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Trabalho de Empresarial IV- Efeitos da Falência

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS 
Curso de Graduação em Direito 
 
 
 
 
 
 
Flavia de Andrade Siqueira 
Géssica Naiane das Dores Morais 
Milena Sobrinho Bertolin de Paiva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO EMPRESARIAL IV: 
Efeitos da falência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2019 
3 
 
Sumário 
 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 4 
2. QUANTO AS OBRIGAÇÕES DO FALIDO ........................................................................... 5 
3. EFEITOS DA FALÊNCIA QUANTO A PESSOA DO FALIDO ............................................... 8 
3.1 Quem é considerado falido? ................................................................................................... 9 
3.2 Inabilitação Empresarial ........................................................................................................ 9 
3.3 Capacidade processual do falido ........................................................................................... 11 
3.4 Sigilo de correspondência .................................................................................................... 11 
3.5 Obrigações do falido ........................................................................................................... 12 
3.6 Descumprimento das obrigações .......................................................................................... 12 
3.7 Direitos do falido ............................................................................................................... 13 
3.8 Dissolução da sociedade falida ............................................................................................. 14 
4. QUANTO AOS CONTRATOS DO FALIDO ........................................................................ 15 
4.1 Contratos bilaterais ............................................................................................................. 15 
4.2 Contratos unilaterais ............................................................................................................ 17 
4.3 Contratos de compra e venda ............................................................................................... 17 
4.4 Contratos leasing ................................................................................................................ 18 
4.5 Contrato factoring .............................................................................................................. 19 
4.6 Contrato de trabalho ........................................................................................................... 19 
5. EFEITOS DA FALÊNCIA QUANTO AOS BENS DO FALIDO ............................................. 19 
5.1 Submissão dos bens do falido ao processo: formação da massa falida objetiva ........................... 19 
5.1.1 Bens absolutamente impenhoráveis .................................................................................... 21 
5.1.2 Patrimônios de afetação .................................................................................................... 22 
5.2 Privação dos poderes de administração e disposição sobre os bens do falido .............................. 23 
6. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 25 
7. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 26 
 
4 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
O presente trabalho tem como objeto a Falência e seus efeitos em vários aspectos, 
bem como os efeitos quanto as obrigações do falido compreendendo os contratos bilaterais - 
regra geral-, contratos unilaterais, contratos de compra e venda - leasing, factoring- e contrato 
de trabalho. O trabalho é baseado em doutrinadores renomados dentre eles, Tomazette, para 
explicar o reflexo da falência nos vários âmbitos empresariais e explicar quem são os 
principais atingidos quando da decretação de falência, as obrigações advindas dessas, os 
direitos do falido e a dissolução da sociedade falida. Dentre todas as informações encontradas 
nesse presente artigo, também, há elementos de informações principais a respeito de quem 
pode ser considerado falido e se esse estado pode ser estendido à outras pessoas, bem como 
sócios de responsabilidade ilimitada e a excepcionalidade na responsabilidade limitada. 
Problemáticas como inabilitação empresarial, obrigações; restrições e direitos do falido 
também são discutidos e expostos diferentes visões de doutrinadores. 
Segue em estudo os principais efeitos da falência quanto à obrigações, contratos, bens 
e à pessoa do falido. 
5 
2. QUANTO AS OBRIGAÇÕES DO FALIDO 
 
Á princípio deve-se dizer que o falido tem a obrigação de efetuar o pagamento para o 
maior número possível de credores, em ordem de preferência, após decretada realmente a 
falência. 
 
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONCURSO DE CREDORES. 
FALÊNCIA. EXECUÇÃO FISCAL. PREFERÊNCIA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.Cuida-se de Agravo Regimental interposto contra 
decisão monocrática que negou seguimento ao Recurso Especial. Em concurso de 
credores, os créditos de natureza tributária têm preferência sobre os relativos a 
honorários advocatícios, segundo a orientação consolidada na Primeira Seção do STJ. 
A simples razão de conferir natureza alimentar aos honorários advocatícios, a exemplo 
do disposto no artigo 19 da Lei 11.033, ou de lhes reconhecer caráter privilegiado, 
como fez o artigo 24 da Lei 8.906, não autoriza a conclusão de que preferem ao crédito 
tributário, em concurso de credores, pois a questão encontra disciplina legal específica. 
Depreende-se dos arts. 186 do CTN, da Lei 11.101 que prevalecem sobre o crédito 
tributário aquele decorrentes da legislação trabalhista ou devidos por acidente de 
trabalho, e a jurisprudencia do STJ já proclamou que os honorários advocatícios não se 
enquadram nas citadas hipóteses. Não compete ao STJ, em Recurso Especial, a análise 
de violação a preceito constitucional. Agravo Regimental não provido. (STJ - AgRg no 
AgRg no Resp 1267980 - SC 2011/0173063-1, Relator: Ministro HERMAN 
BENJAMIN, Data de Julgamento: 03/11/2011, T2 - SEGUNDA TURMA, Data da 
Publição: Diário da Justiça 08/11/2011) 
 
Em se tratando dos efeitos da falência quanto as obrigações do falido é importante 
salientar o artigo 104 da Lei 11.101 que prediz o seguinte: 
 
Art. 104. A decretação da falência impõe ao falido os seguintes deveres: 
I - assinar nos autos, desde que intimado da decisão, termo de comparecimento, com a 
indicação do nome, nacionalidade, estado civil, endereço completo do domicílio, 
devendo ainda declarar, para constar do dito termo: 
a) as causas determinantes da sua falência, quando requerida pelos credores; 
b) tratando-se de sociedade, os nomes e endereços de todos os sócios, acionistas 
controladores, diretores ou administradores, apresentando o contrato ou estatuto social 
e a prova do respectivo registro, bem como suas alterações; 
c) o nome do contador encarregado da escrituração dos livros obrigatórios; 
d) os mandatos que porventura tenha outorgado, indicando seu objeto, nome e endereço 
do mandatário; 
e) seus bens imóveis e os móveis que não se encontram no estabelecimento; 
f) se faz parte de outras sociedades, exibindo respectivo contrato; 
g) suas contas bancárias, aplicações, títulos em cobrança e processos em andamento em 
que for autor ou réu; 
II - depositar em cartório, no ato de assinatura do termo de comparecimento, os seus 
livros obrigatórios,a fim de serem entregues ao administrador judicial, depois de 
encerrados por termos assinados pelo juiz; 
III - não se ausentar do lugar onde se processa a falência sem motivo justo e 
comunicação expressa ao juiz, e sem deixar procurador bastante, sob as penas 
cominadas na lei; 
IV - comparecer a todos os atos da falência, podendo ser representado por procurador, 
quando não for indispensável sua presença; 
V - entregar, sem demora, todos os bens, livros, papéis e documentos ao administrador 
judicial, indicando-lhe, para serem arrecadados, os bens que porventura tenha em poder 
de terceiros; 
VI - prestar as informações reclamadas pelo juiz, administrador judicial, credor ou 
6 
Ministério Público sobre circunstâncias e fatos que interessem à falência; 
VII - auxiliar o administrador judicial com zelo e presteza; 
VIII - examinar as habilitações de crédito apresentadas; 
IX - assistir ao levantamento, à verificação do balanço e ao exame dos livros; 
X - manifestar-se sempre que for determinado pelo juiz; 
XI - apresentar, no prazo fixado pelo juiz, a relação de seus credores; 
XII - examinar e dar parecer sobre as contas do administrador judicial. 
Parágrafo único. Faltando ao cumprimento de quaisquer dos deveres que esta Lei lhe 
impõe, após intimado pelo juiz a fazê-lo, responderá o falido por crime de 
desobediência. 
 
