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INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 1 UNIDADE I O SOLO 1 – HISTÓRICO O solo é considerado um componente essencial para a grande maioria das forma de vida em nosso planeta. Existem algumas teorias que chegam inclusive a postular a interferência da argila no surgimento da vida na terra. Com muita razão o solo é imprescindível na vida do homem, pois é dele que se retiram alimentos, se constróem abrigos, se locomovem os animais e o homem, finalmente é nele que a maioria das formas de vida repousam quando morrem. A evolução da vida do homem pode ser definida por duas fases bem demarcadas: antes e depois da descoberta da importância do solo. Antes o relacionamento do homem com o solo era quase unilateral, o homem extraía dele ou dos animais que sobre ele viviam tudo que necessitava para sua sobrevivência. Dessa forma, caçando ou apanhando frutos e raízes silvestres, o homem viveu intensamente sua fase extrativista na face da terra. A partir do momento que o homem foi pressionado pelo aumento da população, sentiu necessidade de produzir mais alimentos e foi quando descobriu o solo. Surge assim, a segunda fase importante de sua existência. Nessa fase ele sente necessidade de entender melhor porque em certos locais plantava e quase não colhia nada, ao passo que em outros a colheita se revelava abundante, proporcionando fartura para seu povo. Começou assim, de forma incipiente, o estudo do solo. O desenvolvimento do que mais tarde se tornaria uma ciência foi bastante lento. As teorias que tentavam explicar os fenômenos que ocorriam no solo eram bastante rudimentares. Inicialmente todas as formas foram voltadas para o estudo da produção de alimentos através do crescimento das plantas. Esse conceito evoluiu para aquele no qual a água lamacenta permitia o melhor desenvolvimento das plantas. Daí passou-se para o conceito de que o “húmus” ou princípio ativo vindo dos animais e vegetais mortos eram os responsáveis pelo crescimento das plantas. INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 2 Finalmente em 1840 o cientista alemão Justus Von Leibig, mostrou que o crescimento dos vegetais vinha dos minerais existentes no solos, da água e do gás carbônico. O mesmo cientista postulou a lei dos mínimos crescentes para explicar a produtividade das culturas. Segundo esta lei a produção de uma planta estaria sempre restrita ao elemento nutritivo de menor disponibilidade no solo. Mais tarde essa lei foi complementada pela teoria de que não somente a disponibilidade de um determinado nutriente seria o fator regulador da produtividade, mas também as inter-relações de disponibilidade dos diferentes elementos seriam importantes. Desta forma, para cada nível de produtividade, duma cultura específica, existe uma combinação de disponibilidade de nutrientes ideal. Na Figura 1.1 é apresentada, segundo Liebig, como a produção estaria regulada pelo elemento de menor disponibilidade, neste caso sendo o Mg o limitante. Também na mesma Figura 1.1 apresenta-se a complementação da lei mostrando que as inter-relações são as importantes na produção das plantas. Figura 1.1 - Desenho representativo da lei de Liebig e a complementação. Simultaneamente outras ciências como a Química, a Física, a Biologia e principalmente a Geologia permitiram um maior aprofundamento na evolução do conhecimento do solo. A geologia, pela sua maior proximidade física, ao estudar os minerais e as rochas proporcionou um grande impulso no estudo do solo. INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 3 Em 1883 o cientista russo V. V. Dokuchaev publicou um trabalho sobre os solos da Rússia, esse trabalho seria mais tarde a base para o estudo da ciência do solo. Dukuchaev desenvolveu a primeira classificação científica de solos e por isso ele pode ser considerado o “Pai da Ciência do Solo”. Hoje tem-se o entendimento do solo como sendo um corpo natural organizado, com características próprias, que evolui através de estágios de gênese, maturação e degradação. Em sendo um corpo natural organizado, pode ser estudado separadamente e ser motivo da existência de um ramo da ciência conhecido como PEDOLOGIA. 2 – Conceito do Solo “Solo é um corpo natural, trifásico, aberto e formado por constituintes minerais e orgânicos, diferenciado em horizontes de profundidades variáveis, que diferem do material subjacente em morfologia, propriedades físicas e constituição, propriedades químicas e composição e em características biológicas”. Esse conceito de solo permite distinguir o solo como um corpo natural diferenciado de uma simples camada de material intemperizado na superfície da crosta terrestre. As características que distinguem o solo do material simplesmente inconsolidado fazem com que exista possibilidade da presença de vida no solo. Por isso, onde não houver possibilidade de vida na camada mais superficial da crosta não pode ser considerado como solo. Analisando-se, com maior aprofundamento, o conceito de solo pode-se perceber que o mesmo em sendo um corpo natural possui uma estrutura anatômica, e deve ser encarado como um espécime anatômico que merece ser descrito de maneira detalhada. Comparativamente a descrição de um perfil do solo representa a descrição em nível macro do corpo humano, sendo que sua caracterização química, física, mineralógica e biológica corresponde à dissecação total de todos os órgãos do corpo humano. INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 4 O solo é considerado um sistema trifásico, por ser constituído por: uma fase sólida (minerais e matéria orgânica), uma fase liquida (solução do solo) e outra fase gasosa que representa a atmosfera do solo. As três fases do solo têm um papel importante na produção das culturas. A proporção ideal, dessas três fases, que proporcionam melhores produtividades, são representadas na Figura 1.2, onde pode-se observar que aproximadamente 45% do volume do solos é composto pela chamada porosidade do solo (água + ar) e 55% de sólidos. Essa proporção de 55:30:15 de sólida:liquida:gasosa, é de suma importância. A fase sólida aporta às plantas a maior parte dos nutrientes necessários para as culturas. A fase liquida é a via de transporte por excelência dos nutrientes, sendo este, o meio onde se desenvolvem a maioria das reações químicas do solo e, também serve como um agente protetor do calor através da evapotranspiração; para ter-se uma idéia, para evaporar 1 g de água em condições ambientais de temperatura e pressão são necessárias 525 kcal, esse valor também é chamado de calor específico da água. A fase gasosa é também da maior importância pois as raízes, em sendo corpos vivos, necessitam do oxigênio, captado mediante a respiração, para assim poder oxidar os açucares amidos etc., e ter a energia necessária para a manutenção da vida. A concentração de elementos na atmosfera do solo é muito semelhante à atmosfera da terra, decorrente do elevado poder de difusão do seus componentes. INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 5 O solo é considerado um sistema aberto (Figura 1.3) porque está inserido no meio de um processo dinâmico, no qual as perdas e ganhos são contínuas. Existe continuamente o ganho de materiais por deposição de sedimentos transportados de outros locais, geralmente de locais situados na paisagem em cotas topográficas mais elevadas e a perda de material superficial por escoamento (erosão superficial) e subsuperficial por percolação (lixiviação). Também a energia que atinge o solo, proveniente principalmenteda luz solar, também é dissipada. A Figura 1.3 mostra um diagrama representativo dessas perdas e ganhos, característicos de um sistema aberto. ÁGUA E N E R G I A BIOCICLAGEM E R O S Ã O D E P O S I Ç Ã O INTEMPERISMO GEOQUÍMICO LIXIVIAÇÃO Figura 1.3 – Representação do solo como um sistema aberto TRANSFORMAÇÕES S INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 6 O ganho da água se realiza por meio da precipitação/infiltração e sua perda se produz por meio da evaporação, evapotranspiração e percolação através do perfil. As transformações que ocorrem no corpo do solo, através do intemperismo, são caracterizadas por perdas e ganhos, como perda de um mineral primário e ganho de um secundário e assim por diante. Da mesma forma a biociclagem dos nutrientes é um rico processo de perdas e ganhos, neste sentido pode mencionar-se como exemplo típico a