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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL - UEMS CURSO BACHARELADO EM DIREITO NOME DO ACADÊMICO E RGM: ANA CAROLINE ALVES DE LIMA - 42020 CAROLINA ZOLIN LEON - 42024 EDUARDO MATHEUS SILVA CUNHA- 42029 GABRIELA LORRAYNE BONATTO DE SOUZA - 42032 GEDIAEL GONÇALVES DE LIMA - 42082 MARIA LUIZA WANDERLINDE QUARESMA - 42046 NICOLY ANDRADE JARDIM - 42052 A CONSTITUIÇÃO DE 1937: “CONSTITUIÇÃO POLACA” NAVIRAÍ - MS 2019 2 ANA CAROLINE - 42020 CAROLINA ZOLIN LEON - 42024 EDUARDO MATHEUS SILVA CUNHA- 42029 GABRIELA LORRAYNE BONATTO DE SOUZA - 42032 GEDIAEL GONÇALVES DE LIMA - 42082 MARIA LUIZA WANDERLINDE QUARESMA - 42046 NICOLY ANDRADE JARDIM - 42052 A CONSTITUIÇÃO DE 1937: “CONSTITUIÇÃO POLACA” Trabalho de Direito apresentado à Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul - UEMS, como requisito parcial para a obtenção de média bimestral na disciplina de Teoria da Constituição. Orientador: Prof. Dr. Lauro Joppert Swensson Junior NAVIRAÍ – MS 2019 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 4 2. CONTEXTO HISTÓRICO ................................................................................................. 4 3. A CONSTITUIÇÃO DE 1937 ............................................................................................. 5 3.1. JUSTIFICATIVA DA CONSTITUIÇÃO .......................................................... 6 3.2. CLASSIFICAÇÃO ............................................................................................... 7 3.3. UMA CONSTITUIÇÃO DE DIADURA: TODO PODER AO EXECUTIVO FEDERAL ................................................................................................................................. 7 3.4. O CONSELHO DA ECONOMIA NACIONAL ................................................ 8 3.5. O PODER JUDICIÁRIO ..................................................................................... 9 3.6. O VOTO .............................................................................................................. 10 3.7. OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS ............................................. 11 3.8. EDUCAÇÃO, FAMÍLIA E TRABALHO ........................................................ 12 3.9. DECLÍNIO DO ESTADO NOVO .................................................................... 13 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 15 5. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 16 4 1. Introdução O objetivo do presente trabalho é apresentar pontos importantes que aconteceram na constituição de 1937 outorgada pelo presidente Getúlio Vargas, caracterizada em uma república autoritária, atendendo a interesses de grupos políticos que consolidasse o domínio daqueles que se mostravam ao lado do presidente. Analisando acontecimentos que antecederam a outorgada Carta e abordar o impacto do poder judiciário ter sido subordinado ao executivo. O trabalho está dividido em duas partes: O contexto histórico e a abordagem da Constituição de 1937, decorrendo sobre sua origem, principais características, justificativa, classificação, poder Executivo e Judiciário, voto, direitos e garantias individuais, etc. A metodologia utilizada foi à pesquisa bibliográfica, utilizando-se de livros, artigos e sites, referenciados ao final deste trabalho. 2. Contexto Histórico Nos anos do governo constitucional (1934-1937), nasceram no Brasil movimentos inspirados nos regimes pós-guerra da Europa, a mesma constituição de 1934 também trazia leves influencias do nazi-fascismo e suas constituições rotuladas “corporativistas”. Os programas da AIB (Ação Integralista Brasileira) e ANL (Aliança Nacional Libertadora) foram responsáveis por agitar a política que culminou na implantação do Estado Novo. A AIB foi inspirada no fascismo italiano, com o nome derivado da obra escrita por Plinio Salgado “A teoria do Estado Integral”, este também sendo líder do movimento. Inclinada ao extremismo, com o lema maior Deus, Pátria e Família, a Ação atraiu muitos militares e católicos radicais, chegando a ter 150 mil integrantes. Caracterizados pelo seu uniforme verde, que lhes rendeu o apelido de “camisas-verdes”, o uso da letra grega ∑ como símbolo e pela forma de cumprimento: “Anauê!”, termo de origem tupi, que significa “você é meu irmão”, os integralistas achavam-se muito próximos do Presidente, porém foram postos de lado após a instituição do Estado Novo. A ANL nasceu da junção de ideias do Partido Comunista Brasileiro (PCB) com os integrantes do movimento tenentista que não apoiavam o governo de Getúlio Vargas. O partido comunista foi fundado a partir da influência da 3ª Internacional Comunista e se diferenciava da organização criada posteriormente na forma de agir. Em 1935, a Aliança Nacional foi lançada, e anunciada pelo estudante Carlos Lacerda, com Luís Carlos Preste 5 como líder, em Novembro ocorreram três levantes militares no país, conhecidos depois como Intentona Comunista, em Natal, Rio de Janeiro e Recife, todos foram controlados pelas tropas legalistas. A tentativa de tomada do poder foi manipulada pela mídia da época para parecer mais agressiva do que realmente foi, para assim justificar medidas repreensivas, o partido e a Aliança tornaram-se ilegais, seus integrantes foram perseguidos, torturados e presos, seu líder ficou preso por quase 10 anos e sua esposa, Olga Benário, uma comunista judia, foi julgada e deportada para Alemanha nazista, grávida, onde morreu em um campo de concentração. Getúlio Vargas deixou claro, desde o estabelecimento da constituição de 1934, que esta não lhe agradava muito, dizendo em um discurso na Assembleia que ele seria o primeiro revisor desta, o que não foi preciso acontecer, pois, o governo supostamente descobriu um documento comunista, intitulado Plano Cohen, introduzido pelo capitão integralista do exército Olímpio Mourão Filho. O plano detalhadamente ameaçava a segurança nacional, para combatê-lo era necessário que o Estado possuísse mais poderes, e com a lembrança da Intentona Comunista, o povo apoiou uma intervenção. O Congresso foi fechado sem contestação e mais uma constituição foi “rasgada”, sendo substituída prontamente pelo texto do redator Francisco Campos, Ministro da Justiça, com o regime durando 8 anos. 3. A Constituição de 1937 A priori, é conciso fazer uma idealização do momento em que a “Constituição dos Estados Unidos do Brasil” foi decretada. Outorgada em 10 de novembro de 1937, foi à quarta Constituição do Brasil, a terceira da República e a segunda com manchas ditatoriais. Conhecida como “polaca” por ter sido inspirada pela carta ditatorial da Polônia, datada de 1935, editada por Jósef Pilsudzki, Ministro da Guerra daquele Estado. Esse foi o alento do então Presidente Getúlio Vargas que foi impulsionado nessa posição descrente da democracia. Ademais, é preciso verificar que a Carta de 1937 trouxe à baila a descaracterização da autonomia das entidades federadas,tornando-se numa espécie de “federalismo nominal”. Não obstante, o Brasil, tornou-se um Estado Federal tão somente em sua forma, mas descaracterizada na prática federalista até então proposta. Principais Características: Vejamos os principais pontos nucleares, segundo BULOS (2015, p 495). Ei-las: a) Possibilitou que os Municípios de uma mesma região se agrupassem para instalar, explorar e administrar serviços públicos comuns; 6 b) Destacou o bicameralismo, em que as funções legislativas eram desenvolvidas pelo Parlamento Nacional, formada por Câmara dos Deputados, eleita por voto indireto, e pelo Conselho Federal (que substituiu o senado), também eleito indiretamente; c) Considerou o Presidente da República “autoridade suprema do Estado”, com absoluta imunidade penal, durante o exercício de suas funções, sendo eleito por um Colégio Eleitoral; todavia, se o Presidente indicasse candidato, a eleição presidencial passaria a ser direta e por sufrágio universal entre os dois candidatos: o escolhido pelo Colégio Eleitoral e o indicado por ele; d) Conferiu ao Presidente da República o poder de influenciar diretamente as decisões do judiciário, o que ocorreu em razão do poder discricionário que lhe foi atribuído para submeter ao Parlamento Nacional qualquer lei declarada inconstitucional pelo judiciário; se essa declaração de inconstitucionalidade, reexaminada pelo legislativo, viesse a serem confirmada pelo voto de dois terços de ambas as Casas, a decisão do Tribunal ficaria sem efeito; e) Reduziu os direitos e garantias individuais, empreendendo a desconstitucionalização do mandado de segurança e da ação popular; f) Manteve extinto o cargo de Vice-Presidente da República; g) Determinou a nomeação de prefeitos pelo Governador do Estado; e. h) Eliminou a Justiça Federal de primeira instancia, colocando em disponibilidade ou aposentando juízes federais. Um fato que merece ser lembrado é o Art. 1º dizer que “O poder político emana do povo”, o que não é verdade, porque foi uma Constituição outorgada, já que não houve nenhuma participação popular. Constituição “é o pacto fundante do ordenamento supremo de um povo” (BULOS, 2015, p.56), logo, em nada o conceito se coaduna com a Constituição de 1937. 