 Assim, as obrigações a título gratuito não sofrem os efeitos da falência. Custas dos 
processos entre devedor e credor, em que o devedor seja vencido, serão exigíveis, 
diferentemente da legislação anterior, são exigíveis e, consequentemente, se sujeitam aos 
efeitos da falência os créditos referentes a multas e a pensões alimentícias. A condição de 
crise do devedor pode ensejar a redução ou a extinção da obrigação de pagar a pensão, mas 
apenas para o futuro. Os créditos de pensão alimentícia já existentes serão exigíveis e se 
sujeitam aos efeitos da falência. 
 Dentro da perspectiva que não se pode agravar a situação do falido, não poderão ser 
exigidas na falência as cláusulas penais dos contratos unilaterais vencidos em virtude da 
falência (Lei no 11.101/2005 – art. 83, § 3o): 
 
Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: 
I – os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqüenta) 
salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; 
II - créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; 
III – créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, 
excetuadas as multas tributárias; 
IV – créditos com privilégio especial, a saber: 
a) os previstos no art. 964 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002; 
b) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta 
Lei; 
c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada em 
garantia; 
d) aqueles em favor dos microempreendedores individuais e das microempresas e 
empresas de pequeno porte de que trata a Lei Complementar nº 123, de 14 de 
dezembro de 2006 (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) 
V – créditos com privilégio geral, a saber: 
a) os previstos no art. 965 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002; 
b) os previstos no parágrafo único do art. 67 desta Lei; 
c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta 
Lei; 
VI – créditos quirografários, a saber: 
a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo; 
b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens vinculados 
ao seu pagamento; 
c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem o limite 
estabelecido no inciso I do caput deste artigo; 
VII – as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou 
administrativas, inclusive as multas tributárias; 
VIII – créditos subordinados, a saber: 
7 
a) os assim previstos em lei ou em contrato; 
b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício. 
§ 1º Para os fins do inciso II do caput deste artigo, será considerado como valor do bem 
objeto de garantia real a importância efetivamente arrecadada com sua venda, ou, no 
caso de alienação em bloco, o valor de avaliação do bem individualmente considerado. 
§ 2º Não são oponíveis à massa os valores decorrentes de direito de sócio ao 
recebimento de sua parcela do capital social na liquidação da sociedade. 
§ 3º As cláusulas penais dos contratos unilaterais não serão atendidas se as obrigações 
neles estipuladas se vencerem em virtude da falência. 
§ 4º Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados quirografários. 
 
 De imediato, os efeitos quanto aos contratos pendentes do falido serão analisados no 
topico 4 na p.15 desse trabalho. 
 Em relação a decretação da falência é a obrigação do devedor com seus credores, de 
efetuar o pagamento em ordem preferencial, as obrigações em moedas estrangeiras deverão ser 
convertidas em moeda nacional. Pode se dizer, que as obrigações em garantia real por parte dos 
credores, trazem um risco muito baixo, devido a vinculação de bens. Há exceção quanto aos 
debêntures á suspensão da exibilidade dos juros, isto é, todos os tipos de debêntures teriam 
direito de exigir normalmente os juros posteriores à falência. 
 A nosso ver, porém, a exceção deve se restringir àquelas debêntures com garantia real, 
uma vez que só responde por esses juros o produto dos bens dados em garantia. Se não 
houvesse a garantia, nada responderia por esses juros e, por isso, a exceção abrange apenas as 
debêntures e as demais obrigações com garantia real. Nas ações trabalhistas, são da competência 
do juízo falimentar, uma vez que não se trata de uma causa trabalhista, mas da discussão dos 
efeitos da alienação da massa falida. Alguns autores mencionam ainda como exceção à força 
atrativa do juízo falimentar as ações de despejo e as ações relativas a imóveis, por se tratar de 
regra de competência absoluta. Além de atrair os credores e as ações para o juízo falimentar, a 
decretação da falência deve impedir que pagamentos de obrigações do falido sejam realizados 
em outros processos. 
É inerente à falência a proibição do pagamento individual dos credores. Se todos 
devem recorrer ao juízo falimentar para receber, ninguém pode receber seu crédito em 
outro tipo de processo, sob pena de desvirtuamento da ordem legal de preferências entre os 
credores. Não se deve privilegiar os credores mais ágeis, mas sim aqueles que forem 
considerados de maior relevância. Assim sendo, a decretação da falência impõe a 
suspensão das ações e execuções em curso contra o devedor (Lei no 11.101/2005 – art. 6). No 
direito italiano, proíbe-se o ajuizamento ou prosseguimento de ações que possam 
comprometer os bens abrangidos pela falência. Caso não houvesse a suspensão, haveria o risco 
de algum credor receber fora do processo de falência, podendo desobedecer a ordem legal dos 
8 
pagamentos. Naturalmente, não são todas as ações que precisam ser suspensas, porquanto nem 
todas as ações geram o risco de pagamento fora da ordem legal de preferências. Assim, 
também há algumas exceções a esse efeito. 
 Podemos afirmar que também não serão suspensas aquelas ações sem efeitos 
patrimoniais econômicos, como a nunciação de obra nova e a investigação de paternidade sem 
pedido condenatório. Além de reunir os credores para receber no mesmo processo e suspender, 
em regra, as ações contra o devedor, a decretação da falência deve impedir ou ao menos tornar 
desnecessárias novas ações contra o falido.Nesse sentido, a decretação da falência 
suspende o curso da prescrição contra o falido (Lei no 11.101/2005 – art. 6o). 
 Se o direito de retirada já foi exercido, os sócios ou acionistas têm direito ao 
recebimento do valor das suas quotas ou ações. Nas sociedades contratuais, esse pagamento 
deverá ser feito no prazo contratualmente estabelecido ou, no silêncio do contrato social, em 90 
dias (CC – art. 1.031). Nas sociedades por ações, em regra, o pagamento deverá ocorrer no 
prazo de 40 dias, contados da data da publicação da ata da assembleia que ensejou a retirada. 
 A extinção das dívidas de duas pessoas por direitos recíprocos, tem haver com o 
contrato bilateral, no Código Civil no artigo 368,, afirma que “Se duas pessoas forem ao 
mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde 
se compensarem”. Em outras palavras, trata-se de encontro de créditos e débitos recíprocos, 
para a extinção das obrigações. A compensação, em geral, é extremamente vantajosa na medida 
em que simplifica os negócios e representa garantia de satisfação para os credores. 
 