subsistência da exuberante floresta Amazônica em solos geralmente muito pobres. O intemperismo geoquímico proporciona ao solo um suprimento de novos materiais, pelo avanço da frente de intemperismo em profundidade, ao passo que a lixiviação faz uma lavagem do perfil o que provoca perdas de diversos materiais. O funcionamento do solo como um sistema aberto, oposto ao sistema confinado, é de vital importância para seu desenvolvimento. Uma série de reações biogeoquímicas que se processam no solo são favorecidas principalmente pela retirada forçada dos produtos formados. O solo apesar de ser um sistema aberto está, geralmente, em equilíbrio com o ambiente, sendo esse um equilíbrio dinâmico no qual continua existindo o balanço natural de perdas e ganhos. O equilíbrio dinâmico tende a se manter na medida em que a taxa de formação do solos é semelhante à taxa de erosão. Como pode-se observar esse equilíbrio por ser dinâmico pode ser modificado pelas intervenções antrópicas podendo, na maioria das vezes, favorecer o sentido das perdas. Existe uma linha de pesquisadores, na área de solos, que afirmam não existir, ainda, com os sistemas de exploração do solo existentes, nenhuma forma de uso econômico do solos que não seja degradante, sendo umas de maior intensidade e outras de menor. INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 7 UNIDADE II NOÇÕES DE ROCHAS E MINERAIS 1 – Introdução Acredita-se que a terra deve ter iniciado sua formação como uma poeira cósmica, que se matinha em movimento por meio de correntes de convecção internas. Próximo dos 3.000 0C, certas substâncias começaram a liquefazer-se e concentrar-se, no centro da terra, sendo que, o início desse processo deve ter começado pelo ferro, isso por ser ele dos elementos mais pesados, depois vieram o silício e óxidos metálicos. Dessa forma deram origem ao núcleo e ao manto. Quando a temperatura da terra diminui, também a irradiação de calor para o espaço foi reduzida, sendo que entre 1.500 e 800 0C, começou a solidificação da crosta. A partir desse momento geológico, a atmosfera formou-se lentamente, sendo que, no início, estava composta de vapor d’água, amoníaco e óxido de carbono. Dessa forma, a água dos atuais oceanos estava concentrada, em parte, na atmosfara e, em parte, no interior das rochas. Assim, tem-se a terra constituída exclusivamente de rochas ígneas ou magmáticas, sendo que essas rochas foram e ainda são, nos nossos dias, formadas do magma, ou seja, derivadas de rochas fundidas a temperaturas oscilando entre 1.500 e 800 0C que sobem à superfície atual desde o interior da crosta, derramando-se sob a forma de lava (vulcanismo) ou mesmo solidificando-se entre as fraturas pelas quais subiram (plutonismo). Uma vez que a crosta se solidificou e a atmosfera continuava resfriando-se, a seguinte mudança significativa ocorreu aos 374 0C, na crosta terrestre, ou seja à temperatura crítica da água, quando o vapor d’água atmosférico se condensaria e se precipitaria em forma de chuva, iniciando pelas regiões mais frias do globo. Acredita-se que esse deve ter sido o primeiro momento que caiu água sobre a crosta. Essa água, por sua vez, foi desgastando a crosta (erosão) e os sedimentos foram acumulando-se nas primeiras depressões, formando assim os primeiros mares. INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 8 Dessa forma, quase simultâneamente, começa a formação das rochas sedimentares. Esse processo pode ser descrito da seguinte forma: a ação da água que caia e escorria reduzia as rochas ígneas a fragmentos de diversos tamanhos, os quais eram transportados e depositados juntamente com materiais de texturas mais finas nas depressões preenchidas pela água. Desde aquele primeiro momento até hoje, o processo de formação continua pela ação da erosão, transporte, deposição e consolidação, tendo como agentes a chuva, os rios, o vento e a força da gravidade. Uma vez a crosta solidificada e as rochas mantidas quentes, logo abaixo (manto), surgem outros fenômenos, derivados do fato que o manto, entre as profundidades de 70 e 700 km em direção ao centro da terra (núcleo), contínua esfriando-se. Isto causa uma contínua modificação no volume (diminuição) e consequente enrugamento da crosta, o qual produz fraturamentos e dobramentos das suas rochas, onde pelos fraturamentos sobe o magma originando os vulcões. As variações de temperatura das diferentes camadas do planeta são as responsáveis pela instabilidade da crosta terrestre e movimentos dos continentes (tectonismos). Os fraturamentos, os dobramentos, os fenômenos vulcânicos e a migrações dos continentes, produzem deformações nas rochas tanto ígneas como sedimentares, essas deformações atuam em forma de esforços ou pressões com consequente elevação da temperatura, imprimindo às rochas, a elas submetidas, características próprias e sendo denominadas de metamóficas, as quais se originam das ígneas e das sedimentares como as mais jovens. Essas transformações das rochas regem-se por processos geológicos internos (endógenos) e externos (exógenos) que podem ser reunidos num ciclo de processos que agem continuamente sobre a matéria exposta na superfície da terra. Começando pelo lado superior (exógeno) com o intemperismo, isto é, redução das rochas expostas na superfície da crosta terrestre, sob a influência de agentes químicos e físicos. O material desagregado por sua vez pode ser transportado pela ação da gravidade, do gelo, do vento a um novo lugar de deposição mais ou menos distante, onde então se processa a sedimentação ou acúmulo de material. Dessa forma se originam as rochas sedimentares, especialmente quando acumulam-se sucessivamente em depressões da crosta terrestre. As porções mais profundas desse pacote de sedimentos sofrem assim maior compactação por causa da pressão exercida INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 9 pela massa rochosa sobreposta. Com isso, eventuais poros podem conter liquídos que quando comprimidos sofrem as primeiras mudanças. O conjunto desses processos, resultado de uma compactação cada vez maior dos sedimentos, é denominado de “diagênese”. As rochas que sofreram diagênese, como também os sedimentos inconsolidados podem sofrer, novamente, a ação do intemperismo quando expostos decorrente dos processos de levantamento que atuam na crosta terrestre, constituindo assim as elevações. Dessa forma, se fecha o primeiro ciclo exögeno, composto de: Erosão, transporte e sedimentação. Existe por sua vez outrociclo ou endógeno composto da transformação mineralógica da rocha condicionada, principalmente, pelo aumento da temperatura e da pressão no local onde as rochas foram depositadas, o que por sua vez pode produzir desde dedobramentos até o metamorfismo das rochas. O material metamórfico pode sofrer ascensão e assim ser exposto ao intemperismo ou a temperatura aumentar mais, resultando na fusão completa do material no processo, passando a chamar-se de anatéxis. Sob fusão esse material pode subir e derramar-se sobre a superfície da crosta terrestre como produto vulcânico, ou permanecer no interior da crosta consolidando-se em câmaras denominadas plutônicas. 2 - Conceito É um agregado natural formado por um ou mais minerais, inclusive vidros vulcânicos e matéria orgânica, de composição mais ou menos constante, individualizado e que faz parte da crosta terrestre. 