3.1. Justificativa Meados de 1937, o Presidente à época conseguiu concretizar o chamado “golpe” de estado, diante desse processo histórico iniciou-se no Brasil um período de 8 (oito) anos de ditadura, findando, portanto, em 1945 com o Estado Novo. Vale mencionar de forma curiosa que a tal ditadura estava prevista na Carta Constitucional, que passara a legitimar os poderes absolutos do ditador. Se o Déspota tinha totais poderes, os direitos intrinsecamente do cidadão, em especial os direitos humanos, eram rechaçados pela repressão ditatorial. 7 Qual o motivo para o Presidente Vargas instalar o golpe? Os principais motivos que davam sustentação para a conjuntura à época era buscar o fortalecimento o poder pessoal do estadista. Deveu-se ao apoio das elites juntamente com os grandes grupos de esquerda e de direita entre os anos de 1934-37. Por motivos políticos e econômicos a elite, cafeicultores e industriais, deram total apoio para a implantação de um novo sistema no Brasil. Com isso, o governo começara a comprar a produção de café para evitar a demasia das oscilações da economia. Eis o motivo para o apoio das elites, concretizado pela ideia de um executivo forte auxiliando-os no comércio. Numa perspectiva politica, os apoios advieram com a suposta ameaça comunista. Não aprofundando demais nessa base, é preciso entender que o meio utilizado por Getúlio em dá o golpe foi à maneira radical que vivia a política tanto de direita quanto de esquerda, como assim o fornecimento da perspectiva da oposição governamental. 3.2. Classificação A constituição de 1937 se classifica quanto à origem em outorgada, pois é fruto de um ato unilateral de poder, sem a participação do povo; Quanto ao conteúdo em formal; Quanto à forma em escrita; Quanto à extensão em analítica, pois possui conteúdo extenso, a constituição analítica (prolixa, desenvolvida) trata de temas estranhos ao funcionamento do Estado, trazendo minúcias que encontrariam maior adequação fora da Constituição, em normas infraconstitucionais; Quanto ao modo de elaboração em dogmática visto que foi elaborada em um momento determinado, refletem os valores (dogmas) daquela época; Quanto à ideologia em ortodoxa porquanto é fundada em uma só ideologia; Quanto à alterabilidade em rígida em razão de prevê um procedimento solene, mais dificultoso do que o previsto para alteração das leis ordinárias. Fundamenta-se no princípio da Supremacia Formal da Constituição e por fim quanto à ontologia se classifica em semântica dado que foi feita apenas para legitimar o poder daqueles que já o exercem. Nunca tiveram o desiderato de regular a vida política do Estado. É típica de regimes autoritários. 3.3. Uma Constituição de Ditadura: Todo poder ao executivo federal A Constituição Federal de 1937 tem sua essência o autoritarismo político e centralização do poder, mesmo que o art.1º desta constituição traga em seu texto que o poder emana do povo e o poder, de fato, esta centralizado no Presidente da República que chegou ao poder através de um golpe e que deixa explícito na carta Constitucional sua supremacia, cito o 8 art.176º da mesma: “O Presidente da república, autoridade suprema do Estado, coordena a atividade dos órgãos representativos, de grau superior, dirige a política interna e externa, promove ou orienta a política legislativa de interesse nacional, e superintende a administração do país.”