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DIREITO DA INFORMÁTICA

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DIREITO DIGITAL 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS 
LIMBERGER, Têmis. O direito à intimidade da informática. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2007. 
MARCACINI, Augusto Tavares Rosa. Direito e informática: uma abordagem jurídica sobre 
a criptografia. Rio de Janeiro: Forense, 2002. 
MORI, Michelle Keiko. Direito à intimidade versus informática. Curitiba: Juruá́, 2001. 
OLIVEIRA, Álvaro Borges de. Novos direitos: direito da informática e a tributação de 
programa de computador. São Paulo: Visual Books, 2002. 
PAESANI, Liliana Minardi. Direito de informática: comercialização e desenvolvimento 
internacional do software. 6a ed. São Paulo: Atlas, 2007. 
PARANAGUÁ, Pedro. BRANCO, Sérgio. Direitos autorais Rio de Janeiro: Editora. FGV, 2009. 
PEREIRA, Elizabeth Dias Kanthack. Proteção jurídica do software no Brasil. Curitiba: Juruá ́, 
2001. 
PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito digital. Editora Saraiva. 6ª edição. 2015. 
ROSA, Fabrizio. Crimes de informática. São Paulo: Bookseller, 2006. 
ROVER, Aires José. Informática no direito: inteligência artificial. Curitiba: Juruá́, 2001. 
ROVER, Aires José. Direito e informática. São Paulo: Manole, 2004. Bibliografia 
Complementar: 
 
 
 
 
1. CONCEITO DO DIREITO DIGITAL 
 
Levando em consideração a tecnologia existente em nosso mundo e a sua importância 
para evolução da humanidade, principalmente em aspectos bélicos e relacionados a 
saúde, a sociedade, preocupada com até onde as facilidades geradas por esses 
instrumentos podem ser úteis ou não, optou por incorporar ao seu dia a dia, os instrumentos 
derivados de tal avanço de maneira tão dependente, como um órgão vital. 
 
Além disso, tais instrumentos, não só vitais à sociedade quanto ao aspecto de proteção 
e saúde, também são importantes em questões econômicas, políticas, culturais e de 
relacionamentos, fazendo com que a tecnologia, seja diretamente integrada ao sistema 
social de maneira célere e sem muitas preocupações. 
 
O resultado dessa integração insana, é a quantidade de dados e informações que 
passam a serem valorizados, mesmo sem a percepção de seus proprietários, gerando 
poder econômico aos que deles façam uso em maior escala. 
 
No Brasil, os cuidados com a tecnologia foram levados a importância constitucional em 
um capítulo específico da Constituição Federal de 1988, que trata da ciência, da 
tecnologia e da inovação (artigos 218 a 219-B), advindos do mandamento constitucional 
de proteção da propriedade intelectual autora destes instrumentos, elencado no artigo 5º, 
inciso XXVII. 
 
Como o direito é uma ciência social aplicada, que analisa em sua formação e mutação, 
o comportamento social, criou-se argumentos jurídicos suficientes para a proteção dos 
interesses sociais vinculados ao uso da tecnologia pautando-se normas de condutas para 
que os autores possuíssem proteção sobre suas criações, bem como, normas de conduta 
para que todo o fato ocorrido no meio digital, fosse protegido. 
 
Sob esse viés, considera-se então o direito digital como um conjunto de normas que 
visam regular fatos ocorridos em meio digital com efeito no plano jurídico ou que 
contenham um objeto que merece proteção específica do direito, como por exemplo, 
hardwares, softwares, internet, direitos autorais em mídias digitais, algoritmos, intranet, 
responsabilidade civil por comportamentos em redes sociais, relações trabalhistas 
vinculadas ao uso de tecnologia, entre outros temas. 
 
O direito digital é um conjunto de normas que visa pautar o comportamento e a vida 
digital da sociedade como um todo, se utilizando de normas existentes para adequá-las 
aos acontecimentos no plano informático, impedindo que direitos sejam desrespeitados 
nesse aspecto, possuindo um caráter poliédrico. 
 
O efeito rebote de toda essa evolução tecnológica, é que o homem, sequer está 
conseguindo acompanhá-la. Como nessa famosa frase que tentou definir nossa sociedade 
atual como a sociedade da informação e não como a sociedade do conhecimento, o 
que se verifica é uma pós sociedade industrial “post-industrial society” como denominado 
por Daniel Bell, uma a modernidade líquida, como denominado por Zygmunt Bauman e um 
“network society” como fora denominado por Manuel Castells, direcionados a trazer tantos 
malefícios quanto benefícios, pois o custo dessa tecnologia, se não for bem administrado, é 
alto, como o aumento da taxa de desempregos, discursos do ódio no uso da internet, 
crimes digitais entre outros acontecimentos. 
 
A evolução tecnológica e os aspectos da evolução da sociedade da informação é tão 
importante, que no ano de 2.000 o Ministério da Ciência e da Tecnologia brasileiro lançou o 
livro verde da sociedade de informação no Brasil, onde traçou diretrizes para padronizar 
ações concretas de planejamento, orçamento, execução e acompanhamento da tal 
sociedade. Tal livro pode ser encontrado no seguinte endereço eletrônico e merece leitura: 
https://www.governodigital.gov.br/documentos-e-arquivos/livroverde.pdf. 
 
Com relação a concursos públicos, observa-se que os assuntos referentes ao plano 
digital já estão sendo cobrados, como sobre a Lei que trata do Marco Civil de Internet, Lei 
12.965/2014, como sobre o direito a proteção de dados, direito ao esquecimento, contratos 
digitais e até mesmo moedas virtuais como o bitcoin. Com relação a esses concursos, 
merecem destaques os concursos de Ministério Público Federal e da Magistratura Federal 
do Tribunal Regional Federal da Terceira Região, pois o MPF em seu 28º concurso para 
ingresso na Procuradoria da República (2015) na fase subjetiva, (item 6 do Grupo III) exigiu 
em uma dissertação, que o candidato se manifestasse sobre o comércio eletrônico e no 
29º concurso (2017) cobrou questões na primeira fase sobre o Marco Civil da Internet 
(questão 64) e sobre o direito ao esquecimento (questão 71). Já a Magistratura Federal, no 
XIX concurso para ingresso na carreira de Juiz Federal do Tribunal Regional Federal da 3ª 
Região (2018), na primeira fase, cobrou dos candidatos o conhecimento sobre Bitcoin 
(questão 57). 
 
Por curiosidade, hoje giram em torno do direito digital, alguns principais assuntos, como 
por exemplo: Compliance, Governança Corporativa, Criptomoedas, como o Bitcoin, 
Blockchain, Fake News, Direito ao Esquecimento, Direito ao não Esquecimento, Direito a 
desconexão, Direitos autorais, Tributação de mídias digitais por Streaming, como o Netflix, 
Spotify, Globo Play, Regulamentação dos serviços de aluguéis de imóveis e carona como o 
Airbnb e o Uber, Revange Porn ou Vingança Pornográfica, Deep Web, Dark Net, Mariana’s 
web, Crimes Digitais, Provas digitais, Inteligência Artificial, E-Política, Teledemocracia, 
Crowdsourced Constitution, Discurso do ódio, Direito fundamental à proteção de dados 
pessoais, Infidelidade virtual ou sexting, exposição da vida privada na internet, Liberdade 
de expressão, internet e signos distintivos, a tutela da imagem da pessoa humana na 
internet, Plágio e internet, Efeitos reais do Second Life ou Virtual Life, Captação de dados, 
Mensagem não solicitada como o SPAM, Legítima defesa na internet, Big data e Big Data 
Analytics, Jogo da baleia azul, Sextortion, Internet das coisas ou IOT, Internet de tudo ou 
IOE, Internet 4.0, Responsabilidade dos sites como Youtube, Facebook e Instagram, 
Ransomware, E-Commerce, Princípio da Neutralidade e o Marco Civil da Internet, Lei de 
Proteção de Dados, Decreto do E-Commerce, Copyleft, Creative Commons, E-Business, 
Personalidade Digital, Digitalbullying, Informática Jurídica de Decisão, Processo Eletrônico, 
Crime as a service, Machine Learning, Intimidade digital, autômatos, humanoides, Smart 
Contracts, Jurimetria, Privacy by Design, Security by Design, Privacy by default, Smart Cities, 
Gadgets, Attention Economy, Algorítimos, Advocacia 4.0, Biohacking, Análise de 
sentimentospor meio de profile das pessoas, Proxy Ability ou Proxy Effect, Scoring Credit por 
meio de algorítimos, chatbot, e-sports, Judge-as-a-service etc. 
 
Assim, vemos que o operador do direito que busca estar atualizado com relação aos 
principais temas do direito digital, deve buscar aprofundamento nas matérias tratadas pelo 
tema, pois seja na vida acadêmica, seja na atividade prática ou seja para concursos 
públicos, essa nova roupagem do direito é a nossa realidade e que vai embasar muitas 
discussões ainda sobre que lado o Poder Judiciário vai inclinar. 
 
 
 
2. NOMENCLATURAS – DIREITO DIGITAL, ELETRÔNICO, VIRTUAL, INFORMÁTICO, CIBERNÉTICO 
 
É comum se encontrar no ordenamento jurídico, vários termos e classificações 
específicas para um mesmo assunto. Isso não foi diferente com o direito digital. 
 
Em inúmeros livros e artigos, encontram-se várias denominações e que merecem 
explicações para que, de acordo com a interpretação de cada um, seja utilizada de um 
jeito ou de outro. 
 
Direito da informática: O termo direito da informática advém da tradução da palavra 
informática, que significa, de acordo com o dicionário Aurélio, “ciência que visa ao 
tratamento da informação através do uso de equipamentos e procedimentos da área de 
processamento de dados”. Desta forma, para quem se utiliza do termo direito da 
informática, o direito estaria sendo direcionado a proteção de direitos que circulam na 
área de processamento de dados. 
 
