http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=19217 preferindo deixar isso para os aditamentos, também chamados, nodireito internacional, de protocolos. O mais famoso desses protocolos a respeito do clima foi o de Kyoto, quer recebeu esse nome por ter sido assinado na cidade japonesa de mesmo nome, em 1997. Trata-se de um tratado internacional que determina metas de redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE) e estimula o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis. O protocolo de Kyoto divide as nações do mundo em três grupos: países desenvolvidos, países em desenvolvimento e países não desenvolvidos. Os países desenvolvidos (constantes do anexo I do protocolo) comprometem-se a reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 5,2%, em média, em relação às suas emissões de 1990. Os países em desenvolvimentos (incluindo o Brasil) não têm essa obrigação, mas devem ajudar na redução da emissão dos gases. Para que as metas de redução sejam alcançadas, o protocolo de Kyoto prevê três “mecanismos de flexibilidade” que possibilitam aos países signatários cumprir com as exigências de redução de emissões, fora de seus próprios territórios. Dois desses mecanismos correspondem somente a países do Anexo I: a Implementação Conjunta (Joint Implemention) e o Comércio de Emissões (Emission Trading); o terceiro, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo-MDL (Clean Development Mechanism), permite atividades entre o Norte e o Sul, com o objetivo de apoiar o desenvolvimento sustentável. Créditos de Carbono Um dos mecanismos criados pelo Protocolo de Kyoto, para incentivar a redução da emissão de gases do efeito estufa é a Redução Certificada de Emissão, também chamada de Créditos de Carbono. Trata-se de um certificado emitido por uma pessoa física ou jurídica que reduziu a sua emissão de gases de efeito estufa abaixo da sua cota. Um Crédito de Carbono equivale a uma tonelada de Dióxido de Carbono. Assim, esses Créditos de Carbono podem ser negociados no mercado mundial. Empresas ou países que não conseguirem alcançar a sua meta de redução poderão comprar os créditos da empresas que conseguem reduzir suas emissões abaixo de suas cotas. Os Créditos de Carbono podem constituir um poderoso instrumento financeiro para incentivar as pessoas a reduzirem sua emissão e ainda lucrarem com isso. A sua inclusão no protocolo de Kyoto decorreu de uma proposta dos Estados Unidos da América, como explica Sandel (2012a, p. 73). Na conferência sobre o aquecimento global realizada em Kyoto em 1997, os Estados Unidos insistiram em que para o estabelecimento de padrões mundiais de emissões poluentes teria de ser levado em consideração um esquema de permutas que permitisse comprar e vender o direito de poluir. Assim, por exemplo, os Estados Unidos poderiam cumprir suas obrigações no contexto do Protocolo de Kyoto ao reduzir suas próprias emissões de gases do efeito estufa ou então pagar para reduzir emissões em outros países. Todavia, críticas não faltam a esse mecanismo de compra e venda de Créditos de Carbono. As principais argumentam que isso constitui uma licença para poluir, mediante pagamento. Os mais ricos poderão pagar pelo direito de poluir mais. Criar um mercado global do direito de poluir vai dificultar a cultura da contenção e do sacrifício compartilhado que é a base central de toda a ideia de proteção ambiental e desenvolvimento sustentável, desde a Conferência de Estocolmo. Muitos críticos comparam os Créditos de Carbono com as indulgências (os pagamentos em dinheiro) que os pecadores faziam à Igreja, na era medieval, para compensar suas transgressões (cf. SANDEL, 2012a, p. 78). Seja como for, os Créditos de Carbono, hoje, são uma realidade. Não ratificação do Protocolo de Kyoto pelos Estados Unidos da América. O Protocolo de Kyoto, para ter validade, precisava da ratificação de 55 países que, juntos, emitem 55% das emissões de gases do efeito estufa. Somente com a adesão da Rússia, em 2004, atingiu-se o número necessário de ratificações, passando a vigorar em 15 de março de 2005. Todavia, os Estados Unidos da América recusaram-se a ratificá-lo na época. O Presidente norte-americano George W. Bush, para justificar a sua decisão, alegou que os compromissos estabelecidos no protocolo comprometeriam de maneira negativa a economia do seu País. Isso demonstra que não é fácil estabelecer uma questão mundial sobre o meio ambiente. Se por um lado todos sabem da importância de se preservar os recursos ambientais, por outro a questão econômica fala mais alto. Isso problema que envolve as necessidades e valores conflitantes entre países desenvolvidos e em desenvolvimento foi comentado por John Naisbitt (1994, p. 182), que assim se manifestou: Em um mundo perfeito, a preservação dos recursos naturais de qualquer país seria apoiada globalmente em prol de um benefício maior. Porém, esse não é um mundo perfeito. Com uma frequência exagerada, proteger os recursos naturais significa sacrificar empregos, oportunidades econômicas e costumes locais. Nem é preciso dizer que as críticas à postura dos Estados Unidos da América foram muitas. Isso foi um duro golpe, que colocou em xeque a própria validade do protocolo, eis que os EUA são o país que mais emite gases poluentes na atmosfera. Mas em 2009, o presidente Barack Obama encaminhou o protocolo de Kyoto ao senado norte-americano para ser ratificado. 