3 - Divisão De acordo com a origem e modo de formação: Rochas Magmáticas ou Ígneas Rochas Sedimentares e Rochas Metamórficas . INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 10 4 – Magma É um fluído muito quente, predominantemente constituído por uma fusão de silicatos e apresentando proporções variadas de água, elementos voláteis ou de cristais em processo de crescimento. Composição Físico-Química do Magma As rochas magmáticas ou ígneas apresentam em sua composição química o silício como elemento dominante (tabela 1): (a) Fase líquida - mantida em fusão pela temperatura elevada, constituída essencialmente por uma solução mútua e altamente complexa de um grande número de componentes, a maior parte das quais de natureza silicática; (b) Fase gasosa - mantida em solução por pressão, constituída predominantemente por H2O, e quantidade menores de CO2, HCl, HF, SO2, etc.; (c) Fase sólida - formada por cristais de composição essencialmente silicática, em fase de crescimento ou de natureza residual, assim como de fragmentos de rocha. Tabela 1 - Composição química das rochas ígneas em base de peso, volume e como óxidos. Elemento Peso (100g) Volume (%) Óxido % Si 46,42 91,83 O 27,59 0,83 SiO2 59,14 Al 8,08 0,79 Al2O3 13,34 Fe 5,08 0,58 Fe2O3 + FeO 6,88 Ca 3,61 1,50 CaO 5,08 Na 2,83 1,64 Na2O 3,84 K 2,58 2,19 K2O 3,13 Mg 2,09 0,58 MgO 3,49 Fonte: Besoain (1985) INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 11 Origens e tipos fundamentais de magma De um modo geral, considera-se que existem apenas dois tipos fundamentais de magmas primários, ou seja, de magmas a partir dos quais se podem formar outros tipos, por diferenciação: (a) os magmas graníticos; (b) os magmas basálticos. Os primeiros formam 95% das rochas plutônicas, intrusivas e o segundo tipo constituem 98% das rochas vulcânicas, efusivas. Os magmas graníticos caracterizam-se, entre outros fatores, por uma composição mais rica em SiO2 (da ordem de 70%) e os basálticos, por uma proporção menor de SiO2, inferior a 50%. Viscosidade - Os magmas graníticos são mais viscosos do que os basálticos, já que a viscosidade parece aumentar com o teor de SiO2. Isto se reflete característicamente na maneira pela qual ocorrem os fenômenos de vulcanismo associados a essas rochas. Além disso, a viscosidade depende também da temperatura e pressão, diminuindo com o aumento destes fatores. Tipos de atividades magmáticas O magma, uma vez formado, pode apresentar grande mobilidade, tendendo a ascender ao longo de fissuras da crosta, deslocando as rochas vizinhas, podendo, eventualmente, extravasar à superfície ou então solidificar-se no interior da crosta. Plutonismo - quando a consolidação do magma se dá no interior da crosta terrestre, originando as rochas plutônicas ou intrusivas (textura fanerítica); Estas rochas ascendem por movimento tectônico ou pelo intenso intemperismo. Vulcanismo - quando o magma irrompe e derrama-se à superfície para formar rochas vulcânicas ou efusivas (textura afanítica) ; INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 12 Hipoabissal - quando o resfriamento do magma se dá em dois tempos, resfriamento brusco à superfície e um resfriamento mais lento no interior da crosta terrestre (apresentam uma matriz afanitica ou seja minerais em textura afanítica e minerais grandes encorostados) 5. ROCHAS MAGMÁTICAS São originadas da massa ígnea do interior da crosta terrestre, ou seja são produtos da consolidação do magma pelo seu resfriamento. Elas são classificadas por meio das características, principalmente, as macroscópicas com base na textura, composição mineralógica e química: (a) São em geral rochas duras; (b) Os cristais se dispõem por justaposição; (c) Não apresentam estruturas segundo faixas ou camadas; (d) São maciças e quebram-se de forma irregular; (e) Apresentam textura cristalina, vítrea ou vesicular; (f) Não apresentam fósseis; (g) Apresentam alto teor de feldspatos Critérios de Classificação (A) Modo de Ocorrência - é um critério de campo e está relacionado ao plutonismo e vulcanismo. (B) Textura é definida por meio de pelo menos três parâmetros: i - Grau de cristalização: I - Totalmente cristalizada ou hocristalina; II - Parcialmente cristalizada ou hipocristalina; III - Não criatalizada ou vítrea; ii - Tamanho dos cristais: I - Afanítica - quando os minerais constituintes não podem ser percebidos a olho nu; INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 13 II - Faneríticas - quando os minerais constituintes podem ser percebidos a olho nu. III - Porfirídicas - textura na qual existem cristais maiores e mais bem formados envoltos por um aglomerado, freqüentemente afanítico, ou de minerais menores. iii - Tamanho e relação mútuas entre os cristais: I- Equigranular - quando os cristais tem aproximadamente o mesmo tamanho; II - Ineqüigranular - quando as partículas constituintes apresentam dimensões bem diferentes (textura porfirídica). A textura diz respeito ao tamanho, à forma e arranjamento dos minerais dentro da rocha. A ocorrência de texturas diferentes nas rochas magmáticas é devido a localização onde o magma sofre resfriamento. Quando o resfriamento ocorre a alguns quilômetros abaixo da superfície terrestre, o magma solidifica vagarosamente porque a perda de calor é lenta. Esse resfriamento ocorre na presença de substâncias voláteis aprisionadas, o que leva a uma cristalização mais perfeita dos minerais. Surge assim cristais maiores dando às rochas uma textura mais grosseira. Essas rochas são chamadas de Faneríticas. Quando o magma se resfria na superfície da crosta através do extravasamento, a temperatura e a pressão caem rapidamente, não são aprisionados voláteis e não existe condições favoráveis à cristalização dos minerais. Estas rochas têm então textura fina e são chamadas Afaníticas. (C) Estrutura As estruturas são aspectos megascópicos que podem ser observadas em amostras grandes ou no campo, não tem uma subdivisão sistemática e são mais conspícuas nas rochas efusivas. As mais comuns sâo: I - Vesicular e Amidalóide II - Estrutura em blocos e brechas de fluxo; III - Estruturas fluídas IV - Estruturas de fraturação primária (D) Composição Química Quanto a composição química as rochas podem ser classificadas com base no teor de sílica: INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 14 Rochas ácidas : Rochas básicas : SiO2 > 65% SiO2 entre 52 - 45% . Rochas neutras : Rochas Ultrabásicas : SiO2 entre 65 - 52% SiO2 < 45% Tabela 2 - Classificação das rochas quanto a composição química em relação a sua origem Classificação Composição Química (SiO2) Ácida Semiácida Semibásica Básica Vulcânica Riolito Traquita Andesita Basalto Hipabissal Pórfido Granito Pórfido Sienito Pórfido Diorito Diabasio Plutônica Granito Sienito Diorito Gabro Fonte: Besoain (1985) (E) Composição Mineralógica Diz respeito à presença de minerais que aparecem na composição das rochas permitindo sua distinção e classificação. Aqueles que aparecem obrigatoriamente são chamados essenciais e os que podem ocorrer ou não são denominados de acessórios. Os minerais mais comuns nas rochas ígneas são de dois grupos: aqueles ricos em silício e alumínio chamados Siálicos (Feldspatos-K, Plagioclásios, Quartzo, Muscovita ... etc.) e aqueles ricos em magnésio e ferro chamados Máficos ou Ferro- magnesianos (Olivinas, Piroxênios, Anfibólios, Biotita ... etc.). Quartzo - cor clara, é silica livre cristalizada, por isso as rochas com quartzo tendem a ser ricas em sílica, sendo por consegüinte ácidas; Feldspatos - cor clara, contém pouca silica em sua composição. Assim as rochas sem quartzo, mas com felsdspatos são geralmente intermediárias à basicas. Minerais Ferromagnesianos (Anfibólios e os Piroxênios) - são de coloração escura, contém pouca sílica, conseqüentemente, quanto maior a sua proporção em relação aos fedspatos, mais a rocha tende a ser básica. As rochas ultrabásicas contêm quase que só minerais ferromagnesianos. INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 15 Outros exemplos de rochas magmáticas: Granito . Basalto . Gabro Diabásio Importância: São muito importantes na fertilidades de muitos solos brasileiros, em especial, os formados de rochas magmáticas básicas e ultrabásicas. 6. ROCHAS SEDIMENTARES São oriundas do acúmulo de outras rochas que lhes precederam. Se formam devido a destruição natural ( intemperismo ) de todas as rochas na camada mais superficial da litosfera. O material assim originado pode ser transportado e depositado, seguindo-se sua transformação em rocha (Figura 6.1). Rocha Preexistente (Ígnea, Sedimentar ou Metamórfica) Desintegração Física Fragmentos de todos os tamanhos (detritos) Decomposição Química Soluções de Ca, Mg, Na, k, SiO2, colóides, argilas e óxidos. Transporte e Distribuição (vento, gravidade, água, geleiras, organismos, rios, mares, etc.) Rochas Sedimentares Figura 6.1 – Processo de formação das rochas sedimentares Podem ser classificadas em : Clásticas, Químicas e Orgânicas. INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 16 Rochas Sedimentares Clásticas ou Detríticas arenitos conglomerados, folhelhos, etc. Rochas Sedimentares Químicas e Orgânicos Calcários dolomíticos, sal, carvão. O início de tudo é o intemperismo, o qual decompõe químicamente ou desintegra mecanicamente as rochas mais antigas transformando-as em sedimentos e solos. Transformações químicas importantes que ocorrem durante o intemperismo: d) Parte de seus constiuintes são dissolvidos e carregados pelas águas de infiltração (Ca, Mg, Na, K e Fe principalmente), de modo que esses materiais só vão precipitar-se sob a forma de sedimentos químicos; b) Parte dos minerais, como os feldspatos, anfibólios, micas, etc. são transformados em argilominerais; c) O quartzo e uns poucos minerais, como a ilmenita, granada e monazita, não se alteram e permanecem nos solos sob a a forma de grânulos duros e areia; d) Quando o intemperismo é completo, restam ainda no solo fragmentos mais resistentes de rocha. Assim, o intemperismo transforma as rochas em solos residuais formados por uma mistura de argila, areia e fragmentos de rocha. Erosão, transporte e sedimentação Esses materiais são então transportados pelas chuvas, rios, ventos etc. que finalmente os redepositam. Os depósitos formados são denominados de sedimentos clásticos ou detríticos. Durante o transporte, esses materiais são separados uns dos outros pelos agentes de transporte em função do tamanho e da dureza das partículas, de sorte que os sedimentos por fim formados são constituídos (mais ou menos separadamente) por argila, areia ou cascalho. Dessa forma, os dois tipos principais de sedimentos que resultam deste ciclo são os sedimentos químicos e os sedimentos clásticos. Uma terceira categoria de sedimentos pode ser adicionada às duas primeiras: os sedimentos orgânicos, os quais em princípio, também são sedimentos químicos ou INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 17 clásticos, mas apresentam a particularidade de terem sido originados da intervenção ou da acumulação de restos de esqueletos e carcaças de seres vivos. Fenômenos de Litificação Os sedimentos recém formados são moles e incoerentes como a areia de uma praia ou a argila de um manguesal. Com o passar do tempo e a evolução geológica, entretanto, especialmente em zonas em que a crosta está sofrendo um afundamento lento, novas camadas de sedimentos vão se acumulando sobre as mais antigas e assim vão se criando espessas formações de sedimentos que podem atingir centenas e até milhares de metros de espessura. Sob o efeito do peso e consequentemente da pressão que as novas camadas vão exercendo sobre as camadas mais antigas, a água é expulsa e os sedimentos vão endurecendo, sofrem litificação, até atigiram a forma de rocha dura: a rocha sedimentar. Este fenômeno de litificação ou diagênese se processa de várias maneiras. Os sedimentos argilosos, por exemplo, litificam-se por compactação. Já a areia das praias endurece principalmente pela introdução de substâncias cimentantes: carbonato de cálcio, óxidos de ferro, sílica, etc. As rochas sedimentares químicas se originam da precipitação de substâncias contidas em solução nas águas dos mares ou lagoas salgadas, ou por precipitação de substâncias solúveis, transportadas pelas águas, após saturação. Consolidação dos Sedimentos Compactação - Redução volumétrica, causada principalmente pelo peso das camadas superpostas e relacionadas com a diminuição dos vázios, expulsão de líquidos e aumento da densidade da rocha. É o fenômeno típico dos sedimentos finos, argilosos. Cimentação - Deposição de minerais nos intertícios do sedimento produzindo a colagem das partículas constituintes. É o processo de agregação mais comum nos sedimentos grosseiros e arenosos. Tipos de cimentos: argiloso, calcário, ferruginoso, silicoso, etc. INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 18 Recristalização - Mudança na textura por interferência de fenômenos de crescimento dos cristais menores ou fragmentos de minerais até a formação de um agregado de cristais maiores. De acordo com a natureza, o tamanho e o tipo de deposição dos sedimentos, as rochas sedimentares podem ser classificadas em: Clásticas: Residuais – depósitos de material solto, sem coesão (Areiaquartzífera) Epicásticas depósito de material detrítico consolidado : Psefitos (partículas > 2 mm - conglomerados); Psamitos (partículas de 2 – 0,05 mm - arenitos); Pelitos (partículas < 0,05 mm – siltitos, argilitos) Piroclásticas : consolidação de material sólido lançados aos ares pela atividade vulcânica : Brecha Vulcânica – formada de blocos dentro de uma matriz de tufo; Tufo Vulcânico – consolidação de cinzas (Tufitos) Químicas: Evaporitos (formadas por precipitação de sais contidas na água, após sua evaporação) De atividade Bioquímica (Formada pela atividade de organismos vivos que transformam os sais solúvies em insolúveis, precipitando-o. Orgânicas: Caustobiólitos (rochas orgãnicas combustíveis – Petróleo, hulha, turfa) Acaustobiólitos (não combustíveis : Carbonatadas, Silicosas, Fosfatadas) As clásticas provém de sedimentos mecânicos, originários de processos de fragmentação ou de quebra de outras rochas. Exemplos: Brechas, Conglomerados e Arenitos INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 19 As rochas químicas se originam da precipitação de substâncias contidas em solução nas águas dos mares ou lagoas salgadas, ou por precipitação de substâncias solúveis, transportadas pelas águas, após a saturação. Exemplos: Sal-Gema, Gipsita, Calcários, etc. As rochas orgânicas, são derivadas de resíduos orgânicos de qualquer natureza. Exemplos: Turfa e Petróleo Importância : apresentam grande importância na formação dos solos brasileiros. Solos formados de argilitos tem altos teores de argila; os derivados de arenitos dependendo do agente cimentante apresentam fertilidade diferentes, os arenitos calcáeos tendem a serem mais férteis em relação aos arenitos silicosos e ferruginosos. 7. ROCHAS METAMÓRFICAS São rochas que surgem do metamorfismo (transformação) de outras rochas, seja elas magmáticas, sedimentares ou mesmo metamórficas. O metamorfismo se deve principalmente ao calor, pressão e fluídos e ocorre no interior da crosta terrestre. O metamorfismo pode levar a rocha a sofrer alterações apenas físicas como crescimento dos cristais, ocasionando novas texturas; ou a alterações químicas como o surgimento de novos minerais por recombinação; ou física e química simultâneamente. Tipos de Metamorfismos: a) Metamorfismo regional - desenvolve-se em regiões que sofreram tectonismo intensivo, isto é, compressões e dobramentos de extensas áreas da crosta com vigência de pressões orientadas (cisalhamento) e temperaturas muito elevadas. Em geral, as rochas que sofreram este tipo de metamorfismo ocorrem em áreas que existem ou existiram grandes cadeias montanhosas, fazendo parte dos escudos cristalinos. INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 20 b) Metamorfismos de contato - desenvolvem-se ao redor de corpos ígneos intrusivos (como batólitos), que cedem parte de sua energia térmica as rochas vizinhas encaixantes. Em consequência, as rochas assim metamorfisadas apresentam-se em auréolas envolvendo o corpo ígneo. Essas auréolas possuem no máximo algumas centenas de metros de espessura. O fator dominante na sua formação é a temperatura e as soluções gasosas que emanam do corpo ígneo, enquanto a pressão tem um papel secundário. Estrutura das Rochas Metamórficas Estrutura xistosa - estrutura resultante da orientação dos minerais (geralmente micáceos). As dimensões dos minerais das rochas metamórficas são, em geral, tanto maiores quanto mais intenso foi o metamorfismo. Assim , rochas xistosas pouco metamorfisadas podem apresentar minerais imperceptíveis (ardósias e filitos), assemelhando-se bastante aos sedimentos de granulação fina dos quais se originaram. Rochas mais metamorfisadas apresentam cristais bem visíveis, como é o caso dos micaxistos. Formas lamelares - quando o sedimento original é formado por minerais com pouca tendência ao desenvolvimento de por cristalização (como é o caso do quartzo e da calcita). Granulares - quando o metamorfismo se dá sem pressões orientadas ( como o metamorfismo de contato), as estruturas que se formam não são orientadas - características de rochas como quartzitos, mármores,etc. Gnáissica - quando numa rocha se alternam estruturas xistosas (geralmente faixas de minerais micáceos escuros) e estruturas granulares (faixas ou lentes de quartzo e feldspato), e as rochas que as apresentam são os gnaisses. Exemplos: Gnaisse – formado do metamorfismo do granito, constituem a quase totalidade do embasamento cristalino brasileiro. Constituído de quartzo, feldspato e mica (biotita) INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 21 Quartzito – muito importante na construção civil, formados do metamorfismo do arenito. Ardósia – derivada do metamorfismo de argilitos e siltitos Micaxisto – constituídos de micas muscovitas e biotitas Mármore – derivado do metamorfismo dos calcários por recristalização. Constituídos de calcitas e dolomita, podendo ser utilizados como corretivos e construção civil. 