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OFICINA DE INSTRUMENTOS TÉCNICOS OPERATIVOS Professora Esp. Daniela Sikorski Professora Esp. Fernanda Carvalho Basilio Hernandez Professora Esp. Júlia Fernanda Mariotto Casini Professora Esp. Suzie Keilla Viana da Silva GRADUAÇÃO Unicesumar Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; SIKORSKI, Daniela; HERNANDEZ, Fernanda Carvalho Basilio; CASINI, Júlia Fernanda Mariotto; SILVA, Suzie Keilla Viana da. Oficina de Instrumentos Técnicos Operativos. Daniela Sikorski; Fernanda Carvalho Basilio Hernandez; Júlia Fernanda Mariotto Casini; Suzie Keilla Viana da Silva. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016. Reimpresso em 2018. 189 p. “Graduação - EaD”. 1. Oficina. 2. Instrumentos. 3. Técnicos. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0432-8 CDD - 22 ed. 361 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard Coordenador de Conteúdo Maria Cristina Araújo de Brito Cunha Designer Educacional Rossana Costa Giani Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Matheus Felipe Davi Qualidade Textual Pedro Barth Gabriel Bruno Martins Ilustração Marcelo Goto Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Pró-Reitor de Ensino de EAD Diretoria de Graduação e Pós-graduação Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis- cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U TO RE S Professora Esp. Daniela Sikorski Especialista em Política Social e Gestão de Serviços Sociais pela Universidade Estadual de Londrina. Possui Graduação em Serviço Social pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Tem experiência profissional na área de Serviço Social na Educação, Terceiro Setor, Responsabilidade Social e Gestão na Área da Saúde. Experiência em Educação a Distância em Serviço Social. Professora Esp. Fernanda Carvalho Basilio Hernandez Especialista em EAD e as Novas Tecnologias. Graduada em Serviço Social pela Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana (FECEA). Atualmente, é professora orientadora da Pós-graduação do Núcleo de Educação a Distância - NEAD Unicesumar. Professora Esp. Júlia Fernanda Mariotto Casini Especialista em Gestão da Política de Assistência Social na Perspectiva do SUAS pela Faculdade de Paraíso do Norte (FAPAN). Especialista em Gestão da Saúde pela Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO). Graduada em Serviço Social pela Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana (FECEA). Foi aluna não-regular do mestrado em Serviço Social e Política Social da Universidade Estadual de Londrina (UEL) – 2015-2016. Atualmente, é assistente social do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP), do Município de Maringá – PR. Professora Esp. Suzie Keilla Viana da Silva Especialista em Gestão da Política de Assistência Social na Perspectiva do SUAS – FAPAN e aluna Não-regular do Curso de Mestrado em Ciências Sociais na Universidade Estadual de Maringá – UEM. Bacharel em Serviço Social pela Fundação Universidade do Tocantins – UNITINS. Atualmente é Professora Mediadora do Curso de Serviço Social no Núcleo de Educação a Distância - NEAD Unicesumar. SEJA BEM-VINDO(A)! Olá, caro (a) estudante! É com imenso prazer que apresentamos a você o livro da discipli- na de Oficina de Instrumentos Técnicos e Operativos. Este material foi produzido a partir de um trabalho coletivo de parte da equipe do curso de Serviço Social. Nós somos as professoras Fernanda Carvalho Basilio Hernandez, Júlia Fernanda Mariot- to Casini, DanielaSikorski e Suzie Keilla Viana da Silva, autoras deste livro. Pensamos e realizamos esta produção com muito carinho, levando em consideração os aspectos mais relevantes que são necessários para o seu processo de formação profissional. Afi- nal, você é um assistente social em formação! E, portanto, já faz parte da categoria pro- fissional de assistentes sociais. Logo mais, você estará inserido nos mais diversos espaços sócio-ocupacionais que ne- cessitam do exercício profissional do assistente social. Sabe-se que, atualmente, são di- versificados os espaços nos quais o assistente social se faz presente e impacta, de modo positivo, a vida da população usuária, independente da especificidade que a interven- ção possua. Seja na esfera pública ou privada, o Serviço Social é requisitado para aten- der demandas que emanam de seu objeto de estudo e intervenção: a questão social. Enquanto profissão, inserida na divisão social e técnica do trabalho, os assistentes so- ciais precisam responder a necessidades sociais. Para tanto, é necessário realizar inter- venção na realidade social. É a partir da intervenção no tecido social que o assistente social pode transformar a realidade social. O processo de trabalho do assistente social possui distintas dimensões que se relacionam: teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa. A dimensão técnico-operativa do assistente social é a dimensão que possibilita o “agir” profissional. É operando que o assistente social realiza intervenções e pode transformar a realidade dos sujeitos que atende. E é, desse modo, que a dimensão técnico-operativa traduz o agir profissional. Para in- tervir na realidade o assistente social se utiliza de instrumentos e técnicas. Por isso que falamos em “instrumentos técnicos e operativos”. São, portanto, instrumentos de opera- cionalização da prática profissional do assistente social. Tal dimensão oferece significa- do ao “operar” do assistente social. Para operar, para agir, para intervir na realidade social, o assistente social precisa, neces- sariamente, estar ancorado em uma sustentável base teórico-metodológica e em uma base ético-política. Sendo assim, é preciso conhecer a realidade por meio de um méto- do e de teorias e, ainda, assumir uma posição profissional que esteja ao lado da classe trabalhadora. A partir disso, é que a dimensão técnico-operativa ganha sentido. Pensando dessa forma, foi que organizamos este livro de modo a contemplar os prin- cipais pontos, nesta disciplina, que são necessários ao processo de ensino e aprendiza- gem. APRESENTAÇÃO OFICINA DE INSTRUMENTOS TÉCNICOS OPERATIVOS A unidade I introduzirá a instrumentalidade no Serviço Social e os seus conceitos, demonstrando como esse assunto toma corpo no âmbito da profissão. A diferen- ciação entre instrumento e instrumentalidade e, ainda, as mudanças ocorridas no processo de operacionalização da prática. Na unidade II, vamos discutir a dimensão técnico-operativa do Serviço Social e a sua relação com as dimensões teórico-metodológica e ético-política. Veremos que a atuação do profissional possui essas dimensões e é preciso que o assistente social tenha clareza sobre elas. Na unidade III, abordaremos os principais instrumentos e técnicas utilizados pelos assistentes sociais. Você conhecerá os principais instrumentos e técnicas dos quais o Serviço Social se utiliza para intervir na realidade. Na unidade IV, vamos trabalhar a questão do registro e da documentação no exer- cício profissional. Pois, a utilização de um instrumental pressupõe a coleta de infor- mações para a intervenção no tecido social. Isso, por sua vez, requer registro e docu- mentação. Sem registrar e sem documentar a prática profissional, não conseguimos dar materialidade ao nosso agir. Por fim, na unidade V, vamos relacionar a importância do conhecimento para a prá- xis (relação teoria e prática) no Serviço Social. Pois, é o conhecimento que oferece sustentação para a intervenção profissional que ocorre por meio da dimensão téc- nico-operativa e, portanto, a partir da instrumentalidade. Esperamos que seus conhecimentos possam ser aprimorados por meio das refle- xões aqui propostas. Lembre-se que nenhum instrumento ou técnica utilizado pos- sui valor ou materialidade se for desprovido do conhecimento. Desse modo, que- remos possibilitar que você seja um profissional instrumentalizado e possa estar comprometido com a qualidade dos serviços prestados, na perspectiva da garantia dos direitos sociais, civis e políticos. Bons estudos! APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I A INSTRUMENTALIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL 15 Introdução 16 Um Breve Resgate Histórico 18 Conceitos de Instrumentalidade 21 Diferenças entre Instrumento e Instrumentalidade 26 A Instrumentalidade como Mediação 29 A Instrumentalidade no Exercício da Profissão 31 Instrumentalidade e o Serviço Social 34 Considerações Finais 39 Referências 40 Gabarito UNIDADE II A DIMENSÃO TÉCNICO-OPERATIVA E A SUA RELAÇÃO