. Com essa centralização do poder no Executivo o legislativo se encontra limitado e os Estados membros são diretamente controlados pela União como era declarado pelo art.9º/CF: “O Governo federal intervirá nos Estados mediante a nomeação, pelo Presidente da República, de um interventor que assumirá no Estado as funções que, pela sua Constituição, competirem ao Poder Executivo, ou as que, de acordo com as conveniências e necessidades de cada caso, lhe forem atribuídas pelo Presidente da República”. O interventor indicado pelo Presidente indicaria os prefeitos dos municípios, gerando um completo verticalismo autoritário. Além disso, esta carta atribui ao Presidente da República o poder de legislar através de decretos-leis. Apesar dos limites do usufruto deste direito ser especificados - “nos períodos de recesso do Parlamento ou de dissolução da Câmara dos Deputados” e livremente “sobre a organização do Governo e da administração federal, o comando supremo e a organização das Forças Armadas” (arts. 12º ao 14º/CF) - esta atribuição deixa em evidência a eliminação da separação dos poderes, concebendo ao Executivo demasiado poder nas matérias legislativas. Entretanto, como indicava o art.178 das disposições transitórias da Constituição Federal de 1937: “São dissolvidos nesta data a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, as Assembleias Legislativas dos Estados e as Câmaras Municipais. As eleições ao Parlamento nacional serão marcadas pelo Presidente da República, depois de realizado o plebiscito a que se refere o art. 187º.”. Considerando que o plebiscito nunca ocorreu, o poder legislativo –federal estadual e municipal- jamais existiu na Ditadura Varguista, portanto no âmbito Federal, Estadual e municipal o poder estava nas mãos do presidente. 3.4. O Conselho da Economia Nacional Uma das principais características da Constituição de 1937 é a grande concentração de poder na mão do Poder Executivo. Logo, não é de se espantar a criação de um órgão quefacilite, ainda mais, esta monopolização. O Conselho da Economia Nacional foi um dos responsáveis por aumentar a concentração da atividade política (principalmente da atividade legislativa) pelo Executivo. É relevante citar que tal órgão era composto por representantes 9 dos vários ramos da produção nacional, garantida a igualdade de representação entre empregadores e empregados, sob a presidência de um ministro de Estado, designado pelo Presidente da República. Segundo o artigo 61º da Constituição acima referida, o Conselho da Economia Nacional tinha como atribuições: promover a organização corporativa da economia nacional, estabelecer normas relativas à assistência prestada pelas associações, sindicatos ou institutos, editar normas reguladoras dos contratos coletivos de trabalho entre os sindicatos da mesma categoria da produção ou entre associações representativas de duas ou mais categorias, emitir parecer sobre todos os projetos, de iniciativa do Governo ou de qualquer das Câmaras, que interessem diretamente à produção nacional, organizar, por iniciativa própria ou proposta do Governo, inquéritos sobre as condições do trabalho, da agricultura, da indústria, do comércio, dos transportes e do credito, com o fim de incrementar, coordenar e aperfeiçoar a produção nacional. Outra função muito importante era preparar as bases para a fundação de institutos de pesquisas que, atendendo à diversidade das condições econômicas, geográficas e sociais do país, tinham por objeto: racionalizar a organização e administração da agricultura e da indústria e estudar os problemas do credito, da distribuição e da venda, e os relativos à organização do trabalho. Bem como, deveria emitir parecer sobre todas as questões relativas à organização e reconhecimento dos sindicatos ou associações profissionais. Além de todas as atribuições citadas, deveria propor ao Governo a criação de corporações de categoria. Tendo em vista que o Conselho de Economia Nacional tinha um caráter legislativo e levando em consideração todas suas funções, seus resultados imediatos seriam: retirar do parlamento a atribuição de fazer e votar a proposta orçamentária do governo e privar-lhe do poder de legislar sobre as matérias econômicas. Por consagrarem a percepção dessas matérias como atividades técnicas e não políticas corroboram a centralização da política na esfera executiva, bem como à burocratização e corporativização de determinadas funções do Estado. 