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Resumo - Estado (Origem do Estado, Estruturas do Estado etc)

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Origem e Formação do Estado 
 
A palavra “estado” deriva do latim status, que significa estar firme. Estado é a situação 
permanente de convivência, o modo de ser de uma sociedade politicamente organizada, 
porém, “estado” nem sempre foi usado para determinar uma sociedade politica. 
 
O responsável por determinar Estado como uma sociedade política foi Maquiavel, em sua 
obra “O príncipe” publicado em 153 1, no trecho: “todos os estados, todos os domínios 
que tiveram e tem poder sobre os homens, são estados e são repúblicas ou principados”. 
 
Em relação a época do aparecimento do Estado temos três posicionamentos 
fundamentais: 
 
Para alguns autores o Estado sempre existiu nas sociedades, pois o homem é integrado a 
uma organização social com poder e autoridade para deter m inar o comportamento de 
um grupo, é um elemento universal na organização social humana. 
 
A maioria dos autores, afirma que, a sociedade existiu por um período sem o Estado, este 
foi constituído para atender as necessidades de grupos sociais. 
 
Para outros, Estado só é admitido a sociedade política dotada de certas características 
muito bem definidas. 
 
Para Karl Schmidt conceito de Estado é conceito histórico concreto que surge com a ideia 
e a prática da soberania. Balladore Pallieri, defensor desta mesma ideia, define: “a data 
oficial em que o mundo ocidental se apresenta organizado em Estado é de 1648, ano em 
que foi assinado a paz de Westfália”. 
 
As justificativas que determinam a existência do Estado são duas: 
 
Teoria natural: afirma que o Estado se formou naturalmente da organização humana. 
 
Teoria contratual: é um pacto entre os homens, onde interesses individuais são 
transferidos a esta entidade em prol do interesse coletivo. 
 
Existem três causas determinantes na origem do Estado: 
 
Origem familiar: a família é o núcleo, o elemento inicial do Estado. A família se expande 
aparecendo como sociedade política. 
 
Origem em atos de força: é onde um grupo mais forte domina o mais fraco. O Estado 
surge para regular as relações entre dominantes e dominados. 
 
Origem em causas econômicas ou patrimoniais: o Estado surge para regular relações 
patrimoniais, a exemplo da p ropriedade e relações econômicas. 
 
Evolução histórica do Estado 
 
O estudo da evolução histórica do Estado não tem a intenção de nos mostrar as 
curiosidades, ele é fundamental na descoberta de movimentos constantes e muito 
valiosos para formação de probabilidades de evoluções futuras do Estado. 
 
Estado Antigo = Não existia uma diferença entre o Estado, a religião, a família e a 
organização econômica, formavam um conjunto confuso . O Estado Antigo aparece com 
o unidade geral, não havendo divisão interior, territorial e de funções. A principal 
influencia no Estado foi religiosa, tudo era justificado em uma vontade divina. Estado 
Grego A principal característica é a cidade-Estado (polis), a cidade era independente 
visando a autossuficiência econômica. Era uma sociedade política de maior expressão, 
existe uma elite que compõem a chamada classe política, essa participa das decisões em 
assuntos de caráter público. 
 
Estado Romano = A característica da organização do Estado Romano é a base familiar, 
toda estrutura de Estado era pensada na estrutura familiar. O povo participa das decisões 
do governo, porém, a noção de povo era restrita, apenas uma pequena parte da 
população. Os governantes supremos eram os magistrados, ou seja, as famílias patrícias. 
Com uma evolução lenta e um sólido núcleo de poder político, a instituição era mais 
forte que a sociedade. 
 
Estado Medieval = Marcado pelo cristianismo, as invasões dos bárbaros e o feudalismo. 
No plano do Estado a Idade Média se trata de um dos períodos mais instáveis e difíceis. 
Pretendia-se uma grande unidade politica, livre da influencia de fatores tradicionais. 
 
O cristianismo afirma a unidade da Igreja, ideia de igualdade aos homens, visava a 
universalidade cristã como ideia de Estado universal, com os mesmos princípios e as 
mesmas normas de comportamento. A igreja estimulava o Império como unidade 
política, porém, haviam vários centros de poder, todos com autoridade e o Imperador 
não se submetia a Igreja. Assim, formalmente o de políticas independentes, resultando 
em numerosos Estados. No feudalismo o poder derivava do elemento patrimonial, 
valoriza -se a posse da terra, o senhor feudal detinha o poder sobre os servos. 
 
Estado Moderno = O principal motivo para a criação do Estado Moderno é a necessidade 
de ordem e autoridade, pois como vimos no Estado Medieval existia uma enorme 
instabilidade politica, econômica e social. Este processo de um estado ocorreu em 
diferentes momentos e de formas distintas na Europa Ocidental. A principal 
característica é a centralização politica, o poder do Estado centralizado. Existia uma 
independência da autoridade estatal, o poder tem como titular o Estado, o Estado se 
torna um ente publico, não é propriedade de um senhor. 
 
Um testemunho histórico do surgimento de um novo Estado são os tratados de Paz de 
Westfália, em 1648, Império Germânico, França, Províncias Unidas e Espanha, 
reconhecendo e respeitando os limite s territoriais de cada um e a supremacia de cada 
governo dentro de seus limites. 
 
O Absolutismo monárquico compõe o período de transição para o Estado Moderno, 
surge o fundamento de direito divino dos reis, é a concentração de poderes do Estado a 
um soberano, pondo fim a multiplicidade de poderes. O rei personifica o Estado (o 
Estado é ele), tendo poder absoluto, derivando daí a noção de soberania. A autoridade 
do Rei era proveniente diretamente de Deus, o soberano era sagrado. 
 
Soberania = O conceito de soberania é uma das bases da ideia de Estado Moderno, onde 
o poder do rei era soberano. Já no ano de 1762, Rousseau publica a obra “O contrato 
Social”, onde o conceito de soberania é do povo e não da pessoa do governante como 
era antes, afirma que a soberania não pode ser representado por uma só pessoa, é a 
vontade geral e é indivisível. Alguns au tores se referem como um poder de Estado, 
outros como qualidade do poder do Estado, existe ainda outras definições. O que vemos 
é que a noção de soberania está sempre ligada a uma concepção do poder. 
 
Em termos puramente políticos, a soberania expressava a eficácia do poder, não se 
preocupando em ser legitimo ou jurídico, apenas absoluto para não haver confrontações 
nem meios para impor determinações. A soberania era a universalidade dos fatos 
ocorridos no Estado, por este motivo não pode existir partes separadas da mesma 
soberania. 
 
Inalienável, não se pode transferir a outro, aquele que a exclui, desaparece quando ficar 
sem ela, seja o povo, a nação, ou o Est ado. Imprescritível, sem prazo de duração, sem 
validade, pois jamais seria verdadeira se tivesse um prazo certo para durar. 
 
É um poder originário, pois nasce no momento em que nasce o Estado . Exclusivo, pois só 
o Estado o possui. Coativo, pois o Estado dispõem de meios para fazer cumprir suas 
ordens. Estudiosos ainda acrescentam que a vontade da soberania é superior a todas as 
outras vontades dentro do território. O poder soberano não aceita que convenções 
internacionais imponham obrigações dentro do território. 
 
Outro aspecto importante são as teorias justificadoras do poder do Estado. 
 
Teorias Teocráticas = principio cristão, todo poder vem de Deus, onde o titular da 
soberania é a pessoa do monarca. Teorias Democráticas, soberania se origina do próprio 
povo. Primeira fase, onde o titular é o povo, segunda fase, onde a titularidade é atribuída 
a nação, terceira fase, onde o titular é o Estado. 
 
Quanto ao objetivo e à significação do Estado verifica-se que os cidadãos do estado estão 
sempre sujeitos ao seu poder soberano. Com relação aos outros Estados a soberania 
significa independência,nenhum Estado pode interferir na soberania do outro. 
 
A soberania é conhecida de duas maneiras distintas: como “sinônimo de independência” 
o poder que tem o Estado, fazer prevalecer sua vontade dentro de seus limites 
jurisdicionais. Ou como expresso de “poder jurídico mais alto” igualdade jurídica dos 
Estados, respeito recíproco, como regra de convivência, passível de uma sanção jurídica. 
 
CONCEITOS BÁSICOS 
 
A Sociedade é o motivo pelo o qual o Estado vem a existir. A sociedade é um 
agrupamento interno, devidamente organizado, que coopera entre si para realização de 
um determinado fim. 
 
A organização é necessária, sobre o caos a sociedade desaparece. A organização é 
realizada por meio de limites, de ordens, de regras, de normas, de contratos. 
 
Estado é uma entidade que se compõe de um povo, fixado em um território, organizado 
por um poder de império, de uma forma que os seres humanos consigam se 
desenvolver, e proporcionar o bem estar a toda sociedade. 
 
Hans Kelsen vê estado como ‘’Ordem coativa normativa da conduta humana’’ 
 
Elementos Essências do Estado - O estado se compõe por três elementos: 
 
1. Povo 
2. Território 
3. Soberania 
 
 O Povo: é uma coletividade de indivíduos ligados ao Estado pelos vínculos éticos, 
religiosos, políticos... que se unem. Lembrando que ‘’sem o povo não é possível haver 
estado e é para o povo que o estado se forma’’. 
 
 Território: é a base espacial do poder, onde se exerce o poder, sendo materialmente 
composto pela terra firme, incluindo o subsolo e as águas internas. Lembrando também 
que não existe estado sem território, pois ele estabelece a ação soberana do estado. 
 
Soberania: é uma característica essencial do poder para o Estado. Só o poder do 
Estado é soberano e não há Estado sem poder soberano. É a qualidade que torna 
o poder do Estado supremo internamente, extremamente, a soberania significa que 
o Estado é igual e independente em relação aos demais. 
 
Povo = é todo individuo que é fixado em um território em caráter permanente e que 
possui capacidade eleitoral. 
 
