Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Curso de Graduação em Direito Flavia de Andrade Siqueira Géssica Naiane das Dores Morais Milena Sobrinho Bertolin de Paiva DIREITO EMPRESARIAL IV: Efeitos da falência Belo Horizonte 2019 3 Sumário 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 4 2. QUANTO AS OBRIGAÇÕES DO FALIDO ........................................................................... 5 3. EFEITOS DA FALÊNCIA QUANTO A PESSOA DO FALIDO ............................................... 8 3.1 Quem é considerado falido? ................................................................................................... 9 3.2 Inabilitação Empresarial ........................................................................................................ 9 3.3 Capacidade processual do falido ........................................................................................... 11 3.4 Sigilo de correspondência .................................................................................................... 11 3.5 Obrigações do falido ........................................................................................................... 12 3.6 Descumprimento das obrigações .......................................................................................... 12 3.7 Direitos do falido ............................................................................................................... 13 3.8 Dissolução da sociedade falida ............................................................................................. 14 4. QUANTO AOS CONTRATOS DO FALIDO ........................................................................ 15 4.1 Contratos bilaterais ............................................................................................................. 15 4.2 Contratos unilaterais ............................................................................................................ 17 4.3 Contratos de compra e venda ............................................................................................... 17 4.4 Contratos leasing ................................................................................................................ 18 4.5 Contrato factoring .............................................................................................................. 19 4.6 Contrato de trabalho ........................................................................................................... 19 5. EFEITOS DA FALÊNCIA QUANTO AOS BENS DO FALIDO ............................................. 19 5.1 Submissão dos bens do falido ao processo: formação da massa falida objetiva ........................... 19 5.1.1 Bens absolutamente impenhoráveis .................................................................................... 21 5.1.2 Patrimônios de afetação .................................................................................................... 22 5.2 Privação dos poderes de administração e disposição sobre os bens do falido .............................. 23 6. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 25 7. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 26 4 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objeto a Falência e seus efeitos em vários aspectos, bem como os efeitos quanto as obrigações do falido compreendendo os contratos bilaterais - regra geral-, contratos unilaterais, contratos de compra e venda - leasing, factoring- e contrato de trabalho. O trabalho é baseado em doutrinadores renomados dentre eles, Tomazette, para explicar o reflexo da falência nos vários âmbitos empresariais e explicar quem são os principais atingidos quando da decretação de falência, as obrigações advindas dessas, os direitos do falido e a dissolução da sociedade falida. Dentre todas as informações encontradas nesse presente artigo, também, há elementos de informações principais a respeito de quem pode ser considerado falido e se esse estado pode ser estendido à outras pessoas, bem como sócios de responsabilidade ilimitada e a excepcionalidade na responsabilidade limitada. Problemáticas como inabilitação empresarial, obrigações; restrições e direitos do falido também são discutidos e expostos diferentes visões de doutrinadores. Segue em estudo os principais efeitos da falência quanto à obrigações, contratos, bens e à pessoa do falido. 5 2. QUANTO AS OBRIGAÇÕES DO FALIDO Á princípio deve-se dizer que o falido tem a obrigação de efetuar o pagamento para o maior número possível de credores, em ordem de preferência, após decretada realmente a falência. PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONCURSO DE CREDORES. FALÊNCIA. EXECUÇÃO FISCAL. PREFERÊNCIA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.Cuida-se de Agravo Regimental interposto contra decisão monocrática que negou seguimento ao Recurso Especial. Em concurso de credores, os créditos de natureza tributária têm preferência sobre os relativos a honorários advocatícios, segundo a orientação consolidada na Primeira Seção do STJ. A simples razão de conferir natureza alimentar aos honorários advocatícios, a exemplo do disposto no artigo 19 da Lei 11.033, ou de lhes reconhecer caráter privilegiado, como fez o artigo 24 da Lei 8.906, não autoriza a conclusão de que preferem ao crédito tributário, em concurso de credores, pois a questão encontra disciplina legal específica. Depreende-se dos arts. 186 do CTN, da Lei 11.101 que prevalecem sobre o crédito tributário aquele decorrentes da legislação trabalhista ou devidos por acidente de trabalho, e a jurisprudencia do STJ já proclamou que os honorários advocatícios não se enquadram nas citadas hipóteses. Não compete ao STJ, em Recurso Especial, a análise de violação a preceito constitucional. Agravo Regimental não provido. (STJ - AgRg no AgRg no Resp 1267980 - SC 2011/0173063-1, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 03/11/2011, T2 - SEGUNDA TURMA, Data da Publição: Diário da Justiça 08/11/2011) Em se tratando dos efeitos da falência quanto as obrigações do falido é importante salientar o artigo 104 da Lei 11.101 que prediz o seguinte: Art. 104. A decretação da falência impõe ao falido os seguintes deveres: I - assinar nos autos, desde que intimado da decisão, termo de comparecimento, com a indicação do nome, nacionalidade, estado civil, endereço completo do domicílio, devendo ainda declarar, para constar do dito termo: a) as causas determinantes da sua falência, quando requerida pelos credores; b) tratando-se de sociedade, os nomes e endereços de todos os sócios, acionistas controladores, diretores ou administradores, apresentando o contrato ou estatuto social e a prova do respectivo registro, bem como suas alterações; c) o nome do contador encarregado da escrituração dos livros obrigatórios; d) os mandatos que porventura tenha outorgado, indicando seu objeto, nome e endereço do mandatário; e) seus bens imóveis e os móveis que não se encontram no estabelecimento; f) se faz parte de outras sociedades, exibindo respectivo contrato; g) suas contas bancárias, aplicações, títulos em cobrança e processos em andamento em que for autor ou réu; II - depositar em cartório, no ato de assinatura do termo de comparecimento, os seus livros obrigatórios,a fim de serem entregues ao administrador judicial, depois de encerrados por termos assinados pelo juiz; III - não se ausentar do lugar onde se processa a falência sem motivo justo e comunicação expressa ao juiz, e sem deixar procurador bastante, sob as