3.5. Poder Judiciário na Constituição de 1937 Naquela época, o Poder Executivo era o Órgão Máximo do Estado, então, os poderes Legislativo e Judiciário eram submetidos àquele. Segundo o artigo 90 da Constituição de 1937, assim era organizado o Poder Judiciário: “Artigo 90 - São órgãos do Poder Judiciário (Constituição de 1937): a) o Supremo Tribunal Federal; 10 b) os Juízes e Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; c) os Juízes e Tribunais militares." Agora no artigo 92 (Constituição de 1988): “Art. 92”. São órgãos do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal; I- A o Conselho Nacional de Justiça; II - o Superior Tribunal de Justiça; III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; VI - os Tribunais e Juízes Militares; VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios." Comparando as duas constituições (1937-1988), perceber-se-á que a Ordem Judiciária em 1937 era muito mais limitada. O ano de 1937 demonstrou autoritarismo de seu governante, influenciando radicalmente na formação do conteúdo da Lei Fundamental outorgada no mesmo ano, a imprensa escrita, o cinema e o rádio estavam submetidos à rígida censura, a pena de morte seria aplicada em casos de crimes contra a ordem pública e a organização do Estado, os direitos individuais foram suspensos, os Estados e Municípios perderam sua autonomia e passaram a ser administrados por interventores, mais especificamente por tenentes, nomeados pelo Presidente. 3.6. Voto Um país sem partido, com o poder concentrado de forma objetiva nas mãos de um presidente nunca eleito manteve, na Constituição de 1937, as características anteriores para o eleitor. Estas somente foram aplicadas nas eleições para vereadores, mesmo assim com exceções: “Art. 117”. São eleitores os brasileiros de um sexo e de outro sexo, maiores de dezoito anos, que se alistarem na forma da lei. Parágrafo único. Não podem alistar-se eleitores: a) Os analfabetos b) Os militares em serviço ativo; 11 c) Os mendigos; d) Os que estiverem privados, temporária ou definitivamente, dos direitos políticos; 3.7. Direitos e garantias individuais na Constituição de 1937 Getúlio Vargas provocou um golpe de Estado, em 1937, apoiado pelos militares, para permanecer no poder, instalando o denominado “Estado Novo”. osé Afonso da Silva (2000, p. 169) afirma que essa Constituição foi “ditatória na forma, no conteúdo e na aplicação, com integral desrespeito aos direitos do homem, especialmente os concernentes as relações politicas”. Apesar de tudo, a Constituição de 1937 consagrou extenso rol de direitos e garantias individuais, prevendo 17 incisos em seu art. 122. Além da tradicional repetição dos direitos fundamentais clássicos, trouxe algumas novidades: impossibilidade de aplicação de penas perpétuas; maior possibilidade de aplicação da pena de morte, além dos casos militares; criação de um tribunal especial com competência para o processo e julgamentos dos crimes que atentarem contra a existência, a segurança e a integridade do Estado. Esse regime ditatorial, no seu transcorrer, agiu contra as liberdades individuais, punindo e perseguindo os “adversários” do regime. De modo geral, os direitos individuais são os mesmos da Carta de 1934, porém seus limites são bem mais rigorosos, levando quase que a sua total extinção. Por exemplo: é garantia do indivíduo a liberdade de associação, mas “desde que seus fins não sejam contrários à lei penal e aos bons costumes”; todos têm o direito de se reunir pacificamente, contudo as reuniões a céu aberto contam agora com o constrangimento de se submeterem “à formalidade de declaração”, podendo ser interditadas tão logo representem “perigo imediato para a segurança pública”; a liberdade ao livre exercício de qualquer profissão, já restrita na Carta de 1934 às condições da capacidade, agora enfrenta também as “restrições impostas pelo bem público nos termos da lei”. Não bastando, o direito à manifestação do pensamento é assegurado “mediante as condições prescritas em lei”; lei responsável não apenas por instituir a censura prévia dos meios de comunicação, mas também por designar a impressa como órgão de caráter público, submetido ao interesse nacional, aos desígnios do governo Constituição de 1937. A substância autoritária dessa Carta faz-se ainda mais evidente frente à determinação de casos cabíveis de pena de morte: “tentar, por meio de movimento armado, o 12 desmembramento do território nacional; (...) a mudança da ordem política ou social estabelecida pela