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* DOENÇAS PULMONARES OCUPACIONAIS Pneumoconioses Prof. Manoele Figueiredo * Doenças de parênquima e pleura Pneumoconioses Doenças pulmonares que resultam da deposição de poeira mineral nos pulmões e uma subsequente resposta do hospedeiro. Podem ser não fibrogênicas ou fibrogênicas * PNEUMOCONIOSES NÃO FIBROGÊNICAS Fisiopatologia caracterizam-se por deposição intersticial peribronquiolar de partículas, com nenhum ou discreto grau de desarranjo estrutural, além de leve infiltrado inflamatório ao redor, com ausência ou discreta proliferação fibroblástica e de fibrose. Há dependência do conhecimento do tipo de poeira inalada. Normalmente ocorrem após exposições ocupacionais descontroladas e de longa duração. sem produção de fibrose, a disfunção respiratória é praticamente ausente e a evolução clínica é considerada benigna quando comparada à evolução possível das pneumoconioses fibrogênicas. Os sintomas respiratórios costumam ser escassos, sendo que a dispnéia aos esforços é o principal deles. * PNEUMOCONIOSES NÃO FIBROGÊNICAS Tipos: Siderose – Pulmão de soldador = poeira de ferro Baritose – pó de Bário Estanhose - Estanho rocha fosfática Ocupações de risco: Soldadores de arco elétrico; trabalhadores de rocha fosfática; mineração e ensacamento de bário e estanho. Na Pneumoconiose não fibrogênica o afastamento pode produzir eventualmente uma redução da intensidade das opacidades radiológicas. * PNEUMOCONIOSES FIBROGÊNICAS Silicose Doenças relacionadas ao asbesto Pneumoconiose por poeira mista Pneumoconiose do Trabalhador do Carvão (PTC) - Antracose Pneumoconiose por abrasivos Pneumopatia por metais duros Pneumopatia por berílio Pneumonia por hipersensibilidade * PNEUMOCONIOSES FIBROGÊNICAS - Fisiopatologia São as reações pulmonares à inalação de material particulado que leva à fibrose intersticial do parênquima pulmonar. Estão no grupo de doenças intersticiais parenquimatosas. É importante ressaltar que o tipo de alteração parenquimatosa pode não ser homogêneo em toda extensão do pulmão, coexistindo nódulos pneumoconióticos e fibrose intersticial. A característica comum deste grupo de doenças é a restrição funcional (em casos avançados), por fibrose intersticial e conseqüente diminuição da expansibilidade do parênquima, associada a barreiras às trocas gasosas. A inflamação persistente ao redor das vias aéreas pode levar à formação de áreas localizadas de enfisema por excesso de liberação de enzimas proteolíticas, justificando as alterações obstrutivas e o desenvolvimento de quadros de Limitação Crônica ao Fluxo Aéreo, em expostos suscetíveis. Na prática, o defeito funcional mais observado em trabalhadores expostos a poeiras minerais é a obstrução de vias aéreas. * SILICOSE: pneumoconiose causada pela inalação de sílica livre cristalina que se manifesta após longo período de exposição, habitualmente superior a dez anos, caracterizada por fibrose progressiva do parênquima pulmonar. Fontes de sílica livre ou cristalina: Areia; Granito; Arenito; Silex; ardósia e outros; assim como certos carvões e alguns minérios metálicos. Mineração, abertura de tuneis; corte de pedras; jateamento de areia; usos industriais de areia (processos de abrasão e polimento); fundições, fabricação de vidros, cerâmicas; cavadores de poços; lapidadores de pedras. * SILICOSE: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Crônica, acelerada ou sub-aguda e aguda 1. Crônica: mais comum e ocorre após longo tempo do início da exposição de 10 a 20 anos (assintomáticos). Os sintomas são precedidos das alterações radiológicas. 2. Acelerada: Alterações radiológicas mais precoces com 5 a 10 anos de exposição. Sintomas respiratórios costumam ser precoces e limitantes. Maior potencial de evoluir para formas mais complicadas da doença. * SILICOSE: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 3. Aguda: Forma rara da doença, associada a exposições maciças à sílica livre, por períodos que variam de poucos meses até 4 a 5 anos. o padrão radiológico é caracterizado por infiltrações alveolares difusas, progressivas, às vezes com nodulações mal definidas; a dispnéia é incapacitante e pode evoluir para morte por insuficiência respiratória. * SILICOSE DIAGNÓSTICO História ou anamnese ocupacional e exame radiológico dos pulmões. TRATAMENTO Tratamento é apenas paliativo, visto tratar-se de doença de caráter progressivo e irreversível. Estar atento as principais complicações já citadas