3. EFEITOS DA FALÊNCIA QUANTO A PESSOA DO FALIDO 
 
CIVIL, PROCESSUAL CIVIL E FALIMENTAR. AGRAVO REGIMENTAL NO 
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. FALÊNCIA. DECRETAÇÃO. FALIDA. 
PERSONALIDADE JURÍDICA. EXTINÇÃO IMEDIATA. NÃO OCORRÊNCIA. 
CAPACIDADE PROCESSUAL. MANUTENÇÃO. RECURSO PROVIDO. Segundo 
o procedimento regrado pelo Decreto-Lei n. 7.661/1945, a decretação da falência não 
implica a imediata e incondicional extinção da pessoa jurídica, mas tão só impõe ao 
falido a perda do direito de administrar seus bens e deles dispor (LF, art. 40), 
conferindo ao síndico a representação judicial da massa (CPC/1973, art. 12, III). A 
mera existência da massa falida não é motivo para concluir pela automática, muito 
menos necessária, extinção da pessoa jurídica. De fato, a sociedade falida não se 
extingue ou perde a capacidade processual (CPC/1973, art. 7º; CPC/2015, art. 70), 
tanto que autorizada a figurar como assistente nas ações em que a massa seja parte ou 
interessada, inclusive interpondo recursos e, durante o trâmite do processo de falência, 
pode até mesmo requerer providências conservatórias dos bens arrecadados. Ao 
término do processo falimentar, concluídas as fases de arrecadação, verificação e 
classificação dos créditos, realização do ativo e pagamento do passivo, se 
eventualmente sobejar patrimônio da massa – ou até mesmo antes desse momento, se 
porventura ocorrer quaisquer das hipóteses previstas no art. 135 da LF –, a lei faculta 
ao falido requerer a declaração de extinção de todas as suas obrigações (art. 136), 
9 
pedido cujo acolhimento autoriza-o voltar ao exercício do comércio, "salvo se tiver 
sido condenado ou estiver respondendo a processo por crime falimentar" (art. 138). 
Portanto, a decretação da falência, que enseja a dissolução, é o primeiro ato do 
procedimento e não importa, por si, na extinção da personalidade jurídica da sociedade. 
A extinção, precedida das fases de liquidação do patrimônio social e da partilha do 
saldo, dá-se somente ao fim do processo de liquidação, que todavia pode ser antes 
interrompido, se acaso revertidas as razões que ensejaram a dissolução, como na 
hipótese em que requerida e declarada a extinção das obrigações na forma do art. 136 
da lei de regência. Agravo interno provido para dar provimento ao recurso especial. 
(STJ - AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.265.548 - SC 2011/0163573-7, Relator: 
Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, R.P/Acórdão: Ministro ANTONIO CARLOS 
FERREIRA, Data de Julgamento: 25/06/2019, T4 - QUARTA TURMA, Data da 
Publição: Diário da Justiça 05/08/2019) 
 
3.1 Quem é considerado falido? 
 
 
Antes de discorrer sobre a decretação da falência e seus efeitos quanto à pessoa do 
falido, é importante entender a problemática de quem é considerado falido e se essa condição se 
estenderá. 
Falido, em regra, é o devedor empresário que teve sua falência decretada e é insolvente 
juridicamente. O conceito do devedor empresário compreende empresários individuais – pessoa 
física-, as sociedades empresárias – pessoa jurídica ou não- e Empresas Individuais de 
Responsabilidade Limitada – EIRELIs, portanto qualquer devedor empresário. Outras pessoas 
além das citadas acima, podem ser consideradas falidos pelo instituto da extensão da falência 
(falências dependentes ou falências derivadas). 
A extensão da falência alcança os sócios de responsabilidade ilimitada, em regra não se 
estende a falência aos sócios de sociedade limitada; mas excepcionalmente, será possível a 
extensão da condição de falido aos sócios ou acionistas de tais sociedades. Há também a 
possibilidade de extensão da falência aos sócios de responsabilidade limitada nos casos em que 
acontecer a desconsideração da personalidade jurídica da sociedade falida, embora exista 
divergência doutrinária essa é a visão defendida por Tomazette 
 
3.2 Inabilitação Empresarial 
 
O primeiro efeito da falência no que diz respeito à pessoa do falido é a inabilitação 
empresarial. Ou seja, há um impedimento para que o falido exerça atividade empresarial quando 
decretada a falência, conforme estabelecido no artigo 102 da Lei 11.101/2005: 
 
10 
Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir 
da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o 
disposto no § 1º do art. 181 desta Lei. 
Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da 
falência que proceda à respectiva anotação em seu registro. 
 
Tal inabilitação será registrada para que viabilize assim publicidade ao estado de falido e 
se caso for descumprida configura-se crime falimentar e irregularidades, contando-se a partir da 
publicação do provimento que decretar a falência. 
Os efeitos da falência são estendidos aos que possam ser considerados falidos, sendo 
eles; empresário individual, sociedade empresária e os sócios de responsabilidade ilimitada. 
Tomazette (2019, p. 395) faz a ressalva de que “Sócios de responsabilidade limitada, 
administradores e outras sociedades não são considerados falidos, salvo no caso de extensão da 
falência por meio da desconsideração da personalidade jurídica.” 
É importante entender que a inabilitação empresarial não torna o falido incapaz, mas é 
um impedimento para que o falido exerça determinadas atividades, como ser empresário 
individual, mas não o restringe de ser sócio ou até administrador de sociedade. Há outros 
impedimentos advindos da inabilitação, como por exemplo, o falido fica proibido de ser corretor 
de navios, bem como, corretor de seguros, leiloeiro e também não pode exercer a curatela e a 
tutela, por consequência da inabilitação. 
Essa inabilitação é um efeito da sentença que declara a falência do devedor, ou seja, é 
uma consequência. Contudo, essa inabilitação atinge somente o falido e impede de ser 
empresário individual. Há, no entanto, a inabilitação advinda de condenação por crime 
falimentar, sendo essa última mais ampla do que a primeira. No capítulo 18 do livro 
Recuperação Judicial e Falência. Tomazette (2019, p. 396) aduz que, “No caso de prática de 
crime falimentar, pode ser determinado expressamente, como efeito secundário da sentença 
condenatória, a proibição do exercício da atividade empresarial, o impedimento para o exercício 
de cargo de administrador ou membro de conselho fiscal de sociedade, bem como a 
impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócios. Tais restrições não são 
automáticas, dependendo de decretação específica na sentença condenatória. Contudo, 
independentemente de decretaçãoespecífica, o falido fica impedido de ser fiel, empresário, 
administrador ou fiel de armazéns-gerais. 
 Reitere-se que essa inabilitação mais ampla não decorre da falência, mas de condenação 
por crime falimentar, dependendo de decretação específica. Outrossim, ela não se restringe ao 
falido, podendo abranger qualquer pessoa que seja condenada por tais crimes, incluindo o 
falido, os sócios, os administradores da sociedade e até o administrador judicial. Ademais, ela é 
11 
mais restritiva, pois determina a proibição de ser empresário individual, de ser o administrador 
ou membro de conselho fiscal de sociedade, bem como de gerir empresa por mandato ou gestão 
de negócios” A inabilitação advinda de sentença condenatória por crime falimentar terá sua 
duração até 5 anos depois da extinção da punibilidade ou até quando houver a reabilitação penal, 
não levando em conta o tempo em que forem extintas as obrigações; a que acontecer primeiro 
poderá servir de termo. 
 
Art. 181. São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei: 
I - a inabilitação para o exercício de atividade empresarial; 
II- o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, 
diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei; 
III- a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio. 
§ 1 Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente 
declarados na sentença, e perdurarão até 5 (cinco) anos após a extinção da 
punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal. 
§ 2 Transitada em julgado a sentença penal condenatória, será notificado o Registro 
Público de Empresas para que tome as medidas necessárias para impedir novo registro 
em nome dos inabilitados. 
 
3.3 Capacidade processual do falido 
 
Art. 103. Desde a decretação da falência ou do seqüestro, o devedor perde o direito de 
administrar os seus bens ou deles dispor. 
Diante do disposto nesse artigo, muitos autores defendem que o falido perde a 
capacidade processual, contudo Tomazette defende que há, na realidade, restrições à capacidade 
processual do falido; uma vez que, o falido não poderá atuar ou continuar como autor ou réu em 
processos que envolvem os bens que ele perdeu o poder de administrar e dispôr, mas não 
impede que o falido seja parte em processos que não tenham reflexos econômicos ou que ele 
atue em casos que não é impedido por lei, a exemplo da impugnação de créditos. 
Portanto, não há uma perda da capacidade processual ou postulatória, mas sim uma 
restrição à isso no que diz respeito à processos que envolvam os bens, negócios e interesses 
envolvidos no processo de falência. 
 