População = é todo individuo que é fixado em um território em caráter permanente. 
 
População: entende-se pela reunião de indivíduos num determinado local, submetidos a 
um poder central. O Estado vai controlar essas pessoas, visando, através do Direito, o 
bem comum. A população pode ser classificada como nação, quando os indivíduos que 
habitam o mesmo território possuem como elementos comuns a cultura, língua, a 
religião e sentem que há, entre eles, uma identidade; ou como povo, quando há reunião 
de indivíduos num território e que apesar de se submeterem ao poder de um Estado, 
possuem nacionalidades, cultura, etnias e religiões diferentes. 
Nação = é a alma de um povo, é um sentimento coletivo que unifica um agrupamento 
humano. Um grupamento humano que se vincula por comportamentos culturais, 
históricos, filosóficos, religiosos e lingüísticos. É a identidade do povo! 
 
Território é a extensão de terra em que o Estado atua, se estabelece. 
 
Território: espaço geográfico onde reside determinada população. É limite de atuação 
dos poderes do Estado. Vale dizer que não poderá haver dois Estados exercendo seu 
poder num único território, e os indivíduos que se encontram num determinado 
território estão obrigados a se submeterem. 
 
Elemento Humano, Geográfico e Poder (soberania) – Elementos do Estado 
 
Soberania: é o exercício do poder do Estado, internamente e externamente. O Estado, 
dessa forma, deverá ter ampla liberdade para controlar seus recursos, decidir os rumos 
políticos, econômicos e sociais internamente e não depender de nenhum outro Estado 
ou órgão internacional. A essa autodeterminação do Estado dá-se o nome de soberania. 
 
Naturalismo e Contratualismo 
 
Naturalismo surgiu na Grécia antiga, seu maior expositor foi Aristóteles (A política) – “O 
homem é um animal político” – Natureza social – Um animal que nasceu para viver com 
outros na polis. 
 
A família é o primeiro nível de sociedade, ela naturalmente se forma. E naturalmente os 
poderes são constituídos. O homem e a mulher, o pai e o filho, o senhor e o escravo – os 
3 níveis de realção que existe na fmailia. O homem é superior aos demais. 
 
A origem da sociedade está pautada exatamente na natureza humana, e o poder 
também é constituído naturalmente: uns nascem para mandar, outros para obedecer. 
Isso é Aristóteles, isso é naturalismo! 
 
Perdura desde a Antiguidade até o Séc XVII... 
 
Contratualismo é o conjunto de teorias políticas que vêem a origem da sociedade e o 
fundamento do poder em um contrato, em um acordo, em uma convenção. Não é 
natural, ele é estabelecido pelo contrato. 
 
ANOTAÇÕES 
 
 
 
 
ORIGEM e FORMAÇÂO do ESTADO 
 
O progresso natural do homem, evidentemente, nos permite verificar que existe uma 
busca incessante por melhores formas de convivência, em manter a ordem social e de 
aprimorar as condições de vida na mesma proporção em que se evolui moralmente. 
Assim o indivíduo passa por sucessivas transformações e isso permite que modifique o 
meio em que vive de maneira natural conforme as mudanças intrínsecas e extrínsecas, 
aos quais é submetido no meio social em que vive. 
 
Sobre a formação do Estado, Georg Jelinek, um filósofo do direito e juiz alemão que viveu 
no período de 1851 a 1911, definiu os tipos históricos de Estado e apresentou a seguinte 
classificação: 
 
A priori classificava “o antigo Estado Oriental, no qual se agrupavam uma série de 
civilizações diferentes entre si (chineses, fenícios e entre outros) e, ainda, nestes não 
havia uma separação entre as esferas familiar, religiosa e política”. A teocracia e a 
monarquia eram, nesta classificação, as formas de governo empregadas na época. 
Em seguida com a consolidação do Estado Helênico, surgiu outra classificação, que 
consistia no “agrupamento de algumas civilizações à semelhança de um Estado, 
estabeleceu-se uma unidade própria de poder (legislação, religião e comunidade), as 
decisões eram coletivas e o indivíduo era livre”, sendo este o conceito de liberdade desta 
época, isto é, incentivava à participação do indivíduo nas decisões coletivas sobre o 
destino político do Estado, vindo Benjamin Constant, no final do século XVIII, questionar 
este conceito de liberdade até então adotado, isto é, a liberdade dos antigos e liberdade 
dos modernos. 
 
O Estado Romano, terceira classificação, devido à expansão da civilização e a necessidade 
de organização política, preocupou-se “em dividir o Poder Público do Privado e, com esta 
implementação o cidadão romano dentro da esfera pública possuía algumas 
prerrogativas e este não influenciaria mais na família”. 
 
Na Idade Média, preenchendo mais uma posição classificatória de Jelinek, o Estado 
adotou a política do Feudalismo que consistia num modo de organização social e política 
baseado nas relações servo-contratuais (servis) e que teve suas origens na decadência do 
Império Romano, a Igreja ainda atuava com certo poder e, por bom tempo disputou 
forças com os monarcas. 
 
Assim, entre a disputa de propriedades e de poderes foi se formando o Estado, 
delimitou-se o espaço territorial trazendo a limitação geográfica do território e 
consequentemente a delimitação da área de atuação de seu poder, do exercício de sua 
soberania. 
 
Existem, ainda, outras teorias que explicam a formação do Estado, como a de Aristóteles 
que afirmava que a origem natural da sociedade ocorre porque “o homem é um animal 
político”[5], levando-se em conta as formas como o homem se organizou ao longo da 
história. Sua primeira análise foi a forma como ocorre a constituição da família, depois 
das aldeias, tribos e por fim as cidades, criando neste último uma espécie de Poder 
Público. Aristóteles associava essa organização aoPrincípio da Autoridade, no qual 
acreditava que se presumia que o homem obedece espontaneamente, isto é, por 
instinto. 
 
No entanto, para as doutrinas contratualistas não existia este impulso associativo 
natural, o que prevalecia era a vontade do indivíduo de viver em sociedade de maneira 
harmoniosa, então, a esta teoria foi associada o Princípio do Consentimento, cuja 
manifestação de vontade depende de cada indivíduo. 
 
Nesse sentido outros estudiosos contribuíram para a evolução do Estado, como Tomas 
Hobbes, que em 1651 publicou sua mais importante obra Leviatã, onde apresentou sua 
filosofia e principalmente sua teoria sobre a origem contratual do Estado, o qual exerceu 
profunda influência nas teorias posteriormente criadas por Rousseau e Kant, que 
também construíram os pilares do que hoje possuímos como concepção de Estado. 
 
Hobbes com sua teoria contribuiu para preparar, no plano ideológico, a chegada da 
Revolução Francesa, ele também era um incansável defensor do absolutismo político, 
pois acreditava ser esta uma forma de “direito divino”, entendimento adotado pelo 
absolutismo e, ainda, que a lei natural do homem era aquela que clama pela 
autopreservação, que induz este a se impor sobre os demais estabelecendo o que 
chamou de “guerra de todos contra todos”. 
 
Eis um breve resumo da ideia de Thomas Hobbes: 
 
“a sociedade necessita de uma autoridade à qual todos os membros dessa sociedade 
devem render o suficiente da sua liberdade natural, por forma a que a autoridade possa 
assegurar a paz interna e a defesa comum. Este soberano benevolente quer seja um 
monarca ou um estado administrativo deveria ser o Leviatã, uma autoridade 
inquestionável. A teoria política do Leviatã mantém no essencial as idéias de suas duas 
obras anteriores, Os elementos da lei e Do cidadão (em que tratou das relações de igreja 
e Estado).” 
 
John Locke, também adepto da corrente contratualista, filósofo predecessor do 
Iluminismo, elaborou em 1690 o Segundo Tratado sobre Governo Civil, nesta obra 
lecionava que o Estado tem poderes limitados com a finalidade de preservar os direitos 
naturais, isto é, “que existe o pacto (o contrato) entre governantes e governados, mas há 
o respeito ao direito natural do homem, de vida, liberdade e propriedade”. 
 
Locke entendia que os homens eram iguais entre si e a cada um deveria ser permitido o 
direito de agir livremente, desde que não invadisse os direitos de outrem, “justificava o 
direito da propriedade privada ao declarar que o mundo natural é a propriedade comum, 
mas que cada indivíduo pode ter uma parte dele desde que seu trabalho se misture aos 
recursos naturais” , demonstrando assim a primeira ideia de função social da 
propriedade. 
 
Assim pode-se dizer que: 
“Locke que foi o principal inspirador dos primeiros legisladores dos direitos do homem – 
começa o capítulo sobre o estado de natureza com as seguintes palavras: "Para entender 
bem o poder político e derivá-lo de sua origem, deve-se considerar em que estado se 
encontram naturalmente todos os homens; e esse é um estado da perfeita liberdade de 
regular as próprias ações e de dispor das próprias posses e das próprias pessoas como se 
acreditar melhor, nos limites da lei de natureza, sem pedir permissão ou depender da 
vontade de nenhum outro.` Portanto, no princípio, segundo Locke, não estava o 
sofrimento, a miséria, a danação do"estado ferino", como o diria Vico, mas um estado de 
liberdade, ainda que nos limites das leis.” 
 
Jean-Jacques Rousseau foi uma das principais fontes de inspirações ideológicas da 
segunda fase da Revolução Francesa, a última das revoluções modernas e marcou o início 
de um período de instabilidade política que se encerraria com a ditadura de Napoleão. 
 
Em 1762, apresentou sua obra Do Contrato Social que “sugeriu um ideal de política aos 
movimentos revolucionários e regimes nacionalistas opressivos, sustentando, a priori o 
princípio da soberania popular e da igualdade de direitos”. Almejava a libertação do 
homem, pois afirmava que “o homem nasce bom e a sociedade o corrompe”, expunha 
ainda que a população deveria tomar cuidado ao transformar seus direitos naturais em 
direitos civis. 
 