anteriormente, dentre elas a tuberculose o que piora sobremaneira o prognóstico. COMPLICAÇÕES Associação de tuberculose à silicose é relativamente freqüente e constitui complicação muito grave; outras infecções oportunistas podem ocorrer, principalmente nas formas aceleradas ou complicadas; maior incidência de infecções de vias aéreas; * ASBESTOSE DOENÇAS RELACIONADAS AO ASBESTO TIPOS DE ASBESTO Conhecido comercialmente como amianto, designação proveniente do latim “amianthus” e que significa não-contaminado, incorruptível. EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL Mineração; indústria de cimento amianto; indústria de autopeças; isolantes térmicos; indústria de juntas e gaxetas; construção civil. * DOENÇAS RELACIONADAS AO ASBESTO 1. Asbestose Fibrose pulmonar de caráter progressivo e irreversível. Diagnóstico - história clínicaocupacional e radiografia de tórax, Período de latência de 15 a 25 anos. O início dos sintomas se desenvolve de maneira insidiosa, com manifestações de dispnéia e tosse. No exame físico - estertores crepitantes de base, baqueteamento digital com cianose de extremidades e constatar-se evolução para cor pulmonale nos estágios finais. 2. Espessamento Pleural - Placas Pleurais a mais freqüente manifestação de exposição ao asbesto. O tempo de latência para o aparecimento de espessamento é em média de 30 anos. * DOENÇAS RELACIONADAS AO ASBESTO 3. Espessamento Pleural Difuso O espessamento pleural difuso é uma doença da pleura visceral, pode ser responsável pela dispnéia de exercício e episódios de tosse seca associados a uma significativa restrição da função pulmonar. 4. Atelectasia Fibrose focal com retração e parcial colapso do pulmão adjacente por invaginação pleural. 5. Derrame Pleural Pelo Asbesto Diagnóstico retrospectivo, baseado na história de exposição e na exclusão de outras causas. É geralmente recorrente e bilateral, freqüentemente associado com dor torácica. 6. Câncer de Pulmão: Período de latência, normalmente mais de 30 anos, para o desenvolvimento da doença. Existe um sinergismo entre o hábito de fumar e a exposição ao asbesto. 7. Mesotelioma de Pleura(Período de latência de 30 a 40 anos). Não existe uma maior prevalência de mesotelioma maligno entre fumantes. * OUTRAS PNEUMOCONIOSES Pneumoconiose dos trabalhadores de carvão: caracteriza-se por formação de máculas pigmentadas peribronquiolares e perivasculares com depósitos de reticulina, às vezes associada à reação colágena focal organizada sob a forma de nódulos estrelados, associada à presença de corpos birrefringentes à luz polarizada. Não costuma causar sintomas nas fases iniciais e intermediárias da doença. Ocasionalmente, os trabalhadores acometidos desenvolvem fibrose maciça progressiva. Pneumoconiose por poeira mista: caracteriza-se por reação colágena focal organizada em nódulos estrelados e fibrose intersticial difusa associadas à presença de corpos birrefringentes à luz polarizada. Normalmente ocorrem após exposições ocupacionais de longa duração. Pneumoconiose por abrasivos: causada pela exposição inalatória a poeiras de abrasivos: alumina ou corindo (Al2O3) e o carbeto de silício ou carborundum (SiC). Apresenta características similares às da pneumoconiose por poeira mista * OUTRAS PNEUMOCONIOSES Pneumoconiose por metais duros: caracteriza-se poruma pneumonia intersticial descamativa com células gigantes. Cursa com sintomas de fadiga, dispnéia precoce, tosse seca, dor, constrição torácica e outros sintomas constitucionais. Com a progressão da doença, podem aparecer febre e perda de peso. Em geral, os sintomas surgem após um período de “sensibilização” variável de meses a anos. Pneumopatia pelo berilio: causada pela inalação de fumos, sais ou poeiras de berílio. Duas formas de manifestação: quadro de irritação aguda da árvore traqueobrônquica, podendo levar à pneumonite química, com conseqüente hipóxia e fibrose secundária e, quadro crônico caracterizado por acometimento granulomatoso pulmonar e sistêmico, secundário a exposições crônicas a doses baixas, chamada de Doença Pulmonar pelo Berílio ou DPB Pneumonia de hipersensibilidade: conhecida como alveolite alérgica extrínseca. caracteriza-se por surtos de infiltração pulmonar, formação de granulomas pulmonares nas fases aguda e subaguda, com fibrose difusa posterior. Os surtos agudos normalmente são acompanhados de febre, tosse e dispnéia. Na fase crônica os principais sintomas são dispnéia aos esforços e tosse seca. * CONDUTA Pneumoconiose