COM AS DIMENSÕES TEÓRICO-METODOLÓGICA E ÉTICO-POLÍTICA 43 Introdução 44 A Dimensão Técnico-Operativa no Serviço Social 48 A Dimensão Ético-Política no Serviço Social 50 A Dimensão Teórico-Metodológica no Serviço Social 52 A Relação entre as Três Dimensões no Serviço Social 56 Considerações Finais SUMÁRIO 10 61 Referências 62 Gabarito UNIDADE III OS PRINCIPAIS INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DA INTERVENÇÃO PROFISSIONAL EM SERVIÇO SOCIAL 65 Introdução 66 Condições para um Bom Atendimento 74 Observação e Diálogo 82 Relacionamento 88 Investigação 89 Análise de Conjuntura 91 Instrumentais Quantitativos 92 Instrumentais Qualitativos 94 Diário de Campo 95 Entrevista 97 Visita Domiciliar 106 Abordagem 107 Reunião 110 Dinâmica de Grupo 112 Relatório Social 115 Estudo de Diagnóstico Pós-Acolhimento SUMÁRIO 11 117 Plano Individual de Atendimento (PIA) 119 Estudo Social 121 Perícia Social 122 Laudo Social 123 Parecer Social 126 Considerações Finais 132 Referências 135 Gabarito UNIDADE IV A RELEVÂNCIA DOS REGISTROS NA DOCUMENTAÇÃO DO COTIDIANO PROFISSIONAL 139 Introdução 140 Considerações Acerca da Documentação e Registro da Ação Profissional 141 Informação, Registro e Documentação Como Instrumento de Trabalho do Assistente Social 146 A Documentação do Cotidiano Profissional no Espaço Sóciojurídico 149 O Sigilo Profissional Acerca do Atendimento e da Documentação 153 Considerações Finais 159 Referências 160 Gabarito SUMÁRIO 12 UNIDADE V O CONHECIMENTO E A SUA IMPORTÂNCIA PARA O SERVIÇO SOCIAL: A PRÁXIS NO PROCESSO DE INTERVENÇÃO 163 Introdução 164 Conceitos do Conhecimento e a sua Importância para o Serviço Social 170 Concepção de Práxis no Serviço Social 179 A Relação Teoria e Prática no Serviço Social 180 Considerações Finais 187 Referências 188 Gabarito 189 CONCLUSÃO U N ID A D E I Professora Esp. Fernanda Carvalho Basilio Hernandez A INSTRUMENTALIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar o processo de construção, análise e utilização do instrumental técnico-operativo do serviço social em concordância com o projeto ético-político profissional. ■ Refletir e entender a instrumentalidade do serviço social na prática profissional cotidiana. ■ Compreender técnica, método, instrumento e instrumentalidade enquanto parte da prática profissional do assistente social. ■ Discutir a instrumentalidade enquanto mediação das dimensões ético-política, teórico-metodológica e técnico-operativa do serviço social. ■ Apresentar a relevância da instrumentalidade no cotidiano profissional.■ Discutir a estreita relação entre a instrumentalidade e a profissão. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Um breve resgate histórico ■ Conceitos de instrumentalidade ■ Diferenças entre instrumento e instrumentalidade ■ A instrumentalidade como mediação ■ A instrumentalidade no exercício da profissão ■ A instrumentalidade e o serviço social INTRODUÇÃO Caro (a) aluno (a), com imensa satisfação este conteúdo foi preparado para lhe auxiliar na compreensão do que é instrumentalidade no serviço social, pois muito se confunde instrumentalidade com instrumentos e você perceberá que embora sejam palavras parecidas, na prática profissional seus significados são diferentes. Discorreremos sobre a instrumentalidade no serviço social e seus conceitos. Faremos um breve resgate histórico para compreendermos o início da profis- são e as mudanças que ocorreram na forma de se trabalhar, mudanças estas que ocorrem até a atualidade, pois como veremos no decorrer desta unidade, cada profissional tem sua própria instrumentalidade, já que cada um age a sua maneira. Ou seja, mesmo utilizando os mesmos instrumentais, a instrumentalidade muda. Dessa forma, também abordaremos as diferenças existentes entre instrumento e instrumentalidade, bem como a utilização da mesma no cotidiano profissio- nal, transformando a prática, a realidade social e o cotidiano das pessoas. Isso quer dizer que os assistentes sociais usam e/ou modificam os meios e as condi- ções, transformando-as, adaptando-as e utilizando-as em benefício próprio a fim de atingir seus objetivos e ao transformar a natureza da matéria os homens transformam a si próprios. Parece complicado, não é mesmo? Mas no decorrer da leitura você perceberá que é mais simples do que parece! E compreenderá cada vez mais as diferenças que tanto falamos entre instrumento e instrumentalidade. Por fim, falaremos sobre a instrumentalidade na prática profissional, o que acaba se tornando um desafio, pois no dia a dia pode predominar a no agir profissional, a reprodução automática da prática por si só, o fazer por fazer. O desafio é não se deixar paralisar pelo costume de fazer as mesmas coisas do mesmo jeito. E também por esse motivo é que a instrumentalidade se torna tão importante. Espero que você goste do conteúdo desta unidade e que ele auxilie no seu processo de aprendizagem e futuramente no sucesso de sua prática pro- fissional. Boa leitura! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 ©shutterstock A INSTRUMENTALIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 UM BREVE RESGATE HISTÓRICO O Serviço Social enquanto profissão pressupõe no desenvolvimento de suas funções algumas atribuições ético-políticas, teórico-metodológicas e técnico-ope- rativas para trabalhar com as peculiaridades do dia a dia profissional. Portanto, para entendermos o que é instrumentalidade, voltaremos um pouco na história para entendermos melhor tudo isso. Vamos lá? Na década de 1950, surgiu na América Latina, junto com a perspectiva desenvolvimentista, o Serviço Social de caso, grupo e comunidade. O objetivo do desenvolvimento, utilizando-se do capitalismo industrial, era possibilitar a transformação dos países subdesenvolvidos em uma potência como os Estados Unidos. Partindo desse cenário, os assistentes sociais, que antes analisavam os problemas da comunidade de maneira individual diante da concepção desen- volvimentista, buscam um entendimento das relações sociais. Nesse período, constata-se uma tecnificação da ação profissional, junto com um processo buro- crático intenso das atividades institucionais. O primeiro estudo em nível de Serviço Social mais diretamente fundamen- tado nas contribuições marxianas foi publicado na primeira metade dos anos 80 do século XX. Trata-se da obra “Relações Sociais e Serviço Social no Brasil – esboço de uma interpretação histórico-metodológica” (1985), de au- toria da assistente social e professora Marilda Vilela Iamamoto, em parceria com Raul de Carvalho. Fonte: Silva (2007 p. 282). Um Breve Resgate Histórico Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 Nos anos de 1960, as discrepâncias conjunturais auxiliam para que os primei- ros questionamentos sejam realizados. Momento da Ditadura Militar, arrocho salarial, e outros acontecimentos contribuíram para que o Serviço Social tradi- cional criasse o conhecido Movimento de Reconceituação. O serviço social, na década de 1970, era problemático, pois, diante do Movimento de Reconceituação e o processo de ruptura com o tradicionalismo não foi bem aceito por toda a classe. Somente nos anos 1980 e 1990 é que o pro- jeto ético-político rompe o tradicionalismo na profissão e constitui uma estrutura teórica com base na tradição marxiana. Diante do breve resgate histórico, podemos compreender a razão, de na con- temporaneidade, o projeto ético-político do Serviço Social ainda ser fortemente marcado pela tradição marxista, e comprometido com a classe trabalhadora na árdua luta de interesses travada entre capitalismo e proletariado. ©shutterstock A INSTRUMENTALIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 CONCEITOS DE INSTRUMENTALIDADE Para compreendermos o termo instrumentalidade é preciso compreender o sufixo “idade”, que aqui expressa qualidade, peculiaridade ou habilidade de algo. Instrumentalidade transmite a ideia de instrumentos necessários ao trabalho do profissional, permitindo aos assistentes sociais planejar, delinear seus objetivos até chegar a resultados efetivos. Percebemos dessa maneira que a instrumenta- lidade do Serviço Social não é feita somente de termos teórico-filosóficos, mas sim “constituídas de históricos da realidade social, tendo como matéria prima sua profissionalidade que está sempre sendo construída, conduzida e reconstru- ída.” (GUERRA, 1995, p. 13). Dessa maneira, comprovamos que a instrumentalidade no dia a dia do assistente social não é composta por instrumentos técnicos, mas sim por uma capacidade de constituir da profissão, no íntimo