Desde esta época, existe a preocupação em assegurar direitos à todos os indivíduos que 
compunham a sociedade, mas de forma equilibrada para que ao mesmo tempo em que 
fosse possível estabelecer um governo coerente, também se estabelecesse apenas um 
soberano responsável pela administração pública. 
 
Eis uma interessante observação que o doutrinador Norberto Bobbio faz acerca do 
progresso do homem e consequentemente a formação do Estado: 
 
o progresso da capacidade do homem de dominar a natureza e os outros homens – ou 
cria novas ameaças à liberdade do indivíduo ou permite novos remédios para as suas 
indigências: ameaças que são enfrentadas através de demandas de limitações do poder; 
remédios que são providenciados através da exigência de que o mesmo poder intervenha 
de modo protetor. As primeiras, correspondem os direitos de liberdade, ou um não - agir 
do Estado; aos segundos, os direitos sociais, ou uma ação positiva do Estado. 
 
Foi neste instinto de organização e de sobrevivência em grupo que o homem realizou 
melhorias em seu meio social, formando um Estado responsável para a execução dos 
interesses coletivos, o que culminou na concentração e definição do alcance dos poderes 
do Estado, na limitação territorial e delimitação da competência de cada país, bem como 
a determinação dos povos. 
 
 
Respostas da prova de P2: 
 
1 – Locke parte da premissa de que o homem em estado de natureza não é bom e nem 
mau, mas neutro. Entretanto, tem tendência a ser bom. Diferentemente de Hobbes, 
Locke reconhece a existência de leis e regras no estado de natureza, essas sendo as leis 
da natureza e de Deus. Nessa perspectiva, Locke descreve que o homem em tal estado é 
dotado de direitos naturais, tais como o direito à vida, propriedade e o direito de punir. 
 
No pressuposto de que o homem tem tendência a ser bom, Locke afirma uma 
consciência de propriedade do outro, ou seja, pelo homem ter a tendência a ser bom, ele 
pode reconhecer os limites de fronteira do convívio, de propriedade. Mas, Locke afirma 
que nem todos os homens são bons e, portanto, deve existir o direito de punir. Ele 
descreve 3 elementos fundamentais para tal: Leis criadas pelos próprios homens; Juízes 
parciais e um Poder Coercitivo. Nesse sentido, aparece o Estado como um artifício 
humano de garantia aos direitos naturais e de propriedade. Locke então propõe uma 
temporária concessão dos direitos ao Estado. Não se transfere, mas cede ao Estado tais 
direitos por meio de um pacto revogável. 
 
2 – Marx é um “naturalista” que afirma o surgimento do Estado a partir de fenômenos 
econômicos acontecidos dentro de um contexto específico: Para Marx, o Estado funciona 
como um instrumento de dominação das classes mais bem dotadas. Ele estabelece uma 
relação entre o dominador e o dominado como contínua e ininterrupta enquanto o 
Estado existir. Marx afirma que assim como Estado veio a existir ele deixará de existir, 
pois por meio da revolução do proletariado. Marx, filósofo do séc. XIX, é um crítico do 
sistema liberal que predomina em seu tempo. Ele afirma que por mais que o Estado 
Liberal garanta a liberdade do indivíduo ela provoca a desigualdade social, pois não 
estabelece uma relação com políticas sociais. Marx é um crítico do capitalismo e suas 
conseqüentes desigualdades sociais. 
ESTADO NA CONCEPÇÃO DE KARL MARX 
 
Para compreendermos as ideias de Karl Marx podemos partir de sua preposição de que 
“a história de toda sociedade até hoje é a história de lutas de classes” (MARX, 1996, 
p.66). Embora essa preposição envolva uma perspectiva histórica, Marx esteve 
preocupado com a sociedade de sua época, a sociedade capitalista e desenvolverá suas 
ideiascom base no seu contexto histórico (na modernidade). Nesse sentido, afirmou que 
“a nossa época, a época da burguesia, caracteriza-se, entretanto, por ter simplificado os 
antagonismos de classe. A sociedade vai se dividindo cada vez mais em dois grandes 
campos inimigos *…+: burguesia e proletariado” (MARX, 1996, p.67). 
 
Nesse contexto, a leitura de Marx do Estado é que esse é essencialmente classista, ou 
seja, representante de uma classe e não da sociedade em sua totalidade como 
afirmavam os Contratualistas. Para Marx, “*…+ o poder político do Estado representativo 
moderno nada mais é do que um comitê para administrar os negócios comuns de toda a 
classe burguesa”. O Estado seria originário da necessidade de um grupo, ou classe social, 
manter seu domínio econômico a partir de um domínio político sobre outros grupos 
o classes. Segundo Marx (1993, p.96), “toda classe que aspira à dominação *…+, deve 
conquistar primeiro o poder político, para apresentar seu interesse como interesse geral, 
ao que está obrigada no primeiro momento”. É por isso que as ideias dominantes de uma 
época, segundo Marx, são as ideias dos grupos dominantes. É nesse contexto teórico que 
Marx desenvolverá a ideia de ideologia, a qual, seria uma “peça chave” para transmitir as 
“ideias invertidas de ponta-cabeça” que lhes possibilitam a manutenção do status quo. 
 
Segundo Marx, 
 
*…+ as relações jurídicas, bem como as formas de Estado, não podem ser explicadas por si 
mesmas, nem pela chamada evolução geral do espírito humano; estas relações têm, ao 
contrário, suas raízes nas condições materiais de existência (Prefácio de Contribuição à 
crítica da economia política, 1992, p. 83). 
 
Diferentemente do que defendiam os Contratualistas, não era o Estado quem 
determinava a organização da sociedade, mas a composição da sociedade, em suas 
relações de classe, que determina a estrutura do Estado. Se de um lado o Estado com sua 
atuação jurídica seria responsável por determinar a estrutura da sociedade, por outro, 
Marx destacaria que a estrutura de classe da sociedade determinaria e estrutura do 
Estado. 
 
Para Marx, 
 
Através da emancipação da propriedade privada em relação à comunidade, o Estado 
adquiriu uma existência particular, ao lado e fora da sociedade civil; mas este Estado não 
é mais do que a forma de organização que os burgueses necessariamente adotam, tanto 
no interior como no exterior, para garantir recíproca de sua propriedade e de seus 
interesses (MARX, 1993, p.98). 
 
A função do Estado na teoria marxiana estaria em defender os interesses das classes 
dominantes por meio de seus instrumentos de regulação: sistema jurídico e o aparado 
militar e policial. O que produz coesão social. 
 
No intuito de manter a ordem estabelecida, no caso da sociedade moderna, a dominação 
burguesa, o Estado desempenharia uma função de caráter repressivo capaz de manter o 
status quo. Na obra “A guerra civil na França” Marx escreveu, 
 
À medida que os progressos da moderna indústria desenvolviam, ampliavam e 
aprofundavam o antagonismo de classe entre o capital e o trabalho, o poder do Estado 
foi adquirindo cada vez mais o caráter de poder nacional do capital sobre o trabalho, de 
força pública organizada para a escravização social, de máquina do despotismo de classe. 
Depois de cada revolução, que assinala um passo adiante na luta de classes, revela-se 
com traços cada vez mais nítidos o caráter puramente repressivo do poder do Estado 
(s/d. p.79). 
 
Um ponto relevante da teoria marxiana é que ainda que nem sempre o Estado esteja 
sendo administrado diretamente por um burguês, como analisou em na Obra “O 18 
brumário” (1997), sua estrutura é burguesa, representando os interesses da classe 
dominante. Ou seja, o Estado está estruturado, nas sociedade capitalistas, em função do 
capital. 
 
ANOTAÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEORIA DA ORIGEM FAMILIAR 
 
Esta teoria, de todas a mais antiga, apoia-se na derivação da humanidade de um casal 
originário. Portanto, é de fundo religioso. 
 
Compreende duas correntes principais: a) Teoria Patriarcal; e, b) Teoria Matriarcal. 
 
TEORIA PATRIARCAL – Sustenta a teoria que o Estado deriva de um núcleo familiar, cuja 
autoridade suprema pertenceria ao ascendente varão mais velho (patriarca). O Estado 
seriam, assim, uma ampliação da família patriarcal. Grécia e Roma tiveram essa origem, 
segundo a tradição. O Estado de Israel (exemplo típico) originou-se da família de Jacob, 
conforme relato bíblico. 
 
Conta esta teoria com tríplice autoridade da Bíblia, de Aristóteles e do Direito Romano. 
Seus divulgadores foram Sumner Maine, Westermack e Starke. 
 
Na Inglaterra deu-lhe notável vulgarização Robert Filmer, que defendeu o absolutismo de 
Carlo I perante o parlamento. 
 
Os pregoeiros da teoria patriarcal encontram na organização do Estado os elementos 
básicos da família antiga: unidade do poder, direito de primogenitura, inalienabilidade do 
domínio territorial, etc. Seus argumentos, porém, se ajustam às monarquias, 
especialmente às antigas monarquias centralizadas, nas quais o monarca representava, 
efetivamente, a autoridade do pater familias. 
 
É ponto quase pacífico, em sociologia, a origem familiar dos primeiros agrupamentos 
humanos. Entretanto, se esta teoria explica de maneira aceitável a gênese da sociedade, 
certo é que não encontra a mesma aceitação quando procura explicar a origem do 
Estado como organização política. Como observa La Bigne de Villeneuve, uma família 
fecunda pode ser o ponto de partida de um Estado – e disso dá muitos exemplos 
históricos. Mas, em regra, o estado se forma pela reunião de várias famílias. Os primitivos 
Estados gregos foram grupos de clans. Estes grupos formavam as gens; um grupo de gens 
formava a frataria; um grupo de fratias formava a tribu; e esta se constituía em Estado-
Cidade (polis). O Estado-Cidade evoluiu para o Estado nacional ou plurinacional. 
 