penas cominadas na lei; IV - comparecer a todos os atos da falência, podendo ser representado por procurador, quando não for indispensável sua presença; V - entregar, sem demora, todos os bens, livros, papéis e documentos ao administrador judicial, indicando-lhe, para serem arrecadados, os bens que porventura tenha em poder de terceiros; VI - prestar as informações reclamadas pelo juiz, administrador judicial, credor ou 6 Ministério Público sobre circunstâncias e fatos que interessem à falência; VII - auxiliar o administrador judicial com zelo e presteza; VIII - examinar as habilitações de crédito apresentadas; IX - assistir ao levantamento, à verificação do balanço e ao exame dos livros; X - manifestar-se sempre que for determinado pelo juiz; XI - apresentar, no prazo fixado pelo juiz, a relação de seus credores; XII - examinar e dar parecer sobre as contas do administrador judicial. Parágrafo único. Faltando ao cumprimento de quaisquer dos deveres que esta Lei lhe impõe, após intimado pelo juiz a fazê-lo, responderá o falido por crime de desobediência. Assim, as obrigações a título gratuito não sofrem os efeitos da falência. Custas dos processos entre devedor e credor, em que o devedor seja vencido, serão exigíveis, diferentemente da legislação anterior, são exigíveis e, consequentemente, se sujeitam aos efeitos da falência os créditos referentes a multas e a pensões alimentícias. A condição de crise do devedor pode ensejar a redução ou a extinção da obrigação de pagar a pensão, mas apenas para o futuro. Os créditos de pensão alimentícia já existentes serão exigíveis e se sujeitam aos efeitos da falência. Dentro da perspectiva que não se pode agravar a situação do falido, não poderão ser exigidas na falência as cláusulas penais dos contratos unilaterais vencidos em virtude da falência (Lei no 11.101/2005 – art. 83, § 3o): Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: I – os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqüenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; II - créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; III – créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias; IV – créditos com privilégio especial, a saber: a) os previstos no art. 964 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002; b) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta Lei; c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada em garantia; d) aqueles em favor dos microempreendedores individuais e das microempresas e empresas de pequeno porte de que trata a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) V – créditos com privilégio geral, a saber: a) os previstos no art. 965 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002; b) os previstos no parágrafo único do art. 67 desta Lei; c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta Lei; VI – créditos quirografários, a saber: a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo; b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens vinculados ao seu pagamento; c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem o limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo; VII – as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias; VIII – créditos subordinados, a saber: 7 a) os assim previstos em lei ou em contrato; b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício. § 1º Para os fins do inciso II do caput deste artigo, será considerado como valor do bem objeto de garantia real a importância efetivamente arrecadada com sua venda, ou, no caso de alienação em bloco, o valor de avaliação do bem individualmente considerado. § 2º Não são oponíveis à massa os valores decorrentes de direito de sócio ao recebimento de sua parcela do capital social na liquidação da sociedade. § 3º As cláusulas penais dos contratos unilaterais não serão atendidas se as obrigações neles estipuladas se vencerem em virtude da falência. § 4º Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados quirografários. De imediato, os efeitos quanto aos contratos pendentes do falido serão analisados no topico 4 na p.15 desse trabalho. Em relação a decretação da falência é a obrigação do devedor com seus credores, de efetuar o pagamento em ordem preferencial, as obrigações em moedas estrangeiras deverão ser convertidas em moeda nacional. Pode se dizer, que as obrigações em garantia real por parte dos credores, trazem um risco muito baixo, devido a vinculação de bens. Há exceção quanto aos debêntures á suspensão da exibilidade dos juros, isto é, todos os tipos de debêntures teriam direito de exigir normalmente os juros posteriores à falência. A nosso ver, porém, a exceção deve se restringir àquelas debêntures com garantia real, uma vez que só responde por esses juros o produto dos bens dados em garantia. Se não houvesse a garantia, nada responderia por esses juros e, por isso, a exceção abrange apenas as debêntures e as demais obrigações com garantia real. Nas ações trabalhistas, são da competência do juízo falimentar, uma vez que não se trata de uma causa trabalhista, mas da discussão dos efeitos da alienação da massa falida. Alguns autores mencionam ainda como exceção à força atrativa do juízo falimentar as ações de despejo e as ações relativas a imóveis, por se tratar de regra de competência absoluta. Além de atrair os credores e as ações para o juízo falimentar, a decretação da falência deve impedir que pagamentos de obrigações do falido sejam realizados em outros processos. É inerente à falência a proibição do pagamento individual dos credores. Se todos devem recorrer ao juízo falimentar para receber, ninguém pode receber seu crédito em outro tipo de processo, sob pena de desvirtuamento da ordem legal de preferências entre os credores. Não se deve privilegiar os credores mais ágeis, mas sim aqueles que forem considerados de maior relevância. Assim sendo, a decretação da falência impõe a suspensão das ações e execuções em curso contra o devedor (Lei no 11.101/2005 – art. 6). No direito italiano, proíbe-se o ajuizamento ou prosseguimento de ações que possam comprometer os bens abrangidos pela falência. Caso não houvesse a suspensão, haveria o risco de algum credor receber fora do processo de falência, podendo desobedecer a ordem legal dos 8 pagamentos. Naturalmente, não são todas as ações que precisam ser suspensas, porquanto nem todas as ações geram o risco de pagamento fora da ordem legal de preferências. Assim, também há algumas exceções a esse efeito. Podemos afirmar que também não serão suspensas aquelas ações sem efeitos patrimoniais econômicos, como a nunciação de obra nova e a investigação de paternidade sem pedido condenatório. Além de reunir os credores para receber no mesmo processo e suspender, em regra, as ações contra o devedor, a decretação da falência deve impedir ou ao menos tornar desnecessárias novas ações contra o falido.Nesse sentido, a decretação da falência suspende o curso da prescrição contra o falido (Lei no 11.101/2005 – art. 6o). Se o direito de retirada já foi exercido, os sócios ou acionistas têm direito ao recebimento do valor das suas quotas ou ações. Nas sociedades contratuais, esse pagamento deverá ser feito no prazo contratualmente estabelecido ou, no silêncio do contrato social, em 90 dias (CC – art. 1.031). Nas sociedades por ações, em regra, o pagamento deverá ocorrer no prazo de 40 dias, contados da data da publicação da ata da assembleia que ensejou a retirada. A extinção das dívidas de duas pessoas por direitos recíprocos, tem haver com o contrato bilateral, no Código Civil no artigo 368,, afirma que “Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem”. Em outras palavras, trata-se de encontro de créditos e débitos recíprocos, para a extinção das obrigações. A compensação, em geral, é extremamente vantajosa na medida em que simplifica os negócios e representa garantia de satisfação para os credores. 