2.6. Conferência de Johannesburgo 2002 Também conhecida como Fórum Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 10), a Conferência de Johannesbrugo não teve o mesmo impacto das conferências anteriores, apresentando resultados decepcionantes quando a elas comparada. Realizada na cidade sul-africana de Johannesburgo, entre os dias 26 de agosto e 4 de setembro de 2002, tinha como objetivo discutir soluções já propostas na Agenda 21 primordial da Conferência do Rio – ECO-92, para que pudesse ser aplicada de forma coerente não só pelo governo, mas também pelos cidadãos, realizando uma agenda 21 local, e implementando o que fora lá discutido. Infelizmente, como apontam Accioly et alli (209, p. 651), a Conferência não só não apresentou avanços significativos, como ainda apresentou um retrocesso, na medida em que “o estabelecimento de metas concretas para a implantação de vários pontos da Agenda 21 foi obstado por diversos países desenvolvidos”. O principal documento produzido por essa conferência foi a Declaração de Johannesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável, que reafirma os compromissos firmados pelos países que participaram da ECO-92, especialmente com o desenvolvimento sustentável, como se vê do item 1: http://pt.wikipedia.org/wiki/Agenda_21 http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_92 1. Nós, representantes dos povos do mundo, reunidos durante a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável em Joanesburgo, África do Sul, entre 2 e 4 de setembro de 2002, reafirmamos nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável. As metas para combater as ameaças ao desenvolvimento sustentável foram lançadas no item 19: . 19. Reafirmamos nossa promessa de aplicar foco especial e dar atenção prioritária à luta contra as condições mundiais que apresentam severas ameaças ao desenvolvimento sustentável de nosso povo. Entre essas condições estão: fome crônica; desnutrição; ocupações estrangeiras; conflitos armados; problemas com drogas ilícitas; crime organizado; corrupção; desastres naturais; tráfico de armamentos; tráfico humano; terrorismo; intolerância e incitamento ao ódio racial, étnico e religioso, entre outros; xenofobia; e doenças endêmicas, transmissíveis e crônicas, em particular HIV/AIDS, malária e tuberculose. 2.7. Plataforma Durban Já com 194 países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças do Clima, realizou-se a Conferência do Clima da África do Sul, na cidade de Durban,entre os dias 28/11 e 11/12 de 2011, para estabelecer um novo acordo sobre a emissão dos gases de efeito estufa. Depois de uma longa negociação, chegou-se a um acordo que possibilitou a continuidade do processo climático da ONU, que foi chamado de Plataforma Durban. Essa Plataforma de Durban vale como o início de uma política climática global com vista a reduzir as emissões de gases do efeito estufa nas próximas décadas de tal forma que o aumento da temperatura global fique abaixo de dois graus Celsius. Esse acordo prevê um roteiro para um tratado sobre o clima global juridicamente vinculativo até 2017 ou 2020, o qual deverá obrigar não apenas os países industrializados, mas também os emergentes e as nações em desenvolvimento a reduzirem suas emissões. Em troca, a União Europeia concordou com uma prorrogação do Protocolo de Kyoto, o único acordo climático vinculativo até hoje. O mais importante, todavia, é que os Estados Unidos da América e a China deram o seu aval para a criação de um acordo climático mundial. 2.8. RIO + 20 Em 2012, vinte anos após a ECO-92, aconteceu, também na cidade do Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida como RIO + 20. http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Posicao-do-Greenpeace-sobre-o-estado-das-negociacoes- da-Rio20/ acesso em 22/02/2013 Realizada entre os dias 13 e 22 de junho de 2012, teve como objetivo era discutir a renovação do compromisso político das nações com o desenvolvimento sustentável. 2.9. DOHA 2012. Em novembro de 2012, os 194 países signatários da Convenção-Quadro da ONU sobre mudanças climáticas reuniram-se na cidade de Doha, no Catar, para discutir, principalmente, a extensão do Protocolo de Kyoto, cuja validade terminaria em 2012. Nessa conferência, ficou acordada a validade do protocolo de Kyoto até o ano de 2020. Todavia, Rússia, Japão, Canadá e Nova Zelândia denunciaram o protocolo e não participam mais do programa global de redução de poluentes da ONU. Com isso, muito pouco foi avançado. Como os Estados Unidos da América também estão fora, os países que participam do Protocolo de Kyoto respondem por pouco mais de 15% da emissão total de poluentes no mundo. CAP. 3. A SUSTENTABILIDADE VISTA POR OUTRAS ÁREAS O desenvolvimento sustentável encerra a ideia de evolução, de florescimento e persistência, ao longo do tempo, da diversidade humana, de equilíbrio dinâmico entre a atividade econômica, a preservação e a regeneração dos sistemas ecológicos. Abarca a interdependência dos recursos