8 – MINERAIS 8.1. Conceito É um elemento ou composto químico resultante de processos inorgânicos, de composição química definida, estrutura interna ordenada e encontrado naturalmente na crosta terrestre. 8.1.1. Minerais Primários : são formados a partir de elevadas temperaturas e são geralmente derivados de rochas ígneas e metamórficas. Estes minerais não foram submetidos a qualquer alteração química. Ex.: Quartzo, Feldspato, Mica, anfibólios, piroxênios, etc.. 8.1.2. Minerais Secundários - são formados por reações a baixas temperaturas e são inerentes de rochas sedimentares ou formados em solos intemperizados. Estes minerais sofreram alterações físicas e químicas em suas estruturas. Ex.: argilas, óxidos de ferro, óxidos de alumínio, etc.. 8.2. Proporção dos Minerais no Solo Minerais Primários - formam a fração mais grosseira Areia + Silte = Minerais Primários INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 22 Minerais Secundários - formam a fração mais fina Conteúdo de Argila = Minerais Secundários 8.3. Importância da mineralogia Uma das propriedades principais do solo é, sem dúvida, a de fornecer elementos essenciais ao desenvolvimento e produção dos vegetais. A sua riqueza em Ca, Mg, K, P e S, depende, entre outras coisas, da composição química e mineralógica da rocha matriz. Entretanto, esta propriedade do mineral de fornecer nutrientes, não se prende somente as quantidades que contenha desses elementos, mas em particular ao clima e a facilidade com que se tornam em condições de serem assimilados pelos vegetais. Os minerais podem apresentar composição química a mais favorável possível e serem desprovidos de importância agrícola em virtude da resistência que oferecem à solubilização de seus constituintes químicos, dificultando ou mesmo impossibilitando o seu aproveitamento pelo vegetais. É o caso da mica moscovita, que por ser extraordinariamente resistente ao intemperismo químico, mesmo em climas quentes e úmidos, não se decompõe, fracionando-sesomente devido à fácil clivagem que apresenta. Esta estabilidade química da moscovita reduz, portanto, sua importância como reserva mineral no solo, devido impedir que o elevado conteúdo de K que possui, da ordem de 10,5% de K2O seja mobilizado e colocado em condições de ser assimilado pelas plantas. Inúmeros são os minerais que desempenham o importante papel de fornecedor de nutrientes às plantas. Entretanto, poucos são aqueles capazes de apresentar importância agrícola, pois nem todos podem ser considerados como fonte de elementos nutritivos aos vegetais. Ocorrem minerais de composição química favorável, mas que por serem pouco freqüentes nas rochas e nos solos delas decorrentes, não são importantes, outros, embora freqüentes, são encontrados em pequenas quantidades e não podem ser considerados como fornecedores permanentes de elementos essenciais às plantas; existem outros ainda que apesar de freqüentes e abundantes são, por sua insolubilidade, inúteis à nutrição vegetal. Há, entretanto, INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 23 algumas espécies que são quimicamente capazes de fornecer elementos nutritivos em quantidades suficientes para suprir as necessidades das plantas. A essas espécies de valor agrícola juntam-se outras que, embora, quimicamente inertes do ponto de vista da nutrição vegetal, como o quartzo, desempenham importante papel, sobretudo pela abundância com que são encontrados nos nossos solos e pelo seus efeitos decorrentes. 8.4. Divisão dos minerais primários Minerais Silicatados (93%) Unidade Básica É dada pela combinação dos átomos de silício e oxigênio numa ordenação estrutural tetraédrica, seguindo certos critérios entre os quais o principal é o raio iônico (Tabela 3). = rcátio/ rânion ►► determina os diferentes poliedros de coordenação (Tabela 1) Tabela 3 - Variação do Número de Coordenação com a Razão dos Raios Iônicos = rcátio/ rânion Simetria dos ânions No de Coordenação ao Redor do Cátion do Cátion 0,000-0,155 Linear 2 0,155-0,225 Vértices de um Triângulo Equilátero 3 0,225-0,414 Vértices de um Tetraédro Regular 4 0,414-0,732 Vértices de um Octaédro Regular 6 (ou 4) 0,732--1,000 Vértices de um Cubo 8 Fonte: Besoain (1985) INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 24 No de Coordenação = é definido pelo número de ânions que circunda um cátion central. Raio iônico O = 1,32 Å ( 1 Å=10-8 cm) Si = 0,39 Å Al = 0,55 Å = rSi/ rO = 0,295 = rAl/ rO = 0,416 Tipo de Ligação : Covalente - Iônica Substituição Isomórfica (SI) : Si4+ Al3+ e do Al3+ Fe2+, Mg2+. Esta depende de: posição no tetraédro ou octaédro semelhança entre raios iônicos neutralidade elétrica ocorre no momento da gênese do mineral SI é diferente de troca iônica 8.5. Classificação dos Minerais Silicatados É feita em função do arranjo das unidades tetraedrais. Os minerais silicatados podem ser divididos e classificados nos seguintes grupos (ver tabela 4): a) Nesossilicatos (Neso=Ilha) os tetraedros ocorrem isolados, sem nenhum contato direto uns com os outros; as ligações tetraedro/tetraedro se fazem através de metais (Fe, Mg, etc) fórmula básica característica do grupo é o (SiO4)4- Exemplos e Importância Agrícola Granada INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 25 (R2+, R3+Si3O12) R2+ = Ca, Fe, Mg, Mn R3+= Fe, Al, Ti, Cr uso em joelheria aparece na fração areia dos solos devido a sua grande resistência ao intemperismo. Zirconita (ZrSiO4) uso em joelheria Topázio (AlSiO4) (F, OH)2 uso em joelheria ( pedra de valor comercial elevado) Olivina (Mg,Fe)2 SiO4 mineral máfico ou ferromagnesiano típico componente de rochas básicas e ultrabásicas importantes na formação do solo apresenta fácil decomposição pelo intemperismo liberando elementos nutrientes para o solo b) Sorossilicatos (Soro = par) as unidades tetraédricas se ligam aos pares entre si esses pares se ligam a outros através de metais cada tetraedro compartilha um oxigênio com o outro são os silicatos de condensação mais simples fórmula química - (Si2O7)6- c) Ciclossilicatos (Ciclo = círculo) cada tetraedro compartilha dois oxigênios com os tetraedros vizinhos os anéis ou cadeias fechadas podem ser formados por 3,4 ou 6 unidade tetraédricasfórmula química - (SiO3)2- Exemplos e Importância Agrícola Benitoíta BaTiSi3O9 cadeia fecha com 3 tetraédros Berilo Be3Al2Si6O18 - cadeia fecha com 6 tetraédros uso em joelheria -as variedades verdes são as esmeraldas INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 26 as variedades azuis são as águas-marinhas Turmalina NaMg3Al6(OH)4(BO)3Si6O18 importância agrícola - fonte de boro d) Inossilicatos (Ino = corrente) Dois oxigênios de cada tetraédro são compartilhados, constituindo uma corrente simples ou cadeias longitudinais de tetraédros Pode-se ter também a formação de cadeias múltiplas, onde várias cadeias simples se unem através do compartilhamento do oxigênio as cadeias simples ou as cadeias duplas podem ser interligadas por metais Nos inossilicatos de cadeia dupla, alguns tetraédros partilham 2 oxigênios e outro partilham 3 oxigênios as cadeias duplas ligam-se a outras através de metais Fórmula química - (Si4O11)6- o ponto de clivagem desses minerais é na ligação das cadeias simples ou duplas pelos metais Exemplos i) Inossilicatos de Cadeia Simples Piroxênios: Ex.: Augita - Ca(Mg, Fe)SiO6 ii) Inossilicatos de Cadeia Dupla Anfibólios . Hornblenda - [(Ca, Na)2 (Mg,Fe)4 (Al, Fe) (Si3AlO11)2(OH)2] Importância Agrícola minerais de fácil intemperização a clivagem é nas ligações entre as cadeias longitudinais ricos em elementos essenciais às plantas ( Ca e Mg ) classificados como minerais máficos apresentam estrutura fibrosa e) Filossilicatos (Filo = lâmina) Os 3 oxigênios de cada tetraedro são compartilhados com os tetraedros vizinhos As camadas individuais superpostas são ligadas por forças eletrostáticas dos íons metálicos presentes (ponto de clivagem) Fórmula química - (Si2O5)2- INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 27 Exemplos Pirofilita - Al2(OH)2Si4O10 Talco - Mg3(OH)2Si4O10 Importância Agrícola são utilizados como veículos para inseticidas Micas: Muscovita - KAl2(AlSi3O10) (OH)2 . é a mica mais comum, chamada de mica branca