TEORIA MATRIARCAL – Dentre as diversas correntes teóricas da origem familiar do 
estado e em oposição formal ao patriarcalismo, destaca-se a teoria matriarcal ou 
matriarcalística. 
 
Bachofen foi o principal defensor desta teoria, seguido por Morgan, Grose, Kholer e 
Durkheim. 
 
A primeira organização familiar teria sido baseada na autoridade da mãe. De uma 
primitiva convivência em estado de completa promiscuidade, teria surgida a família 
matrilínea, naturalmente, por razões de natureza filosófica – mater semper certa. Assim, 
como era geralmente incerta a paternidade, teria sido a mãe a dirigente e autoridade 
suprema das primitivas famílias, de maneira que, o clan matronímico, sendo que a mais 
antiga forma de organização familiar, seria o “fundamento” da sociedade civil. 
 
O matriarcado, que não deve ser confundido com a “ginecocracia” ou hegemonia política 
da mulher, precedeu realmente o patriarcado, na evolução social. Entretanto, é a família 
patriarcal a que exerceu crescente influência, em todas as fases da evolução histórica dos 
povos. 
 
THOMAS HOBBES 
 
O mais reputado dentre os escritores do séc. XVIII, foi o primeiro sistematizador do 
contratualismo como teoria justificativa do Estado. É havido também como teórico do 
absolutismo, embora não o tenha pregado à maneira de Filmer e Bossuet, com 
fundamento no direito divino. Seu absolutismo é racional e sua concepção do Estado 
tende a conformar-se com a natureza humana. 
 
Para justificar o poder absoluto, Hobbes parte da descrição do estado de natureza: o 
homem não é naturalmente sociável como pretende a doutrina aristotélica. No estado de 
natureza o homem era inimigo feroz dos seus semelhantes. Cada um devia se defender 
contra a violência dos outros. Cada homem era um lobo para os outros homens. Por 
todos os lados havia a guerra mútua, a luta de cada um contra todos. 
 
Cada homem alimenta em si a ambiçãodo poder, a tendência para o domínio sobre os 
outros homem, que só cessa com a morte. Só triunfam a força e a astúcia. E para saírem 
desse estado caótico, todos indivíduos teriam cedido os seus direitos a um homem ou a 
uma assembleia de homens, que personifica a coletividade e que assume o encargo de 
conter o estado de guerra mútua. A fórmula se resumiria no seguinte: – Autorizo e 
transfiro a este homem ou assembleia de homens o meu direito de governar-me a mim 
mesmo, com a condição de que vós outros transfirais também a ele o vosso direito, e 
autorizeis todos os seus atos nas mesmas condições como o faço. 
 
Embora teórico do absolutismo e partidário do regime monárquico, Hobbes, admitindo a 
alienação dos direitos individuais em favor de uma assembleia de homens, não afastou 
das suas cogitações a forma republicana. 
 
Hobbes distinguiu, em O Leviatã, duas categorias de Estado: o Estado real, formado 
historicamente e baseado sobre as relações da força, e o Estado racional deduzido da 
razão. Esse título foi escolhido para mostrar a onipotência que o governo devia possuir. O 
Leviatã é aquele peixe monstruoso de que fala a Bíblia, o qual, sendo o maior de todos os 
peixes, impedia os mais fortes de engolirem os menores. O Estado (Leviatã) é o deus 
onipotente e mortal. 
 
 
JOHN LOCKE 
 
Desenvolveu o contratualismo em bases liberais, opondo-se ao absolutismo de Hobbes. 
Foi Locke o vanguardeiro do liberalismo na Inglaterra. Em sua obra Ensaio sobre o 
Governo Civil (1690) em que faz a justificação doutrinária da revolução Inglesa de 1688, 
desenvolve os seguintes princípios: o homem não delegou ao Estado senão poderes de 
regulamentação das relações externas na vida social, pois reservou para si uma parte de 
direitos que são indelegáveis. As liberdades fundamentais, o direito à vida, como todos 
os direito inerentes à personalidade humana, são anteriores e superiores ao Estado. 
 
Locke encara o governo como troca de serviços: os súditos obedecem e são protegidos; a 
autoridade dirige e promove justiça; o contrato é utilitário e sua moral é o bem comum. 
No tocante a propriedade privada, afirma Locke que ela tem sua base no direito natural: 
O Estado não cria a propriedade, mas reconhece e protege. 
 
Pregou Locke a liberdade religiosa, sem dependência do Estado, embora tivesse recusado 
tolerância para com os ateus e combatido os católicos porque estes não toleravam 
outras religiões. 
 
Locke foi ainda o precursor da teoria dos três poderes fundamentais, desenvolvida 
posteriormente Montesquieu. 
 
JEAN JACQUES ROUSSEAU 
 
Foi a figura mais proeminente a corrente contratualista. Dentre todos os teóricos do 
voluntarismo, destacou-se pela amplitude da formação dos Estados – Discurso sobre as 
causas da desigualdade entre os homens e contrato social – tiveram a mais ampla 
divulgação em todos os tempos, sendo recebidos como evangelhos revolucionários da 
Europa e da América, no séc. XVIII. 
 
No seu Discurso desenvolve Rousseau a parte crítica, e no Contrato social a parte 
dogmática. Este último, que representa, na expressão de bergson, “a mais poderosa 
influência que jamais se exercem sobre o espírito humano”, continua sendo objeto de 
discussões entre os mais altos representantes do pensamento político universal, quer 
pelos seus erros que a evolução do mundo trouxe à tona, quer pelo seu conteúdo 
respeitável de verdades imperecíveis. 
 
Rousseau afirmou que o Estado é convencional. Resulta da vontade geral que é uma 
soma da vontade manifestada pela maioria dos indivíduos. A nação (povo organizado) é 
superior ao rei. Não há direito divino da coroa, mas sim, direito legal docorrente da 
soberania nacional. O governo é instituído para promover o bem comum, e só é 
suportável enquanto justo. Não correspondendo ele com os anseios populares que 
determinam a sua organização, o povo tem direito de substituí-lo, refazendo o contrato… 
No seu ponto de partida, a filosofia de Rousseau é diametralmente oposta à de Hobbes e 
Spinoza. Segundo a concepção destes, o estado natural primitivo era de guerra mútua. 
Para Rousseau o estado de natureza era de felicidade perfeita: o homem, em estado de 
natureza, é sadio, ágil e robusto, encontra facilmente o pouco que precisa. Os únicos 
bens que conhece são alimentos, a mulher e o repouso, e os males que teme são a dor e 
a fome (Discours sur I’origine de l’inefalité parmi les hommes). 
 
Entretanto, para sua felicidade, a princípio, e para a sua desgraça, mas tarde, o homem 
adquiriu duas virtudes que o extremam dos outros animais: a faculdade de aquiescer ou 
resistir e a faculdade de aperfeiçoar-se. Sem essas capacidades a humanidade teria 
ficado eternamente em sua condição primitiva, e assim, desenvolveram a inteligência, a 
linguagem e todas as outras faculdades em potencial. 
 
Os que acumulavam maiores posses passaram a dominar e submeter os mais pobres. A 
prosperidade individual tornou os homens avaros, licenciosos e perversos. Nesse 
período, que foi de transição do estado de natureza para a sociedade civil, os homens 
trataram de reunir suas forças, armando um poder supremo que a todos defenderia, 
mantendo o estado de coisas existente. Ao se associarem, tinham a necessidade de 
salvaguardar a liberdade, que é própria do homem, e que, segundo o direito natural, é 
inalienável. O problema social consistia, assim em encontrar uma forma de associação 
capaz de proporcionar os meios de defesa e proteção, com toda a força comum, às 
pessoas e aos seus bens, formando assim, o contrato social. 
 
O contrato social de Rousseau, embora inspirado em ideias democráticas, tem muito do 
absolutismo de Hobbes, pois infundiu nas novas democracias uma noção antitética de 
soberania que veio abrir caminho para o Estado totalitário. 
 
O prof. Ataliba Nogueira entendeu que a teoria de Rousseau reduziu o homem à 
condição de escravo da coletividade, justificando toda espécie de opressão. A maior 
vulnerabilidade do contratualismo está no seu profundo conteúdo metafísico e 
deontológico. Sem dúvida, a falência do Estado liberal e individualista, que não pôde dar 
solução aos problema desconcertantes manifestados pela evolução social a partir da 
segunda metade do séc. XIX, trouxe à tona muito erros dessa teoria. 
 
 
 
 
ESTADO E SEUS ELEMENTOS ESSENCIAIS 
 
Conceito de Estado: Segundo Hely Lopes Meirelles, o conceito de Estado varia 
segundo o ângulo em que é considerado: 
 
sociológico – é uma corporação territorial dotada de um poder de mando originário; 
 
político – é comunidade de homens, fixada sobre um território, com poder superior de 
ação, de mando e de coerção; 
 
constitucional – é uma pessoa jurídica territorial soberana. 
 
Por seu uma pessoa jurídica de direito público, na forma prevista nos arts. 40 e 41 do 
novo Código Civil, o Estado pode contrair direitos e obrigações, relacionando-se tanto 
internamente com seus servidores, com os cidadãos e com outras pessoas de direito 
público ou privada, quanto externamente com os outros Estados soberanos. 
 
Elementos do Estado 
 
O Estado é constituído de três elementos originários e indissociáveis: 
 Povo: é o seu componente humano, demográfico; 
 Território: a sua base física, geográfica; 
 Governo soberano: o elemento condutor do Estado, que detém e exerce o 
poder absoluto de autodeterminação e auto-organização emanado do Povo. 
 
Como é formado o Estado: O Estado é formado pelo povo, em determinado território e 
organizado sob sua livre vontade soberana. 
 