Direito Digital: O termo direito digital leva esse nome, tendo em consideração a palavra 
dígito binário, que na linguagem de baixo nível computacional, significa os números 0 e 1, 
bem como levando em consideração a palavra digital, que busca significar a tecnologia 
utilizada na transmissão de dados, diferentemente da tecnologia analógica. 
 
Direito eletrônico: O termo direito eletrônico, tem esse nome em virtude da eletrônica, 
que se traduz em oscilações elétricas para funcionar, homenageando, portanto, aquilo 
que funciona com a transmissão de eletricidade, como computadores. 
 
Direito virtual: Este nome é utilizado em devido ao termo virtual, isto é, aquilo que 
potencialmente pode ocorrer, mas que não é real. O termo direito virtual não é o melhor 
termo a ser utilizado, pois se contrapõe a algo que é real e no aspecto digital, tudo 
acontece. Assim recomenda-se não se utilizar esse termo, pois estaria de fato, quando 
tratando de algo virtual, sobre aquilo que não existe na realidade. Por esse motivo fica 
desconexo o termo realidade-virtual, pois se é real não pode ser virtual. 
 
Direito cibernético: O termo cibernético é muito ligado aos fatos ocorridos no ambiente 
de uso da tecnologia. O termo cibernético vem do grego kibernetiké, que era no nome 
dado a pessoa que guiava a embarcação, pilotava, em sentido figurado, ou aquele que 
dirige ou regula qualquer coisa como um guia, um chefe. Atualmente, a palavra vem 
sendo utilizada para designar controle, principalmente o controle de máquinas. 
 
Como vimos acima, entendemos que o termo mais apropriado para a nossa utilização, é 
direito digital, pois a palavra digital reflete bem o objeto de estudo dessa matéria, no que 
diz respeito ao plano digital, isto é, o plano que envolve softwares e hardwares em fatos 
jurídicos. 
 
 
 
3 - A AUTONOMIA DO DIREITO DIGITAL 
 
Antigamente, para alguns autores, o Direito digital poderia ser definido como uma 
disciplina autônoma do direito, que compreende, dentro de sua função, a atuação em 
inúmeros institutos dos demais ramos do direito, como a proteção de dados pessoais, a 
proteção de programas de computador e dispositivos físicos (software e hardware), os 
contratos informáticos, a responsabilidade civil derivada do uso das novas tecnologias, a 
contratação eletrônica realizada por meios eletrônicos, crimes ou delitos "informáticos" etc. 
 
Porém, uma nova visão da matéria está tratando do tema, não como um novo ramo do 
direito, mas sim, como uma nova roupagem do direito, um novo método subsunção do 
direito, se utilizando dos demais ramos do direito e suas legislações para existir. O que se 
verifica com o direito digital, é uma percepção do direito direcionado para a tecnologia, 
para o plano digital, em todos os seus sentidos, não havendo necessidade de criação de 
um ramo específico, pois, por exemplo, as relações de consumo, continuam sendo 
relações de consumo e protegidas pelo Código de Defesa do Consumidor, sejam elas 
praticadas dentro ou fora do plano digital, justificando esse novo pensamento que trata o 
direito digital como uma nova perspectiva para a proteção de direitos, dando-lhe um perfil 
poliédrico, isto é, que pode ser visto sob vários ângulos ou de várias formas, sendo 
compreendido de mais de uma forma. 
 
 
 
4 – COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO DIGITAL 
 
Segundo o artigo 22, inciso da Constituição Federal, compete privativamente a União 
legislar sobre informática. Desta maneira, como o termo informática, aqui empregado, se 
refere, de forma ampla aos fatos ocorrido no plano digital, pode-se afirmar que a 
competência legislativa em direito digital é privativa da União, vejamos: 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e 
radiodifusão; (grifo nosso). 
 
 
 
5 – RELAÇÃO DO DIREITO DIGITAL COM OS PRINCIPAIS RAMOS DO DIREITO 
 
Como o direito digital não passa de uma nova forma de subsunção do fato a norma que 
envolva o plano digital, convém, de uma forma ilustrativa, apontarmos, qual a relação 
dessa nova forma de subsunção com os principais ramos do direito. 
 
 
 
A) RELAÇÃO COM O DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
A princípio, vemos a relação com temas materialmente constitucionais, como a 
organização dos Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), a organização do Estado, 
direitos fundamentais, mais especificadamente sobre a liberdades constitucionais, em 
destaque os assuntos ligados ao discurso do ódio, direito ao esquecimento, dignidade da 
pessoa humana, intimidade, vida privada, honra, imagem, voz, proteção de dados, E-
Política dando destaque ao voto, urna eletrônica, teledemocracia, Crowdsourced 
Constitution, propaganda política por meios digitais etc. 
 
Levando em consideração que o direito constitucional é o principal ramo do direito, pois 
estuda em sua estrutura a formação e a atuação do Estado como ente responsável pela 
vida digna de todos aqueles que cederam uma parcela de sua soberania pessoal para a 
sua formação, o direito digital se coloca em destaque, auxiliando esse ramo do direito a 
atingir o bem-estar social, por meio da Organização do Estado, Organização dos Poderes, 
Efetivação dos direitos fundamentais, proteção desses direitos fundamentais entre outros 
assuntos. 
 
Quanto a organização do Estado, o direito digital se torna útil, por auxiliar aos entes 
federados, possuidores do maior big data de dados pessoais, em atingir, em sua plenitude, 
o bem comum, por meio de organização em seus bancos de dados, efetivação na 
prestação de serviços públicos, organização administrativa acompanhada de maior 
transparência em seus atos, distribuição coordenada de políticas públicas e planejamento 
financeiro e orçamentário suficientes a não deixar os entes em descompasso com a 
legislação. 
 
Quanto a organização dos Poderes, o direito digital se relaciona quanto ao Poder 
Executivo, no tocante a administração da máquina administrativa, no recebimento de 
receitas, na prestação de serviços públicos e na administração da coisa pública. 
 
Quanto ao Poder Judiciário, temos a informática jurídica de documentos, que compila 
dados para pesquisa, por exemplo, informática jurídica de gestão, que auxilia na gestão de 
processos, como o Esaj do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, e por fim, a 
informática jurídicade decisão, que, com inteligência artificial, pode dar mais celeridade e 
padronização nas decisões judiciais, evitando diversidade em julgamentos sobre fatos 
semelhantes, estudado pela Jurimetria. 
 
No Poder Legislativo, vemos a possibilidade da população participar de maneira mais 
efetiva por meio de sugestões e observações feitas em projetos de lei que estão em 
discussão, como buscou o aplicativo Mudamos, bem como a oportunidade de, pelas redes 
sociais, o povo de determinado território até mesmo constituir uma lei fundamental, como 
foi o caso da Islândia que em, 2010 teve em seu parlamento um projeto de constituição 
apresentado por seus cidadãos, projeto este criado por meio de um conselho 
constitucional que debateu o projeto por meio das redes sociais, como facebook. Tal 
movimento foi denominado pela doutrina de Crowdsourced Constitution, que traduzido no 
sentido empregado, significa participação popular por meio da internet ou, como 
denominado por outros, teledemocracia. 
 
Cumpre observar, que no Brasil, algumas Assembleias Legislativas e até mesmo o Senado 
Federal e a Câmara dos Deputados, já dispõe de mecanismos para a participação 
popular por meio de aplicativos e sites específicos. 
 
Quanto a efetivação dos direitos fundamentais, o direito digital se tornou o responsável 
por alinhar, com os ditames constitucionais, os limites das liberdades, seja de manifestação 
do pensamento ou da não manifestação do pensamento, bem como da liberdade de 
comunicação e informação, criando para tanto, teses como o discurso do ódio, o direito 
ao esquecimento, o direito ao não esquecimento, Fake News. 
 
Já, no que toca aos direitos da personalidade, o direito digital em compasso com a 
Constituição Federal, se inclina na proteção de dados, intimidade, vida privada, honra, 
nome, buscando tutelar, de maneira eficiente tais direitos. 
 
 
 
B) RELAÇÃO COM O DIREITO PENAL 
 
Como sendo o primeiro ramo do direito que surgiu, em virtude do desrespeito a proteção 
dos bens essenciais a vida digna, o Direito Penal, principalmente no âmbito digital, é o 
ramo do direito que mais se preocupa, pois hoje a tecnologia tem sido utilizada como o 
principal meio de execução dos crimes. Tais crimes digitais acabam sendo a grande 
preocupação do Estado, ainda mais, por termos situações que não se encontram 
totalmente protegidas pela legislação penal pátria, e como se sabe, o principio da reserva 
legal, da anterioridade e da taxatividade no direito penal estão elevados a proteção 
constitucional. 
 
Com o surgimento de novas condutas criminosas no âmbito digital, como o ransomware, 
o revenge porn, o digitalbullying, os atos praticados por pedófilos, Sextortion, e movimentos 
como o do crime-as-a-service, o direito penal no tocante a esses crimes digitais, precisou 
ser interpretado da maneira mais eficiente para abarcar essas condutas, sob pena de 
ineficácia da lei penal. 
 
O direito penal está também vinculado ao direito digital, nas situações que dizem 
respeito a vedação ao etiquetamento do ser humano, que ocorre quando, por 
determinadas condutas praticadas pelos indivíduos em rede social, tais pessoas já acabam 
sendo etiquetadas como criminosos e monitorados a maior parte do tempo, pois imagina-
se que tais pessoas são criminosas ou que fatalmente irão praticar crimes em um futuro 
próximo. Tal situação não pode existir, sob pena de violar a presunção de inocência e por 
trazer uma responsabilidade penal objetiva, o que é vedado em nosso ordenamento 
pátrio. Por curiosidade, há relatos de inteligência artificial sendo utilizada para a 
identificação de criminosos reincidentes - COMPASS e que acabara sendo criticada por ser 
considerada racista por estar criando parâmetros de etiquetamento de criminosos, 
aplicando penas maiores levando em consideração o autor do fato e não o crime 
praticado. 
 
