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Unidade 5 CLASSIFICAÇÃO DE FÁCIES E ZONAS METAMÓRFICAS Minerais Índices Isógradas Zonas Metamórficas Fácies Metamórficas Grau Metamórfico Minerais Índices Minerais Índices Representa o mineral característico que define a(s) zona(s) metamórfica(s) e que compreende uma variação restrita de pressão e temperatura. Serve de marcador para o aumento da intensidade do metamorfismo. Esses minerais índices foram determinados inicialmente por George Barrow (1893, 1912), estudando folhelhos, na região de Dalradian (SE das Terras Altas da Escócia), submetidos a metamorfismo progressivo. Neste estudo Barrow observou o aumento da granulação dos minerais com o aumento da Pressão e da Temperatura e identificou, na ordem de aparecimento, os seguintes minerais índices: Clorita Biotita Granada (almandina) Estaurolita Cianita Sillimanita Minerais Índices Vale salientar que os minerais índices não ficam restritos a suas zonas. Eles podem se manter em associação em zonas metamórficas de mais alto grau. Por exemplo, a Biotita indica a passagem da zona da clorita para a da biotita, mas esta pode continuar aparecendo até a zona da cianita. Ruberti et al. (2000) Minerais Índices Muitos minerais índices são bons indicadores das condições metamórficas nas quais foram formados. Minerais Índices em rochas metamórficas de protólito pelítico. Muellen, K. (2008) Minerais Índices A sequência de minerais índices determinada por Barrow pode ser observada em metapelitos de diversas regiões, e serve como referência para o metamorfismo destas rochas. Porém, variando alguns fatores (composição, relação T/P, etc), alguns minerais índices podem não se desenvolver ou serem substituídos por outros. Isógradas Isógradas Definida por C. Tilley (1924, 1925), compreende a linha definida pelos locais do primeiro aparecimento de cada um dos minerais índices encontrados. Para cada mineral índice teremos a respectiva isógrada (isógrada da biotita, isógrada da granada, etc). Assim, a isógrada da biotita representa o início do aparecimento da biotita. A distribuição da isógrada tende a seguir o padrão estrutural de uma região. Uma isógrada baseada na biotita, por exemplo, é uma boa medida aproximada da pressão e temperatura do metamorfismo. Isógradas Porém, é mais adequado usar um grupo de dois ou mais minerais, cujas texturas indicam que se cristalizaram juntos, para determinar a pressão e a temperatura. Por exemplo, a isógrada da sillimanita é representada pela reação química: KAl3Si3O10(OH)2 + SiO2 KAlSi3O8 + Al2SiO5 + H2O muscovita + quartzo K-feldspato + sillimanita + água Muitos grupos de minerais são estudados em laboratório para determinar mais precisamente a pressão e a temperatura na qual se formaram. O resultado é útil para calibrar o mapeamento de campo das isógradas. As isógradas separam faixas de disposição mais ou menos paralelas – as zonas metamórficas. Zonas Metamórficas Zonas Metamórficas Representa uma faixa no terreno entre duas isógradas. Uma zona inicia-se na isógrada do mineral de temperatura mais baixa, que lhe dá nome, e termina na isógrada do mineral subseqüente, onde se inicia a zona metamórfica do novo mineral. Os minerais índices definem as Zonas Metamórficas que são separadas pelas isógradas.Press et al. (2006) As isógradas em conjunto com as zonas metamórficas podem ser usadas para plotar a intensidade do metamorfismo (temperatura e pressão) em uma área como a da Nova Inglaterra (EUA). Zonas Metamórficas Vale ressaltar, que o mineral da zona anterior não desaparece necessariamente na isógrada do mineral seguinte. Biotita e granada, por exemplo, persistem através das zonas da estaurolita e cianita, alcançando até a zona da sillimanita (e além, muitas vezes). Zonas Metamórficas Metapelitos das zonas metamórficas barrovianas: Zona da clorita: ardósias e filitos Clorita + Muscovita + Quarzto + Albita Zona da biotita: filitos e xistos finos Biotita + Clorita + Muscovita + Quarzto + Albita Zona da granada: xistos finos a médios Granada (almandina) + Biotita + Muscovita + Clorita + Quartzo + Albita/Oligoclásio Zona da estaurolita: xistos médios Estaurolita + Granada + Biotita + Muscovita + Quartzo + Plagioclásio ( Clorita) Zona da cianita: xistos Cianita + Granada + Biotita + Muscovita + Quartzo + Plagioclásio ( Estaurolita) Zona da sillimanita Sillimanita + + Biotita + Quartzo + Plagioclásio ( Cianita Muscovita) Zonas Metamórficas A seqüência de minerais índices, isógradas e zonas metamórficas observadas por G. Barrow na Escócia definem o “modelo metamórfico barroviano”, que pode ser aplicado a diversos outros terrenos metamórficos (também conhecido como “metamorfismo barroviano”, “zonas barrovianas”, etc). Modelo