dos vínculos sociais do desem- penho profissional, oportunizando a possibilidade de atender às demandas e a conquista dos projetos traçados. Segundo Guerra (2000, p. 2): Foi dito que a instrumentalidade é uma propriedade e/ou capacidade que a profissão vai adquirindo na medida em que concretiza objeti- vos. Ela possibilita que os profissionais objetivem sua intencionalidade em respostas profissionais. É por meio desta capacidade, adquirida no exercício profissional, que os assistentes sociais modificam, transfor- mam, alteram as condições objetivas e subjetivas e as relações interpes- soais e sociais existentes num determinado nível da realidade social: no nível do cotidiano. Na medida em que os profissionais utilizam, criam, adequam às condições existentes, transformando-as em meios/instrumentos para a objetivação das intencionalidades, suas ações são portadoras de instrumentalidade. Deste modo, a instrumentalidade é tanto condição necessária de todo trabalho social quanto categoria constitutiva, um modo de ser, de todo trabalho. Fonte: Guerra (2000, p. 2). Conceitos de Instrumentalidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e Lei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 Dito isso, perceba que o assistente social dá instrumentalidade ao seu exercício quando modifica o dia a dia, tanto profissional quanto das classes sociais que são sua demanda, alterando as condições efetivas, as transformando em condições, modo e instrumentos capazes de atingir as metas profissionais. Segundo Iamamoto (2003, p. 62-63): as bases teórico-metodológicas, são recursos essenciais que o Assisten- te Social aciona para exercer o seu trabalho: contribuem para iluminar a leitura da realidade e imprimir rumos à ação, ao mesmo tempo em que a moldam. Assim, o conhecimento não é só um verniz que sobre- põe superficialmente a prática profissional, podendo ser dispensado; mas é um meio pelo qual é possível decifrar a realidade e clarear a con- dução do trabalho realizado. O ser social é a base necessária para constatar que além de novos instrumentos, o serviço social precisa de racionalidade, como parâmetro e expressão faz teo- rias e praticas capaz de esclarecer os objetivos. Ou seja, o Assistente Social não deve tomar os instrumentos como um fim em si mesmo, e sim entendê-los como instrumentalidade necessária para transformar a realidade. Você pode estar se perguntando: por que a instrumentalidade é requisito para que a profissão tenha reconhecimento social? A INSTRUMENTALIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 Vamos lá! Essa exigência ligada ao exercício profissional é transferida pelos homens no decurso de atendimentos das demandas materiais, por exemplo, comer, beber, dormir, procriar e também as necessidades espirituais, que dizem respeito à mente, ao espírito, às fantasias. Essa condição da instrumentalidade é construída e reconstruída no dia a dia por seus agentes no decorrer de todo tra- balho social e suas ramificações, por exemplo, o Serviço Social. O processo de trabalho proporciona a transformação do homem, dos outros e da realidade, e é por esse processo que, segundo Lessa (1999, p. 6), o homem detém a capacidade de manipulação, de conversão dos objetos em ins- trumentos que atendam as necessidades dos homens e de transforma- ção da natureza em produtos úteis (e em decorrência, a transformação da sociedade). Mas a práxis necessita de muitas outras capacidades/ propriedades além da própria instrumentalidade. Partindo desse pressuposto, o processo de trabalho é entendido como uma soma de atividades para se atingir o objetivo proposto, os quais advêm à existência e estão ligadas a adequação e criação dos modos e condições objetivas e subjetivas. Em outras palavras, os profissionais usam ou modificam os meios e as con- dições, transformando, adaptando e utilizando em benefício próprio a fim de atingir seus objetivos, e ao transformar a natureza da matéria os homens trans- formam a si próprios, compondo um mundo necessário a realização do processo de trabalho. Conforme Guerra (2000, p. 4), “entretanto, tal conhecimento seria insuficiente se a ele não se acrescentasse a operatividade propriamente dita, a capacidade de os homens alterarem o estado atual de tais objetos”. Dito isso, percebemos que por intermédio do trabalho, o homem passa a mediar seu relacionamento com os outros, desenvolvendo consciência e conhe- cimento, pois “(...) o desenvolvimento do trabalho exige o desenvolvimento de suas próprias relações sociais e o processo de reprodução social como ser histó- rico, e, portanto pela própria práxis” (LESSA, 1999; GUERRA, 2000). Diferenças entre Instrumento e Instrumentalidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 Veja que a transformação na discussão e na utilização da instrumentalidade se insere no cenário da construção e reconstrução da profissão, cenário esse que mudou ao longo dos anos, conforme vimos no conteúdo anterior. Agora, caro (a) aluno (a), você precisa saber diferenciar instrumentalidade e instrumentos, que parecem ser a mesma coisa, mas você verá que não são. Vamos ao próximo tópico! DIFERENÇAS ENTRE INSTRUMENTO E INSTRUMENTALIDADE Para começarmos a entender a instrumentalidade é necessário distingui-la de instrumentos. A autora Guerra (2007, p.1) nos mostra que a instrumentalidade: No exercício profissional refere-se, não ao conjunto de instrumentos e técnicas (neste caso, a instrumentação técnica), mas a uma determina- da capacidade ou propriedade constitutiva da profissão, construído e reconstruída no processo sócio-histórico. O que é Práxis? Prática; atividade ou situação concreta que se opõe à teórica. Filosofia. Marxismo. Atividade humana concreta que, contrária à teó- rica, possibilita que alguém trabalhe no cultural, política e socialmen- te, alterando e modificando as relações entre indivíduos e grupos. Tipo de conhecimento que se volta para as relações sociais e para o âmbito político, econômico e moral. Fonte: Dicionário Práxis1 ©shutterstock A INSTRUMENTALIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 Perceba que na concepção da autora, a instrumentalidade se tra- duz no modo de ser característico do cotidiano do profissional, que é delineado tendo como ponto de partida as relações sociais. Relações estas que são firmadas no cerne da conjuntura, tanto obje- tivas quanto subjetivas, nas quais se desenvolvem o cotidiano profis- sional, e na medida em que viabilizam a efetivação dos objetivos a que se dispõe a profissão se firma como “condição concreta de reconhecimento social da pro- fissão” (GUERRA, 2007, p. 2). Conforme se compreende que instrumentalidade quer dizer capacidade for- mada a partir do cotidiano profissional, haverá possibilidade de notar que é essa capacidade a viabilizadora para o profissional modificar as condições de traba- lho que são dispostas em instrumentos e formas que oportunizam a realização das suas metas de trabalho. Diante disso, Guerra (2000, p. 54) nos diz que: [...] a instrumentalidade possibilita que os profissionais objetivem sua intencionalidade em respostas profissionais. É por meio da instrumen- talidade que os assistentes sociais modificam, transformam, alteram as condições objetivas e subjetivas e as relações interpessoais e sociais existentes num determinado nível da realidade social: no nível do co- tidiano. Em outras palavras, a instrumentalidade no contexto capitalista se transforma em instrumentalização das pessoas que são aproveitadas para se conseguir alguns objetivos. Dessa forma, a profissão vem como uma maneira do capital conseguir alcançar objetivos político-econômicos, definindo-se como um instrumento a favor do capital. A ação do profissional deve ser mediatizada por referenciais teórico-meto- dológicos e princípios ético-políticos. (Guerra) 2012. Diferenças entre Instrumento e Instrumentalidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 É necessário destacar que mesmo que as solicitações sejam urgentes e de cunho instrumental a ação do assistente social não deve ficar presa a elas, pois senão o profissional pode se tornar um simples instrumento para obter respos- tas imediatas. Iamamoto (2008, p. 20) diz que: Um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é de- senvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos,a partir de demandas emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional pro- positivo e não só executivo. Para isso, o assistente social tem que estar disposto a refletir e buscar uma opinião e um raciocínio