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Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 1 Todos os direitos reservados Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 2 Todos os direitos reservados Velhas Árvores Olha estas velhas árvores, mais belas Do que as árvores novas, mais amigas: Tanto mais belas quanto mais antigas, Vencedoras da idade e das procelas... O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas Vivem, livres de fomes e fadigas; E em seus galhos abrigam-se as cantigas E os amores das aves tagarelas. Não choremos, amigo, a mocidade! Envelheçamos rindo! envelheçamos Como as árvores fortes envelhecem: Na glória da alegria e da bondade, Agasalhando os pássaros nos ramos, Dando sombra e consolo aos que padecem! Olavo Bilac Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 3 Todos os direitos reservados Introdução Seja bem-vindo ao Ebook Fundamentos de Projetos Paisagísticos. O presente estudo trata do processo de entendimento de conceitos e fundamentos paisagísticos, assim como da escolha e aplicação de exemplares vegetais em projetos paisagísticos urbanos. O paisagismo ou a arquitetura da paisagem, corresponde as necessidades humanas em transformar elementos naturais para atender as necessidades cotidianas oferecendo, equilíbrio estético entre os componentes da paisagem: vegetação, áreas construídas, espaços livres e circulação, levando em conta as características geográficas, hidrográficas, bióticas e humanas. O projeto paisagístico deve ir além de projetar belos jardins e paisagens, a funcionalidade de elementos naturais aliados a intervenções segue como diretriz de projetual apresentando, estudos ambientais e sociais, aliando a estética e a setorização, como uma simbiose buscando harmonizar todos os elementos compositivos do espaço, assim como os usuários. A principal função do paisagismo é unir a natureza ao meio urbano. Neste sentido a escolha e aplicação das espécies paisagísticas deve ocorrer em paralelo ao desenvolvimento do projeto. O projeto paisagístico para atender aos anseios, exigências e necessidades dos usuários, através de uma distribuição qualitativa e funcional dos espaços. Boa leitura! Carolina Araújo, 2018. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 4 Todos os direitos reservados SUMÁRIO Introdução ............................................................................................................ 03 CAPÍTULO 1: A HISTÓRIA DO PAISAGISMO........................................................ 08 1.1 paisagismo urbano........................................................................................ 08 1.2 A história da arte do paisagismo.................................................................. 11 1.2.1 Paisagismo Babilônico................................................................................ 13 1.2.2 Paisagismo Egípcio e Persa......................................................................... 14 1.2.3 Paisagismo Grego ...................................................................................... 16 1.2.4 Paisagismo Romano ................................................................................... 17 1.2.5 Paisagismo Chinês e japo........................................................................... 18 1.2.6 Paisagismo Árabe........................................................................................ 20 1.2.7 Paisagismo Medieval.................................................................................. 21 1.2.8 Paisagismo Renascentista.......................................................................... 22 1.2.9 Paisagismo Italiano ..................................................................................... 23 1.2.10 Paisagismo francês ................................................................................... 24 1.2.11 Paisagismos inglês .................................................................................... 25 1.3 O Paisagismo brasileiro ................................................................................ 26 1.4 Paisagismo contemporâneos (séculos XIX e XX) ...................................... 28 Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 5 Todos os direitos reservados CAPÍTULO 2: APLICAÇÃO DE EXEMPLARES VEGETAIS......................................... 31 2.1 O paisagismo e as características plásticas e estéticas das plantas....... 32 2.2 Desenvolvendo o projeto paisagístico........................................................ 34 2.2.1 Plano de massas.......................................................................................... 35 2.3 Espaços determinados por vegetações....................................................... 36 2.4 Grau de definição .......................................................................................... 38 2.5 Tipos vegetais aplicados ao paisagismo..................................................... 40 2.5.1 Estratos arbóreos ......................................................................................... 44 2.5.2 Arbóreas - Raiz e córtex ............................................................................. 47 2. 5.3 Arbóreas - Folhagens, flores e frutos ........................................................ 49 2.5.4 Composição com elementos de estrato arbóreo ................................... 50 2.6 Composições paisagísticas com coníferas ................................................ 51 2.6.1 Porte e forma ............................................................................................... 52 2.6.2 Folhas, flores e frutos ................................................................................... 55 2.7 Composições paisagísticas com palmeiras ............................................... 55 2.7.1 Porte e forma ................................................................................................ 57 2.7.2 Folhas, flores e frutos ................................................................................... 59 2.8 Composições paisagísticas com trepadeiras ............................................. 59 2.8.1 Porte e hábito .............................................................................................. 60 2.8.2 Folhas, flores e frutos ................................................................................... 62 Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 6 Todos os direitos reservados 2.9 Composições paisagísticas com arbustos .................................................. 62 2.9.1 Porte e forma ................................................................................................ 63 2.9.2 Folhagens, flores e frutos ............................................................................. 64 2. 10 Plantas herbáceas ....................................................................................... 65 2. 10.1 Composições paisagísticas com herbáceas ........................................ 66 2.11 Forrações ...................................................................................................... 67 2.12 Pisos vegetais ................................................................................................ 68 2.13 Composições paisagísticas com plantas atípicas ................................... 69 2.14 Arborização urbana ..................................................................................... 72 2.15 Dicas de paisagismo .................................................................................... 