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Origem e Formação do Estado A palavra “estado” deriva do latim status, que significa estar firme. Estado é a situação permanente de convivência, o modo de ser de uma sociedade politicamente organizada, porém, “estado” nem sempre foi usado para determinar uma sociedade politica. O responsável por determinar Estado como uma sociedade política foi Maquiavel, em sua obra “O príncipe” publicado em 153 1, no trecho: “todos os estados, todos os domínios que tiveram e tem poder sobre os homens, são estados e são repúblicas ou principados”. Em relação a época do aparecimento do Estado temos três posicionamentos fundamentais: Para alguns autores o Estado sempre existiu nas sociedades, pois o homem é integrado a uma organização social com poder e autoridade para deter m inar o comportamento de um grupo, é um elemento universal na organização social humana. A maioria dos autores, afirma que, a sociedade existiu por um período sem o Estado, este foi constituído para atender as necessidades de grupos sociais. Para outros, Estado só é admitido a sociedade política dotada de certas características muito bem definidas. Para Karl Schmidt conceito de Estado é conceito histórico concreto que surge com a ideia e a prática da soberania. Balladore Pallieri, defensor desta mesma ideia, define: “a data oficial em que o mundo ocidental se apresenta organizado em Estado é de 1648, ano em que foi assinado a paz de Westfália”. As justificativas que determinam a existência do Estado são duas: Teoria natural: afirma que o Estado se formou naturalmente da organização humana. Teoria contratual: é um pacto entre os homens, onde interesses individuais são transferidos a esta entidade em prol do interesse coletivo. Existem três causas determinantes na origem do Estado: Origem familiar: a família é o núcleo, o elemento inicial do Estado. A família se expande aparecendo como sociedade política. Origem em atos de força: é onde um grupo mais forte domina o mais fraco. O Estado surge para regular as relações entre dominantes e dominados. Origem em causas econômicas ou patrimoniais: o Estado surge para regular relações patrimoniais, a exemplo da p ropriedade e relações econômicas. Evolução histórica do Estado O estudo da evolução histórica do Estado não tem a intenção de nos mostrar as curiosidades, ele é fundamental na descoberta de movimentos constantes e muito valiosos para formação de probabilidades de evoluções futuras do Estado. Estado Antigo = Não existia uma diferença entre o Estado, a religião, a família e a organização econômica, formavam um conjunto confuso . O Estado Antigo aparece com o unidade geral, não havendo divisão interior, territorial e de funções. A principal influencia no Estado foi religiosa, tudo era justificado em uma vontade divina. Estado Grego A principal característica é a cidade-Estado (polis), a cidade era independente visando a autossuficiência econômica. Era uma sociedade política de maior expressão, existe uma elite que compõem a chamada classe política, essa participa das decisões em assuntos de caráter público. Estado Romano = A característica da organização do Estado Romano é a base familiar, toda estrutura de Estado era pensada na estrutura familiar. O povo participa das decisões do governo, porém, a noção de povo era restrita, apenas uma pequena parte da população. Os governantes supremos eram os magistrados, ou seja, as famílias patrícias. Com uma evolução lenta e um sólido núcleo de poder político, a instituição era mais forte que a sociedade. Estado Medieval = Marcado pelo cristianismo, as invasões dos bárbaros e o feudalismo. No plano do Estado a Idade Média se trata de um dos períodos mais instáveis e difíceis. Pretendia-se uma grande unidade politica, livre da influencia de fatores tradicionais. O cristianismo afirma a unidade da Igreja, ideia de igualdade aos homens, visava a universalidade cristã como ideia de Estado universal, com os mesmos princípios e as mesmas normas de comportamento. A igreja estimulava o Império como unidade política, porém, haviam vários centros de poder, todos com autoridade e o Imperador não se submetia a Igreja. Assim, formalmente o de políticas independentes, resultando em numerosos Estados. No feudalismo o poder derivava do elemento patrimonial, valoriza -se a posse da terra, o senhor feudal detinha o poder sobre os servos. Estado Moderno = O principal motivo para a criação do Estado Moderno é a necessidade de ordem e autoridade, pois como vimos no Estado Medieval existia uma enorme instabilidade politica, econômica e social. Este processo de um estado ocorreu em diferentes momentos e de formas distintas na Europa Ocidental. A principal característica é a centralização politica, o poder do Estado centralizado. Existia uma independência da autoridade estatal, o poder tem como titular o Estado, o Estado se torna um ente publico, não é propriedade de um senhor. Um testemunho histórico do surgimento de um novo Estado são os tratados de Paz de Westfália, em 1648, Império Germânico, França, Províncias Unidas e Espanha, reconhecendo e respeitando os limite s territoriais de cada um e a supremacia de cada governo dentro de seus limites. O Absolutismo monárquico compõe o período de transição para o Estado Moderno, surge o fundamento de direito divino dos reis, é a concentração de poderes do Estado a um soberano, pondo fim a multiplicidade de poderes. O rei personifica o Estado (o Estado é ele), tendo poder absoluto, derivando daí a noção de soberania. A autoridade do Rei era proveniente diretamente de Deus, o soberano era sagrado. Soberania = O conceito de soberania é uma das bases da ideia de Estado Moderno, onde o poder do rei era soberano. Já no ano de 1762, Rousseau publica a obra “O contrato Social”, onde o conceito de soberania é do povo e não da pessoa do governante como era antes, afirma que a soberania não pode ser representado por uma só pessoa, é a vontade geral e é indivisível. Alguns au tores se referem como um poder de Estado, outros como qualidade do poder do Estado, existe ainda outras definições. O que vemos é que a noção de soberania está sempre ligada a uma concepção do poder. Em termos puramente políticos, a soberania expressava a eficácia do poder, não se preocupando em ser legitimo ou jurídico, apenas absoluto para não haver confrontações nem meios para impor determinações. A soberania era a universalidade dos fatos ocorridos no Estado, por este motivo não pode existir partes separadas da mesma soberania. Inalienável, não se pode transferir a outro, aquele que a exclui, desaparece quando ficar sem ela, seja o povo, a nação, ou o Est ado. Imprescritível, sem prazo de duração, sem validade, pois jamais seria verdadeira se tivesse um prazo certo para durar. É um poder originário, pois nasce no momento em que nasce o Estado . Exclusivo, pois só o Estado o possui. Coativo, pois o Estado dispõem de meios para fazer cumprir suas ordens. Estudiosos ainda acrescentam que a vontade da soberania é superior a todas as outras vontades dentro do território. O poder soberano não aceita que convenções internacionais imponham obrigações dentro do território. Outro aspecto importante são as teorias justificadoras do poder do Estado. Teorias Teocráticas = principio cristão, todo poder vem de Deus, onde o titular da soberania é a pessoa do monarca. Teorias Democráticas, soberania se origina do próprio povo. Primeira fase, onde o titular é o povo, segunda fase, onde a titularidade é atribuída a nação, terceira fase, onde o titular é o Estado. Quanto ao objetivo e à significação do Estado verifica-se que os cidadãos do estado estão sempre sujeitos ao seu poder soberano. Com relação aos outros Estados a soberania significa independência,nenhum Estado pode interferir na soberania do outro. A soberania é conhecida de duas maneiras distintas: como “sinônimo de independência” o poder que tem o Estado, fazer prevalecer sua vontade dentro de seus limites jurisdicionais. Ou como expresso de “poder jurídico mais alto” igualdade jurídica dos Estados, respeito recíproco, como regra de convivência, passível de uma sanção jurídica. CONCEITOS BÁSICOS A Sociedade é o motivo pelo o qual o Estado vem a existir. A sociedade é um agrupamento interno, devidamente organizado, que coopera entre si para realização de um determinado fim. A organização é necessária, sobre o caos a sociedade desaparece. A organização é realizada por meio de limites, de ordens, de regras, de normas, de contratos. Estado é uma entidade que se compõe de um povo, fixado em um território, organizado por um poder de império, de uma forma que os seres humanos consigam se desenvolver, e proporcionar o bem estar a toda sociedade. Hans Kelsen vê estado como ‘’Ordem coativa normativa da conduta humana’’ Elementos Essências do Estado - O estado se compõe por três elementos: 1. Povo 2. Território 3. Soberania O Povo: é uma coletividade de indivíduos ligados ao Estado pelos vínculos éticos, religiosos, políticos... que se unem. Lembrando que ‘’sem o povo não é possível haver estado e é para o povo que o estado se forma’’. Território: é a base espacial do poder, onde se exerce o poder, sendo materialmente composto pela terra firme, incluindo o subsolo e as águas internas. Lembrando também que não existe estado sem território, pois ele estabelece a ação soberana do estado. Soberania: é uma característica essencial do poder para o Estado. Só o poder do Estado é soberano e não há Estado sem poder soberano. É a qualidade que torna o poder do Estado supremo internamente, extremamente, a