ou malacacheta . Apresenta alta resistência ao intemperismo, daí ocorrer na fraçãoareia . Usada na indústria como isolante elétrico Biotita - K(Mg,Fe)3(OH,F)2Si3AlO10 . é chamada de mica preta ou mica ferromagnesiana . Tem baixa resistência ao intemperismo, devido a presença do ferro em sua estrutura . Os solos oriundos de rochas ricas em biotita raramente são deficientes de K Flogopita - KMg3(OH,F)2Si3AlO10 origina a vermiculita Lepidolita - K2Li3Al3(OH,F)4Si8O20 fonte de Lítio f) Tectossilicatos (Tecto = engradamento) Os 4 oxigênios do tetreaedro são compartilhados pelos tetraedros adjacentes, formando um retículo tridimensional Fórmula química - (SiO2)0 se não houver substituição isomórfica do Si por Al nos tetraedros, haverá apenas Si e Al na estrutura - Quartzo (SiO2) se horver SI entrará íons metálicos na estrutura para manter a eletroneutralidade, formando o grupo de minerais de extrema importância agrícola, os felsdspatos Quartzo - SiO2 . variedade cristalina da sílica . presente em todos os tipos de rochas . a sua importância agrícola não se deve a sua qualidade como fornecedor de nutrientes e sim como constituintes dos solos INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 28 . na fração areia do solo o quartzo é abundante e tem influências nas características físicas . é altamente resistente ao intemperismo, ao contrário dos outros minerais, o quartzo sofre apenas desgaste físico, não se decompõe quimicamente Feldspato - . Por definição os feldspatos são aluminossilicatados que apresentam metais alcalinos ou alcalinos terroso como Na, K, Ca, Ba e Sr em sua constituição. . Constituem cerca de 60% das rochas ígneas . Pouco frequentes nas rochas sedimentares . Constituem fontes de minerais argilosos . Fornecem elementos úteis para as plantas (K, Ca etc) . Feldspato Potássicos Ortoclásio ou Ortósio - KSi3AlO8 Feldspato Sódico Albita - NaSi3AlO8 Feldspato Cálcico Anortita - CaSi2Al2O8 Série dos Plagioclásios Cálcico-Sódico Albita-Oligoclásio-Andesina-Labradorita-Bitwnita-Anortita >90% (NaSi3AlO8) <10% <10% (CaSi2Al2O8) >90% Fedspatóide - Leucita (KSi2AlO6) e Nefelina (NaSiAlO10) Minerais Não Silicatados Carbonatos Constituem um grupo de minerais cuja estrutura inclue o ânion (CO3)2- a) Calcita - (CaCO3): encontra-se principalmente nas rochas calcáreas metamórficas, como nos mármores e gnaisse. b) Dolomita - CaMg(CO3): a dolomita é um carbonato de cálcio e magnésio que ocorre frequentemente nas rochas sedimentares. Está geralmente ssociada a calcita. Muitas dolomitas apresentam ferro em sua composição, devido a SI com o Mg. Importância na indústria são utilizados na fabricação de cimento e cal na agricultura são utilizados como corretivos da fertilidade por fornecer Ca e Mg as plantas e por corregir o pH do solo INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 29 Sulfatos e Sulfetos Constituem um grupo de sais bastante comuns, associados principalmente a evaporitos, cuja característica é a presença do radical SO42- na sua estrutura. a) Anidrita (CaSO4) - é um dos principais minerais em depósitos de evaporação dos lagos (evaporitos). Também se encontra como mineral acessório nas dolomitas e frequentemente se associa ao gesso. b) Gesso (CaSO4.2H2O) - é o mais abundante dos minerais de sulfatos. Asua origem: i) evaporação direta da água do mar; ii) concentração do gesso mediante as água em movimento; iii) alteração da anidrita. É um mineral de regiões vulcânicas. c) Pirita (FeS2) - mineral formado em ambientes reduzidos, como nos solos alagados. d) Jarosita [KFe3(SO4)(OH)6] - mineral resultante da alteração da pirita [FeS2] em rochas e sedimentos expostos a ambientes oxidados. Está comumente associado a solos de extrema acidez e de má drenagem. Importância A forma estável do sulfato de cálcio no solo é o gesso. Este é mais solúvel que a calcita, sendo mais móvel no perfíl e indicado para correção do pH do solo nos horizontes mais profundos. O gesso além de corrigir o pH é fonte de enxofre para as plantas. A presença de sulfato no solo está condicionada a umidade local, encontrando-se mais freqüentemente em solos de climas áridos e semi-áridos Fosfatos Os fosfatos constituem-se em um grupo numeroso. O mineral mais importante é a apatita. Os minerais fosfatados se caracterizam por apresentarem um grupo tetraédrico de (PO4)3-. a) Apatita - Ca5(PO4)3(OH,F,Cl) A apatita forma um grupo de minerais originados principalmente de rochas ígneas, embora também ocorra em rochas metamórficas e sedimentares. As variedades mais comuns são: Fluorapatita - Ca5(PO4)3Fl Cloroapatita - Ca5(PO4)3Cl Hidróxiapatita - Ca5(PO4)3OH INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 30 Óxidos a) Hematita - Fe2O3 b) Magnetita - Fe3O4 c) Goetita - FeOOH A hematita é a principal fonte de onde se extraí o minério de ferro usado na indústria siderúrgica e do aço. Os óxidos de ferro são importantes no comportamento dos solos, principalmente solos tropicais, pois além de encontrados na sua fração argila, influenciam diversas propriedades deles e, de forma mais direta e visível, nas colorações que apresentam. Minerais de Argila ( secundários ) - Caulinita - Montmorilonita - Ilita - Vermiculita INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 31 9. MINERAIS SECUNDÁRIOS OU DA FRAÇÃO ARGILA . Minerais Silicatados: . Filossilicatos ( Silicatos em Camadas ou Lâminas ) . Unidades Básicas ( Unidade Cristalográfica ): Lâmina de Octaedro de Al Lâmina de Tetraedro de Si Tetraedro de Si Octaedro de Al Pontes de Hidrogênio ESTRUTURA DO MINERAIS 1:1 (Grupo da Caulinita) Tetraedro de Si Octaedro de Al INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 32 MINERAL 2:1 - Grupo da Montmorilonita (Sem Substituição Isomórfica) d (001) Tetraedro de Si Octaedro de Al Tetraedro de Si Forças de Van der Waals MINERAL 2:1 ( Com Substituição Isomórfica ) d (001) Tetraedro de Si Octaedro de Al Tetraedro de Si Forças de Atração EletrostáticaCa Ca Ca Ca . Empilhamento de duas lâminas tetraédricas e uma octaédrica OBS: Nos minerais 2:1 sem substituição isomórfica a ligação entre as unidades estruturais é do tipo Forças de Van der Waals. Naqueles com substituição isomórfica essas ligações são do tipo Forças de Atração Eletrostática, devido a presença de cátions na entrecamada (K+ , Ca2+ , Mg2+). INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 33 9.1. Principais características dos minerais do grupo 1 : 1 Grupo da Caulinita Caulinita Principais Características: . Estrutura 1:1 . Ligações: Unidade Cristalográfica - Dentro: Lig.Iônica - O ( Tetraedro ) ----- Al ( Octaedro ) - Entre : Pontes de Hidrogênio (Lâminas ) : OH ( Octaedro) --- O ( tetraedro ) Não Expansível Densidade de Carga Muito Baixa Superfície Específica 10-20 m2/g Praticamente sem substituição Isomórfica .Ocorrendo no Interior do conjunto de lâminas não gera CTC H+ neutraliza essas cargas, só se manifesta as parte basal. . Evidências: CTC( 2-3 cmolc / kg ) a baixo pH ( Caulinita de Solo x Traços de 2:1 ) . Análise Química revelando elementos diferentes de Al e Si. K = SiO2 / Al2O3 >2 CTC 3-10 cmolc/Kg ( Dependentes de pH ) - Bordas Quebradas Argila de Baixa Atividade Baixa Plasticidade e Pegajosidade d( 001) = 0,72 nm Morfologia: Pseudo hexagonal ( Cima ) , Laminar ( Perfil ) Gênese: Precipitações elevadas, altas temperatura, boa drenagem, intensa perda de cátions de metais alcalinos e alcalinos terrosos ( desbasificação ) e moderada Dessilificação sob condições de acidez elevada ( oxidação de sulfetos, CO2 + H2O e ácidos orgânicos resultantes da decomposição da matéria orgânica ). Transformação de inúmeros minerais: Mica, Feldspatos e Montmorilonita. Herança: Ocorre em depósitos lacustres marinhos, fluviais como mineral herdado ( jazidas ) . Possibilidade de Adsorção de Fosfatos: Adsorção “NÃO ESPECÍFICA” ( Cl- e SO4- ) quando há protonação, adsorção “ESPECÍFICA” Perda de H2O e entrada de H2PO4- INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 34 Origem das Cargas Elétricas: Si Al OH OH OH 0 - Si OH O OH H2O Al + OH- ARGILOMINERAIS 1:1 Principais diferenças entre caulinita e haloisita CAULINITA HALOISITA Fórmula Al2Si2O5(OH)4 . Al2Si2O5(OH)4. 2H2O Distância interplanar d(001) = 0,72 nm . d(001) = 1,00 nm CTC 3 - 10 cmolc / kg . 