3.4 Sigilo de correspondência 
 
Um outro efeito da falência é o fim do sigilo das correspondências empresariais do 
falido, pois o administrador tem autorização legal expressa para abrir as correspondências 
dirigidas ao devedor e, entregar à ele apenas o que não for de interessa da massa falida. 
 
12 
Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, 
além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: 
III – na falência: 
d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o que não for 
assunto de interesse da massa; 
 
A lei, no entanto, tem o intuito de assegurar o conhecimento de informações pelo 
administrador judicial, uma vez que são necessárias. Há portanto, dissensão sobre a 
constitucionalidade dessa quebra de sigilo de correspondência, alguns autores acreditam que 
fere o artigo 5 , XII da CR. Contudo, Paulo Fernando Salles, é citado por Tomazette e apoiado 
por defender a visão de que se a correspondência é direcionada ao endereço de funcionamento 
da empresa, por certo, em regra, não conterá assuntos de interesse pessoal, portanto, não há 
inconstitucionalidade em o administrador ter acesso à material que é presumível ser objeto da 
empresa. 
 
3.5 Obrigações do falido 
 
A decretação da falência, além dos efeitos acima citados, produz o dever geral de 
colaboração para o falido no processo falimentar. Mesmo que este já não tenha mais condições 
de recuperar da crise, ele deve colaborar para o melhor andamento do processo para que se 
chegue à liquidação e, ninguém melhor que o próprio devedor para colaborar para tanto. 
O dever geral de colaboração tem uma maior visibilidade e tem “uma forma mais 
específica” (Tomazette, 2019, p. 399), quando observados das obrigações impostas pelo artigo 
104 da Lei n. 11.101/2005. Os que ainda se prestam como melhores colaboradores, no caso de 
empresário individual, o próprio; quando sociedades falidas, os seus administradores – 
independentemente da extensão da falência- nas sociedades por ações, essas obrigações devem 
ser cumpridas pelos diretores e quando sociedades em liquidação, tais deveres são do liquidante. 
O dever geral de colaboração compreende o termo de comparecimento nos autos, a 
entrega de bens, livros, papéis e documentos; restrições à liberdade de locomoção do falido ou 
administrador ou, liquidante da sociedade falida; o comparecimento aos atos da falência e 
manifestações; prestação de informações e lista de credores e auxílio ao administrador judicial. 
 
3.6 Descumprimento das obrigações 
 
A decretação da falência, como visto, gera várias obrigações ao falido e dentre elas está 
o dever geral de colaboração que abarca muitas obrigações – citadas acima-, como termo de 
comparecimento nos autos, a entrega de bens, livros, papéis e documentos; restrições à 
13 
liberdade de locomoção do falido ou administrador ou, liquidante da sociedade falida; o 
comparecimento aos atos da falência e manifestações; prestação de informações e lista de 
credores e auxílio ao administrador judicial. Contudo, caso essas obrigações sejam 
descumpridas qual será a forma de responsabilização é o que diverge nos conceitos de 
doutrinadores, alguns entendem que não se pode cogitar em prisão civil, alegando sua 
inconstitucionalidade. Já Tomazette e outros autores defendem a ideia de que “a lei instituiu um 
novo crime: a desobediência falimentar, que consistiria não no descumprimento da ordem de um 
funcionário público, mas no descumprimento das obrigações previstas pelo artigo 104 da Lei n. 
1101/2005, após a intimação do juiz para cumpri-la.” (Tomazette, 2019, p. 405), há, portanto, 
um caráter penal nessa forma, mas que se observados os requisitos e cuidados necessários, nada 
obsta sua aplicabilidade. Nessa linha de raciocínio Tomazette (2019, p. 405), ainda entende que 
“Por se tratar de crime previsto na Lei 11.101/2005, a eventual condenação criminosa definitiva 
traz consequências adicionais. Assim, a extinção das obrigações por decurso de prazo se dará 
em 10 anos (Lei 11.101/2005 – art. 158, IV), contados do trânsito em julgado da da sentença de 
extinção do processo, e não em 5 anos. Outrossim, o juiz poderá determinar expressamente, 
como efeito secundário da sentença condenatória, a proibição do exercício da atividade 
empresarial, o impedimento para o exercício de cargo de administrador ou membro de conselho 
fiscal de sociedade, bem como a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de 
negócios.” Essa inabilitação que é gerada se extingue ou quando da reabilitação penal ou até 5 
anos após a extinção da punibilidade, qualquer um desses dois eventos que primeiro acontecer. 
 
Art. 181. São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei: 
I – a inabilitação para o exercício de atividade empresarial; 
II – o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, 
diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei; 
III – a impossibilidade de gerir empresa por mandato oupor gestão de negócio. 
§ 1º Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser 
motivadamente declarados na sentença, e perdurarão até 5 (cinco) anos após a extinção 
da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal. 
§ 2º Transitada em julgado a sentença penal condenatória, será notificado o Registro 
Público de Empresas para que tome as medidas necessárias para impedir novo registro 
em nome dos inabilitados. 
 
3.7 Direitos do falido 
 
Até aqui foi expressamente dito sobre deveres e obrigações que são inerente à decretação 
da falência, contudo não se pode esquecer que ao mesmo tempo que gera obrigações, há que se 
falar também em direitos, pois o falido perde o poder de administrar seus bens, mas não perde a 
propriedade deles e nem o interesse de satisfazer o pagamento dos credores. Os direitos do 
14 
falido são expressos no artigo 103, parágrafo único da Lei 11.101/2005, que dispõe: 
 
Art. 103. Desde a decretação da falência ou do seqüestro, o devedor perde o direito de 
administrar os seus bens ou deles dispor. 
Parágrafo único. O falido poderá, contudo, fiscalizar a administração da falência, 
requerer as providências necessárias para a conservação de seus direitos ou dos bens 
arrecadados e intervir nos processos em que a massa falida seja parte ou interessada, 
requerendo o que for de direito e interpondo os recursos cabíveis. 
 
Portanto, fiscalizar a administração da falência, requerer as providências necessárias para 
a conservação de seus direitos ou dos bens arrecadados e intervir nos processos em que a massa 
falida seja parte ou interessada, requerendo o que for de direito e interpondo os recursos 
cabíveis, são direitos do falido. 
Quando houver interesse da massa falida, o falido poderá requerer o que entender que é 
de direito e inclusive, poderá interpor recursos. Como já foi dito neste artigo de pesquisa, há um 
restrição da capacidade processual do falido, contudo ele não perde a legitimidade e o interesse 
de agir. Há também, excepcionalmente o direito do falido de receber remuneração módica que, 
será arbitrada pelo juiz com base na sua atuação e utilidade. 
 