soberania significa que o Estado é igual e independente em relação aos demais. Povo = é todo individuo que é fixado em um território em caráter permanente e que possui capacidade eleitoral. População = é todo individuo que é fixado em um território em caráter permanente. População: entende-se pela reunião de indivíduos num determinado local, submetidos a um poder central. O Estado vai controlar essas pessoas, visando, através do Direito, o bem comum. A população pode ser classificada como nação, quando os indivíduos que habitam o mesmo território possuem como elementos comuns a cultura, língua, a religião e sentem que há, entre eles, uma identidade; ou como povo, quando há reunião de indivíduos num território e que apesar de se submeterem ao poder de um Estado, possuem nacionalidades, cultura, etnias e religiões diferentes. Nação = é a alma de um povo, é um sentimento coletivo que unifica um agrupamento humano. Um grupamento humano que se vincula por comportamentos culturais, históricos, filosóficos, religiosos e lingüísticos. É a identidade do povo! Território é a extensão de terra em que o Estado atua, se estabelece. Território: espaço geográfico onde reside determinada população. É limite de atuação dos poderes do Estado. Vale dizer que não poderá haver dois Estados exercendo seu poder num único território, e os indivíduos que se encontram num determinado território estão obrigados a se submeterem. Elemento Humano, Geográfico e Poder (soberania) – Elementos do Estado Soberania: é o exercício do poder do Estado, internamente e externamente. O Estado, dessa forma, deverá ter ampla liberdade para controlar seus recursos, decidir os rumos políticos, econômicos e sociais internamente e não depender de nenhum outro Estado ou órgão internacional. A essa autodeterminação do Estado dá-se o nome de soberania. Naturalismo e Contratualismo Naturalismo surgiu na Grécia antiga, seu maior expositor foi Aristóteles (A política) – “O homem é um animal político” – Natureza social – Um animal que nasceu para viver com outros na polis. A família é o primeiro nível de sociedade, ela naturalmente se forma. E naturalmente os poderes são constituídos. O homem e a mulher, o pai e o filho, o senhor e o escravo – os 3 níveis de realção que existe na fmailia. O homem é superior aos demais. A origem da sociedade está pautada exatamente na natureza humana, e o poder também é constituído naturalmente: uns nascem para mandar, outros para obedecer. Isso é Aristóteles, isso é naturalismo! Perdura desde a Antiguidade até o Séc XVII... Contratualismo é o conjunto de teorias políticas que vêem a origem da sociedade e o fundamento do poder em um contrato, em um acordo, em uma convenção. Não é natural, ele é estabelecido pelo contrato. ANOTAÇÕES ORIGEM e FORMAÇÂO do ESTADO O progresso natural do homem, evidentemente, nos permite verificar que existe uma busca incessante por melhores formas de convivência, em manter a ordem social e de aprimorar as condições de vida na mesma proporção em que se evolui moralmente. Assim o indivíduo passa por sucessivas transformações e isso permite que modifique o meio em que vive de maneira natural conforme as mudanças intrínsecas e extrínsecas, aos quais é submetido no meio social em que vive. Sobre a formação do Estado, Georg Jelinek, um filósofo do direito e juiz alemão que viveu no período de 1851 a 1911, definiu os tipos históricos de Estado e apresentou a seguinte classificação: A priori classificava “o antigo Estado Oriental, no qual se agrupavam uma série de civilizações diferentes entre si (chineses, fenícios e entre outros) e, ainda, nestes não havia uma separação entre as esferas familiar, religiosa e política”. A teocracia e a monarquia eram, nesta classificação, as formas de governo empregadas na época. Em seguida com a consolidação do Estado Helênico, surgiu outra classificação, que consistia no “agrupamento de algumas civilizações à semelhança de um Estado, estabeleceu-se uma unidade própria de poder (legislação, religião e comunidade), as decisões eram coletivas e o indivíduo era livre”, sendo este o conceito de liberdade desta época, isto é, incentivava à participação do indivíduo nas decisões coletivas sobre o destino político do Estado, vindo Benjamin Constant, no final do século XVIII, questionar este conceito de liberdade até então adotado, isto é, a liberdade dos antigos e liberdade dos modernos. O Estado Romano, terceira classificação, devido à expansão da civilização e a necessidade de organização política, preocupou-se “em dividir o Poder Público do Privado e, com esta implementação o cidadão romano dentro da esfera pública possuía algumas prerrogativas e este não influenciaria mais na família”. Na Idade Média, preenchendo mais uma posição classificatória de Jelinek, o Estado adotou a política do Feudalismo que consistia num modo de organização social e política baseado nas relações servo-contratuais (servis) e que teve suas origens na decadência do Império Romano, a Igreja ainda atuava com certo poder e, por bom tempo disputou forças com os monarcas. Assim, entre a disputa de propriedades e de poderes foi se formando o Estado, delimitou-se o espaço territorial trazendo a limitação geográfica do território e consequentemente a delimitação da área de atuação de seu poder, do exercício de sua soberania. Existem, ainda, outras teorias que explicam a formação do Estado, como a de Aristóteles que afirmava que a origem natural da sociedade ocorre porque “o homem é um animal político”[5], levando-se em conta as formas como o homem se organizou ao longo da história. Sua primeira análise foi a forma como ocorre a constituição da família, depois das aldeias, tribos e por fim as cidades, criando neste último uma espécie de Poder Público. Aristóteles associava essa organização aoPrincípio da Autoridade, no qual acreditava que se presumia que o homem obedece espontaneamente, isto é, por instinto. No entanto, para as doutrinas contratualistas não existia este impulso associativo natural, o que prevalecia era a vontade do indivíduo de viver em sociedade de maneira harmoniosa, então, a esta teoria foi associada o Princípio do Consentimento, cuja manifestação de vontade depende de cada indivíduo. Nesse sentido outros estudiosos contribuíram para a evolução do Estado, como Tomas Hobbes, que em 1651 publicou sua mais importante obra Leviatã, onde apresentou sua filosofia e principalmente sua teoria sobre a origem contratual do Estado, o qual exerceu profunda influência nas teorias posteriormente criadas por Rousseau e Kant, que também construíram os pilares do que hoje possuímos como concepção de Estado. Hobbes com sua teoria contribuiu para preparar, no plano ideológico, a chegada da Revolução Francesa, ele também era um incansável defensor do absolutismo político, pois acreditava ser esta uma forma de “direito divino”, entendimento adotado pelo absolutismo e, ainda, que a lei natural do homem era aquela que clama pela autopreservação, que induz este a se impor sobre os demais estabelecendo o que chamou de “guerra de todos contra todos”. Eis um breve resumo da ideia de Thomas Hobbes: “a sociedade necessita de uma autoridade à qual todos os membros dessa sociedade devem render o suficiente da sua liberdade natural, por forma a que a autoridade possa assegurar a paz interna e a defesa comum. Este soberano benevolente quer seja um monarca ou um estado administrativo deveria ser o Leviatã, uma autoridade inquestionável. A teoria política do Leviatã mantém no essencial as idéias de suas duas obras anteriores, Os elementos da lei e Do cidadão (em que tratou das relações de igreja e Estado).” John Locke, também adepto da corrente contratualista, filósofo predecessor do Iluminismo, elaborou em 1690 o Segundo Tratado sobre Governo Civil, nesta obra lecionava que o Estado tem poderes limitados com a finalidade de preservar os direitos naturais, isto é, “que existe o pacto (o contrato) entre governantes e governados, mas há o respeito ao direito natural do homem, de vida, liberdade e propriedade”. Locke entendia que os homens eram iguais entre si e a cada um deveria ser permitido o direito de agir livremente, desde que não invadisse os direitos de outrem, “justificava o direito da propriedade privada ao declarar que o mundo natural é a propriedade comum, mas que cada indivíduo pode ter uma parte dele desde que seu trabalho se misture aos recursos naturais” , demonstrando assim a primeira ideia de função social da propriedade. Assim pode-se dizer que: “Locke que foi o principal inspirador dos primeiros legisladores dos direitos do homem – começa o capítulo sobre o estado de natureza com as seguintes palavras: "Para entender bem o poder político e derivá-lo de sua origem, deve-se considerar em que estado se encontram naturalmente todos os homens; e esse é um estado da perfeita liberdade de regular as próprias ações e de dispor das próprias posses e das próprias pessoas como se acreditar melhor, nos limites da lei de natureza, sem pedir permissão ou depender da vontade de nenhum outro.