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As reformas da cidade pós-liberal Características da cidade pós-liberal 1. A administração pública e a propriedade imobiliária criam e aceitam a área de atuação de um e de outro. A administração pública é responsável por: criar a rede de percursos (ruas, avenidas, praças, estradas de ferro), construir a rede de instalações (água, esgoto, depois gás, eletricidade, telefone, etc.), urbanização das regiões que serão ocupadas pela iniciativa privada. A propriedade privada administra o restante ocupando e construindo nos terrenos urbanizados. Características da cidade pós-liberal 2. O uso dos terrenos depende dos proprietários (privados ou públicos), e a administração pública atua apenas com ordenamentos físicos nas construções. Esses ordenamentos atuam na relação entre as dimensões do edifício e as do terreno, e as relações entre construções vizinhas. Essa é uma das maneiras inventadas para melhorar o problema da salubridade nas edificações urbanas. (possibilitando padronização nas áreas de intervenção) Características da cidade pós-liberal 3. • Os limites físicos entre o espaço público e privado – as frentes para as ruas – são o suficiente para formar o desenho da cidade. Os edifícios podem ser construídos: - Até os limites do lote com a rua: esse tipo de implantação é muito interessante para o comércio no centro das cidades, formando a rua-corredor. Os inconvenientes são a falta de ar e de luz e os ruídos urbanos. Os edifícios são formados geralmente por um pavimento térreo com comércio, e, em cima, outros usos, como residências, escritórios, etc. - Afastado da testada do lote: essa implantação aparece com frequência nas áreas periféricas da cidade do século XIX, e permite evitar os problemas da implantação anterior. Mas diminui a intensidade construtiva, tornando-se mais adequado para residências de classe média ou alta. Características da cidade pós-liberal 4. O desenho concêntrico da cidade, formada por uma sequência de anéis, se consolida: na área mais central ficam o comércio, residências, escritórios; em um segundo anel ficam outras residências, tanto de alta quanto de baixa densidade; e em um terceiro anel, obrigada a se retirar das áreas mais densamente construídas da cidade, ficam as indústrias. Surge assim o subúrbio que, e que se expande e afasta do centro à medida que a cidade cresce. Naquele momento, o subúrbio é um misto de cidade e campo, com muitas indústrias. Características da cidade pós-liberal 5. A nova cidade tende a destruir a antiga. Apesar da prática de destruir edifícios mais antigos e construir novos em seu lugar, inclusive utilizando material de demolição, não ser uma novidade, há um aspecto novo: a demolição agora é feita porque os edifícios, com algumas exceções, também são vistos como produtos manufaturados, que podem ser demolidos, reconstruídos, deslocados, para obter uma renda imobiliária maior. As exceções são os monumentos, edifícios importantes, como igrejas, palácios, praças, entre outros, que são mantidas seja porque fazem parte do traçado da cidade e seria muito difícil removê-los, seja porque eles são modelos de arquitetura considerados importantes. Eles são mantidos como se mantém estátuas e quadros em um museu. Características da cidade pós-liberal 6. Apesar das mudanças, a cidade pós-liberal ainda tem vários problemas: congestionamento de trânsito, densidade construtiva excessiva nas áreas centrais, falta de moradias baratas. Para tentar minimizar esses problemas, parques públicos e habitações populares são feitas pelo poder público como paliativo para aliviar os defeitos da cidade pós-liberal. A noção de parque surge como uma amostra artificial do campo bucólico, idealizado e inalcançável. Características da cidade pós-liberal 7º PONTO A RICHA ENTRE ARQUITETOS E ENGENHEIROS 2ª metade do século XIX Arquitetos vs Engenheiros • 1852: “Longe de mim supor que o estilo apontado por nossos mecânicos seja o que algumas vezes é chamado erroneamente de estilo econômico, barato. Não! É mais caro de todos os estilos! Custa o pensamento dos homens, muito, muito pensamento, investigação incansável, experimentos sem fim (...) • Octave Mirbeau em Figaro, 1889 2ª metade do século XIX Arquitetos vs Engenheiros • “...os mecânicos dos Estados Unidos já ultrapassaram os artistas e, pela sua adaptação ousada e resoluta, estão na pista certa e iluminam todos aqueles que operam em prol dos desejos americanos, sejam estes quem forem” • “Por beleza, quero dizer a promessa da função. • Por ação, quero dizer a presença da função. • Por caráter, quero dizer a superação da função.” • • Horatio Greenough (escultor americano) • The Travels, Observations, and Experiences of a Yankee Stonecutter 2ª metade do século XIX Arquitetos vs Engenheiros • 1867: • “Será o destino da arquitetura render-se à arte da engenharia? Será que o arquiteto se verá ofuscado pelo engenheiro?” • César Daly, Revue générale d’architecture, 1867, p.67 ESTUDOS DE CASO PARIS Viena Barcelona Primórdios: Rue de Rivoli de Napoleão I • Já premeditada por Luis XIV, o que torna a Rue de Rivoli como um muro de proteção que dá para os Jardins das Tuileries (estrutura Barroca como os Jardins de Versalhes), criando uma avenida arborizada. • Napoleão I como uma figura visionária utiliza a pompa dos jardins da realeza, criando a abertura de uma rua destinada à rica burguesia, oferecendo uma visão dos jardins das Tuileries. • A Rue de Rivoli compreende estruturas residenciais e comerciais reunidas numa só. Arcadas continuas de pilares protegiam os lojistas das precipitações naturais, ao mesmo tempo impediam que as fachadas das lojas subtraíssem a dignidade da rua Rue de Rivoli, fachada projetada em 1806 Percier e Fontaine • Esta fachada charmosa e unificada é a base para os bulevares de Haussmann, abertos meio século depois. • Unidade de casas seriadas. A fim de preservar o efeito de conjunto da rua, com pouca variação. Os arcos sobre pilares do pavimento térreo estão rigidamente alinhados; as sacadas do primeiro e terceiro pavimento e do sótão são continuas; as paredes tem superfícies lsas Rue de Rivoli, Paris c.1825 • O primeiro trecho da Rue de Rivoli construído por Percier e Fontaine para Napoleão I, olhando em direção da Place de la Concorde. Seu renque único de casas dando para o verde, intermediado pela estrada • Obsrvação: já premedita o conceito de criação de largas avenidas que interligam a pontos estratégicos da cidade Arcadas da Rue de Rivoli. Fonte: http://3.bp.blogspot.com/_HnYemNi0lds/SuV41pE9UXI/AAAAAAA ATTg/7wmzEqnAgDA/s400/7+RUE+DE+RIVOLI.jpg Arcadas da Rue de Rivoli. Fonte: http://cache.virtualtourist.com/4/5086600- Angelinas_facade_on_the_Rue_de_Rivoli_Paris.jpg Visão atual das arcadas Situação Paris, inicio da segunda metade século XIX • Paris figura-se como o centro da Europa. O espirito de cada época encontra-se cristalizado em seus monumentos – de Saint Chapelle à Rue de Rivoli. Porém esta estrutura esplêndida encontra-se imersa numa cidade inteiramente desorganizada, com cada um de seus monumentos circundado e isolado por um emaranhado de ruas. • Mudança da situação – Georges-Eugène Haussmann (1809-1891) prefeito de Paris durante o reinado de Napoleão III • Haussmann deseja criar uma estrutura esplendida conservando as tradições ao mesmo tempo transformando-a na primeira grande cidade da era industrial. Paris de Haussmann – triplo objetivo: 1. Circulação fácil e cómoda dentro da cidade, indo de gare a gare (estação), ou de bairro a bairro. 2. Eliminação da insalubridade e degradação dos bairros, “arejando” os densos interiores, estabelecendo umaimagem geral de modernidade, criando uma cidade com luz, espaço e arborização e uma nova arquitetura urbana 3. Revalorização e reenquadramento dos monumentos, unindo-os através de eixos viários e pespectivas Correção – a direita_______ Urbanização de Haussmann – elementos: • O traçado em avenida – o boulevard – que une os pontos da cidade; • A praça - como lugar de confluência de vias como placa giratória das circulações, que organiza o cruzamento de vários traçados; • O quarteirão – que é determinado como produto “residual” de vários traçados, acarretando em forma irregular, poligonal, retangular, triangular ou vai aproximar-se da forma de “bloco” (compacto, com um “saguão” no seu interior) Fonte: http://marcelaohistoria.blogspot.com/2011/08/simulinho-v.html A Place de L’Étoile, atual Charles de Gaulle Politica de embelezamento de Haussmann Boulevard Richard-Leonir, 1861-1863 • Projetado por Haussmann para cobrir um antigo canal. Por trás das fachadas regulares e intermináveis, uma tremenda desordem se acumula Criação de Boulevards acompanhando o traçado da rua – grandes vias flanqueadas por árvores • Graças ao uso de máquinas para transplante de árvores de 30 anos brotavam ao longo dos boulevards da noite para o dia Avenue des Champs-Élysées, 1855 Avenue de L’Opera • Obra Prima do planejamento urbano de Haussmann (concluída na Terceira República -1879) • Além de ser uma rua magnifica em si, funciona como uma ponte, ligando varias vias principais. • Através desta avenida, a Rue de Rivoli e a margem oposta do Sena comunica-se diretamente com os Grands Boulevards e as áreas ao norte da cidade • Na verdade, se não fosse por essa rua, o fluxo viário do século XX em Paris seria impossivel Detalhe da Avenue de l’Opera – novo traçado e demolição dos quarteirões antigos Fonte: Livro História da Cidade, Leonardo Benevolo P Perspectiva e fotografia da abertura da Avenue de L’Opera, em Paris, entre 1864 e 1876. Fonte:http://grupothac.weebly.com/uploads/6/8/3/8/6838251/ufp