3.8 Dissolução da sociedade falida 
 
A decretação da falência gera muitos efeitos – já mencionados e conceituados- em 
relação à pessoa do falido, dentre eles está a dissolução da sociedade falida sendo assim, a 
decretação da falência o termo inicial para a extinção da sociedade. Tomazette entende que a 
baixa só será possível com a extinção das obrigações do falido e que, “a extinção do processo de 
falência não significa a extinção das obrigações do falido, as quais só serão extintas nos casos 
previstos no art. 158 da Lei 11.101/2005. Embora a existência das ações em curso não seja um 
óbice à extinção das sociedades, a presença de obrigações não solvidas ao fim do processo 
impede essa extinção. Apenas com a extinção das obrigações é que acreditamos ser possível a 
extinção da sociedade falida” (Tomazette, 2019, p. 407) O autor usa como prova do que 
entende a comunicação da extinção a todas as pessoas comunicadas da falência, pois se a 
sociedade já tivesse sido extinta não teria que se falar nessa comunicação. 
É raro que acontece, mas a opção de saída do processo de dissolução e a retomada às 
atividades normais pode ser invocada quando todos os credores são pagos ou nos casos de 
extinção das obrigações previstas no artigo 158 da lei 11.101/2005. 
 
15 
4. QUANTO AOS CONTRATOS DO FALIDO 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. SUMARÍSSIMO. 
MULTA DO ART. 467 DA CLT. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. 
SÚMULA Nº 388 DO TST. INAPLICABILIDADE. Esta Corte tem se posicionado no 
sentido de que a previsão constante na Súmula n° 388 do TST exclui apenas a massa 
falida das penalidades previstas nos arts. 467 e 477, § 8º, da CLT, não abrangendo, 
portanto, o caso de empresa que se encontra em recuperação judicial. Incidência do 
artigo 896, § 7º, da CLT e da Súmula nº 333 do TST. Agravo de instrumento conhecido 
e não provido" (TST-AIRR-1636-53.2017.5.22.0103, Relatora: Ministra DORA 
MARIA DA COSTA, Data de Julgamento: 10/09/2019, 8ª TURMA, Data da Publição: 
Diário da Justiça 11/10/2019). 
 
A jurisprudência, trata- se justamente sobre a massa falida que não está mais sujeita ao 
pagamento de multa, lembrando que na maioria destes contratos, abrangem a regra geral dos 
contratos bilaterais. 
Em se tratando dos efeitos da falência quanto aos contratos do falido, poderia se 
imaginar que todos os contratos seriam extintos em decorrência da decretação da falência, 
porém, alguns contratos precisam ser continuados para extinguir ao menos um pouco do passivo 
a ser pago na massa falida. A legislação com o intuito de dar uma diretriz para os contratos, que 
irão perpetuar ou ser extinguidos, adotou uma regra a qual é possível analisar, de fato, o futuro 
desses contratos. Portanto, será observado a seguir, os diversos contratos e suas devidas regras. 
 
 
4.1 Contratos bilaterais 
 
Ao analisar os efeitos da falência em relação as obrigações do falido, é possível 
observar prevalência dos contratos bilaterais, em que as duas parte ocpam simultaneamente, a 
dupla posição de credor e devedor. Cada qual com seus direitos e obrigações. Esse contrato, 
pode se dizer que é considerado o mais firmado pelo falido. Pode se observar esses contratos 
através do artigo 117 da Lei 11.101: 
 
Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos 
pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo 
da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante 
autorização do Comitê. 
 
Devido ao caput desse artigo, podemos dizer que se trata de um contrato que irá 
continuar, ou seja, não irá se extinguir em decorrência da falência. Porém, ao se tratar de certos 
contratos bilaterais, a regra prediz que através do pagamento em dinheiro de uma única 
prestação, não á de se falar em continuação do contrato. No que condiz a outro autor, Marlon 
Tomazette cita Gladston Mamede, (Tomazette, 2019, p. 435) “restringe a aplicação da regra e 
pressupoe três situações: (a) contratos em que a prestação do falido não consita no simples 
pagamento em dinheiro; (b) contratos em que esteja pendente prestação da outra parte que 
16 
dependa do cumprimento de prestação pelo falido; (c) contratos de trato sucessivo.” 
O administrador possui um papel de suma importância em se tratar da 
continuação dos contratos. Não havendo para o administrador a necessidade de autorização, 
sendo de sua primazia a decisão pela resolução dos contratos. Contudo, em se tratar das decisões 
do administrador e os trâmites do contrato, é necessário que o administrador possua suas 
justificativas conforme legislação, a redução do passivo, o impedimento do aumento do passivo 
e a manutenção e preservação de ativos. Porém, o administrador ao determinar pela continuação, 
terá que prestar contas ao Comitê de sua motivação, devido a esse fato atigir diretamente aos 
credores. Quando se verifica o fato da continuação e sua motivação para o Cômite dos credores, 
não existindo esse, o artigo 28 da Ledi 11.101 va precietuar que: 
 
“Não havendo Comitê de Credores, caberá ao administrador judicial ou, na 
incompatibilidade deste, ao juiz exercer suas atribuições." 
 
Existe nos contratos bilaterais, algo chamado de Interpelação que a legislação 
recomenda o uso da forma escrita por meio especialmente de notificações judiciais e 
extrajudiciais, a lei fixa o prazo de 90 dias para sua realização. Se houver danos ao interpelante 
em razão da resolução do contrato, haverá o que dizemos de indenizaçãopelo não cumprimento, 
o artigo 117 da Lei 11.101 vai trazer que o não cumprimento de uma obrigação em qualquer 
caso gera uma indenizaçãi por perdas e danos. 
 
Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos 
pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivoda 
massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante 
autorização do Comitê. 
§ 1º O contratante pode interpelar o administrador judicial, no prazo de até 90 
(noventa) dias, contado da assinatura do termo de sua nomeação, para que, dentro de 
10 (dez) dias, declare se cumpre ou não o contrato. 
§ 2º A declaração negativa ou o silêncio do administrador judicial confere ao 
contraente o direito à indenização, cujo valor, apurado em processo ordinário, 
constituirá crédito quirografário. 
 
Ao haver da deferimento da indenização, será considerada crédito quirografário, 
ou seja, o credor não possui garantia real para o pagamento de seu crédito. Os créditos 
quirografários são créditos simples, sem qualquer vantagem. Para o autor Gladston Mamede, 
neste caso, é necessário que exista um crédito privilegiado. 
Como desfecho, pode se falar sobre a cláusula resolutória expressa o qual irá 
abranger as regras especiais previstas na Lei 11.101. Há autores, os quais são os mais apoiados, 
que alegam que a cláusula resolutória expressa não prevalece em detrimento da Lei de falências, 
17 
uma vez que são normas de ordem pública. 
 
4.2 Contratos unilaterais 
 
 
Os contratos unilaterais, detem que uma das partes tem a condição de credor e a outra 
a de devedor, uma das partes tem direitos e a outra tem obrigações. Não haverá continuação 
nos contratos unilaterais se o falido é devedor de um mútuo. 
Contudo, em determinados casos no contrato unilateral caberá ao administrador 
judicial decidir sobre a situação. Como no caso em que o falido é o depositante em um 
contrato de depósito, sem remuneração, caberá decidir com esse depósito ou não. 
É imprescindível destacar, que no contrato unilateral irá aderir a mesma regra dos 
contratos bilaterais, o qual o administrador irá decidir pela continuação ou não do contrato. 
Porém o contrato unilateral, se distingue do contrato bilateral em relação a interpelação, o 
qual é inexistente nos contratos unilaterais, o que “nada impede a interpelação para resolver 
alguma incerteza quanto á continuidade do contrato” (Tomazette, 2019 p. 441). 
Neste contrato, o silêncio será considerado um motivo para aguardo da resposta 
definitiva. 
 