` Portanto, no princípio, segundo Locke, não estava o sofrimento, a miséria, a danação do"estado ferino", como o diria Vico, mas um estado de liberdade, ainda que nos limites das leis.” Jean-Jacques Rousseau foi uma das principais fontes de inspirações ideológicas da segunda fase da Revolução Francesa, a última das revoluções modernas e marcou o início de um período de instabilidade política que se encerraria com a ditadura de Napoleão. Em 1762, apresentou sua obra Do Contrato Social que “sugeriu um ideal de política aos movimentos revolucionários e regimes nacionalistas opressivos, sustentando, a priori o princípio da soberania popular e da igualdade de direitos”. Almejava a libertação do homem, pois afirmava que “o homem nasce bom e a sociedade o corrompe”, expunha ainda que a população deveria tomar cuidado ao transformar seus direitos naturais em direitos civis. Desde esta época, existe a preocupação em assegurar direitos à todos os indivíduos que compunham a sociedade, mas de forma equilibrada para que ao mesmo tempo em que fosse possível estabelecer um governo coerente, também se estabelecesse apenas um soberano responsável pela administração pública. Eis uma interessante observação que o doutrinador Norberto Bobbio faz acerca do progresso do homem e consequentemente a formação do Estado: o progresso da capacidade do homem de dominar a natureza e os outros homens – ou cria novas ameaças à liberdade do indivíduo ou permite novos remédios para as suas indigências: ameaças que são enfrentadas através de demandas de limitações do poder; remédios que são providenciados através da exigência de que o mesmo poder intervenha de modo protetor. As primeiras, correspondem os direitos de liberdade, ou um não - agir do Estado; aos segundos, os direitos sociais, ou uma ação positiva do Estado. Foi neste instinto de organização e de sobrevivência em grupo que o homem realizou melhorias em seu meio social, formando um Estado responsável para a execução dos interesses coletivos, o que culminou na concentração e definição do alcance dos poderes do Estado, na limitação territorial e delimitação da competência de cada país, bem como a determinação dos povos. Respostas da prova de P2: 1 – Locke parte da premissa de que o homem em estado de natureza não é bom e nem mau, mas neutro. Entretanto, tem tendência a ser bom. Diferentemente de Hobbes, Locke reconhece a existência de leis e regras no estado de natureza, essas sendo as leis da natureza e de Deus. Nessa perspectiva, Locke descreve que o homem em tal estado é dotado de direitos naturais, tais como o direito à vida, propriedade e o direito de punir. No pressuposto de que o homem tem tendência a ser bom, Locke afirma uma consciência de propriedade do outro, ou seja, pelo homem ter a tendência a ser bom, ele pode reconhecer os limites de fronteira do convívio, de propriedade. Mas, Locke afirma que nem todos os homens são bons e, portanto, deve existir o direito de punir. Ele descreve 3 elementos fundamentais para tal: Leis criadas pelos próprios homens; Juízes parciais e um Poder Coercitivo. Nesse sentido, aparece o Estado como um artifício humano de garantia aos direitos naturais e de propriedade. Locke então propõe uma temporária concessão dos direitos ao Estado. Não se transfere, mas cede ao Estado tais direitos por meio de um pacto revogável. 2 – Marx é um “naturalista” que afirma o surgimento do Estado a partir de fenômenos econômicos acontecidos dentro de um contexto específico: Para Marx, o Estado funciona como um instrumento de dominação das classes mais bem dotadas. Ele estabelece uma relação entre o dominador e o dominado como contínua e ininterrupta enquanto o Estado existir. Marx afirma que assim como Estado veio a existir ele deixará de existir, pois por meio da revolução do proletariado. Marx, filósofo do séc. XIX, é um crítico do sistema liberal que predomina em seu tempo. Ele afirma que por mais que o Estado Liberal garanta a liberdade do indivíduo ela provoca a desigualdade social, pois não estabelece uma relação com políticas sociais. Marx é um crítico do capitalismo e suas conseqüentes desigualdades sociais. ESTADO NA CONCEPÇÃO DE KARL MARX Para compreendermos as ideias de Karl Marx podemos partir de sua preposição de que “a história de toda sociedade até hoje é a história de lutas de classes” (MARX, 1996, p.66). Embora essa preposição envolva uma perspectiva histórica, Marx esteve preocupado com a sociedade de sua época, a sociedade capitalista e desenvolverá suas ideiascom base no seu contexto histórico (na modernidade). Nesse sentido, afirmou que “a nossa época, a época da burguesia, caracteriza-se, entretanto, por ter simplificado os antagonismos de classe. A sociedade vai se dividindo cada vez mais em dois grandes campos inimigos *…+: burguesia e proletariado” (MARX, 1996, p.67). Nesse contexto, a leitura de Marx do Estado é que esse é essencialmente classista, ou seja, representante de uma classe e não da sociedade em sua totalidade como afirmavam os Contratualistas. Para Marx, “*…+ o poder político do Estado representativo moderno nada mais é do que um comitê para administrar os negócios comuns de toda a classe burguesa”. O Estado seria originário da necessidade de um grupo, ou classe social, manter seu domínio econômico a partir de um domínio político sobre outros grupos o classes. Segundo Marx (1993, p.96), “toda classe que aspira à dominação *…+, deve conquistar primeiro o poder político, para apresentar seu interesse como interesse geral, ao que está obrigada no primeiro momento”. É por isso que as ideias dominantes de uma época, segundo Marx, são as ideias dos grupos dominantes. É nesse contexto teórico que Marx desenvolverá a ideia de ideologia, a qual, seria uma “peça chave” para transmitir as “ideias invertidas de ponta-cabeça” que lhes possibilitam a manutenção do status quo. Segundo Marx, *…+ as relações jurídicas, bem como as formas de Estado, não podem ser explicadas por si mesmas, nem pela chamada evolução geral do espírito humano; estas relações têm, ao contrário, suas raízes nas condições materiais de existência (Prefácio de Contribuição à crítica da economia política, 1992, p. 83). Diferentemente do que defendiam os Contratualistas, não era o Estado quem determinava a organização da sociedade, mas a composição da sociedade, em suas relações de classe, que determina a estrutura do Estado. Se de um lado o Estado com sua atuação jurídica seria responsável por determinar a estrutura da sociedade, por outro, Marx destacaria que a estrutura de classe da sociedade determinaria e estrutura do Estado. Para Marx, Através da emancipação da propriedade privada em relação à comunidade, o Estado adquiriu uma existência particular, ao lado e fora da sociedade civil; mas este Estado não é mais do que a forma de organização que os burgueses necessariamente adotam, tanto no interior como no exterior, para garantir recíproca de sua propriedade e de seus interesses (MARX, 1993, p.98). A função do Estado na teoria marxiana estaria em defender os interesses das classes dominantes por meio de seus instrumentos de regulação: sistema jurídico e o aparado militar e policial. O que produz coesão social. No intuito de manter a ordem estabelecida, no caso da sociedade moderna, a dominação burguesa, o Estado desempenharia uma função de caráter repressivo capaz de manter o status quo. Na obra “A guerra civil na França” Marx escreveu, À medida que os progressos da moderna indústria desenvolviam, ampliavam e aprofundavam o antagonismo de classe entre o capital e o trabalho, o poder do Estado foi adquirindo cada vez mais o caráter de poder nacional do capital sobre o trabalho, de força pública organizada para a escravização social, de máquina do despotismo de classe. Depois de cada revolução, que assinala um passo adiante na luta de classes, revela-se com traços cada vez mais nítidos o caráter puramente repressivo do poder do Estado (s/d. p.79). Um ponto relevante da teoria marxiana é que ainda que nem sempre o Estado esteja sendo administrado diretamente por um burguês, como analisou em na Obra “O 18 brumário” (1997), sua estrutura é burguesa, representando os interesses da classe dominante. Ou seja, o Estado está estruturado, nas sociedade capitalistas, em função do capital. ANOTAÇÕES TEORIA DA ORIGEM FAMILIAR Esta teoria, de todas a mais antiga, apoia-se na derivação da humanidade de um casal originário. Portanto, é de fundo religioso. Compreende duas correntes principais: a) Teoria Patriarcal; e, b) Teoria Matriarcal. TEORIA PATRIARCAL – Sustenta a teoria que o Estado deriva de um núcleo familiar, cuja autoridade suprema pertenceria ao ascendente varão mais velho (patriarca). O Estado seriam, assim, uma ampliação da família patriarcal. Grécia e Roma tiveram essa origem, segundo a tradição. O Estado de Israel (exemplo típico) originou-se da família de Jacob, conforme relato bíblico. Conta esta teoria com tríplice autoridade da Bíblia, de Aristóteles e do Direito Romano. Seus divulgadores foram Sumner Maine, Westermack e Starke. Na Inglaterra deu-lhe notável vulgarização Robert Filmer, que defendeu o absolutismo de Carlo I perante o parlamento. Os pregoeiros da teoria patriarcal encontram na organização do Estado os elementos básicos da família antiga: unidade do poder, direito de primogenitura, inalienabilidade do domínio territorial, etc. Seus argumentos, porém, se ajustam às monarquias, especialmente às antigas monarquias centralizadas, nas quais o monarca representava, efetivamente, a autoridade do pater familias. É ponto quase pacífico, em sociologia, a origem familiar dos primeiros agrupamentos humanos. Entretanto, se esta teoria explica de maneira aceitável a gênese da sociedade, certo é que não encontra a mesma aceitação quando procura explicar a origem do Estado como organização política. Como observa La Bigne de Villeneuve, uma família fecunda pode ser o ponto de partida de um Estado – e disso dá muitos exemplos históricos. Mas, em regra, o estado se forma pela reunião de várias famílias. Os primitivos Estados gregos foram grupos de clans. Estes grupos formavam as