3. EFEITOS DA FALÊNCIA QUANTO A PESSOA DO FALIDO CIVIL, PROCESSUAL CIVIL E FALIMENTAR. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FALÊNCIA. DECRETAÇÃO. FALIDA. PERSONALIDADE JURÍDICA. EXTINÇÃO IMEDIATA. NÃO OCORRÊNCIA. CAPACIDADE PROCESSUAL. MANUTENÇÃO. RECURSO PROVIDO. Segundo o procedimento regrado pelo Decreto-Lei n. 7.661/1945, a decretação da falência não implica a imediata e incondicional extinção da pessoa jurídica, mas tão só impõe ao falido a perda do direito de administrar seus bens e deles dispor (LF, art. 40), conferindo ao síndico a representação judicial da massa (CPC/1973, art. 12, III). A mera existência da massa falida não é motivo para concluir pela automática, muito menos necessária, extinção da pessoa jurídica. De fato, a sociedade falida não se extingue ou perde a capacidade processual (CPC/1973, art. 7º; CPC/2015, art. 70), tanto que autorizada a figurar como assistente nas ações em que a massa seja parte ou interessada, inclusive interpondo recursos e, durante o trâmite do processo de falência, pode até mesmo requerer providências conservatórias dos bens arrecadados. Ao término do processo falimentar, concluídas as fases de arrecadação, verificação e classificação dos créditos, realização do ativo e pagamento do passivo, se eventualmente sobejar patrimônio da massa – ou até mesmo antes desse momento, se porventura ocorrer quaisquer das hipóteses previstas no art. 135 da LF –, a lei faculta ao falido requerer a declaração de extinção de todas as suas obrigações (art. 136), 9 pedido cujo acolhimento autoriza-o voltar ao exercício do comércio, "salvo se tiver sido condenado ou estiver respondendo a processo por crime falimentar" (art. 138). Portanto, a decretação da falência, que enseja a dissolução, é o primeiro ato do procedimento e não importa, por si, na extinção da personalidade jurídica da sociedade. A extinção, precedida das fases de liquidação do patrimônio social e da partilha do saldo, dá-se somente ao fim do processo de liquidação, que todavia pode ser antes interrompido, se acaso revertidas as razões que ensejaram a dissolução, como na hipótese em que requerida e declarada a extinção das obrigações na forma do art. 136 da lei de regência. Agravo interno provido para dar provimento ao recurso especial. (STJ - AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.265.548 - SC 2011/0163573-7, Relator: Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, R.P/Acórdão: Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, Data de Julgamento: 25/06/2019, T4 - QUARTA TURMA, Data da Publição: Diário da Justiça 05/08/2019) 3.1 Quem é considerado falido? Antes de discorrer sobre a decretação da falência e seus efeitos quanto à pessoa do falido, é importante entender a problemática de quem é considerado falido e se essa condição se estenderá. Falido, em regra, é o devedor empresário que teve sua falência decretada e é insolvente juridicamente. O conceito do devedor empresário compreende empresários individuais – pessoa física-, as sociedades empresárias – pessoa jurídica ou não- e Empresas Individuais de Responsabilidade Limitada – EIRELIs, portanto qualquer devedor empresário. Outras pessoas além das citadas acima, podem ser consideradas falidos pelo instituto da extensão da falência (falências dependentes ou falências derivadas). A extensão da falência alcança os sócios de responsabilidade ilimitada, em regra não se estende a falência aos sócios de sociedade limitada; mas excepcionalmente, será possível a extensão da condição de falido aos sócios ou acionistas de tais sociedades. Há também a possibilidade de extensão da falência aos sócios de responsabilidade limitada nos casos em que acontecer a desconsideração da personalidade jurídica da sociedade falida, embora exista divergência doutrinária essa é a visão defendida por Tomazette 3.2 Inabilitação Empresarial O primeiro efeito da falência no que diz respeito à pessoa do falido é a inabilitação empresarial. Ou seja, há um impedimento para que o falido exerça atividade empresarial quando decretada a falência, conforme estabelecido no artigo 102 da Lei 11.101/2005: 10 Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1º do art. 181 desta Lei. Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da falência que proceda à respectiva anotação em seu registro. Tal inabilitação será registrada para que viabilize assim publicidade ao estado de falido e se caso for descumprida configura-se crime falimentar e irregularidades, contando-se a partir da publicação do provimento que decretar a falência. Os efeitos da falência são estendidos aos que possam ser considerados falidos, sendo eles; empresário individual, sociedade empresária e os sócios de responsabilidade ilimitada. Tomazette (2019, p. 395) faz a ressalva de que “Sócios de responsabilidade limitada, administradores e outras sociedades não são considerados falidos, salvo no caso de extensão da falência por meio da desconsideração da personalidade jurídica.” É importante entender que a inabilitação empresarial não torna o falido incapaz, mas é um impedimento para que o falido exerça determinadas atividades, como ser empresário individual, mas não o restringe de ser sócio ou até administrador de sociedade. Há outros impedimentos advindos da inabilitação, como por exemplo, o falido fica proibido de ser corretor de navios, bem como, corretor de seguros, leiloeiro e também não pode exercer a curatela e a tutela, por consequência da inabilitação. Essa inabilitação é um efeito da sentença que declara a falência do devedor, ou seja, é uma consequência. Contudo, essa inabilitação atinge somente o falido e impede de ser empresário individual. Há, no entanto, a inabilitação advinda de condenação por crime falimentar, sendo essa última mais ampla do que a primeira. No capítulo 18 do livro Recuperação Judicial e Falência. Tomazette (2019, p. 396) aduz que, “No caso de prática de crime falimentar, pode ser determinado expressamente, como efeito secundário da sentença condenatória, a proibição do exercício da atividade empresarial, o impedimento para o exercício de cargo de administrador ou membro de conselho fiscal de sociedade, bem como a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócios. Tais restrições não são automáticas, dependendo de decretação específica na sentença condenatória. Contudo, independentemente de decretaçãoespecífica, o falido fica impedido de ser fiel, empresário, administrador ou fiel de armazéns-gerais. Reitere-se que essa inabilitação mais ampla não decorre da falência, mas de condenação por crime falimentar, dependendo de decretação específica. Outrossim, ela não se restringe ao falido, podendo abranger qualquer pessoa que seja condenada por tais crimes, incluindo o falido, os sócios, os administradores da sociedade e até o administrador judicial. Ademais, ela é 11 mais restritiva, pois determina a proibição de ser empresário individual, de ser o administrador ou membro de conselho fiscal de sociedade, bem como de gerir empresa por mandato ou gestão de negócios” A inabilitação advinda de sentença condenatória por crime falimentar terá sua duração até 5 anos depois da extinção da punibilidade ou até quando houver a reabilitação penal, não levando em conta o tempo em que forem extintas as obrigações; a que acontecer primeiro poderá servir de termo. Art. 181. São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei: I - a inabilitação para o exercício de atividade empresarial; II- o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei; III- a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio. § 1 Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença, e perdurarão até 5 (cinco) anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal. § 2 Transitada em julgado a sentença penal condenatória, será notificado o Registro Público de Empresas para que tome as medidas necessárias para impedir novo registro em nome dos inabilitados. 