76 3 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 79 Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 7 Todos os direitos reservados CAPÍTULO 1: A HISTÓRIA DO PAISAGISMO Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 8 Todos os direitos reservados CAPÍTULO 1- A HISTÓRIA DO PAISAGISMO 1.1 paisagismo urbano A urbanização é responsável pelo desenvolvimento das cidades, as edificações e os demais elementos que conformam o cenário urbano, tecem e determinam o desenho de cada espaço. O processo de desenvolvimento acontece na medida que o crescimento populacional avança, fator este que tende a melhorar a infraestrutura local, atribuindo espaços de lazer e utilidade pública. O desenvolvimento deve ser acompanhado de planejamento onde seja possível detectar e prever problemas sociais, econômicos e ambientais resultado das aglomerações urbanas. Dentro deste conceito de planejamento e desenvolvimento do espaço enquanto cidade, desperta-se a necessidade em pulverizar espaços verdes atrativos e condizentes as necessidades contemporâneas. Dessa forma compreende-se a importância da relação paisagismo e cidade. O paisagismo trata da organização do espaço externo, buscando a harmonia entre as construções e a natureza, baseado em critérios estéticos e na relevância que assumem os elementos naturais, em termos especiais e vegetais. Segundo Lima (2009), o paisagismo surge como necessidade fundamental a existência do homem nos centros urbanos, servindo para atenuar problemas da vida moderna e proporcionar equilíbrio ao ecossistema criado, consequências advindas de suas interferências que geraram imensas áreas construídas, pavimentadas e industrializadas. Pode ser aplicado a espaços externos e internos. Como exemplo: terrenos urbanos Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 9 Todos os direitos reservados residenciais, ruas, praças, parques, conjuntos habitacionais, estradas e áreas degradadas. O paisagismo urbano deve oferecer espaços para o lazer, a recreação, a cultura, assim como contemplar espaços destinados a eventos políticos e religiosos. A aplicação de tratamentos paisagísticos é fundamental em vias de circulação, conjuntos habitacionais, prédios públicos, como também na recuperação de áreas degradadas como aterros, antigas áreas de mineração, entornos de grandes obras de infraestrutura. São múltiplos os benefícios que o paisagismo urbano pode trazer aos cidadãos e à cidade, envolvendo a integração de ambientes naturais e projetos feitos pelo homem, a figura1apresenta o Parque villa Lobo, implantado em um dos últimos grandes vazios urbanos de São Paulo, o parque foi projetado tomando partido de um grande bosque biodiversificado com várias espécies de árvores e vegetação. Figura 1: Parque Villa Lobos. Fonte: http://arquiteturaurbanismotodos.org.br Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 10 Todos os direitos reservados A funcionalidade de um jardim varia de acordo como a localização, podendo ser caracterizado como público ou privado. Em áreas residenciais, o jardim entende-se como um prolongamento da edificação, o desenho pode oferecendo espaços para as crianças brincar, áreas de contemplação e atividades ao ar livre. Por outro lado, ao se tratar de um jardim inserido em locais públicos a funcionalidade, depende do aparato de equipamentos que compõe o espaço, assim como a setorização e a localização. Lima (2009), cita a importância em aliar conhecimentos científicos de botânica, variações climáticas, estilos arquitetônicos, agricultura, arte e vários outros fatores como o equilíbrio de cores, formas e texturas. O resultado é um projeto harmônico, utilizando-se de plantas adequadas a cada área, que além de ornamentais sejam compatíveis com o clima, solo e lugar onde será implantado o jardim e prever questões que enfatizem a sustentabilidade. O paisagismo sustentável é voltado a adapta à realidade em que será inserido, buscando encontrar o equilíbrio entre as dimensões da sustentabilidade integrando a arquitetura, os usuários e a natureza, favorece a prática de atividades de lazer voltadas ao público, e o plantio de espécies nativas e de relevância ambiental. Integrar sustentabilidade e paisagismo permite que a área verde funcione como um espaço de educação ambiental para a comunidade. Culturalmente visa a preservação do patrimônio e a valorização da memória local, considerando as características originais das edificações existentes, unindo a vegetação local. A imagem 2, demonstra a relação de elementos construtivos com a natureza, as plantas se relacionam com as estruturas em ruinas, Projeto paisagístico de Rosa Grena Kliass: Parque da Juventude, SP. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 11 Todos os direitos reservados Figura 2: Projeto paisagístico de Rosa Grena Kliass: Parque da Juventude, SP. Fonte: http://www.arcoweb.com.br Ao longo da história, os jardins passaram por uma complexa evolução até atingirem a concepção atual do espaço verde funcional voltado, ao planejamento eficiente, com materiais de baixo custo para a criação das estruturas, considerando o seu ciclo de vida, e a inserção de plantas nativas para evitar a necessidade de frequente manutenção e menor demanda de água. 1.2 A história da arte do paisagismo Desde os primeiros relatos históricos o homem está intimamente ligado a natureza e seus elementos, sendo este fator preponderante para sua sobrevivência. Do Éden criado por Deus e perdido pelo homem ao violar o fruto proibido, às construções egípcias, persas, gregas, romanas e islâmicas, o Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 12 Todos os direitos reservados paisagismo sempre representou fartura e bonança (PREST, 1981). Os jardins eram idealizados com a finalidade de demonstrar poder e grandeza. O paisagismo materializava, dentro de um determinado perímetro a natura como generosa, sendo a recriação dos espaços, sob o controle do homem, simbolizando a harmonia mútua entre as espécies, como se houve simbiose entre animais, rios e fontes e a figura humana (SANJAD, 2001). Segundo Prest (1981), para os povos cristãos os jardins associavam-se a espiritualidade, tanto religiosa como filosófica. Os espaços com tratamento paisagísticos eram considerados símbolos de benevolência divina, da pureza, a imagem do jardim fechado, ordenado racionalmente em oposição ao mundo exterior selvagem, era frequentemente utilizada na Idade Média para a representação visual do paraíso. A reprodução da natureza, integrando espécies vegetais a locais privados, fascina, encanta e desperta a imaginação das pessoas com a multiplicidade de cores e formas proporcionado pelas plantas. Segundo Rodrigues (2005), o paisagismo muitas vezes aparece em contos e histórias vinculado ao imaginário popular. O início do século XVI foi marcado pela nova fase do paisagismo. Este período é demarcado pelas evidências do poder imperial, um fato marcante foi a construção dos jardins da Corte Belvedere para a apresentação da coleção papal de escultura. Segundo Sanjad (2001), este momento histórico representou uma nova fase para o paisagismo, os jardins expressavam poder e importância, seria impossível idealizar os grandiosos palácios principescos que se espalharam pelas Cortes italianas, francesas e inglesas, sem os devidos tratamentos paisagismos que circundavam as construções. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 13 Todos os direitos reservados Os fatos que a história da civilização registra pode-se constatar que o paisagismo sempre esteve presente durante o desenvolvimento das civilizações, sendo descrito como parte da evolução e expressão artística. A expressão artística paisagística encontra-se dividida por diferentes períodos e povos. 1.2.1 Paisagismo Babilônico A região do oriente médio era banhada por dois grandes fluentes o rio Tigre e o Eufrates, esta característica contribuiu para o desenvolvimento agrícola da região, contribuindo para a urbanização do local. Segundo Panzini (2013), o quarto milênio (a. C.) na Mesopotâmia deu origem as primeiras porções territoriais urbanas, os espaços eram murados e pequenos grupos de pessoas fixavam-se para realizar atividades agrícolas e comerciais. Com a afirmação de um modelo urbano surge a necessidade em transpor o verde como subsídio as necessidades humanas. Desta forma é incorporado diversas áreas destinadas a diferentes atividades, como pomares, hortas e os primeiros jardins registrados pela história, (Figura 3). Figura 3:Jardins Suspensos da Babilônia. Fonte: http://dicasarquitetura.com.br Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 14 Todos os direitos reservados Para Panzini (2013), os Jardins Suspensos da Babilônia 604 a 562 (a.C.): jardins em terraços de 25 a 100 metros de altura irrigados. Os Jardins Suspensos foram construídos durante o reinado do rei Nabucodonosor, no século VI a.C., tornando-se uma das principais obras arquitetônicas empreendidas pelo monarca durante seu reinado pela Mesopotâmia. A obra é considerada uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, apesar de não se ter registros de sua existência em pesquisas arqueológicas. Cada superfície era adornada com jardins botânicos que continham inúmeras árvores frutíferas, esculturas dos deuses cultuados pelos acádios e cascatas, situadas em uma planície retangular. 1.2.2 Paisagismo Egípcio e Persa Para os egípcios o paisagismo seguia a mesma linha dos povos da Mesopotâmia, era destinado a prática agrícola, e possuíam sistemas de irrigações oriundas do Rio Nilo. Segundo Panzini (2013), existem referências de jardins no antigo Egito, em torno de 2000 (a.C.). Estes jardins seguiam critérios de plantio baseados na agricultura desenvolvida na planície do rio Nilo. Utilizavam canais de irrigação, esculturas, muros e apresentavam desenhos de linhas retas e formas simétricas. Os jardins egípcios exploravam o sentido religioso e simbólico de muitas plantas como o papiro, lótus, tamareira, videira, romã, figueira e cipreste. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 15 Todos os direitos reservados Figura 4: Taj Mahal, na Índia. Fonte: https://sundaycooks.com/o-paraiso-e-persa/ Os jardins persas, possuíam a mesma finalidade agrícola da maioria dos povos antigos, porem faziam usos de espécies algumas ornamentais. Panzini (2013), descreve o paisagismo persa projetado com desenhos quadriculados, como tapetes, utilizando plantas frutíferas, aromáticas e flores como cravos e rosas. Usavam canais com tanques no centro, revestidos de azulejos. Os jardins eram exuberantes, destinados ao prazer, saúde e luxo. Havia uma relação direta entre arquitetura e jardim. A figura 4, apresentam o jardim do Taj Mahal, na Índia, onde é possível observar, rigidez e simetria nas formas simétricos, presentes nos dois estilos paisagísticos. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 16 Todos os direitos reservados 1.2.3 Paisagismo Grego O cenário mediterrâneo, composto de colinas montanhas e pequenos vales é considerado desfavorável a prática agrícola, diferente das planícies do oriente médio e do vale do Nilo. Dessa forma os gregos adaptaram o paisagismo de acordo com as necessidades da época, e deram início aos primeiros jardins públicos. Para Panzini (2013), a Grécia teve um papel importante na definição dos espaços públicos, surgem as primeiras praças utilizadas para a prática de esportes e para local de encontro dos pensadores,(Figura 5) . Figura 5: Parteón. Fonte: https://www.antrophistoria.com O paisagismo grego servia de “santuários” para adorar os deuses, como grutas ou bosques. O estilo grego também teve forte influência egípcia, porém, em virtude das elevações e declives do relevo, utilizaram formas mais naturais. Utilizavam jardins em recintos fechados e cultivavam espécies frutíferas como romãs, pêras, figos, azeitonas, entre outras. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 17 Todos os direitos reservados 1.2.4 Paisagismo Romano Os povos romanos identificaram a necessidade de transpor a natureza como parte das edificações. Segundo Panzini (2013), essa visão surge no século I (d. C.) neste período o Jardim Romano de assume como jardim propriamente dito, com a função de lazer. O paisagismo romano era caracterizado de forma ordenada e retilínea, contendo pequenas hortas. As residências romanas possuíam jardins internos utilizados para a realização de festas, contendo diversos objetos, como: estátuas, mesas de mármore, pérgolas, espelhos d’água, vasos e floreiras, (Figura 6). Figura 6: Jardins Vila Adriana. Fonte:http://paisagismo-brasil.blogspot.com Entre as espécies utilizadas, destacam-se os ciprestes, os álamos, buxus, videira, hera, macieira, rosas e as flores da estação. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 18 Todos os direitos reservados 1.2.5 Paisagismo Chinês e japonês. Segundo Panzini (2013), o paisagismo Chinês data de dois séculos (a.C.), já no Japão estimasse que tenha iniciado no século VI. A concepção paisagística tanto na China como no Japão, apresenta-se voltado à recriação da natureza, o principal ponto em comum entre ambos é a presença de um desnível no terreno e a água. O jardim chinês apresenta fundamentos na contemplação, imobilidade e silêncio, com múltiplos significados simbólicos, transmitindo mensagens espirituais. O projeto paisagístico sempre apresentou relevância aos condicionantes naturais, como: topografia, clima e vegetação existentes, sem se prenderem as formas rígidas e simétricas, essa ideia projetual influenciou os jardins ingleses do século XVIII. Os elementos presentes neste estilo paisagístico sempre estiveram norteados por simbolismo, a água estava presente em vários espaços do jardim e representava uma imagem do paraíso. As pedras eram consideradas elementos de grande beleza, sua utilização encontrava-se comum, em contornos a água, e ladear caminhos, criando espaços para a meditação. A presença de elementos, como: areia, edificações, pontes e lanternas eram utilizados com o desejo de unir o homem com a natureza. Os jardins japoneses também eram apropriados para meditação e repletos de simbologia. Em sua aparente simplicidade, eram extremamente elaborados, e neles, cada detalhe assumia grande importância. O princípio da arte nos jardins japoneses consistia em concentrar a atenção no essencial, seja nas formas precisas ou na vegetação utilizada. De acordo com Pinheiros (2014), assim como no jardim chinês os elementos como água, pedras, cascalho, pontes e lanterna eram utilizados para compor uma paisagem elaborada. Os caminhos de pedras de formatos irregulares permitiam atravessar o jardim e proporcionavam Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 19 Todos os direitos reservados também a conservação dos caminhos de areia. A areia era utilizada para representar a água nos jardins que não a possuíam. Como uma forma de garantir estabilidade na paisagem, as plantas utilizadas eram perenes, como: pinheiros, cerejeiras, camélias, azaléias, bambus e grama japonesa são normalmente alguns dos elementos vegetais presentes. Dentre as árvores, a preferida era o Acer, com suas variações de cores e folhas e algumas espécies de pinus com formas e texturas variadas. A imagem 7, apresenta a conformação de um jardim japonês, onde é possível observar, a relevância com elementos como o relevo, a água e o uso de cores marcantes. Figura 7: Jardim japonês. Fonte: http://gideaopaisagismo.com/bonsai-e-jardins-japoneses/ Nos lagos a presença de carpas era sempre constante, e possuía uma simbologia voltada para a fecundidade. A água também simbolizava os momentos de calma, e os momentos de agitação quando em movimento. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 20 Todos os direitos reservados 1.2.6 Paisagismo Árabe O conceito árabe de paisagismo á a representação terrena do paraíso, voltado a simbologia religiosa onde cada elemento tem um significado diante do projeto: o eixo central dos jardins árabes inclui fontes e canais por onde flui a água, flanqueadas por árvores de fruta. Os árabes desenvolveram a relevância sensorial que o paisagismo representa, explorando os elementos: água, cor e perfume. As cores também eram valorizadas através dos pisos e paredes com placas de cerâmica, (Figura 8). Figura 8: Jardim árabe. Fonte: http://conloquendicausa.blogspot.com As plantas utilizadas geralmente possuíam perfumes como jasmins, cravos, jacintos, alfazemas, rosas e espécies trepadeiras junto a colunas. O estilo árabe influenciou os jardins espanhóis, que também empregavam a água com função simbólica e como agente refrigerador. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 21 Todos os direitos reservados 1.2.7 Paisagismo Medieval O período medieval é marcado por guerras, dessa forma o verde encontra-se limitado ao meio rural. Para Panzini (2013), o paisagismo na idade média foi demarcado pela simplicidade. Os jardins eram cultivados nos mosteiros e castelos, em espaços planos e fechados. Neles se cultivavam plantas úteis para alimentação, medicinais e floríferas para a ornamentação de altares, esses jardins eram cercados por trepadeiras ou espécies arbustivas. Figura 9: Jardim medieval. Fonte: http://paisagismo-brasil.blogspot.com Os caminhos cortavam-se em ângulos retos, evocando a cruz cristã. O paisagismo presente nos mosteiros oferecia simbolismo religioso, os jardins eram a representação ideal do paraíso, (Figura 9). Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 22 Todos os direitos reservados 1.2.8 Paisagismo Renascentista De acordo com Panzini (2013), o Renascimento ocorreu a partir da ascensão da burguesia com o fim do Feudalismo nos séculos XV ao XVI, o período consta de importantes movimentações em todos os setores, principalmente no científico e no artístico. O renascimento traz o paisagismo com características próprias em cada país europeu. Na Itália, são mais volumosos e opulentos; na França predominava a vegetação de porte baixo, de modo a revelar totalmente a grandiosidade das construções. Neste período as formas geométricas e a simetria predominam e a arquitetura é muito valorizada. Figura 10: Jardim renascentista. Fonte: http://www.vivatoscana.com.br O estilo denominado clássico iniciou com o renascimento italiano. A cidade de Florença (séc. XIV) era a capital da pintura e dos jardins. A imagem 10, apresenta A Villa la Petraia, onde é possível observar os elementos característicos do paisagismo renascentista, como: a presença de uma fonte, uso de labirintos e demarcação de acessos. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 23 Todos os direitos reservados 1.2.9 Paisagismo Italiano O Renascimento promoveu a música, as artes, a ciência, arquitetura e o paisagismo. O paisagismo italiano, foi demarcado por centros de retiro intelectual para sábios e artistas. As plantas mais utilizadas eram: ciprestes, topiaria, com predomínio da cor verde escuro para dar fundo às estátuas em cores claras, (Figura 11). Figura 11:Jardim italiano. Fonte: https://www.jardineiro.net/jardim-italiano.html Os projetos paisagísticos exploravam ao máximo o relevo acidentado, formando escalinatas (água no interior de calhas em degraus). As características gerais deste estilo são: predomínio da parte arquitetônica, uso de terraços para se adaptar à arquitetura, grutas com santos nos jardins, vegetação verde escuro, escadarias e escalinatas Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 24 Todos os direitos reservados 1.2.10 Paisagismo francês A partir da metade do século XVII a França, que se encontra no auge de seu poder e riqueza, passa a criar um modelo próprio de paisagismo, surgindo o estilo francês. Como reflexo da prosperidade, do poder e da inflexibilidade do governo, o modelo francês adota como premissa o domínio do homem sobre a natureza. Apresentam um eixo central que se eleva para o horizonte, valorizando a perspectiva e a sensação de grandiosidade, (Figura 12). Figura 12: Jardim francês, Museu do Ipiranga/SC. Fonte: http://www.aliancafrancesa.com.br As principais características deste estilo são: rígida distribuição axial, simetria, proporções matemáticas, perspectiva sem fim, artificialismo, labirintos, estátuas, bordaduras nos canteiros com plantas verde escuro e no interior flores anuais coloridas. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 25 Todos os direitos reservados 1.2.11 Paisagismos inglês No século XVIII os ingleses propuseram novos modelos estéticos para as artes e paisagismo. Os projetos compreendiam todo o panorama visível desde a residência, ou seja, toda a paisagem. Buscavam explorar diferentes impressões visuais como reflexos luminosos, textura, além da sonoridade do movimento das plantas. As principais características deste estilo podem ser representadas por: grandes espaços com cobertura em gramados, caminhos amplos, formações vegetais heterogêneas e flores com cores suaves, água em formas mais naturais, exploração dos elementos surpresa, variedade, simulação e sequência de perspectivas e eliminação de barreiras entre o jardim e a paisagem, (Figura 13). Figura 13: Jardim inglês. Fonte: https://universodasflores.wordpress.com Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 26 Todos os direitos reservados O estilo inglês influenciou o paisagismo nos EUA. No entanto, os pequenos jardins das residências americanas não permitiam a adoção completa deste estilo. No final do século XIX, os americanos incorporaram ao estilo inglês a utilização de maciços florais e arbustos. Atualmente o planejamento paisagístico deve ser feito respeitando-se as condições ambientais e sociais, conciliando as necessidades dos usuários com as possibilidades do ambiente 1.3 O Paisagismo brasileiro As primeiras expressões paisagísticas brasileiras surgiram com a chegada da família imperial. Segundo Panzini (2013), o período colonial não apresentou desenvolvimento do paisagismo no Brasil, este período foi marcado por uma mistura de estilos, com presença de azulejos do estilo espanhol, obeliscos em granito e mármore de estilo italiano e organização espacial francesa. Os primeiros passeios públicos tiveram início no final do século XVIII e as famílias ricas seguiram modelos europeus em seus jardins. Com a chegada de D. João VI no Rio de Janeiro, foram criadas várias praças e parques e fundado o Horto Real, atual Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Neste período foram introduzidas várias espécies como cinamomo, canforeira, gardênia, cássia, cróton e acalifa, entre outras. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 27 Todos os direitos reservados Figura 14: Residência em Petrópolis de Oscar Niemeyer, paisagismo de Roberto Bule Marx. Fonte: https://www.archda De acordo com Panzini (2013), Roberto Burle Marx foi considerado destaque internacional, iniciou sua atuação como paisagista em 1934. Burle Marx renovou o paisagismo no Brasil, pesquisando e valorizando as espécies nativas. Utilizou princípios da arte moderna no desenho e distribuição dos jardins, (Figura 14). Demonstrou uma grande preocupação com as condições locais, instaurando o jardim tropical. Entre suas obras, destacam- se: Parque Ibirapuera, SP, os Jardins e passeios da praia de Botafogo e Parque do Flamengo RJ, Jardins do prédio da UNESCO Paris/FR, Parque Del Este, Venezuela. Tabela 1: Comparativo dos estilos paisagístico clássico e paisagismo contemporâneo. Estilo Clássico: Estilo Paisagístico contemporâneo ou natural: Os Jardins de Versailles, na França, são um exemplo deste estilo, apresentando as seguintes características: Os jardins projetados por Burle Marx são exemplos deste estilo, que apresenta as seguintes características: Linhas rígidas; Circulações retas Imita a natureza; Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 28 Todos os direitos reservados Simetria absoluta Vegetais conduzidos artificialmente (podas e topiarias) Cores fortes e quentes Bordaduras com plantas podadas (Buxus) Presença de fontes e chafarizes Utiliza planos inclinados, respeitando o relevo existente; Circulações retas ou curvas, nunca simétricas; Vegetais com formas naturais; Cores variadas; Repousante, proporcionando bem- estar; A tabela 1 apresenta um comparativo dos estilos paisagísticos clássico e paisagismo contemporâneo natural. 1.4 Paisagismo contemporâneos (séculos XIX e XX) Os jardins contemporâneos são influenciados por todas as tendências que se desenvolveram no passado, podem ser projetados em um único estilo, ou ainda com a influência de estilos pré-existentes. Alguns dos principais estilos que ocorrem no Paisagismo estão descritos a seguir. Jardim clássico ou formal: Neste estilo de paisagismo predomina as formas geométricas, simetria e separação rígida dos espaços; usam-se frequentemente coníferas e plantas apropriadas para serem podadas, formando figuras de topiaria, esculturas, escadarias e fontes de desenho clássico, fazem o complemento ideal. Panzini (2013), o paisagismo clássico vem da época do Renascimento (século XVl) e atingiu seu maior esplendor na França e Itália. Neles não podem faltar sebes baixas e rigorosamente aparadas, que emolduram canteiros floridos. Jardim inglês: Apresenta traçado orgânico, integrando os diversos elementos; as plantas são mantidas em sua forma natural; inspira-se nos jardins chineses e japoneses, ou no jardim inglês do século XVIII. Jardim tropical: Com traços e composições informais, a vegetação é composta, predominantemente, por palmeiras, aráceas, plantas aquáticas e palustres, helicônias, zingiberáceas, bromélias, agaves e Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 29 Todos os direitos reservados outras plantas tropicais. é aquele que evoca a exuberância da flora tropical, com muito verde e muitas flores. Árvores como flamboyant e o jasmim-manga, arbustos como o hibisco, a primavera, e o cróton, palmeiras diversas, folhagens tipo filodendros, monsteras, samambaias, helicônias, biris, bromélias, dracenas, dentre outras. As forrações gramíneas promovem a integração entre as diversas plantas. Jardim rochoso ou árido: O jardim rochoso ou árido, é apropriado para solos arenosos e climas secos; é formado por cactos, outras plantas suculentas e plantas xerófitas, usando-se pedras e areia para completar a composição. O jardim seco, desértico ou rochoso, tenta reproduzir uma paisagem árida. Pedras e areia fazem o pano de fundo para cactos, agraves, yucas e suculentas em geral. Uma ou outra palmeira de regiões áridas, como a carnaúba e o urucuri, arvoretas de tronco retorcido, arbustos esgalhados. Jardim alpino: Uma excelente opção para regiões de clima temperado, onde temperaturas mais baixas sejam predominantes. Nesta condição de clima é muito importante a seleção de plantas que provenientes de regiões frias, como coníferas, hortênsia, camélia, plátano, amor-perfeito, magnólia branca, dentre outras. Jardim japonês: Os elementos utilizados apresentam concepção espiritual de acordo com a filosofia de vida oriental. A presença de pedra, água, ponte, lamparina de pedra, bambu, bonsai, carpa, transmitem simbolismo espiritual. Os exemplares vegetais utilizados seguem os antigos padrões estabelecido desde o século XVIII, exemplo: azaléia, camélia, cerejeira Japonesa, íris, glicínia, samambaia e grama. A liberdade no uso das espécies é uma característica marcante deste estilo, a combinação de plantas utilizadas em outros estilos é um exemplo: combinar plantas topiadas que são utilizadas em jardins clássicos europeus, com palmeiras típicas do estilo tropical. O uso de elementos, como: paredes Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 30 Todos os direitos reservados verdes, espelhos d’água e pedras são bem-vindos, compondo com vasos e mobília para espaços externos, (Figura 15). Flores como rosa do deserto e orquídeas também formam o paisagismo contemporâneo. Figura 15: Parque BURLE MARX/SP. Fonte: https://blogdaarquitetura.com Independente do estilo adotado ou dos critérios, sejam: estéticos ou funcionais, o conhecimento dos tipos de exemplares vegetais e das possíveis composições é fundamental para que o paisagismo cumpra a função para a qual foi projetado. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 31 Todos os direitos reservados CAPÍTULO 2: APLICAÇÃO DE EXEMPLARES VEGETAIS Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 32 Todos os direitos reservados CAPÍTULO 2: APLICAÇÃO DE EXEMPLARES VEGETAIS 2.1 O paisagismo e as características plásticas e estéticas das plantas As características plásticas ou estéticas irão definir o potencial ornamental de uma espécie vegetal. Entre estes critérios, podem ser destacados: Forma e porte: A natureza oferece uma riqueza de formas vegetais, encontrando-se plantas mais arredondadas, ovaladas, alongadas, com galhos arqueados entre outras diversas formas. O arranjo dos galhos também pode oferecer diferentes sensações. Galhos ascendentes, por exemplo, transmitem sensação de força e altivez, enquanto galhos descendentes evocam reflexão e leveza, como no caso de samambaias ou da sálvia da gripe (Lippia alba). Cor: Pode-se explorar a coloração da floração e da folhagem das plantas, buscando as diferentes sensações que as cores podem produzir. Além disso, deve-se considerar a época de florescimento de cada espécie e as alterações que ocorrem na coloração da folhagem de acordo com a estação do ano. Muitas espécies medicinais destacam-se pelo colorido da floração, como a calêndula (Calendula officinalis), com flores amarelas ou laranja durante o inverno. Outras se destacam pela coloração da folhagem, como a pulmonária (Stachys byzantina), com folhas cinza. A escolha do exemplar vegetal deve considerar a percepção da cor nas folhas, o tamanho da superfície, a textura, a pilosidade, capacidade de refletir mais ou menos luz e de ser mais ou menos translúcida. As cores quentes como; o vermelho, o laranja e o amarelo, transmitem sensação de alegria, ação e proximidade, desta forma tronam-se Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 33 Todos os direitos reservados excelentes opções para locais amplos, de intensa atividade, chamando a atenção dos usuários ou transeuntes. As cores frias como: o azul, o violeta e o verde, transmitem a sensação de repouso, serenidade e calma. Desta forma, são recomendadas em áreas de descanso ou lazer passivo, como em áreas de contemplação e em pequenos espaços, pois proporcionam a sensação de amplitude. Podem ser aplicadas teorias cromáticas, buscando-se obter efeitos de contrastes ou de harmonia entre tonalidades e matizes. Textura: As espécies possuem diferentes texturas, que são percebidas especialmente pelo tato, mas também pela impressão visual que a superfície das folhas, troncos ou frutos provoca. Esta característica também altera a cor da vegetação, já que texturas ásperas absorvem a luz, enquanto as texturas lisas tendem a refletem. As características das texturas das plantas podem favorecer a senção de suavidade ou de agressividade. Podem ser encontradas plantas medicinais com texturas muito variadas, como por exemplo, plantas de folhas lisas e suculentas como os bálsamos (Sedum spp), e plantas de folhas macias e pilosas, como a pulmonária (Stachys byzantina) e a sálvia (Salvia officinalis). Esta característica deve ser privilegiada em Jardins Sensoriais ou Jardins dos Sentidos, estimulando o tato. Transparência: Refere-se ao volume da folhagem, transmitindo leveza e evitando a formação de barreiras visuais, exemplo a mil folhas (Achillea millefolium). Mobilidade: O movimento dos ramos, folhas ou da planta inteira pode provocar sensações variadas, sendo interessante ser explorado em jardins sensoriais pela geração de sons a partir dos ventos. A mobilidade pode destacar a coloração da folhagem, especialmente em espécies que Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 34 Todos os direitos reservados apresentem diferentes nuances de cores nas faces das folhas, como a goiaba da serra (Acca sellowiana). Aroma: O aroma ou perfume exalado pelas plantas possui efeitos terapêuticos, estimulando o cérebro e provocando diferentes sensações. Esta característica também deve ser especialmente explorada de forma sensorial. 2.2 Desenvolvendo o projeto paisagístico Segundo o paisagista Benedito Abbud “o paisagismo é a única expressão artística em que participam os cinco sentidos do ser humano”. Um dos pontos principais do paisagismo é tornar um espaço funcional, esteticamente agradável e convidativo. Dessa forma é fundamental conhecer o perfil do usuário, buscando atender às necessidades de diferentes faixas etárias e com diferentes necessidades de usos. Outro ponto importante é compreender a preferência dos usuários por espécies vegetais, estilo paisagístico ou aspecto estético. Após identificar as necessidades dos usuários, é importante realizar o diagnóstico do terreno, nesta etapa devem ser observados aspectos como a área disponível, limites do terreno, topografia, tipo de solo e drenagem do local, vegetação existente, exposição solar, ocorrência de ventos ou geadas, presença de fiação elétrica e tubulações, entre outros. Esta análise dever levar em conta as necessidades e aspirações dos usuários. O próximo passo é a setorização do local, e aplicação dos exemplares vegetais. Este momento inclui as necessidades dos usuários e as condicionantes da área projetada, somente com levantamento de todos os de todos será possível passar para a etapa de projeto e execução. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 35 Todos os direitos reservados Segundo Panzini (2013), o projeto paisagístico segue de uma representação de duas partes: a parte gráfica e a parte escrita. A parte gráfica constitui de: plantas-baixas, representações em elevação, cortes e perspectivas. A parte escrita consiste no memorial descritivo onde são contidas as seguintes informações: localização da área, características e estilo do jardim, relação das espécies vegetais e recomendações sobre a manutenção das mesmas, elementos construídos, instalações específicas como: irrigação e iluminação, trabalhos a realizar como: terraplanagem, adubação, mobiliário a compor o espaço como: bancos e mesas. 2.2.1 Plano de massas O plano de massa é o estudo preliminar da paisagem, quando se define a estrutura básica dos espaços a serem produzidos, exemplo: uso, forma, cor, textura, os caminhos entre outros aspectos. Segundo Bonafé (1986), o plano de massas consiste na delimitação e organização dos espaços livres oferecidos durante o zoneamento. Durante essa fase é verificado os vazios do projeto, analisando a passagem de ar e de luminosidade. Os elementos estruturadores do espaço são responsáveis por condicionar fluidez ao espaço projetado, dentre estes elementos podemos destacar: os volumes vegetais, os volumes edificados, pisos, e elementos naturais, como: solo, taludes, pedras, rochas, água e vegetação existente. Muitas vezes trona-se difícil a visualização de uma setorização espacial ou de uma delimitação, isso ocorre devido a dimensão do espaço projetado, ou da quantidade de exemplares vegetais dispostos no projeto. O desenvolvimento do plano de massa funciona como a apoio para o projeto final, nesta etapa são estudadas as configurações da futura Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 36 Todos os direitos reservados paisagem produzida. Para cada item do plano, bem como para seu conjunto, são produzidas alternativas espaciais, que depois de analisadas e selecionadas direcionam a produção de um croqui onde são representadas as intervenções pretendidas na paisagem, para então posteriormente ser transformado em um anteprojeto. 