No campo processual penal, vemos o direito digital sendo utilizado para as questões de 
colheita de provas, de utilização de provas e de anulação dessas provas, bem como, o uso 
da tecnologia para a realização de audiências por videoconferência. 
 
 
 
C) RELAÇÃO COM OS DIREITOS HUMANOS 
 
Levando em consideração a tendência mundial de proteção dos seres humanos em 
vários aspectos que vão, desde a celeridade processual, até o reconhecimento da 
inconstitucionalidade do sistema penitenciário nacional pelo Supremo Tribunal Federal, 
bem como a vontade mundial de uma normatização internacional global sobre o uso da 
internet e os direitos dos usuários desse meio de comunicação em terem respeitados seus 
direitos humanos, percebe-se que o direito digital com os direitos humanos têm muita coisa 
em comum, o homem e sua privacidade. 
 
 
 
D) RELAÇÃO COM O DIREITO EMPRESARIAL 
 
A relação do direito digital com o direito empresarial é no tocante aos problemas 
enfrentados pelas empresas no campo digital e como elas reagirão para não desrespeitar 
as normas jurídicas que parametrizam o seu comportamento. Nesse aspecto temos a 
governança corporativa com o compliance, a proteção de dados dos usuários do sistema, 
o e-commerce, o e-business, o trade dress, a proteção de direitos autorais por meio de uso 
de disponibilização de conteúdo em sites como o Youtube, Netflix, Spotify, bem como o 
pagamento de direitos autorais por esses aplicativos. 
 
Além disso, junto aos direitos autorais, temos a pirataria, principalmente de softwares, que 
acabam gerando para as empresas a constituição de mecanismos de proteção de seus 
direitos autorais, justamente para tentar evitar o máximo a pirataria e inclusive, danos 
causados aos usuários desses sistemas operacionais não autenticados, como por exemplo 
o Ransomware. 
 
A movimentação pela antipirataria já existe no plano internacional desde a Convenção 
de Berna para a Proteção das Obras literárias e artísticas de 1971 e pelos Acordos sobre os 
ADPIC (Acordo sobre os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao 
comércio), e a tendência mundial é cada vez mais, buscar a proteção uniforme em todos 
os países que usam, de maneira dependente, a internet. 
 
 
 
E) RELAÇÃO COM O DIREITO CIVIL 
 
Com o Direito Civil o Direito Digital atinge, não só a parte de contratos, com contratos 
digitais ou Smart Contracts, que seriam uma nova espécie de contratação, documentos 
digitais, obrigações digitais, responsabilidade civil por atos ilícitos, como vingança 
pornográfica, administração de grupos em WhatsApp, replicação de conteúdos violadores 
de imagem, honra, intimidade, nome, voz, criação de perfis falsos, entre outros atos, e, até 
mesmo, o direito ao esquecimento e o direito ao não esquecimento, invocados para a 
proteção dos direitos da personalidade. 
 
 
 
F) RELAÇÃO COM O DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
No que toca a relação do Direito Digital com o Direito Administrativo, temos assuntos que 
vão desde a possibilidade de reconhecimento de prestação de serviços públicos pelo UBER 
transportando pessoas ou pelo WhatsApp quando promove o serviço de telefonia, se eles 
pagarão impostos ou não, bem como a tributação dos serviços de Streaming, como Netflix, 
Globo Play, Spotify, Airbnb, entre outros. 
 
Além disso, vemos o tratamento, pela administração pública, de dados pessoais, por 
meio de seu Big Data, que pode ser considerado o mais completo de todos, como a 
fiscalização feita pela Administração Pública por meio do monitoramento de pessoas, por 
meio de câmeras e utilização de dados de aplicativos de localização. 
 
Verifica-se também a possibilidade do uso da tecnologia para a aferição de maior 
agilidade na prestação de serviços públicos, como o serviço de saúde, transporte, políticas 
públicas, na maior eficiência na atuação dos órgãos públicos, como na Secretaria da 
Receita Federal que criou a certificação eletrônica para acompanhamento de processosde analise de declarações, pois a maiorias dos órgãos públicos e prestadores de serviços 
públicos hoje possuem aplicativos para facilitar o atendimento ao cidadão, como o 
Detran, com a carteira nacional de habilitação digital e o documento veicular digital e a 
Justiça Eleitoral com o título de eleitor digital. 
 
 
G) RELAÇÃO COM O DIREITO DO TRABALHO 
 
A primeira ligação do direito digital com o direito do trabalho é sobre se a inteligência 
artificial irá ou não substituir a mão de obra humana. A tendência é que a resposta seja 
afirmativa, lembrando que só os não qualificados e que não atuem com a intelectualidade 
poderão dar espaço a inteligência artificial, mas, mesmo que isso ocorra, não se pode falar 
em não proteção do trabalhador, violando direitos trabalhistas, pois não há relação em 
substituir a mão de obra humana por inteligência artificial com o desrespeito ao 
mandamento constitucional de valorização do trabalho humano. 
 
Haveria desrespeito aos direitos do trabalhador quando não se deixa desconectá-lo do 
local de trabalho pelo uso das tecnologias, violando o direito a desconexão que todos 
tem, tema esse enfrentado pelo uso da tecnologia no exercício da relação empregatícia. 
 
Outro tema enfrentado pelo direito digital no campo do direito do trabalho, seria o 
direito ao não esquecimento do trabalhador, pois deve ser lembrado pelo exercício de 
suas atribuições no momento de recebimento de benefícios extraordinários pelo 
empregador. 
 
 
 
6 - A INFORMÁTICA COMO DISCIPLINA JURÍDICA 
 
A denominada Informática Jurídica consiste na aplicação das tecnologias da 
informação e comunicação ao Direito. Para um melhor entendimento da matéria é 
necessário, seguindo uma linha desenvolvida pela maioria dos doutrinadores desta área, 
analisarmos a Informática Jurídica sob três aspectos: Informática Jurídica Documental, 
Informática Jurídica de Gestão e, por fim, Informática Jurídica de Decisão. 
 
 
a) Informática Jurídica Documental 
 
A Informática Jurídica Documental consiste na utilização dos chamados sistemas de 
informação e documentação jurídica. Estes, por sua vez, se compõem de legislação, 
doutrina e jurisprudência, formando as bases dos principais bancos de dados jurídicos. 
 
A existência de ditos sistemas se justifica pela existência de um grande volume de 
documentos e informações jurídicas no tocante à legislação. Assim, estes sistemas de 
informação e documentação jurídica, desde que eficazes, auxiliam expressivamente os 
operadores do Direito, os quais poderão dedicar-se a tarefas de cunho intelectual, 
evitando consultas a vastos índices de leis e jurisprudência. Em resumo, para que os 
operadores do Direito possam conhecer e absorver a grande quantidade de informação e 
documentação jurídica, mostra-se necessário que disponham de instrumentos capazes de 
compensar esta situação. Cabe, pois, aos sistemas informatizados de documentação e 
informação jurídica tal tarefa de auxílio. 
 
Comumente podemos encontrar estes sistemas em forma de CD-ROM (Compact disc – 
read only memory), alguns na forma denominada online, é dizer, em linha e até mesmo em 
pendrive prontos para o uso. Funcionam, geralmente, com a busca realizada através de 
palavras chaves. 
 
Aqui entendemos ser pertinente uma observação. Em nossa opinião os sistemas de 
informação e documentação jurídica online possuem vantagens em relação aos sistemas 
em CD-ROM. Ocorre que, como dito em linhas atrás, existe hoje nos ordenamentos jurídicos 
dos países desenvolvidos e em vias desenvolvimento uma "inflação" de legislação, 
jurisprudência e doutrina. 
 
Os sistemas jurídicos de informação e documentação on line, justamente por sua forma, 
podem ser atualizados mais facilmente em relação aos sistemas em CD-ROM, pois estes 
são, em geral, atualizáveis no mínimo de três em três meses, podendo tornar-se obsoletos 
ao privarem os usuários do acesso às leis e jurisprudências mais recentes. 
 
Por outro lado, a comodidade de se ter um sistema jurídico de informação e 
documentação em forma de CD-ROM se justifica no fato de que o disco compacto 
sempre está à disposição do usuário em sua própria casa ou ambiente de trabalho 
facilitando a consulta. Também no aspecto financeiro o usuário terá mais vantagens com o 
sistema em CD-ROM, pois não dependerá do uso de uma linha telefônica, de um contrato 
com um provedor de acesso à internet etc. 
 
Hoje, na verdade, os produtos oferecidos em nuvens ou espaços virtuais acessíveis off-
line também é uma saída, justamente para o acesso remoto e sem transmissão de dados, 
economizando o usuário, valores que despenderia nesse acesso. Isso ocorre, pois 
atualmente o CD-ROM entrou em desuso e o pendrive e o acesso remoto as nuvens que 
possuem arquivos se tornou mais eficiente, até mesmo do que os próprios programas que 
possuem esses dados e que podem ser instalados em computadores, que por serem 
extremamente caros, acabam também não sendo utilizados. 
 
Por final, cumpre observarmos que os principais sites dos Tribunais Superiores e dos órgãos 
de governo, estão sistematizando a pesquisa para legislação e julgamentos, facilitando a 
vida do operador de direito, que acaba, em um só lugar, achando a legislação que 
precisa, acompanhada dos principais julgamentos sobre o tema. 
 