5 - 15 cmolc / kg Morfologia Externa Laminar ( perfil) . Tubular Pseudo hexagonal ( cima ) Não Apresenta H2O nas Apresenta moléculas de Água entrecamadas estrutural nas entrecamadas INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 35 9.2. Principais características dos minerais do grupo 2 : 1 a) Grupo da Montmorilonita São mnerais chamados 2:1 porque são formados pelo empilhamento de duas lâminas tetraédricas fazendo um sanduíche com a lâminas octaédrica. As ligações da unidade 2:1 que mantém as lâminas juntas, são ligações iônicas dos oxigênios apicais dos tetraedros com o Al da lâmina dos octaedros como nas unidades 1:1. As unidades estruturais 2:1 não têm a presença das pontes de hidrogenios e por isso mesmo elas são expansíveis, ou seja não possuem distância fixa. Os principais minerais do grupo 2:1 tem uma característica que é a presença de cargas elétricas de superfície que são originárias, principalmente, de substituição isomórficas. As esmectitas, tendo como principal representante a montmorilonita tem o Mg substituído isomorficamente pelo Al e causa um desbalanço de carga o que possibilita a atração de cátions para neutralizar a carga desenvolvida. Esmectitas - Montmorilonita 7Principais Características: . Estrutura 2:1 . Ligações: Unidade Cristalográfica - Dentro: Lig.Iônica - O ( Tetraedro ) ----- Al ( Octaedro ) - Entre : sem ponte de hidrogenio Expansível Densidade de Carga Muito Alta Superfície Específica = 600 - 800 m2/g Praticamente com substituição Isomórfica CTC = 80 - 120 cmolc/Kg ( Dependentes de pH ) - Bordas Quebradas Argila de Alta Atividade Alta Plasticidade e Pegajosidade d( 001) = 0,96 a 1,80 nm INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 36 b) Grupo da vermiculita Mineral 2:1 de expansão limitada Intemperização Micas Princiapais Características da Vermiculita Superfície específica: 600 - 800 m2 / g Ligações Químicas: Iônica : O ( tetraedro ) com Al ( Octaedro ) Entre Unidades Estruturais: Força de Atração Eletrostática Densidade de cargas ( negativas) alta na camada tetraédrica Habilidade de fixar K+ e/ou NH4+ Substituição Isomórfica Si por Al ( Tetraedros ) Déficit de cargas, compensada por Cátions Trocáveis, principalmente Ca e/ou Mg, e até mesmo K+ e NH4+. Al por Mg ( Octaedros ) Carga Estrutural: 120 - 160 cmolc / Kg CTC = 120 - 160 cmolc / Kg ( maior entre os 2:1 ) Estrutura : H2O nas entrecamadas são de duas categorias: H2O coordenada com cátions trocáveis H2O sob a influência das lâminas de silício Perda de H2O por desidratação ( aquecimento ) Inicia pela água associada às lâminas de Si Mg ( ou Ca ) trocável tende à coordenação com apenas 4 moléculas de H2O desidratação mais acentuada perda total da H2O das entrecamadas d( 001) 1,43 nm 1,18 nm 0,92 nm ( Fig. ) INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 37 Ca Ca Ca H2O H2O H2O H2O H2O H2O H2O H2O H2 O H2O 2 H2O 4 H2O d ( 001 ) = 1,43 nm d (001 ) = 1,18 nm d (001 ) = 0,92 nm VERMICULITA X TEMPERATURA Nas vermiculitas do solo, os cátions trocáveis são principalmente Ca e Mg, os quais são coordenados por 6 moléculas de água: Ca2+ e Mg2+ dupla camada de água Na+ uma camada de água ( ambos os casos: d( 001) = 1,4 - 1,5 nm ) K+ e NH4+ não há camadas de água - d(001) =1,0 - 1,1nm Interação com moléculas H2O < Interação com os Espaços Gênese da Vermiculita Geralmente aceito: Produto de intemperização das micas Etapas: Mg2+ desloca os K+ das entrecamadas das micas, liberando K+ o qual é consequente lixiviação. Oxidação do Fe2+ Orientação das OH ( afeta o poro ditrigonal ) Contraditório : Solos com vermiculita dioctaedral cujo material de origem não tinha mica. Neste Caso: Vermiculita Produtos síntese de precipitação de gels. Vermiculita Trioctaedral Flogopita ou Biotita Vermiculita não se forma em T> 200 - 300 o C T 200 - 300 o C Formação : Clorita > vermiculita INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 38 Fixação de Potássio em Vermiculita Poro ditrigonal entre as camadas tem 6 oxigênios ao redor sendo que 3 ficam mais externos e 3 ficam mais internos. Assim o K+ passa a ser afetado por 3 oxigênios da lâmina de baixo e 3 da lâmina de cima, produzindo maior fixação do potássio. Portanto amostra tratada com potássio ela fica com d de 10 Ao(1,0 nm ). Importância da Fixação : Fertilidade do Solo K não disponível ( Adubação Potássica ). .2 a 3% de Vermiculita pode gerar uma CTC maior do que devido a caulinita c) Esmectita Espécies Dioctaedrais Montmorilonita, Bendelita, Nontronita São as mais comuns. Diferenciadas em função da substituição isomórfica. Espécies Trioctaedrais Sapronita + Raras em solos. . Montmorilonita - Substituição isomórfica de Al por Mg apenas nos octaedros: M+0,67 (Si8)IV (Al3.33 Mg0,67)VI O20 (OH)4 A deficiência de cargas ( + ) compensada por cátions trocáveis (M+) situados nas entrecamadas do mineral. . Beidelita - Substituição isomorfica predominantemente na Lâmina Tetraédrica de Si por Al: M+0,67 (Si7,33Al0,67)IV ( Al4)VI O20 (OH)4 . Nontronita - Semelhante a Beidelita, com Fe3+ na lâmina octaédrica: M+0,67 (Si7,33Al0,67)IV ( Fe43+)VI O20 (OH)4 INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 39 . Solo Equilíbrio Montmorilonita Nontronita Beidelita A Nontronita é um mineral secundário ( superfície elevada ) Condição redutora prejudica sua integridade ( Fe3+ Fe2+ ) afetando a estrutura desse mineral. Gênese das Esmectitas 1. A partir da alteração das micas Mica Vermiculita Esmectita Mica Mica Hidratada Ilita Vermiculita Esmectita 1.1. Principais Passos: Lixiviação de K+ Redução [ K+ ] Solução Perda de K das entrecamadas do mineral 2:1; Perda dos Al3+ dos tetraedros Redução da Carga; Enriquecimento dos tetraedros com Si4+ . 2 - Existe ainda a possibilidade de formação das esmectitas a partir de minerais não micáceos: Augita , Hornblenda, Piroxênio Mantém taxa de Si e os cátions importantes ( Ca, Mg, Fe ) em alta concentração no meio. 3. Síntese a partir da recristalização dos componentes da solução do solo Esmectíticas neogenéticas. INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 40 Condições Propícias à Formação de Esmectíticas pH não muito baixo ( 6 - 7 ) Baixa concentração de K+ no meio; Baixa concentração de Al3+ no meio Altas concentrações de Si , Ca e/ou Mg e Fe no meio. Drenagem limitada Relevo plano a suave ondulado Intemperização das micas: Dioctaedral Trioctaedral . Pirofilita : Si8Al4 O20(OH)4 . Talco: Si8 (Mg, Fe)6O20(OH)4 . Muscovita : K2(Si6 Al2)( Al4) O20(OH)4 . Biotita: K2(Si6 Al2) (Mg, Fe)6O20(OH)4 Micas ----------------> Vermiculita --------------> Montmorilonita Carga Estrutural 200 - 250 100 - 160 cmolc/Kg 80 - 120 cmolc /kg CTC 10 - 40 100 - 160 cmolc/kg 80 - 120 cmolc /kg Ocorre abertura das entrecamadas liberando K+ e há entrada de H2O e cátions hidratados ( Ca 2+). Ocorre Carga Estrutural CTC Com intemperismo as cargas estruturais passam a ter oportunidade de se expressar em termos de CTC ou seja, a CTC tende a se aproximar da carga estrutural. A diminuição da Carga Estrutural é atribuída: 1) Incorporação de prótons H+ pela conversão de alguns oxigênios em hidroxilas em condições ácidas. 2) Oxidação do Fe2+ para Fe3+ nos octaedros ( Biotita ). 3) Troca de Al por Si nos tetraedros ( ressubstituição ) o Al sai com o intemperismo e é precipitado em pH alto enquanto que o Si nesse pH sendo muito solúvel irá ocupar o lugar do Al. 4) Destruição preferencial dos tetraedros de alumínio INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 41 As ligações Ai--O são mais fracas ( < FAE ) Leva a diminuição da proporção de tetraedros de Al Redução da carga estrutural. Al--O FAE = 3/4 = 0,75 Si--O FAE = 4/4 = 1,00 PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE VERMICULITA E MONTMORILONITA Montmorilonita Vermiculita 2:1 ( Secundário ) 2:1 ( Secundário ) . Unidade Cristalográfica Lig. Iônica - Tet/Oct ( O - Al ) Força de Atração Eletrostática ( Lâminas ) Unidade Cristalográfica Lig. Iônica - Tet/Oct ( O - Al ) Força de Atração Eletrostática ( Lâminas ) Expansível Expansível ( limitada) Densidade de Carga - Menor entre 2:1 Alta Densidade de Carga Superfície Específica 600 - 800 m2/g Superfície Específica Alta - 600 - 800 m2/ g Subst. Al por Mg (Oct ) Subst. Si por Al (Tetra) 80 - 120 cmolc/Kg ( Permanentes ) CTC : 120 - 160 cmolc /kg ( Permanentes ) Alta Atividade Alta Atividade Alta Plasticidade e Pegajosidade Alta Plasticidade e Pegajosidade d(001) = 0,95 - 1,8 nm d ( 001 ) = 1,0 - 1,4 nm Saturadas Mg e Tratadas com Glicerol até 1,7 -1,9 nm Até 1,4 nm Gênese Gênese: 1- Alteração das Micas : Perdas do K ( entrecamada), . Mica Vermiculita Esmectita . Mica Mica Hidratada Ilita Vermiculita Esmectita Perdas de Al (tetraedros), enriquecimento de Si(tetraedros) 2 - Recristalização de componentes da solução dos solo Esmectitas Neogenéticas .. Condições Favoráveis: - Baixas concentrações de K e Al no meio e concentrações elevadas de Si, Ca ou Mg no meio - Drenagem Limitada e relevo plano a suave ondulado. 