crítico, indo de encontro às práticas cotidianas e ao desaponta- mento teórico colocado a prova pela prática do dia a dia. É importantve que o assistente social desenvolva sua instrumentalidade de maneira que traga originalidade ao seu cotidiano, sem cessar a habilidade para atender às demandas sociais. Sendo assim, é importante que você, caro (a) aluno (a), reflita sobre a importância sócia histórica da instrumentalidade do serviço social como premissa de oportunidade, e perceba a estrutura das políticas sociais, como área de atuação e intervenção. Falando em políticas sociais, abordaremos agora os vínculos existentes entre elas e o Serviço Social, uma vez que a profissão tem utilidade social ligada às políticas sociais, a instrumentalidade pode ser vista como: A INSTRUMENTALIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 (...) uma condição sócio histórica da profissão em três níveis: 1. Da instrumentalidade do Serviço Social face ao projeto burguês, o que significa a capacidade que a profissão porta (dado ao caráter re- formista e integrador das políticas sociais) de ser convertida em ins- trumento, em meio de manutenção da ordem, a serviço do projeto reformista da burguesia. Neste caso, dentro do projeto burguês de re- formar conservando, o Estado lança mão de uma estratégia histórica de controle da ordem social, qual seja, as políticas sociais, e requisita um profissional para atuar no âmbito da sua operacionalização: os as- sistentes sociais. Este aspecto está vinculado a uma das funções que a ordem burguesa atribui à profissão: reproduzir as relações capitalistas de produção. 2. Da instrumentalidade das respostas profissionais, no que se refere à sua peculiaridade operatória, ao aspecto instrumental-operativo das respostas profissionais frente às demandas das classes, aspecto este que permite o reconhecimento social da profissão, dado que, por meio dele o Serviço Social pode responder às necessidades sociais que se tradu- zem (por meio de muitas mediações) em demandas (antagônicas) ad- vindas do capital e do trabalho. Isto porque as diversas modalidades de intervenção profissional tem um caráter instrumental, dado pelas requisições que tanto as classes hegemônicas quanto as classes popula- res lhe fazem. Nesta condição, no que se refere às respostas profissio- nais, a instrumentalidade do exercício profissional expressa-se: 2.1. Nas funções que lhe são requisitadas: executar, operacionalizar, im- plementar políticas sociais; a partir de pactos políticos em torno dos sa- lários e dos empregos (do qual o fordismo é exemplar) melhor dizendo, no âmbito da reprodução da força de trabalho; 2.2. No horizonte do exercício profissional: no cotidiano das classes vulnerabilizadas, em termos de modificar empiricamente as variáveis do contexto social e de intervir nas condições objetivas e subjetivas de vida dos sujeitos (visando a mudança de valores, hábitos, atitudes, comportamento de indivíduos e grupos). É no cotidiano — tanto dos usuários dos serviços quanto dos profissionais — no qual o assisten- te social exerce sua instrumentalidade, o local em que imperam as demandas imediatas, e consequentemente, as respostas aos aspectos imediatos, que se referem à singularidade do eu, à repetição, à pa- dronização. O cotidiano é o lugar onde a reprodução social se realiza Diferenças entre Instrumento e Instrumentalidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 através da reprodução dos indivíduos (NETTO, 1987), por isso um es- paço ineliminável e insuprimível. As singularidades, os imediatismos que caracterizam o cotidiano, que implicam na ausência de mediação, só podem ser enfrentados pela apreensão das mediações objetivas e subjetivas (tais como valores éticos, morais e civilizatórios, princípios e referências teóricas, práticas e políticas) que se colocam na realidade da intervenção profissional. 2.3. Nas modalidades de intervenção que lhe são exigidas pelas deman- das das classes sociais. Estas intervenções, em geral, são em nível do imediato, de natureza manipulatória, segmentadas e desconectadas das suas determinações estruturais, apreendidas nas suas manifestações emergentes, de caráter microscópico. Nestes três casos (2.1, 2.2, 2.3) são respostas manipulatórias, fragmen- tadas, imediatistas, isoladas, individuais, tratadas nas suas expressões/ aparências (e não nas determinações fundantes), cujo critério é a pro- moção de uma alteração no contexto empírico, nos processos segmen- tados e superficiais da realidade social, cujo parâmetro de competência é a eficácia segundo a racionalidade burguesa. São operações realizadas por ações instrumentais, são respostas operativo-instrumentais, nas quais impera uma relação direta entre pensamento e ação e onde os meios (valores) se subsumem aos fins. Abstraídas de mediações sub- jetivas e universalizantes (referenciais teóricos, éticos, políticos, sócio profissionais, tais como os valores coletivos) estas respostas tendem a percepcionar as situações sociais como problemáticas individuais (por exemplo: o caso individual, a situação existencial problematizada, as problemáticas de ordem moral e/ou pessoal, as patologias individuais etc.) (GUERRA, 2007, p.10). Tratamos anteriormente de duas dimensões da instrumentalidade da profissão, agora conheceremos uma terceira condição, a instrumentalidade como media- ção, que é o passar das ações instrumentais para a prática profissional crítica, permitindo também o caminho contrário, em que a teoria pode compreender as singularidades da prática profissional do dia a dia. ©shutterstock A INSTRUMENTALIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 A INSTRUMENTALIDADE COMO MEDIAÇÃO Quando se reconhece a instrumentalidade como mediação, toma-se a profissão como universalidade formada por várias dimensões, como: “técnico-instru- mental, teórico-intelectual, ético-política e formativa” (GUERRA, 1997) e a instrumentalidade como singularidade e, sendo assim, transforma-se em área de mediação que articula as dimensões fazendo-as se tornarem respostas para a atuação profissional. No exercício profissional o assistente social lança mão do acervo ídeo- cultural disponível nas ciências sociais ou na tradição marxista e o adapta aos objetivos profissionais. Constrói um certo modo de fazer que lhe é próprio e pelo qual a profissão torna-se reconhecida social- mente. Produz elementos novos que passam a fazer parte de um acervo cultural (re) construído pelo profissional e que se compõe de objetos, objetivos, princípios, valores, finalidades, orientações políticas, referen- cial técnico, teórico-metodológico, ídeo-cultural e estratégico, perfis de profissional, modos de operar, tipos de respostas; projetos profissionais e societários, racionalidades que se confrontam e direção social hege- mônica, etc.(...) Isso porque, no âmbito profissional, não existem ações pessoais, mas ações públicas e sociais de responsabilidade do indivíduo como profissional e da categoria profissional como um todo. Para tan- to, há que se ter conhecimento dos objetos, dos meios/instrumentos e dos resultados possíveis (GUERRA, 1997, p.14). A Instrumentalidade como Mediação Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Códi go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 Nesse contexto, compreendemos que a cultura profissional pega para si as teo- rias críticas projetivas, e por meio da mediação da cultura da profissão talvez o profissional negue a ação que é somente instrumental e a transforme em respos- tas sócio-profissionais e, dessa maneira, construindo novas legitimidades, com respostas qualificadas, a instrumentalidade por si só não é suficiente. A partir do momento em que se ultrapassa a ação imediata para uma ação mais aprofundada e qualificada, nos deparamos como um campo de “mediações” que permite a passagem das ações instrumentais para o exercício profissional crítico e competente, possibilitando, desta forma, que a profissão dê respostas mais enriquecidas e eficazes. (ALVES, 2012 p. 103) Ou seja, é primordial que o profissional saia da falsa concreticidade, buscando a natureza dos acontecimentos, ultrapassando o limite do imediatismo, fazendo assim a mediação com o concreto pensado. Nesse sentido: Ao assistente social, no âmbito da sua inserção na divisão social e téc- nica do trabalho, cabe captar como as diversas expressões da questão social se particularizam em cada espaço sócio-ocupacional e chegam como demandas que dependem de sua intervenção profissional. As- sim, entendemos