r2012_apres_antonella.pdf Fonte:http://grupothac.weebly.com/uploads/6/8 /3/8/6838251/ufpr2012_apres_antonella.pdf Palácio parisiense construído na época de Haussmann – padronização de fachadas. Visão da Av. de l’Opera – com esta foto vemos o padrão das fachadas dos prédios e a largura das vias. Fonte: Livro História da Cidade, Leonardo Benevolo. Fonte: Google Street View • Apartamentos no Boulevard Sébastopol, Paris, 1860 • Fachada e corte. • Edificio residencial típico do período (lojas no pavimento térreo, apartamentos para a classe média acima destes, aposentos de criados na mansarda –área do telhado com disposição de janelas) • Fachada composta por janelas altas com relevos proporcionados por sacadas em ferro fundido, disposto linearmente A figura ilustra um típico prédio parisiense de 1853, mostrando as condições dos inquilinos nos quatro andares: a família do porteiro no térreo; o casal de ricos burgueses no 1º andar; a família burguesa média no 2º; os pequenos burgueses no 3º E os pobres, os artistas e os velhos no último andar. Fonte: Livro História da Cidade, Leonardo Benevolo. As intervenções urbanas em Viena no século XIX Ringstrasse Viena – primeira metade século XIX • A cidade de Viena, no século 19, era formada por uma cidade interna, a área mais antiga e de origem medieval ainda cercada por uma muralha com uma faixa no entorno, não construída. Além desse cinturão a cidade havia se estendido em direção aos subúrbios, que ficaram isolados do núcleo urbano pelas fortificações e a área militar ao redor. • Essa grande extensão de terra no centro de Viena foi uma conseqüência do atraso histórico, uma vez que a cidade manteve suas fortificações medievais mesmo depois que as outras cidades européias já haviam abolido as suas muralhas. • IMAGEM: após As primeiras intervenções sanitarista e higienista: a canalização do rio Danúbio para evitar inundações, o sistema eficiente de fornecimento de água RINGSTRASSE – desenvolvimento de um anel verde e equipamentos O centro da cidade de Viena ocupa o terreno livre entre a cidade medieval – contornada por suas muralhas com baluartes de defesa – e a área da periferia barroca Urbanizado 1857 Viena, Áustria. Disponível em http://www.dlr.de/Portaldata/1/Resources/raumfahrt/weltraum/30_Wien.jpg.. Acesso em 09/10/2012. Ringstrasse – Viena: . A primeira construção na Ringstrass foi uma igreja (1858 a 1879), simbolizando o poder da Igreja junto ao Estado. O papel do exército evidenciava-se na construção de quartéis e um arsenal, estrategicamente localizados para conter eventuais revoltas. A via principal que circunda o núcleo central foi construída em escala monumental para dificultar a construção de barricadas, a exemplo dos boulevards franceses. O Ringstrasse em 1890. Disponível em http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQ3Wpgi8M9dIr24BCXbeuNofUzZSKcoEE1zfe5Gs2kqxZraHs-4Ew. Acesso em 09/10/2012. Uma das seções do Ringstrasse em 1872. Disponível em http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQ3Wpgi8M9dIr24BCXbeuNofUzZSKcoEE1zfe5Gs2kqxZraHs-4Ew. Acesso em 09/10/2012. As intervenções urbanas em Barcelona no século XIX Caracterização da cidade medieval: uma confusa trama de vias cercadas por sistema de muralhas de cortinas abaluartadas Ao sudeste do mapa é visível o sistema de defesa com baluartes e tenalhas O principal objetivo do plano foi o de aumentar a área total da cidade, permitindo sua expansão além dos limites da antiga muralha, e fornecer uma alternativa mais ordenada de ruas e quadras em comparação à confusa trama da do centro histórico de Barcelona. Plano de Barcelona, 1806 Arranjo de Barcelona, projetado por Ildefonso Cerda, 1859 Conhecido como: sistema de grelha ortogonal A base do plano é um sistema de vias e quadras que poderia se estender indefinidamente, à medida que a cidade fosse crescendo. O sistema é cortado por diagonais que confluem numa grande praça. A quadricula regular estende-se até os municípios vizinhos e envolve a velha cidade medieval, como se esta fosse um corpo distinto, rasgado por 3 artérias que dão continuidade aos eixos do ensanche O ensanche – termo relacionado ao terreno dedicado a novas construções fora de uma localização; é normalmente planificado – ampliação urbana Barcelona hoje. Disponível em http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/c1/Eixample_aire.jpg/799px-Eixample_aire.jpg.. Acesso em 09/10/2012. Ensanches – ao fundo a ampliação da malha urbana As quadras ortogonais de Barcelona criadas no século XIX. Procura uma diversidade de espaços Quarteirões que se organizam com centros cívicos próprios, contendo elementos como: Igreja e escola O interior do quarteirão, diferente de Paris, pode tornar-se espaço público
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