não fibrogênica: afastamento Pneumoconioses Fibrogênicas: Tratamento das comorbidades associadas através dos consensos (DPOC, tuberculose pulmonar, câncer de pulmão). Reatores forte expostos a sílica ou com silicose devem ser considerados como grupos de risco e candidatos a quimioprofilaxia. Os casos diagnosticados devem ser tratados como: “casos sentinela” devendo ser devidamente notificados e desencadear ações integradas de vigilância; detectar outros casos ainda não diagnosticados dentro do ambiente gerador da doença; adoção de medidas de prevenção e proteção aos trabalhadores expostos; * PREVENÇÃO DE PNEUMOCONIOSE Protocolo Umidificação do ambiente com lavagem constante do piso. Ventilação local exaustora e ventilação geral do ambiente de trabalho. Enclausuramento total ou parcial do processo produtor de poeiras. Substituição de matérias primas/produtos. Minimização de emanações industriais para o meio ambiente. Proteção respiratória individual em operações onde as medidas de proteção coletiva são insuficientes para o controle da exposição. Lavagem de roupas pela empresa Minimização de emanações industriais para o meio ambiente. Proteção respiratória individual em operações onde as medidas de proteção coletiva são insuficientes para o controle da exposição. * MÉTODOS DIAGNÓSTICOS História ocupacional de exposição a poeiras não fibrogênicas. História clínica com sintomas ausentes ou com presença de sintomas que, em geral, são precedidos pelas alterações radiológicas. Radiografia simples de tórax * ASMA RELACIONADA AO TRABALHO - ART A ART engloba a asma ocupacional (AO) e a asma agravada pelo trabalho. Conceitualmente, a primeira seria uma doença ocupacional propriamente dita e a segunda, uma doença relacionada ao trabalho * ART A definição mais citada de AO é “obstrução reversível ao fluxo aéreo e/ou hiperreatividade brônquica devida a causas e condições atribuíveis a um determinado ambiente de trabalho e não a estímulos externos”. * ART A asma agravada pelo trabalho ou asma agravada pelas condições de trabalho é a asma previamente existente, assintomática ou não, que se agravou devido a uma exposição ocupacional a agentes químicos ou físicos. * ART A incidência da ART na população depende de diversos fatores, como a suscetibilidade individual, o perfil econômico regional, o número de indivíduos expostos ao agente sensibilizante e o nível da exposição. * ART Agentes mais comuns causadores de asma relacionada ao trabalho e tipo de atividade profissional associada * ART Características fisiopatológicas comuns entre a asma ocupacional e a não ocupacional. A principal é a inflamação, que pode ser demonstrada na contração da musculatura lisa das vias aéreas, edema e acúmulo de fluido nas vias aéreas e perda do suporte elástico do parênquima pulmonar. * ART A hiperreatividade brônquica, isto é, a reação exagerada através de um estímulo broncoconstritor, é uma característica também comum nas duas situações. * ART A caracterização da ART deve incluir o diagnóstico de asma e o estabelecimento da relação com o trabalho. Pode-se suspeitar de ART em todo caso de asma com tempo de início na fase adulta ou de piora da asma na fase adulta. * ART Consensos internacionais têm sugerido que para se obter o diagnóstico de AO os seguintes critérios devem ser adotados: (A) diagnóstico de asma; (B) início da asma após a entrada no local de trabalho; (C) associação entre sintomas de asma e trabalho; (D) um ou mais dos seguintes critérios – (1) exposição a agentes no trabalho que possam apresentar risco de desenvolvimento de asma ocupacional; (2) mudanças no volume expiratório forçado no primeiro segundo ou no pico de fluxo expiratório (PFE) relacionadas à atividade de trabalho; (3) mudanças na reatividade brônquica relacionadas à atividade de trabalho; (4) positividade para um teste de broncoprovocação específico; (5) início da asma com uma clara associação com exposição a um agente irritante no local de trabalho * ART- TRATAMENTO A retirada do ambiente de trabalho onde ocorreu a possível exposição Se isto não for possível, deve-se tentar diminuir a exposição Monitorar periodicamente o PFE Realizar acompanhamento médico. Utilização de equipamentos de proteção respiratória individuais * ART - TRATAMENTO O diagnóstico precoce e a retirada da exposição são a chave de uma boa recuperação clínica. E A FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA? *
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