2.3 Espaços determinados por vegetações Segundo Bonafé (1986), a vegetação é apenas um dos elementos dentre tantos componentes de um projeto paisagístico, porém é o único ser vivo que permanece preso ao chão, contribuindo durante todo o ciclo de vida para a delimitação de vazios na paisagem. Durante o ciclo de sua existência são visíveis diversas alterações em sua forma e volume. As alterações ocorrem durante o ciclo de vida da planta, acompanhando as características das estações do ano. Assim trabalhar com vegetação é trabalhar com fator tempo e com a condição de ser vivo. Essas variáveis são as responsáveis pelas principais diferenças entre o trabalho de se projetar com ou sem vegetação (BONAFÉ, 1986). Os volumes vegetais básicos são facilmente identificados, quando posicionados isoladamente apresentam pouca importância na configuração geral de determinados espaços livres, principalmente nos espaços de grande e médio porte. No caso de parques ou grandes praças, os conjuntos formados pelos diferentes tipos de vegetação são fatores determinantes da organização e produção dos espaços. Entretanto os espaços menores, como jardins residenciais ou pequenas praças, os elementos únicos, como uma árvore por exemplo, podem ser estruturadores do espaço, podem também desempenhar função de elementos Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 37 Todos os direitos reservados complementares, dependendo dos conjuntos de outras espécies de porte menor, dos pisos e edifícios. Os elementos vegetais isolados nos grandes espaços livres existem e devem ser considerados como componentes complementares de cada área, como um detalhe, um referencial, ou um marco. Figura 16: Parque Villa Lobos. Fonte: https://www.galeriadaarquitetura.com.br As características espaciais podem variar de acordo com a estrutura vegetal dominante. A presença de uma clareira, ou de uma estrutura colunar, tende a ocorrer em meio a uma mata fechada ou a um renque de árvores de copa vertical, possui uma expressão espacial diferente apesar de apresentar as mesmas dimensões horizontais, exemplo; pinheiros ou coqueiros, (Figura 16). A quantidade de luz que transpassa os espaços determina o de luminosidade. As diferentes espécies vegetais possuem densidade e quantidade de folhagem diferentes: muito densas, densas, médias e ralas, Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 38 Todos os direitos reservados bem como podem variar estas quantidades de acordo com a estação do ano. Isto possibilita uma grande variedade. O tipo de folhagem também influencia na transparência, folhas mais finas, mais claras, mais translúcidas, outras opacas, escuras entre outras. De acordo com Bonafé (1986), as diversas cores e tons presentes nos elementos vegetais, proporcionam as mais variadas situações de acordo com a disposição das massas de vegetação, tais como: espaços sombrios, com pouco brilho, com o predomínio da cor verde escura, espaços claros com o predomínio de amarelos, verdes claros, panos de cor derivados de massas de arbustos e forrações e elementos de destaque em diferentes cores e composições. O uso de espécies que produzem floração aumenta a paleta de cores no paisagismo. 2.4 Grau de definição O grau de definição consiste em determinar todos os elementos e componentes de projeto formadores da paisagem de modo que cada espaço, apresente suas formas e dimensões básicas, sendo caracterizados seus pisos, planos, volumes de vegetação, muros e equipamentos urbanos. O desenvolvimento do projeto paisagístico deve considerar os seguintes itens: Configuração do Sítio: Apontar os movimentos de terra de modo a criar o suporte adequado à nova situação oferecendo: drenagem correta, assentamento e correção do solo, possibilitando a implantação de infraestrutura assim como edifícios, pisos e plantação. Caminhos: Traçar um esquema geral de circulação de pedestres e veículos, dimensionando e especificando as características básicas de piso, definindo o tipo, sendo vegetal, permeável ou impermeável. São ainda sugeridos Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 39 Todos os direitos reservados critérios de iluminação e sinalização base, de modo a fornecer subsídios e segurança aos usuários. Figura 17: Traçado de caminho para pedestres. Fonte: https://br.pinterest.com. A vegetação ao longo dos caminhos exerce papel estruturador de planos horizontais e verticais, podem ser consideradas: paredes, pisos e coberturas, apresentando características básicas definidas, isto é, graus de fechamento, transparências, cores, texturas. Os aromas exalados pelas diversas espécies, o movimento das folhas e galhos ao vento contribuem para uma identificação dos espaços criados ao redor das trilhas, corredores. A cada um deles é atribuído um grau de importância de acordo com as necessidades de uso, correspondendo ainda a cada categoria de utilização, dimensões e tipos de piso. Aos caminhos principais, aquele que percorrem a área inteira, que definem ou circundam setores principais correspondem aos de maior uso, diversificados e intenso, necessitando de pisos permeáveis e de fácil escoamento das Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 40 Todos os direitos reservados águas. A definição destes caminhos pode comportar atividades simultâneas como caminhadas e passeios de bicicleta, o piso pode ser compartilhado, apresentando pequenas sinalizações de setorização. Os caminhos destinados predominantemente ao uso por pedestres comportam pisos variados. A utilização por veículos pesados implica em uma escolha mais específica de materiais, mais resistentes, de espessura maior. Os caminhos secundários destinados a usos específicos, como como trilhas em meio a bosques, podem receber tratamentos de piso e dimensões mais modestas, utilizando materiais naturais, como pedras, (Figura 17). Os caminhos devem comportar um percurso prazeroso oferecendo: clareiras, pátios, mirantes, de modo a permitir ao usuário opções de parada para descanso e contemplação. 2.5 Tipos vegetais aplicados ao paisagismo A escolha do exemplar vegetal requer conhecimento técnico, em relação a dois grupos de fatores determinantes. O primeiro é o aspecto visual da planta, forma, tamanho, estrutura, densidade e disposição da folhagem, textura e cores do conjunto e de suas partes vegetais. Segundo Bruce (1987), tais aspectos dizem respeito à arquitetura da planta tomada como objeto, ou ainda relacionados à forma como o vegetal ocupa e se desenvolve no espaço. O segundo conjunto de fatores, são os condicionantes de sobrevivência da planta com o ambiente. Neste contexto é importante compreender as necessidades do exemplar para se manter, desenvolver, florescer, frutificar. Suas exigências quanto ao tipo de solo, umidade, iluminação, tipo de crescimento, ciclos anuais de florescimento e frutificação, resistência a doenças e pragas. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 41 Todos os direitos reservados Os aspectos visuais das plantas são nomeados de acordo com o porte ou uso, na linguagem corrente podem ser: árvores, arbustos, trepadeiras, ervas, entre outros. Já os aspectos que se referem ao vegetal como um componente vivo da natureza não se apresentam relacionados a arquitetura da planta. Ao desenvolver projeto paisagístico inicialmente se escolhe o tipo vegetal, como composição do ambiente. Este modo abstrato de trabalhar com a vegetação facilita muito sua utilização como fator de estruturação plástica e ordenamento da paisagem. A especificação propriamente dita pode ser deixada para uma fase posterior do projeto, quando então se toma imprescindível levar em consideração os aspectos naturais de cada trecho da área a ser tratada, particularmente os tipos de solo e as variações de umidade e iluminação, fatores que irão influir decisivamente na escolha definitiva das espécies. O ideal é adotar uma classificação com a qual se possa trabalhar em qualquer fase do projeto. Uma das classificações mais usuais de tipos vegetais refere-se a uma definição que leva em conta exclusivamente o tipo de caule da planta. Assim, as árvores são plantas providas de um tipo de caule resistente e lenhoso, que se ramifica a uma certa altura do nível do solo, enquanto os arbustos possuem caule lenhoso, geralmente ramificado desde sua base. Os subarbustos possuem caule apenas parcialmente lenhosos, pois seu prolongamento é herbáceo, as trepadeiras caracterizam- se por seu caule sempre pronto a se desenvolver e se apoiar sobre outras estruturas mais resistentes. Segundo Demattê (2006), as plantas que não apresentam caule de lenho são consideradas herbáceas, independentemente de sua forma e tamanho: diversas musáceas como as helicônias ou as bananeiras, por Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 42 Todos os direitos reservados exemplo, são consideradas herbáceas, da mesma forma que qualquer pequena erva rasteira. A escolha da planta deve observar características além do caule vegetal, tais com forma: porte, estrutura, além de outros detalhes relativos às diferentes partes vegetais. Com base nestes aspectos, que de modo especial se referem à presença física do elemento vegetal na paisagem, será possível definir um conjunto de tipos fundamentais que sejam relativamente fáceis de manusear para fins de projeto (DEMATTÊ, 2006). No entanto mesmo com diversas formas de classificar os exemplares vegetais aplicáveis no paisagismo, é possível que ocorram diferentes erros, devido o universo biológico das plantas ser tão grandioso. A simples diferenciação entre árvore e arbusto, que nos pode parecer à primeira vista suficientemente precisa, não tem uma correspondência exata na natureza, onde esta distinção nem sempre é tão clara, pois existem formas intermediárias que poderiam se enquadrar tanto em um tipo quanto em outro ou que dificilmente se ajustariam a algum deles. Por força de uma simplificação inevitável, não raramente são incluídas no mesmo grupo, plantas que têm algumas características importantes em comum, mas que ainda assim apresentam entre si diferenças tais que não podem ser inteiramente desprezadas (SALVIATÍ). Tabela 2: Classificação dos exemplares vegetais, segundo tipologia do caule. CLASSIFICAÇÃO DOS EXEMPLARES VEGETAIS PLANTAS ARBÓREAS: Plantas com altura normalmente acima de 5 ou 6 metros, caule autoportante, único na base, com divisão acima do nível do solo. 1. ÁRVORES: Plantas arbóreas, com estrutura ramificada em diferentes formas, caule único, ramos providos de folhas laminares, com formas e tamanhos variados. 