O que é soberania? Soberania, é o poder absoluto, único e irrefutável que o Estado 
possui para organizar-se e conduzir-se segundo a livre vontade de seu Povo e, se 
necessário, de fazer cumprir suas decisões, inclusive com o uso legítimo da força. 
 
O que é o Estado de Direito? O conceito de Estado de Direito, deu-se a partir das 
correntes liberais, substituindo o poder quaseilimitado dos reis e monarcas 
(absolutismo). 
 
O Estado de Direito, de acordo com José dos Santos Carvalho Filho, é baseado na regra 
de que, ao mesmo tempo em que o Estado cria o direito, deve sujeitar-se a ele. 
 
Assim, no Estado de Direito, a legitimação do poder político deixa de relacionar em 
critérios tipicamente religiosos ou carismáticos, passando a prevalecer as normas 
jurídicas abstratas e gerais. Ou seja, a conduta das pessoas que dirigem a atividade 
estatal passa a ser sobre as regras previstas nas constituições e nas leis, não mais na 
simples vontade dos governantes. 
 
A ideia de Estado de Direito se traduziu, originalmente, na relação de três dogmas 
fundamentais: a generalização do princípio da legalidade; a universalidade de jurisdição e 
a tripartição dos poderes. 
 
Princípio da legalidade: A atuação estatal exige autorização legislativa para as suas ações 
ou omissões. Ou seja, a atividade do Estado deve ser realizada em estrita obediência ao 
que estabelece a lei. 
 
Universalização de jurisdição: A universalização de jurisdição, por sua vez, significa que 
todos os atos estatais devem submeter-se a controles que permitam a responsabilização 
dos sujeitos que atuarem de modo inadequado. 
 
Tripartição dos Poderes: A tripartição dos poderes consiste na dissociação da atuação 
estatal, gerando a distinção de competências, atribuídas a variados órgãos. Dessa forma, 
nenhum órgão estatal possui poder ilimitado, estando sujeito ao sistema de freios e 
reparações, assim gerando o equilíbrio aos chamados três poderes: 
 
1. Legislativo. 
2. Executivo. 
3. Judiciário. 
 
Por fim, é justamente por meio desses três poderes que o Estado manifesta a sua 
vontade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estrutura do Estado brasileiro 
 
O Brasil é uma República Federativa Presidencialista, formada pela União, Estados, 
Distrito Federal e municípios, em que o exercício do poder é atribuído a órgãos distintos 
e independentes, submetidos a um sistema de controle para garantir o cumprimento das 
leis e da Constituição. 
 
O Brasil é uma República porque o Chefe de estado é eleito pelo povo, por período de 
tempo determinado. É Presidencialista porque o presidente da República é Chefe de 
Estado e também Chefe de governo. É Federativa porque os estados têm autonomia 
política. 
 
A União está divida em três poderes, independentes e harmônicos entre si. São eles o 
Legislativo, que elabora leis; o Executivo, que atua na execução de programas ou 
prestação de serviço público; e o Poder Judiciário, que soluciona conflitos entre cidadãos, 
entidades e o estado. 
 
O Brasil tem um sistema pluripartidário, ou seja, admite a formação legal de vários 
partidos. O partido político é uma associação voluntária de pessoas que compartilham os 
mesmos ideais, interesses, objetivos e doutrinas políticas, que tem como objetivo 
influenciar e fazer parte do poder político. 
 
 
FORMAS DE ESTADO, SISTEMA, FORMA E REGIME DE GOVERNO 
 
Formas de Estado, Sistema, Forma e Regime de governo, são fundamentais para a 
existência de um Estado propriamente dito. É tudo isto, em geral, assunto constitucional, 
logo definido na constituição, por se tratar de elementos fundamentais (não únicos. 
Clique para ver os elementos do estado) para que possa se denominar um pedaço de 
terra, um Estado. 
 
FORMAS DE ESTADO 
 
SIMPLES: 
 Unitário: Possui um único centro dotado de capacidade Legislativa, 
Administrativa, Política e toda e qualquer competência constitucional. Te: 
França, Itália, Inglaterra, Uriguai. 
 Federação / União: Capacidade políticas Administrativas e Legislativa, são 
distribuídas para a competência de entes regionais, possuindo então 
autonomia. Dessa forma, a Federação faz-se através da união de diversos 
Estados que, embora percam sua soberania em relação ao Estado 
Federativo, mantêm sua autonomia. 
 
Requisitos/Características: 
 Unicidade de nacionalidade 
 Repartição de competências 
 Repartição de Rendas 
 Esfera de Competência Tributária que lhe garanta renda própria (P. Ex: IPI, 
ICMS, ISS) 
 Poder de Auto-organização Estadual, cabendo-lhe propor Constituições 
Estaduais vinculadas à Constituição Federal 
 União indissolúvel. 
 Representação Senatorial (representação no senado) 
 Órgão de Cúpula (no Brasil, o STF) 
 Intervenção Federal 
 
COMPOSTOS: 
 Confederação: É uma espécie de tratado em que os Estados unem-se 
visando um empreendimento comum e benéfico a ambos que, neste 
aspecto, confunde-se com a Federação. No entanto, é disponível a cada um, 
tanto sua autonomia quanto sua soberania, além de prever a possibilidade 
de secessão (separação do Estados), sendo estes últimos as características 
diferenciadoras entre Confederação e Federação. 
 
FORMAS DE GOVERNO 
 
Conjunto de instituições políticas por meio das quais um Estado se organiza a fim de 
exercer o seu poder sobre a sociedade, bem como as relações entre os detentores do 
poder e demais membros da sociedade. 
 
Monarquia 
 
O cargo de chefe é vitalício, hereditário e sem responsabilidade. Assim, todo o poder 
político está concentrada nas mãos de uma só pessoa, que o exerce através de si ou de 
delegações. Ou seja, é um Estado dirigido, comandado, administrado por uma só pessoa 
conforme sua arbitrariedade, independendo da vontade da população de querê-lo ou 
não como monarca. 
 
República 
 
Nesta forma de governo, o povo tem o direito (as vezes o dever), de escolher seus 
governantes, participando da administração de forma direta ou indireta, dependendo do 
sistema de governo. Os governantes, escolhidos pelo povo administram o Estado visando 
o bem comum. 
 
SISTEMAS DE GOVERNO 
 
Presidencialismo 
 
Modelo de sistema em que há concentração do chefe de governo e o chefe de Estado na 
figura de uma só pessoa, o Presidente, mas não deve jamais ser confundido com 
monarquia ou algo do gênero, pois neste sistema os governantes devem ser escolhidos 
pelo povo, pressupondo assim, a democracia (regime de governo). 
 
 Divisão orgânica dos poderes; 
 independência entre os poderes; 
 Harmonia entre os poderes; 
 Eleições diretas pelo povo, exceto em casos excepcionais. 
 
Parlamentarismo 
 
Os parlamentares, assim como no presidencialismo, são escolhidos pela população, no 
entanto, neste sistema de governo há diferença entre chefe de governo (administra o 
pais) e chefe de Estado (relações externas e forças armadas) que são escolhidos pelos 
parlamentares e não diretamente pelo povo. 
 
 
 Divisão orgânica dos poderes; 
 interdependência entre legislativo e executivo; 
 Descentralização de chefia de governo e chefia de Estado numa só pessoa; 
 Parlamento escolhe o chefe de Estado; 
 Dissolução do parlamento com convocação de novas eleições gerais, por 
injunção do Chefe de Estado.; 
 
REGIME DE GOVERNO 
 
Democracia 
 
Regime democrático pode ser entendido como aquele em que o poder é emanado do 
povo, um regime que proporciona voz e ação à população através na criação de leis, 
fiscalização (remédios constitucionais), escolha dos representantes, direta ou 
indiretamente e etc. 
 
Autocrático 
 
Trata-se de um governo autoritário, de poder absoluto, que governa conforme sua 
arbitrariedade todos os níveis governamentais. Neste sistema, antagônico em relação à 
Democracia, a gestão é exercida através do soberano ou de delegações arbitrárias feitas 
pelo mesmo. 
 
 
Monarquia = Monarquia é um sistema de governo em que o monarca, imperador ou rei, 
governa um país como chefe de Estado. O governo é vitalício, ou seja, até morrer ou 
abdicar. A transmissão de poder ocorre de forma hereditária (de pai para filho), portanto 
não há eleições para a escolha de um monarca. 
 
Este sistema de governo foi muito comum em países da Europa durantea Idade Média e 
Moderna. Neste último caso, os monarcas governavam sem limites de poder. A 
monarquia ficou conhecida como absolutismo. Com a Revolução Francesa (1789), este 
sistema de governo entrou em decadência, sendo substituído pela República, na grande 
maioria dos países. 
 
Hoje em dia, poucos países utilizam este sistema de governo e, os que ainda o usam, 
conferem poucos poderes nas mãos do rei. Neste sentido, podemos citar as Monarquias 
Constitucionais do Reino Unido, Austrália, Noruega, Suécia, Canadá, Japão e Dinamarca. 
Nestes países, o rei possui poderes limitados e representa o país como uma figura 
decorativa e clássica. 
 
Parlamentarismo = O Parlamentarismo é um sistema de governo em que o poder 
legislativo (parlamento) proporciona a sustentação política (apoio direito ou indireto) 
para o poder executivo. Sendo assim, o poder executivo necessita do poder do 
parlamento para ser constituído e também para governar. No parlamentarismo, o poder 
executivo é, na maioria das vezes, exercido por um primeiro-ministro (chanceler). 
 
O sistema parlamentarista pode se apresentar de duas maneiras: 
 Na República Parlamentarista, o chefe de estado (com poder de governo) é 
um presidente eleito pelo povo e empossado pelo parlamento, por tempo 
determinado. 
 Nas Monarquias parlamentaristas, o chefe de governo é o monarca (rei ou 
imperador), que assume de forma hereditária. Neste último caso, o chefe de 
estado (quem governa de fato) é um primeiro-ministro, também chamado 
de chanceler. 
 