Constituição; (...) [ou] subverter, por meios violentos, a ordem política e social, com o fim de apoderar-se do Estado para o estabelecimento da ditadura de uma classe social” (Constituição de 1937, artigo 122). Ainda que este parágrafo resulte em grande parte do clima de in- segurança vivenciado no país desde o início do século (sobretudo, do medo da ameaça comunista), assinala de forma contundente seu autoritarismo. Na medida em que são impostos rigorosos limites ao direito deexpressão, de associação e de organização da sociedade, associado ao fato de que a pena prescrita às possíveis ameaças à ordem é a morte, retira-se do indivíduo toda e qualquer liberdade que possa ter lhe restado. 3.8. Educação, Família e Trabalho na Constituição de 1937 A constituição de 1937 colocava a educação como responsabilidade da família, o Estado entrava apenas como um colaborador. A constituição mantinha obrigação em colaborar apenas com as "famílias mais numerosas". Umas das peculiaridades da constituição de 1937 na educação é a obrigatoriedade das escolas primaria em ensinar educação física e o ensino chamado cívico e do trabalho. E esses elementos curriculares foram observados em todos os países de características fascistas. Em relação ao trabalho, a constituição de 1937 manteve as leis trabalhistas da constituição anterior, essas leis não foram maculadas pela ditadura, mas Como não poderia deixar de ser, o Estado Novo com sua nova Constituição e, também pela primeira vez na história constitucional brasileira, o direito de greve é inserido em uma Constituição. Mas é inserido como algo prejudicial: Art. 139 (…) A greve e o lock-out são declarados recursos antissociais nocivos ao trabalho e ao capital e incompatíveis com os superiores interesses da produção nacional. O movimento operário viveu um momento de grande repressão. Ao menor sinal de greve, a polícia era enviada. Os sindicatos foram cada vez mais subordinados e controlados pelos interesses do Estado, o estado novo e sua constituição fez com que o controle sobre os sindicatos chegasse ao auge com a instituição do imposto sindical, um dia de trabalho por ano a ser cobrado compulsoriamente de todo trabalhador. Este imposto era recolhido pelo ministério do trabalho que distribuía as quantias maiores para os sindicatos mais subservientes. 13 Nesse período foi instituído o salario mínimo e foi nesse mesmo período que a justiça do trabalho foi criada, e se mantinha sobre controle total do governo, pois não era considerada como parte do judiciário, era apenas uma junta de conciliação. O Decreto n. 1.237, de 2 de maio de 1939, que regulamenta a Justiça do Trabalho também positivava os crimes relacionados à greve. A repressão ocorria nas ruas e no Legislativo. Já o Código de Penal de 1940 criminaliza apenas a greve violenta. 3.9. Declínio do Estado Novo Em 1942, pouco depois dos Estados Unidos entrarem na Segunda Guerra mundial, o Brasil rompe ligações diplomáticas com os países que formavam o Eixo (Alemanha Itália e Japão) e em seguida aliou-se aos Aliados (Inglaterra, França, União Soviética e Estados Unidos). A associação do Brasil para combater o nazi-fascismo reforçou os setores que não estavam satisfeitos com o regime ditatorial, já que era difícil explicar um Estado com tantas características fascistas enviando seus cidadãos para morrer em defesa de ideais antiautoritários? Isso estremeceu a Ditadura Varguista e cedeu espaço para protestos buscando a redemocratização do país. Ao iniciar 1945 o forte Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), onde era centralizada a rigorosa censura governamental, já não era capaz de conter tais protestos e a entrevista de José Américo de Almeida publicada pelo Correio da Manhã no dia 22 de fevereiro, exigindo a realização de eleições e o retorno às liberdades democráticas, foi ainda mais contundente. Após essa entrevista o governo de Getúlio Vargas passou a ser atacado por todos os lados, inclusive por Francisco Campos, grande jurista responsável pela redação da Constituição de 1937 que colocou em evidência o erro de Vargas ao recusar-se a institucionalizar o regime deixando de realizar o plebiscito, o que gerou consequências anulatórias de base. O mandato presidencial corria a partir da data de publicação da Carta Constitucional, o art.175 declarava que o