4.3 Contratos de compra e venda 
 
 
Podendo considera-lo o contrato mais usual nos dias atuais, o contrato de compra venda 
está ligado integralmente na realidade do dia a dia das pessoas. Em se tratando do falido, 
podemos dizer também que este contrato faz parte de sua realidade, pois usualmente há 
contratos contratos bilaterais na abrangência do falido, devido isso, o contrato de compra e 
venda está entre eles, por ser considerado um contrato bilateral, devendo a decisão do 
administrador judicial. Não generalizando, há contratos de comnpra e venda em regras especiais 
que prevalecem sobre a regra geral. 
 
No que condiz as regras especiais, são aplicáveis aos contratos de compra e venda do 
falido as mercadorias em trânsito, podendo defina lás como mercadorias que foram vendidas e 
ainda não foram devidamente pagas, ainda não revendidas e ainda não entregues ao falido. 
Neste caso, poderá haver a suspensão das mercadorias, de acordo com a Lei 11.101, artigo 119, 
I. 
 
18 
Art. 119. Nas relações contratuais a seguir mencionadas prevalecerão as seguintes 
regras: 
I - o vendedor não pode obstar a entrega das coisas expedidas ao devedor e ainda em 
trânsito, se o comprador, antes do requerimento da falência, as tiver revendido, sem 
fraude, à vista das faturas e conhecimentos de transporte, entregues ou remetidos pelo 
vendedor; 
 
A venda de coisas compostas são classificadas como equipamentos de grande porte, 
cujas partes são entregues em momentos sucessivos. Ao se tratar do falido que vende alguma 
coisa e ainda não entregou todas as partes integrantes, aplica a regra geral dos contratos 
bilaterais. Cabendo a decisão através do administrador judicial. Poderá ocorrer a restituição das 
coisas já recebidas, o que pe considerada abusiva quando já houve o recebimento quase 
completo. 
Além disso, podemos dizer que no contrato de compra e venda há pagamento em 
prestações de coisa móvel. Valendo se da regra geral dos constratos bilaterais o que caberá a 
decisão do administrador. Falando se de indenização, com ou sem ela, é cabível a restituição dos 
valores que já foram pagos nos referidos contratos. Essa restituição não irá decorrer de um ato 
válido praticado pelo administrador judicial, mas da impossibilidade de cumprimento do 
contrato. 
A compra e venda com reserva de domínio, podemos dizer que se subordina a efetiva 
transferência da propriedade ao pagamento integral do preço. O comprador já passa a ter a posse 
direta do bem, mas a transferência da propriedade fica suheita a uma condição suspensiva. 
Assim, o credor se resguarda de eventuais problemas com o devedor, na medida em que ele 
poderá reaver a coisa. 
Nas vendas a termo o comprador e vendedor se ajustam para entrega da mercadoria, isto 
é, ajustam uma data futura para o cumprimento das prestações.Tal tipo de contrato é muito 
comum com gêneros agrícolas. Neste, aplica se também as regras gerais dos contratos de 
compra e venda. 
 
4.4 Contratos leasing 
 
Os contratos de leasing trata se de uma pessoa jurídica que arrenda a uma pessoa física 
ou jurídica, por tempo determinado, um bem comprado pela primeira de acordo com as 
indicações da segunda, cabendo ao arrendatário a opção de adquirir o bem arrendado findo o 
contrato, mediante o pagamento de um preço residual. 
Neste contrato não deve dizer que há uma regra especial, cabendo lhe a regra dos 
contratos bilaterais. 
19 
No contrato de leasing, a propriedade se mantém com a arrendadora e, nessa condição, 
ela tem direito de reaver o bem que lhe pertence, no caso de não continuação do contrato. O 
máximo que se pooderia admitir seria a restituição dos eventuais valores pagos a título de valor 
residual garantido. 
 
4.5 Contrato factoring 
 
 
O Factoring é a prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, 
mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, 
compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de 
serviços. 
Através da legislação, o factorig é uma atividade empresarial que envolve a prestação de 
serviços e a compra de ativos financeiros (créditos). 
No factoring trustee, as partes se obrigam a prestar serviços de um lado e pagamentos do 
outro lado, o maturity factoring, o lado do faturizado há o dever de transferir os títulos e prestar 
informações e do lado da faturizador o dever de cobrar os títulos e pagar o seu valor no 
vencimento e o conventional factoring, as obrigações do faturizado seriam as mesmas e da 
faturizadora consistiriam no dever de cobrar o crédito e antecipar o valor. 
Cabe neste contrato a regra geral dos contratos bilaterais. 
 
4.6 Contrato de trabalho 
 
O contrato de trabalho, trata-se de algo extremamente comum na vida de qualquer 
empresário. Porém não há na Lei 11.101 algo á respeito e que se refira aos contratos de trabalho, 
prediz que esse contrato deve obediência aos contratos bilaterais. nesse caso, a não continuação 
ocorrerá automaticamente a extinção do contrato. Pela necessária obediência ao concurso de 
credores, afastoua exigibilidade da massa falida das multas que se referem ao não pagamento 
imediato das parcelas devidas em caso de rescisão. 
Havendo continuação, os créditos á falência serão classificados como extraconcursais. 
 
5. EFEITOS DA FALÊNCIA QUANTO AOS BENS DO FALIDO 
 
5.1 Submissão dos bens do falido ao processo: formação da massa falida objetiva 
 
RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. EMPRESARIAL. LIQUIDAÇÃO 
20 
EXTRAJUDICIAL. FALÊNCIA POSTERIOR. CESSÃO DA CARTEIRA DE 
CRÉDITO CONSIGNADO. RESTITUIÇÃO. PROCEDIMENTO ESPECÍFICO. 
IMPRESCINDIBILIDADE. ART. 85 DA LEI N° 11.101/2005. O patrimônio do 
devedor constitui a garantia de seus credores, sendo que, com a falência, os bens que 
o integram são indistintamente objeto de arrecadação pelo síndico para que 
posteriormente venham a ser vendidos para pagamento aos credores. Ocorre que tal 
arrecadação por vezes abrange não só os bens de propriedade do devedor falido, como 
também aqueles que se encontram na posse deste e cuja propriedade seja de outrem, 
donde surge o direito à restituição ao terceiro, corrigindo assim a definição do ativo 
que será devidamente executado. "O incidente da restituição é aplicável aos processos 
de falência e tem por escopo excluir os bens indevidamente arrecadados no acervo da 
massa falida, por estarem na sua posse. Para tanto, foi prevista a instauração do 
contraditório, com o intuito de proteger os credores da massa falida e terceiros de 
boa-fé" (REsp 1.242.656/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, 
julgado em 07/06/2011, DJe de 10/06/2011). Conforme exegese da Lei n° 
10.820/2003, o crédito consignado é modalidade de mútuo, de natureza privada, pelo 
qual o pagamento ocorre mediante desconto direto das prestações em folha ou de 
benefício previdenciário do mutuário, sendo muito relevante para o desenvolvimento 
econômico e social da sociedade, uma vez que possibilita que instituições financeiras 
disponibilizem crédito às classes mais desfavorecidas por meio de políticas de 
microcréditos e financiamentos com taxas de juros mais baixos. Na hipótese, trata-se 
de cessão de créditos consignados em que fora contemplada, em sede de liquidação 
extrajudicial, a possibilidade de repasse automático de valores derivados dessa 
carteira aos cessionários do banco falido. A falta de impugnação ao modo de repasse 
de créditos, no âmbito administrativo, não é apta a afastar, por si só, o procedimento 
da restituição, próprio para a devolução de bens de propriedade de terceiros que 
estejam na posse do falido. Portanto, no caso, ainda que os créditos ora questionados 
não estejam na esfera patrimonial do Banco Cruzeiro do Sul, não integrando o 
patrimônio da massa falida nem se submetendo ao concurso de credores, mostra-se 
imprescindível a adoção do procedimento de restituição, conforme disposto na Lei n. 
11.101/05, respeitando-se o devido contraditório. Recurso especial provido. (STJ – 
Resp 1748147/ SP - 2018/0143358-0, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, 
Data de Julgamento: 11/06/2019, T4 - QUARTA TURMA, Data da Publição: Diário 
da Justiça 09/08/2019) 
 