gens; um grupo de gens formava a frataria; um grupo de fratias formava a tribu; e esta se constituía em Estado- Cidade (polis). O Estado-Cidade evoluiu para o Estado nacional ou plurinacional. TEORIA MATRIARCAL – Dentre as diversas correntes teóricas da origem familiar do estado e em oposição formal ao patriarcalismo, destaca-se a teoria matriarcal ou matriarcalística. Bachofen foi o principal defensor desta teoria, seguido por Morgan, Grose, Kholer e Durkheim. A primeira organização familiar teria sido baseada na autoridade da mãe. De uma primitiva convivência em estado de completa promiscuidade, teria surgida a família matrilínea, naturalmente, por razões de natureza filosófica – mater semper certa. Assim, como era geralmente incerta a paternidade, teria sido a mãe a dirigente e autoridade suprema das primitivas famílias, de maneira que, o clan matronímico, sendo que a mais antiga forma de organização familiar, seria o “fundamento” da sociedade civil. O matriarcado, que não deve ser confundido com a “ginecocracia” ou hegemonia política da mulher, precedeu realmente o patriarcado, na evolução social. Entretanto, é a família patriarcal a que exerceu crescente influência, em todas as fases da evolução histórica dos povos. THOMAS HOBBES O mais reputado dentre os escritores do séc. XVIII, foi o primeiro sistematizador do contratualismo como teoria justificativa do Estado. É havido também como teórico do absolutismo, embora não o tenha pregado à maneira de Filmer e Bossuet, com fundamento no direito divino. Seu absolutismo é racional e sua concepção do Estado tende a conformar-se com a natureza humana. Para justificar o poder absoluto, Hobbes parte da descrição do estado de natureza: o homem não é naturalmente sociável como pretende a doutrina aristotélica. No estado de natureza o homem era inimigo feroz dos seus semelhantes. Cada um devia se defender contra a violência dos outros. Cada homem era um lobo para os outros homens. Por todos os lados havia a guerra mútua, a luta de cada um contra todos. Cada homem alimenta em si a ambiçãodo poder, a tendência para o domínio sobre os outros homem, que só cessa com a morte. Só triunfam a força e a astúcia. E para saírem desse estado caótico, todos indivíduos teriam cedido os seus direitos a um homem ou a uma assembleia de homens, que personifica a coletividade e que assume o encargo de conter o estado de guerra mútua. A fórmula se resumiria no seguinte: – Autorizo e transfiro a este homem ou assembleia de homens o meu direito de governar-me a mim mesmo, com a condição de que vós outros transfirais também a ele o vosso direito, e autorizeis todos os seus atos nas mesmas condições como o faço. Embora teórico do absolutismo e partidário do regime monárquico, Hobbes, admitindo a alienação dos direitos individuais em favor de uma assembleia de homens, não afastou das suas cogitações a forma republicana. Hobbes distinguiu, em O Leviatã, duas categorias de Estado: o Estado real, formado historicamente e baseado sobre as relações da força, e o Estado racional deduzido da razão. Esse título foi escolhido para mostrar a onipotência que o governo devia possuir. O Leviatã é aquele peixe monstruoso de que fala a Bíblia, o qual, sendo o maior de todos os peixes, impedia os mais fortes de engolirem os menores. O Estado (Leviatã) é o deus onipotente e mortal. JOHN LOCKE Desenvolveu o contratualismo em bases liberais, opondo-se ao absolutismo de Hobbes. Foi Locke o vanguardeiro do liberalismo na Inglaterra. Em sua obra Ensaio sobre o Governo Civil (1690) em que faz a justificação doutrinária da revolução Inglesa de 1688, desenvolve os seguintes princípios: o homem não delegou ao Estado senão poderes de regulamentação das relações externas na vida social, pois reservou para si uma parte de direitos que são indelegáveis. As liberdades fundamentais, o direito à vida, como todos os direito inerentes à personalidade humana, são anteriores e superiores ao Estado. Locke encara o governo como troca de serviços: os súditos obedecem e são protegidos; a autoridade dirige e promove justiça; o contrato é utilitário e sua moral é o bem comum. No tocante a propriedade privada, afirma Locke que ela tem sua base no direito natural: O Estado não cria a propriedade, mas reconhece e protege. Pregou Locke a liberdade religiosa, sem dependência do Estado, embora tivesse recusado tolerância para com os ateus e combatido os católicos porque estes não toleravam outras religiões. Locke foi ainda o precursor da teoria dos três poderes fundamentais, desenvolvida posteriormente Montesquieu. JEAN JACQUES ROUSSEAU Foi a figura mais proeminente a corrente contratualista. Dentre todos os teóricos do voluntarismo, destacou-se pela amplitude da formação dos Estados – Discurso sobre as causas da desigualdade entre os homens e contrato social – tiveram a mais ampla divulgação em todos os tempos, sendo recebidos como evangelhos revolucionários da Europa e da América, no séc. XVIII. No seu Discurso desenvolve Rousseau a parte crítica, e no Contrato social a parte dogmática. Este último, que representa, na expressão de bergson, “a mais poderosa influência que jamais se exercem sobre o espírito humano”, continua sendo objeto de discussões entre os mais altos representantes do pensamento político universal, quer pelos seus erros que a evolução do mundo trouxe à tona, quer pelo seu conteúdo respeitável de verdades imperecíveis. Rousseau afirmou que o Estado é convencional. Resulta da vontade geral que é uma soma da vontade manifestada pela maioria dos indivíduos. A nação (povo organizado) é superior ao rei. Não há direito divino da coroa, mas sim, direito legal docorrente da soberania nacional. O governo é instituído para promover o bem comum, e só é suportável enquanto justo. Não correspondendo ele com os anseios populares que determinam a sua organização, o povo tem direito de substituí-lo, refazendo o contrato… No seu ponto de partida, a filosofia de Rousseau é diametralmente oposta à de Hobbes e Spinoza. Segundo a concepção destes, o estado natural primitivo era de guerra mútua. Para Rousseau o estado de natureza era de felicidade perfeita: o homem, em estado de natureza, é sadio, ágil e robusto, encontra facilmente o pouco que precisa. Os únicos bens que conhece são alimentos, a mulher e o repouso, e os males que teme são a dor e a fome (Discours sur I’origine de l’inefalité parmi les hommes). Entretanto, para sua felicidade, a princípio, e para a sua desgraça, mas tarde, o homem adquiriu duas virtudes que o extremam dos outros animais: a faculdade de aquiescer ou resistir e a faculdade de aperfeiçoar-se. Sem essas capacidades a humanidade teria ficado eternamente em sua condição primitiva, e assim, desenvolveram a inteligência, a linguagem e todas as outras faculdades em potencial. Os que acumulavam maiores posses passaram a dominar e submeter os mais pobres. A prosperidade individual tornou os homens avaros, licenciosos e perversos. Nesse período, que foi de transição do estado de natureza para a sociedade civil, os homens trataram de reunir suas forças, armando um poder supremo que a todos defenderia, mantendo o estado de coisas existente. Ao se associarem, tinham a necessidade de salvaguardar a liberdade, que é própria do homem, e que, segundo o direito natural, é inalienável. O problema social consistia, assim em encontrar uma forma de associação capaz de proporcionar os meios de defesa e proteção, com toda a força comum, às pessoas e aos seus bens, formando assim, o contrato social. O contrato social de Rousseau, embora inspirado em ideias democráticas, tem muito do absolutismo de Hobbes, pois infundiu nas novas democracias uma noção antitética de soberania que veio abrir caminho para o Estado totalitário. O prof. Ataliba Nogueira entendeu que a teoria de Rousseau reduziu o homem à condição de escravo da coletividade, justificando toda espécie de opressão. A maior vulnerabilidade do contratualismo está no seu profundo conteúdo metafísico e deontológico. Sem dúvida, a falência do Estado liberal e individualista, que não pôde dar solução aos problema desconcertantes manifestados pela evolução social a partir da segunda metade do séc. XIX, trouxe à tona muito erros dessa teoria. ESTADO E SEUS ELEMENTOS ESSENCIAIS Conceito de Estado: Segundo Hely Lopes Meirelles, o conceito de Estado varia segundo o ângulo em que é considerado: sociológico – é uma corporação territorial dotada de um poder de mando originário; político – é comunidade de homens, fixada sobre um território, com poder superior de ação, de mando e de coerção; constitucional – é uma pessoa jurídica territorial soberana. Por seu uma pessoa jurídica de direito público, na forma prevista nos arts. 40 e 41 do novo Código Civil, o Estado pode contrair direitos e obrigações, relacionando-se tanto internamente com seus servidores, com os cidadãos e com outras pessoas de direito público ou privada, quanto externamente com os outros Estados soberanos. Elementos do Estado O Estado é constituído de três elementos originários e indissociáveis: Povo: é o seu componente humano, demográfico; Território: a sua base física, geográfica; Governo soberano: o elemento condutor do Estado, que detém e exerce o poder absoluto de autodeterminação e auto-organização emanado do Povo. Como é formado o Estado: O Estado é formado pelo povo, em determinado território e organizado sob sua livre vontade soberana. O que é soberania? Soberania, é o poder absoluto, único e irrefutável que o Estado possui para organizar-se e conduzir-se segundo a livre vontade de seu Povo e, se necessário, de