Assim, a escolha caberá ao operador do Direito que fará a opção segundo sua 
disponibilidade financeira e afinidade com a informática. 
 
 
b) Informática Jurídica de gestão 
 
Como o próprio nome indica, trata-se da aplicação da informática e da telemática na 
atividade de gestão, seja em escritórios de advocacia, em gabinetes de juízes, em 
gabinetes de promotores de justiça, em gabinetes de defensores públicos, advogados 
públicos etc., para a aplicação das novas tecnologias às funções desempenhadas 
diariamente nestes ambientes laborais. 
 
A Informática Jurídica de Gestão visa facilitar, mediante automatização, as tarefas de 
rotina nos diversos centros de trabalho dos operadores do Direito. 
 
Contudo, esta categoria vai mais além da Informática Jurídica Documental, pois 
compreende desde a aquisição de computadores, de programas (Softwares) de edição 
de textos, de agenda de compromissos, contabilidade, dentre outros, os quais facilitariam a 
gestão, fazendo com que os profissionais de determinado escritório ou gabinete centrem 
suas atividades em tarefas que demandem esforço intelectual, direcionado para uma 
melhor qualidade. 
 
 
c) Informática Jurídica de Decisão 
 
No tocante a realidade hoje encontrada, esta categoria apresenta o aspecto mais 
polêmico referente à aplicação da informática ao Direito. 
 
Consiste na substituição ou reprodução da atividade intelectual dos operadores do 
Direito. 
 
Ao passo que a Informática Jurídica Documental fornece, mediante bases ou bancos de 
dados, informações e documentos jurídicos, a Informática Jurídica de Decisão coloca à 
disposição daqueles que trabalham com o Direito sistemas especializados que utilizam a 
inteligência artificial para a solução de problemas jurídicos os quais, anteriormente, 
somente eram elucidados com o esforço intelectual humano. 
 
Tais sistemas, denominados "sistemas de expertos" pela doutrina espanhola, costumam 
se apresentar em forma de software, é dizer, em forma de programas informáticos. Assim, 
não se limitam a fornecer documentação para a solução de determinado problema 
jurídico, e sim pretendem solucioná-los. 
 
Especial atenção merece a possibilidade de aplicação dos sistemas especializados à 
magistratura. Para muitos, não seria aconselhável a automatização das decisões judiciais. 
Para outros, a aplicação de tais sistemas, possibilitariam aos juízes dedicar-se às causas mais 
complexas. 
 
Hoje, para o direito da informática, percebe-se que os "sistemas de expertos", poderiam 
emuito agilizar o trâmite dos processos judiciais. Não raras vezes nos deparamos com 
despachos, decisões e sentenças que são semelhantes a outros já proferidos, somente 
havendo alteração do número dos autos e nomes das partes. Assim, é praxe jurídica a 
adoção de "formulários" nos quais se realiza uma espécie de adaptação de dados. 
Realmente há casos muito semelhantes, como na hipótese de divórcio, inventários entre 
outras ações, que podem ser objeto de solução por meio dos sistemas especializados. 
Todavia, existem outros os quais estão dotados de uma especificidade, não sendo possível 
a substituição da atividade dos juízes, uma vez que necessitam de trabalho estritamente 
intelectual e, fundamentalmente, de bom senso frente à situação real apresentada. 
 
A Informática Jurídica de Decisão funcionaria da seguinte forma: Percebendo o juiz ou 
seu auxiliar a semelhança de fatores de uma determinada causa com outra já decidida, 
inseriria os dados no programa informático (sistema especializado) que processaria estas 
informações e elaboraria uma decisão com base nos dados fornecidos pelas partes, 
poupando significativo tempo tanto ao juiz como aos seus auxiliares a exemplo do 
programa americano COMPASS. 
 
Em síntese, o que visa a Informática Jurídica de Decisão, através dos "sistemas de 
expertos", é facilitar aos membros da magistratura, bem como a seus auxiliares, as tarefas 
de rotina, as quais, não raras vezes, se tornam repetitivas. 
 
Por fim, enfatizamos novamente que a aplicação dos chamados sistemas especializados 
somente poderá dar-se em alguns casos, pois sempre existirão aqueles que não permitirão 
a utilização de tais sistemas, necessitando da experiência e bom senso dos magistrados. 
 
 
 
7. FONTES DO DIREITO DO DIREITO DIGITAL 
 
O direito digital, criado para auxiliar a proteção de bens jurídicos, como qualquer outro 
ramo do direito, necessita de fontes de onde emanam normas, para resolver os conflitos 
existentes no plano digital. 
 
Em que pese existir movimentos de usuários para a não normatização do uso do espaço 
digital, buscando uma liberdade ilimitada, justamente para dar maior amplitude para a 
expressão, privacidade e manifestação de pensamento, evitando que o Estado participe 
desse movimento libertário que foi a criação do espaço digital, como os Cypherpunks e 
a Declaração de Independência do Ciberespaço, proclamada em Davos, na Suíça1, e 
publicada na revista Wired em fevereiro de 1996, de autoria de John Perry Barlow, ativista 
norte-americano cofundador da Electronic Frontier Foundation – EFF e professor da Harvard 
Law School´s Berkman Center for Internet and Society, que a criou para reagir à 
promulgação da Telecom Reform Act (Lei de Reforma das Telecomunicações), nos EUA, 
que impunha limitações e facultava interferências estatais no funcionamento e no uso da 
Internet e do espaço cibernético, é necessário que este ambiente seja normatizado e as 
formas dessa normatização podem ser por meio da autorregulamentação pela a 
regulamentação jurídica. 
 
Assim, são fontes do direito digital a Autorregulamentação e a Regulamentação jurídica. 
 
 
a) Autorregulamentação 
 
A autorregulamentação é uma maneira de se sistematizar o uso do plano digital, 
pautando normas de condutas, com base nos próprios usos e costumes dos usuários dos 
sistemas, justamente, traçando padrões de comportamentos desejáveis para que se tenha 
harmonia e respeito aos direitos das demais pessoas, até mesmo para que se evite a 
imposição, pelo Estado, de leis que firam a privacidade, a liberdade de conexão e 
manifestação de pensamento. Aqui, as regras definidas acabam sendo mais respeitadas 
do que leis estatais, pois os próprios usuários criam comportamentos desejáveis e acabam 
respeitando, tudo isso motivado pela própria criação dessas regras que se deram sem a 
participação de não usuários, como se dá na Lex Mercatória e nas disposições de SoftLaw, 
oferecendo soluções céleres e eficientes para os fatos ocorridos no plano digital. 
 
Exemplos de autorregulação são percebidos em páginas da internet com conteúdo 
adulto, onde informam sobre o conteúdo e sobre a não autorização para o acesso de 
menores de 18 anos, salvo comprovação da maioridade, bem como, na existência de 
grupos AntiSPAM, criando inclusive um Código de Ética AntiSPAM onde estão dispostos as 
regras e padrões éticos que devem ser respeitados pelo profissionais da área de 
publicidade para as práticas de comunicação comercial por meio de mensagens 
eletrônicas. Além disso, essa autorregulação pode ser verificada por meio de código de 
programação, via aplicação de normas internas e internacionais em vigor de forma 
extensiva por meio de analogia, prevendo a estruturação de mecanismos e travas 
normativas via código fonte ou código objeto, para, dessa forma, gerir, regular e 
normatizar apenas com base na estrutura arquitetônica do software. 
 
																																																								1	Disponível em http://www.dhnet.org.br/ciber/textos/barlow.htm acessado em 14.09.2018 
Além disso, temos como autorregulamentação os meios de arquiteturas pelo qual o 
campo digital é criado, como é tratado por Lawrence Lessig, pois a própria infraestrutura 
da Internet e dos serviços disponibilizados devem prover mecanismos de: 
a) autenticação, para garantir a identidade da pessoa com a qual se está lidando; 
b) autorização, assegurando que a pessoa possa exercer determinada função; 
c) privacidade, para que outros não tenham acesso às trocas de informações que 
ocorrem; 
d) integridade, garantindo que a transmissão não seja alterada no caminho; 
e) não-repúdio, afiançando que quem enviou a mensagem não possa negar que o 
fez. [40] 
 
Um exemplo dessa autorregulação vinculada a arquitetura tecnológica seria o uso do 
Blockchain para a proteção de sistemas e dados. 
 
Assim, tem-se que a autorregulação, que advém de normas criadas pelos próprios 
usuários do plano digital com o fim de autotutelar o uso do espaço digital, pode ser 
considerada como uma fonte do direito digital, onde o direito possa dela se utilizar para 
proteger aqueles que usam o sistema. 
 
Ocorre que a autorregulação não é suficiente para proteger, de maneira efetiva, os 
direitos violados no âmbito digital, e por isso, o Estado, por meio de espécies normativas 
diversas, deve se preocupar regulamentando, juridicamente, os fatos que ali ocorrem. 
 