2. PALMEIRAS: Plantas de caule único, provido de folhas alongadas, caracteristicamente pinadas, inseridas em rosetas na extremidade superior do caule. 3. CONÍFERAS: Plantas arbóreas, em geral de grande porte, estrutura monopodial (caule vertical com ramificações laterais), copa Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 43 Todos os direitos reservados frequentemente cônica, folha em forma de acículas, lâminas estreitas ou escamas. TREPADEIRAS: Plantas de caule não autoportante, com crescimento apoiado em outras estruturas. 4 TREPADEIRAS: PLANTAS ARBUSTIVAS: Plantas com altura de 5 ou 6 metros, caule em geral subdividido junto ao nível do solo. 5 PLANTAS ARBUSTIVAS: PLANTAS HERBACEAS: Plantas herbáceas. 6. HERBÁCEA Plantas de até 1 metro de altura, podendo atingir a altura de um arbusto, caule completamente herbáceo. 7. FORRAÇÕES: Plantas herbáceas, rasteiras, geralmente densamente enraizada, com altura até 30cm. 8. PISOS VEGETAIS Plantas herbáceas, rasteiras, normalmente providas de rizomas ou estolões, fortemente enraizados. A tabela 2 apresenta a classificação onde é possível identificar a estrutura da planta de acordo com a tipologia do caule. 2.5.1 Estratos arbóreos Dentro da classificação das espécies vegetais, as plantas arbóreas representam a magnitude da natureza. Algumas espécies podem chegar a 100,00m de altura, a grandeza estrutural e a coerência na distribuição das folhas e ramos em busca da luz solar, a permanente mobilidade causada Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 44 Todos os direitos reservados pela movimentação do ar, traz a integração dessas espécies em um jogo de luz e sombras durante as estações do ano. O principal aspecto funcional das espécies arbóreas é sem dúvida servir como abrigo, para animais, pequenos seres vivos como fungos e protozoários, contribuir para o sombreamento, delimitações de espaços, criar e dividir ambientes através de composições em maciços e contribuir para a diversidade natural ambiental. De acordo com Salviatí, a distinção das árvores, das coníferas e das palmeiras deve ser considerada devido a funções desempenhada em diferentes situações paisagísticas, pois a árvore pode ser pensada como um verdadeiro teto vegetal, provido de um suporte único, permitindo franca transparência para um observador localizado próximo a sua copa, enquanto as coníferas apresentam estruturas mais alongadas com copada esbelta, são excelentes opções para formação de cercas. As palmeiras encorparam situações na construção da paisagem, puramente estética. Os aspectos de classificação das espécies arbóreas podem ser divididos em três grupos fundamentais: Porte, forma e sombreamento. O porte é considerado a primeira divisão das espécies, dentro deste aspecto é comum se considerar uma subdivisão de três valores: árvore de grande, médio ou pequeno porte. Para Oliveira (2008), uma árvore poderá ser considerada de grande porte seja pela sua altura, como por exemplo o mogno (Swietenia macrophylla). Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 45 Todos os direitos reservados Tabela 3: Classificação das espécies vegetais por porte. CLASSIFICAÇÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS ARBÓREAS POR PORTE ESTRUTURA DA PLANTA Pequeno Médio Grande Altura da planta (metros) Até 8 De 8 a 15 Maior de 15 Diâmetro do caule (metros) Até 6 De 6 a 12 Maior de 12 A tabela 3 provêm apresenta uma classificação simplificada, de aplicação antecessora ao projeto de paisagismo. Em relação a divisão das espécies arbóreas, ainda é possível identificar diferentes nomenclaturas intermediárias a duas espécies. Um exemplo são as arvoretas, plantas com estrutura parecida com árvores apresentando alturas de 5 ou 6m. As arvoretas como, por exemplo, o jasmim-manga (Plumeria rubra), a grevilha-anã (Grevillea banksii), a extremosa (Lagerstroemia) indica, algumas espécies de dracenas e chefleras, não podem na verdade ser utilizadas como árvores, porém seu pequeno porte as torna ideais para espaços limitados, que não comportariam plantas de porte mais avantajado, como as árvores propriamente ditas (SALVIATÍ). A variedade genética do grupo arbóreo também pode significar grande variação entre indivíduos da mesma espécie. As condições ambientais também interferem na formação estrutural da planta. Entre as condições de maior relevância ao desenvolvimento de uma espécie vegetal a luminosidade apresenta grande importância, modificam substancialmente sua forma e mesmo seu porte. Segundo Oliveira (2008), este fato pode ser observado em árvores nativas encontradas dentro das matas ou aquelas que são cultivadas em locais sombreados, estas plantas Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 46 Todos os direitos reservados tendem a se alongar em busca da luz, formando uma copa estreita e adquirindo um talhe esguio. Costuma-se, portanto, considerar que a forma específica da árvore é aquela adotada quando a mesma se desenvolve isoladamente em condições de plena insolação. A forma adulta da arvore ainda pode ser agrupada em relação ao tipo do fuste e a forma da copada, esta formação está totalmente ligada a ramificação da planta. O fuste pode ser definido como a porção do caule lisa, livre de subdivisões. Aos olhos do paisagismo o fuste é a porção do caule que se apresenta visualmente liberado, desobstruído da folhagem da copa. Pode se considerar como baixo o fuste com até 2,5m, médio o que tem sua altura entre 2,5 e 4m, e alto o que atinge mais de 4m. O caule ainda pode representar diferentes divisões dentro da classificação arbórea, segundo a tipologia de ramificação (Tabela 4): Tabela 4: Classificação pela ramificação do caule. CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A RAMIFICAÇÃO DO CAULE Estrutura monoaxial Árvore com forma acentuadamente vertical, marcado por um único tronco, que ao invés de se dividir apenas lança ramos laterais. Estruturas poliaxiais Árvore com caule subdivido em laças ou ramos laterais. A densidade da folhagem é responsável pela qualidade do sombreamento que a arvore proporciona no local onde está inserida. A sombra pode ser entendida como densa, média ou rala. As arvores com a copada densa e volumosa a sobra torna-se densa, pois a luz solar encontra dificuldade em transpor as folhas e alcançar o solo, impedindo o crescimento de pequenas espécies, como arbustos, gramas e forrações. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 47 Todos os direitos reservados De acordo com Salviatí, dois exemplos de arvores com copada densa são: a munguba (Pachira aquaíica), e o amendoim-bravo (Pterogine nitens). As arvores que proporcionam sombreamento médio, permite o crescimento de plantas umbrófilas, sendo ainda considerável a proteção a folhagem dessas espécies, como acontece com o pau-ferro (Caesalpinea ferrea), com o pequi (iCaryocar brasiliensé) ou com a sucupira- branca (Pterodon pubescens). As sombras ralas não oferecem proteção eficiente, como podemos ver, por exemplo, no angico (Piptadenia macro carpa). As árvores com pouca densidade de folhagem podem ser muito úteis em situações onde se necessita de proteção contra a insolação, especialmente nas orientações norte, e oeste sem obstruir muito o visual, pois a folhagem pouco densa chega a propiciar uma certa transparência que pode ser muito útil quando se quer proporcionar algum sombreamento sem comprometer totalmente a visualização do segundo plano. A permanência da folhagem também interfere diretamente na qualidade e quantidade de sombra. A folhagem pode ser persistente onde a existência de folhas o ano todo, como é o caso da sibipiruna (Caesalpinea peltophoroides), ou caducifólias estas plantas perdem as folhas em determinadas épocas do ano ou em estiagens, como acontece com a paineira (Chorisia speciosa) ou com o cambuí (Peltophorum dubium). Este primeiro momento em que são abordados conceitos que apontam aspectos relativos ao porte, forma e sombreamento constitui a qualificação da árvore quanto à sua arquitetura de um modo geral, sem levar em conta os detalhes, como: ocupação no espaço físico e o efeito que produz na paisagem enquanto elemento de forma e volume. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 48 Todos os direitos reservados 2.5.2 Arbóreas - Raiz e córtex As raízes terminam a aplicação da planta sem que ocorra danos ao espaço físico, em especial no meio urbano. O tipo de raiz pode ser caracterizado como raízes pivotantes ou profundas e raízes superficiais. As plantas de raízes superficiais tornam-se excelentes opções para locais onde não é possível se extinguir pavimentação, como é o caso de faixas de serviço com canteiros ou mesmo pequenos jardins entre pisos, (Tabela 5). Tabela 5: Classificação segundo o enraizamento das plantas: CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A FORMAÇÃO DAS RAÍZES Raízes pivotantes ou profundas Árvores que possuem raízes pivotantes ou profundas (mogno, angico, pau-ferro). Aplicação em locais abertos, livre de pisos que possam ser danificados, excelentes opções para parques urbanos. Raízes superficiais Árvoreque possuem raízes superficiais (flamboiam, guapuruvu, paineira). Ideais para pequenos espaços urbanos, podem ser locadas em canteiros e jardins, sem grandes danos. As árvores de raízes profundas, em especial as de maior porte, podem desenvolver raízes robustas próximo à superfície do solo, tornando-se um problema sério para as fundações dos edifícios ou para suas canalizações externas. Antes de plantar uma espécie arbórea próximas a edificações ou estacionamento e calçadas, onde a existência de tubulações subterrâneas, o ideal é utilizar covas com as faces verticais revestidas de até 60,00cm, com material rígido como pedras ou alvenaria, isso obrigara as raízes a se aprofundarem no solo deixando uma faixa livre. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 49 Todos os direitos reservados A casca da árvore ou córtex é formado por células mortas, e permite proteção a estrutura do caule. O aspecto de rugosidade da casca da arvore varia de acordo com a espécie e a idade da planta. De acordo com Salviatí, indivíduos mais antigos pode se despreender em forma de placas. Algumas espécies podem apresentar caule superficial, de coloração diferente. 2. 5.3 Arbóreas - Folhagens, flores e frutos A formação da folhagem, pode ser despercebida quando se observa regiões de clima tropical e úmido. A diferença na coloração das folhas é praticamente imperceptível, porém quando se observa pequenas escalas delimitando o tamanho da área observada é possível identificar, as diversas colorações, formas e texturas presentes nas folhagens das plantas. A textura é representada especialmente pela forma e agrupamento das folhas. À primeira vista é praticamente imperceptível, mas quando se apresentam agrupadas e organizadas nos ramos a visualização tende a ser mais clara. A formação de padrão de textura ocorre a partir do padrão de distribuição e densidade, dimensão da lâmina foliar ou dos folíolos, e podem ser classificadas em: Textura finíssima: Esse tipo de textura ocorre em folhas de dimensões muito pequenas, exemplo o angico. Textura fina: Pode ser encontrada em árvores com folhas de dimensões reduzidas de até aproximadamente 5,00cm, exemplo a copaíba (Copaifera langsdorfii). Textura média: A textura média ocorre em plantas com folhagens com dimensões entre 10,00 e 12,00cm. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 50 Todos os direitos reservados Textura robusta: As plantas com folhagens de dimensões acima de 12,00cm, em geral espessas, apresentam textura robusta, exemplo mangueira. Textura pingente: Esse tipo de textura é comum em plantas como o salgueiro e o chorão, ocorre em geral por apresentarem um modelo peculiar de folhagem dando aspecto de pingente. A coloração da folhagem, contribui para a formação da paisagem, entretendo não causa o mesmo efeito que a presença de flores. Podemos citar seis tonalidades diferentes mais comuns para as folhas das árvores: verde-médio, verde-escuro, verde-esbranquiçado, verde- acinzentado, verde-amarelado, verde-variegado, além da coloração prateada que é bastante típica, por exemplo, no eucaliptus argentino (Eucalyptus cinerea). O brilho também pode contribuir muito para distinguir as folhas, como no Ficus benjamim, uma pequena árvore muito utilizada em paisagismo (SALVIATÍ). No geral a elaboração do projeto paisagístico desconsidera a variação da coloração de folhagens arbóreas, os fundamentos de maior relevância para o projeto paisagístico, são baseados na forma, volume e na floração. As flores das espécies arbóreas podem ser encontradas em diferentes situações: Volumosas e vistosas, como é o caso do ipê, discretas e pequenas capazes de passarem despercebidas em meio a folhagem, exemplo amendoim-bravo. As flores e frutos constituem importantes recursos alimentares para a fauna, existe no ecossistema uma grande diversidade de floração e produção de frutos durante o ano todo. Outro importante fator é o tempo de floração de algumas espécies, sendo o ano todo, durante logos ou curtos períodos, ou mesmo situações onde a floração é interrompida de uma única vez, exemplo o ipê. Segundo Prest (1981), conhecer a épocas de Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 51 Todos os direitos reservados florescimento das plantas pode ser muito útil para que se possa programar a ocorrência de floradas sucessivas, possibilitando uma variação de diferentes efeitos e combinação de cores. Os frutos também podem contribuir para a composição paisagística final, além de servirem de alimentos para fauna e para o ser humano. A frutificação pode ser diferenciada entre atrativos do ponto de vista estético e frutos que servem de alimentos. Espécies frutíferas geralmente não apresentam ligações paisagísticas importantes, isso ocorre devido a manutenção da planta. De acordo com Oliveira (2008), a maioria delas normalmente exige cuidados especiais de adubação, poda, controle de pragas e doenças. No enteando podem ser selecionadas espécies rústicas de árvores com frutos comestíveis, menos exigentes de tratos culturais, que possam ser utilizadas também pelo seu valor ornamental. 2.5.4 Composição com elementos de estrato arbóreo. Os grupos arbóreos apresentam características de efeito diferenciado de sua composição homogênea ou heterogênea, a distribuição das espécies no solo também contribui para a determinação da conformação dos maciços. Maciços plantados em distância mínima igual a soma dos raios de suas copas quando adultas; neste caso, quando as árvores crescem, seus ramos se tocam. Agrupamento de árvores com plantio isolado cuja noção de maciço é percebida através da perspectiva do observador: A vantagem de se utilizar maciços homogêneos é que tendem a melhorar os aspectos naturais da espécie na paisagem, como: textura, cor, floração, forma, folhagem. Paisagismo Urbano arqcarolinaaraujo.com.br CNPJ: 28.224.634/0001-47 52 Todos os direitos reservados Tornando o contexto paisagístico muito mais expressivo, em relação a indivíduos isolados. A linearidade no plantio, proporciona sensação de ordem, geometria e perspectiva nas formas paisagísticas. 2.6 Composições paisagísticas com coníferas As coníferas pertencem ao grupo botânico das Gimnospermas de porte arbóreo ou arbustivo, a maioria de clima temperado e subtropical. A estrutura dessas plantas adapta-se facilmente em composições de jardins e cercas vivas em regiões de clima temperado. No paisagismo as coníferas são um grupo de plantas de morfologia externa bem definida e reconhecíveis por uma série de características comuns que as diferenciam nitidamente das outras plantas. No geral apresentam porte majestoso, estrutura cônica e textura, e podem ser utilizadas tanto isoladas quanto na composição de maciços, proporcionando belos efeitos ornamentais, podendo ser utilizada para topiaria. Dentro do grupo das coníferas as famílias botânicas com maior relevância ornamental são: as Pinaceae (Pinus spp. e Cedrus libanni), Cupressaceae (Cupressus spp.), e Podocarpaceae (Podocarpus). Existem plantas com diferentes formatos; com crescimento horizontalizado (Juniperus horizontalis), com forma cônica (Chamaecyparis lawsoniana e Thuja occidenalis) com formato espiralado (Juniperus chinense ‘Kaizuka’) entre outras. A folhagem de muitas
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