fazer cumprir suas decisões, inclusive com o uso legítimo da força. O que é o Estado de Direito? O conceito de Estado de Direito, deu-se a partir das correntes liberais, substituindo o poder quaseilimitado dos reis e monarcas (absolutismo). O Estado de Direito, de acordo com José dos Santos Carvalho Filho, é baseado na regra de que, ao mesmo tempo em que o Estado cria o direito, deve sujeitar-se a ele. Assim, no Estado de Direito, a legitimação do poder político deixa de relacionar em critérios tipicamente religiosos ou carismáticos, passando a prevalecer as normas jurídicas abstratas e gerais. Ou seja, a conduta das pessoas que dirigem a atividade estatal passa a ser sobre as regras previstas nas constituições e nas leis, não mais na simples vontade dos governantes. A ideia de Estado de Direito se traduziu, originalmente, na relação de três dogmas fundamentais: a generalização do princípio da legalidade; a universalidade de jurisdição e a tripartição dos poderes. Princípio da legalidade: A atuação estatal exige autorização legislativa para as suas ações ou omissões. Ou seja, a atividade do Estado deve ser realizada em estrita obediência ao que estabelece a lei. Universalização de jurisdição: A universalização de jurisdição, por sua vez, significa que todos os atos estatais devem submeter-se a controles que permitam a responsabilização dos sujeitos que atuarem de modo inadequado. Tripartição dos Poderes: A tripartição dos poderes consiste na dissociação da atuação estatal, gerando a distinção de competências, atribuídas a variados órgãos. Dessa forma, nenhum órgão estatal possui poder ilimitado, estando sujeito ao sistema de freios e reparações, assim gerando o equilíbrio aos chamados três poderes: 1. Legislativo. 2. Executivo. 3. Judiciário. Por fim, é justamente por meio desses três poderes que o Estado manifesta a sua vontade. Estrutura do Estado brasileiro O Brasil é uma República Federativa Presidencialista, formada pela União, Estados, Distrito Federal e municípios, em que o exercício do poder é atribuído a órgãos distintos e independentes, submetidos a um sistema de controle para garantir o cumprimento das leis e da Constituição. O Brasil é uma República porque o Chefe de estado é eleito pelo povo, por período de tempo determinado. É Presidencialista porque o presidente da República é Chefe de Estado e também Chefe de governo. É Federativa porque os estados têm autonomia política. A União está divida em três poderes, independentes e harmônicos entre si. São eles o Legislativo, que elabora leis; o Executivo, que atua na execução de programas ou prestação de serviço público; e o Poder Judiciário, que soluciona conflitos entre cidadãos, entidades e o estado. O Brasil tem um sistema pluripartidário, ou seja, admite a formação legal de vários partidos. O partido político é uma associação voluntária de pessoas que compartilham os mesmos ideais, interesses, objetivos e doutrinas políticas, que tem como objetivo influenciar e fazer parte do poder político. FORMAS DE ESTADO, SISTEMA, FORMA E REGIME DE GOVERNO Formas de Estado, Sistema, Forma e Regime de governo, são fundamentais para a existência de um Estado propriamente dito. É tudo isto, em geral, assunto constitucional, logo definido na constituição, por se tratar de elementos fundamentais (não únicos. Clique para ver os elementos do estado) para que possa se denominar um pedaço de terra, um Estado. FORMAS DE ESTADO SIMPLES: Unitário: Possui um único centro dotado de capacidade Legislativa, Administrativa, Política e toda e qualquer competência constitucional. Te: França, Itália, Inglaterra, Uriguai. Federação / União: Capacidade políticas Administrativas e Legislativa, são distribuídas para a competência de entes regionais, possuindo então autonomia. Dessa forma, a Federação faz-se através da união de diversos Estados que, embora percam sua soberania em relação ao Estado Federativo, mantêm sua autonomia. Requisitos/Características: Unicidade de nacionalidade Repartição de competências Repartição de Rendas Esfera de Competência Tributária que lhe garanta renda própria (P. Ex: IPI, ICMS, ISS) Poder de Auto-organização Estadual, cabendo-lhe propor Constituições Estaduais vinculadas à Constituição Federal União indissolúvel. Representação Senatorial (representação no senado) Órgão de Cúpula (no Brasil, o STF) Intervenção Federal COMPOSTOS: Confederação: É uma espécie de tratado em que os Estados unem-se visando um empreendimento comum e benéfico a ambos que, neste aspecto, confunde-se com a Federação. No entanto, é disponível a cada um, tanto sua autonomia quanto sua soberania, além de prever a possibilidade de secessão (separação do Estados), sendo estes últimos as características diferenciadoras entre Confederação e Federação. FORMAS DE GOVERNO Conjunto de instituições políticas por meio das quais um Estado se organiza a fim de exercer o seu poder sobre a sociedade, bem como as relações entre os detentores do poder e demais membros da sociedade. Monarquia O cargo de chefe é vitalício, hereditário e sem responsabilidade. Assim, todo o poder político está concentrada nas mãos de uma só pessoa, que o exerce através de si ou de delegações. Ou seja, é um Estado dirigido, comandado, administrado por uma só pessoa conforme sua arbitrariedade, independendo da vontade da população de querê-lo ou não como monarca. República Nesta forma de governo, o povo tem o direito (as vezes o dever), de escolher seus governantes, participando da administração de forma direta ou indireta, dependendo do sistema de governo. Os governantes, escolhidos pelo povo administram o Estado visando o bem comum. SISTEMAS DE GOVERNO Presidencialismo Modelo de sistema em que há concentração do chefe de governo e o chefe de Estado na figura de uma só pessoa, o Presidente, mas não deve jamais ser confundido com monarquia ou algo do gênero, pois neste sistema os governantes devem ser escolhidos pelo povo, pressupondo assim, a democracia (regime de governo). Divisão orgânica dos poderes; independência entre os poderes; Harmonia entre os poderes; Eleições diretas pelo povo, exceto em casos excepcionais. Parlamentarismo Os parlamentares, assim como no presidencialismo, são escolhidos pela população, no entanto, neste sistema de governo há diferença entre chefe de governo (administra o pais) e chefe de Estado (relações externas e forças armadas) que são escolhidos pelos parlamentares e não diretamente pelo povo. Divisão orgânica dos poderes; interdependência entre legislativo e executivo; Descentralização de chefia de governo e chefia de Estado numa só pessoa; Parlamento escolhe o chefe de Estado; Dissolução do parlamento com convocação de novas eleições gerais, por injunção do Chefe de Estado.; REGIME DE GOVERNO Democracia Regime democrático pode ser entendido como aquele em que o poder é emanado do povo, um regime que proporciona voz e ação à população através na criação de leis, fiscalização (remédios constitucionais), escolha dos representantes, direta ou indiretamente e etc. Autocrático Trata-se de um governo autoritário, de poder absoluto, que governa conforme sua arbitrariedade todos os níveis governamentais. Neste sistema, antagônico em relação à Democracia, a gestão é exercida através do soberano ou de delegações arbitrárias feitas pelo mesmo. Monarquia = Monarquia é um sistema de governo em que o monarca, imperador ou rei, governa um país como chefe de Estado. O governo é vitalício, ou seja, até morrer ou abdicar. A transmissão de poder ocorre de forma hereditária (de pai para filho), portanto não há eleições para a escolha de um monarca. Este sistema de governo foi muito comum em países da Europa durantea Idade Média e Moderna. Neste último caso, os monarcas governavam sem limites de poder. A monarquia ficou conhecida como absolutismo. Com a Revolução Francesa (1789), este sistema de governo entrou em decadência, sendo substituído pela República, na grande maioria dos países. Hoje em dia, poucos países utilizam este sistema de governo e, os que ainda o usam, conferem poucos poderes nas mãos do rei. Neste sentido, podemos citar as Monarquias Constitucionais do Reino Unido, Austrália, Noruega, Suécia, Canadá, Japão e Dinamarca. Nestes países, o rei possui poderes limitados e representa o país como uma figura decorativa e clássica. Parlamentarismo = O Parlamentarismo é um sistema de governo em que o poder legislativo (parlamento) proporciona a sustentação política (apoio direito ou indireto) para o poder executivo. Sendo assim, o poder executivo necessita do poder do parlamento para ser constituído e também para governar. No parlamentarismo, o poder executivo é, na maioria das vezes, exercido por um primeiro-ministro (chanceler). O sistema parlamentarista pode se apresentar de duas maneiras: Na República Parlamentarista, o chefe de estado (com poder de governo) é um presidente eleito pelo povo e empossado pelo parlamento, por tempo determinado. Nas Monarquias parlamentaristas, o chefe de governo é o monarca (rei ou imperador), que assume de forma hereditária. Neste último caso, o chefe de estado (quem governa de fato) é um primeiro-ministro, também chamado de chanceler. O parlamentarismo tem sua origem na Inglaterra Medieval. No final do século XIII, nobres ingleses passaram a exigir maior participação política no governo, comandado por um monarca. Em 1295, o rei Eduardo I tornou oficiais as assembleias dos representantes dos nobres. Nascia assim, o parlamentarismo inglês. Países parlamentaristas na atualidade: Canadá, Inglaterra, Suécia, Itália, Alemanha, Portugal, Holanda, Noruega, Finlândia, Islândia, Bélgica, Armênia, Espanha, Japão, Austrália, Índia, Tailândia, República Popular da China, Grécia, Estônia, Egito, Israel, Polônia, Sérvia e Turquia. O sistema parlamentarista é um sistema mais flexível que o presidencialista, pois em caso de crise política, por exemplo, o primeiro-ministro pode ser substituído com rapidez e o parlamento pode ser derrubado o que no caso do presidencialismo, o presidente cumpre seu mandato até o fim, mesmo em casos de crises políticas. Presidencialismo = O presidencialismo é um sistema de governo no qual o presidente é o Chefe de Estado e de Governo. Este presidente é o responsável pela escolha dos ministros que o auxiliam no governo No sistema de presidencialismo, o presidente exerce o poder executivo, enquanto os outros dois poderes, legislativo e judiciário, possuem autonomia. O Brasil é uma República Presidencialista deste 15 de novembro de 1889, quando ocorreu a Proclamação da República. No Brasil o sistema parlamentarista existiu entre 7 de setembro de 1961 e 24 de janeiro de 1963, durante o governo do presidente João Goulart. Regime/Ditadura Militar = A Ditadura Militar é uma forma de governo no qual o poder político é efetivamente controlado por militares, suprimindo direitos civis e reprimindo os que são contra este regime de governo. Este regime pode ser oficial ou não, ou misto, onde os militares exercem forte influência sem ser o dominante. Na sua grande maioria, os regimes militares são constituídos após um golpe de Estado, derrubando o governo anterior. No Brasil, o regime militar existiu entre os anos de 1964 a 1985, caracterizando- se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contrários ao regime militar. DEMOCRACIA Democracia é o termo que caracteriza o regime político contemporâneo da maioria dos países ocidentais. Trata-se de um conceito tão importante quanto complexo, cujo significado atual se originou de várias fontes históricas e se desenvolveu ao longo de milhares de anos. O termo pode ser utilizado para designar tanto um ideal quanto regimes políticos reais que estão consideravelmente aquém daquele ideal. Uma das formas para compreender o seu significado é olhar para a maneira com que o conceito de democracia se transformou e se desenvolveu historicamente. A democracia na Grécia Antiga A democracia surgiu nas cidades-estados da Grécia antiga, durante o primeiro milênio antes de Cristo, e tomou sua forma clássica no auge político da cidade de Atenas. Sua etimologia provém dos termos “demo” (povo) e “cracia” (governo), significando literalmente “o governo do povo”. De acordo com a classificação das três formas de governo feita por Aristóteles na sua obra “Política”, a democracia (governo de muitos) se distingue da monarquia (governo de um só) e da aristocracia(governo dos nobres). A clássica democracia das cidades antigas gregas estava fundada na participação de todos os cidadãos em assembleia com o objetivo de tomar conjuntamente as decisões governamentais. Apesar de ter existido em um pequeno território e entre um número reduzido de pessoas (apenas os homens livres eram considerados cidadãos, excluindo mulheres e escravos), a experiência da democracia grega adquiriu grande importância ao tornar possível um sistema político no qual o povo é soberano e tem o direito a se governar, contando com recursos e instituições para fazê-lo. Essa ideia permaneceu como o núcleo do ideal democrático moderno e continua a moldar as instituições e práticas democráticas atuais. A prática política democrática gestada na Grécia se refletiu nas instituições políticas da República Romana, que se expandiu para grande parte da Europa e do Mediterrâneo. A democracia contemporânea Na era moderna, a prática da democracia foi transferida da pequena cidade-estado para a escala muito maior do Estado nacional, o que implicou o surgimento de um conjunto novo de instituições políticas. Os limites e as possibilidades das instituições democráticas passaram a ser pensados no nível do funcionamento de sociedades complexas, dotadas de grandes governos, impessoais e indiretos. Tornou-se impossível o exercício direto da democracia pelos cidadãos como era realizado nas pequenas cidades-estados gregas. Foi-se afirmando no pensamento político moderno a ideia de que a única forma de democracia possível era um governo representativo. Na concepção moderna de democracia, o ato de governar e legislar é delegado a um grupo restrito de representantes eleitos por períodos limitados, direta ou indiretamente, pelos cidadãos. Ou seja, a soberania do povo se dá por meio dos representantes que pelo povo são eleitos. As eleições e decisões legislativas geralmente são tomadas por maioria de votos, de forma que as políticas reflitam, pelo menos até certo ponto, a vontade e os interesses dos cidadãos. Para evitar a concentração e o abuso do poder, as principais funções legislativas, executivas e judiciais do governo estão separadas, de modo a se equilibrarem. Nesse sentido, a liberdade individual e a igualdade de condições são consideradas os principais valores democráticos e os princípios que sustentam essa forma de governo. No pensamento político moderno, a democracia é vista em oposição às formas absolutistas e ditatoriais de governo. O estado democrático é concebido com o objetivo de garantir certos direitos fundamentais à cidadania, geralmente divididos em direitos civis, políticos e sociais. Entre os direitos civis estão a liberdade de expressão, de imprensa, de associação e de reunião e proteção contra a prisão arbitrária. Os direitos de votar e de ser eleito para um cargo no governo são exemplos de direitos políticos. Já os direitos sociais são aqueles relacionados à educação, saúde, alimentação, moradia, transporte, segurança, lazer,etc. Nos últimos séculos, a luta por democracia nas nações modernas tem se dado no âmbito da conquista, garantia, universalização e ampliação dos direitos civis, políticos e sociais. No pensamento político e nos regimes contemporâneos, pensa-se a democracia menos em termos ideológicos e mais no seu sentido formal, ou seja, como um conjunto de instituições, direitos e práticas que garantem um determinado processo para a tomada de decisões coletivas. Assim, quando hoje nós falamos em democracia, em geral nos referimos a algumas “regras do jogo político”. Listamos a seguir alguns desses procedimentos que caracterizam um sistema democrático atual: as instituições políticas responsáveis pelas funções legislativas e executivas devem ser compostas em sua maioria por membros direta ou indiretamente eleitos pelo conjunto dos cidadãos e alternados periodicamente; o voto deve ser universal, ou seja, têm direito ao voto todos os cidadãos maiores de idade, sem distinção de sexo, de raça ou de religião; todos os votos têm o mesmo peso e os eleitores são livres para exercer o seu direito segundo a sua própria opinião, frente a uma disputa livre, honesta e pacífica entre partidos políticos que pleiteiam os cargos representativos; vencem as eleições os partidos e/ou candidatos que atingirem a maioria numérica dos votos (ainda que possam ser estabelecidos diferentes critérios para se determinar a maioria); as decisões tomadas pela maioria não podem ameaçar os direitos básicos da minoria. No âmbito dessa noção formal de democracia, foram cunhadas diversas tipologias para caracterizar as diferentes formas de procedimentos democráticos desenvolvidos pelos países ocidentais. Por exemplo, podemos discernir entre sistemas presidencialistas e parlamentaristas, dependendo da relação que é estabelecida entre os poderes executivo e legislativo. Outro exemplo de tipologia é a que leva em consideração os partidos políticos, diferenciando sistemas bipartidários (onde dominam apenas dois partidos, como nos Estados Unidos) e pluripartidários (onde três ou mais partidos disputam o poder, como no Brasil). No mundo ocidental em geral considera-se a democracia representativa como o regime político mais eficaz para promover maior liberdade e direitos para os cidadãos com o mínimo de abuso do poder político. Entretanto, existe uma série de críticas à democracia representativa, formal e indireta tal qual ela se desenvolveu nos países ocidentais, acusando-a principalmente de favorecer uma minoria detentora do poder econômico. Os críticos à democracia representativa consideram que houve um abandono real dos ideais democráticos, nas mãos de representantes que não se preocupam de fato com a coisa pública; argumentam ainda a impossibilidade de manter um sistema autenticamente democrático frente à influência crescente da riqueza, à enorme desigualdade social, à irrefreada corrupção, à escalada da violência e à disseminação de ódio, preconceito e guerras. ANOTAÇÕES FORMAS DE ESTADO São possíveis três configurações dessa distribuição de poder: 1) Estado Unitário; 2) Estado Federal, e 3) Confederação. 