O procedimento falimentar é constituído por todos os bens e todos os credores do 
devedor, onde para cumprir com as obrigações com os credores, será colocado no processo de 
falência, os bens atuais e aqueles que serão adquiridos durante a falência, desta forma será 
realizado a tutela de crédito, neste sentido Mamede (2015, p. 309) diz, “Falência é o 
procedimento pelo qual se declara a insolvência empresarial ( insolvência do empresário ou 
sociedade empresária) e se dá solução à mesma, liquidando o patrimônio ativo e saldando, nos 
limites da força deste, o patrimônio passivo do falido”. Porém existe uma exceção quando aos 
bens submetidos ao processo de falência, os bens previstos em lei como impenhoráveis ou 
inalienáveis, devem serem excluídos do procedimento falimentar, como exposto no art. 832 do 
CPC/2015. 
 
Art. 832. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou 
inalienáveis. 
 
Caberá ao juiz caracterizar se o bem é impenhorável ou não, esta decisão poderá ser 
21 
impugnada através de agravo de instrumento, se desfavorável pelo falido, e caso favorável pelo 
credor ou administrador judicial. Assim resta mencionar que além dos bens impenhoráveis 
existem os patrimônios de afetação, Tomazette (2019, p. 461), menciona que “O efeito 
automático da decretação da falência é, portanto, a segregação do patrimônio de devedor. De um 
lado estará a massa falida objetiva, entendida como um patrimônio de afetação, um conjunto de 
bens vinculados ao processo, cuja gestão caberá ao administrador judicial. De outro lado estarão 
os bens não sujeitos ao processo, ainda administrados pelo próprio devedor.” 
 
5.1.1 Bens absolutamente impenhoráveis 
 
 
É dever do falido cumprir com todas as suas obrigações quanto aos seus credores, assim 
é realizada a tutela de crédito, no entanto não se pode deixar de averiguar quais bens devem 
entrar no processo de falência, os quais compreende aos bens alienados, contudo a lei 
estabelecerá a exclusão de alguns desses bens, tornando- os impenhoráveis levando em 
consideração proteção da sobrevivência e da dignidade dos devedores, com isso os bens 
impenhoráveis são incapazes para saldar os créditos dos credores (livres de apreensão), a 
chamada impenhorabilidade. Nesta mesma linha de raciocínio Mamede (2015, p. 430), diz que 
“Tudo o que não tenha valor econômico- incluindo o que tenha valor insignificante- e os bens 
que devam ser considerados fora de comércio, não devem ser entregues”, ou seja, devem serem 
entregues somente os bens alienados, não sendo incluídos os bens de valor afetivo. 
Tomazette adota a classificação da impenhorabilidade em duas formas, a relativa, que 
são os bens com poder de substituição, onde na falta de um bem do falido poderá este bem 
relativamente impenhorável ser penhorado, o art. 834 do CPC/2015, vai preceituar que, podem 
ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis, já a 
absoluta, são aqueles bens que, com exceção em casos excepcionais, não tem o dever de saldar 
os débitos, conforme exposto no art.108, § 4, preceitua que, não serão arrecadados os bens 
absolutamente impenhoráveis. “A impenhorabilidade absoluta não poderá ser oposta no caso de 
execução de dívidas referentes à aquisição do próprio bem, mesmo em hipóteses do art. 3º da 
Lei 8.009/90.” (Tomazette, 2019, p. 462) 
 
O art.833 do CPC/2015 traz em seu rol os tipos de bens impenhoráveis, quais sejam: 
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; 
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do 
executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns 
correspondentes a um médio padrão de vida; 
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de 
elevado valor; 
22 
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos 
de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias 
recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua 
família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, 
ressalvado o § 2o; 
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens 
móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado; 
VI - o seguro de vida; 
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem 
penhoradas; 
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela 
família;IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação 
compulsória em educação, saúde ou assistência social; 
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) 
salários-mínimos; 
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos 
da lei; 
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de 
incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra. 
§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, 
inclusive àquela contraída para sua aquisição. 
§ 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para 
pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às 
importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a 
constrição observar o disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o. 
§ 3o Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, 
os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa 
individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de 
financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando 
respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária. 
 
No que diz respeito a impenhorabilidade prevista no inciso V, a nova legislação prevê 
que deve haver a manutenção da atividade, para sustento do falido, no entanto em lei anterior 
era previsto que os bens neste inciso mencionados entrariam para o processo falimentar. No 
entanto alguns doutrinadores preferem seguir a antiga legislação incluído tais bens no processo 
de falência, com exceção a profissões apartadas da atividade empresarial, por entenderem que 
não procede a manutenção de uma atividade que já acabou, neste sentido menciona Tomazette 
(2019, p. 464), “um dos efeitos da falência é a inabilitação para o exercício da atividade 
empresarial até a extinção das obrigações do falido”. 
 
5.1.2 Patrimônios de afetação 
 
 
Estão submetidos ao processo falimentar os patrimônios de afetação, no que condiz ao 
cumprimento de determinadas obrigações, por exemplo, a incorporação imobiliária. Os bens, 
direitos e obrigações serão separados dos do falido até o advento do termo ou cumprimento de 
sua finalidade. Assim prevê o artigo art. 119, IX da lei 11. 101/2005: 
 
23 
os patrimônios de afetação, constituídos para cumprimento de destinação específica, 
obedecerão ao disposto na legislação respectiva, permanecendo seus bens, direitos e 
obrigações separados dos do falido até o advento do respectivo termo ou até o 
cumprimento de sua finalidade, ocasião em que o administrador judicial arrecadará o 
saldo a favor da massa falida ou inscreverá na classe própria o crédito que contra ela 
remanescer. 
 
O objetivo é manter a confiança dos credores com relação a determinados bens pela 
afetação de determinada parcela.“ O patrimônio de afetação nada mais é do que uma segregação 
patrimonial. Ele representa o conjunto de bens segregados do patrimônio de um sujeito para o 
cumprimento de finalidades específicas, com direitos e obrigações próprios, o qual não se 
comunica com o patrimônio geral daquele sujeito. Embora o patrimônio seja uma 
universalidade, vem se admitindo para certos objetivos esse tipo de segregação patrimonial.” 
(Tomazette, 2019, p. 465) 
 