Presidente da República teria seu mandato renovado até a realização do plebiscito estabelecido no art.187, podendo terminar o tempo de 6 anos estabelecidos no art.80 se o resultado do plebiscito fosse favorável à Constituição. Esta para se tornar definitiva deveria passar pelo plebiscito, que deveria ocorrer impreterivelmente dentro dos 6 anos e, antes da realização do mesmo, era de caráter provisório. Como não foi realizado dentro do 14 prazo estipulado pela Constituição tornou a mesma sem vigência Constitucional e, de acordo com Francisco Campo em 1945, um documento histórico e não jurídico. Getúlio Vargas observando seu governo ruir propôs o Ato Adicional prevendo que dentro de 90 dias, contados a partir da data de sua promulgação, seriam fixadas em lei, sem possibilidade de alteração, datas das eleições para Presidência da República, Congresso Federal, governos e assembleias legislativas estaduais. Desta forma, no dia 28 de maio de 1945, foi expedido o Decreto-Lei nº 7.586, dispondo que as eleições para Presidência e Congresso Federal seriam realizadas no dia 2 de dezembro, e as eleições para governo e assembleias legislativas estaduais, no dia 6 de maio de 1946. Marcadas as eleições e estabelecidas às condições de estruturação para novos partidos, deu-se início as providências formais para obterem seu registro junto a Justiça Eleitoral. Porém no dia 10 de outubro Vargas, contrariando o Ato Adicional, antecipou as eleições estaduais para a mesma data das eleições presidenciais. Tal mudança aumentou suspeita de que Vargas planejava um novo golpe que, como em 1937, impediria a realização das eleições presidenciais. Em razão disso, em 29 de outubro de 1945, Getúlio Vargas foi deposto pelas forças armadas. 15 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A gestão pública em seu desiderato tem que ser democrática, transparente, eficiente e comprometida com toda a população e com uma perspectiva de combate a toda forma de autoritarismo. Foi nesse cenário (1937) que um grupo político implantou uma gestão totalitária, com um propósito diferenciado e direcionado conta às garantias individuais da população, avançando de forma ríspida para o fortalecimento do processo de antidemocrático. Foi percebido, sobretudo, que não houve os avanços desejados do “Governo Federal” no atendimento às famílias no que preconiza as orientações das normas da política em questão, constatou-se a ausência de instrumentos de planejamento como estratégias de gestão que dá um caráter organizativo e político para o cenário de diversidades econômicas, sociais e políticas para o alcance da concretude das ações. Diante desse contexto e por ter sido ativado temas como métodos participativos, problematização e gestão de coletivos é que esse trabalho busca sensibilizar e direcionar os profissionais de direito e a sociedade em geral para ações desse setor com base em um planejamento estratégico a partir da realidade da ineficiência do poder judiciário daquela época, contemplando, principalmente, a centralização de poderes por parte do Chefe do poder Executivo. 16 5. REFERÊNCIAS BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. 8ª ed. editora Saraiva. 2014. BATISTA, Jean Charles de Oliveira. A Constituição de 1937 e a ditadura estadonovista. 2017. Disponível em: <https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/artigos/50059/a- constituicao-de-1937-e-a-ditadura-estadonovista>. Acesso em: 07 out. 2019. ANDRADE, Lucinéia Aparecida Vieira de. ORGANIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO NO ESTADO NOVO, SEGUNDO A CONSTITUIÇÃO DE 1937. 2018. Disponível em: <https://administradores.com.br/artigos/organizacao-do-poder-judiciario-no-estado-novo-segundo-a-constituicao-de-1937>. Acesso em: 18 out. 2019. SILVA, Fernanda Xavier. As Constituições da Era Vargas: uma abordagem à luz do pensamento autoritário dos anos 30, Política & Sociedade (periódicos UFSC), vol. 9, nº 17, outubro de 2010, pg. 271-276. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 22 ed. São Paulo: Malheiros Editores Ltda. Bueno, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. Rio de Janeiro. Leya. 2012 NARCIZO, Érika Fernanda da Silva. Constituição 1937. 2017. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/57908/constituicao-1937>. Acesso em: 15 out. 2019.