 
 
b) Regulamentação Jurídica 
 
A regulação jurídica do direito digital, se dá, a princípio, por meio das seguintes normas: 
 
- Constituição Federal; 
- Convenção de Berna (Decreto nº 75.699/1975); 
- Lei da Informática (Lei nº 8.248/91); 
- Decreto que regulamentou a lei da informática (Decreto nº 792/1993) 
- Lei de Propriedade Industrial (Lei nº 9.276/1996) 
- Lei do software (Lei nº 9.609/1998); 
- Lei de direitos autorais (Lei nº 9.610/1998); 
- Tratado sobre Direitos de Propriedade Intelectual Relacionado ao Comércio 
Internacional TRIPS – Trade related intllectual proprety rights. 
- Lei do Processo Eletrônico (Lei nº 11.419/2006) 
- Lei da entrega de produtos aos consumidores (Lei SP nº 13.747/2009) –; 
- Registros eletrônicos no programa minha casa, minha vida (Lei nº 11.977/2009); 
- Registro eletrônico do ponto (Portaria do Ministério do Trabalho nº 1.510/2009); 
- Lei que trata do Teletrabalho (Lei nº 12.551/2011); 
- Lei Eduardo Azeredo – investigação em delegacias especializadas em crimes 
eletrônicos; (Lei nº 12.735/2012); 
- Lei Carolina Dieckmann que trata de dispositivos de invasão em dispositivos eletrônicos 
(Lei nº 12.737/2012); 
- Documentos digitalizados (Decreto nº 12.682/2012); 
- Regula o e-commerce (Decreto nº 7.962/2013); 
- Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014); 
- Regulamento do Marco Civil da Internet (Decreto nº 8.771/2016). 
- Lei de Proteção de dados pessoais(Lei nº 13.709/2018) 
- Decreto que instituiu o sistema nacional para a transformação digital (Decreto nº 
9.319/2018); 
- Decreto que instituiu o sistema estadual de coleta e identificação biométrica eletrônica 
(Decreto nº 6.3299/2018 de SP) 
- Medida Provisória que criou a autoridade nacional de proteção de dados (MP nº 
869/2018) 
- Decreto nº 9.854 de 2019 que instituiu o Plano Nacional de Internet das Coisas - IOT 
 
 
i) CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
A Constituição Federal, por meio de seu artigo 5ª, inciso XXIX, protege como direito 
fundamental, o intelecto humano, responsável pela criação de softwares e hardwares, 
objetos do direito da informática. 
 
Diz a CF, que será assegurado aos autores direitos conexos à sua invenção, tendo em 
vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico do país, vejamos: 
 
XXIX. a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégios 
temporários para sua utilização, bem como às criações industriais, à 
propriedade das marcas, aos nomes de empresas e seus signos distintivos, 
tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e 
econômico do País. 
 
Além disso, a Constituição Federal, no capítulo IV, do Título VIII, que trata da Ordem 
Social, artigos 218 a 219-B, trata da ciência, tecnologia e informação, vejamos: 
 
 
Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a 
pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação. 
§ 1º A pesquisa científica básica e tecnológica receberá tratamento 
prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso da 
ciência, tecnologia e inovação. 
§ 2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a 
solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema 
produtivo nacional e regional. 
§ 3º O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de 
ciência, pesquisa, tecnologia e inovação, inclusive por meio do apoio às 
atividades de extensão tecnológica, e concederá aos que delas se 
ocupem meios e condições especiais de trabalho. 
§ 4º A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, 
criação de tecnologia adequada ao País, formação e aperfeiçoamento 
de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que 
assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos 
ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho. 
§ 5º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela de sua 
receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à 
pesquisa científica e tecnológica. 
 § 6º O Estado, na execução das atividades previstas no caput, 
estimulará a articulação entre entes, tanto públicos quanto privados, nas 
diversas esferas de governo. 
 § 7º O Estado promoverá e incentivará a atuação no exterior das 
instituições públicas de ciência, tecnologia e inovação, com vistas à 
execução das atividades previstas no caput. 
 
Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e será 
incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e sócio-
econômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do 
País, nos termos de lei federal. 
Parágrafo único. O Estado estimulará a formação e o fortalecimento da 
inovação nas empresas, bem como nos demais entes, públicos ou 
privados, a constituição e a manutenção de parques e polos tecnológicos 
e de demais ambientes promotores da inovação, a atuação dos 
inventores independentes e a criação, absorção, difusão e transferência 
de tecnologia. 
 
Art. 219-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão 
firmar instrumentos de cooperação com órgãos e entidades públicos e 
com entidades privadas, inclusive para o compartilhamento de recursos 
humanos especializados e capacidade instalada, para a execução de 
projetos de pesquisa, de desenvolvimento científico e tecnológico e de 
inovação, mediante contrapartida financeira ou não financeira assumida 
pelo ente beneficiário, na forma da lei. 
 
Art. 219-B. O Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI) 
será organizado em regime de colaboração entre entes, tanto públicos 
quanto privados, com vistas a promover o desenvolvimento científico e 
tecnológico e a inovação. 
§ 1º Lei federal disporá sobre as normas gerais do SNCTI. 
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios legislarão 
concorrentemente sobre suas peculiaridades. 
 
 
 
ii) LEI DO SOFTWARE – LEI 9.609/98 
O software é protegido como um bem resultante do intelecto humano. Possui proteção 
por meio da Lei do Software, que a denomina como programa de computador, e a 
classifica, em seu artigo 2º, como obra literária, vejamos: 
 
Art. 2º. O regime de proteção à propriedade intelectual de programa de 
computador é o conferido às obras literárias pela legislação de direitos 
autorais e conexos vigentes no País, observado o disposto nesta Lei. 
 
O software não apresenta características artísticas ou literárias, nem pode ser 
considerado uma descoberta científica. Mesmo assim, ele é protegido pelos Direitos 
Autorais. A justificativa é que a criação do programa é de natureza intelectual e abstrata, 
não pode ser industrializado, consequentemente não atende aos requisitos de 
patenteabilidade (atividade inventiva, novidade e aplicação industrial). 
 
Registro 
Como toda obra autoral o software tem registro facultativo e pode ser feito no INPI 
(Instituto Nacional de Propriedade Intelectual). Diferentemente dos demais registros 
mantidos neste órgão que têm abrangência nacional o do software possui 
reconhecimento Internacional pelos países signatários do Acordo TRIPS (desde que 
cumprida a legislação nacional). No caso de programas estrangeiros, desde que 
procedentes de país que conceda reciprocidade aos autores brasileiros, não precisam ser 
registrados no Brasil (salvo nos casos de cessão de direitos). Assim, como a validade é 
internacional, os programas registrados no INPI não precisam ser registrados nos demais 
países, desde que estes concedam, aos estrangeiros, direitos equivalentes. 
 
Titularidade 
Titular dos Direitos Autorais do software é, em regra, a empresa. A não ser que haja 
acordo em contrário, os direitos patrimoniais relativos ao programa de computador, 
desenvolvido e elaborado durante a vigência de contrato ou de vínculo empregatício 
pertencerão exclusivamente ao empregador ou ao contratante de serviços de 
programação. Esse mesmo tratamento é aplicado aos bolsistas e estagiários. 
 
Prazo 
O prazo de proteção é de 50 anos, contados a partir de 1º de janeiro do ano 
subsequente ao da sua publicação ou, na ausência desta, da sua criação. 
 
Responsabilidade Penal 
Incorre em crime, cuja a pena é de detenção de um a quatro anos e multa, se a 
violação consistir na reprodução, por qualquer meio, de programa de computador, no 
todo ou em parte, para fins de comércio, sem autorização expressa do autor do programa 
ou de quem o represente. 
 
A mesma penalidade é aplicada a quem vende, expõe à venda, introduz no país, 
adquire, oculta ou tem em depósito, para fins de comércio, original ou cópia de programa 
de computador, produzido com violação de direito autoral 
 
Direito Comparado 
O Tribunal de Justiça da União Europeia enfraqueceu a proteção aos Direitos Autorais 
dos softwares, decidiu que apenas o texto do programa, conhecido como código fonte, 
está protegido pela diretiva europeia de direitos autorais. A sua funcionalidade e a 
linguagem, não. 
 
Quer dizer, que uma empresa pode estudar o software de uma concorrente para 
entender o seu funcionamento e as ideias por trás dele e, a partir daí escrever o seu. O que 
ela não pode é copiar ou mesmo se valer do código escrito pela concorrente para fazer o 
seu programa. 
 
Isso significa que, do ponto de vista de propriedade intelectual, umsite com exatamente 
a mesma funcionalidade do WhatsApp, ou uma imitação do sistema operacional do 
IPhone por exemplo, não podem ser alvo de processo nas cortes europeias. 
 
Jurisprudência brasileira 
Recurso Especial 154.864 (REsp 1. 154.864 -MG)
O STJ validou decisão do Tribunal de 
Justiça de Minas Gerais que acatou a tese sobre a inexistência entre a equivalência de 
direitos, também conhecida como princípio da reciprocidade, que está preceituada no 
artigo 2º, parágrafo 4º da Lei do Software (Lei 9.609/98). O texto da lei é o seguinte: 
 
"Art 2 § 4º — "Os direitos atribuídos por esta Lei ficam assegurados aos estrangeiros 
domiciliados no exterior, desde que o país de origem do programa conceda, aos brasileiros 
e estrangeiros domiciliados no Brasil, direitos equivalentes." 
 
No caso em tela a Microsoft Corporation não comprovou em juízo que a legislação 
norte-americana confere a um brasileiro ou empresa brasileira acionada judicialmente, os 
direitos equivalentes para reivindicar a mesma proteção da propriedade intelectual nos 
Estados Unidos. 
 
Segundo a decisão do TJ-MG, que foi mantida pelo STJ mesmo sem a análise deste 
mérito, caberia à Microsoft Corporation fazer uma prova desta reciprocidade e esta 
obrigação não foi cumprida. A decisão do STJ, por questões processuais não analisou o 
mérito desta questão que havia sito tratada no TJ mineiro (o recurso cabível seria um 
Agravo Regimental, não o Recurso Especial). 
 
A decisão da relatora Nancy Andrighi enfatizou que o Recurso Especial é inadmissível 
quando couber, perante o tribunal de origem, recurso contra a decisão impugnada. 
 
Recurso Especial 1114889 (REsp 1.114.889-DF)
Microsoft Corporation foi condenada a 
pagar indenização a empresa que foi alvo de cautelar de vistoria e por suposta 
irregularidade do licenciamento de softwares em decorrência de abuso de direito na 
hipótese de erro grosseiros na avaliação dos motivos que embasaram o ajuizamento da 
medida judicial. 
 