3.3 Capacidade processual do falido Art. 103. Desde a decretação da falência ou do seqüestro, o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou deles dispor. Diante do disposto nesse artigo, muitos autores defendem que o falido perde a capacidade processual, contudo Tomazette defende que há, na realidade, restrições à capacidade processual do falido; uma vez que, o falido não poderá atuar ou continuar como autor ou réu em processos que envolvem os bens que ele perdeu o poder de administrar e dispôr, mas não impede que o falido seja parte em processos que não tenham reflexos econômicos ou que ele atue em casos que não é impedido por lei, a exemplo da impugnação de créditos. Portanto, não há uma perda da capacidade processual ou postulatória, mas sim uma restrição à isso no que diz respeito à processos que envolvam os bens, negócios e interesses envolvidos no processo de falência. 3.4 Sigilo de correspondência Um outro efeito da falência é o fim do sigilo das correspondências empresariais do falido, pois o administrador tem autorização legal expressa para abrir as correspondências dirigidas ao devedor e, entregar à ele apenas o que não for de interessa da massa falida. 12 Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: III – na falência: d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o que não for assunto de interesse da massa; A lei, no entanto, tem o intuito de assegurar o conhecimento de informações pelo administrador judicial, uma vez que são necessárias. Há portanto, dissensão sobre a constitucionalidade dessa quebra de sigilo de correspondência, alguns autores acreditam que fere o artigo 5 , XII da CR. Contudo, Paulo Fernando Salles, é citado por Tomazette e apoiado por defender a visão de que se a correspondência é direcionada ao endereço de funcionamento da empresa, por certo, em regra, não conterá assuntos de interesse pessoal, portanto, não há inconstitucionalidade em o administrador ter acesso à material que é presumível ser objeto da empresa. 3.5 Obrigações do falido A decretação da falência, além dos efeitos acima citados, produz o dever geral de colaboração para o falido no processo falimentar. Mesmo que este já não tenha mais condições de recuperar da crise, ele deve colaborar para o melhor andamento do processo para que se chegue à liquidação e, ninguém melhor que o próprio devedor para colaborar para tanto. O dever geral de colaboração tem uma maior visibilidade e tem “uma forma mais específica” (Tomazette, 2019, p. 399), quando observados das obrigações impostas pelo artigo 104 da Lei n. 11.101/2005. Os que ainda se prestam como melhores colaboradores, no caso de empresário individual, o próprio; quando sociedades falidas, os seus administradores – independentemente da extensão da falência- nas sociedades por ações, essas obrigações devem ser cumpridas pelos diretores e quando sociedades em liquidação, tais deveres são do liquidante. O dever geral de colaboração compreende o termo de comparecimento nos autos, a entrega de bens, livros, papéis e documentos; restrições à liberdade de locomoção do falido ou administrador ou, liquidante da sociedade falida; o comparecimento aos atos da falência e manifestações; prestação de informações e lista de credores e auxílio ao administrador judicial. 3.6 Descumprimento das obrigações A decretação da falência, como visto, gera várias obrigações ao falido e dentre elas está o dever geral de colaboração que abarca muitas obrigações – citadas acima-, como termo de comparecimento nos autos, a entrega de bens, livros, papéis e documentos; restrições à 13 liberdade de locomoção do falido ou administrador ou, liquidante da sociedade falida; o comparecimento aos atos da falência e manifestações; prestação de informações e lista de credores e auxílio ao administrador judicial. Contudo, caso essas obrigações sejam descumpridas qual será a forma de responsabilização é o que diverge nos conceitos de doutrinadores, alguns entendem que não se pode cogitar em prisão civil, alegando sua inconstitucionalidade. Já Tomazette e outros autores defendem a ideia de que “a lei instituiu um novo crime: a desobediência falimentar, que consistiria não no descumprimento da ordem de um funcionário público, mas no descumprimento das obrigações previstas pelo artigo 104 da Lei n. 1101/2005, após a intimação do juiz para cumpri-la.” (Tomazette, 2019, p. 405), há, portanto, um caráter penal nessa forma, mas que se observados os requisitos e cuidados necessários, nada obsta sua aplicabilidade. Nessa linha de raciocínio Tomazette (2019, p. 405), ainda entende que “Por se tratar de crime previsto na Lei 11.101/2005, a eventual condenação criminosa definitiva traz consequências adicionais. Assim, a extinção das obrigações por decurso de prazo se dará em 10 anos (Lei 11.101/2005 – art. 158, IV), contados do trânsito em julgado da da sentença de extinção do processo, e não em 5 anos. Outrossim, o juiz poderá determinar expressamente, como efeito secundário da sentença condenatória, a proibição do exercício da atividade empresarial, o impedimento para o exercício de cargo de administrador ou membro de conselho fiscal de sociedade, bem como a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócios.” Essa inabilitação que é gerada se extingue ou quando da reabilitação penal ou até 5 anos após a extinção da punibilidade, qualquer um desses dois eventos que primeiro acontecer. Art. 181. São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei: I – a inabilitação para o exercício de atividade empresarial; II – o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei; III – a impossibilidade de gerir empresa por mandato oupor gestão de negócio. § 1º Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença, e perdurarão até 5 (cinco) anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal. § 2º Transitada em julgado a sentença penal condenatória, será notificado o Registro Público de Empresas para que tome as medidas necessárias para impedir novo registro em nome dos inabilitados. 