5.2 Privação dos poderes de administração e disposição sobre os bens do falido 
 
RECURSO ESPECIAL. DIREITO FALIMENTAR. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO 
JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. DECISÃO QUE DETERMINA A 
INDISPONIBILIDADE DOS BENS DE SÓCIOS. SOCIEDADE FALIDA. 
LEGITIMIDADE RECURSAL. INEXISTÊNCIA.Falência requerida em 12/2/2015. 
Recurso especial interposto em 28/3/2016. Autos conclusos à Relatora em 24/11/2016. 
O propósito recursal é definir se a sociedade empresária falida possui legitimidade para 
interpor recurso contra decisão que decretou a indisponibilidade de bens pertencentes a 
seus sócios. Devidamente analisadas e discutidas as questões deduzidas pelas partes, 
ainda que o resultado do julgamento contrarie os interesses da recorrente, não há que se 
cogitar de negativa de prestação jurisdicional. O art. 103, parágrafo único, da Lei 
11.101/05 confere legitimidade ao falido para “fiscalizar a administração da falência, 
requerer as providências necessárias para a conservação de seus direitos ou dos bens 
arrecadados e intervir nos processos em que a massa falida seja parte ou interessada, 
requerendo o que for de direito e interpondo os recursos cabíveis”. A decisão que 
deflagrou a irresignação da recorrente, no particular, decretou a indisponibilidade de 
bens pertencentes aos sócios da falida, de modo que a sociedade, por não ocupar a 
posição de titular das relações patrimoniais atingidas pela medida imposta, carece, 
especificamente quanto ao ponto, de legitimidade para recorrer. RECURSO 
ESPECIAL NÃO PROVIDO. (STJ – RECURSO ESPECIAL Nº 1.639.940/ RS - 
2016/0307718-7, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 
02/04/2019, T3 - TERCEIRA TURMA, Data da Publição: Diário da Justiça 
04/04/2019) 
 
Uma vez que uma atividade empresaria entra em falência, isso decorre da mal gestão por 
parte de seu administrador, ou seja, o falido não soube utilizar de forma adequada os seus bens, 
desde modo com a decretação da falência o devedor ficará afastado da administração de seus 
bens, os quais ficaram sob domínio do administrador judicial até o fim do processo de falência, 
assim os bens serão arrecadados e organizados da melhor forma para a quitação de débitos com 
os credores, seguindo uma linha de prioridades, a intenção é preservar e utilizar os bens de 
maneira eficientes, conforme exposto no art. 75 da lei 11. 101/2005. 
24 
 
Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a 
preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, 
inclusive os intangíveis, da empresa. 
Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da 
economia processual. 
 
No caso das falências, administrador judicial se comporta como auxiliar do juiz. O 
administrador será escolhido pelo juiz e poderá até mesmo ser pessoa jurídica, nos termos do 
parágrafo único do art. 21 da Lei 11.101/2005. Preferencialmente deverá ser um advogado, 
economista ou administrador por formação, mas não é obrigatório que seja. O administrador 
será representante da massa falida, podendo até mesmo ajuizar ação em seu favor. 
O falido será afastado da posse de seus bens, tanto com falência ou eventual arresto de 
seus bens, assim breve o art. 103 da lei 11. 101/2005: 
 
Art. 103. Desde a decretação da falência ou do sequestro, o devedor perde o direito de 
administrar os seus bens ou deles dispor. 
Parágrafo único. O falido poderá, contudo, fiscalizar a administração da falência, 
requerer as providências necessárias para a conservação de seus direitos ou dos bens 
arrecadados e intervir nos processos em que a massa falida seja parte ou interessada, 
requerendo o que for de direito e interpondo os recursos cabíveis. 
 
Conforme exposto no parágrafo único o devedor deve fiscalizar a forma de como o 
administrador judicial, está utilizando os seus bens de forma a manter os seus direitos, nos 
processos em que a parte seja a massa falida poderá o falido intervir como assessor. Cabe 
ressaltar que com o afastamento o falido perde totalmente poder de administração, não sendo 
valido qualquer ato neste sentido por ele praticado, assim menciona Tomazette (2019, p. 467), 
“Dentro dessa perspectiva, qualquer ato de disposição ou administração praticado pelo falidoserá nulo de pleno direito (CC – art. 166, VI e VII). Tais atos de administração e disposição só 
poderão ser praticados no bojo do próprio processo de falência.” 
É de suma importância ressaltar que o devedor continua sendo proprietário dos bens, não 
devendo assim considerar que com o afastamento da administração e disposição, é por motivo 
de incapacidade, sendo que o falido é plenamente capaz. Neste raciocínio, verifica-se que tal 
afastamento condiz apenas aos bens ligados ao processo de falência, sendo que os bens 
absolutamente impenhoráveis continua sob a administração e disposição do devedor.
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6. CONCLUSÃO 
 
 
É possível compreender que a lei de falência, a qual abrangel a base deste trabalho, é de 
extrema importância para que sejam resguardados os direitos e deveres, tanto do falido quanto 
dos credores, lei a qual não apenas busca como base o Direito Empresarial mas outros campos 
do direito, com este estudo foi possível adentrar e compreender de forma mais eficaz sobre o 
Processo Falimentar. 
O estudo buscou salientar, que a pessoa ou sociedade empresaria, a qual se encontrar em 
crise econômico-financeira, será decretato por sentença a falência, ou seja inicia se o processo 
de falência, o que tras diversas consequencias para os credores, ficando assim o falido ou a 
sociedade empresaria, a cumprir com algumas obrigações, as quais só ocorrerá a extinção após a 
quitação de seus débitos, ou após o término da falência, no prazo de cinco anos ou no prazo de 
dez sendo o falido condenado a algum crime previdto na Lei de falência. 
Observou-se os efeitos gerados pelo processo familimentar sobre os contratos do falido, 
tais impactos também recai sobre o patrimônio do devedor, que ocorrerá uma liquidaçãoo dos 
bens social do falido para pagamento dos credores, 
Por fim, é possivel observar que ao longo deste trabalho foi tratado os principais efeitos 
da falência no que diz respeito ao devedor/falido, trazendo como fonte doutriandores de suma 
importância para do Direito Empresarial, busccando encrementar uma melhor fonte de 
conhecimento para os leitores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7. REFERÊNCIAS 
 
MAMEDE, Gladstone. Direito empresarial brasileiro: falência e recuperação de empresas. 7ª ed. São Paulo: 
Atlas, 2015. Vol. 4. 
 
STJ. RECURSO ESPECIAL : REsp 1267980 SC 2011/0173063-1. Relator: Ministro Herman Benjamin, DJ: 
03/11/2011.STJ, 2011. Disponivel em: 
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=18439807&num_regis
tro=201101730631&data=20111108&tipo=5&formato=PDF. Acesso em: 15 nov. 2019. 
 
STJ. RECURSO ESPECIAL : REsp 1.265.548 SC 2011/0163573-7. Relatora: Ministra MARIA ISABEL 
GALLOTTI, R.P/Acórdão: Ministro Antonio Carlos Ferreira, DJ: 25/06/2019.STJ, 2019. Disponivel em: 
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=98049941&num_regis
tro=201101635737&data=20190805&tipo=5&formato=PDF. Acesso em: 15 nov. 2019. 
 
STJ. RECURSO ESPECIAL : REsp 1748147 SP - 2018/0143358-0. Relator: Ministro Luís Felipe Salomão, DJ: 
11/06/2019.STJ, 2019. Disponivel em: 
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=99150179&num_regis
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STJ. RECURSO ESPECIAL : REsp 1.639.940 RS - 2016/0307718-7. Relator: Ministro Nancy Andrighi, DJ: 
02/04/2019.STJ, 2019. Disponivel em: 
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=94280803&num_regis
tro=201603077187&data=20190404&tipo=5&formato=PDF. Acesso em: 15 nov. 2019. 
 
TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial: falência e recuperação de empresas. 7ª ed. São Paulo: 
Saraiva Educação 2019.Vol.3. 
 
TST. AGRAVO DE INSTRUMENTO: AIRR-1636-53.2017.5.22.0103, Relatora; Ministra Dora Maria da Costa, 
DJ: 10/09/2019.TST, 2019. Disponivel em: https://jurisprudencia-
backend.tst.jus.br/rest/documentos/f540fdd97a614b5de4c9e6c68f92bf11Acesso em: 15 nov. 2019.

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