que a clareza acerca de como concebemos a “questão social”, ou seja, a partir de que pressupostos teóricos, a percepção que temos de suas expressões, tais como: desemprego, fome, doenças, vio- lência, falta de acesso aos bens e serviços sociais (moradia, creches, es- colas, hospitais etc.), bem como dos valores que orientam tais concep- ções, são mediações que incidem sobre os meios e modos de responder às demandas profissionais. (GUERRA, 2009, p. 704) Contra o que muitos podem pensar, quando falamos em mediação não esta- mos nos referindo somente à mediação de conflitos, problemas, embates, mas a mediação discutida aqui é consistente na teoria crítica marxista e só é possibili- tada por meio da dialética de análise da realidade. A INSTRUMENTALIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 Figura 1 – Mediação em Serviço Social Assistente Social Usuário Instituição * Bens * Serviços * Políticas Públicas Fonte: a autora. DIALÉTICA: a dialética pode ser descrita como a arte do diálogo. Uma dis- cussão na qual há contraposição de ideias, em que uma tese é defendida e contradita logo em seguida; uma espécie de debate. Sendo ao mesmo tempo, uma discussão onde é possível divisar e defender com clareza os conceitos envolvidos. A prática da dialética surgiu na Grécia antiga, no entanto, há controvérsias a respeito do seu fundador. Aristóteles considerava Zenôn como tal, já outros defendem que Sócrates foi o verdadeiro fundador da dialética por usar de um método discursivo para propagar suas ideias. A DIALÉTICA MARXISTA: Karl Marx reformula o conceito de dialética, vol- tando-o para a sociedade, as lutas de classes vinculadas a uma determinada organização social, surgindo assim, a chamada: dialética materialista ou ma- terialismo dialético. A dialética materialista une pensamento e realidade, mostrando que a re- alidade é contraditória ao pensamento dialético. Contradições estas, que é preciso compreender para então, transpô-las por meio da dialética. Marx fala da dialética sempre em um contexto de luta de classes, diferentes in- teresses, que geram a contradição. Sendo assim, o materialismo dialético é uma das bases do pensamento marxista. Fonte: adaptado de Borges (2010 on-line).2 ©shutterstock A Instrumentalidade no Exercício da Profissão Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 Não restam dúvidas que o saber, o conhecimento, é extremamente necessário ao cotidiano de trabalho, pois é ele quem direciona o agir profissional. Vamos aprofundar essa discussão no tópico seguinte. A INSTRUMENTALIDADE NO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO Quando se fala de instrumentalidade no agir do assistente social logo se pensa naqueles instrumentos que os profissionais normalmente utilizam para desenvolver seu trabalho, pelos quais os profissionais obje- tivam suas metas em resultados efetivos, e como dito anteriormente o sufixo “idade” traduz-se em capacidade, qualidade. Dessa forma, a instrumentalidade no Serviço Social faz referência não ao conjunto de instrumentais e técnicas, mas sim a capacidade que a profissão tem de cons- truir e reconstruir ao longo do processo sócio-histórico. O objetivo aqui, caro (a) aluno (a), é fazê-lo (a) pensar na instrumentalidade profissional no coti- diano do assistente social como um modo definido que a profissão conquista no íntimo das relações sociais, no embate entre objetividade e subjetividade do cotidiano da profissão. O dia a dia profissional é desafiante, pois nele predomina a práxis, a repro- dução automática da prática por si só. Isso ocorre de maneira natural, pois dá ao assistente social o sentimento de confiança, já que ele pode se habituar a trabalhar daquela mesma forma. O importante é não se deixar paralisar pelo costume de fazer as mesmas coisas do mesmo jeito, sempre, apenas repetindo uma prática, sem transformá-la para melhor atender à demanda que carece de sua intervenção. A INSTRUMENTALIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 O cotidiano precisa ser suspendido de forma crítica, ou seja, realizar momentos de suspensão, ainda que temporariamente, para assim, re- fletir e analisar criticamente a situação com a finalidade de mudar a rota, a direção da ação, não se trata apenas, por exemplo, de distribuir uma cesta básica todo mês para determinada família porque a mesma passa fome, mas refletir o “por que” desta situação, não se limitando a demanda imediata, mas extrapolando-a, buscando detectar a demanda real e nela intervir (GUERRA, 2002 apud ALVES 2012, p. 103). O assistente social, por meio da capacidade adquirida, consegue mudar, trans- formar as condições das relações sociais e interpessoais que existem em um certo ponto da realidade social. Também é capaz de mudar o dia a dia profissio- nal e das classes sociais que precisam da sua intervenção; alterando os meios e instrumentos utilizados para se alcançar uma meta, os profissionais dão instru- mentalidade a sua atividade. Sendo assim, é viável que o profissional pense nas possíveis intervenções, na intenção de solucionar ou ao menos abrandar a demanda que lhe é retratada. A autora Iamamoto (2008, p. 208) nos mostra que o assistente social: Requisita um perfil profissional culto, crítico e capaz de formular, re- criar e avaliar propostas que apontem para a progressiva democratiza- ção das relações sociais. Exige-se, para tanto, compromisso ético-polí- tico com os valores democráticos e competência teórico-metodológica na teoria crítica em sua lógica de explicação da vida social. Esses ele- mentos, aliados à pesquisa da realidade, possibilitam decifrar situações particulares com que se defronta o assistente social no seu trabalho, de modo a conectá-las aos processos sociais macroscópicos que as ge- ram e as modificam. Mas, requisita, também, um profissional versado no instrumental técnico-operativo, capaz de potencializar as ações nos níveis de assessoria, planejamento, negociação, pesquisa e ação dire- ta, estimuladora da participação dos sujeitos sociais nas decisões que lhes dizem respeito, na defesa de seus direitos e no acesso aos meios de exercê-los.É sabido que para todo tipo de intervenção é necessário que o profissional use diversos instrumentos para desempenhar seu trabalho, buscando modificar a essência da realidade existente, enfatizando que cada demanda tem suas singu- laridades. Cabe ao profissional avaliar qual a melhor técnica para suprir ou ao menos amenizar as demandas dos seus usuários, conseguindo bom desfecho, não somente de imediato, e sim em médio e longo prazo. Instrumentalidade e o Serviço Social Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 Muitos se questionam “qual o serviço do assistente social?” ou “quais as ações no dia a dia desse profissional?”. Vemos que aqui se encaixa a prática profissional, que representa um componente constitutivo e efetivo a ação do cotidiano, isto é, o próprio trabalho. Há de se ressaltar, também, que para tal trabalho existir, é preciso meios, matéria-prima e objetos para atuação profissional. Para Iamamoto (2003, p. 94), A leitura hoje predominante da “prática profissional” é de que ela não deve ser considerada “isoladamente”, “em si mesma”, mas em seus “con- dicionantes” sejam eles “internos” – os que dependem do desempe- nho profissional – ou “externos” – determinados pelas circunstâncias sociais nas quais se realiza a prática do assistente social. Os primeiros são geralmente referidos a competências do assistente social como, por exemplo, acionar estratégias e técnicas; a capacidade de leitura da realidade conjuntural, a habilidade no trato das relações humanas, a convivência numa equipe interprofissional etc. Os segundos abrangem um conjunto de fatores que não dependem exclusivamente do sujeito profissional, desde as relações de poder institucional, os recursos co- locados à disposição para o trabalho pela instituição ou empresa que contrata o assistente social; as políticas sociais específicas, os objetivos e demandas da instituição empregadora, a realidade social da população usuária dos serviços prestados etc. INSTRUMENTALIDADE E O SERVIÇO SOCIAL Se o agir do Serviço Social for reduzido à dimensão técnico instrumental, ele se tornará apenas um meio para se atingir um objetivo, e assim restringir as deman- das profissionais às condições do mercado de trabalho. Uma vez que as demandas trabalhadas pelos assistentes sociais necessitam de mais que ações imediatistas, como dito anteriormente, necessitam de atuação que estejam ligadas a projetos com referencias