3.7 Direitos do falido Até aqui foi expressamente dito sobre deveres e obrigações que são inerente à decretação da falência, contudo não se pode esquecer que ao mesmo tempo que gera obrigações, há que se falar também em direitos, pois o falido perde o poder de administrar seus bens, mas não perde a propriedade deles e nem o interesse de satisfazer o pagamento dos credores. Os direitos do 14 falido são expressos no artigo 103, parágrafo único da Lei 11.101/2005, que dispõe: Art. 103. Desde a decretação da falência ou do seqüestro, o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou deles dispor. Parágrafo único. O falido poderá, contudo, fiscalizar a administração da falência, requerer as providências necessárias para a conservação de seus direitos ou dos bens arrecadados e intervir nos processos em que a massa falida seja parte ou interessada, requerendo o que for de direito e interpondo os recursos cabíveis. Portanto, fiscalizar a administração da falência, requerer as providências necessárias para a conservação de seus direitos ou dos bens arrecadados e intervir nos processos em que a massa falida seja parte ou interessada, requerendo o que for de direito e interpondo os recursos cabíveis, são direitos do falido. Quando houver interesse da massa falida, o falido poderá requerer o que entender que é de direito e inclusive, poderá interpor recursos. Como já foi dito neste artigo de pesquisa, há um restrição da capacidade processual do falido, contudo ele não perde a legitimidade e o interesse de agir. Há também, excepcionalmente o direito do falido de receber remuneração módica que, será arbitrada pelo juiz com base na sua atuação e utilidade. 3.8 Dissolução da sociedade falida A decretação da falência gera muitos efeitos – já mencionados e conceituados- em relação à pessoa do falido, dentre eles está a dissolução da sociedade falida sendo assim, a decretação da falência o termo inicial para a extinção da sociedade. Tomazette entende que a baixa só será possível com a extinção das obrigações do falido e que, “a extinção do processo de falência não significa a extinção das obrigações do falido, as quais só serão extintas nos casos previstos no art. 158 da Lei 11.101/2005. Embora a existência das ações em curso não seja um óbice à extinção das sociedades, a presença de obrigações não solvidas ao fim do processo impede essa extinção. Apenas com a extinção das obrigações é que acreditamos ser possível a extinção da sociedade falida” (Tomazette, 2019, p. 407) O autor usa como prova do que entende a comunicação da extinção a todas as pessoas comunicadas da falência, pois se a sociedade já tivesse sido extinta não teria que se falar nessa comunicação. É raro que acontece, mas a opção de saída do processo de dissolução e a retomada às atividades normais pode ser invocada quando todos os credores são pagos ou nos casos de extinção das obrigações previstas no artigo 158 da lei 11.101/2005. 15 4. QUANTO AOS CONTRATOS DO FALIDO AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. SUMARÍSSIMO. MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. SÚMULA Nº 388 DO TST. INAPLICABILIDADE. Esta Corte tem se posicionado no sentido de que a previsão constante na Súmula n° 388 do TST exclui apenas a massa falida das penalidades previstas nos arts. 467 e 477, § 8º, da CLT, não abrangendo, portanto, o caso de empresa que se encontra em recuperação judicial. Incidência do artigo 896, § 7º, da CLT e da Súmula nº 333 do TST. Agravo de instrumento conhecido e não provido" (TST-AIRR-1636-53.2017.5.22.0103, Relatora: Ministra DORA MARIA DA COSTA, Data de Julgamento: 10/09/2019, 8ª TURMA, Data da Publição: Diário da Justiça 11/10/2019). A jurisprudência, trata- se justamente sobre a massa falida que não está mais sujeita ao pagamento de multa, lembrando que na maioria destes contratos, abrangem a regra geral dos contratos bilaterais. Em se tratando dos efeitos da falência quanto aos contratos do falido, poderia se imaginar que todos os contratos seriam extintos em decorrência da decretação da falência, porém, alguns contratos precisam ser continuados para extinguir ao menos um pouco do passivo a ser pago na massa falida. A legislação com o intuito de dar uma diretriz para os contratos, que irão perpetuar ou ser extinguidos, adotou uma regra a qual é possível analisar, de fato, o futuro desses contratos. Portanto, será observado a seguir, os diversos contratos e suas devidas regras. 4.1 Contratos bilaterais Ao analisar os efeitos da falência em relação as obrigações do falido, é possível observar prevalência dos contratos bilaterais, em que as duas parte ocpam simultaneamente, a dupla posição de credor e devedor. Cada qual com seus direitos e obrigações. Esse contrato, pode se dizer que é considerado o mais firmado pelo falido. Pode se observar esses contratos através do artigo 117 da Lei 11.101: Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê. Devido ao caput desse artigo, podemos dizer que se trata de um contrato que irá continuar, ou seja, não irá se extinguir em decorrência da falência. Porém, ao se tratar de certos contratos bilaterais, a regra prediz que através do pagamento em dinheiro de uma única prestação, não á de se falar em continuação do contrato. No que condiz a outro autor, Marlon Tomazette cita Gladston Mamede, (Tomazette, 2019, p. 435) “restringe a aplicação da regra e pressupoe três situações: (a) contratos em que a prestação do falido não consita no simples pagamento em dinheiro; (b) contratos em que esteja pendente prestação da outra parte que 16 dependa do cumprimento de prestação pelo falido; (c) contratos de trato sucessivo.” O administrador possui um papel de suma importância em se tratar da continuação dos contratos. Não havendo para o administrador a necessidade de autorização, sendo de sua primazia a decisão pela resolução dos contratos. Contudo, em se tratar das decisões do administrador e os trâmites do contrato, é necessário que o administrador possua suas justificativas conforme legislação, a redução do passivo, o impedimento do aumento do passivo e a manutenção e preservação de ativos. Porém, o administrador ao determinar pela continuação, terá que prestar contas ao Comitê de sua motivação, devido a esse fato atigir diretamente aos credores. Quando se verifica o fato da continuação e sua motivação para o Cômite dos credores, não existindo esse, o artigo 28 da Ledi 11.101 va precietuar que: “Não havendo Comitê de Credores, caberá ao administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, ao juiz exercer suas atribuições." Existe nos contratos bilaterais, algo chamado de Interpelação que a legislação recomenda o uso da forma escrita por meio especialmente de notificações judiciais e extrajudiciais, a lei fixa o prazo de 90 dias para sua realização. Se houver danos ao interpelante em razão da resolução do contrato, haverá o que dizemos de indenizaçãopelo não cumprimento, o artigo 117 da Lei 11.101 vai trazer que o não cumprimento de uma obrigação em qualquer caso gera uma indenizaçãi por perdas e danos. Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivoda massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê. § 1º O contratante pode interpelar o administrador judicial, no prazo de até 90 (noventa) dias, contado da assinatura do termo de sua nomeação, para que, dentro de 10 (dez) dias, declare se cumpre ou não o contrato. § 2º A declaração negativa ou o silêncio do administrador judicial confere ao contraente o direito à indenização, cujo valor, apurado em processo ordinário, constituirá crédito quirografário. Ao haver da deferimento da indenização, será considerada crédito quirografário, ou seja, o credor não possui garantia real para o pagamento de seu crédito. Os créditos quirografários são créditos simples, sem qualquer vantagem. Para o autor Gladston Mamede, neste caso, é necessário que exista um crédito privilegiado. Como desfecho, pode se falar sobre a cláusula resolutória expressa o qual irá abranger as regras especiais previstas na Lei 11.101. Há autores, os quais são os mais apoiados, que alegam que a cláusula resolutória expressa não prevalece em detrimento da Lei de falências, 17 uma vez que são normas de ordem pública. 