O parlamentarismo tem sua origem na Inglaterra Medieval. No final do século XIII, nobres 
ingleses passaram a exigir maior participação política no governo, comandado por um 
monarca. Em 1295, o rei Eduardo I tornou oficiais as assembleias dos representantes dos 
nobres. Nascia assim, o parlamentarismo inglês. 
 
Países parlamentaristas na atualidade: Canadá, Inglaterra, Suécia, Itália, Alemanha, 
Portugal, Holanda, Noruega, Finlândia, Islândia, Bélgica, Armênia, Espanha, Japão, 
Austrália, Índia, Tailândia, República Popular da China, Grécia, Estônia, Egito, Israel, 
Polônia, Sérvia e Turquia. 
 
O sistema parlamentarista é um sistema mais flexível que o presidencialista, pois em caso 
de crise política, por exemplo, o primeiro-ministro pode ser substituído com rapidez e o 
parlamento pode ser derrubado o que no caso do presidencialismo, o presidente cumpre 
seu mandato até o fim, mesmo em casos de crises políticas. 
 
Presidencialismo = O presidencialismo é um sistema de governo no qual o presidente é 
o Chefe de Estado e de Governo. Este presidente é o responsável pela escolha dos 
ministros que o auxiliam no governo No sistema de presidencialismo, o presidente exerce 
o poder executivo, enquanto os outros dois poderes, legislativo e judiciário, possuem 
autonomia. O Brasil é uma República Presidencialista deste 15 de novembro de 1889, 
quando ocorreu a Proclamação da República. No Brasil o sistema parlamentarista existiu 
entre 7 de setembro de 1961 e 24 de janeiro de 1963, durante o governo do presidente 
João Goulart. 
 
Regime/Ditadura Militar = A Ditadura Militar é uma forma de governo no qual o poder 
político é efetivamente controlado por militares, suprimindo direitos civis e reprimindo 
os que são contra este regime de governo. Este regime pode ser oficial ou não, ou misto, 
onde os militares exercem forte influência sem ser o dominante. Na sua grande maioria, 
os regimes militares são constituídos após um golpe de Estado, derrubando o governo 
anterior. No Brasil, o regime militar existiu entre os anos de 1964 a 1985, caracterizando-
se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição 
política e repressão aos que eram contrários ao regime militar. 
 
 
DEMOCRACIA 
 
Democracia é o termo que caracteriza o regime político contemporâneo da maioria dos 
países ocidentais. Trata-se de um conceito tão importante quanto complexo, cujo 
significado atual se originou de várias fontes históricas e se desenvolveu ao longo de 
milhares de anos. O termo pode ser utilizado para designar tanto um ideal quanto 
regimes políticos reais que estão consideravelmente aquém daquele ideal. Uma das 
formas para compreender o seu significado é olhar para a maneira com que o conceito 
de democracia se transformou e se desenvolveu historicamente. 
 
A democracia na Grécia Antiga 
 
A democracia surgiu nas cidades-estados da Grécia antiga, durante o primeiro milênio 
antes de Cristo, e tomou sua forma clássica no auge político da cidade de Atenas. Sua 
etimologia provém dos termos “demo” (povo) e “cracia” (governo), significando 
literalmente “o governo do povo”. De acordo com a classificação das três formas de 
governo feita por Aristóteles na sua obra “Política”, a democracia (governo de muitos) se 
distingue da monarquia (governo de um só) e da aristocracia(governo dos nobres). 
 
A clássica democracia das cidades antigas gregas estava fundada na participação de 
todos os cidadãos em assembleia com o objetivo de tomar conjuntamente as decisões 
governamentais. Apesar de ter existido em um pequeno território e entre um número 
reduzido de pessoas (apenas os homens livres eram considerados cidadãos, excluindo 
mulheres e escravos), a experiência da democracia grega adquiriu grande importância ao 
tornar possível um sistema político no qual o povo é soberano e tem o direito a se 
governar, contando com recursos e instituições para fazê-lo. Essa ideia permaneceu 
como o núcleo do ideal democrático moderno e continua a moldar as instituições e 
práticas democráticas atuais. A prática política democrática gestada na Grécia se refletiu 
nas instituições políticas da República Romana, que se expandiu para grande parte da 
Europa e do Mediterrâneo. 
 
A democracia contemporânea 
 
Na era moderna, a prática da democracia foi transferida da pequena cidade-estado para 
a escala muito maior do Estado nacional, o que implicou o surgimento de um conjunto 
novo de instituições políticas. Os limites e as possibilidades das instituições democráticas 
passaram a ser pensados no nível do funcionamento de sociedades complexas, dotadas 
de grandes governos, impessoais e indiretos. Tornou-se impossível o exercício direto da 
democracia pelos cidadãos como era realizado nas pequenas cidades-estados gregas. 
 
Foi-se afirmando no pensamento político moderno a ideia de que a única forma de 
democracia possível era um governo representativo. Na concepção moderna de 
democracia, o ato de governar e legislar é delegado a um grupo restrito de 
representantes eleitos por períodos limitados, direta ou indiretamente, pelos cidadãos. 
Ou seja, a soberania do povo se dá por meio dos representantes que pelo povo são 
eleitos. As eleições e decisões legislativas geralmente são tomadas por maioria de votos, 
de forma que as políticas reflitam, pelo menos até certo ponto, a vontade e os interesses 
dos cidadãos. Para evitar a concentração e o abuso do poder, as principais funções 
legislativas, executivas e judiciais do governo estão separadas, de modo a se 
equilibrarem. 
 
Nesse sentido, a liberdade individual e a igualdade de condições são consideradas os 
principais valores democráticos e os princípios que sustentam essa forma de governo. No 
pensamento político moderno, a democracia é vista em oposição às 
formas absolutistas e ditatoriais de governo. O estado democrático é concebido com o 
objetivo de garantir certos direitos fundamentais à cidadania, geralmente divididos em 
direitos civis, políticos e sociais. Entre os direitos civis estão a liberdade de expressão, de 
imprensa, de associação e de reunião e proteção contra a prisão arbitrária. Os direitos de 
votar e de ser eleito para um cargo no governo são exemplos de direitos políticos. Já os 
direitos sociais são aqueles relacionados à educação, saúde, alimentação, moradia, 
transporte, segurança, lazer,etc. Nos últimos séculos, a luta por democracia nas nações 
modernas tem se dado no âmbito da conquista, garantia, universalização e ampliação 
dos direitos civis, políticos e sociais. 
 
No pensamento político e nos regimes contemporâneos, pensa-se a democracia menos 
em termos ideológicos e mais no seu sentido formal, ou seja, como um conjunto de 
instituições, direitos e práticas que garantem um determinado processo para a tomada 
de decisões coletivas. Assim, quando hoje nós falamos em democracia, em geral nos 
referimos a algumas “regras do jogo político”. 
 
Listamos a seguir alguns desses procedimentos que caracterizam um sistema 
democrático atual: 
 
 as instituições políticas responsáveis pelas funções legislativas e executivas 
devem ser compostas em sua maioria por membros direta ou indiretamente 
eleitos pelo conjunto dos cidadãos e alternados periodicamente; 
 o voto deve ser universal, ou seja, têm direito ao voto todos os cidadãos 
maiores de idade, sem distinção de sexo, de raça ou de religião; 
 todos os votos têm o mesmo peso e os eleitores são livres para exercer o 
seu direito segundo a sua própria opinião, frente a uma disputa livre, 
honesta e pacífica entre partidos políticos que pleiteiam os cargos 
representativos; 
 vencem as eleições os partidos e/ou candidatos que atingirem a maioria 
numérica dos votos (ainda que possam ser estabelecidos diferentes critérios 
para se determinar a maioria); 
 as decisões tomadas pela maioria não podem ameaçar os direitos básicos da 
minoria. 
 
 
No âmbito dessa noção formal de democracia, foram cunhadas diversas tipologias para 
caracterizar as diferentes formas de procedimentos democráticos desenvolvidos pelos 
países ocidentais. 
 
Por exemplo, podemos discernir entre sistemas presidencialistas e parlamentaristas, 
dependendo da relação que é estabelecida entre os poderes executivo e legislativo. 
Outro exemplo de tipologia é a que leva em consideração os partidos políticos, 
diferenciando sistemas bipartidários (onde dominam apenas dois partidos, como nos 
Estados Unidos) e pluripartidários (onde três ou mais partidos disputam o poder, como 
no Brasil). 
 
No mundo ocidental em geral considera-se a democracia representativa como o regime 
político mais eficaz para promover maior liberdade e direitos para os cidadãos com o 
mínimo de abuso do poder político. Entretanto, existe uma série de críticas à democracia 
representativa, formal e indireta tal qual ela se desenvolveu nos países ocidentais, 
acusando-a principalmente de favorecer uma minoria detentora do poder econômico. Os 
críticos à democracia representativa consideram que houve um abandono real dos ideais 
democráticos, nas mãos de representantes que não se preocupam de fato com a coisa 
pública; argumentam ainda a impossibilidade de manter um sistema autenticamente 
democrático frente à influência crescente da riqueza, à enorme desigualdade social, à 
irrefreada corrupção, à escalada da violência e à disseminação de ódio, preconceito e 
guerras. 
 
ANOTAÇÕES 
 
 
 
FORMAS DE ESTADO 
 
São possíveis três configurações dessa distribuição de poder: 1) Estado Unitário; 2) 
Estado Federal, e 3) Confederação. 
 
1. Estado Unitário 
 
O Estado Unitário pode subclassificar-se em três tipos: puro, desconcentrado e 
descentralizado. 
 