1. Estado Unitário O Estado Unitário pode subclassificar-se em três tipos: puro, desconcentrado e descentralizado. No Estado Unitário Puro não há distribuição geográfica do poder político devido à existência de um polo central emanador/emissor de normas. Típico de regimes centralizadores sob a perspectiva político-administrativa, esse formato em análise passou por reformulações a partir do aumento populacional e consequente elevação no grau de complexidade das relações sociais vigentes na europa do século XX. Tais modificações no âmbito social tornou insustentável a permanência do unitarismo puro, ensejando o surgimento de divisões como longa manus da Administração a fim de aproximar os órgãos governamentais da população e de suas demandas. Foi o estágio do Estado Unitário Desconcentrado. O avançar do século passado (alcunhado por Eric Hobsbawm de "Era dos Extremos") aprofundou o processo de descontração que desembocou na configuração atual existente em alguns países do Velho Mundo - o Estado Unitário Descentralizado, fase na qual os "braços" administrativos ganharam personalidade jurídica própria e "poder de mando" no intuito de resolver os conflitos nas regiões constituintes da nação. Esse modelo- avesso ao centralizador Estado Unitário Puro- enquadra-se melhor à realidade de sociedades alta e complexamente organizadas. A França enquadra-se nesta tipologia. Ademais, o Prof. Dr. Fernandes esclareceu também sobre duas formas de Estado "sofisticadas" surgidas nos anos de 1900 a partir da necessidade de manutenção da unidade territorial nos respectivos países. São elas o Estado Regional e o Estado Autonômico. Nessas formas estatais derivadas imperam as descentralizações administrativa e legislativa. O Estado Regional surgiu na Itália pela promulgação de sua Constituição de 1947 e aloca atribuições legislativas e administrativas nas diversas regiões da República. O Estado Autonômico, por sua vez, surgiu da Carta Magna espanhola de 1978 (fase de redemocratização pós- regime franquista). Desde então as províncias podem reunir-se em regiões e a elas é facultado o direito de elaborar um estatuto de autonomia (sob expressa autorização da Lei Maior). Tal elaboração deve ser submetida ao Parlamento nacional que, em caso de aprovação, torna o mencionado estatuto uma lei especial capaz de fundar região autonômica com competência para criar legislações próprias. Ressalvam-se, todavia, as diferenças entre Estado Regional e Estado Autonômico: naquele as descentralizações administrativas e legislativas são feitas de forma heterônoma, isto é, de cima para baixo, ao passo que na Espanha a descentralização dá- se em sentido ascendente, ou seja, de baixo para cima, pois as regiões participam ativamente na formação de suas competências. 2. Estado Federal O Estado Federal surgiu da Constituição Americana de 1787 e caracteriza-se pela distribuição geográfica do poder político onde um ente maior (dotado de soberania) e outros entes menores (apenas autônomos) repartem competências. É o caso de Brasil, Alemanha, Suíça e EUA. O Estado Federal advém de uma Constituição a partir de duas maneiras possíveis: por agregação ou por desagregação. No primeiro caso - descrito por Lenza (2016, p.499) como "centrípeto"-, alguns territórios independentes abrem mão de sua soberania em favor de um ente mais amplo, passando a serem unidades meramente autônomas (caso das federações alemã e norte-americana). A segunda situação - vista como "movimento centrífugo" (Lenza, 2016, p.499) - tem caminho inverso porquanto o todo unitário com poder central desgrega-se em unidades autônomas formando estados-membros, por exemplo. Foi o caso do Brasil na Lei Fundamental republicana de 1891. Mediante fixação de um órgão central dotado de soberania, no Estado Federal inexiste o direito de secessão em observância ao princípio da Indissolubilidade do Vínculo Federativo. Destarte, as regiões e demais componentes dessa forma estatal ora em estudo não podem separar-se da entidade soberana, conforme vislumbra-se nos artigos 1°, caput, 34, I c/c 60, ss4°, I do Excelso Diploma brasileiro promulgado em 1988, in verbis: Art.1° A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) Art. 34 A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: (EC n° 14/1996 e EC n°29/2000) I- manter a integridade nacional; (...) Art. 60 A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: § 4°Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir I- a forma federativa de Estado; Pelo transcrito alhures, fica cediço que o constituinte originário preocupou-se em transformar o Estado Brasileiro em uma federação, criando, assim, ditames na Lei Maior a fim de garantir sua preservação e intocabilidade como cláusula pétrea não suscetível a alterações por deliberação do legislador ordinário. Neste caso, se alguma unidade federativa sublevar-se buscando a separação do todo nacional, a própria Constituição de 1988 determina a intervenção da União no ente rebelado com vistas a manter a integridade territorial. Por fim, urge destacar que, diferentemente da Confederação, no Estado Federal há um órgão de cúpula do Judiciário com atribuição, dentre muitas outras, de dirimir conflitos entre os demais entes da federação. No Brasil, a função aludida pertence ao egrégio Supremo Tribunal Federal, cujas competências são típicas de uma Suprema Corte e de um Tribunal Constitucional, cabendo-lhe a guarda da Constituição (Art. 102 CF/88). 3. Confederação Não é consenso entre os doutrinadores classificar a confederação enquanto forma de Estado. Entretanto, para os que assim a consideram, diz-se que ela é formada pela junção de Estados onde todos são detentores de soberania. Surge de um tratado firmado entre países independentes no qual existe a possibilidade de ruptura/secessão do vínculo de formação outrora pactuado. Foi o modelo adotado pelas antigas Treze Colônias da América do Norte entre a declaração de Independência (1776) e a promulgação da Constituição Americana (1787). ANOTAÇÕES Um dos fundamentos do estado democrático é a supremacia da vontade popular, garantindo aos homens o respeito à supremacia da vontade popular. E o sufrágio através da direta escolha de representantes é fundamental para que a vontade popular se expresse. Em vista disso, analisaremos também a importante questão que surge quando se fala em sufrágio e expressão da vontade popular, que é a forma como o sufrágio pode ser considerado um dever e uma função. Bem como mostraremos as diferentes modalidades de sufrágio existentes. O INSTITUTO DA REPRESENTAÇÃO POLÍTICA O sistema representativo e as doutrinas políticas da Representação O sistema representativo na mais ampla acepção refere-se a um conjunto de instituições que definem uma certa maneira de ser ou de organização do Estado. A “duplicidade” foi o ponto de partida para a elaboração de todo o moderno sistema representativo, nas suas raízes constitucionais, que assinalam o advento do Estado liberal e a supremacia histórica, por largo período, da classe burguesa na sociedade do Ocidente. Com efeito, toma-se aí o representante politicamente por nova pessoa, portadora de uma vontade distinta daquela do representado, e do mesmo passo, fértil de iniciativa e reflexão e poder criador. Dessa concepção se extraem com invejável perfeição lógica todos os corolários do sistema representativo que tem acompanhado as formas políticas consagradas ou chanceladas pelo velho constitucionalismo liberal: a total independência do representante, o sufrágio restrito, a índole manifestamente adversa do liberalismo aos partidos políticos, a essência do chamado “mandato representativo” ou “mandato livre”, a separação de poderes, a moderação dos governos, o consentimento dos governados. Tudo isso em contraste com as tendências contemporâneas da sociedade de massas, que se inclina a cercear as faculdades do representante, jungi-las a organizações partidárias e profissionais ou aos grupos de interesses e fazer o mandato cada vez mais imperativo. Essas tendências têm apoio teórico nos fundamentos da representação concebida segundo a regra da “identidade”, que em boa lógica retira ao representante todo o poder próprio de intervenção política animada pelos estímulos de sua vontade autônoma e o acorrenta sem remédio à vontade dos governados, mantendo-o por inteiro a um escrúpulo de “fidelidade” ao mandante. A doutrina da “duplicidade”, alicerce do antigo sistema representativo na época do liberalismo A doutrina da “duplicidade” pode ser tida como sendo constituída das posições teóricas que na França e na Inglaterra tiveram por desfecho a implantação de uma organização liberal da sociedade. Nessa organização, os representantes se fizeram depositários da soberania, exercida em nome da nação ou do povo e puderam, livremente, com sólido respaldo nas regiões da doutrina, exprimir ideias ou convicções, fazendo-as valer, sem a preocupação necessária de saber se seus atos e princípios estavam ou não em proporção exata de correspondência com a vontade dos representados. Toda a velha doutrina do sistema representativo se converte numa idéia capital: a independência do representante em face do eleitor. Dentre os autores políticos de língua inglesa, John Milton é dos primeiros que batalham por semelhante posição, quando entende que, depois das eleições, os deputados já não são responsáveis perante os eleitores. No século XVIII a tese se fortaleceu, conforme anota Fairlie, com o reforço que lhe deram pensadores da envergadura, de Blackstone e Burke. Os membros do Parlamento, segundo Blackstone, representam o reino inteiro e não um distrito eleitoral particular. Dos franceses, foi Montesquieu o primeiro que apresentou na Europa a versão continental do sistema representativo, doutrinando que a maior vantagem dos representantes é que eles, em substituição do povo, são aptos a discutir os negócios. Dos eleitores, no entender de Montesquieu, bastava o representante trazer uma orientação geral. Sobre a história da representação política A necessidade de governar por meio de representantes deixa para o povo o problema da escolha desses representantes. Cada indivíduo tem suas aspirações, seus interesses e, mesmo que de maneira indefinida e imprecisa, suas preferências a respeito das características dos governantes. E