4.2 Contratos unilaterais Os contratos unilaterais, detem que uma das partes tem a condição de credor e a outra a de devedor, uma das partes tem direitos e a outra tem obrigações. Não haverá continuação nos contratos unilaterais se o falido é devedor de um mútuo. Contudo, em determinados casos no contrato unilateral caberá ao administrador judicial decidir sobre a situação. Como no caso em que o falido é o depositante em um contrato de depósito, sem remuneração, caberá decidir com esse depósito ou não. É imprescindível destacar, que no contrato unilateral irá aderir a mesma regra dos contratos bilaterais, o qual o administrador irá decidir pela continuação ou não do contrato. Porém o contrato unilateral, se distingue do contrato bilateral em relação a interpelação, o qual é inexistente nos contratos unilaterais, o que “nada impede a interpelação para resolver alguma incerteza quanto á continuidade do contrato” (Tomazette, 2019 p. 441). Neste contrato, o silêncio será considerado um motivo para aguardo da resposta definitiva. 4.3 Contratos de compra e venda Podendo considera-lo o contrato mais usual nos dias atuais, o contrato de compra venda está ligado integralmente na realidade do dia a dia das pessoas. Em se tratando do falido, podemos dizer também que este contrato faz parte de sua realidade, pois usualmente há contratos contratos bilaterais na abrangência do falido, devido isso, o contrato de compra e venda está entre eles, por ser considerado um contrato bilateral, devendo a decisão do administrador judicial. Não generalizando, há contratos de comnpra e venda em regras especiais que prevalecem sobre a regra geral. No que condiz as regras especiais, são aplicáveis aos contratos de compra e venda do falido as mercadorias em trânsito, podendo defina lás como mercadorias que foram vendidas e ainda não foram devidamente pagas, ainda não revendidas e ainda não entregues ao falido. Neste caso, poderá haver a suspensão das mercadorias, de acordo com a Lei 11.101, artigo 119, I. 18 Art. 119. Nas relações contratuais a seguir mencionadas prevalecerão as seguintes regras: I - o vendedor não pode obstar a entrega das coisas expedidas ao devedor e ainda em trânsito, se o comprador, antes do requerimento da falência, as tiver revendido, sem fraude, à vista das faturas e conhecimentos de transporte, entregues ou remetidos pelo vendedor; A venda de coisas compostas são classificadas como equipamentos de grande porte, cujas partes são entregues em momentos sucessivos. Ao se tratar do falido que vende alguma coisa e ainda não entregou todas as partes integrantes, aplica a regra geral dos contratos bilaterais. Cabendo a decisão através do administrador judicial. Poderá ocorrer a restituição das coisas já recebidas, o que pe considerada abusiva quando já houve o recebimento quase completo. Além disso, podemos dizer que no contrato de compra e venda há pagamento em prestações de coisa móvel. Valendo se da regra geral dos constratos bilaterais o que caberá a decisão do administrador. Falando se de indenização, com ou sem ela, é cabível a restituição dos valores que já foram pagos nos referidos contratos. Essa restituição não irá decorrer de um ato válido praticado pelo administrador judicial, mas da impossibilidade de cumprimento do contrato. A compra e venda com reserva de domínio, podemos dizer que se subordina a efetiva transferência da propriedade ao pagamento integral do preço. O comprador já passa a ter a posse direta do bem, mas a transferência da propriedade fica suheita a uma condição suspensiva. Assim, o credor se resguarda de eventuais problemas com o devedor, na medida em que ele poderá reaver a coisa. Nas vendas a termo o comprador e vendedor se ajustam para entrega da mercadoria, isto é, ajustam uma data futura para o cumprimento das prestações.Tal tipo de contrato é muito comum com gêneros agrícolas. Neste, aplica se também as regras gerais dos contratos de compra e venda. 4.4 Contratos leasing Os contratos de leasing trata se de uma pessoa jurídica que arrenda a uma pessoa física ou jurídica, por tempo determinado, um bem comprado pela primeira de acordo com as indicações da segunda, cabendo ao arrendatário a opção de adquirir o bem arrendado findo o contrato, mediante o pagamento de um preço residual. Neste contrato não deve dizer que há uma regra especial, cabendo lhe a regra dos contratos bilaterais. 19 No contrato de leasing, a propriedade se mantém com a arrendadora e, nessa condição, ela tem direito de reaver o bem que lhe pertence, no caso de não continuação do contrato. O máximo que se pooderia admitir seria a restituição dos eventuais valores pagos a título de valor residual garantido. 4.5 Contrato factoring O Factoring é a prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços. Através da legislação, o factorig é uma atividade empresarial que envolve a prestação de serviços e a compra de ativos financeiros (créditos). No factoring trustee, as partes se obrigam a prestar serviços de um lado e pagamentos do outro lado, o maturity factoring, o lado do faturizado há o dever de transferir os títulos e prestar informações e do lado da faturizador o dever de cobrar os títulos e pagar o seu valor no vencimento e o conventional factoring, as obrigações do faturizado seriam as mesmas e da faturizadora consistiriam no dever de cobrar o crédito e antecipar o valor. Cabe neste contrato a regra geral dos contratos bilaterais. 4.6 Contrato de trabalho O contrato de trabalho, trata-se de algo extremamente comum na vida de qualquer empresário. Porém não há na Lei 11.101 algo á respeito e que se refira aos contratos de trabalho, prediz que esse contrato deve obediência aos contratos bilaterais. nesse caso, a não continuação ocorrerá automaticamente a extinção do contrato. Pela necessária obediência ao concurso de credores, afastoua exigibilidade da massa falida das multas que se referem ao não pagamento imediato das parcelas devidas em caso de rescisão. Havendo continuação, os créditos á falência serão classificados como extraconcursais. 5. EFEITOS DA FALÊNCIA QUANTO AOS BENS DO FALIDO 5.1 Submissão dos bens do falido ao processo: formação da massa falida objetiva RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. EMPRESARIAL. LIQUIDAÇÃO 20 EXTRAJUDICIAL. FALÊNCIA POSTERIOR. CESSÃO DA CARTEIRA DE CRÉDITO CONSIGNADO. RESTITUIÇÃO. PROCEDIMENTO ESPECÍFICO. IMPRESCINDIBILIDADE. ART. 85 DA LEI N° 11.101/2005. O patrimônio do devedor constitui a garantia de seus credores, sendo que, com a falência, os bens que o integram são indistintamente objeto de arrecadação pelo síndico para que posteriormente venham a ser vendidos para pagamento aos credores. Ocorre que tal arrecadação por vezes abrange não só os bens de propriedade do devedor falido, como também aqueles que se encontram na posse deste e cuja propriedade seja de outrem, donde surge o direito à restituição ao terceiro, corrigindo assim a definição do ativo que será devidamente executado. "O incidente da restituição é aplicável aos processos de falência e tem por escopo excluir os bens indevidamente arrecadados no acervo da massa falida, por estarem na sua posse. Para tanto, foi prevista a instauração do contraditório, com o intuito de proteger os credores da massa falida e terceiros de boa-fé" (REsp 1.242.656/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 07/06/2011, DJe de 10/06/2011). Conforme exegese da Lei n° 10.820/2003, o crédito consignado é modalidade de mútuo, de natureza privada, pelo qual o pagamento ocorre mediante desconto direto das prestações em folha ou de benefício previdenciário do mutuário, sendo muito relevante para o desenvolvimento econômico