No Estado Unitário Puro não há distribuição geográfica do poder político devido à 
existência de um polo central emanador/emissor de normas. Típico de regimes 
centralizadores sob a perspectiva político-administrativa, esse formato em análise passou 
por reformulações a partir do aumento populacional e consequente elevação no grau de 
complexidade das relações sociais vigentes na europa do século XX. Tais modificações no 
âmbito social tornou insustentável a permanência do unitarismo puro, ensejando o 
surgimento de divisões como longa manus da Administração a fim de aproximar os 
órgãos governamentais da população e de suas demandas. Foi o estágio do Estado 
Unitário Desconcentrado. 
 
O avançar do século passado (alcunhado por Eric Hobsbawm de "Era dos Extremos") 
aprofundou o processo de descontração que desembocou na configuração atual 
existente em alguns países do Velho Mundo - o Estado Unitário Descentralizado, fase na 
qual os "braços" administrativos ganharam personalidade jurídica própria e "poder de 
mando" no intuito de resolver os conflitos nas regiões constituintes da nação. Esse 
modelo- avesso ao centralizador Estado Unitário Puro- enquadra-se melhor à realidade 
de sociedades alta e complexamente organizadas. A França enquadra-se nesta tipologia. 
 
Ademais, o Prof. Dr. Fernandes esclareceu também sobre duas formas de Estado 
"sofisticadas" surgidas nos anos de 1900 a partir da necessidade de manutenção da 
unidade territorial nos respectivos países. São elas o Estado Regional e o Estado 
Autonômico. Nessas formas estatais derivadas imperam as descentralizações 
administrativa e legislativa. 
 
O Estado Regional surgiu na Itália pela promulgação de sua Constituição de 1947 e aloca 
atribuições legislativas e administrativas nas diversas regiões da República. O Estado 
Autonômico, por sua vez, surgiu da Carta Magna espanhola de 1978 (fase de 
redemocratização pós- regime franquista). Desde então as províncias podem reunir-se 
em regiões e a elas é facultado o direito de elaborar um estatuto de autonomia (sob 
expressa autorização da Lei Maior). Tal elaboração deve ser submetida ao Parlamento 
nacional que, em caso de aprovação, torna o mencionado estatuto uma lei especial capaz 
de fundar região autonômica com competência para criar legislações próprias. 
 
Ressalvam-se, todavia, as diferenças entre Estado Regional e Estado Autonômico: 
naquele as descentralizações administrativas e legislativas são feitas de forma 
heterônoma, isto é, de cima para baixo, ao passo que na Espanha a descentralização dá-
se em sentido ascendente, ou seja, de baixo para cima, pois as regiões participam 
ativamente na formação de suas competências. 
 
2. Estado Federal 
 
O Estado Federal surgiu da Constituição Americana de 1787 e caracteriza-se pela 
distribuição geográfica do poder político onde um ente maior (dotado de soberania) e 
outros entes menores (apenas autônomos) repartem competências. É o caso de Brasil, 
Alemanha, Suíça e EUA. 
 
O Estado Federal advém de uma Constituição a partir de duas maneiras possíveis: 
por agregação ou por desagregação. No primeiro caso - descrito por Lenza (2016, p.499) 
como "centrípeto"-, alguns territórios independentes abrem mão de sua soberania em 
favor de um ente mais amplo, passando a serem unidades meramente autônomas (caso 
das federações alemã e norte-americana). A segunda situação - vista como "movimento 
centrífugo" (Lenza, 2016, p.499) - tem caminho inverso porquanto o todo unitário com 
poder central desgrega-se em unidades autônomas formando estados-membros, por 
exemplo. Foi o caso do Brasil na Lei Fundamental republicana de 1891. 
 
Mediante fixação de um órgão central dotado de soberania, no Estado Federal inexiste o 
direito de secessão em observância ao princípio da Indissolubilidade do Vínculo 
Federativo. Destarte, as regiões e demais componentes dessa forma estatal ora em 
estudo não podem separar-se da entidade soberana, conforme vislumbra-se nos artigos 
1°, caput, 34, I c/c 60, ss4°, I do Excelso Diploma brasileiro promulgado em 1988, in 
verbis: 
 
Art.1° A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem 
como fundamentos: 
(...) 
Art. 34 A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: (EC n° 
14/1996 e EC n°29/2000) 
I- manter a integridade nacional; 
(...) 
Art. 60 A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
§ 4°Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir 
I- a forma federativa de Estado; 
 
Pelo transcrito alhures, fica cediço que o constituinte originário preocupou-se em 
transformar o Estado Brasileiro em uma federação, criando, assim, ditames na Lei Maior 
a fim de garantir sua preservação e intocabilidade como cláusula pétrea não suscetível a 
alterações por deliberação do legislador ordinário. Neste caso, se alguma unidade 
federativa sublevar-se buscando a separação do todo nacional, a própria Constituição de 
1988 determina a intervenção da União no ente rebelado com vistas a manter a 
integridade territorial. 
 
Por fim, urge destacar que, diferentemente da Confederação, no Estado Federal há um 
órgão de cúpula do Judiciário com atribuição, dentre muitas outras, de dirimir conflitos 
entre os demais entes da federação. No Brasil, a função aludida pertence ao egrégio 
Supremo Tribunal Federal, cujas competências são típicas de uma Suprema Corte e de 
um Tribunal Constitucional, cabendo-lhe a guarda da Constituição (Art. 102 CF/88). 
 
3. Confederação 
 
Não é consenso entre os doutrinadores classificar a confederação enquanto forma de 
Estado. Entretanto, para os que assim a consideram, diz-se que ela é formada pela junção 
de Estados onde todos são detentores de soberania. Surge de um tratado firmado entre 
países independentes no qual existe a possibilidade de ruptura/secessão do vínculo de 
formação outrora pactuado. Foi o modelo adotado pelas antigas Treze Colônias da 
América do Norte entre a declaração de Independência (1776) e a promulgação da 
Constituição Americana (1787). 
 
ANOTAÇÕES 
Um dos fundamentos do estado democrático é a supremacia da vontade popular, 
garantindo aos homens o respeito à supremacia da vontade popular. E o sufrágio através 
da direta escolha de representantes é fundamental para que a vontade popular se 
expresse. Em vista disso, analisaremos também a importante questão que surge quando 
se fala em sufrágio e expressão da vontade popular, que é a forma como o sufrágio pode 
ser considerado um dever e uma função. Bem como mostraremos as diferentes 
modalidades de sufrágio existentes. 
 
O INSTITUTO DA REPRESENTAÇÃO POLÍTICA 
 
O sistema representativo e as doutrinas políticas da Representação 
 
O sistema representativo na mais ampla acepção refere-se a um conjunto de instituições 
que definem uma certa maneira de ser ou de organização do Estado. 
 
A “duplicidade” foi o ponto de partida para a elaboração de todo o moderno sistema 
representativo, nas suas raízes constitucionais, que assinalam o advento do Estado liberal 
e a supremacia histórica, por largo período, da classe burguesa na sociedade do 
Ocidente. Com efeito, toma-se aí o representante politicamente por nova pessoa, 
portadora de uma vontade distinta daquela do representado, e do mesmo passo, fértil 
de iniciativa e reflexão e poder criador. 
 
Dessa concepção se extraem com invejável perfeição lógica todos os corolários do 
sistema representativo que tem acompanhado as formas políticas consagradas ou 
chanceladas pelo velho constitucionalismo liberal: a total independência do 
representante, o sufrágio restrito, a índole manifestamente adversa do liberalismo aos 
partidos políticos, a essência do chamado “mandato representativo” ou “mandato livre”, 
a separação de poderes, a moderação dos governos, o consentimento dos governados. 
 
Tudo isso em contraste com as tendências contemporâneas da sociedade de massas, que 
se inclina a cercear as faculdades do representante, jungi-las a organizações partidárias e 
profissionais ou aos grupos de interesses e fazer o mandato cada vez mais imperativo. 
 
Essas tendências têm apoio teórico nos fundamentos da representação concebida 
segundo a regra da “identidade”, que em boa lógica retira ao representante todo o poder 
próprio de intervenção política animada pelos estímulos de sua vontade autônoma e o 
acorrenta sem remédio à vontade dos governados, mantendo-o por inteiro a um 
escrúpulo de “fidelidade” ao mandante. 
 
A doutrina da “duplicidade”, alicerce do antigo sistema representativo na época do 
liberalismo 
 
A doutrina da “duplicidade” pode ser tida como sendo constituída das posições teóricas 
que na França e na Inglaterra tiveram por desfecho a implantação de uma organização 
liberal da sociedade. Nessa organização, os representantes se fizeram depositários da 
soberania, exercida em nome da nação ou do povo e puderam, livremente, com sólido 
respaldo nas regiões da doutrina, exprimir ideias ou convicções, fazendo-as valer, sem a 
preocupação necessária de saber se seus atos e princípios estavam ou não em proporção 
exata de correspondência com a vontade dos representados. 
 
Toda a velha doutrina do sistema representativo se converte numa idéia capital: a 
independência do representante em face do eleitor. Dentre os autores políticos de língua 
inglesa, John Milton é dos primeiros que batalham por semelhante posição, quando 
entende que, depois das eleições, os deputados já não são responsáveis perante os 
eleitores. 
 
No século XVIII a tese se fortaleceu, conforme anota Fairlie, com o reforço que lhe deram 
pensadores da envergadura, de Blackstone e Burke. Os membros do Parlamento, 
segundo Blackstone, representam o reino inteiro e não um distrito eleitoral particular. 
Dos franceses, foi Montesquieu o primeiro que apresentou na Europa a versão 
continental do sistema representativo, doutrinando que a maior vantagem dos 
representantes é que eles, em substituição do povo, são aptos a discutir os negócios. Dos 
eleitores, no entender de Montesquieu, bastava o representante trazer uma orientação 
geral. 
 