naturais, a dependência humana desses recursos e os efeitos globais que a degradação do meio ambiente tem para a humanidade, somente controlados por ações de alcance planetário. Contém uma indisfarçável dimensão ética, manifestada no aperfeiçoamento de toda a sociedade. O desenvolvimento sustentável busca integrar a conservação e o desenvolvimento, satisfazer as necessidades humanas básicas, realizar a equidade e a justiça social, promover a autodeterminação e a diversidade cultural, bem como manter a integridade biológica. (AMARAL JÚNIOR, 2012, p. 609). Falar em desenvolvimento sustentável é complicado, porque sua aplicação concreta envolve várias outras áreas do conhecimento. Desde que essa preocupação se manifestou, primeiramente com o ecodesenvolvimento na conferência de Estocolmo em 1972 e, posteriormente, com a sustentabilidade propriamente dita, na Conferência do Rio-92, foram acrescentados ao conceito de desenvolvimento econômico algumas visões que não eram percebidas antes. O desenvolvimento era analisado, então, exclusivamente ponto de vista da economia. Sabemos, hoje, que qualquer processo de desenvolvimento econômico acarreta, de uma forma ou de outra, em maior ou menor quantidade, um dano ao meio ambiente. Entender o desenvolvimento sustentável é, primeiramente, ter noção dessa degradação ambiental. Como tivemos oportunidade de mencionar acima, a economia, embora seja um sistema aberto, opera dentro de um sistema fechado, que é o ecossistema. Daí se dizer que existe um limite físico para a economia poder operar. Tal limite é determinado por esse sistema maior, fechado, dentro do qual uma economia pode e deve funcionar. Esse limite, como não poderia deixar de ser, impõe restrições à economia, vale dizer, ao desenvolvimento. Por isso que, para fazê-lo sustentável, devemos olhar para além do simples desenvolvimento. Devemos analisá-lo, principalmente, sob os aspectos econômico, social e ambiental. 3.1. A sustentabilidade na visão econômica A economia é, nos dias atuais, uma importante ciência quando a questão é desenvolvimento, pois estuda as tendências e as melhores formas de investimento. Para o conceito de desenvolvimento sustentável, a economia vai exercer um papel fundamental. A economia se preocupa com três principais objetivos: alocação, distribuição e escala. A alocação diz respeito à divisão relativa dos fluxos de recursos. Ela é considerada boa quando disponibiliza recursos em função das preferências individuais, que são avaliadas pela habilidade de pagar utilizando o instrumento do preço. A distribuição se refere à divisão dos recursos entre as pessoas. E, por sua vez, a escala volta-se ao volume físico do fluxo de matéria e energia, de baixa entropia, retirada do ambiente em forma de matéria bruta e devolvida a esse meio como resíduos de alta entropia. Ao longo dos tempos, a economia não tem enfrentado diretamente a questão da escala, por duas razões, opostas: uma assume que o meio ambiente é uma fonte de recursos infinita e a outra entende que o meio ambiente constitui depósito de resíduos de tamanho infinito em relação à escala do subsistema econômico. A crise surge quando o crescimento econômico se eleva de tal maneira que a demanda sobre o meio ambiente ultrapassa seus próprios limites. É aí que entra a ideia de sustentabilidade econômica. Ela alcança a alocação e distribuição eficientes dos recursos naturais dentro de uma escala suportável. O conceito de desenvolvimento sustentável, visto pelo lado da economia, encara o mundo em termos de estoques e fluxo de capital. Mas é de se ver que essa visão não se restringe apenas ao convencional capital monetário ou econômico, mas está aberta a considerar capitais de diferentes tipos, incluindo o ambiental, ou natural, capital humano e capital social. Na visão dos economistas, a questão da sustentabilidade diz respeito à manutenção do capital em todas as suas formas. Ao contrário dos ambientalistas, eles têm uma tendência mais otimista no que se refere à capacidade do ser humano de adaptação a novas realidades ou circunstâncias e resolver problemas com sua capacidade técnica. Os economistas chegam questões relativas à sociedade e meio ambiente através da discussão dos conceitos de sustentabilidade forte e fraca. Ambas baseiam-se no fato de que a humanidade deve preservar capital para as futuras gerações. O capital natural é constituído pela base de recursos naturais, renováveis e não renováveis, pela biodiversidade e a capacidade de absorção de dejetos dos ecossistemas. Dentro do conceito de sustentabilidade forte, todos os níveis de recursos devem ser mantidos e não reduzidos e no conceito de sustentabilidade fraca se admite a troca entre os diferentes tipos de capitais na medida em que se mantenha constante o seu estoque. Essas duas abordagens partem da premissa de que o capital natural não deve ser tratado independentemente do sistema como um todo, mas sim como parte integrante dele. A integração entre ambiente e economia deve ser alcançada dentro do processo decisório, dentro dos diferentes setores como governo, indústria e ambiente doméstico, se o desejo é alcançar a sustentabilidade.
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