e social da sociedade, uma vez que possibilita que instituições financeiras disponibilizem crédito às classes mais desfavorecidas por meio de políticas de microcréditos e financiamentos com taxas de juros mais baixos. Na hipótese, trata-se de cessão de créditos consignados em que fora contemplada, em sede de liquidação extrajudicial, a possibilidade de repasse automático de valores derivados dessa carteira aos cessionários do banco falido. A falta de impugnação ao modo de repasse de créditos, no âmbito administrativo, não é apta a afastar, por si só, o procedimento da restituição, próprio para a devolução de bens de propriedade de terceiros que estejam na posse do falido. Portanto, no caso, ainda que os créditos ora questionados não estejam na esfera patrimonial do Banco Cruzeiro do Sul, não integrando o patrimônio da massa falida nem se submetendo ao concurso de credores, mostra-se imprescindível a adoção do procedimento de restituição, conforme disposto na Lei n. 11.101/05, respeitando-se o devido contraditório. Recurso especial provido. (STJ – Resp 1748147/ SP - 2018/0143358-0, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 11/06/2019, T4 - QUARTA TURMA, Data da Publição: Diário da Justiça 09/08/2019) O procedimento falimentar é constituído por todos os bens e todos os credores do devedor, onde para cumprir com as obrigações com os credores, será colocado no processo de falência, os bens atuais e aqueles que serão adquiridos durante a falência, desta forma será realizado a tutela de crédito, neste sentido Mamede (2015, p. 309) diz, “Falência é o procedimento pelo qual se declara a insolvência empresarial ( insolvência do empresário ou sociedade empresária) e se dá solução à mesma, liquidando o patrimônio ativo e saldando, nos limites da força deste, o patrimônio passivo do falido”. Porém existe uma exceção quando aos bens submetidos ao processo de falência, os bens previstos em lei como impenhoráveis ou inalienáveis, devem serem excluídos do procedimento falimentar, como exposto no art. 832 do CPC/2015. Art. 832. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis. Caberá ao juiz caracterizar se o bem é impenhorável ou não, esta decisão poderá ser 21 impugnada através de agravo de instrumento, se desfavorável pelo falido, e caso favorável pelo credor ou administrador judicial. Assim resta mencionar que além dos bens impenhoráveis existem os patrimônios de afetação, Tomazette (2019, p. 461), menciona que “O efeito automático da decretação da falência é, portanto, a segregação do patrimônio de devedor. De um lado estará a massa falida objetiva, entendida como um patrimônio de afetação, um conjunto de bens vinculados ao processo, cuja gestão caberá ao administrador judicial. De outro lado estarão os bens não sujeitos ao processo, ainda administrados pelo próprio devedor.” 5.1.1 Bens absolutamente impenhoráveis É dever do falido cumprir com todas as suas obrigações quanto aos seus credores, assim é realizada a tutela de crédito, no entanto não se pode deixar de averiguar quais bens devem entrar no processo de falência, os quais compreende aos bens alienados, contudo a lei estabelecerá a exclusão de alguns desses bens, tornando- os impenhoráveis levando em consideração proteção da sobrevivência e da dignidade dos devedores, com isso os bens impenhoráveis são incapazes para saldar os créditos dos credores (livres de apreensão), a chamada impenhorabilidade. Nesta mesma linha de raciocínio Mamede (2015, p. 430), diz que “Tudo o que não tenha valor econômico- incluindo o que tenha valor insignificante- e os bens que devam ser considerados fora de comércio, não devem ser entregues”, ou seja, devem serem entregues somente os bens alienados, não sendo incluídos os bens de valor afetivo. Tomazette adota a classificação da impenhorabilidade em duas formas, a relativa, que são os bens com poder de substituição, onde na falta de um bem do falido poderá este bem relativamente impenhorável ser penhorado, o art. 834 do CPC/2015, vai preceituar que, podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis, já a absoluta, são aqueles bens que, com exceção em casos excepcionais, não tem o dever de saldar os débitos, conforme exposto no art.108, § 4, preceitua que, não serão arrecadados os bens absolutamente impenhoráveis. “A impenhorabilidade absoluta não poderá ser oposta no caso de execução de dívidas referentes à aquisição do próprio bem, mesmo em hipóteses do art. 3º da Lei 8.009/90.” (Tomazette, 2019, p. 462) O art.833 do CPC/2015 traz em seu rol os tipos de bens impenhoráveis, quais sejam: I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; 22 IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o; V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado; VI - o seguro de vida; VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos; XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei; XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra. § 1o A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição. § 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o. § 3o Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária. No que diz respeito a impenhorabilidade prevista no inciso V, a nova legislação prevê que deve haver a manutenção da atividade, para sustento do falido, no entanto em lei anterior era previsto que os bens neste inciso mencionados entrariam para o processo falimentar. No entanto alguns doutrinadores preferem seguir a antiga legislação incluído tais bens no processo de falência, com exceção a profissões apartadas da atividade empresarial, por entenderem que não procede a manutenção de uma atividade que já acabou, neste sentido menciona Tomazette (2019, p. 464), “um dos efeitos da falência é a inabilitação para o exercício da atividade empresarial até a extinção das obrigações do falido”. 5.1.2 Patrimônios de afetação Estão submetidos ao processo falimentar os patrimônios de afetação, no que condiz ao cumprimento de determinadas obrigações, por exemplo, a incorporação imobiliária. Os bens, direitos e obrigações serão separados dos do falido até o advento do termo ou cumprimento de sua finalidade. Assim prevê o artigo art. 119, IX da lei 11. 101/2005: 23 os patrimônios de afetação, constituídos para cumprimento de destinação específica, obedecerão ao disposto na legislação respectiva, permanecendo seus bens, direitos e obrigações separados dos do falido até o advento do respectivo termo ou até o cumprimento de sua finalidade, ocasião em que o administrador judicial arrecadará o saldo a favor da massa falida ou inscreverá na classe própria o crédito que contra ela remanescer. O objetivo é manter a confiança dos credores com relação a determinados bens pela afetação de determinada parcela.“ O patrimônio de afetação nada mais é do que uma segregação patrimonial. Ele representa o conjunto de bens segregados do patrimônio de um sujeito para o cumprimento de finalidades específicas, com direitos e obrigações próprios, o qual não se comunica com o patrimônio geral daquele sujeito. Embora o patrimônio seja uma universalidade, vem se admitindo para certos objetivos esse tipo de segregação patrimonial.” (Tomazette, 2019, p. 465) 5.2 Privação dos poderes de administração e disposição sobre os bens do falido RECURSO ESPECIAL. DIREITO FALIMENTAR. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. DECISÃO QUE DETERMINA A INDISPONIBILIDADE DOS BENS DE SÓCIOS. SOCIEDADE FALIDA. LEGITIMIDADE RECURSAL. INEXISTÊNCIA.Falência requerida em 12/2/2015. Recurso especial interposto em 28/3/2016. Autos conclusos à Relatora em 24/11/2016. O propósito recursal é definir se a sociedade empresária falida possui legitimidade para interpor recurso contra decisão que decretou a indisponibilidade de bens pertencentes a seus sócios. Devidamente analisadas e discutidas as questões deduzidas pelas partes, ainda que o resultado do julgamento contrarie os interesses da recorrente, não há que se cogitar de negativa de prestação jurisdicional. O art. 103, parágrafo único, da Lei 11.101/05 confere legitimidade ao falido para “fiscalizar a administração da falência, requerer as providências necessárias para a conservação de seus direitos ou dos bens arrecadados e intervir nos processos em que a massa falida seja parte ou interessada, requerendo o que for de direito e interpondo os recursos cabíveis”. A decisão que deflagrou a irresignação da recorrente, no particular, decretou a indisponibilidade de bens pertencentes aos sócios da falida, de modo que a sociedade, por não ocupar a posição de titular das relações patrimoniais atingidas pela medida imposta, carece, especificamente quanto ao ponto, de legitimidade para recorrer. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. (STJ – RECURSO ESPECIAL Nº 1.639.940/ RS - 2016/0307718-7, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 02/04/2019, T3 - TERCEIRA TURMA, Data da Publição: Diário da Justiça 04/04/2019) Uma vez que uma atividade empresaria entra em falência, isso decorre da mal gestão por parte de seu administrador, ou seja, o falido não soube utilizar de forma adequada os seus bens, desde modo com a decretação da falência o devedor ficará afastado da administração de seus bens, os quais ficaram sob domínio do administrador judicial até o fim do processo de falência, assim os bens serão arrecadados e organizados da melhor forma para a quitação de débitos com os credores, seguindo uma linha de prioridades, a intenção é preservar e utilizar os bens de maneira eficientes, conforme exposto no art. 75 da lei 11. 101/2005. 24 Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa. Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual. No caso das falências, administrador judicial se comporta como auxiliar do juiz. O administrador será escolhido pelo juiz e poderá até mesmo ser pessoa jurídica, nos termos do parágrafo único do art. 21 da Lei 11.101/2005. Preferencialmente deverá ser um advogado, economista ou administrador por formação, mas não é obrigatório que seja. O administrador será representante da massa falida, podendo até mesmo ajuizar ação em seu favor. O falido será afastado da posse de seus bens, tanto com falência ou eventual arresto de seus bens, assim breve o art. 103 da lei 11. 101/2005: Art. 103. Desde a decretação da falência ou do sequestro, o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou deles dispor. Parágrafo único. O falido poderá, contudo, fiscalizar a administração da falência, requerer as providências necessárias para a conservação de seus direitos ou dos bens arrecadados e intervir nos processos em que a massa falida seja parte ou interessada, requerendo o que for de direito e interpondo os recursos cabíveis. Conforme exposto no parágrafo único o devedor deve fiscalizar a forma de como o administrador judicial, está utilizando os seus bens de forma a manter os seus direitos, nos processos em que a parte seja a massa falida poderá o falido intervir como assessor. Cabe ressaltar que com o afastamento o falido perde totalmente poder de administração, não sendo valido qualquer ato neste sentido por ele praticado, assim menciona Tomazette (2019, p. 467), “Dentro dessa perspectiva, qualquer ato de disposição ou administração praticado pelo falidoserá nulo de pleno direito (CC – art. 166, VI e VII). Tais atos de administração e disposição só poderão ser praticados no bojo do próprio processo de falência.” É de suma importância ressaltar que o devedor continua sendo proprietário dos bens, não devendo assim considerar que com o afastamento da administração e disposição, é por motivo de incapacidade, sendo que o falido é plenamente capaz. Neste raciocínio, verifica-se que tal afastamento condiz apenas aos bens ligados ao processo de falência, sendo que os bens absolutamente impenhoráveis continua sob a administração e disposição do devedor. 25 6. CONCLUSÃO É possível compreender que a lei de falência, a qual abrangel a base deste trabalho, é de extrema importância para que sejam resguardados os direitos e deveres, tanto do falido quanto dos credores, lei a qual não apenas busca como base o Direito Empresarial mas outros campos do direito, com este estudo foi possível adentrar e compreender de forma mais eficaz sobre o Processo Falimentar. O estudo buscou salientar, que a pessoa ou sociedade empresaria, a qual se encontrar em crise econômico-financeira, será decretato por sentença a falência, ou seja inicia se o processo de falência, o que tras diversas consequencias para os credores, ficando assim o falido ou a sociedade empresaria, a cumprir com algumas obrigações, as quais só ocorrerá a extinção após a quitação de seus débitos, ou após o término da falência, no prazo de cinco anos ou no prazo de dez sendo o falido condenado a algum crime previdto na Lei de falência. Observou-se os efeitos gerados pelo processo familimentar sobre os contratos do falido, tais impactos também recai sobre o patrimônio do devedor, que ocorrerá uma liquidaçãoo dos bens social do falido para pagamento dos credores, Por fim, é possivel observar que ao longo deste trabalho foi tratado os principais efeitos da falência no que diz respeito ao devedor/falido, trazendo como fonte doutriandores de suma importância para do Direito Empresarial, busccando encrementar uma melhor fonte de conhecimento para os leitores. 26 7. REFERÊNCIAS MAMEDE, Gladstone. Direito empresarial brasileiro: falência e recuperação de empresas. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2015. Vol. 4. STJ. RECURSO ESPECIAL : REsp 1267980 SC 2011/0173063-1. Relator: Ministro Herman Benjamin, DJ: 03/11/2011.STJ, 2011. Disponivel em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=18439807&num_regis tro=201101730631&data=20111108&tipo=5&formato=PDF. Acesso em: 15 nov. 2019. STJ. RECURSO ESPECIAL : REsp 1.265.548 SC 2011/0163573-7. Relatora: Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, R.P/Acórdão: Ministro Antonio Carlos Ferreira, DJ: 25/06/2019.STJ, 2019. Disponivel em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=98049941&num_regis tro=201101635737&data=20190805&tipo=5&formato=PDF. Acesso em: 15 nov. 2019. STJ. RECURSO ESPECIAL : REsp 1748147 SP - 2018/0143358-0. Relator: Ministro Luís Felipe Salomão, DJ: 11/06/2019.STJ, 2019. Disponivel em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=99150179&num_regis tro=201801433580&data=20190809&tipo=5&formato=PDF. Acesso em: 15 nov. 2019. STJ. RECURSO ESPECIAL : REsp 1.639.940 RS - 2016/0307718-7. Relator: Ministro Nancy Andrighi, DJ: 02/04/2019.STJ, 2019. Disponivel em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=94280803&num_regis tro=201603077187&data=20190404&tipo=5&formato=PDF. Acesso em: 15 nov. 2019. TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial: falência e recuperação de empresas. 7ª ed. São Paulo: Saraiva Educação 2019.Vol.3. TST. AGRAVO DE INSTRUMENTO: AIRR-1636-53.2017.5.22.0103, Relatora; Ministra Dora Maria da Costa, DJ: 10/09/2019.TST, 2019. Disponivel em: https://jurisprudencia- backend.tst.jus.br/rest/documentos/f540fdd97a614b5de4c9e6c68f92bf11Acesso em: 15 nov. 2019.
Compartilhar