A Turma julgadora do REsp 1.114.889-DF, cuja relatoria foi do ministro Paulo de Tarso 
Sanseverino, entendeu de forma unânime ser devido o ressarcimento por danos morais no 
valor de R$ 100 mil (cem mil reais), por abuso de direito, na hipótese de erro grosseiro na 
avaliação dos motivos que embasaram o pedido de realização de vistoria, conforme 
previsto no artigo 14, parágrafo 5o, da Lei 9.609/1998. 
 
No caso, a Microsoft Corporation ajuizou ação de vistoria com o intuito de verificar a 
utilização irregular de seus produtos. Após analisar 300 computadores, ficou comprovado 
que a empresa vistoriada sequer utilizava os programas da autora da cautelar. 
 
Verificado o erro grosseiro na avaliação das circunstâncias que embasaram o pedido de 
vistoria, o ajuizamento da cautelar constituiu abuso de direito e foi aplicada a sanção 
indenizatória prevista no artigo 14, parágrafo 5o, da Lei 9.609/1998. 
 
A Lei do Software assegura o direito do acionado responsabilizar o autor da demanda 
por perdas e danos quando este agir de má-fé, espírito de emulação, capricho ou erro 
grosseiro. 
 
 
iii) LEI DE DIREITOS AUTORAIS – LEI Nº 9.610/98 
A lei de direitos autorais, em seu artigo 7º, protege as criações humanas, de espírito, feitas 
por qualquer meio. 
Art. 7º. São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas 
por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, 
conhecido ou que se invente no futuro, tais como: 
 
Os direitos autorais, são espécie de propriedade intelectual, assim como, a propriedade 
industrial e sui generis. 
 
A propriedade Intelectual abrange: 
a) Propriedade Industrial; 
b) Direitos Autorais; 
c) Propriedade Intelectual “sui generis”. 
 
A propriedade industrial abrange: 
a) Patentes que protegem as invenções em todos os domínios da atividade humana; 
b) Marcas, nomes e designações empresariais;
 
c) Desenhos e modelos industriais;
 
d) Indicações geográficas;
 
e) Segredo industrial e repressão à concorrência desleal. 
 
O direito autoral compreende:
 
I - Direitos de autor que abrangem: 
a) Os textos de obras literárias, artísticas ou científicas; 
b) As obras coreográficas e pantomímicas;
 
c) As composições musicais;
 
d) As obras fotográficas e as audiovisuais, inclusive as cinematográficas;
 
e) As obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética;
 
f) As ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza;
 
g) Os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenharia, 
topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência;
 
h) As adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, apresentadas 
como criação intelectual nova;
 
i) As coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, bases de dados 
e outras obras que se constituam uma nova criação intelectual;
 
j) Os programas de computador. 
 
II - Direitos conexos ao do autor, que abrangem: 
a) interpretações;
 
b) execuções; 
c) fonogramas; 
d) emissões de radiodifusão; 
 
Protegem artistas intérpretes ou executantes, produtores fonográficos e empresas de 
radiodifusão, em decorrência de interpretação, execução, gravação ou veiculação de 
criações. 
 
Os direitos de autor e os direitos conexos protegem diferentes pessoas. 
 
Por exemplo, no caso de uma canção, os direitos de autor protegem o compositor da 
música e o criador da letra. Já os direitos conexos se aplicam aos músicos e ao cantor que 
interpretam a canção, ao produtor da gravação sonora, na qual a música é incluída, e às 
empresas de radiodifusão que transmitem a música. 
 
Que direitos são assegurados aos beneficiários? 
a) Intérpretes e executantes – autorizar ou proibir a fixação, reprodução, radiodifusão e 
execução pública de suas interpretações;
 
 
b) Produtores de fonogramas – a reprodução, a distribuição por meio da venda ou 
locação de exemplares da reprodução e a comunicação ao público por meio da 
execução pública, inclusive pela radiodifusão; 
 
c) Empresas de radiodifusão – a retransmissão, fixação e reprodução de suas emissões. 
 
Qual é a validade dos direitos conexos?
 
Os direitos conexos têm validade de 70 anos contados a partir de 1º de janeiro do ano 
subsequente à fixação, para os fonogramas, à transmissão, para as emissões das empresas 
de radiodifusão e à execução e representação pública, para os demais casos. 
 
Os direitos conexos se sujeitam às mesmas exceções previstas para os direitos de autor, 
permitindo-se o livre uso das interpretações, das execuções, dos fonogramas ou das 
emissões por radiodifusão para certos propósitos específicos, tais como citações e 
reportagens jornalísticas. 
 
A penalidade prevista é a mesma para quem violar os direitos de autor: detenção de um 
a quatro anos e multa. 
 
A proteção sui generis abrange:
 
a) Topografias de circuitos integrados; 
b) As cultivares;
 
c) Conhecimentos tradicionais. 
 
 
O direito autoral compreende dois tipos de direito: 
I) Direitos morais, que realçam o vínculo do autor com sua obra. Os direitos morais são 
considerados pessoais, inalienáveis e intransferíveis, ou seja, mesmo que tenha cedido os 
direitos sobre a sua obra, o autor tem o direito moral de ver seu nome reconhecido e 
citado; 
 
Que compreende os direitos morais do autor?
 
a) Reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra;
 
b) Ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como 
sendo o do autor, na utilização de sua obra;
 
c) Conservar a obra inédita;
 
d) Assegurar a integridade da obra, ou seja, o direito de rejeitar modificações na obra 
ou, ainda, utilizações em contextos que possam causar prejuízos à reputação ou à honra 
do autor. 
 
II) Direitos patrimoniais, que permitem ao autor a possibilidade de ceder oulicenciar a 
obra, definitiva ou temporariamente, podendo explorá-la economicamente como desejar. 
 
O que os direitos patrimoniais abrangem?
 
Autorizar ou proibir os seguintes atos:
 
a) A reprodução parcial ou integral em várias formas, como, por exemplo, em uma 
publicação impressa, na gravação da obra em fitas cassete, em CDs ou DVDs;
 
b) A edição, a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações, como, 
por exemplo, a conversão de uma novela ou de uma peça teatral em um roteiro para 
cinema;
 
c) A tradução para qualquer idioma;
 
d) A distribuição, como, por exemplo, por meio da venda ao público de cópias da obra; 
e) A interpretação e execução públicas, como, por exemplo, a interpretação musical 
durante um concerto ou uma peça teatral;
 
f) A radiodifusão e comunicação ao público via rádio, TV, cabo ou satélite;
 
g) A inclusão em base de dados, o armazenamento em computador, a microfilmagem e 
as demais formas de arquivamento do gênero. 
 
Diferentemente dos outros tipos de propriedade intelectual, o direito autoral independe 
de registro.
O registro não constitui o direito, ou seja, não é o fato de se ter o registro de 
uma obra que seu titular será considerado autor. Embora opcional, o registro facilita a 
solução de disputas quanto à titularidade ou autoria, transações financeiras, cessões, 
licenças e transferências de direitos. 
 
Onde registrar?
 
Alguns exemplos:
 
- Livros e textos:
Fundação Biblioteca Nacional www.bn.br 
- Filmes:
Agência Nacional do Cinema www.ancine.gov.br
 
- Obras artísticas:
Escola de Belas Artes www.eba.ufrj.br 
- Partituras de músicas:
Escola de Musica:
www.musica.ufrj.br e Fundação Biblioteca 
Nacional
www.bn.br
 
- Plantas arquitetônicas:
Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura – Unidade da 
Federação (CREA-UF) www.confea.org.br 
- Programas de computador: 
 Instituto Nacional da Propriedade Industrial 
www.inpi.gov.br 
 
 
iv) CONVENÇÃO DE BERNA 
A Convenção de Berna
realizada em 9 de setembro de 1886 em Berna-Suíça, revisada 
em Paris, em 24 de junho de 1971, foi promulgada no território nacional pelo Decreto n 
75.699/75. 
 
Seu objetivo é regular a proteção internacional do direito autoral, estabelecendo limites 
e princípios para que cada país signatário, dentro de sua legislação local, proteja os 
direitos oriundos de outros países membros desta Convenção. 
 
 
v) TRATADO SOBRE DIREITOS DE PROPRIEDADE INTELECTUAL RELACIONADO AO COMÉRCIO 
INTERNACIONAL – TRIPS – TRADE RELATED INTELLECTUAL PROPRETY 
Este tratado de 1995, advindo por meio de acordo da Organização Mundial do 
Comércio (OMC), visa a harmonização das diversas legislações nacionais existentes sobre 
propriedade intelectual. 
 
 
vi) MARCO CIVIL DA INTERNET 
A lei que trata do marco civil da internet, trouxe, princípios, garantias, direitos e deveres 
para o uso da internet no Brasil. A lei busca dar mais transparência nas operações de 
empresas que atuam na web, bem como, proteção dos dados pessoais e da privacidade 
dos usuários, proibindo, por exemplo, o repasse de informações pessoais para terceiros, 
sem o consentimento expresso ou por ordem judicial. 
 
Foi considerada a Constituição da Internet no Brasil, pois trata dos principais assuntos 
desse meio de comunicação. 
 
 
vii) REGULAMENTAÇÃO DO MARCO CIVIL DA INTERNET 
Como no marco civil da internet, o regulamento, buscou definir alguns temas da lei, 
como neutralidade da rede e proteção de registros de acesso e dados pessoais, bem 
como, sobre a não descriminalização do tráfego do pacote de dados (Decreto nº 
8.771/2016). 
 
 
viii) LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS (Lei nº 13.709/2018) 
 
A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPDP) é a legislação brasileira que 
determina como os dados dos cidadãos podem ser coletados e tratados, e que prevê 
punições para transgressões. Essa lei foi aprovada no plenário do Senado Federal, no dia 10 
de julho de 2018, sob o Projeto Lei da Câmara 53/2018. 
 