quando se põe concretamente o problema da escolha é natural a formação de grupos de opinião, cada um pretendendo prevalecer sobre os demais. Observa GETTEL que, em Atenas, no século V a. C., quando se instaurou a democracia, a autoridade suprema do Estado era a assembléia dos cidadãos. Houve, então, a definição de partidos na assembléia, como conseqüência das lutas entre interesses opostos e diferentes pontos de vista, especialmente entre os adeptos do governo democrático e os que pretendiam estabelecer um sistema oligárquico. A história política de Roma também revela a formação de agrupamentos definidos, geralmente em torno de um líder, encontrando-se, em diferentes épocas da história romana, partidos que se digladiavam, sobretudo, a respeito da política externa ou da extensão dos direitos da plebe. Durante a Idade Média foram, da mesma forma, bastante freqüentes as manifestações de cunho partidário, durando vários séculos a luta entre o partido Guelfo, favorável à supremacia do Papa, e os Gibelinos, adeptos do Imperador. Entretanto adverte DUVERGER -, a analogia das palavras não nos deve enganar. Dá-se, igualmente, o nome de partidos às facções que dividiam as Repúblicas antigas, aos clãs que se agrupavam em torno de um condutor na Itália da Renascença, aos clubes onde se reuniam os deputados às assembléias revolucionárias, aos comitês que preparavam as eleições censitárias das monarquias constitucionais, assim como às vastas organizações populares que enfeixam a opinião pública nas democracias modernas. Essa identidade nominal - admite ele justifica-se de um lado, pois traduz certo parentesco profundo, uma vez que todas essas instituições desempenharam o mesmo papel, que é o de conquistar o poder político e exercê-lo. Entretanto, no seu entender, os partidos políticos, no sentido moderno, só aparecem a partir de 1850.Outros autores, entre os quais OSTROGORSKI, ERSKINE MAY, AFONSO ARINOS eWILLIAM BENNET MUNRO, vêem o nascedouro dos modernos partidos políticos na Inglaterra, desde a luta entre os direitos do Parlamento e as prerrogativas da coroa, no século XVII, afirmando MUNRO que foi a partir de 1680 que se definiu a noção de oposição política, isto é, a doutrina, básica na democracia, de que os adversários do governo não são inimigos do Estado e de que os opositores não são traidores ou subversivos. Noção de Partido Político O partido político é uma forma de agremiação de um grupo social que se propõe organizar, coordenar e instrumentar a vontade popular com o fim de assumir o poder para realizar seu programa de governo. Pietro Virga define assim: “são associações de pessoas com uma ideologia ou interesses comuns, que, mediante uma organização estável (Partei-Apparat), miram exercer influência sobre a determinação da orientação política do país”. O objetivo do partido político, independente da ideologia que vise professar, será sempre o mesmo: a busca do poder. Sistemas partidários Desde o século XIX, os partidos políticos foram se impondo como realidade social política, apesar de combatidos profundamente pelos filósofos políticos do século anterior. Dentre esses, David Hume tenta classificar os partidos, separando-os em partidos pessoais (baseiam-se na amizade ou na animosidade entre os que compõem os partidos em luta) e partidos reais (fundamentam-se em três tipos: partidos de interesse, partidos de principio e partidos de afeição). Foi essa a primeira tentativa de classificar os partidos. Hoje se fala em partidos de esquerda (radicais), partidos de centro e partidos de direita (conservadores), e em suas combinações: partidos de centro-esquerda e partidos de centro-direita, esquema que tem sentido, tomando como referencia a ordem econômico- social existente, não as posições subjetivas. A classificação de Lawrence Lowell, em certo sentido, justifica esse esquema quando se entende que o homem pode ser dividido em contente e descontente, e em favorável ou contrario as transformações de ordem estabelecidas. A formação de correntes partidárias, representativas dessas várias situações, conforme predominância ou equilíbrio de umas das outras, dá margem ao surgimento dos sistemas de partidos políticos, que consistem nas formas e modalidades de coexistência de diversos partidos de um país, ou seja, consiste no modo de organização partidária de um país. Os diferentes modos de organização partidária possibilitam o surgimento de três tipos de sistema: Unipartidarismo ou partido único; Bipartidarismo ou dois partidos; Sistema pluripartidário, multipartidarismo, polipartidarimos ou de três ou mais partidos; Nesse ultimo se inclui o sistema brasileiro nos termos do artigo 17. O SUFRÁGIO O sufrágio é o poder que se reconhece a certo número de pessoas, de participar direta ou indiretamente na soberania, isto é, na gerência da vida pública. Onde a participação direta, o povo decide, através do sufrágio, determinado assunto de governo, e na participação indireta, o povo elege representantes. No caso do sufrágio para decidir, na democracia indireta, ocorre a votação, e quando o povo emprega o sufrágio para eleger representantes, na democracia indireta, diz-se que houve eleição. 1. Sufrágio Universal Os doutrinadores repartem-se em duas correntes principais para determinar se o sufrágio como direito, abraçam à doutrina da soberania popular; e os que veem como uma função; acolhem à doutrina da soberania nacional. Com efeito, pela doutrina da soberania nacional, o eleitor, serve como um instrumento para criar o órgão maior - o corpo docente - onde a soberania têm sempre sua sede, sendo a nação que dita as regras e condições do sufrágio, também podendo escolher quem deve fazer parte do corpo eleitoral. Nessa doutrina, não é a vontade autônoma do eleitor que intervém na eleição, mas a vontade soberana da nação. Decorrendo, além do sufrágio restrito, o principio da obrigatoriedade do voto, bem como o chamado mandato representativo. Quanto ao sufrágio direto, o povo soberano, cada individuo serve como membro da coletividade política, fazendo do sufrágio a expressão de vontade própria, autônoma, primária, de cada individuo componente do colégio eleitoral, admitindo o voto como direito logicamente facultativo. Contrapondo as duas doutrinas - a do sufrágio-função e a do sufrágio-direito - vê-se que o sistema representativo clássico da democracia liberal dominou o intelectualismo, o liberalismo e o qualititarismo da representação. 2. Sufrágio Restrito Segundo alguns teóricos, o sufrágio é restrito, porque se compreende, doutrinariamente, que, restringindo-se o sufrágio, mais depressa a sociedade chegará aquele resultado: o governo dos melhores. Há autores que dizem que o poder de participação se prende a requisitos de nascimento ou origem, Sendo sempre determinante a riqueza ou instrução, como a burguesia - que dominava então por inteiro a cena governativa. Dentro dessas exigências, surge as seguintes modalidades; o sufrágio censitário (a riqueza); sufrágio capacitário (a instrução); sufrágio aristocrático ou racial (a classe social ou a raça). Onde o sufrágio censitário, demandava de seus titulares, pagamentos de imposto direto; ser dono de uma propriedade fundiária e ter certa renda. Quanto ao Sufrágio Capacitário, o critério de eliminação se dava pelo grau de instrução. Tendo em vista tirar as pessoas mais rudes do ponto de vista cultural, intelectual em relação à boa qualidade da representação formada pela elite dirigente. Enfim, no sufrágio racial, restringe-se o direito do voto por motivos que todavia se prendem à origem dos indivíduos: movidos pelo ânimo de excluir das urnas os pretos, obedecendo assim a um critério mais racial do que em verdade capacitaria. Há ainda aqueles que se excluem da participação política, por meio de sexo, como ocorre com as mulheres em alguns países (sufrágio masculino). 3. Restrições ao Sufrágio Universal Não há sufrágio completamente universal, vez que todo sufrágio é restrito. Ocorrendo distinções entre o sufrágio restrito, em grau maior de participação não fica restrita às condições de riqueza, instrução, nascimento, raça e sexo. Ao passo que o sufrágio restrito exige requisitos específicos, censitários e culturais. Excluindo as restrições de riqueza ou capacidade, aparece o sufrágio universal, que diferentemente comporta limitações. Sendo essas as de nacionalidade, residência, sexo, idade, capacidade física ou mental, grau de instrução (o voto do analfabeto), indignidade, serviço militar, alistamento. Onde a nacionalidade, como primeira condição de capacidade política, tendo como "condição mínima de vinculação ao país e à coisa pública", sendo normal os estrangeiros serem excluídos. Sobre a residência, alguns Estados, nos sistemas de sufrágio universal, exige-se não raro um prazo mínimo de residência habitual ou prolongada em certa parte do território nacional, a fim de evitar abusos e praticas viciosas de deslocamento de eleitores de outra região do mesmo país. Nas limitações de sexo relativos à capacidade eleitoral existiram em geral até o fim da Primeira Grande Guerra Mundial, onde através de cruzadas feministas acabaram impondo o voto das mulheres em quase todos os países. No caso da idade, adota-se geralmente uma idade mínima, variando, conforme os sistemas políticos. Podendo notar igualmente em várias legislações a manifesta inclinação de fazer coincidir a maioridade civil com a maioridade política ou eleitoral, ou seja, capacidade civil de direito, privada com a capacidade ávida do direito público. Referente a capacidade
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