teórico-metodológicos e também a concepções ético-políticas. ©shutterstock A INSTRUMENTALIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 Para dar formas às ações realizadas, o profissional recorre a seus conheci- mentos, capacidade, referência, instrumentos técnicos, sendo esses uma condição primordial para o cumprimento da intervenção. Porém, há várias opiniões a respeito do “como fazer” da profissão, como Guerra (2007, p. 30) nos mostra: Para além das definições operacionais (o que faz, como faz), necessi- tamos compreender “para que” (para quem, onde e quando fazer) e analisar quais as consequências que o nível “mediato” as nossas ações profissionais produzem. Na contemporaneidade, o trabalho executado pelo assistente social teve um aumento significativo em virtude das demandas vindas da questão social, no qual o serviço prestado pelo assistente social procura trazer alterações efetivas a quem utiliza seus serviços, de maneira a fortalecer a garantia de seus direitos. Para que se efetive esse trabalho, de maneira investigativa e interventiva, é neces- sário, segundo Netto (2009, p. 693-694): todo/a assistente social, no seu campo de trabalho e intervenção, deve de- senvolver uma atitude investigativa: o fato de não ser um/a pesquisador/a em tempo integral não o/a exime quer de acompanhar os avanços dos co- nhecimentos pertinentes ao seu campo de trabalho, quer de procurar co- nhecer concretamente a realidade da sua área particular de trabalho. Este é o principal modo de qualificar o seu exercício profissional, qualificação que, como se sabe, é uma prescrição do nosso próprio Código de Ética. Mais uma vez a instrumentalidade entra em cena, pois mesmo fazendo uso de todos os instrumentos, técnicas, teorias disponíveis, o assistente social deve lan- çar mão da sua instrumentalidade ao realizar a ação proposta pelo autor citado antes. Contudo cada profissional agirá a sua maneira, dentro do Código de Ética, para se chegar ao objetivo proposto. Dito isso, compreendemos que por intermédio do processo investigativo e da pro- ximidade com certa realidade o profissional produz conhecimento, que acaba por funda- mentar sua atuação profissional, afirmando que sem ele – o conhecimento – não capta- ríamos as necessidades da realidade social. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 Da Assistência Social Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, indepen- dentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; V - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão rea- lizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: I - descentralização político-administrativa, cabendo à coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades benefi- centes e de assistência social; II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis. Fonte: Brasil (1988, on-line)3. A INSTRUMENTALIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade abordamos o conceito de instrumentalidade e suas aplicabilida- des, evidenciando que o fazer profissional tem como intuito tentar oportunizar uma melhoria, uma transformação no cotidiano do usuário, bem como a ins- trumentalidade técnico-operativa, baseado nas competências e atribuições que constam na Lei de Regulamentação da profissão. Os instrumentos, como bem vimos, são técnicas operacionais fundamentais para a atuação do profissional, visando à intervenção. A instrumentalidade faz referência às habilidades, conhecimentos que o (a) assistente social conquista no dia a dia, que são capazes de modificar a realidade social do usuário. Há que se enxergar como é importante saber o sentido sócio-histórico da instrumentalidade, como premissa da atuação profissional e como essa confere certas configurações, conteúdos e dinâmicas ao exercício profissional. Mesmo tendo surgido no mundo das práticas reformistas, o Serviço Social ampliou suas atribuições ao longo do tempo até conseguir alcançar a esfera da universalização aoacesso a bens, serviços e direitos sociais e humanos. Quando ele se desvinculada da teoria de onde surgiu, a profissão se capacita para novas habilidades, competências e legitimidades, enriquecendo assim sua instrumentali- dade e o resultado disso é um profissional apto para trabalhar com o instrumental técnico e que investe na criação de alternativas para sua intervenção. É necessário que o(a) assistente social experimente a construção, recons- trução e desconstrução de conceitos, de pré-conceitos, traga a experiência para a teoria e construa novos conhecimentos, para posteriormente serem substan- cializados na prática. Por fim, é preciso reafirmar a indispensabilidade do profissional ir além do que é visto, usando a habilidade crítica para compreender e atuar na realidade social. 35 1. Frente ao conteúdo estudado nesta unidade, diferencie Instrumento de Instru- mentalidade. 2. Na prática profissional, qual a importância da instrumentalidade? 3. Qual a relação existente entre instrumentalidade e o Serviço Social? 4. O que é práxis profissional e por que ela representa um desafio para os profis- sionais? 5. Em relação à instrumentalidade no serviço social, pode-se dizer que ela faz refe- rência a quê? 36 Caro (a) aluno (a), a Lei 8.662/93 é a lei que regulamenta a profissão de assistente social, leitura obrigatória para todos nós, profissionais e futuros profissionais, pois lá se encon- tram as informações sobre competências, exercício profissional, conselhos e muito mais. Leia um trecho dessa lei, em que há o esclarecimento sobre as competências do assis- tente social: Art. 4º Constituem competências do Assistente Social: I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da adminis- tração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares; II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil; III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população; IV - (Vetado); V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos; VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais; VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais; VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias relacionadas no inciso II deste artigo; IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade; X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de Unidade de Serviço Social; XI - realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades. Art. 5º Constituem atribuições privativas do Assistente Social: I - coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço Social; II - planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de Serviço Social; III - assessoria e consultoria e órgãos da Administração Pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de Serviço Social; 37 IV - realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre a matéria de Serviço Social; V - assumir, no magistério de Serviço Social tanto em nível de graduação como pós- graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação regular; VI - treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social; VII - dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço Social, de graduação e pós-graduação; VIII - dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de pesquisa em Serviço Social; IX - elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para Assistentes Sociais, ou onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao Serviço Social; X - coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados sobre assuntos de Serviço Social; XI - fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos Federal e Regionais; XII - dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou privadas; XIII - ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira em órgãos e entidades representativas da categoria profissional. Fonte: Brasil (1993, on-line)⁴. MATERIAL COMPLEMENTAR Elefante Branco (2012) Direção: Pablo Trapero Sinopse: O fi lme retrata a história de uma favela, em Villa Virgem (Buenos Aires), onde moram cerca de 30 mil pessoas - base cálculos feita levando em consideração os batismos realizados pela igreja. Os protagonistas são o Padre Nicolas que fazia um trabalho no Amazonas e que por ser europeu quase foi morto nessa missão, a assistente social Luciana, o padre Júlian, que realiza um trabalho dentro da favela e sendo responsável por supervisionar a obra dentro da comunidade e o Esteban (Macaquinho) um jovem dependente químico e que já trabalhou no tráfi co. A obra mostra claramente a brutalidade da polícia, a ameaça do tráfi co, a indiferença das altas esferas da igreja e o imenso descaso do governo, que reprime toda e qualquer revolta que saia dali, mantendo aquela comunidade alienada, esfomeada e revoltada à margem de um sistema a qual não escolheram. Comentário: Esse fi lme é muito interessante para entendermos a prática profi ssional do assistente social de forma diferenciada da prática fi lantrópica. O Serviço Social ao superar neotomismo e promover a laicização permitiu o alargamento da prática profi ssional por meio do redimensionamento do ensino a fi m de formar profi ssionais capazes de responder às demandas não somente pela execução terminal, mas também por meio da elaboração, organização, coordenação, ou seja, por meio de todo o planejamento de políticas públicas. Rompendo com o tradicionalismo profi ssional e legitimando a profi ssão no mercado. REFERÊNCIAS ALVES, A. P. S. G. A importância do conhecimento para a prática profissional. Saber Acadêmico, São Paulo, v. 14, 2012, p. 101-110. GUERRA, Y. A dimensão investigativa no exercício profissional. In: CONSELHO FE- DERAL DE SERVIÇO SOCIAL (org.) Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009. ______. A Instrumentalidade do Serviço Social. São Paulo: Cortez, 1995. ______. A instrumentalidade no trabalho do assistente social. Anais do Simpósio Mineiro de Assistentes Sociais, Belo Horizonte, maio 2007, p. 1-35. ______. Instrumentalidade do processo de trabalho e Serviço Social. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, Cortez, n. 62, 2000. ______. Ontologia do ser social: bases para a formação profissional. Revista Serviço Social e Sociedade, São Paulo, Cortez, n. 54, 1997. IAMAMOTO, M. V.; CARVALHO, R. de. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: Esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2008. IAMAMOTO, M. V. Serviço Social em tempo de capital fetiche: capital financeiro, trabalho e questão social. São Paulo: Cortez, 2008. ______. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação profissio- nal. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2003. LESSA, S. O processo de produção/reprodução social: trabalho e sociabilidade. Programa de capacitaçãocontinuada para assistentes sociais, Módulo II: Reprodu- ção Social, Trabalho e Serviço Social. Brasília: CFESS/ABEPSS-UNB/CEAD, 1999. NETTO, J. P. Introdução ao método da teoria social. Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais, Brasília, CFESS/ABEPSS, 2009, p. 668-700. SILVA, J. F. S. Pesquisa e produção do conhecimento em serviço social. Revista Tex- tos & Contextos, Porto Alegre, v. 6, n. 2 , jul./dez. 2007, p. 282-297. Referências On-Line: 1 - Em: <http://www.dicio.com.br/praxis/>. Acesso em: 30 maio 2016. 2 - Em: <http://www.infoescola.com/filosofia/dialetica/>. Acesso em: 30 maio 2016. 3 - Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado .htm>. Acesso em: 30 maio 2016. 4 - Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8662.htm>. Acesso em: 30 maio 2016. 39 GABARITO 1. Instrumentalidade no Serviço Social se refere à capacidade, habilidade constitu- tiva da profissão, ou seja, o conhecimento utilizado como ferramenta de traba- lho. Já instrumentos se referem à instrumentação técnica, o instrumental utiliza- do, como entrevistas, relatórios, documentação, entre outros. 2. A instrumentalidade possibilita que os profissionais objetivem sua intenção, por meio dessa capacidade, que é adquirida no cotidiano profissional, os assistentes sociais transformam as condições, realidade social, relações no cotidiano. E ao modificarem o cotidiano eles estão dando instrumentalidade a suas ações. Des- sa maneira, a instrumentalidade é condição necessária do trabalho social. 3. Ela é entendida como uma propriedade e/ou capacidade que o assistente so- cial adquire à medida que concretiza objetivos pautados pelas dimensões teóri- co- metodológicas, ético-políticas e técnico-operativas do trabalho profissional. O assistente social insere-se em processos de trabalho voltados diretamente à defesa de direitos, ampliação e consolidação da cidadania, diante do processo histórico e das contradições que se configuram no interior das relações sociais. Essas demandas sociais requerem uma intervenção crítica, criativa, propositiva, sensível, que só é possível quando se alia a teoria e a prática, dando instrumen- talidade a atuação do assistente social, ou seja, o conhecimento aliado à ação profissional. 4. Práxis é o costume de se fazer a mesma coisa do mesmo jeito sempre. É a repro- dução automática da ação. O risco é o profissional não tentar outras formas de atuação por estar acostumado a fazer sempre igual. O problema disso tudo é que cada intervenção precisa de uma atuação diferente, pois as demandas não são iguais. 5. Faz referência não ao conjunto de instrumentais e técnicas, mas sim a capacida- de que a profissão tem de construir e reconstruir ao longo do processo sócio- -histórico. U N ID A D E II Professora Esp. Fernanda Carvalho Basilio Hernandez A DIMENSÃO TÉCNICO-OPERATIVA E A SUA RELAÇÃO COM AS DIMENSÕES TEÓRICO- METODOLÓGICA E ÉTICO-POLÍTICA Objetivos de Aprendizagem ■ Desenvolver a postura crítico-reflexiva sobre as dimensões, saberes, habilidades na elaboração da intervenção profissional. ■ Desenvolver aprendizagem sobre as dimensões ético-política, teórico-metodológica e técnico-operativa da profissão; habilidades; atitudes e valores. ■ Compreender a relação existente entre as três dimensões, bem como sua importância para o Serviço Social. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ A dimensão técnico-operativa no Serviço Social. ■ A dimensão ético-política no Serviço Social. ■ A dimensão teórico-metodológica no Serviço Social. ■ A relação existente entre as três dimensões no Serviço Social. INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a)! Novamente nos encontramos e dessa vez para falarmos sobre as dimensões que são partes constituintes da atuação profissional. Nesta unidade discutiremos as dimensões técnico-operativa, teórico-meto- dológica e ético-política e a relação existente entre elas, e com isso veremos que a atuação do profissional está ligada a essas dimensões. É preciso que o assis- tente social tenha clareza sobre elas. A palavra dimensão nos faz pensar em propriedade de algo, em direção. Aqui ela diz respeito aos princípios que colaboram para a efetivação do Serviço Social, ou seja, são todos os componentes que constituem e são constitutivos da profissão. As dimensões estão interligadas, são interdependentes, complemen- tam-se, mas têm suas particularidades. Conforme veremos mais adiante, a dimensão teórico-metodológica propor- ciona ao assistente social a visão dos processos, a compreensão da importância da ação e também a avaliação da realidade. Já a dimensão ético-política engloba o projeto da ação levando em consideração os princípios e valores da profis- são, do local onde ele trabalha e da população envolvida, sendo encarregada de analisar os resultados das ações realizadas pelos profissionais. E a dimensão téc- nico-operativa, é a efetivação da ação, o fazer tudo que se planejou, respeitando valores e princípios, finalidades e avaliação da realidade. Como sabemos, o Serviço Social é investigativo e interventivo, dessa maneira, suas pesquisas devem ser elaboradas a partir de situações reais e serem úteis para a sociedade em questão. Assim, o saber obtido apenas com finalidade des- critiva não é interessante aqui, para que tenha utilidade é imprescindível que se tenha claro o projeto ético-político, o domínio teórico-metodológico e técnico- -operativo, firmados em alicerces de saberes e conhecimentos, competências, habilidades e comprometimento com o processo de trabalho, onde quer que o profissional atue. Espero que esse conteúdo traga compreensão sobre como é importante as dimensões se relacionarem na atuação do assistente social. Bom estudo! Professora Fernanda. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 43 ©shutterstock A DIMENSÃO TÉCNICO-OPERATIVA E A SUA RELAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E44 A DIMENSÃO TÉCNICO-OPERATIVA NO SERVIÇO SOCIAL Para iniciarmos esta unidade, discorreremos neste primeiro momento sobre a dimensão técnico-operativa do Serviço Social, seus componentes como instru- mentos e técnicas e suas relações com as demais dimensões. Diante disso, pode surgir a dúvida: o que são as dimensões de uma interven- ção? Para que possamos entender vamos nos ater à dimensão técnico-operativa para estabelecermos os instrumentos e técnicas como elementos constituintes dessa e das demais dimensões. Para o Serviço Social, dimensões são os princípios contributivos para efeti- var a profissão, é a sua origem, ou seja, são todas as partes que constituem e são características dela. No caso da dimensão teórico-operativa de uma intervenção, estamos falando das teorias que auxiliam na compreensão de uma determinada realidade que o profissional vai trabalhar e que está presente no dia a dia, possibilitando que ele faça uma análise real, e execute o que foi planejado, ou seja, o conhecimento teó- rico do assistente social. A Dimensão Técnico-Operativa no Serviço Social Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 45 Podemos afirmar que o assistente social precisa ter um grande conheci- mento para usar os instrumentos técnico-operativos com os objetivos de efetivar as ações, e, além disso, é necessário ter técnicas para oportunizar uma atuação crítica e eficaz na sua ação profissional juntocom os usuáriose suas demandas. É essa dimensão que mais se aproxima da prática profissional, por causa da sua especificidade, sendo assim, ela expressa e contém as outras dimensões, quer dizer que, no agir do profissional, ele expressa as compreensões teórico-metodo- lógicas e ético-políticas, abrangendo um composto de estratégias e técnicas da atuação profissional que demonstram teorias, meios e opinião política. A dimensão técnico-operativa é formada por objetivos, tentativa de efetivar esses objetivos, condições objetivas e subjetivas. Propõe saber quem são os sujei- tos da intervenção, perfil do usuário, de onde vêm as demandas, qual a realidade social, análise das condições subjetivas, entendimento do agir e das competências do profissional e também os procedimentos e instrumentais técnico-operativos. Segundo Lima, Ioto e Dal Prá (2007, p. 36), “essa dimensão é entendida como o espaço de trânsito entre o projeto profissional e a formulação de respostas às demandas que se impõem no cotidiano dos assistentes sociais”. A autora Guerra (2012) nos diz que: a dimensão técnico-operativa se constitui no modo de aparecer da pro- fissão, pela qual ela é conhecida e reconhecida. Responde às questões: Para que fazer? Para quem fazer? Quando e onde fazer? O que fazer? Como fazer? Tendo essa citação como base, concluímos que não podemos considerar tal dimensão como autônoma, uma vez que as demais dimensões estão contidas nela. Também não podemos considerá-la neutra, pois tem traços ético-políti- cos que se sustentam em fundamentos teóricos. A autora julga essa dimensão como a base do Serviço Social, sua razão de existir, pois se reporta aos instru- mentais que legitimam e reconhecem a profissão do assistente social, e é aqui que entram os instrumentos e técnicas da intervenção, pois constituem - embora não sejam os únicos elementos - a dimensão, pertencendo à esfera de operacio- nalização da atuação profissional. A DIMENSÃO TÉCNICO-OPERATIVA E A SUA RELAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E46 Segundo Trindade (2001, p. 66), em relação ao instrumental técnico-ope- rativo há de se considerar: A articulação entre instrumentos e técnicas, pois expressam a conexão entre um elemento ontológico do processo de trabalho (os instrumen- tos de trabalho) e o seu desdobramento – qualitativamente diferencia- do – ocorrido ao longo do desenvolvimento das forças produtivas (as técnicas). Por serem ligados às técnicas, os instrumentos são continuamente aperfeiçoa- dos por elas, pois há a necessidade de adaptação frente às mudanças da realidade visando o melhor atendimento as demandas existentes. Por esse motivo é que esse instrumental tem caráter histórico, porque vem mudando de acordo com a realidade da sociedade ao longo do tempo. Os instrumentos são classificados como resultado da ação do homem em busca de se alcançar um objetivo. Há de se ressaltar que a ação que tem o pro- pósito de se efetivar usando determinado instrumento está relacionada com o objetivo pretendido, lembrando que a finalidade está no campo teórico. Trindade (2001, p. 396) nos mostra que: O conteúdo do instrumental técnico-operativo depende da análise da realidade, a qual fundamenta a intencionalidade/direção social empre- endida à ação, pelos sujeitos profissionais. É essa relação entre a dimensão técnico-operativa com as dimensões teórico- -metodológica e a dimensão ético-política que possibilita transformar em ação os conceitos que norteiam o assistente social, sendo muito importante a escolha dos instrumentos e técnicas que serão utilizados para determinada finalidade/ objetivo da profissão. Devemos ter cautela com os instrumentos de ação. Por serem tidos como meios para se alcançar objetivos, o assistente social precisa ter compreensão do objetivo que pretende alcançar, se está de acordo com os propósitos do Serviço Social e se possibilitará que as finalidades se efetivem. Por esse motivo, o profissional deve acompanhar as mudanças da sociedade e da realidade social, levando em consideração as características dos diversos espaços em que atua, tendo sempre como base os fundamentos da profissão e também o código de ética que o rege. A Dimensão Técnico-Operativa no Serviço Social Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 47 É extremamente necessário que o assistente social conheça de fato a reali- dade para que possa escolher o instrumental a ser utilizado. Isso permite que ele alcance o resultado esperado, bem como é necessário que ele conheça as exi- gências de manuseio do instrumento escolhido, fazendo uma avaliação, pois por meio dessa ele analisará se as escolhas dos instrumentos estão coerentes às fina- lidades propostas, e se ele conseguirá instrumentalizar as competências exigidas. Dito isso, podemos afirmar que cada projeto define tanto uma compreensão da realidade quanto o tratamento aos instrumentos e técnicas utilizados pelos pro- fissionais. Porém, isso não quer dizer que há instrumentos e técnicas destinados para cada teoria, ao contrário, não existe ligação entre instrumentos e teorias, mas sim, entre método e teoria. Destaca-se um elemento fundamental no processo de escolha dos instru- mentos que se refere à autonomia profissional. Aqui é importante levar em consideração como desempenhar as atividades determinadas pelas organi- zações, haja vista que o profissional deve ter autonomia não só para emitir sua opinião técnica sobre a situação, mas também de escolher os instru- mentos que contribuirão para a obtenção desta opinião técnica. O Serviço Social atua na satisfação das demandas sociais postas. A forma com que os profissionais respondem a essas demandas reflete o seu projeto profissio- nal. Fonte: Santos (2013, p. 28). ©shutterstock A DIMENSÃO TÉCNICO-OPERATIVA E A SUA RELAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E48 A DIMENSÃO ÉTICO-POLÍTICA NO SERVIÇO SOCIAL Caro (a) aluno (a), essa dimensão se fez visível no exercício profissional após o Movimento de reconceituação início da década de 1980. Tal discussão tem duas direções, a rejeição do caráter apolítico e neutro e o comprome- timento com as classes. Isso provocou alguns enganos na compreensão, que repercutiram na prática profissional. É importante ressal- tar que tal debate no campo do Serviço Social contribuiu na estruturação de um olhar crí- tico da sociedade e da profissão nela inserida. Os questionamentos que surgiram nesse momento fizeram com que as discussões sobre a história, a teoria e o método da profissão dessem um salto significativo. Logo se percebeu que o profissional não poderia ficar neutro, devendo tomar uma posição política frente à realidade social, para que possa interferir, tomando consciência, então, do rumo a ser seguido, sendo imprescindível a compreensão e entendimento do código de ética. Diante disso, o Serviço Social transformou sua dimensão ética e o debate: elaborou com democracia sua base normativo-teórica, que está expressa na Lei da Regulamentação da Profissão, estabelecendo atribuições e competências para os assistentes sociais, e expressa também no Código de Ética, que traz os deve- res e direitos do profissional, destacando: ■ O reconhecimento da liberdade como valor ético central, que re- quer o reconhecimento da autonomia, emancipação e plena ex- pansão dos indivíduos sociais e de seus direitos; ■ A defesa intransigente dos direitos humanos contra todo tipo de arbítrio e autoritarismo; ■ A defesa, aprofundamento e consolidação da cidadania e da democra- cia – da socialização da participação política
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