O trâmite no Congresso Nacional do Brasil (Câmara e Senado) teve duração de 2 anos, 
duas consultas públicas, mais de 2.500 contribuições de atores nacionais e internacionais, 
de todos os setores e inúmeros eventos. 
 
O Presidente da República sancionou a LGPDP dia 14 de agosto de 2018, possuindo a lei 
uma vacatio legis de 18 meses, entrando em vigor em fevereiro de 2020. 
 
Agora o Brasil passa a fazer parte dos países que contam com uma legislação específica 
para proteção de dados e da privacidade dos seus cidadãos. 
 
Outros regulamentos similares ao LGPDP no Brasil são o General Data Protection 
Regulation (GDPR) na Europa, que passou a ser obrigatório em 25 de maio de 2018 e 
aplicável a todos os países da União Europeia (UE), e o California Consumer Privacy Act of 
2018 (CCPA), nos Estados Unidos da América, implementado através de uma iniciativa em 
âmbito estadual, na Califórnia, onde foi aprovado no dia 28 de junho de 2018 (AB 375). 
 
O projeto sofreu alguns vetos do Presidente Michel Temer, alegando vício de iniciativa, 
quanto a criação, pela lei de uma Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) que 
seria o órgão independente, que faria a fiscalização da aplicação da lei de proteção de 
dados perante os agentes que atuam com dados. 
 
O contexto no qual o projeto de lei sobre a proteção de dados foi aprovado pelo Poder 
Legislativo brasileiro foi fundamental para que sua tramitação tenha acontecido de 
maneira rápida. Além do fato de o projeto de lei ter sido fruto da aglutinação de outras 
propostas que há muito tempo vinham tramitando paralelamente sobre o tema, os 
escândalos de privacidade do Facebook – em que a empresa Cambridge Analytica 
utilizou de dados dos usuários para que pudessem fazer uma campanha política mais 
assertiva e customizada na eleição de Donald Trump em 2016 – também trouxeram 
visibilidade para o assunto. A segurança de dados e a privacidade passaram a ser pautas 
recorrentes, recaindo uma cobrança sobre os políticos brasileiros no sentido de tratar 
dessas questões, já que não havia no país legislação com objetivo específico de defender 
os dados dos usuários e definir responsabilidades relativas ao tratamento destes. 
 
Há também investigações acontecendo no Brasil, onde em julho o Ministério Publico do 
Distrito Federal sinalizou um possível comércio entre órgãos públicos, onde o produto seriam 
os dados das pessoas, sem que houvesse consentimento dos donos. O Serpro (Serviço 
Federal de Processamento de Dados) negou as acusações, alegando que disponibiliza 
através de um serviço e justificou citando uma portaria do Ministério da Fazenda. 
 
A Lei aprovada alterou o Marco Civil da Internet com intuito de proteger dados tratados 
no Brasil, tanto no âmbito digital, como fora deste, por empresas ou órgãos públicos, 
permitindo que os cidadãos tenham mais controle sobre seus dados, especialmente sobre 
o modo como são usados. Além disso, estabelece meios de responsabilização desses 
atores em caso de vazamento indevido de informações, inclusive com a fixação de 
punições. 
A legislação se fundamenta em diversos valores, como o respeito à privacidade; à 
autodeterminação informativa; à liberdade de expressão, de informação, de 
comunicação e de opinião; à inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; ao 
desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; à livre iniciativa, livre 
concorrência e defesa do consumidor e aos direitos humanos liberdade e dignidade das 
pessoas. 
 
Seu texto determina que todos dados pessoais (informação relacionada à pessoa 
natural identificada ou identificável, como nome, idade, estado civil, documentos) só 
podem ser coletados mediante o consentimento do usuário e com a devida explicação 
sobre a finalidade de solicitar aquele dado. 
 
Também classifica, na seção 2artigo 17, determinados dados como sensíveis, que seriam 
aqueles que, por sua natureza, devem ter uma proteção mais rigorosa, a exemplo de 
informações a respeito da origem do usuário (origem racial ou étnica), de crenças 
(convicções religiosas, as opiniões políticas, a filiação a sindicatos ou a organizações de 
caráter religioso, filosófico ou político), corporais (referentes à saúde, dados genéticos e 
dados biométrico) e sexuais (vida sexual). 
 
O tratamento de dados pessoais sensíveis somente poderá ocorrer na seguintes 
hipóteses: 
I - quando o titular ou seu responsável legal consentir, de forma específica e destacada, 
para finalidades específicas; 
II- sem fornecimento de consentimento do titular, nas hipóteses em que for indispensável 
para: 
a) cumprimento de obrigação legal ou regulatório pelo controlador; 
b) tratamento compartilhado de dados necessários à execução, pela administração 
pública, de políticas públicas previstas em leis ou regulamentos; 
c) realização de estudos por órgão de pesquisa, garantida, sempre que possível, a 
anonimização dos dados pessoais sensíveis; 
d) exercício regular de direitos, inclusive, em contrato e em processo judicial, 
administrativo e arbitral, este último nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996 
(Lei de Arbitragem) 
e) proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de terceiro; 
f) tutela da saúde, em procedimento realizado por profissionais da área da saúde ou por 
entidades sanitárias; ou 
g) garantia da prevenção à fraude e à segurança do titular, nos processos de 
identificação e autenticação de cadastro em sistemas eletrônicos, resguardados os direitos 
e liberdades fundamentais do titular no art. 15 desta Lei e excetuado o caso em que 
prevaleçam direitos e liberdades fundamentais do titular que exijam proteção dos dados 
pessoais. 
As empresas ou órgãos públicos, por sua vez, ficam obrigados a seguir o preceito da 
minimização de dados, de modo que devem coletar somente os dados no momento em 
que eles são necessários. 
 
Quanto à venda dos dados, esta não é permitida sem que haja consentimento do 
usuário. 
 
No entanto, o texto, no artigo 4, afasta a aplicação da legislação a determinados casos, 
como os de dados pessoais tratados por pessoa física para fins exclusivamente pessoais ou 
para fins exclusivamente artísticos ou acadêmicos. 
 
Esta Lei não se aplica ao tratamento de dados pessoais: 
I - realizado por pessoa natural para fins exclusivamente particulares e não econômicos; 
II - realizado para fins exclusivamente: 
a) jornalísticos 
b) artísticos 
c)acadêmicos, aplicando-se a esta hipótese os arts. 13 e 17 desta Lei; 
d) de segurança pública 
e) de defesa nacional; 
f) de segurança do Estado; 
g) de atividades de investigação e repressão de infrações penais; 
 
III - proveninentes de fora do território nacional e que: 
a) não sejam objeto de comunicação ou de uso compartilhado com agentes de 
tratamento brasileiros; 
b) sejam objeto de transferência internacional de dados com outro país que não o de 
proveniência, desde que o país de proveniência proporcione grau de proteção de dados 
pessoais adequado ao previsto nesta Lei. 
 
Dentre os direitos conferidos aos titulares dos dados, estão o de obter do responsável 
pelo tratamento de suas informações, a qualquer tempo e por meio de requisição, a 
confirmação da existência de tratamento; o acesso aos dados; a correção de dados 
incompletos, inexatos ou desatualizados; a anonimização, bloqueio ou eliminação de 
dados desnecessários, excessivos ou manipulado de forma diversa aos termos da lei; a 
eliminação dos dados pessoais tratados com o consentimento do titular; as informação das 
entidades públicas e privadas com as quais o responsável pelo tratamento compartilhou 
dados; informação sobre a possibilidade de não fornecer o consentimento e sobre as 
consequências da negativa, além da revogação do consentimento. 
 
Há também a previsão do direito à portabilidade de dados, de modo que o serviço 
deverá prover a possibilidade de o usuário mover todos seus dados de um serviço para 
outro. 
 
Além disso, deverá ser indicada publicamente, pela empresa ou poder púbico, a pessoa 
que possui a atribuição de tratar dados pessoais de terceiros em sua respectiva esfera de 
atuação. Está deverá ficar responsável por receber reclamações ou pedidos. 
 
Em caso de ocorrência de vazamentos indevido de informações, prevê-se que os 
usuários devem ser avisados imediatamente, para que possam tomar alguma providência. 
 
Os Termos de uso, por sua vez, deverão ser mais claros e descritivos, destrinchando onde 
cada informação coletada será utilizada. 
 
Quando se tratar de um serviço ou produto destinado a crianças, a linguagem deverá 
ser adequada para a faixa etária, sendo ainda mais clara e compreensível, mas se 
dirigindo também aos pais ou responsáveis – inclusive porque é exigido, no artigo 20 inciso 
II, o consentimento destes para o tratamento dos dados de crianças e adolescentes. 
 
O tratamento de dados pessoais de crianças e de adolescentes deverá ser realizado 
com o consentimento específico e em destaque dado por pelo menos um dos pais ou pelo 
responsável legal. 
 
Estava previsto, como visto acima, a criação de uma Autarquia nacional responsável 
pela fiscalização e punição das empresas que estivessem infringindo as regras da Lei Geral 
de Proteção de Dados Pessoais. O órgão atuaria de maneira autônoma e independente 
sob égide do Ministério da Justiça. Esse é um dos pontos que mais desperta polêmica no 
texto do projeto, pois membros do Executivo alegam sua inconstitucionalidade. 
 