esquemático mostrando a relação entre minerais índices, isógradas e zonas metamórficas. Zonas Metamórficas Todavia, em outros terrenos, metapelitos composicionalmente idênticos podem apresentar seqüências de minerais índices diferentes, por exemplo na região a NE de Dalradian, no distrito de Buchan: Clorita Biotita Cordierita Andaluzita Sillimanita Na região de Buchan, pelitos composicionalmente idênticos aos da região estudada por Barrow apresentam uma seqüência de minerais-índice diferente em função das condições metamórficas de P menor. Fácies Metamórficas Fácies Metamórficas O conceito de fácies metamórfica corresponde a uma ampliação do conceito de zonas metamórficas. Este foi proposto P. Eskola (em 1915, 1920), que ao comparar auréolas metamórficas de duas intrusões distintas da Finlândia e da Noruega, verificou haver uma seqüência de surgimento de minerais metamórficos em função da distância do contato com a rocha ígnea. Comparando os resultados entre as duas intrusões observou que rochas composicionalmente iguais geraram diferentes assembléias minerais. Eskola atribuiu tais diferenças às variações de temperatura e de pressão, às quais foram submetidas as rochas e chamou o termo de fácies metamórficas Fácies Metamórficas Eskola atribuiu às fácies o nome de rochas típicas, tais como fácies albita epidoto hornfels, fácies xisto verde, fácies anfibolito, entre outras. São várias as definições de fácies metamórficas, a mais recente atribuída pela Subcomissão de Rochas Metamórficas da IUGS usa o conceito inicial de Eskola e os comentários de outros trabalhos: “Uma fácies metamórfica é um conjunto de assembléias minerais metamórficas, repetidamente associadas no tempo e espaço e que mostra uma relação regular entre composição mineral e composição química, tal que diferente fácies metamórfica (grupo de assembléias minerais) esteja relacionada a diferentes condições metamórficas, em particular temperatura e pressão, embora outras variáveis, como PH2O também pode ser importante” (Smulikowski et al. 2007). Fácies Metamórficas Distribuição das fácies metamórficas no campo P-T, onde: Z = fácies zeólita, PP = fácies prehnita- pumpellyita, XV = fácies xisto verde, EA = fácies epídoto anfibolito, A = fácies anfibolito, G = fácies granulito, XA = fácies xisto azul, E = fácies eclogito, AE = fácies albita epidoto hornfels, H = fácies hornblenda hornfels, P = fácies piroxênio hornfels e S = sanidina hornfels. Juliani et al. (2002) Fácies Metamórficas Inicialmente Eskola definiu 5 fácies: Xisto Verde, Anfibolito, Piroxênio Hornfels (original: Hornfels), Sanidinito e Eclogito. Depoisfoi mais 3 fácies: Xisto Azul (original: Glaucofânio Xisto), Epidoto Anfibolito e Granulito. Posteriormente outros autores acrescentaram: Zeólita e Prehnita- Pumpellyita. O conceito de Fácies Metamórfica considera as assembléias de minerais e não apenas um mineral. Assim, diferentes rochas com diferentes composições químicas podem ter seu grau metamórfico estimado pelas assembléias minerais presentes em cada litotipo. Fácies Metamórficas Esquema de cristalização sequenciada de diferentes minerais em rochas de composição diferentes. Juliani et al. (2002) A aplicação das fácies metamórfica deve levar em consideração: Fácies Metamórficas a) Como as fácies metamórficas foram definidas, inicialmente, para rochas básicas ígneas e vulcanoclásticas metamorfizadas, há diferenças mineralógicas com as zonas metamórficas para metapelitos. Por exemplo, a 550oC e a 5 kbar temos: Metapelitos = cianita + granada + estaurolita + muscovita + quartzo Metabásicas = hornblenda + epidoto + plagioclásio granada clorita Metamargas = diopsídio + calcita + tremolita + zoisita Fácies Metamórficas Relação entre fácies e diferentes minerais produzidosPress et al. (2006) Fácies Metamórficas b) Os limites entre as diferentes fácies metamórficas representam condições de P-T. Em geral os minerais chaves são adicionais ou removidos da assembléia de minerais ao ultrapassar estes limites, com por exemplo: Fácies xisto verde = clorita + epidoto Fácies anfibolito = clorita + epidoto + hornblenda Fácies granulito = anfibólio ortopiroxênio c) As fácies não dependem somente da Temperatura e Pressão Litostática, mas também da Pressão de H2O. Fácies Metamórficas Fácies Zeólita Ocorre em T e P muito baixas, no limite diagênese-metamorfismo. É representada pelas primeiras assembléias desenvolvidas no metamorfismo de soterramento. Em profundidades de poucos kms, desenvolve zeólitas (analcima, laumontita) com outros minerais de baixa T: clorita, sericita, quartzo, albita e calcita. Aumentando o grau metamórfico, laumontita desaparece e forma-se prehnita, pela reação laumontita + calcita ↔ prehnita + quartzo + H2O + CO2. Fácies Metamórficas Fácies Prehnita-Pumpellyita Ocorre com P parecidas a fácies anterior, mas com T um pouco mais elevada. Esta fácies é caracterizada pela ocorrência de prehnita e/ou pumpellyita e ausência de zeólitas. Semelhante a fácies zeólita, a cristalalização metamórfica na fácies em lide geralmente ocorre em rochas vulcânicas a vulcanoclásticas e grauvacas com material vulcânico. Fácies Metamórficas Fácies Xisto Verde É definida por paragênese estáveis em T e P baixas, porém maiores que as fácies anteriores. É representada por sericita, clorita, biotita e granada em metapelitos e actinolita, tremolita, albita, epidoto e calcita nas metabásicas. A transição da fácies xisto verde para a fácies prehnita-pumpellyita é marcada pelo desaparecimento da pumpellyita e aparecimento do epidoto; e na transição para a fácies xisto azul pela substituição da actinolita pelo glaucofânio. Fácies Metamórficas Fácies Xisto Verde A coexistência de actinolita e horblenda marca a transição xisto verde – anfibolito em metabásicas. Já em metapelitos e metapsamitos é devido a coexistência de albita e plagioclásio (An>20%). Fácies Metamórficas Fácies Anfibolito Ocorre em T médias a altas e P médias. Em rochas metabásicas a paragênese diagnóstica é formada por hornblenda e plagioclásio (An>20%), caracterizando os anfibolitos. Em metapelitos é comum encontrar muscovita, biotita, granada. Porém os minerais diagnósticos são estaurolita e cianita. Fácies Metamórficas Fácies Anfibolito Nos limites superiores, a muscovita em presença de quartzo, torna-se instável e produz feldspato potássico e sillimanita, pela reação de desidratação muscovita + quartzo ↔ sillimanita + K-feldspato + H2O. Em temperaturas mais elevadas a hornblenda se desestabiliza e começa a formar piroxênios. Fácies Metamórficas Fácies Granulito Ocorre em condições de T e P muito elevadas, com pouca água. Neste caso a hornblenda e a biotita desaparecem e as rochas tornam-se desidratadas. A associação típica desta fácies é a presença de orto e clinopiroxênios, associados a outros minerais anidros, como granada, plagioclásio e quartzo. Fácies Metamórficas Fácies Xisto Azul É característica de altas pressões. É marcada por assembléias contendo minerais de alta densidade (lawsonita e aragonita) e baixa T (clorita). As rochas são constituídas pela combinação variadas de lawsonita, aragonita, piroxênio sódico, glaucofânio (anfibólio sódico). Fácies Eclogito Ocorre em T (> 500oC) e P (> 12 kbar) muito elevadas. As metabásicas podem conter onfacita e granada (piropo), enquanto que os metapelitos mostram talco e cianita. Fácies Metamórficas Em rochas de metamorfismo de contato podem ser reconhecidas as seguintes fácies metamórficas: Fácies Metamórficas Fácies Albita Epidoto Hornfels Possui paragêneses semelhantes à fácies xisto verde. Fácies Hornblenda Hornfels Possui paragêneses semelhantes à fácies xisto anfibolito. Em rochas metapelíticas é possível encontrar cordierita e rara granada, além de andaluzita no lugar da cianita. Fácies Metamórficas Fácies Piroxênio Hornfels Ocorre em T elevadas possibilitando a formação de piroxênios. Em metapelitos ocorrem cordierita + ortopiroxênio + feldspato potássico + plagioclásio + quartzo. E em metabásicas têm-se ortopiroxênio + clinopiroxênio + plagioclásio + quartzo. Fácies Sanidina Hornfels Ocorre em T ainda mais elevadas que a fácies anterior, permitindo a cristalização de sanidina. Geralmente associa-se a intrusões de rochas básicas a ultrabásicas. Grau Metamórfico Grau Metamórfico O termo é utilizado para indicar condições relativas de metamorfismo. Foi criado por Tilley (1924) como um termo qualitativo que expressa genericamente a intensidade do metamorfismo, principalmente com relação a Temperatura. E pode ser dividido 4 tipos, a saber: Grau Incipiente (ou muito baixo) Refere-se as rochas formadas sob T e P mais baixas de regiões crustais rasas. São correlacionáveis com as fácies zeólita e prehnita-pumpellyita. Grau Fraco (ou baixo) Sobrepondo-se ao grau anterior em T e P, sendo correlacionável a fácies xisto verde. Grau Metamórfico Distribuição esquemática da variação do grau metamórfico no campo P-T Winkler (1977) Grau Metamórfico Grau Forte (ou alto) Compreende as rochas formadas em zonas mais profundas, onde as T e P são mais elevadas, sendo correlacionável a fácies granulito. Grau Médio (ou intermediário) Compreende as rochas formadas sob T e P intermediárias, sendo correlacionál a fácies anfibolito. Quando uma ardósia p.ex., é metamorfizada ela pode progredir de baixo a alto grau Diferentes tipos de rochas geradas a partir da mudança do grau metamórfico em uma ardósia. Press et al. (2006)
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