 
Sobre a história da representação política 
 
A necessidade de governar por meio de representantes deixa para o povo o problema da 
escolha desses representantes. Cada indivíduo tem suas aspirações, seus interesses e, 
mesmo que de maneira indefinida e imprecisa, suas preferências a respeito das 
características dos governantes. E quando se põe concretamente o problema da escolha é 
natural a formação de grupos de opinião, cada um pretendendo prevalecer sobre os 
demais. Observa GETTEL que, em Atenas, no século V a. C., quando se instaurou a 
democracia, a autoridade suprema do Estado era a assembléia dos cidadãos. Houve, 
então, a definição de partidos na assembléia, como conseqüência das lutas entre 
interesses opostos e diferentes pontos de vista, especialmente entre os adeptos do 
governo democrático e os que pretendiam estabelecer um sistema oligárquico. A história 
política de Roma também revela a formação de agrupamentos definidos, geralmente em 
torno de um líder, encontrando-se, em diferentes épocas da história romana, partidos 
que se digladiavam, sobretudo, a respeito da política externa ou da extensão dos direitos 
da plebe. Durante a Idade Média foram, da mesma forma, bastante freqüentes as 
manifestações de cunho partidário, durando vários séculos a luta entre o partido Guelfo, 
favorável à supremacia do Papa, e os Gibelinos, adeptos do Imperador. 
 
Entretanto adverte DUVERGER -, a analogia das palavras não nos deve enganar. Dá-se, 
igualmente, o nome de partidos às facções que dividiam as Repúblicas antigas, aos clãs 
que se agrupavam em torno de um condutor na Itália da Renascença, aos clubes onde se 
reuniam os deputados às assembléias revolucionárias, aos comitês que preparavam as 
eleições censitárias das monarquias constitucionais, assim como às vastas organizações 
populares que enfeixam a opinião pública nas democracias modernas. Essa identidade 
nominal - admite ele justifica-se de um lado, pois traduz certo parentesco profundo, uma 
vez que todas essas instituições desempenharam o mesmo papel, que é o de conquistar o 
poder político e exercê-lo. 
 
Entretanto, no seu entender, os partidos políticos, no sentido moderno, só aparecem a 
partir de 1850.Outros autores, entre os quais OSTROGORSKI, ERSKINE MAY, AFONSO 
ARINOS eWILLIAM BENNET MUNRO, vêem o nascedouro dos modernos partidos políticos 
na Inglaterra, desde a luta entre os direitos do Parlamento e as prerrogativas da coroa, no 
século XVII, afirmando MUNRO que foi a partir de 1680 que se definiu a noção de 
oposição política, isto é, a doutrina, básica na democracia, de que os adversários do 
governo não são inimigos do Estado e de que os opositores não são traidores ou 
subversivos. 
 
 
Noção de Partido Político 
 
O partido político é uma forma de agremiação de um grupo social que se propõe 
organizar, coordenar e instrumentar a vontade popular com o fim de assumir o poder 
para realizar seu programa de governo. Pietro Virga define assim: “são associações de 
pessoas com uma ideologia ou interesses comuns, que, mediante uma organização 
estável (Partei-Apparat), miram exercer influência sobre a determinação da orientação 
política do país”. O objetivo do partido político, independente da ideologia que vise 
professar, será sempre o mesmo: a busca do poder. 
 
Sistemas partidários 
 
Desde o século XIX, os partidos políticos foram se impondo como realidade social política, 
apesar de combatidos profundamente pelos filósofos políticos do século anterior. Dentre 
esses, David Hume tenta classificar os partidos, separando-os em partidos pessoais 
(baseiam-se na amizade ou na animosidade entre os que compõem os partidos em luta) e 
partidos reais (fundamentam-se em três tipos: partidos de interesse, partidos de principio 
e partidos de afeição). Foi essa a primeira tentativa de classificar os partidos. 
 
Hoje se fala em partidos de esquerda (radicais), partidos de centro e partidos de direita 
(conservadores), e em suas combinações: partidos de centro-esquerda e partidos de 
centro-direita, esquema que tem sentido, tomando como referencia a ordem econômico-
social existente, não as posições subjetivas. A classificação de Lawrence Lowell, em certo 
sentido, justifica esse esquema quando se entende que o homem pode ser dividido em 
contente e descontente, e em favorável ou contrario as transformações de ordem 
estabelecidas. 
 
A formação de correntes partidárias, representativas dessas várias situações, conforme 
predominância ou equilíbrio de umas das outras, dá margem ao surgimento dos sistemas 
de partidos políticos, que consistem nas formas e modalidades de coexistência de 
diversos partidos de um país, ou seja, consiste no modo de organização partidária de um 
país. Os diferentes modos de organização partidária possibilitam o surgimento de três 
tipos de sistema: 
 
 Unipartidarismo ou partido único; 
 Bipartidarismo ou dois partidos; 
 Sistema pluripartidário, multipartidarismo, polipartidarimos ou de três ou 
mais partidos; 
 
Nesse ultimo se inclui o sistema brasileiro nos termos do artigo 17. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O SUFRÁGIO 
 
O sufrágio é o poder que se reconhece a certo número de pessoas, de participar direta 
ou indiretamente na soberania, isto é, na gerência da vida pública. Onde a participação 
direta, o povo decide, através do sufrágio, determinado assunto de governo, e na 
participação indireta, o povo elege representantes. No caso do sufrágio para decidir, na 
democracia indireta, ocorre a votação, e quando o povo emprega o sufrágio para eleger 
representantes, na democracia indireta, diz-se que houve eleição. 
 
1. Sufrágio Universal 
 
Os doutrinadores repartem-se em duas correntes principais para determinar se o 
sufrágio como direito, abraçam à doutrina da soberania popular; e os que veem como 
uma função; acolhem à doutrina da soberania nacional. 
 
Com efeito, pela doutrina da soberania nacional, o eleitor, serve como um instrumento 
para criar o órgão maior - o corpo docente - onde a soberania têm sempre sua sede, 
sendo a nação que dita as regras e condições do sufrágio, também podendo escolher 
quem deve fazer parte do corpo eleitoral. 
 
Nessa doutrina, não é a vontade autônoma do eleitor que intervém na eleição, mas a 
vontade soberana da nação. Decorrendo, além do sufrágio restrito, o principio da 
obrigatoriedade do voto, bem como o chamado mandato representativo. 
 
Quanto ao sufrágio direto, o povo soberano, cada individuo serve como membro da 
coletividade política, fazendo do sufrágio a expressão de vontade própria, autônoma, 
primária, de cada individuo componente do colégio eleitoral, admitindo o voto como 
direito logicamente facultativo. 
 
Contrapondo as duas doutrinas - a do sufrágio-função e a do sufrágio-direito - vê-se que 
o sistema representativo clássico da democracia liberal dominou o intelectualismo, o 
liberalismo e o qualititarismo da representação. 
 
2. Sufrágio Restrito 
 
Segundo alguns teóricos, o sufrágio é restrito, porque se compreende, doutrinariamente, 
que, restringindo-se o sufrágio, mais depressa a sociedade chegará aquele resultado: o 
governo dos melhores. 
 
Há autores que dizem que o poder de participação se prende a requisitos de nascimento 
ou origem, Sendo sempre determinante a riqueza ou instrução, como a burguesia - que 
dominava então por inteiro a cena governativa. 
 
Dentro dessas exigências, surge as seguintes modalidades; o sufrágio censitário (a 
riqueza); sufrágio capacitário (a instrução); sufrágio aristocrático ou racial (a classe social 
ou a raça). 
 
Onde o sufrágio censitário, demandava de seus titulares, pagamentos de imposto direto; 
ser dono de uma propriedade fundiária e ter certa renda. 
 
Quanto ao Sufrágio Capacitário, o critério de eliminação se dava pelo grau de instrução. 
Tendo em vista tirar as pessoas mais rudes do ponto de vista cultural, intelectual em 
relação à boa qualidade da representação formada pela elite dirigente. 
 
Enfim, no sufrágio racial, restringe-se o direito do voto por motivos que todavia se 
prendem à origem dos indivíduos: movidos pelo ânimo de excluir das urnas os pretos, 
obedecendo assim a um critério mais racial do que em verdade capacitaria. 
 
Há ainda aqueles que se excluem da participação política, por meio de sexo, como ocorre 
com as mulheres em alguns países (sufrágio masculino). 
 
3. Restrições ao Sufrágio Universal 
 
Não há sufrágio completamente universal, vez que todo sufrágio é restrito. Ocorrendo 
distinções entre o sufrágio restrito, em grau maior de participação não fica restrita às 
condições de riqueza, instrução, nascimento, raça e sexo. Ao passo que o sufrágio restrito 
exige requisitos específicos, censitários e culturais. Excluindo as restrições de riqueza ou 
capacidade, aparece o sufrágio universal, que diferentemente comporta limitações. 
Sendo essas as de nacionalidade, residência, sexo, idade, capacidade física ou mental, 
grau de instrução (o voto do analfabeto), indignidade, serviço militar, alistamento. 
 
Onde a nacionalidade, como primeira condição de capacidade política, tendo como 
"condição mínima de vinculação ao país e à coisa pública", sendo normal os estrangeiros 
serem excluídos. 
 
Sobre a residência, alguns Estados, nos sistemas de sufrágio universal, exige-se não raro 
um prazo mínimo de residência habitual ou prolongada em certa parte do território 
nacional, a fim de evitar abusos e praticas viciosas de deslocamento de eleitores de outra 
região do mesmo país. 
 
Nas limitações de sexo relativos à capacidade eleitoral existiram em geral até o fim da 
Primeira Grande Guerra Mundial, onde através de cruzadas feministas acabaram 
impondo o voto das mulheres em quase todos os países. 
 
No caso da idade, adota-se geralmente uma idade mínima, variando, conforme os 
sistemas políticos. Podendo notar igualmente em várias legislações a manifesta 
inclinação de fazer coincidir a maioridade civil com a maioridade política ou eleitoral, ou 
seja, capacidade civil de direito, privada com a capacidade ávida do direito público. 
 
Referente a capacidade

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