Já Orlando Silva, o Relator do projeto na Câmara, alega que, por ser uma proposta 
oriunda do Executivo, através da consulta pública pelo Ministério da Justiça, a criação 
dessa Autarquia seria constitucional. No entanto, o custo que acarretaria a criação do 
novo órgão é outro ponto que atrai críticas, embora também haja defensores de sua 
criação sob o fundamento de que, sem um órgão similar não haveria como garantir 
efetividade com a nova lei. 
 
O texto dispõe que qualquer empresa ou órgão público que atue no tratamento de 
dados pessoais deva ser responsabilizado se violar a legislação. Ocorrendo vazamento de 
dados ou qualquer outro tipo de violação da segurança destes, determina que a 
autoridade da Autarquia criada seja comunicada, a fim de tomar as providências 
necessárias, como a divulgação da falha ocorrida em meios de comunicação. 
 
Também estão estabelecidas punições para as empresas que deixarem de proteger os 
dados dos usuários nos moldes da lei, como a suspensão de suas atividades relativas a 
tratamento de dados pessoais de terceiros por seis meses ou multas de até 2% de seu 
faturamento, sem exceder o limite máximo de cinquenta milhões de reais. 
 
Ademais, há previsão para criação de um Conselho Nacional de Proteção de Dados 
Pessoais e da Privacidade, que deverá ser composto por 23 membros de órgãos públicos, 
privados e representantes civis. Esse conselho terá a responsabilidade de fomentar o 
debate e propor medidas relativas à política de proteção de dados no Brasil. 
 
 
 
8 – BENS INFORMÁTICOS 
Bens informáticos, são bens protegidos pelo direito digital, porque são essenciais a 
evolução tecnológica e ao desenvolvimento nacional. Os bens informáticos, são o objeto 
de estudo do direito digital. Podem ser objeto de contratos, submetem-se ao Direito Civil, 
Empresarial, Penal, entre outros. 
 
Os bens informáticos podem ser o Hardware e o Software. 
 
São espécies de bens informáticos: 
a) Hardware 
b) Software 
 
 
a) Hardware 
São instrumentos físicos, máquinas computacionais, que realizam uma determinada 
tarefa e a comunicação no plano virtual. 
 
 
b) Softwares 
São algoritmos,ou seja, um conjunto de instruções matemáticas que formam os 
programas e comandos ordenados que fazem com que o Hardware realize uma 
determinada tarefa. 
 
 
Os softwares podem ser subdivididos nas seguintes categorias: 
 
a) Softwares básicos 
São os sistemas operacionais que controlam o funcionamento das máquinas 
computacionais e de seus periféricos, realizando atividades essenciais ao funcionamento 
do Hardware. Exemplo: Windows. 
 
b) Softwares aplicativos 
Fornecem informações necessárias ao computador para executar tarefas específicas, 
correspondentes aos comandos dos usuários. Exemplos: aplicativos de telefone, pacote 
Office. 
 
c) Softwares utilitários, 
São programas para uso de técnicos e de programadores, que visam auxiliar na 
manutenção do próprio equipamento e dos softwares. Exemplos: programas para backup 
de computador. 
 
d) Softwares de rede 
Possibilitam a comunicação das máquinas computacionais entre si.
Os programadores 
escrevem esses softwares utilizando linguagens de computador, como Java. 
 
Obs.: Diferença entre software e programas de computador 
A Lei 9.609, de 19 de fevereiro de 1998, também chamada de Lei de Software traz em seu 
artigo 1º a seguinte definição: "Programa de Computador é a expressão de um conjunto 
organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico 
de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento 
da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em 
técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados". 
 
Assim, pela lei, Programa de Computador (conjunto de instruções em linguagem 
codificada) é diferente de Software (conjunto de programas, com instruções em linguagem 
codificadas). O que não faz muito sentido. Para a maioria da doutrina jurídica, tratam-se de 
termos sinônimos. 
 
 
 
9 - E-POLÍTICA 
Trata-se de tema, onde se estuda, o uso do plano virtual na democracia, mais 
especificadamente, na escolha popular de seus representantes, por meio do voto. 
 
Ocorre, principalmente, nos temas relacionados a propaganda eleitoral eletrônica, 
como em santinhos virtuais, mensagens pelo WhatsApp, vídeos pelo youtube, Fake News, 
tudo regulado pelas leis eleitorais, bem como, sobre o próprio voto em urna eletrônica ou 
mesmo nos votos eletrônicos, por meio da teledemocracia. 
 
Fala-se ainda em Crowdsourcing Constitucion ou teledemocracia para justificar o 
movimento popular feito por meio digital para a formação de uma lei fundamental com a 
participação de todos os cidadãos. Isso se deu na Islândia em 2008, onde os populares, se 
movimentaram pela internet e criaram em 2011, uma Lei fundamental para substituir a que 
já existia. 
 
Assim vemos que o plano digital está a passos largos de se movimentar e auxiliar a 
democracia, mais uma vez a se reestabelecer. 
 
 
10 – PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO DA INFORMÁTICA 
 
Sabe-se que todo o ordenamento jurídico é formado por uma cadeia principiológica 
que busca direcionar proteger o direito de uma forma ampla e eficiente, sem depender de 
normas escritas para tanto. 
 
Os princípios são utilizados como norte e podem dizer respeito a todo o direito, bem 
como a um determinado assunto, de maneira especial, de acordo com as especificidades 
dos fatos jurídicos ali ocorridos. 
 
Com o direito digital não seria diferente, pois além de se utilizar dos princípios gerais do 
direito, o direito digital possui princípios específicos que tratam de assuntos relacionados 
com a sua cadeia de interesse, isto é, de acordo com os acontecimentos que essa nova 
roupagem do direito deve resolver. 
 
Assim, de maneira didática, abrangeremos todos os princípios do direito que tenha 
relação com o direito digital, seja ele vinculado a internet, seja ele vinculado aos softwares, 
hardwares e demais assuntos de interesse do plano digital. 
 
Desta forma, são princípios do direito digital: 
 
 
a) Princípio da existência concreta 
Revela a importância, não só das manifestações tácitas durante a vigência do pacto, 
mas também o predomínio das relações concretas travadas pelas partes sobre as formas, 
ou da própria realidade sobre a documentação escrita ou virtual. O que deve ser levado 
em consideração nas relações digitais é aquilo que verdadeiramente ocorre e não aquilo 
que é estipulado em, por exemplo, contratos digitais. Significa o referido princípio, que em 
caso de discordância entre o que ocorre na prática e o que surge de documentos e 
acordos, se deve dar preferência ao que sucede nos terrenos dos fatos. O desajuste entre 
os fatos e a forma pode evidenciar a simulação de uma situação jurídica distinta da 
realidade viciada por um erro na transmissão de dados e informações. 
 
Esse princípio ganha especial relevância dada a facilidade de serem adulterados os 
documentos eletrônicos. 
 
 
b) Princípio da racionalidade 
Consiste na afirmação essencial de que o ser humano procede e deve proceder nas 
suas relações virtuais conforme a razão. Os revolucionários burgueses creditavam na força 
da razão. Por isso que a lei não passava, para eles, de norma descoberta pela atividade 
racional, razão pela qual não poderia ela atentar contra a justiça e a liberdade. Os 
revolucionários, neste caso, não faziam mais do que conciliar as lições pronunciadas pelos 
arautos do racionalismo iluminista: entre tantos, MONTESQUIEU e ROUSSEAU. 
 
Sua característica essencial é a flexibilidade, já que é um critério generalizado, de 
natureza puramente formal, sem um conteúdo concreto e de forma nitidamente subjetiva. 
 
A pertinência de um princípio dessa natureza parece resultar mais naquelas áreas onde 
a índole das praxes normativas deixam amplo campo para a decisão individual. Mas essa 
amplitude da margem de atuação derivada da impossibilidade mesma das previsões que 
não podem confundir-se com a discricionariedade, nem com a liceidade de qualquer 
comportamento, por arbitrário que seja. 
 
Trata-se, como se vê, de uma espécie de limite ou freio formal e elástico ao mesmo 
tempo, aplicável naquelas áreas do comportamento onde a norma não pode prescrever 
limites muito rígidos, nem em um sentido, nem em outro, e, sobretudo, onde a norma não 
pode prever a infinidade de circunstâncias possíveis. 
 
Em conclusão: na aplicação do direito, não há uniformidade lógica do raciocínio 
matemático, e sim a flexibilidade do entendimento razoável do preceito. É surpreendente 
observar que, já em 1908, nosso grande CLÓVIS BEVILÁQUA tivera nítida percepção destas 
ideias, pois, ao expor as doutrinas hermenêuticas de sua preferência, assim as sintetizava 
nesta fórmula precursora: 
 
“Em conclusão, na interpretação da lei deve atender-se antes de tudo ao que é 
razoável, depois às consequências sistemáticas e, finalmente ao desenvolvimento histórico 
da civilização”. 
 
RECASÉNS SINCHES, ao considerar os vários métodos modernos, como método 
teleológico, método histórico-evolutivo ou progressivo, “método da ‘vontade da lei’, nos 
mostra que cada um deles encerra uma parte de verdade, mas que em sua síntese final, 
em cada caso concreto, será dada pelo ‘logos do razoável‘. Mal comparando, a 
operação interpretativa se assemelha à execução de uma partitura musical. Vários são os 
instrumentos – no caso os métodos de interpretação – mas eles devem formar um conjunto 
harmônico, sob a batuta do maestro, no caso, o logos do razoável, o qual, como veremos 
em breve, ‘informado pela ideia básica do bem comum”. 
 
 
c) Princípio da lealdade ou da boa fé 
Todo homem deve agir em boa-fé, deve ser verdadeiro: ex honestate unus homo alteri 
debet veritatis manifestationem, e é este um princípio que foi incorporado pelo direito. 
 
A segurança das relações jurídicas em meio digital

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