1 - Produto intemperização das micas ( Aceito ): . Mica Vermiculita . Mica Mica Hidratada Ilita Vermiculita Etapas: Liberação do K+ entrecamada das micas, Mg desloca o K+ que é consequentemente lixiviado segue a orientação das OH . 2. Recristalização Elementos da Solução do Solo .. Condições Favoráveis: Idem ( Drenagem Maior ) INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 42 d) Vermiculita ou Esmectita com Hidróxidos nas Entrecamadas A presença de VHE ( Vermiculita com Hidroxi Entrecamadas ) ou EHE ( Esmectita com Hidroxi Entrecamadas ) está associada a ocorrência de minerais 2:1 ( Vermiculita e Esmectita ) sob condições especiais com o aparecimento de ilhas de hidroxi alumínio ( polímeros ) nas entrecamadas desses minerais 2:1. Gênese : I. Polimerização de Al e Fe ( principalemnte Al) , em meio ácido, na presença de minerais argilosos silicatados 2:1 ( principalmente Vermiculita ). II. Por exemplo: Intemperização da muscovita ( mica ) em meio ácido vermiculita com hidroxi-alumínio entre camadas ( VHE ). III. Muscovita em meio ácido tende a perder K+ que liga as camadas 2:1 Muscovita parcialmente expandida e parcialmente saturada com íons H+ que ataca a estrutura cristalina da camada 2:1 liberando o Al que nesse meio ácido forte tendência de se rodear de moléculas de água e sofrer hidrólise: Al H H O O H H OH2 OH2 H2O H2O Alumínio Rodeado Por Moléculas de Água Al [(H2O)6]3+ + HOH Al[ (OH) ( H2O)5]2+ + H3O+ ( Monômeros ) INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 43 IV. Esses monômeros Forte tendência de se polimerizar na presença de superfícies altamente carregadas eletricamente como a vermiculita: [(Monômero)]2+ + [(Monômero)]2+ ------> [(Dímeros)]4+ ------> [(Hexâmeros)]6+ ( AINDA SOLÚVEL ) Al Al OH OH Dímero Al Al Al Al Al Al Hexâmero Polímeros Hidroxi - Al Hexâmeros Unem-se uns aos outros formando uma [(rede de Hexâmeros)]15+ que já é um Polímero Insolúvel constituindo as Ilhasde Polímeros de Alumínio Esquematicamente o processo pode assim ser representado: K-K-K-K-K-K-K-K-K-K K-K-K-K-K-K-K-K-K-K - K + H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H Al 3+ . Al 3+ Al 3+ Sequência de Intemperismo da Muscovita em Meio Ácido Formando Vermiculita com Hidroxi - Al Entre as Camadas . . M uscovita VHE Polímeros de Hidroxi-Al INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 44 - Nos Hexâmeros individuais Relação OH compartilhadas / Al é de 2, aumentando um pouco na formação do Polímero mas é menor que 3 ( Se não seria Gibbsita ). - Gibbsita Não tem carga - Polímeros formados Carga elétrica desenvolvidas no processo Se comportam como grandes cátions. - Na presença de Vermiculita Alta densidade de carga Funciona como uma esponja atraíndo os monômeros e dímeros, que ajuda na polimerização e retém eletrostaticamente o material insolúvel devido à alta carga de ambos ( Vermiculita e Polímero ). e) Cloritas Minerais primários, mas também podem ser produtos de alteração. Diferença básica entre Clorita e Micas Material das entrecamadas Clorita Camadas de Hidróxido de Al ( Gibbsita ) ou de Hidróxido de Magnésio ( Brucita - Mg(OH)2 ) entre as unidades 2:1. Al(OH)3 - Gibbsita ou Mg(OH)2 - Brucita Lâmina 2 : 1 CLORITA d(001) = 1,4 nm Carga Estrutural = 200 - 250 Cmolc / kg CTC = 10 - 40 cmolc / kg Minerais Interestratificados - Combinação de minerais diferentes INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 45 - Camadas de mica com camadas de 2:1 com possibilidade de expansão constituindo uma só partícula ( mineral ) Ex1 . Parte Mica + Vermiculita já se formando - Resposta no Raio - X . É dada pelo conjunto, um determinado ponto tem d= 1,0 outro tem d=1,4 nm (p.ex.) o pico característico será função à soma destas distâncias. . Dão Picos na faixa: antes de 6o ( 3 - 4O p/ 2 ) . Ex.2 Parte Esmectita + Parte Caulinita - Importância . Mais importantes para solos de regiões temperadas com drenagem não muito intensa e baixa temperatura e menor água disponível. . Ocorrência Demonstra baixo grau de evolução dos solos (jovens, em que o estado de degradação é incipiente, Ex. Vertissolo. ) INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 46 10. ÓXIDOS DE FERRO E ALUMÍNIO 10.1 - Introdução São minerais secundários de importância muito significativa nos solos tropicais, formados por Fé e Al que são muito abundantes (Tabela 4). O silício se perde mais rapidamente que os demais, deixando os colóides do solo enriquecidos Fe, Al, Mn e Ti com avanço do intemperismo. . Óxidos , hidróxidos e oxihidróxidos de Fe , Al , Mn e Ti São produtos de neoformação Óxidos Livres Não se encontram ligados aos silicatos. . Tabela 4 – Principais óxidos de Fé e Al Tipo de Óxido Alumínio Ferro Óxidos Corindon - Al2O3 Hematita - Fe2O3 Maghemita - Fe2O3 Hidróxidos Gibbsita - Al(OH)3 - Bayerita - Al(OH)3 - Norstrandita - Al(OH)3 Oxihidróxidos Diásporo - AlOOH Goethita - FeOOH Boehmita - AlOOH Lepidocrocita - FeOOH “Mal Cristalizado” : Ferridrita 5 Fe2O3 . 9. H2O 10.2 - Óxidos, Hidróxidos e Oxihidróxidos de Alumínio . Várias Espécies Solo . Mais Comuns Formas hidroxiladas ( Gibbsita , Bayerita e Norstrandita ) INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 47 10.2.1 - Gibbsita Principal mineral da fração argila de solos altamente intemperizados ( Latossolos ). Estrutura: Dois planos de oxidrilas em agrupamento denso, com Al3+ ocupando 2/3 dos espaços octaédricos. - Cada Al compartilha 6 oxidrilas com outros 3 Al - Cada OH é compartilhado por 2 Al - Bordas: . Cada Al compartilha 4 OH com outros 2 Al . Os 2 sítios restantes OH e H2O - As seguintes configurações são sugeridas para os grupos de bordas não compartilhadas: Al OH OH2 ou Al OH OH H . Gibbsita , Bayerita e Norstrandita - São polimorfos que diferem entre si apenas pelo empilhamento das unidades estruturais. . Gibbsita: OH’s de uma unidade diretamente sobre OH’s de outra unidade . Bayerita: OH’s de uma unidade acomodam-se nas depressões de plano de OH’s da unidade seguinte. . Norstrandita : Arranjos alternados de gibbsita e bayerita INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 48 Gênese da Gibbsita (duas hipótese) 1) Diretamente a partir de minerais primários, forma silicatos de Al. Fato: alguns depósitos de bauxita gibbsita de rocha inalteradas a pequena distância. 2) A partir de silicatos de Al, passando por produtos intermediários. Micas Vermiculita Esmectita Caulinita Gibbsita Feldspato Caulinita Gibbsita OBS: Ambas as hipóteses podem ocorrer - não são mutuamente executadas A formação de gibbsita pode ocorrer se as condições favorecerem a lixiviação do silício ( dessilificação ). KAlSi3 O8 + H+ + 7 H2O K+ + Al(OH)3 + H4SiO4 Lixiviado Lixiviado . Se a lixiviação não for tão intensa, o Si permanecerá ainda no meio e se forma a Caulinita. Al(OH)3 + H4SiO4 1/2 Al2Si2O5 (OH)4 + 2 H2O Adsorção de íons na Gibbsita OH Al OH2 Al OH + Al Al OH OH OH 0 - ÓXIDOS : CARÁTER ANFÓTERO H2O + OH-+ H+ OH OH OH Al Al pH < PCZ pH = PCZ pH > PCZ INTRODUÇÃO A CINÊNCIA DO SOLO Prof. José Frutuoso do Vale Júnior 49 . Em condições normais de pH no solo Cargas positivas Adsorção de ânions ( Cl- , NO3- , SO42- , em adsorção não específica; e H2PO4- em adsorção específica ) 10.2.2 - óxidos, Hidróxidos e Oxihidróxidos de Ferro Os principais óxidos de ferro encontrados no solos estão listado na tabela 5 abaixo. Tabela 5 - Formas de Óxidos de Ferro Grupo Fórmula Nome S.Cristalino Cor Presença no Solo Óxidos Fe2O3 Hematita Hexagonal Vermelho Principalmente R. Tropicais, ocasionalmente em Regiões temperadas ou paleosolos Anidros Fe2O3 Maghemita Tetragonal Pardo Averm Princ. Clima tropicais, quentes ou subtropicais Fe3O4 Magnetita Cúbica Preto Minerais primários, não pedo - genéticos Oxihidró xidos FeOOH Goethita Ortorrômbico Pardo Amare- lado Climas úmidos e temperaturas Também em solos tropicais hidromórficos FeOOH Lepidocrocita Ortorrômbico Alaranjado solos hidromórficos não calcá- rios , ou solos bem drenados de clima mediterrâneo Óxidos Fe5(O4H3)3 Ferridrita Romboédrico Pardo Solos ácidos clima frio ou temperados c/ MO abundante Paracris
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